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L. M. MONTGOMERY
ALGUNS
TOLOS E
UMA SANTA
1
DA MESMA
MENTE
QUE
CRIOU
ANNE DE
GREEN
GABLES
2
Este é um e-book gratuito e
promocional da campanha
Mulheres do Suspense
L. M. Montgomery, Edith
Nesbit e Mary E. Braddon,
autoras de romances e fantasias,
também escreveram suspenses
extraordinários. Em um resgate
único, conheça contos de cada
uma das três autoras em uma
trilogia em capa dura.
www.catarse.me/trio
editorawish.com.br
EQU I PE 100% FE M I N I NA
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Tradução
Karine Ribeiro
Preparação
Karoline Melo
Revisão
Camilla Mayeda
Ilustração
Ana Milani
Diagramação
Marina Avila | CasaTipográfica
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ALGUNS
TOLOS E
UMA SANTA
L. M. MONTGOMERY
1931
A casa de Alec Longo é assombrada ―
vozes de pessoas mortas soam no sótão,
ouve-se um berço fantasma sendo
balançado, pegadas sangrentas mancham
o chão ― e o jovem ministro Curtis Burns
decide que desvendará o mistério, mesmo
que custe sua sanidade.
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CAPÍTULO 1
-V
ocê vai ficar na casa de
Alec Longo! — excla-
mou o sr. Sheldon com
espanto.
O ex-ministro da congregação
de Glen Donald e o novo ministro
estavam na pequena sacristia da
igreja. O ex-ministro olhou com
bondade para o novo ministro ―
gentilmente e com bastante me-
lancolia. O rapaz era tão parecido
com o que ele próprio havia sido
cinquenta anos antes ― jovem, en-
tusiasmado, cheio de esperança,
energia e propósito elevado. Bonito,
também. O sr. Sheldon sorriu um
pouco e se perguntou se Curtis
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Burns estava noivo. Era prová-
vel que sim. A maioria dos jovens
ministros estava. Caso contrário,
haveria alguma vibração nos co-
rações femininos de Glen Donald.
E com razão.
Cu r t is ba la nçou a cabeça
com pesar.
— Alec Longo!
— Si m . L ig u e i pa r a vê -l a
quando preguei aqui em feve-
reiro. Que tragédia… aquela doce
e linda mulher!
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— Uma mulher linda, de fato —
disse o sr. Sheldon enfaticamente.
— E uma mulher maravilhosa. Ela
é uma das maiores forças para o
bem nesta comunidade. Eles a
chamam de anjo de Glen Donald.
Eu lhe digo, sr. Burns, é incrível a
influência que Alice Harper exerce
daquele leito de desamparo. Mal
posso expressar o que ela tem sido
para mim durante estes últimos
dez anos. A vida maravilhosa dela
é uma inspiração. As jovens da
congregação a adoram. Você sabia
que por oito anos ela ensinou uma
classe de meninas adolescentes?
Elas vão ao quarto dela depois da
escola dominical. A mulher entra
nas vidas delas… as meninas levam
para ela todos os seus problemas
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e perplexidades. E foi totalmente
graças a ela que a igreja aqui não
foi irremediavelmente pertur-
bada quando o Ancião North ficou
furioso porque Lucia Field tocou
um solo de violino sagrado. Alice
mandou chamar o Ancião e o con-
venceu. Mais tarde, em segredo,
ela me contou toda a conversa,
com seus próprios toquezinhos
humorísticos. Foi incrível. Ela é
muito divertida. Ela sofre indes-
critivelmente às vezes, mas nin-
guém nunca a ouviu reclamar.
— Que coisas?
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CAPÍTULO 2
— Trancada!
— Aprendi a tolerância em
uma escola difícil. Nem sempre fui
tolerante. Mas o sr. Kirk é engra-
çado… você deveria tê-lo ouvido.
Curtis o encarou.
CAPÍTULO 3
O reaparecimento de Henry
Kildare em Glen Donald havia cau-
sado grande sensação. Ele fizera
fortuna no Klondike e anunciou
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que poderia viver como milioná-
rio pelo resto da vida. Passou por
ali com um primo, mas ficou boa
parte do tempo na velha casa Field.
Gostavam dele lá. Ele era um ho-
mem grande, franco e vigoroso, não
refinado demais, bastante bonito,
generoso, presunçoso. Alice nunca
se cansava de ouvir suas histórias
sobre o Klondike e os tempos da
corrida do ouro. Para ela, presa en-
tre quatro paredes durante anos,
era como se pudesse contemplar
uma maravilhosa liberdade de
aventura e perigo. Mas Henry,
que havia enfrentado os silêncios,
frios e terrores do norte destemi-
damente, não podia enfrentar os
fantasmas de Field. Ele se recusou
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terminantemente a ficar mais uma
noite na casa.
— Silenciosa o suficiente —
disse Curtis severamente. — Nosso
fantasma se divertiu desfazendo
a manta de Lucia. Srta. Harper,
estou enlouquecendo.
CAPÍTULO 4
— Há um armário em meu
quarto, e sua parede traseira não
é real. É apenas uma divisória de
tábuas entre o armário e a alcova
onde estão as escadas do sótão.
Quando eu era criança, descobri
que duas dessas tábuas podiam
ser fácil e silenciosamente desli-
zadas para trás. Mantive isso em
segredo, gostando de saber algo que
ninguém mais sabia. Era muito fá-
cil sair e entrar por aquele espaço.
Ninguém nunca suspeitou de mim
com minha porta trancada.
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— Mas como você pôde sair
do sótão? Só há um caminho para
cima e para baixo.
— Incrível.
— Quanto à anormalidade,
nada é incrível. Lembre-se de que
você não pode julgá-la como faria
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com uma pessoa normal. Ela nunca
foi normal… sua história prova
isso. Ela foi prejudicada pela he-
reditariedade. Seu pai e seu avô
eram bêbados. Não se pode con-
sertar os ancestrais. O choque do
sentimento reprimido no casa-
mento do homem que ela amava
evidentemente estragou sua alma.
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Leia outros contos de suspense
com noivas assombradas, bêbados,
vultos sombrios, quadros
encantados e diversos enredos
inéditos e vitorianos:
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