Você está na página 1de 68

Nº6 ⋅ 2º semestre de 2010 ⋅ ano 3 ⋅ ISSN: 1647-5496

EUTRO À TERRARevista Técnico-Científica |Nº6| Dezembro de 2010


http://www.neutroaterra.blogspot.com

“Mantendo o compromisso que temos


convosco, voltamos à vossa presença com
mais uma publicação. Esta já é a sexta
publicação da revista “Neutro à Terra”. Os
incentivos que temos recebido dão-nos a
motivação necessária para continuarmos
empenhados em fazer desta revista uma
referência nas áreas da Engenharia
Electrotécnica em que nos propomos
intervir. Nesta edição merece particular
destaque os assuntos relacionados com as
instalações eléctricas, os veículos eléctricos,
a domótica, os sistemas de segurança, as
fibras ópticas e os mercados de energia
eléctrica.”
Doutor Beleza Carvalho

Instalações Máquinas Telecomunicações Segurança Energias Domótica Eficiência


Eléctricas Eléctricas Renováveis Energética
Pág.5 Pág. 17 Pág. 27 Pág. 33 Pág. 45 Pág.51 Pág. 60

Instituto Superior de Engenharia do Porto – Engenharia Electrotécnica – Área de Máquinas e Instalações Eléctricas
EDITORIAL

Doutor José António Beleza Carvalho


Instituto Superior de Engenharia do Porto

ARTIGOS TÉCNICOS
EUTRO À TERRA
05| Quedas de Tensão em Instalações Eléctricas de Baixa Tensão
Henrique Jorge de Jesus Ribeiro da Silva
António Augusto Araújo Gomes
Instituto Superior de Engenharia do Porto
17| Estruturas e Características de Veículos Híbridos e Eléctricos
Pedro Miguel Azevedo de Sousa Melo
Instituto Superior de Engenharia do Porto

27| Fibras Ópticas – O Paradigma


Eduardo Sérgio Correia
IEMS – Instalações de Electrónica Manutenção e Serviços, Lda
33| Segurança Contra Intrusão - Habitação
António Augusto Araújo Gomes
Henrique Jorge de Jesus Ribeiro da Silva
Instituto Superior de Engenharia do Porto

45| Tipos de Tecnologias de Turbinas utilizadas nas Centrais Mini-Hídricas


Pedro Daniel Soares Gomes
Pedro Gerardo Maia Fernandes
Nelson Ferreira da Silva
Instituto Superior de Engenharia do Porto

51| Domótica e a Requalificação de Edifícios


José Luís Faria
Touchdomo, Lda, Porto, Portugal

60| Extinção das tarifas reguladas no sector eléctrico


José Marílio Oliveira Cardoso
Instituto Superior de Engenharia do Porto

FICHA TÉCNICA DIRECTOR: Doutor José António Beleza Carvalho


SUB-DIRECTORES: Engº António Augusto Araújo Gomes
Engº Roque Filipe Mesquita Brandão
Engº Sérgio Filipe Carvalho Ramos

PROPRIEDADE: Área de Máquinas e Instalações Eléctricas


Departamento de Engenharia Electrotécnica
Instituto Superior de Engenharia do Porto
CONTACTOS: jbc@isep.ipp.pt ; aag@isep.ipp.pt
PUBLICAÇÃO SEMESTRAL: ISSN: 1647-5496
EDITORIAL

Caros leitores

Mantendo o compromisso que temos convosco, voltamos à vossa presença com mais uma publicação. Esta já é a sexta
publicação da revista “Neutro à Terra”. Os incentivos que temos recebido dão-nos a motivação necessária para continuarmos
empenhados em fazer desta revista uma referência nas áreas da Engenharia Electrotécnica em que nos propomos intervir.
Nesta edição merece particular destaque os assuntos relacionados com as instalações eléctricas, os veículos eléctricos, a
domótica, os sistemas de segurança, as fibras ópticas e os mercados de energia eléctrica.
O cálculo das quedas de tensão é fundamental na fase de projecto de instalações eléctricas, por um lado, de modo a garantir
que as infra-estruturas definidas cumpram os requisitos regulamentares e, por outro lado, o bom funcionamento e a
longevidade dos equipamentos e instalações. Nesta publicação, apresenta-se um artigo que especifica as metodologias de
cálculo a que se deve atender no dimensionamento das quedas de tensão em redes de distribuição de energia eléctrica em
baixa-tensão.
Um assunto que actualmente desperta grande interesse tem a ver com os veículos eléctricos. Nas últimas décadas tem-se
assistido a um forte desenvolvimento dos veículos eléctricos, sobretudo das soluções híbridas, como resposta aos impactos
ambientais e económicos dos combustíveis fosseis. Os desafios que se colocam no campo da engenharia são múltiplos e
exigentes, motivados pela necessidade de integrar diversas áreas, tais como, novos materiais e concepções de motores
eléctricos, electrónica de potência, sistemas de controlo e sistemas de armazenamento de energia. Nesta revista apresenta-se
um artigo com as principais características dos veículos híbridos eléctricos e dos veículos puramente eléctricos.
O crescente aumento da criminalidade, com especial incidência nos crimes contra a propriedade, levou a um forte incremento
na procura e instalação de Sistemas Automáticos de Detecção de Intrusão. A instalação de um sistema deste tipo torna-se,
assim, fundamental como elemento de garantia do bem-estar e da segurança das pessoas, velando pela sua salvaguarda e pela
salvaguarda dos seus bens, fazendo hoje parte dos sistemas aplicados no sector da habitação, serviços, comercio e industria.
Nesta publicação, apresenta-se um artigo que aborda os aspectos técnicos e conceptuais, ao nível do projecto e da instalação de
Sistemas Automáticos de Detecção de Intrusão.
Outro assunto de grande interesse apresentado nesta publicação, tem a ver com a automatização das instalações habitacionais
ou domésticas, impondo a necessidade de edifícios “inteligentes”. A domótica tem aqui um papel fundamental. O artigo que é
apresentado refere um estudo teórico das tecnologias domóticas mais relevantes, de uma forma transversal e resumida,
fazendo uma aproximação da realidade prática a nível de implementação das tecnologias domóticas em edifícios, permitindo
um conhecimento abrangente e ao mesmo acessível a todos os interessados.
O sector eléctrico tem vindo a sofrer diversas alterações ao longo da sua existência tendencialmente no sentido do fomento da
concorrência. Em Portugal a manifestação mais recente dessa tendência e corporizada na publicação do Decreto-Lei n.º
104/2010 que determina a extinção de tarifas reguladas com excepção dos consumidores domésticos. Esta é uma realidade que
impõe aos clientes a procura de um comercializador em mercado liberalizado. Nesta publicação, apresenta-se um artigo que
analisa a situação que se verifica actualmente neste sector em Portugal.
Nesta publicação da revista “Neutro à Terra”, pode-se ainda encontrar outros assuntos reconhecidamente importantes e
actuais, como um artigo sobre Fibras Ópticas e um artigo sobre Tipos de Tecnologias de Turbinas utilizadas nas Centrais Mini-
Hidricas. Nesta publicação dá-se também destaque a uma conferência organizada pela Associação Nacional dos Engenheiros
Técnicos, subordinada ao tema Novo Regime ITED e ITUR para Engenheiros e Engenheiros Técnicos. Esta acção contou com o
apoio do ISEP, através do Departamento de Engenharia Electrotécnica, bem como da Autoridade Nacional de Comunicações.
Decorreu em 30 de Setembro no Centro de Congressos do ISEP. No âmbito do tema “Divulgação”, que pretende divulgar os
laboratórios do Departamento de Engenharia Electrotécnica, onde são realizados vários dos trabalhos correspondentes a artigos
publicados nesta revista, apresenta-se o Laboratório de Máquinas Eléctricas.
Esperando que esta edição da revista “Neutro à Terra” possa novamente satisfazer as expectativas dos nossos leitores,
apresento os meus cordiais cumprimentos.

Porto, Dezembro de 2010


José António Beleza Carvalho

3
EVENTOS

NOVO REGIME ITED E ITUR PARA ENGENHEIROS E ENGENHEIROS TÉCNICOS

No dia 30 de Setembro de 2010 teve lugar no Auditório Magno do ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto, uma
conferência organizada pela ANET – Associação Nacional dos Engenheiros Técnicos, subordinada ao tema “Novo Regime ITED e
ITUR para Engenheiros e Engenheiros Técnicos”. Esta acção contou o apoio do ISEP bem como da ANACOM – Autoridade
Nacional de Comunicações.
O programa deste evento contou com a presença de profissionais
da área das infra-estruturas de telecomunicações em
edifícios, bem com das instalações eléctricas.
A sessão de abertura foi presidida pelo Director do Departamento
de Engenharia Electrotécnica do ISEP, Professor Doutor José
Beleza Carvalho tendo sido coadjuvado pelo Engº Técº Sequeira
Correia, S.R. Norte da ANET, Engº Vitor Brito, Vice Presidente da
Ordem dos Engenheiros (OE), Engº Técº Pedro Brás, Vice-
Presidente ANET, Engº Helder Leite, O.E S.R. Norte e pelo Engº
António Vassalo, Director Fiscalização ANACOM.

Após o término da sessão de abertura deu-se seguimento às diversas apresentações:


• “Enquadramento estratégico e político visando o desenvolvimento das NGN”, Eng.º António Vassalo, Director Fiscalização ANACOM;
• “Regime jurídico ITED e ITUR”, Dr. Nuno Castro Luís, ANACOM;
• “Novo Regime Técnico ITED/ITUR”, Eng. António Vilas Boas, Profigaia;
• “O Ensino de Telecomunicações no ISEP”, Eng.º Sérgio Ramos, ISEP;
• “Regulação da Profissão na Engenharia”, Eng.º Téc.º Pedro Brás, Vice-Presidente ANET;
• “Novo Regime Posição da Ordem Engenheiros”, Engº Francisco Sanchez, Presidente do Conselho Nacional do Colégio de Engª
Electrotécnica da Ordem dos Engenheiros;
• “Qualificações e Formação Obrigatória em ITED e ITUR”, Eng.º Téc.º Nuno Cota, Presidente do Colégio de Eng.ª Electrónica e
Telecomunicações da Associação Nacional dos Engenheiros Técnicos;
• “Novo Paradigma para a Formação ITED e ITUR para Engenheiros e Engenheiros Técnicos”, Engº Sérgio Queirós, Schumal.

No final das apresentações foram colocadas algumas questões ao painel de debate formado pelo Engº Técº Nuno Cota, Engº
Francisco Sanchez, Engº António Vassalo e pelo Engº Sérgio Ramos – ISEP, tendo sido moderador deste painel o Engº António
Gomes, ISEP.
A presença de, aproximadamente, quatro centenas de participantes ilustrou sobremaneira o interesse e importância, que as
alterações introduzidas na legislação das infra-estruturas de telecomunicações em edifícios e urbanizações despertaram no
seio da comunidade da engenharia electrotécnica.

4
ARTIGO TÉCNICO Henrique Jorge de Jesus Ribeiro da Silva; António Augusto Araújo Gomes
Instituto Superior de Engenharia do Porto

QUEDAS DE TENSÃO
EM INSTALAÇÕES ELÉCTRICAS DE BAIXA TENSÃO

1 ENQUADRAMENTO - Apenas se levam em conta as impedâncias longitudinais,


resistências e indutâncias, desprezando-se as
Numa instalação eléctrica, por motivos técnicos e funcionais, admitâncias transversais, perditâncias e capacitâncias.
a tensão aplicada aos terminais das cargas, isto é, dos Em instalações de Baixa Tensão, o comprimento das
equipamentos de utilização, deve manter-se dentro de canalizações não vai além das poucas centenas de
determinados limites. metros e sendo a frequência utilizada a frequência
industrial de 50Hz é possível desprezar, para as mais
Cada equipamento possui uma tensão estipulada, fixada pela baixas secções, os efeitos da indutância, capacitância e
norma respectiva. A aplicação de tensões abaixo dos limites pelicular, considerando-se assim os condutores como
definidos, pode prejudicar o desempenho desses resistências puramente hómicas. Daí termos:
equipamentos, podendo reduzir a sua vida útil ou mesmo
Z = R + jX L ≅ R Y = G + JBc ≅ 0
impedir o seu funcionamento.
- Tomar-se-á uma temperatura do condutor igual à
As quedas de tensão nas instalações devem ser calculadas máxima admissível em regime permanente.
durante a fase de projecto, devendo ser cumpridos os limites
máximos fixados pelos respectivos regulamentos aplicáveis. Para o receptor da Fig. 1, a queda de tensão que importa
observar é a diferença entre os valores absolutos das
2 QUEDA DE TENSÃO tensões à partida e à chegada, isto é,

Na dedução de uma fórmula aplicável à determinação da U 0 − U1


queda de tensão num circuito ter-se-ão em conta os
seguintes pontos: Da figura 1 depreende-se que, atendendo à desigualdade
- Consideram-se sistemas trifásicos em regime triangular, a diferença entre as leituras dos voltímetros V0 e
equilibrado; V1 há-de ser menor que a indicação do voltímetro Vz. Daí
que esta tensão não nos interesse muito para o objectivo em
vista, isto é, o do dimensionamento do cabo.

R jω L −
I

− −
V V1 V
V0

Fig. 1 – Circuito monofásico RL

5
ARTIGO TÉCNICO

Assim:

− − − −
V0 = ( R + jX ) I + V1 I = Ie− jϕ = I cos ϕ − jIsenϕ

V0 = RI cos ϕ − jRIsenϕ + jXI cos ϕ + XIsenϕ + V1

V0 = ( RI cos ϕ + XIsenϕ + V1 ) + j ( XI cos ϕ − RIsenϕ )


V0
− −
f
ZI
q
d
− f −
f V1 − jX I
− RI
I

2
Z I 
V1 = V0 cos θ − ZI cos δ V1 = V0 1 −  senδ  − ZI cos δ
2
 V0 
ZI  ZI 
senθ = senδ cos θ = 1 −  senδ 
V0  V0  k

Aplicando o teorema de Taylor ao desenvolvimento da raiz, resulta que:

1 1 1 5 4
1+ k = 1+ k − k 2 + k 3 − k + ... k <1
2 8 16 128

( ZIsenδ ) 2 ( ZIsenδ )4 ( ZIsenδ )6 5 × ( ZIsenδ )8


V0 − V1 = ZI cos δ + + + + + ...
2V0 8V03 16V05 128V07

( XI a − RI r ) 2 ( XI a − RI r )4 ( XI a − RI r )6 5 × ( XI a − RI r )8
V0 − V1 = RI a + XI r + + + + + ...
2V0 8V03 16V05 128V07

ε
Com Ia = Icosφ e Ir = Isenφ −
V0
− −
ZI

− −
V1 − jX I
− RI
I
RI cos ϕ XIsenϕ
6
ARTIGO TÉCNICO

Para correntes em atraso relativamente à tensão, ϕ Como se observa pelo quadro de resultados a fórmula
positivos, e tendo em consideração que a queda de tensão
máxima terá um valor pequeno, imposto pelos regulamentos ∆V = RIa+XIr
técnicos, os termos não-lineares de I são desprezáveis face
aos termos lineares. dá-nos valores bastante aproximados, fixando já os dois
primeiros algarismos significativos.
Quando a corrente se encontra em avanço nada se pode
dizer acerca da transcurabilidade dessas parcelas. Para um resultado mais correcto pode usar-se a fórmula .

2
Exemplo: ( XI -RI )
ΔV=RI +XI + a r
a r
Pretende-se calcular a queda de tensão no extremo de um 2V0
cabo trifásico do tipo VV, 4 mm2 de secção, comprimento 80
m, percorrido por uma corrente de 30 A, tensão de A expressão ∆V = RIa, apesar da sua simplicidade, pode
alimentação 400 V e as características do cabo, indicadas na empregar-se com vantagem em muitos
tabela 1. casos, particularmente na BT e para secções de cabos
suficientemente baixas, por permitir relacionar directamente
A tabela 2, apresenta os resultados (análise monofásica) a queda de tensão máxima com a secção do cabo a atribuir.
obtidos.

Tab. 1 – Características do cabo

Tipo Secção Comprimento Resistividade Coeficiente Resistência Resistência a Reactância


mm2 m a 20°C temperatura a 20°C 70°C Ω
Ωmm2/m °C-1 Ω Ω

VV 4 80 17,241.10-3 3,93.10-3 0,3448 0,41257 6,4.10-3

Tab. 2 – Resultados do exemplo

∆V (real) ∆V (aproximação)
V0 V1
(V) (V)
(V) RIa RIa+XIr
% % % %
(V) (V) (V)

230 219,867 10,132 4,4 9,902 4,305 10,017 4,35 10,132 4,4

7
ARTIGO TÉCNICO

A expressão aproximada ∆V = RIa+XIr pode ser reescrita de A partir da expressão


modo a contemplar quer a situação da sua aplicação a um ∆V = RI cosϕ + XIsenϕ
circuito trifásico, quer a um circuito monofásico, quer = rLI cosϕ + xLIsenϕ
mesmo ao caso de um circuito de corrente contínua.
= rM f + xMq

 L  define-se a queda de tensão como a soma do produto do


∆V = b ×  ρ1 × × cos ϕ + λ × L × senϕ  × Ib
 S  momento da componente em fase da corrente pela
resistência linear com o produto do momento da
Onde: componente em quadratura da mesma corrente pela
∆ V queda de tensão em V; reactância linear do cabo.
B coeficiente igual a 1 para circuitos trifásicos e a 2 para
monofásicos ou de corrente contínua; M f = LI cosϕ
ρ1 resistividade eléctrica dos condutores em serviço Mq = LIsenϕ
normal, em Ωmm2/m;
L comprimento simples da canalização, em m; Donde:
S secção recta dos condutores, em mm2;
ϕ ângulo de esfasamento entre a tensão simples ∆V = ∆Vf + ∆Vq = ∆Va + ∆Vr
respectiva e a corrente (para corrente contínua  = 0) ∆Va = RI cosϕ = RIa
λ reactância linear dos condutores (igual a 0 para ∆Vr = XI senϕ = XIr
circuitos de corrente contínua), em Ω/m;
Ib corrente de serviço, em A. Por aplicação do método da sobreposição é possível
decompormos a obtenção da queda de tensão mediante a

A queda de tensão percentual virá referida à tensão nominal resolução de dois circuitos:

do sistema:

∆V
∆Vr = × 100%
U

U = U0 , tensão simples em CA ou U = UN ,em CC

∆Va = rM f = RIa
3 × ∆V
∆Vr = × 100%
U

U = Uc , tensão composta em CA

Para a situação comum de uma linha alimentando uma carga


na sua extremidade:

∆Vr = xMq = XIr



I

8
ARTIGO TÉCNICO

- Características da Impedância de um Cabo

A resistência e a reactância de um cabo são função da secção do condutor - R=R(S) e X=X(S).

Daí que sendo:

∆V= ∆ V(R,X) ∆ V= ∆ V(S) (para uma dada corrente)

l
R=ρ θ = const.
s
Andamento hiperbólico

X - praticamente constante (para um dado tipo de


canalização)

A figura abaixo apresenta a variação da resistência e reactância com a secção para o cabo VAV 0,6/1 kV, 4 condutores, a uma
temperatura de cerca de 80° C. Impedâncias em mΩ/m e secções em mm2.

2,5

1,5

0,5

0
0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300

Fig. 2 – variação da resistência e reactância com a secção para o cabo VAV 0,6/1 kV, 4 condutores, a uma temperatura de cerca de 80° C

9
ARTIGO TÉCNICO

3. QUEDAS DE TENSÃO MÁXIMAS ADMISSÍVEIS Portaria n.º 949-A/2006 de 11 de Setembro a queda de


tensão máxima entre a origem da instalação2 e qualquer
3.1 REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉCTRICA EM BAIXA ponto de utilização, expressa em função da tensão nominal
TENSÃO da instalação, não deve ser superior aos valores indicados na
tabela 1.
Tendo em consideração o disposto no Regulamento de
Seguranças de Redes de Distribuição de energia eléctrica em Ao abrigo do mesmo regulamento, em Instalações Colectivas
baixa tensão, aprovado pelo Decreto Regulamentar 90/84 de e Entradas as secções dos condutores usados nos diferentes
26 de Dezembro e os documentos normativos do troços das instalações colectivas e entradas devem ser tais
concessionário da rede de distribuição, DIT-C11-010/N, Maio que não sejam excedidos os valores de queda de tensão
2006 - Guia Técnico de Urbanizações e DIT-C14-100/N MAI seguintes:
2007 – Ligação de Clientes de Baixa Tensão, a queda de a) 1,5 %, para o troço da instalação entre os ligadores da
tensão total, desde o Posto de Transformação Público MT/BT saída da portinhola e a origem da instalação eléctrica (de
até ao final da rede de Baixa Tensão, isto é, à Portinhola utilização), no caso das instalações individuais;
ou, quando esta não existir, ao Quadro de Colunas de um b) 0,5 %, para o troço correspondente à entrada ligada a
edifício ou aos terminais de entrada do contador, não deve uma coluna (principal ou derivada) a partir de uma caixa
ser superior a 8 %, sendo que a queda de tensão máxima no de coluna, no caso das instalações não individuais;
ramal1 não deve ser superior a 2% da tensão nominal. c) 1,0 %, para o troço correspondente à coluna, no caso
das instalações não individuais;
3.2 INSTALAÇÕES DE UTILIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉCTRICA EM BAIXA
TENSÃO No entanto, quando for técnica e economicamente
justificado, os valores de queda de tensão indicados
Tendo em consideração o disposto nas Regras Técnicas de anteriormente para a coluna e entradas, podem ser
Instalações Eléctricas de Baixa Tensão, aprovadas pela ultrapassados, desde que, no seu conjunto (coluna mais
entrada), não seja ultrapassado o valor de 1,5%.

Tab. 3 - Queda de tensão máxima entre a origem da instalação e qualquer ponto de utilização

Utilização Iluminação Outros usos

Instalações alimentadas directamente a partir de uma rede de distribuição (pública) em 3% 5%


baixa tensão

Instalações alimentadas a partir de um Posto de Transformação MT/BT (*) 6% 8%

(*) Sempre que possível, as quedas de tensão nos circuitos finais não devem exceder os valores indicados para a situação A. As
quedas de tensão devem ser determinadas a partir das potências absorvidas pelos aparelhos de utilização com os factores
de simultaneidade respectivos ou, na falta destes, das correntes de serviço de cada circuito.

1 Ramal - Canalização eléctrica, sem qualquer derivação, que parte do quadro de um posto de transformação, do quadro de uma central

geradora ou de uma canalização principal e termina numa portinhola, quadro de colunas ou aparelho de corte de entrada de uma instalação de
utilização.

10
ARTIGO TÉCNICO

Ao abrigo do mesmo regulamento, para as instalações b coeficiente igual a 1 para os circuitos trifásicos e a 2
colectivas e entradas deverão ser observados ainda os para os monofásicos (os circuitos trifásicos com o
seguintes pontos: neutro completamente desequilibrado, isto é, com

- Quando existir “troço comum 3” , a queda de tensão uma só fase carregada, são considerados como sendo

neste troço deve ser afectada ao ramal e não à instalação monofásicos);

colectiva. r1 resistividade dos condutores à temperatura em serviço

- A queda de tensão, no caso das entradas trifásicas, deve normal,

ser calculada a partir da potência prevista para L comprimento simples da canalização, expresso em

alimentação dos equipamentos normais previstos para metros;

as instalações eléctricas (de utilização) por elas S secção dos condutores, expressa em milímetros

alimentadas, suposta uniformemente repartida pelas quadrados;

diferentes fases. O cálculo deve ser feito fase a cosϕ factor de potência;

fase, como se de uma entrada monofásica se Nas instalações de utilização às quais se aplicam as

tratasse, considerando que apenas a fase em análise está RTIEBT pode ser usado o valor cos j =0,8.

em serviço. Para efeitos do cálculo das quedas de tensão nas


entradas das instalações, deve ter-se em consideração
os valores de potências nominais definidos para essas
3.3 CÁLCULO DA QUEDA DE TENSÃO
entradas, os quais, na falta de elementos mais
precisos, devem ser considerados como resistivos (cos
Para canalizações em que a secção do condutor de fase seja j = 1).
igual à do condutor neutro, as quedas de tensão podem ser λ reactância linear dos condutores.
determinadas a partir da expressão seguinte: Nas instalações de utilização às quais se aplicam as
RTIEBT, na falta de outras indicações mais
 l 
u = b ×  ρ 1 × × cos ϕ + λ × l × senϕ  × Ib precisas, pode ser usado o valor 0,08 mW/m.
 S 
u Relativamente à determinação da resistividade dos
∆ u=100
U0 condutores à temperatura em serviço normal, dever-se-á ao
valor da resistividade a 20°C (0,0225 W.mm²/m para o cobre
em que:
e 0,036 W.mm²/m para o alumínio), efectuar a correcção
u queda de tensão, expressa em volts;
para a temperatura máxima de funcionamento dos
∆u queda de tensão relativa, expressa em percentagem;
condutores/cabos.
Uo tensão entre fase e neutro, expressa em volts;

2Origem das instalações eléctricas de utilização


Considera-se que as instalações eléctricas objecto das Regras Técnicas têm por origem um dos pontos indicados nas alíneas seguintes:
a) nas instalações alimentadas directamente por uma rede de distribuição (pública) em baixa tensão:
- os ligadores de saída da portinhola;
- os ligadores de entrada do quadro de colunas, no caso de não existir portinhola;
- os ligadores de entrada do equipamento de contagem ou os do aparelho de corte da entrada, quando este estiver a montante do
equipamento de contagem, no caso de não existir portinhola nem quadro de colunas.
No que se refere às instalações eléctricas (de utilização), alimentadas, pelas instalações colectivas e entradas, estas têm, no caso de serem
alimentadas por uma rede de distribuição (pública) em baixa tensão, por origem um dos pontos seguites:
a) os ligadores de saída do aparelho de corte da entrada da instalação eléctrica (de utilização);
b) os ligadores de saída do sistema de contagem, se o aparelho de corte da entrada não existir.
b) nas instalações alimentadas por um posto de transformação privativo, os ligadores de entrada do(s) quadro(s) de entradaTroço comum -
Canalização eléctrica da instalação colectiva que tem início na portinhola e que termina no quadro de colunas.

3Troço comum - Canalização eléctrica da instalação colectiva que tem início na portinhola e que termina no quadro de colunas.

11
ARTIGO TÉCNICO

A tabela 4, apresenta as temperaturas máximas de em que:


funcionamento de diversos tipos de isolamentos de Rθ resistência eléctrica à temperatura θ °C
condutores: R20 resistência eléctrica à temperatura 20 °C
α20 coeficiente de temperatura a 20 °C
A correcção da resistividade é realizada através da seguinte θ temperatura final em °C
expressão:
As RTIEBT recomendem a utilização de um factor 1,25 para
Rθ = R20 [1 + α 20 (θ − 20)] Ω /km correcção geral do valor da resistividade para a temperatura
de serviço, independente do tipo de isolamento dos
condutores/cabos, sendo uma aproximação ao cálculo
anteriormente apresentado.

Tab. 4 – Temperatura máxima de funcionamento dos condutores em função do tipo de isolamento

Tipo de isolamento Temperatura máxima de


funcionamento (1)
(°C)

Policloreto de vinilo (PVC) Condutor: 70

Polietileno reticulado (XLPE) Condutor: 90


Ou
etileno-propileno (EPR)

Mineral (com bainha em PVC ou nu e acessível) Bainha metálica: 70

Mineral (nu, inacessível e sem estar em contacto com materiais combustíveis) Bainha metálica: 105 (2)

(1) - Segundo as Normas NP 2356, NP 2357 e NP 2365.


(2) - Para este tipo de condutores podem ser admitidas temperaturas superiores em serviço contínuo, de acordo com a
temperatura do cabo e das terminações e com as condições ambientais e outras influências externas.

Tab. 5 - Resistência à Temperatura do condutor/cabo a 20°C

``
Resistência à Temperatura do condutor/cabo a 20°C
R 20

θ Temperatura máxima de funcionamento do condutor/cabo

α20 coeficiente de variação da resistividade com a temperatura a 20°C

α Cu20 C = 3,93.10−3 C −1


α Al 20 C = 4,03.10 −3 C −1


12
ARTIGO TÉCNICO

4. METODOLOGIAS DE VERIFICAÇÃO EM OUTROS PAÍSES Para a resistividade dos condutores em serviço normal
apresenta os valores, indicados na tabela 4.

França – A norma NF C 15-100, publicada pela Union


Technique de l’Electricité (UTE), trata e define os requisitos O coeficiente 1,25 leva a determinar a queda de tensão a
técnicos e de segurança das instalações eléctricas de baixa uma temperatura do condutor de cerca de 82 °C.
tensão. A norma sofre actualização regular para ter em conta
a evolução da técnica e das necessidades de consumo de A norma remete ainda para o guia da UTE C 15-105, GUIDE
electricidade. PRATIQUE Détermination des sections de conducteurs et
choix des dispositifs de protection Méthodes pratiques, onde

O artigo 525 da NF C 15-100 fixa os valores máximos da são detalhadas outras informações bem como, em

queda de tensão, conforme indicado na tabela 3. particular, quadros com valores de reactância linear para
outras configurações de canalizações a serem consultados
para a determinação da queda de tensão.
No comentário ao Artº 525 da norma é indicada a fórmula a
empregar para cálculo da queda de tensão que resulta ser a
mesma usada pelas RTIEBT.

Tab. 6 - Queda de tensão máxima nas instalações de utilização

Iluminação Outros usos

Tipo A – instalações alimentadas directamente por uma derivação em BT a partir 3% 5%


de uma rede pública de distribuição em BT

Tipo B – Instalações alimentadas por um posto de entrega(1) ou por um posto de


transformação a partir duma instalação de AT e instalações do tipo A em que o 6% 8%
ponto de entrega se situa no QGBT dum posto de distribuição público.

Quando as canalizações principais da instalação tiverem um comprimento superior a 100 m, as quedas de tensão podem ser
aumentadas de 0,005 % por metro de canalização acima de 100 m, sem todavia superar 0,5 %.
As quedas de tensão são determinadas a partir das potências absorvidas pelos aparelhos de utilização, aplicando, sendo o
caso, factores de simultaneidade, ou, por omissão, a partir dos valores das correntes de serviço dos circuitos.

Tab. 7 – Resistividade corrigida do cobre e alumínio para a temperatura de funcionamento dos condutores

Cobre Alumínio

Resistividade ρ1 = 1,25×ρ20°C Ωmm2/m 0,023 0,037

Obs Em França não se faz distinção entre postos de transformação e subestações de transformação. A sua designação genérica é poste de
transformation, contemplando ambas as instalações. Quando as instalações de BT são alimentadas por uma rede de distribuição pública em AT,
por intermédio de um posto de transformação, observando a norma NF C 13-100 a 13-103, o posto de transformação é chamado poste de
livraison, posto de entrega. Quando forem alimentadas por uma instalação de AT por intermédio de uma instalação de transformação
observando a norma NF C 13-200, a sua designação é poste de transformation, posto de transformação.

13
ARTIGO TÉCNICO

Reino Unido – Neste país a norma BS 7671: 2008 Onde:


Requirements for Electrical Installations IEE Wiring
Regulations, Seventeenth Edition é o padrão normativo r – queda de tensão resistiva em mV/A/m
adoptado no domínio das instalações eléctricas em BT x – queda de tensão reactiva em mV/A/m
quando em 1992 a British Standards Institution (BSI) fez das
regras técnicas IEE Wiring Regulations, 16th A norma prevê a correcção da temperatura dos condutores
Edition, publicadas pela Institution of Electrical Enginneers para uma melhor aproximação do cálculo da queda de
(IEE), sua norma. A BS 7671 é também usada noutros países tensão.
de língua inglesa.
Assim a temperatura de serviço vem determinada pela
Os requisitos respeitantes à queda de tensão são tratados expressão seguinte:
nos pontos 525.1 a 525.3. Para uma instalação em BT
alimentada directamente a partir de uma rede de  2 2 Ib2 
distribuição em BT, a queda de tensão máxima, especificada
θb = θ z −  Cg C a − 2  (θ z − θa )
 Izt 
no Apêndice 12, relativamente à tensão nominal, é:
Θb = temperatura do cabo ou condutor, °C
Equipamento de Outros
Iluminação Usos Θz = temperatura máxima em regime normal, °C
Θa = temperatura ambiente, °C
Queda de tensão máxima 3% 5% Cg = factor de correcção de agrupamento
Ca = factor de correcção da temperatura ambiente
Ib = corrente de serviço, A
O Apêndice 4 da norma contém uma série de tabelas Izt = corrente máxima admissível nas condições da tabela, A
fornecendo, para vários tipos de cabos e condutores, os
valores das quedas de tensão, quer resistivas, quer A temperatura θb permite agora determinar o factor de
reactivas, quer totais, dadas em mV/m/A, calculadas para a correcção de temperatura Ct:
temperatura máxima permitida pelos condutores em regime
230 + θ b
normal de funcionamento. Ct =
230 + θ z

A queda de tensão é então calculada da forma seguinte:


Com
mV / m / A tabelados × cos ϕ × Ib × L
Vd =
1000 1
β0 = ≅ 230 C valor médio para Cu e Al
α0
Quando a secção dos condutores for maior que 16 mm2
deverão considerar-se a queda de tensão resistiva bem como Para secções até 16 mm2, teremos:
a queda reactiva.
Vd = Ct cos ϕ (mV / A / m ) × L × Ib × 10−3
Teremos então:
Para secções acima de 16 mm2:

( cosϕ × r + senϕ × x )mV / A / m × L × Ib


Vd = Vd = (Ct cosϕ × r + senϕ × x) × L × Ib × 10−3
1000

14
ARTIGO TÉCNICO

Os valores médios das resistividades do Cu e Al a 20°C tramos do circuito usa-se como corrente de serviço o valor
usados na norma são: da corrente estipulada do aparelho de protecção contra

ρCu20°C = 18,3 ×10-3 Ωmm2/m sobreintensidades localizado imediatamente a montante.

ρAl20°C = 30,4 ×10-3 Ωmm2/m


Outra disposição aplicável às instalações de BT prende-se

Alemanha – Várias são as normas e disposições aplicáveis às com as especificações próprias das Associações de Energia

instalações de BT. A norma DIN VDE 0100 – Errichten von Estaduais - Technischen Anschlussbedingungen für den

Niederspannungsanlagen, Estabelecimento de Instalações de Anschluss an das Niederspannungsnetz, Condições Técnicas

BT, contempla na sua parte 520 as prescrições em termos de para a Ligação à Rede de BT, conhecidas por TAB. De acordo

quedas de tensão máximas permitidas nas instalações. com as TAB, as máximas quedas de tensão entre a portinhola

Assim, entre a portinhola e o ponto electricamente mais e o contador vêm dadas em correspondência com o quadro

afastado da instalação a norma fixa, para a máxima queda de seguinte:

tensão tolerada, um valor de 4% da tensão nominal. Potência Queda de tensão Disposição


em kVA admissível em %
Até 100 0,5 AVBEltV(1)
Às instalações residenciais aplica-se igualmente a norma DIN
18015 – Elektrische Anlagen in Wohngebäuden, Instalações De 100 a 250 1,0 TAB
Eléctricas em Edifícios Residenciais. De acordo com esta
Mais de 250 a 400 1,25 TAB
norma a queda máxima entre o contador e o aparelho
electricamente mais afastado deve ser 3% da tensão Acima de 400 1,5 TAB
nominal.

A figura abaixo sintetiza as diversas condições e disposições


Para a determinação da queda de tensão nos diversos
aplicáveis:

Fonte: Siedelhofer ABB

Fig. 3 – Máxima queda de tensão e disposições aplicáveis na Alemanha

(1)
Verordnung über Allgemeine Bedingungen für die Elektrizitätsversorgung von Tarifkunden, Portaria sobre as Condições Gerais para o
Abastecimento de Electricidade a Clientes.

15
ARTIGO TÉCNICO

A queda de tensão é calculada pela expressão simplificada Bibliografia


para as secções condutoras acima dos 16 mm2. Abaixo deste
valor calcula-se somente a queda resistiva. Os dados [4] Regras Técnicas de Instalações Eléctricas de Baixa
seguintes são habitualmente empregados no cálculo da Tensão, Decreto-Lei 226/2005, de 28 de Dezembro e
resistência: Portaria N.º 949-A/2006, de 11 de Setembro, 2006;

[5] Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição


Condutividade Cu Al
de Energia Eléctrica em Baixa Tensão, Decreto-
σ Sm/mm2
Regulamentar n.º 90 / 84 de 26 de Dezembro.
20°C 56 35
circuitos ligeiramente carregados
[6] Guia Técnico de Urbanizações, DIT-C11-010/N, EDP –
50°C 50 31
Distribuição – Energia SA, DNT – Direcção de
circuitos moderadamente carregados
Normalização e Tecnológica, Maio 2006;
70°C 47 29
circuitos carregados
[7] Ligação de Clientes de Baixa Tensão, DIT-C14-
100/N, EDP – Distribuição – Energia SA, DNT – Direcção
5. CONCLUSÕES de Normalização e Tecnológica, Maio 2007;

O cálculo das quedas de tensão é fundamental na fase de [8] SIEDELHOFER Bernd - Hauptstromversorgung in
projecto de instalações eléctricas, por um lado, de modo a Gebäuden [em linha]. [Consult. 06 Dez 2010]
garantir que as infra-estruturas definidas cumpram os Disponível em
requisitos regulamentares e, por outro lado, o bom www:<url:http://www.elektrogemeinschaft-
funcionamento e a longevidade dos equipamentos e halle.de/Vortrag/ Hauptstromversorgung.pdf>
instalações.
[9] SCHULTKE Hans – Aktuelles aus der Welt der Normen
Bibliografia [em linha]. [Consult. 06 Dez 2010]
Disponível em

[1] UNION TECHNIQUE DE L'ELECTRICITE – UTE C 15-105. www:<url:http://www.enbw-

Fontenay-aux-Roses: UTE, 2003. eg.de/~upload/enbweg/veranstaltungen2009/herbstv


eranstaltung2009/vortraege/DIN18015-1-4.pdf>

[2] UNION TECHNIQUE DE L'ELECTRICITE – NF C 15-100.


[10] VEWSaar e. V. - Erläuterungen des Verbandes zu den
Puteaux: UTE, 2002.
Technischen Anschlussbedingungen für den Anschluss
an das Niederspannungsnetz (TAB) [em linha].
[3] STOKES Geoffrey, Bradley John - A Practical Guide to
[Consult. 06 Dez 2010]
the Wiring Regulations: 17th Edition IEE Wiring
Disponível em
Regulations (BS 7671:2008). 4ª Ed. Chichester: John
www:<url:http://www.vewsaar.de/fileadmin/dokume
Wiley & Sons Ltd, 2009. ISBN: 978-1-405-17701-6.
nte/Installateure/pdf/erlaeuterungen_tab2007_07201
0.pdf>

16
ARTIGO TÉCNICO Pedro Miguel Azevedo de Sousa Melo
Instituto Superior de Engenharia do Porto

ESTRUTURAS E CARACTERÍSTICAS
DE VEÍCULOS HÍBRIDOS E ELÉCTRICOS
RESUMO autonomia – questão determinante para o desenvolvimento
dos veículos eléctricos [1].
Nas últimas décadas tem-se assistido a um forte A partir da década de 1920, a enorme evolução verificada
desenvolvimento dos veículos eléctricos, sobretudo das nos motores a gasolina (principalmente, no aumento da
soluções híbridas, como resposta aos impactos ambientais e potência disponível e rendimento, com menores dimensões)
económicos dos combustíveis fósseis. Os desafios que se tornou-os preponderantes face aos motores eléctricos. A
colocam no campo da engenharia são múltiplos e exigentes, maior dificuldade no seu controlo (baseado em contactos
motivados pela necessidade de integrar diversas áreas, tais mecânicos e resistências, com baixos níveis de eficácia,
como, novos materiais e concepções de motores eléctricos, comprometendo o próprio desempenho do veículo), a
electrónica de potência, sistemas de controlo e sistemas de reduzida autonomia, peso e custo mais elevados, são os
armazenamento de energia. principais motivos que explicam aquela supremacia [1].
Neste artigo procura-se apresentar as principais
características dos veículos híbridos eléctricos (VH) e dos As crises energéticas ocorridas na década de 1970 e o
veículos puramente eléctricos (VE). aumento das preocupações ambientais (principalmente nas
Começa-se por uma breve referência à origem e evolução sociedades ocidentais), juntamente como desenvolvimento
destes veículos. Segue-se uma abordagem às diferentes da electrónica de potência, que permitiu a criação de
configurações de VH e VE – principalmente no que se refere sistemas eficazes de controlo de motores eléctricos,
aos sistemas de propulsão e armazenamento de energia –, despertaram interesse para o desenvolvimento de veículos
realçando as suas vantagens e desvantagens. Por fim, puramente eléctricos, de que é exemplo a grande
referem-se alguns dos factores mais relevantes para a quantidade de protótipos construídos na década de 1980.
evolução tecnológica e aceitação destes veículos. Na década de 1990 as concepções híbridas foram ganhando
interesse, face à tomada de consciência das dificuldades em
1 INTRODUÇÃO superar as limitações dos veículos eléctricos, relativamente
aos veículos convencionais com MCI. Nesse sentido, vários
Os conceitos de veículo eléctrico e híbrido eléctrico fabricantes de automóveis desenvolveram diversos
remontam às origens do desenvolvimento do próprio protótipos de versões híbridas, não tendo, no entanto,
automóvel, em finais do séc. XIX. Numa época onde as atingido a fase de comercialização.
preocupações ambientais e de eficiência não existiam, a O maior esforço no desenvolvimento e comercialização de
finalidade era incrementar os níveis de desempenho dos veículos híbridos eléctricos foi feito por fabricantes
motores de combustão interna (MCI) ou melhorar a japoneses: em 1997, a Toyota lançou o modelo Prius e a
autonomia dos veículos baseados em motores eléctricos. Honda lançou as versões híbridas dos modelos Insight e
Com efeito, o desenvolvimento destes motores encontrava- Civic. Actualmente, estes e outros modelos híbridos –
se ainda numa fase inicial, estando a tecnologia associada às entretanto lançados por outros fabricantes –, são
máquinas eléctricas num nível superior. É nesta época que se comercializados em todo o mundo, apresentando bons
regista a implementação de sistemas de frenagem desempenhos dinâmicos e níveis de consumo [1], [2].
regenerativa, que permitem recuperar a energia cinética que Quanto ao desenvolvimento dos veículos eléctricos, o maior
o veículo perde, em consequência de uma travagem, sendo obstáculo à sua comercialização e difusão reside no estado
armazenada nas baterias. Trata-se de uma contribuição em que se encontra a tecnologia das baterias.
fundamental para a eficiência destes veículos e respectiva

17
ARTIGO TÉCNICO

Não obstante os progressos e esforços que têm sido feitos Por outro lado, procura-se superar também as limitações de
no seu desenvolvimento, o desempenho das baterias mais ambos: no caso dos MCI, utilização de grandes quantidades
recentes continua aquém das exigências requeridas pelos de combustíveis fósseis e emissão de gases de efeito de
veículos eléctricos, principalmente, ao nível da densidade de estufa; para os VE há a referir as autonomias reduzidas,
energia (por unidade de peso e volume) e densidade de elevados tempos de carregamento do sistema de
potência. Atendendo às distâncias relativamente curtas que armazenamento de energia e maior custo inicial [2], [3].
caracterizam os trajectos nos centros urbanos, será aqui que Na utilização de motores eléctricos nos VH há dois objectivos
reside o maior potencial de aceitação destes veículos. bem vincados: o primeiro é a optimização do rendimento do
Nas últimas décadas, vários fabricantes de automóveis têm MCI; a recuperação da energia cinética na frenagem do
feito alguns investimentos no desenvolvimento da veículo (armazenada nas baterias) é o segundo objectivo.
tecnologia das células de combustível, com vista à aplicação Este apenas é possível pela presença do(s) motor(es)
em veículos eléctricos. Os maiores desafios ao seu eléctrico(s).
desenvolvimento e proliferação residem na capacidade de Existem vários modos de funcionamento possíveis,
produção, armazenamento e distribuição de hidrogénio. A associados às características dos próprios motores [1]:
evolução desta tecnologia tem ainda um longo caminho a  O MCI propulsiona integralmente o veículo. Esta situação
percorrer, sendo também incerta a opção futura por esta pode ocorrer quando as baterias estão praticamente
solução. descarregadas e a potência disponível no veio do MCI é
integralmente necessária para a tracção; estando as
2 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS VH E VE baterias à plena carga, um cenário semelhante ocorre no
caso da potência de tracção exigida corresponder a um
As alternativas aos veículos convencionais, baseados em regime de funcionamento óptimo do MCI;
MCI, podem ser classificadas do seguinte modo:  Propulsão puramente eléctrica (MCI desligado). Justifica-
se para os regimes de funcionamento do MCI com baixos
Veículos híbridos (VH) – Em termos gerais, um veículo rendimento (ex., nas baixas velocidades) ou em
híbrido é caracterizado por incluir dois ou mais sistemas de ambientes com limitações de emissões elevadas;
propulsão. Os mais usuais são os veículos híbridos eléctricos  Propulsão híbrida (MCI+ME), se no esforço de tracção
– combinação de dois sistemas de propulsão: um baseado no são exigidas elevadas potências (por ex., em subidas e
MCI, o segundo assente em um ou vários motores eléctricos elevadas acelerações);
(ME). Existem várias configurações possíveis para estes  Frenagem regenerativa, na qual a energia cinética do
veículos: série, paralelo e série-paralelo (esta última com veículo é recuperada – o motor funciona agora como
duas variantes); gerador – e armazenada nas baterias, podendo ser
Veículos eléctricos (VE) – apenas incluem motores posteriormente utilizada na tracção do veículo;
eléctricos. Em termos de fontes de energia empregues há a  O MCI efectua o carregamento das baterias, havendo
distinguir as baterias das células de combustível. diferentes cenários a considerar: veículo imobilizado ou
numa descida sem modos de tracção e frenagem nos
2.1 VEÍCULOS HÍBRIDOS sistemas de propulsão;
 O MCI e o(s) ME(s) – em modo regenerativo –, carregam
A concepção de base dos veiculos híbridos assenta na simultaneamente as baterias do veículo;
conjugação das vantagens dos veículos convencionais (MCI)  O MCI propulsiona o veículo, bem como efectua o
e dos veiculos eléctricos: elevada autonomia e densidades carregamento das baterias;
de energia e potência (MCI); elevados rendimentos e  O MCI carrega as baterias e estas alimentam o(s) ME(s);
emissões nulas a nível local (VE).

18
ARTIGO TÉCNICO

O elevado número de modos de funcionamento nos veículos  Energia de propulsão/Carregamento das baterias: o
híbridos, tornam-os muito flexíveis; no entanto, acresce a sistema MCI/gerador fornece a energia para
complexidade do sistema de propulsão, o que implica a propulsionar o veículo e carrega as baterias;
necessidade de sistemas complexos de controlo, bem como  Frenagem regenerativa: o MCI é desligado; o ME
o desenvolvimento de sistemas de gestão dos fluxos de funciona como gerador, efectuando o carregamento das
energia, capazes de optimizarem a eficiência dos modos de baterias;
funcionamento anteriores.  Carregamento das baterias: o(s) ME(s) não são
alimentados; o sistema MCI/gerador somente carrega as
Em seguida, descrevem-se as três configurações baterias;
mencionadas para os VH, as quais se distinguem pelo modo  Carregamento híbrido das baterias: o sistema
como o MCI é inserido no sistema de propulsão eléctrica. MCI/gerador e o(s) ME(s) – funcionando como
gerador(es) – efectuam o carregamento das baterias.
Configuração Série – O MCI apenas acciona um gerador que
alimenta o ME de tracção do veículo; o gerador também Não existindo ligação mecânica entre o MCI e o sistema de
efectua o carregamento das baterias. Em termos de transmissão de potência, os seus regimes de funcionamento
concepção, trata-se de um VE assistido por um MCI [2] – tornam-se mais flexíveis, permitindo optimizar o
Figura 1. funcionamento do MCI (referido anteriormente). No
entanto, a existência de três máquinas (MCI, gerador e ME)
tornam o sistema de propulsão do veículo mais
complexo, normalmente mais pesado e com menores
rendimentos em relação às outras configurações.

Configuração Paralela – Existe a possibilidade do MCI e do


ME fornecerem potência, em paralelo, às rodas de tracção
do veículo. Conceptualmente, trata-se de um veículo
convencional (MCI) com assistência eléctrica (MEs) [2]. Desta
forma, ambos os motores estão acoplados ao veio de
transmissão através de duas embraiagens
independentes, pelo que a propulsão pode ser efectuada
pelo MCI, pelo ME ou por ambos (Figura 2).
Figura 1 – VH: Configuração Série

Em princípio, podem ser considerados os seguintes modos


de funcionamento [1], [2]:
 Energia de propulsão – baterias: o MCI é desligado, a
energia de propulsão provém unicamente das baterias;
 Energia de propulsão – MCI: a energia de propulsão é
somente garantida pelo sistema MCI/gerador; não há
qualquer fluxo de energia nas baterias;
 Energia de propulsão – modo híbrido: a potência de
tracção é garantida pelo MCI e pelas baterias;
Figura 2 – VH: Configuração Paralela

19
ARTIGO TÉCNICO

Também aqui a optimização do funcionamento do MCI é Para desempenhos semelhantes é também de referir o uso
conseguida. O motor eléctrico pode funcionar como gerador de MCI e ME de menores potências, relativamente à
para carregar as baterias, havendo duas possibilidades: configuração série.
- Frenagem regenerativa;
- No caso da potência mecânica disponível no veio do MCI Configuração Série-Paralela – Esta estrutura integra as
ser superior ao necessário para o esforço de tracção, o características das duas anteriores, procurando assimilar as
excedente é fornecido ao gerador. vantagens de ambas. A figura 3 apresenta esta configuração.

Os modos de funcionamento possíveis são os seguintes:


 Propulsão ME: o MCI é desligado; o veículo é
propulsionado apenas pelo ME;
 Propulsão MCI: o contrário do anterior, o veículo é
propulsionado apenas pelo MCI;
 Propulsão Híbrida: ambos os motores (MCI e ME)
contribuem para a propulsão do veículo;
 Propulsão MCI dividida: uma parte da potência no veio
do MCI é usada na propulsão; a outra parte carrega as
baterias, o que implica ter o ME a funcionar como
gerador;
 Fenagem simples (apenas regenerativa): o MCI é Figura 3 – VH: Configuração Série-Paralela

desligado; o ME funciona como gerador, efectuando o


carregamento das baterias; Em comparação com a estrutura série, há mais uma ligação
 Frenagem regenerativa e mecânica: ME funciona como mecânica ao veio de transmissão; relativamente à estrutura
gerador; MCI funciona como freio mecânico. paralela, existe mais uma máquina eléctrica. O acoplamento
mecânico das três máquinas pode ser efectuado através da
Na configuração paralela há apenas duas máquinas (MCI e inclusão de um sistema de engrenagens planetário [1], [4].
ME). A figura 4 ilustra a sua estrutura.

Figura 4 – Sistema de Engrenagens Planetário

20
ARTIGO TÉCNICO

Este sistema tem a vantagem de permitir o funcionamento


do MCI num regime de velocidade constante (permitindo a
sua optimização): a variação da velocidade no veio de
transmissão do veículo é conseguida através da regulação da
potência debitada pelo gerador.
Trata-se, pois, de um sistema de transmissão variável de
potência em modo contínuo, mais concretamente, um
sistema electrónico de transmissão variável.
Comparativamente aos sistemas puramente mecânicos de
transmissão contínua, este sistema electrónico é mais
simples, fiável e com melhores rendimentos, uma vez que
não existem embraiagens, conversores de binário e caixa de
engrenagens. Figura 5 – VH: Configuração Série-Paralela “Complexa”

Com vista ao aumento do rendimento, fiabilidade e


robustez, novas concepções de sistemas electrónicos de 2.2 Veículos Eléctricos
transmissão foram desenvolvidas, as quais assentam na
eliminação do sistema de engrenagens planetário. Nesse Na figura 6 está representada a estrutura básica deste tipo
sentido refere-se: de veículo [1].
- Combinação de duas máquinas eléctricas concêntricas
[3]; Existem três componentes fundamentais:
- Uma única máquina com dois rotores [4], [5].  Sistema de propulsão eléctrica;
 Sistema de alimentação/armazenamento de energia;
Configuração Série-Paralela “Complexa” - A configuração  Sistema auxiliar.
representada na figura 5 apresenta semelhanças com a
estrutura série-paralela (1 MCI e 2 ME). O sistema de propulsão eléctrica é composto pelos seguintes
Há, no entanto, uma diferença importante na máquina elementos:
eléctrica ligada mecanicamente ao MCI: a possibilidade de - controlador do veículo
fluxo de energia bidireccional, ou seja, o funcionamento - conversor estático de potência de tracção
como motor ou gerador. - motor eléctrico
O potencial e versatilidade desta estrutura são superiores à - transmissão mecânica
configuração série-paralela, pois acrescenta um modo de - rodas de tracção.
funcionamento com três motores, o qual não existe naquela
configuração. O sistema de fornecimento/armazenamento de energia
Naturalmente, também o nível de complexidade do(s) inclui os seguintes elementos:
sistema(s) de propulsão é grande, o que torna o seu custo - fonte de energia e/ou sistema de armazenamento de
mais elevado, juntamente com maiores exigências ao nível energia
do controlo do veículo, bem como do sistema de gestão de - sistema de gestão de energia
energia. Não obstante, é de referir a opção por esta - unidade de reabastecimento.
configuração em algumas das séries mais recentes de VH
[1], [2]. O sistema auxiliar inclui múltiplas unidades, tais como: a
direcção assistida, climatização, etc.

21
ARTIGO TÉCNICO

Trata-se de um sistema comum a qualquer tipo de Tal como nos VH, o sistema de gestão de energia é
veículo, seja convencional, híbrido ou eléctrico. fundamental neste tipo de veículos.
Os sinais emitidos pelos pedais do acelerador e travão O sistema auxiliar fornece a energia necessária às unidades
(accionados pelo condutor do veículo) são recebidos pelo já referidas (tipicamente com vários níveis de tensão).
controlador do veículo, o qual actua no sistema de controlo Como referido, a estrutura apresentada na figura 6 é
do conversor de tracção de modo a regular os fluxos de elementar.
energia entre o motor eléctrico e o sistema de Existem várias configurações possíveis para o sistema de
armazenamento de energia. A actuação do controlador do propulsão dos VE, atendendo à grande flexibilidade de
veículo é também função dos sinais recebidos pelo sistema funcionamento dos motores eléctricos. Na figura seguinte
de gestão de energia. São várias as funções deste são apresentados alguns exemplos, que se julgam ser
sistema, sendo de referir o controlo do modo de frenagem representativos dessa variedade de configurações [1].
regenerativa e respectivo armazenamento de energia, a Actualmente, este é um assunto que continua a merecer a
regulação das operações de reabastecimento e a atenção de fabricantes e investigadores.
monitorização dos estados do sistema de armazenamento de
energia.

Figura 6 – Configuração Básica de um VE

22
ARTIGO TÉCNICO

Figura 7 – Sistemas de Propulsão para VE

a) Atendendo às zonas possíveis de funcionamento dos As exigências colocadas a estes motores são
motores eléctricos – binário constante (baixas várias, nomeadamente, a capacidade de desenvolver
velocidades); potência constante (gama ampla de elevados binários no arranque. De referir que uma
velocidades) – o sistema habitual de engrenagens com abordagem às tendências actuais dos tipos de motores
múltiplas relações (várias velocidades) pode ser eléctricos aplicados em VE foi apresentada num artigo
substituído por um sistema com uma relação fixa. Deste anterior.
modo, a embraiagem é eliminada, reduzindo o peso e
tamanho do sistema de transmissão mecânica; o Neste tipo de veículos, as emissões locais associadas são
controlo do sistema de propulsão torna-se mais simples. nulas. Naturalmente, esta afirmação não considera as fontes
b) Nesta configuração, o diferencial mecânico é substituído de energia utilizadas no carregamento das baterias. Com
por dois motores eléctricos. Naturalmente, são os efeito, as emissões globais podem ser
respectivos sistemas de controlo que garantem consideráveis, dependendo da proveniência da energia
velocidades distintas em trajectos curvilíneos. armazenada nas baterias.
c) Com vista a tornar mais simples o sistema de No momento actual, as principais desvantagens destes
propulsão, os motores eléctricos são fixados à própria veículos residem no elevado peso e custo inicial das
roda de tracção, através de engrenagens (sistema in- baterias, autonomias limitadas, tempos longos de
wheel). Esta concepção coloca desafios vários ao motor carregamento e densidades de potência reduzidas. Não
(dimensões, peso, robustez, fiabilidade, ...). obstante, nos últimos anos têm sido empreendidos elevados
d) Relativamente à concepção anterior, é eliminado o esforços, no meio académico e industrial, com vista ao
sistema de engrenagens: os rotores dos motores são desenvolvimento de novos tipos de baterias [6], bem como
montados directamente nas rodas de tracção, pelo que o de estruturas híbridas de armazenamento de energia –
controlo da velocidade do veículo corresponde ao baterias, super-condensadores e flywheels (esta última em
controlo directo da velocidade dos motores. menor grau).

23
ARTIGO TÉCNICO

Como foi referido, actualmente há a considerar duas diminuição da sua capacidade de armazenamento e
variantes de VE, associadas ao tipo de alimentação do aumento da resistência interna. [9]
veículo. As principais características de ambas são
apresentadas a seguir. O sistema de gestão das baterias (Battery Management
System) é fundamental, não apenas na monitorização do
2.2.1 Tipos de Baterias estado das baterias e sua protecção, mas também para
permitir as operações de carga e descarga, em coordenação
Actualmente, as baterias mais usadas nos VE (e também nos com o sistema de gestão de energia. O modo de
VH) são as de chumbo/ácido (PB) convencionais, de hidratos funcionamento em frenagem regenerativa é dos mais
metálicos de níquel (NiMH) e de iões de lítio (Li Ion). críticos a considerar, uma vez que as correntes envolvidas e
Particularmente nestas últimas, têm sido obtidos aumentos respectivos gradientes podem destruir as baterias. Em
consideráveis nos valores da densidade de energia (de particular, as baterias de lítio exigem condições de
momento apresentam valores muito superiores aos funcionamento muito bem controladas, sob pena de se
restantes tipos de baterias). Há uma clara tendência para a danificarem. Com efeito, são muito sensíveis a sobretensões,
sua integração com super-condensadores, aproveitando os sobrecorrentes e à temperatura de funcionamento.
elevados valores de densidade de potência destes últimos
[3], [7]. Tais sistemas híbridos de armazenamento de energia 2.2.2 Células de Combustível
são mais complexos, necessitando da inclusão de
conversores estáticos de potência e de sistemas de gestão de São dispositivos geradores de energia eléctrica, resultante de
energia específicos. De acordo com [8] há diversas vantagens reacções electroquímicas baseadas em hidrogénio
a considerar nestes sistemas, sendo de realçar o (combustível não poluente, com elevada densidade de
desacoplamento do controlo dos requisitos de energia e energia). Sublinha-se o facto de se tratar de geradores de
potência (esta última é essencial nas frenagens); também a energia, enquanto as baterias são armazenadores de
eficiência na gestão de energia do sistema de energia. Uma característica importante a referir é que o
armazenamento vem melhorada. produto das reacções é apenas vapor de água. As principais
vantagens residem na elevada eficiência energética das
Existem diversos factores que condicionam os desempenhos reacções electroquímicas, emissões locais nulas e tempos
das baterias, dos quais se enumeram alguns dos mais curtos de abastecimento (depósito de hidrogénio). [2], [3]
relevantes: A energia eléctrica produzida nas células de combustível é
 Nível de carga – State of Charge (SOC); usada na propulsão do veículo ou no carregamento das
 Capacidade de armazenamento; baterias e super-condensadores para uso futuro.
 Tensões e correntes;
 Frequência das cargas e descargas; 3 Alimentação Externa de Energia Eléctrica (Plug-in)
 Temperatura de funcionamento;
 Idade da bateria. Estes veículos podem ser ligados a um sistema de
carregamento exterior das baterias.
As baterias usadas nos veículos de tracção estão sujeitas a Os veículos híbridos Plug-in têm sistemas de propulsão
ambientes e condições de funcionamento muito agressivos semelhantes aos híbridos convencionais. Para distâncias
(amplas variações de temperatura, ciclos de carga exigentes, curtas, o veículo funciona em modo puramente eléctrico,
choques e vibrações mecânicas). Estes aspectos podem com as baterias a fornecer a energia necessária à propulsão.
contribuir para um envelhecimento precoce, traduzido pela

24
ARTIGO TÉCNICO

Nas distâncias longas, quando a carga das baterias é inferior 4 Conclusões


a um valor especificado, o veículo passa a funcionar no modo
híbrido. Deste modo, conseguem-se funcionamentos que se Os custos e limitações das reservas de combustíveis fósseis e
aproximam mais dos veículos puramente eléctricos [10]. os impactos ambientais decorrentes da sua utilização
intensa, conduziram a um aumento no interesse e
É de referir que as baterias usadas nos VH Plug-in têm de ter desenvolvimento dos veículos eléctricos e híbridos, não
características semelhantes às exigidas para os VE. De modo apenas por parte da comunidade científica mas também ao
geral, os VE são sempre do tipo Plug-in. nível dos governos e opiniões públicas mundiais.

Os veículos Plug-in poderão também interagir com a rede Até ao momento, os veículos híbridos têm conhecido um
pública de energia, podendo contribuir para uniformizar o maior grau de desenvolvimento, que se reflecte na
diagrama de cargas: durante o período nocturno (menor variedade de modelos comercialmente disponibilizados
procura de energia) efectua-se o carregamento; nas horas pelos principais fabricantes e automóveis. Os principais
diurnas (maior procura de energia), havendo excedente de desafios que continuam a ser enfrentados estão no controlo
energia armazenada nos veículos, este pode ser injectado na e optimização das diferentes fontes de energia (o que
rede [10], [11]. implica desenvolver sistemas de gestão de energia
eficazes, com capacidade de actuação em tempo real) e no
A Tabela 1 apresenta uma síntese das características dos custo final do veículo.
tipos de veículos considerados.

Tabela 1 – Características de VH e VE [2]

VH VE (baterias) VE (cél. de combust.)

- Motores eléctricos - Motores


Sistema de Propulsão - Motores eléctricos
- MCI eléctricos
Sistema de Armazenamento - Baterias - Baterias
- Depósito de H2
de Energia - Super-condensadores - Super-condensadores
- Baterias
- Combustíveis fósseis ou
- Super-condensadores
alternativos
Fontes de Energia e Infra- - Estações de gasolina - Pontos de carregamento de - H2
estruturas - Pontos de carregamento de energia (“Plug-in”) -Produção de H2; infra-
energia (“Plug-in” híbrido) estruturas de transporte
Características - Emissões locais baixas - Emissões locais nulas - Emissões locais nulas
- Elevada economia de -Rendimentos elevados -Rendimentos elevados
combustível -Não depende directam. de - Não depende directamente
- Dependente de combustíveis fósseis de combustíveis fósseis
combustíveis fósseis - Autonomia limitada - Em desenvolvimento
- Autonomia longa - Disponível
- Disponível
Principais Desvantagens - Desempenhos das baterias - Desempenhos e tempos de - Custo elevado das células
- Controlo e optimização de vida útil das baterias de combustível, ciclos de
consumos; gestão de várias - Disponibilidade de pontos vida curtos, fiabilidade
fontes de energia de carregamento de energia -Produção de H2; criação de
- Custo superior ao dos - Elevado custo inicial infra-estruturas de
veículos convencionais transporte
(MCI) - Custo elevado do veículo

25
ARTIGO TÉCNICO

Nos últimos anos, os veículos eléctricos têm vindo a Bibliografia


conhecer um maior desenvolvimento dos seus subsistemas,
sendo de destacar: novas concepções de máquinas eléctricas [1] Ehsani, Mehrdad, Gao,Yimin, E.
e conversores de potência, estruturas híbridas nos sistemas Gay, Sebastien, Emadi, Ali (2005). “Modern
de armazenamento de energia (baterias integradas com Electric, Hybrid Electric and Fuel Cell Vehicles –
super-condensadores e respectivos conversores de Fundamentals, Theory and Design”, CRC Press.
potência). O grande obstáculo continua a residir nas [2] Chan, C.C. (2007). “The State of the Art of
características das baterias disponíveis (densidades de Electric, Hybrid, and Fuel Cell Vehicles”, Proceedings of
energia, ciclos de carga/descarga, custos). Também aqui o the IEEE, Vol. 95, No. 4, pp. 704-718.
desenvolvimento de sistemas de gestão de energia em [3] Chan, C.C. et al. (2010). “Electric, Hybrid and Fuel- Cell
tempo real será um factor determinante no sucesso destes Vehicles: Architectures and Modeling”, IEEE Transactions
veículos. on Vehicular Technology, Vol.59, No2, pp. 589-598.
[4] K. T. Chau and C. C. Chan (2007). “Emerging energy-
A opção pelas células de combustível é ainda uma incógnita efficient technologies for Hybrid Electric Vehicle”, Proc.
grande: não só a sua tecnologia se encontra numa fase muito IEEE, vol. 95, no. 4, pp. 821–835.
inicial, como também esta via implicará a disseminação em [5] Hoeijmakers, Martin J., Ferreira, Jan A. (2006). “The
larga escala de infra-estruturas para a produção, distribuição Electric Variable Transmission”, IEEE Transactions on
e armazenamento de hidrogénio. Industry Applications, Vol.42, No4, pp. 1092-1100.
[6] Affanni, Antonio et al. (2005). “Battery Choice and
A necessidade de integração de múltiplos domínios Management for New-Generation Electric Vehicles”, IEEE
científicos e tecnológicos, tais como, indústria automóvel, Transactions on Industrial Electronics, Vol.52, No5, pp.
máquinas eléctricas e respectivo controlo, electrónica de 1343-1349.
potência e sistemas de armazenamento de energia, com [7] Sun, Liqing et al. (2008). “State of Art of Energy System
desempenhos semelhantes aos dos veículos convencionais for New Energy Vehicles”, IEEE Vehicle Power and
(MCI), coloca elevados níveis de exigência à concepção dos Propulsion Conference (VPPC), September 3-5, China.
VH e VE. Como tal, a modelização e simulação destes [8] Miller, John M., Startorelli, Gianni (2010). “Battery and
sistemas assume um papel determinante no seu Ultracapacitor Combinations – Where Should the
desenvolvimento, uma vez que permite a concepção e teste Converter Go?”, IEEE Vehicle Power and Propulsion
de novas estruturas e sistemas de controlo, sem grandes Conference (VPPC), September 1-3, France.
exigências em termos materiais e de tempo. Também no [9] http://www.mpoweruk.com
campo do diagnóstico de avarias é de salientar a mais-valia [10]Amjad, Shaik al. (2010). “Review of Design
conseguida com ferramentas de modelização e simulação. Considerations and Technological Challenges for
Successful Development and Deployment of Plug-in
Por último, o futuro dos VH e VE passará seguramente pela Hybrid Electric Vehicles”, Renewable and Sustainable
integração das opiniões públicas mundiais e respectivos Energy Reviews, No14, pp. 1104-1110, Elsevier.
governos com os interesses de múltiplos sectores, tais como, [11]Somayajula, Deepak et al. (2009). “Designing Efficient
indústria automóvel, transportes, comunidade académica e Hybrid Electric Vehicles”, IEEE Vehicular Technology
empresas do ramo energético. Magazine, Vol.4, no.2, pp. 65-72.

26
ARTIGO TÉCNICO Eduardo Sérgio Correia
IEMS – Instalações de Electrónica Manutenção e Serviços, Lda

FIBRAS ÓPTICAS
O PARADIGMA

1 INTRODUÇÃO Optical Network (GE-PON) nas FTTH (Fiber To The


Home), por outro temos as redes locais de Complexos
Com a obrigatoriedade de dotar todos os edifícios e Empresariais e Fabris ou mesmo edifícios comerciais, cuja
urbanizações com instalações de fibra óptica devido ao distribuição interior inter-bastidores, continua a ser
Decreto-Lei 123/2009, todos os projectistas, retalhistas, implementada em fibras multimodo de última geração, pois
instaladores e promotores deparam-se com a necessidade a nível de custos dos conversores electro-ópticos (ONT)
de implementar algo ainda estranho para muitos. ainda há uma diferença substancial de valor entre os
monomodo e os multimodo.
Se, por um lado a legislação obriga ao uso das fibras
monomodo, indo de encontro à compatibilização com as Tendo em vista a constante evolução, os fabricantes tendem
tecnologias que os operadores de telecomunicações já a desenvolver produtos optimizados para as necessidades de
estavam a implementar ( ex: Gigabit Ethernet – Passive agora e as que se perspectivam para um futuro próximo.

Figura 1 – Exemplo de Solução de Transporte IP baseada em GEPON

27
ARTIGO TÉCNICO

2 A FIBRA ÓPTICA NAS INSTALAÇÕES ITED As distâncias de transmissão num link (ligação entre dois
activos) estão limitadas quer pela atenuação, quer pela
As principais razões para a utilização da fibra óptica são: largura de banda. Nas instalações cujo limite é a
- Segurança na transmissão de dados: a fibra óptica não atenuação, a perda individual de cada componente deve ser
emite radiação electromagnética, como tal não é somado para todos os componentes do link e o valor da
possível interceptar as comunicações remotamente. atenuação deve ficar dentro do limite de perda para o canal
- Largura de banda: A fibra óptica tem uma capacidade de (definido na norma).
transmissão de dados muito superior ao cobre.
- Distância na transmissão: A atenuação dos sistemas Na figura apresenta-se um resumo das distâncias possíveis
ópticos é muito inferior aos sistemas de cobre, logo os em links de fibra óptica baseado em protocolos específicos
dados podem ser transmitidos a distâncias mais longas. utilizando 2 Conectores / Emendas (fusões). Componentes e
- Sem risco de interferências (EMI e RFI): A fibra óptica é cabos com melhores características de desempenho, que as
construída maioritariamente em vidro, logo é imune a definidas nas normas (standards) podem ser necessários
influências electromagnéticas (EMI) e de rádio para atingir as distâncias máximas indicadas.
frequência (RFI).

O fabricante europeu Brand-Rex, é um dos líderes de


mercado na tecnologia dos cabos de fibra óptica. Os seus
produtos excedem todos os parâmetros das normas que são
definidas para estes cabos e ainda desenvolvem sistemas
inovadores e revolucionários, como veremos a seguir.

A gama de produtos FibrePlus tem aplicação tanto em


cablagens estruturadas convencionais, como em sistemas
centralizados de instalações de fibra óptica. Esta gama de
produtos suporta os 2000m em instalações de redes locais
conforme descrito na norma ISO 11801:2002, bem com os
300m descritos na norma TSB72 (Directrizes sobre sistemas
de centralizados de fibra óptica) e na TIA568B/EIA.

Figura 2 – Identificação da Distância de Transmissão Figura 3 – Distância de Transmissão em cata tipo de fibra óptica

28
ARTIGO TÉCNICO

Os imites de atenuação definidos na norma, são os indicados O UFS 01 (Optical Unitube Fire Survival Cable) é usado nos
na figura 4. locais onde a transmissão de informação crítica deve
continuar mesmo que o edifício ou a estrutura onde está
instalado esteja em chamas. Por essa razão, o seu uso em
grandes edifícios públicos, tais como data-centers,
aeroportos, estações ferroviárias, estádios e estruturas
industriais está a tornar-se cada vez mais comum.

O uso do cabo nos sistemas de gestão do edifício, sistemas


de segurança e incêndio, significa que estes sistemas vitais
permanecerão em funcionamento em caso de incidentes
que ponham a vida humana em risco e obriguem à
evacuação do edifício.

O cabo UFS 01 Fire Survival Cable foi desenhado para


Figura 4 – Limites de atenuação definidos na norma cumprir as normas IEC60794 e exceder as norma IEC60331 –
part25.
No actual ambiente de negócios, a manutenção em
funcionamento dos sistemas críticos do negócio, em caso de
emergência é um pré-requisito fundamental. Nesse sentido
já está disponível no mercado o cabo de fibra óptica
resistente ao fogo.

Figura 6 – Teste de fogo IEC60331

O teste de fogo IEC60331, vulgarmente conhecido por teste


de sobrevivência ao fogo, foi definido para cabos eléctricos.
Mas a “part25”, publicada em 1999 já refere os cabos de
fibra óptica.

Esta norma define o teste a uma temperatura mínima de


chama de 750°C, com uma duração de aplicação
recomendada de 90min., mais 15min. para arrefecimento. A
norma só define como critério de aprovação, a manutenção
da integridade do circuito.

O fabricante (Brand-Rex) foi mais além e definiu como


critério extra para aprovação, não exceder 1.5dB no
aumento da atenuação nestas condições de teste.

Figura 5 – Composição do UFS 01

29
ARTIGO TÉCNICO

Para demonstrar o desempenho ao teste de


sobrevivência ao fogo prolongado, o
fabricante (Brand-Rex) testou o cabo
segundo a norma BS8434-2.

Esta norma define o teste do cabo a uma


temperatura de 930°C por
120min., incluindo o choque mecânico e
jactos de água como define a BSEN
50200, provando que o cabo UFS 01 Fire
Survival Cable pode superar os testes mais
rigorosos.

Figura 7 - Alteração da atenuação ao longo do tempo


(IEC60331)

Já a norma BSEN 50200:2000 Classe PH120


define o teste do cabo a uma temperatura
maior (830°C), choques mecânicos
adicionais e spray de água durante o
período de "chama”.

Este reforço de exigência simula uma


situação real de fogo com sistemas de
compartimentação em funcionamento e
potenciais impactos de detritos caindo
sobre o cabo.

Figura 8 – Alteração da atenuação ao longo do tempo


(BSEN 50200:2000)

Figura 9 – Comparação dos testes IEC60331, BSEN 50200 e BS 8434-2

30
ARTIGO TÉCNICO

Sistema de fibra óptica Pré-Conecterizado MT Connect A tecnologia do conector MT

MT Connect é um sistema de cabos fibra óptica de alto O conector MPO é a parte mais importante do sistema MT
desempenho, pré-conecterizados, modulares, baseado na Connect.
tecnologia do conector MPO.
Este conector acomoda até 12 fibras graças à alta precisão de
Este sistema poderá ser usado em projectos convencionais fabrico das partes de termoplástico e guias metálicas, que
para diminuir o tempo de instalação dos links de backbone garantem o alinhamento e a manutenção da polaridade das
(ligações entre bastidores), em distribuição horizontal na fibras, sendo a sua ligação ao painel por encaixe, com um
fibra ao posto de trabalho ou data-centers onde as multiplas Click audivel para garantir que as ligações estão bem
ligações ponto-a-ponto em fibra óptica entre bastidores de efectuadas.
distribuição e bastidores de equipamentos activos podem
ser rápida e eficientemente instaladas, mantidas e alteradas Instalação
conforme as necessidades.
O sistema MT Connect é de instalação simples e rápida.
1. Coloca-se os cabos de backbonne no lugar.
2. Instala-se os paineis nos bastidores.
3. Liga-se os cabos dentro das caixas LGX.
4. Monta-se as caixas LGX nos paineis.

O tempo de instalação deste sistema é uma fracção do


tempo de instalação de um sistema de fibra convencional.
Ligar 12 fibras pré-conecterizadas é muito mais simples e
rápido que fundir 12 pigtails em cada ponta do cabo.

Figura 10 – MT Connect Pre-Terminated Fibre Cabling Systems

O sistema MT Connect tem vantagens únicas em relação aos


sistemas convencionais:
• Cabos pré-conecterizados com 12 fibras por conector
MPO assegura uma instalação mais rápida de vários links
de fibra.
• Cabos com menor secção poupam espaço nos caminhos
de cabos e bastidores favorecendo a circulação de ar
• Construção modular favorece a simples e rápida Figura 11 – MT Connect Pre-Terminated Fibre Cabling Systems

manutenção e reparação.
• Link ponta-a-ponta assegurado com os melhores A manutenção e acrescentos ao sistema é também mais
desempenhos obtidos através de conecterização de simples graças à sua concepção modular.
fábrica.

31
ARTIGO TÉCNICO

Cabos do Sistema MT Connect O painel de bastidor do sistema MT connect é modular, pelo


que permite a utilização dos diversos componentes num só
O fabrico de um cabo MT Connect é feito com até 12 fibras painel. Pode ser equipado com 3 modulos, sejam eles caixas
LSOH num só cabo terminando nas duas pontas com um LGX (para conectores LC ou SC em OM3, OM3(Z50) ou OS1),
conector MPO (sem pinos). Estes cabos são usados nos placa de 6 acopoladores MPO ou tampas cegas.
backbones ou na interligação horizontal de bastidores de Com este sistema podemos ter até 216 fibras num só painel
distribuição. de 1U/19” (usando 3 x 6 MPO), ou 36 LC duplex usando as
Estão disponívei para fibras OM3, OM3 melhorada (Z50) e caixas LGX.
OS1(008) e com comprimentos standard de 1, 3, 5, 10, 20, 50
e 100mts.
6 way MPO Adaptor plate

Blanking plate

Figura 12 – Cabo de fibra do Sistema MT Connect


19” Panel LGX Module

Figura 15 – Painel de bastidor do sistema MT Connect

3 OBSERVAÇÕES FINAIS

Observando que o desenvolvimento tecnológico nos


produtos de fibra óptica não se centra só nas fibras
monomodo, podemos concluir que as fibras multimodo
Figura 13 – Cabo de inter-ligação tipo “C” do sistema MT Connect
ainda terão uma grande aplicação nos próximos anos nas
Para a ligação do sistema MT Connect aos equipamentos infra-estruturas de comunicações.
activos nos bastidores é necessário usar este cabo hibrido
constituíido por até 12 fibras LSOH num só cabo terminado Bibliografia
numa ponta com o conector MPO e na outra ponta por 1. Documentação técnica do fabricante Brand-Rex (www.brand-

conetores LC ou SC após as fibras terem sido separadas na rex.com)


2. Documentação técnica do integrador IEMS (www.iems.pt)
unidade de divisão.

Figura 14 – Cabo Hibrido do Sistema MT Connect

32
ARTIGO TÉCNICO António Augusto Araújo Gomes; Henrique Jorge de Jesus Ribeiro da Silva
Instituto Superior de Engenharia do Porto

SEGURANÇA CONTRA INTRUSÃO


HABITAÇÃO
1 INTRODUÇÃO

O crescente aumento da criminalidade, com especial É um equipamento ou conjunto de equipamentos integrados


incidência nos crimes contra a propriedade, levou a um forte entre si, com o intuito de vigiar determinado espaço e, que
incremento na procura e instalação de Sistemas Automáticos em caso de intrusão (tentativa de entrada concretizada ou
de Detecção de Intrusão (SADI). não), accione meios sonoros (Sirene), luminosos (Flash) ou
ainda electrónicos (Comunicadores Telefónicos, ligados ou
A instalação de um SADI não pode ser analisada numa não a Centrais de Recepção de Alarmes, etc), com vista à
perspectiva exclusivamente monetária, ignorando-se uma dissuasão dos actores do acto.
série de outros aspectos, como por exemplo, o facto de,
aquando de um assalto, além do roubo e/ou vandalismo de Tipicamente, um SADI para uma moradia é constituído por
bens de elevado valor comercial, poder ocorrer também o uma central de intrusão por zonas, com um número de zonas
roubo e/ou vandalismo de bens de baixo valor comercial, de acordo com as dimensões e características
mas de elevado valor sentimental, além de que podem arquitectónicas da instalação, um ou vários painéis de
também ocorrer danos físicos e/ou psicológicos nos comando do sistema localizados nas entradas/saídas,
ocupantes das instalações. detectores automáticos normalmente passivos de
infravermelhos ou de dupla tecnologia, contactos de alarme
A instalação de um SADI torna-se, assim, fundamental como e meios de sinalização, regra geral uma sirene óptico
elemento de garantia do bem-estar e da segurança das acústica auto alimentada de exterior e uma sirene acústica
pessoas, velando pela sua salvaguarda e pela salvaguarda de interior, bem como, um sistema de transmissão do
dos seus bens, fazendo hoje (quase), obrigatoriamente, alarme, normalmente um comunicador telefónico.
parte dos sistemas aplicados no sector da habitação,
serviços, comércio e indústria. A figura 1, mostra a arquitectura geral de um sistema de
detecção automática de intrusão.
A instalação de sistemas automáticos de detecção de
Gestão Técnica Painel de
intrusão tornou-se, deste modo, hoje em dia, uma Centralizada Operação

necessidade e um facto generalizado, em todos os sectores


Detectores
de actividade, desde o comércio, serviços, industria até á Automáticos Sinalização
Óptico/Acústica
habitação, motivado, por um lado, pela necessidade de
Contactos
proceder à protecção de pessoas e bens, mas também, pela
confiabilidade e baixo preço destes sistemas. Botões de Unidade Sinalização à
Alrme de Distância
Controlo
Pedais de
2 CONSTITUIÇÃO DE UM SISTEMA DE DETECÇÃO DE INTRUSÃO Alarme

Outros Outros Outputs


Um sistema automático de detecção de intrusão é um Inputs
sistema que automaticamente detecta e sinaliza uma
tentativa de intrusão. Alimentação Alimentação de
da Rede Socorro

Figura 1 – Constituição geral de sistema um SADI

33
ARTIGO TÉCNICO

2.1 CENTRAL DE INTRUSÃO zonas por meio de interfaces de endereçamento


conseguindo-se, assim, soluções mais funcionais e mais
A Central de Intrusão (CI) é o cérebro de todo o sistema. É a fáceis de gerir. Embora este equipamento seja mais
este equipamento que são ligados todos os periféricos caro, quando comparado com o equipamento dos sistemas
(Detectores, Painéis de Operação, Sirenes, …) e, a partir do de zonas, a possibilidade de economia em cablagem e em
qual poderá ser enviada uma ordem de acção, em função mão-de-obra, aquando da realização da instalação, contribui
dos dados recebidos dos periféricos. para uma atenuação do diferencial de custos.

2.1.1 SELECÇÃO DO TIPO DE CENTRAL 2.1.2 LOCALIZAÇÃO

A selecção do tipo de Central de Intrusão é um aspecto A localização da CI dependerá essencialmente do facto de


fundamental para realizar uma eficaz protecção das esta ter, ou não, painel de comando incorporado.
instalações e deverá ser realizada de acordo com o tipo de
instalação que se está a projectar. Se a CI não tiver painel de controlo incorporado, que é o caso
mais frequente, esta poderá e deverá ser instalada numa
Os principais elementos a ter em conta na escolha da central zona técnica, em local seguro e protegido, já que depois de
de intrusão, são: o número de zonas de base, a possibilidade realizada a sua cablagem e programação, todas as restantes
de expansão do número de zonas, o número de painéis de operações estarão disponíveis nos painéis de controlo.
operação necessários, a capacidade de registo em memória
de eventos, a possibilidade de integração com sistemas de Se a CI tiver painel de comando incorporado, como é o caso
gestão centralizada, a fiabilidade e, obviamente, o preço de pequenos sistemas, esta deverá ficar localizada num lugar
bem como a estética do equipamento. de fácil acesso que permita, além da sua cablagem e
programação, um acesso fácil aos futuros utilizadores do
O tipo e a capacidade da CI deverão, assim, ser escolhidos sistema.
em função dos parâmetros anteriormente mencionados,
destacando-se de entre todos a dimensão da instalação a 2.1.3 SELECÇÃO DO TIPO D E ZONA
proteger e o número de zonas requeridas pelo sistema.
Embora possam variar de fabricante para fabricante de
Com efeito, para instalações de pequena/média dimensão, equipamento, de uma forma geral, são consideradas as
são normalmente utilizadas centrais por zonas, onde cada seguintes funcionalidades das zonas de detecção:
zona deverá corresponder a uma área protegida. Existem no • Zona de Intrusão
mercado variadas gamas com 4, 6, 8, 10, 12 e 16 zonas, - Instantânea
podendo mesmo chegar às centenas de zonas. Quando o sistema se encontra “activado” esta zona tem
um funcionamento instantâneo.
Para instalações de média/grande dimensão, cujos sistemas - Entrada/saída
requeridos são, normalmente, de maior dimensão e mais - Seguimento de zonas de entrada/saída
complexos, sendo necessárias um número bastante elevado • Zona de Pânico
de zonas e em que as distâncias dos locais a proteger à • Zona de Ataque
Central de Intrusão possam ser significativas, será vantajosa • Zona de Incêndio
a utilização de sistemas endereçáveis. Estes sistemas • Zona de Sabotagem
contemplam a existência e um bus onde estarão ligadas as • Zona Técnica
(Gás, Inundação, Humidade, Temperatura,...)

34
ARTIGO TÉCNICO

A programação da funcionalidade da zona deverá ser 2.3 DETECTORES AUTOMÁTICOS


realizada de acordo com a finalidade da mesma.
Dependendo do tipo de equipamento, esta poderá ser Os Detectores automáticos são os “olhos” do sistema, são
realizada através do painel de operação e/ou através de eles os elementos responsáveis pela detecção da tentativa
software via computador. de intrusão e respectiva comunicação à Central de Intrusão.

2.2 PAINEL DE OPERAÇÃO O princípio de funcionamento dos detectores e a filosofia de


detecção a utilizar, vai determinar a escolha correcta dos
Os Painéis de Operação são os equipamentos que permitem detectores de intrusão.
o acesso ao sistema, quer para programação, quer para
utilização. 2.3.1 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

Em pequenos sistemas, os Painéis de Operação podem Os detectores automáticos agrupam-se em dois grandes
encontrar-se integrados na própria Central de Intrusão, grupos de acordo com o seu princípio de funcionamento:
reunindo-se desta forma a central e o painel de operação • Passivos, que funcionam como receptores e que através
num só equipamento. No entanto, o mais vulgar é que a de um sensor, registam alterações na sua área de
central e os painéis se encontrem separados, sendo estes cobertura. São exemplo deste tipo de detectores, os
interligados e instalados em diversos locais da instalação. detectores passivos de infravermelhos, detectores
acústicos de quebra de vidros e os detectores sísmicos.
O acesso aos Painéis de Operação deve ser protegido por • Activos, que funcionam como um transmissor e um
códigos de segurança, que inibam as entradas indevidas no receptor, sendo que o transmissor envia um sinal ao
sistema. Normalmente, existem códigos diferenciados para receptor, que o recebe e avalia, determinado nível de
“Código Mestre”, que tem acesso a todas as funções, com variação em relação a um valor padrão origina o envio de
excepção da programação do sistema, “Código Engenheiro”, um sinal para a central. Transmissor e receptor, podem
com acesso à programação e testes do sistema e “Códigos de constituir elementos separados, ou estar incluídos numa
Utilizador” que usualmente tem acesso a armar e desarmar o mesma unidade. São exemplo deste tipo de
sistema, leitura de incidências, alarme parcial e inibição de detectores, as Barreiras de infravermelhos, os detectores
zonas. ultra-sónicos e os detectores de micro-ondas.

Existe também a possibilidade de, em situações particulares, 2.3.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO


permitir o aceso ao sistema através de chave, dispositivo
codificado via rádio ou via infravermelhos.  Detectores Passivos de Infravermelhos

O número de Painéis de Controlo que poderão ser utilizados São os detectores automáticos, mais utilizados, pois
depende das características da CI que estiver a ser utilizada. permitem realizar a protecção de uma forma eficiente em
Sendo Os Painéis de Controlo o interface utilizador/sistema, praticamente todas as situações.
são uma parte importantíssima do sistema. Por isso, deverão
estar localizados em locais com acesso fácil e rápido, dentro O seu princípio de funcionamento baseia-se no facto de
do(s) percurso(s) normais de entrada (entrada principal, todos os elementos (paredes, mobiliário, animais, corpo
garagem, etc. ), de forma a que o tempo necessário para humano, etc.) irradiarem energia na zona do
activação e desactivação do alarme seja o mais curto infravermelho, de acordo com a temperatura das suas
possível. superfícies.

35
ARTIGO TÉCNICO

Essa energia é recebida por um sensor piroeléctrico colocado O princípio de funcionamento do detector passivo de infra-
no detector, através de zonas de vigilância, criando aquando vermelhos já foi referido anteriormente. Relativamente ao
do arme do sistema uma imagem da quantidade de princípio de funcionamento de um ultra-sónico de
infravermelho no espaço de vigilância. movimento, baseia-se na existência de um transmissor que
envia continuamente ondas sonoras a frequências não
Quando alguém penetra na zona de vigilância do detector, a audíveis para a área de detecção.
temperatura medida sofre alteração, gerando-se então o
sinal de alarme. Um receptor dotado de um microfone, recebe e avalia a
frequência detectada.
A geração do sinal de alarme, é feita pela temperatura
medida e pela taxa de variação desta temperatura. Se algum elemento (pessoa, animal, objecto, etc.), penetrar
na área de protecção do detector, devido ao Efeito
Estes detectores, embora sendo os mais baratos, poderão, Doppler, vai verificar-se um aumento de frequência do sinal
em certas situações particulares, não garantir o melhor emitido, se o intruso se aproximar do detector e uma
funcionamento do sistema e provocar alarmes diminuição, caso se esteja a afastar. O detector ao detectar a
intempestivos, como é o caso da protecção de locais em que alteração da frequência do sinal, gera a informação de
possam existir fontes de calor (lareiras, radiadores) ou alarme.
janelas com a incidência directa do sol que poderão variar
bruscamente de temperatura.  Detectores Acústicos de Quebra de Vidros

A existência de falsos alarme é um factor decisivo para a Para situações particulares, nomeadamente para protecção
perda de confiança e descrédito no sistema, pelo que deverá periféricam, poderá ser utilizado outro tipo de
ser sempre minimizado, através da escolha certa do tipo de detectores, sendo os mais usuais os detectores acústicos de
detector a utilizar, em função das suas condições particulares quebra de vidros.
de implementação.
O seu princípio de funcionamento baseia-se na existência de
Assim, em instalações onde se possam verificar qualquer uma superfície em contacto com o vidro, por onde são
uma das situações anteriormente descritas, recomenda-se a transmitidas a um sensor piezoeléctrico, as vibrações desse
utilização de detectores de dupla tecnologia (Passivos de mesmo vidro.
Infravermelhos e de Micro Ondas), que permitem minimizar
a possibilidade de falsos alarmes. Aquando de uma tentativa de intrusão, quando o vidro se
parte, gera frequências entre os 0,1 MHz e 1 MHz. O sensor
 Detectores de Dupla Tecnologia (Passivos de do detector avalia a amplitude, frequência e duração desse
Infravermelhos e de Micro-Ondas) sinal, gerando o alarme, quando se ultrapassam certos
valores, pré-definidos.
A actuação de um detector de dupla tecnologia, assenta na
combinação dos dois sinais de alarme, do detector passivos  Barreiras de Infra-vermelhos
de Infravermelhos e do detector de micro-ondas, reduzindo
assim o risco dos falsos alarmes anteriormente referidos. São constituídas por um transmissor e um receptor. O
receptor emite para o receptor, um feixe de luz na zona do
infravermelho, modulado, para protecção contra luz
exterior.

36
ARTIGO TÉCNICO

O receptor mede a intensidade e frequência do feixe, - Detectores de pressão para vitrinas


podendo ainda medir também a sua fase. - Sistema de protecção de quadros
- Detectores quebra-vidros
Ao haver interposição de um corpo entre o transmissor e o - Detectores de vibrações
receptor, as características do feixe são alteradas ou o feixe é - Detectores de metais
interrompido, o que gera sinalização de alarme. - Sistemas de raio X

São normalmente utilizadas para a vigilância de corredores, De entre este conjunto de detectores, os normalmente, mais
passagens, paredes, janelas, portas, etc.. utilizados são os detectores passivos de infravermelhos e os
detectores de dupla tecnologia (Passivos de Infravermelhos
Existem, também, versões para utilização no exterior, para a e de Micro Ondas), pois permitem realizar a protecção de
realização de uma protecção perimétrica, mas a sua uma forma eficiente em praticamente todas as situações.
utilização pode originar falsos alarmes, por exemplo, devido
à presença de nevoeiro. Contudo, para situações particulares poderá ser utilizado
outro tipo de detectores, sendo os mais usuais os detectores
 Cabo Electrostático Subterrâneo acústicos de quebra de vidros, detectores sísmicos ou
detectores de pressão.
É composto por um par de cabos enterrados, em cuja malha
existem pontos favoráveis ao estabelecimento de um campo Os detectores passivos de infravermelhos, embora sendo
electromagnético (sinal de 40 MHz), que se estabelece ente mais baratos que os de dupla tecnologia, poderão, em certas
os dois, um o transmissor e outro o receptor. situações particulares, não garantir o melhor funcionamento,
como é o caso da protecção de locais em que possam existir
A entrada de um intruso, provoca alteração no corpo fontes de calor (lareiras, radiadores) ou janelas com a
electromagnético, que conduz á sinalização de alarme. incidência directa do sol que poderão variar bruscamente de
temperatura. Estas condições poderão provocar alarmes
É utilizado para protecção perimétrica, sendo imune aos intempestivos.
fenómenos atmosféricos, como por exemplo o nevoeiro e o
vento. A localização e instalação dos detectores automáticos serão
outros dos aspectos a estudar cuidadosamente, na fase de
 Outros Detectores Automáticos projecto, pois a sua localização será um factor determinante
no correcto funcionamento de todo o sistema.
Além dos detectores anteriormente descritos, ocupam um
lugar privilegiado na detecção de intrusão, existe, no Conforme foi referido, há que analisar potenciais fontes de
mercado uma vasta gama de detectores, nomeadamente, calor que poderão interferir no funcionamento do sensor,
para detecção em condições muito especificas, para as quais causando falsos alarmes. Também a presença de animais e
os detectores anteriormente descritos não são apropriados. as janelas ou vidraças são também aspectos a ter em conta.
Dentre esses detectores destacamos:
- Barreiras de micro-ondas A especificação e instalação de um detector deverá atender
- Detectores ultra-sónicos de movimento aos requisitos mencionados na sua ficha técnica,
- Detectores movimento por microondas nomeadamente, no que se refere à sua área de protecção,
- Detectores sísmicos altura de instalação e distância a outros objectos.

37
ARTIGO TÉCNICO

Normalmente os detectores são instalados a uma altura de Assim, os Contactos Magnéticos e Contactos de Pressão,
2,20 metros e na interligação de duas paredes do volume a além de elementos de detecção poderão, também, ter a
proteger. função acessória de detecção, como complemento à
detecção realizada pelos detectores automáticos. No caso de
Relativamente à sua ligação, os detectores possuem a entradas/saídas deverão, assim, ser utilizados os contactos
ligação da alimentação vinda da CI, três contactos de ligação de alarme nas portas para definição da temporização da
do relé de alarme, “Comum”, “Normalmente Aberto” e zona de entrada/saída de forma a que os detectores
“Normalmente Fechado” que irão mudar de estado em caso automáticos dessa zona só tenham uma temporização de
de intrusão e comunicar esse alarme à CI e ainda um actuação se antes for actuado o contacto da porta. Este
contacto de tamper que se destina a impedir a sabotagem procedimento visa garantir que se a zona de entrada/saída
do detector, quando o sistema se encontra em não for a definida previamente (por exemplo se uma janela
funcionamento “modo dia” e por conseguinte com a for arrombada) o sistema instantaneamente dê o alarme,
informação de alarme inibida na CI. minimizando os efeitos da tentativa de intrusão ou da
intrusão.
2.4 CONTACTOS DE ALARME
2.5 BOTÕES MANUAIS E PEDAIS DE ALARME
São, normalmente, utilizados para realizar uma protecção
localizada em portas, janelas ou objectos, como Os Botões e Pedais de Alarme são elementos
complemento à protecção volumétrica de interior, realizada complementarres de protecção, de actuação manual, de
pelos detectores automáticos de intrusão. complemento à detecção realizada pelos outros elementos
de detecção, cuja actuação será realizada pelos próprios
São baratos e não provocam falsos alarmes. utilizadores do sistema em caso de necessidade, por pânico
ou emergência, mesmo quando o sistema se encontra
2.4.1 CONTACTOS MAGNÉTICOS desarmado.

São constituídos por um magnete permanente e por um São dispositivos que quando pressionados, actuam um
interruptor. Quando o magnete está posicionado junto ao contacto que vai gerar o alarme.
interruptor, este está fechado, não havendo alarme, se o
magnete se afastar, o interruptor abre, gerando alarme. São elementos acessórios de protecção, de actuação manual,
de complemento à detecção realizada pelos outros
2.4.2 CONTACTOS DE VIGILÂNCIA elementos de detecção, cuja actuação será realizada pelos
próprios utilizadores do sistema em caso de necessidade.
São constituídos por um micro-interruptor, que quando
pressionado, mantém o circuito fechado, não existindo 2.6 OUTROS INPUTS
alarme. Se deixar de existir esta pressão, ele abre, gerando o
alarme. Além dos detectores automáticos, contactos de alarme e
botões e pedais de alarme o sistema pode receber outros
Os contactos de alarme são normalmente utilizados para tipos de informações, caso o utilizador entenda poderem
realizar uma protecção localizada em portas, janelas ou servir de complemento aos elementos descritos.
objectos e definir temporizações para actuação dos
detectores localizados nos percursos de entrada/saída.

38
ARTIGO TÉCNICO

2.6 SINALIZADORES DE ALARME - Se pretender alertar os proprietários quando estes se


encontrem ausentes
Existem, basicamente, dois tipos de sinalizadores de alarme: - Se pretenda a realização de um contrato de vigilância
os sinalizadores óptico-acústicos auto-alimentados de com uma empresa de segurança
exterior e os sinalizadores acústicos de interior. - Se pretenda a comunicação da intrusão ou da tentativa
de intrusão às forças policiais.
Existem em diversas formas, tamanhos e cores e a sua
finalidade é, em caso de alarme, emitirem sinais sonoros Assim, esta sinalização poderá ser realizada recorrendo a
e/ou luminosos, sinalizando assim uma situação meios de transmissão do alarme, dos quais destacamos:
potencialmente anormal.
• Comunicador telefónico
Os sinalizadores de alarme óptico-acústicos auto-
alimentados de exterior têm como função dar um alarme no É o meio mais generalizado e económico de transmissão do
exterior das instalações para que alguém possa tomar alarme à distância. Em caso de alarme a Central de Intrusão
conhecimento do alarme e agir em conformidade com essa envia um sinal ao comunicador telefónico que
mesma situação. Deverão ser instalados em locais bem posteriormente efectua uma ou várias chamadas telefónicas
visíveis e de difícil acesso. Na maioria das instalações é para números pré-definidos para transmissão da informação
suficiente a instalação de um destes dispositivos. de alarme. Desta forma, se existir um alarme, o cliente será
alertado pelo próprio sistema, podendo assim tomar a
Para sinalização do alarme no interior da instalação deverá atitude que considerar mais adequada (telefonar à
ser prevista a colocação de sirenes interiores, devidamente polícia, alertar o vizinho, etc.).
distribuídas, para que o alarme seja audível em todos os
locais da instalação. • Sistema Transmissor/Receptor

A instalação de um alarme sonoro, pressupõe a Declaração É um sistema para aviso à distância de qualquer situação de
de Instalação de Alarme Sonoro, nos termos do DL 297/99, alarme ou avaria, via par telefónico privativo. Embora exija
de 04 de Agosto, que refere que após a instalação do sistema uma linha telefónica dedicada, pode em algumas
de alarme sonoro, e antes da sua colocação em circunstâncias, ser mais fiável do que o comunicador
funcionamento, o proprietário ou o utilizador deverá telefónico, pois não há forma de interromper o sinal sem
proceder à entrega da Declaração de Instalação de Alarme que tal seja detectado.
Sonoro, devendo para isso dirigir-se ao Governo Civil do
Distrito onde foi instalado o alarme e entregar a respectiva É constituído por um órgão emissor de sinal instalado junto
declaração. da Central de Intrusão e por uma unidade receptora
instalada na entidade receptora de alarmes.
2.7 SINALIZAÇÃO DE ALARME À DISTÂNCIA
O órgão receptor é alimentado pelo órgão emissor via par
Tão importante como o alarme local poderá ser a telefónico privativo, o qual tem energia de socorro garantida
transmissão à distância desse alarme. pela Central de Intrusão. Incorpora, ainda, uma bateria
alcalina para que, em caso de corte de linha
A sinalização do alarme à distância dever-se-á utilizar nas telefónica, sinalize óptica e acusticamente a situação.
seguintes situações: Dispõe, também, de um botão de impulso para paragem do
- A instalação se encontrar isolada acústico.

39
ARTIGO TÉCNICO

De acordo com o tipo de comunicador utilizado as Além dos meios de sinalização de alarme descritos, podemos
necessidades ao nível do projecto serão: ter outros tipos meios, ou o desencadear de outro tipo de
- Utilização da rede fixa acções, caso a instalação assim o exija.
Prever a existência de um comunicador e uma linha
telefónica 2.8 ALIMENTAÇÃO
- Utilização da rede móvel
Prever a existência de um comunicador de GSM A alimentação de energia eléctrica do sistema em condições
- Utilização de um sistema emissor/receptor normais de funcionamento deverá ser realizada através da
Prever a existência de uma linha dedicada e um sistema rede de energia eléctrica devendo para o efeito ser prevista
emissor/receptor uma alimentação vinda do Quadro Eléctrico da instalação.

Estes sistemas de transmissão de alarme à distância são O sistema deverá ainda ter uma alimentação própria de
normalmente colocados junto da central de detecção de emergência que garanta o seu funcionamento em caso de
intrusão, em zona técnica prevista para esse efeito. falha da alimentação normal da rede.

Figura 2 – Equipamento diverso de um sistema de detecção automática de intrusão

40
ARTIGO TÉCNICO

2.9 CABLAGEM dos cabos possuam cerca de 20 cm excedentes, para


realização das respectivas ligações.
O tipo e número de condutores a utilizar para a interligação
dos diversos equipamentos anteriormente Igualmente, deverão ser previstas pontas com o
apresentados, dependerá do tipo de equipamento que comprimento suficiente para a realização das cablagens no
estiver a ser utilizado e, por conseguinte, deverá ser interior da CI, considerando que a sua base se deve situar a
verificado nos manuais de instalação dos equipamentos 1,40 metros do solo.
disponibilizados pelos fabricantes dos mesmos.
Não são permitidas emendas entre condutores nos
No entanto, é usual a utilização dos seguintes condutores: percursos entre equipamentos e entre estes e a CI, devendo
as interligações entre aqueles equipamentos ser realizadas
- Painéis de Comando unicamente a partir dos terminais existentes nas respectivas
Cabos do tipo TVHV, JY(st)Y, ou equivalentes, com bases para esse efeito, não devendo se usadas caixas de
condutores de secções de 0,5 ou 0,8 mm2. Como exemplos derivação, mas apenas caixas de passagem, quando
teremos os cabos TVHV 6x2x0,5 mm2 ou JY(st)Y 3x2x0,8 necessárias.
mm2.
Deverá ser prevista uma alimentação de energia eléctrica
- Rede de distribuição de detectores automáticos monofásica, para a CI, realizada, normalmente, em condutor
Cabos do tipo TVHV, JY(st)Y, ou equivalentes condutores de H07V-U3G1,5mm2.
secções de 0,5 ou 0,8 mm2. Como exemplos teremos os
cabos TVHV 3x2x0,5 mm2 ou JY(st)Y 2x2x0,8 mm2. 3 INTEGRAÇÃO DE VALÊNCIAS NO SISTEMA AUTOMÁTICO DE
DETECÇÃO DE INTRUSÃO

- Sirene auto-alimentada de exterior


Cabos do tipo TVHV, JY(st)Y, ou equivalentes, com Cada vez mais os edifícios são centros integrados de
condutores de secções de 0,5 ou 0,8 mm2. Como exemplos tecnologia e sistemas, que visam dar resposta aos requisitos
teremos os cabos TVHV 6x2x0,5 mm2 ou JY(st)Y 3x2x0,8 de segurança, de
mm2. funcionalidade, fiabilidade, flexibilidade, eficiência
energética, conforto e de integração, requiridos na sua
- Sirene acústica de interior utilização, mas nos quais a redução dos custos de execução e
Cabos do tipo TVHV, JY(st)Y, ou equivalentes, com exploração são cada vez mais determinantes no sucesso dos
condutores de secções de 0,5 ou 0,8 mm2. Como exemplos mesmos.
teremos os cabos TVHV 3x2x0,5 mm2 ou JY(st)Y 2x2x0,8
mm2. As moradias não fogem à regra desta evolução, tendo, cada
vez mais, uma participação activa na vida das pessoas, sendo
Estes circuitos deverão ser, normalmente, enfiados em tubo cada vez maiores as exigências nos domínios referidos.
VD, embebidos em paredes, tectos e pavimento, à vista em
abraçadeiras em zonas técnicas, à vista em abraçadeiras Neste sentido, no que se refere à segurança, a protecção de
sobre tectos falsos, se acessíveis, ou em calha técnica, de pessoas e bens numa moradia não se deve, nem
acordo com as características da instalação em causa. pode, circunscrever somente à protecção contra tentativas
de intrusão, mas também outras áreas importantes como a
Nos locais de montagem dos detectores, sirenes de alarme e detecção de incêndio, inundação, gases combustíveis e
painéis de comando, deverá prever-se que as extremidades monóxido de carbono.

41
ARTIGO TÉCNICO

A crescente utilização do gás como fonte de energia, quer Essa ou essas zonas da central d eintrusão, deverão ser
para fogões, quer para aquecimento de água e aquecimento programadas como zonas de fogo. Desta forma, conseguir-
ambiente, implica também o crescente perigo da existência se-á detectar e sinalizar um incêndio na sua fase inicial
de fugas as quais poderão trazer graves consequências quer facilitando, assim, o combate e extinção do
para os utilizadores quer para as próprias moradias, pois mesmo, minimizando os riscos do mesmo.
uma fuga de gás pode conduzir a uma intoxicação ou a uma
explosão. A detecção automática de presença de gás poderá ser
realizada através da colocação de um ou vários detectores
Um outro perigo, que nem sempre é encarado de gás que, encontrando-se interligados a uma ou várias
conscientemente como um perigo real e presente, é o risco zonas da central de intrusão, informam esta da ocorrência de
de incêndio, motivado pela enorme quantidade de uma fuga de gás, a qual realizará a sinalização do alarme.
substâncias combustíveis que se encontram dentro das Adicionalmente, à sinalização do alarme, poderão ser
habitações bem como ao crescente número de desencadeadas acções de comando, nomeadamente o fecho
equipamentos eléctricos que equipam as mesmas. de uma electroválvula de corte de gás.

A possibilidade de ocorrência de inundações devido ao A detecção automática de inundação poderá ser realizada
rebentamento de canos de água ou ao mau funcionamento através da colocação de detectores de inundação nos locais
de equipamentos como máquinas de lavar, máquinas de com maior risco de fugas de água, como casas de banho e
secar ou ainda pelo esquecimento de uma simples torneira cozinhas. A integração desta valência pode ser realizada
aberta, constitui também uma situação de risco. através da utilização de módulos de interface, aos quais são
ligados os detectores de inundação ou através de detectores
Este tipo de situações de risco está sempre presente no de inundação, autonomos, com contacto “seco” de alarme. A
nosso dia-a-dia e, não havendo possibilidade de as informação de inundação é transmitida a uma ou várias
excluir, podemos com a adopção de sistemas adequados zonas da central de detecção de intrusão, que sinalizará o
criar condições para que, caso se verifiquem, sejam evento. Em complemento com a sinalização da ocorrência
detectadas e sinalizadas o mais cedo possível de forma a que poderão ser, também, desencadeadas acções de comando
os danos materiais e pessoais que possam vir a causar sejam como por exemplo o fecho de uma electroválvula de corte
minimizados. da alimentação de água.

Para que se consiga alcançar esse objectivo de forma simples As zonas da central de intrusão previstas para a detecção de
e a baixo custo poder-se-á optar pela integração no sistema presença de gás e inundação deverão ser programadas como
de detecção automática de intrusão das diferentes áreas de zonas “24 horas” de modo a garantir que a protecção se
segurança anteriormente referidas. encontra activa 24 horas por dia, independentemente da
protecção de intrusão se encontrar activada ou desactivada.
A detecção automática de incêndios pode ser integrada
neste sistema mediante a utilização de um ou vários Deste modo consegue-se a integração no sistema de
detectores automáticos de fumos ou detecção automática de intrusão as valências de detecção de
termovelocimétricos, do tipo colectivo, acoplados a uma incêndio, gás combustível, monóxido de carbono e
interface de incêndio, ou através de detectores com inundação de uma forma simples, fiável e económica.
contacto “seco” de alarme, ligados a uma ou várias zonas da
central de intrusão.

42
ARTIGO TÉCNICO

4 CONCLUSÕES A consciencialização da necessidade de protecção de pessoas


e bens, a par da evolução tecnológica dos equipamentos,
Este artigo visou abordar aspectos técnicos e conceptuais, ao proporcionam formas eficazes de detecção e sinalização
nível do projecto e da instalação de Sistemas Automáticos de precoce de tentativas de intrusão e, consequentemente, a
Detecção de Intrusão. protecção dos bens materiais das populações.

A escolha e implementação destes sistemas são, hoje em Embora estes sistemas representem um pequeno custo
dia, um elemento dissuasor e inibidor da criminalidade adicional ao valor global da instalação deverá ser sempre
contra pessoas e bens. equacionada a sua instalação uma vez que é relativamente
diminuto quando comparado com os potenciais prejuízos
Actualmente, existe uma panóplia de sistemas e decorrentes dos actos que o sistema pretende evitar.
equipamentos em que a sua correcta utilização e instalação
requer, à priori, uma colaboração estreita com técnicos Salienta-se ainda que sempre que se vai projectar, construir
devidamente credenciados, nomeadamente Engenheiros ou remodelar uma moradia, além da consideração no
Electrotécnicos e empresas especializadas neste sector. sistema de detecção automática de intrusão, da função
detecção de intrusão, é fundamental a integração de outras
A escolha do melhor sistema e equipamentos requer uma valências de segurança, como a detecção de incêndio, gases
análise cuidada das pretensões do requerente, bem como combustíveis, monóxido de carbono e inundação.
das especificidades próprias da instalação.
Essa integração pode ser realizada de uma forma simples e
Assim, cada projecto é tratado individualmente, sendo alvo económica, aumentando significativamente a protecção dos
de uma análise cuidada por parte dos técnicos utilizadores das instalações e a salvaguarda dos seus bens.
especializados, podendo diferir dos demais projectos.

43
DIVULGAÇÃO

LABORATÓRIO DE MÁQUINAS ELÉCTRICAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELECTROTÉCNICA
INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DO PORTO
O Laboratório de Máquinas Eléctricas (LME) é uma instalação de apoio ao ensino e aos trabalhos de investigação e
desenvolvimento no âmbito dos cursos de Licenciatura e Mestrado de Engenharia Electrotécnica do Departamento de
Engenharia Electrotécnica do Instituto Superior de Engenharia do Porto.

O LME é utilizado por uma equipa constituída por docentes, técnico e alunos da área dos Sistemas Eléctricos de Energia
(Licenciatura e Mestrado), Electrónica e Computadores (Licenciatura) e Mecânica (Licenciatura), que dispõem de equipamento
técnico e laboratorial que proporciona a realização de ensaios simulados e reais de conversão de energia, que contribui
positivamente para a preparação prática dos estudantes.

Esta infra-estrutura é constituída por equipamentos de controlo (velocidade, binário e posição) e instrumentação que permite a
realização de ensaios de máquinas eléctricas (transformadores, motores e geradores), segundo as normas vigentes, incluindo
variadores de velocidade, sensores dinâmicos de binário, cargas mecânicas dinâmicas e analisadores de qualidade de energia.

Director Laboratório
TRABALHOS REALIZADOS NO LABORATÓRIO:
Doutor António Andrade
• Ensaios de transformadores monofásicos e trifásicos
• Ensaios de máquinas de indução trifásicas
• Ensaios de máquinas síncronas trifásicas
• Ensaios de máquinas de corrente continua
• Ensaios de servomotores
• Ensaios de tracção eléctrica
• Simulação computacional (Matlab) de funcionamento de máquinas eléctricas

|44
44
ARTIGO TÉCNICO Pedro Daniel S. Gomes , Pedro Gerardo M. Fernandes , Nelson Ferreira da Silva
Instituto Superior de Engenharia do Porto

TIPOS DE TECNOLOGIAS DE TURBINAS


UTILIZADAS NAS CENTRAIS MINI-HÍDRICAS

RESUMO 2 TURBINAS DE ACÇÃO OU IMPULSO

De todos os elementos que constituem uma central mini- Como turbinas de acção para aproveitamentos
hídrica as turbinas e os geradores são os que mais dizem hidroeléctricos de pequena escala, referem-se as turbinas
respeito à engenharia electrotécnica. Este artigo pretende Pelton e Banki-Mitchell, as quais se adequam a uma
apresentar os tipos de turbinas utilizadas nas centrais mini- utilização caracterizada por quedas relativamente elevadas e
hídricas. Estas podem ser classificadas por duas tecnologias baixos caudais [2]. Nestas, a roda é actuada pela água à
distintas: turbinas de acção ou turbinas de reacção. As pressão atmosférica.
turbinas de acção podem ser do tipo Pelton ou Banki-
Mitchell. As turbinas de reacção podem ser do tipo As turbinas de acção em comparação com as de reacção
Francis, Kaplan ou Hélice. apresentam um maior número de vantagens: são mais
tolerantes a areias e outras partículas existentes na água; a
1 INTRODUÇÃO sua estrutura permite maior facilidade de fabrico e melhor
acesso em caso de manutenção; são menos sujeitas ao
De entre os elementos constituintes de uma central mini- fenómeno de cavitação (embora em aproveitamentos com
hídrica, as turbinas são dos equipamentos que mais dizem grandes quedas torna-se difícil evitar tal fenómeno).
respeito à área da engenharia electrotécnica.
Aquando a existência de um dispositivo regulador de fluxo
A escolha da turbina é crucial para o bom rendimento da ou variador do número de jactos, estas possuem um
central e deverá ter sempre em conta três parâmetros: a rendimento mais elevado e uniforme.
queda, o caudal e a potência.
A maior desvantagem das turbinas de acção é que são, na
As turbinas podem ser divididas em turbinas de acção (ou maioria dos casos, desadequadas para aproveitamentos de
impulso) ou de reacção, consoante o seu princípio de pequena queda [4].
operação. Estas são máquinas primárias que têm por missão
converter a energia potencial gravítica e/ou cinética em 2.1 TURBINAS PELTON
energia mecânica e necessitam de uma grande manutenção
periódica uma vez que sofrem um grande desgaste devido à As turbinas Pelton são turbinas de acção porque utilizam a
acção da água. velocidade do fluxo da água para provocar o movimento de
rotação.
A turbina hidráulica corresponde a uma parcela muito
significativa do custo de uma central mini-hídrica pelo que se A sua constituição física consiste num rotor, em torno do
torna essencial e se reveste de particular interesse estudar qual estão fixadas as conchas, por uma tubagem forçada de
criteriosamente qual o tipo de tecnologia de turbina a adução contendo um ou mais injectores e por blindagens
implementar em cada solução [1]. metálicas. O jacto de água que incide nas conchas é
tangencial, motivo que leva a que estas turbinas se
denominem tangenciais. Os injectores podem ser reguláveis.

45
.
ARTIGO TÉCNICO

A figura 1 apresenta o esquema e uma fotografia de uma Estas turbinas apenas apresentam veios horizontais e uma
turbina Pelton no seu campo de trabalho. velocidade de rotação diminuta, sendo frequente a
necessidade de utilização de multiplicadores de velocidade
As vantagens deste tipo de turbinas são a facilidade com que entre elas e os geradores.
se pode trocar peças, a facilidade de reduzir as
sobrepressões nas tubagens e a exigência de pouco caudal. Em máquinas mais sofisticadas alcançam-se eficiências na
A potência mecânica fornecida por estas turbinas é regulada ordem dos 85 % e nas máquinas mais simples na ordem dos
pela actuação nas válvulas de agulha dos injectores [5]. 60 a 75%. A sua eficiência pode ser mantida elevada em
situações de caudal parcial, até cerca de 50% do caudal [6].
As turbinas Pelton podem ser de eixo vertical ou horizontal e Para tal é necessária ou a inclusão de um dispositivo
são utilizadas em aproveitamentos hidroeléctricos repartidor de caudal, que determina que partes da turbina
caracterizados por pequenos caudais e elevadas quedas são usadas ou através da orientação de um direccionador de
úteis. Nos pequenos aproveitamentos hidroeléctricos caudal, que poderá fazer uma gestão do caudal que será
costuma-se utilizar turbinas de eixo horizontal, porque assim turbinado.
utiliza-se um gerador de eixo que tem um custo menor.
É possível afirmar que esta máquina se torna bastante
São caracterizadas por terem um baixo número de apelativa para aproveitamentos de pequena escala devido a
rotações, tendo, no entanto, um rendimento até 93%. dois motivos. Apresenta um design ajustado para uma vasta
gama de quedas e potências, e são de fácil construção. Ao
2.2 TURBINAS BANKI-MITCHELL poderem ser implementadas recorrendo a técnicas simples
de construção tornam-se uma solução interessante para
Este tipo de turbina é usado principalmente na gama de países em desenvolvimento.
baixas potências [3].
O seu design simples torna-a barata e fácil de
O seu rendimento é inferior aos das turbinas de projecto reparar, especialmente no caso de o rotor ser danificado
convencional, mas mantém-se elevado ao longo de uma devido ao elevado stress mecânico a que é sujeito.
extensa gama de caudais. Esta característica torna-a
adequada à operação num espectro largo de caudais.

.
Figura 1 – Turbina Pelton

46
ARTIGO TÉCNICO

As turbinas Banki-Mitchell possuem uma baixa eficiência Nas turbinas de reacção distinguem-se dois grandes grupos:
quando comparadas com outras turbinas, e a elevada perda Turbinas radiais, do tipo Francis, que são turbinas
de queda útil, devido ao espaço entre o rotor e a água a adequadas para operação com condições intermédias de
jusante. Estes factores devem ser tidos em conta quando se queda e de caudal;
lida com quedas baixas ou médias. No caso de altas quedas Turbinas axiais, do tipo Kaplan e Hélice, que são indicadas
as turbinas podem também sofrer problemas de para funcionamento sob queda baixa e caudais elevados.
fiabilidade, devido ao ainda mais elevado stress mecânico a
que são sujeitas. Em comparação com as turbinas de acção, as de reacção
possuem alguns elementos comuns, como a câmara de
Representam uma alternativa interessante para quando se entrada, o distribuidor, o rotor e o difusor. No entanto, o seu
possui água suficiente, necessidades de potência bem fabrico é mais sofisticado devido ao facto da alta qualidade
definidas e fracos poderes de investimento, como no caso de nas lâminas. No entanto, a despesa extra é compensada pela
programas de electrificação rural [6]. elevada eficiência e pelas altas velocidades de rotação
obtidas em aproveitamentos de pequenas quedas e com
A figura 2 apresenta o esquema de uma turbina Banki- máquinas relativamente compactas.
Mitchell.
As turbinas de reacção possuem por norma uma velocidade
3 TURBINAS DE REACÇÃO específica elevada, advindo daí uma vantagem, visto que
permitem o acoplamento directo ao gerador, tornando-se
Neste tipo de turbinas, a água circula entre as pás, variando desnecessários os sistemas reguladores de velocidade.
a velocidade e a pressão. Esta, por não ser constante, obriga
a variação da secção transversal aproveitando-se, assim, a As turbinas de reacção estão no entanto sujeitas ao
energia da água, uma parte na forma de energia cinética e o fenómeno de cavitação, contribuindo para o decréscimo da
resto na forma de energia de pressão. sua eficiência se não forem tomadas medidas resolução.

Figura 2 – Turbina Banki-Mitchell

47
ARTIGO TÉCNICO

3.1 TURBINAS FRANCIS

As turbinas Francis são turbinas de reacção porque o


escoamento na zona da roda se processa a uma pressão
inferior à pressão atmosférica.

Esta turbina caracteriza-se por ter uma roda formada por


uma coroa de aletas fixas, que constituem uma série de
canais hidráulicos que recebem a água radialmente e a
orientam para a saída do rotor numa direcção axial. Os
outros componentes desta turbina são a câmara de
entrada, o distribuidor, constituído por uma roda de aletas
fixas ou móveis, que regulam o caudal, e o tubo de saída da
água. Figura 3 - Turbina Francis

Estas turbinas utilizam-se em quedas úteis superiores aos 20


metros, e possuem uma grande adaptabilidade a diferentes As turbinas Kaplan são reguladas através da acção do
quedas e caudais e, relativamente às Pelton, têm um distribuidor e com auxílio da variação do ângulo de ataque
rendimento máximo mais elevado, velocidades maiores e das pás do rotor o que lhes confere uma grande capacidade
menores dimensões [5]. de regulação.

A figura 3 apresenta o esquema de uma turbina Francis. As turbinas Kaplan e Hélice têm normalmente o eixo vertical,
mas podem existir turbinas deste tipo com eixo horizontal,
3.2 TURBINAS KAPLAN E HÉLICE as quais se designam por turbinas Bolbo [5].

São turbinas de reacção, adaptadas às quedas fracas e A figura 4 apresenta o esquema de uma turbina Kaplan.
caudais elevados.
São constituídas por uma câmara de entrada
que pode ser aberta ou fechada, por um
distribuidor e por uma roda com quatro ou
cinco pás em forma de hélice.

Quando estas pás são fixas diz-se que a


turbina é do tipo Hélice.

Se as pás são móveis o que permite variar o


ângulo de ataque por meio de um
mecanismo de orientação que é controlado
pelo regulador da turbina, diz-se que a
turbina é do tipo Kaplan.

Figura 4 - Turbina Kaplan

48
ARTIGO TÉCNICO

4 SÍNTESE GRÁFICA DE APLICAÇÃO DE CADA TURBINA No que diz respeito a turbinas de acção estas podem ser do
tipo Pelton ou Banki-Mitchell. As turbinas Pelton são
Na figura 5, apresenta-se um gráfico que resume o campo de utilizadas em aproveitamentos hidroeléctricos
aplicação de cada tipo de turbina e que relaciona a altura da caracterizados por pequenos caudais e elevadas quedas
queda com o caudal disponível. úteis.

As turbinas Banki-Mitchell
aplicam-se numa gama de
baixas potências. As turbinas de
reacção podem ser do tipo
Francis, Kaplan ou Hélice.

As turbinas Francis têm


aplicação nos aproveitamentos
hidroeléctricos com condições
intermédias de queda e caudal
e o seu rendimento é maior
quanto maior for a potência.

As turbinas Kaplan e Hélice são


turbinas aplicáveis em
condições de queda baixa e
caudal elevado.

Figura 5 - Campo de aplicação de cada tipo de turbina


Bibliografia
5 CONCLUSÕES
[1] Rui M. G. Castro, “Energias Renováveis e Produção
As turbinas são máquinas primárias que têm por missão Descentralizada – Introdução à Energia Mini-Hídrica”, Instituto

converter a energia (potencial gravítica e/ou cinética) Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa, Março 2008
[2] Teixeira da Costa, David Santos e Rui Lança, “Turbo Máquinas
armazenada na água ou em qualquer outro fluído em
Hidráulicas (Turbinas)”, Escola Superior de Tecnologia da
energia mecânica.
Universidade do Algarve, Fev. 2001
[3] Teresa Nogueira, “Estudo da Energia Mini-Hídrica – Produção
Necessitam de uma grande manutenção periódica uma vez Distribuída e Mercados de Energia”, Instituto Superior de
que sofrem um grande desgaste devido à acção da água, Engenharia do Porto, 2010
deixando em alguns anos de funcionar de forma rentável. [4] Aníbal Traça de Almeida, “Hidroelectricidade –
Desenvolvimento Sustentável”, Faculdade de Ciências e

A escolha da turbina é crucial para o bom rendimento da Tecnologia da Universidade de Coimbra


[5] Paulo Moisés Almeida da Costa, “As Máquinas Primárias”, Escola
central. Cada caso terá que ser estudado ao pormenor para
Superior de Tecnologia de Viseu, 1999
não se cometer erros na escolha da turbina.
[6] João P. Rocha, “Metodologia de projecto de sistemas de
produção de electricidade descentralizada baseados em Energia
As turbinas podem ser de acção ou reacção. Hídrica”, FEUP, Julho de 2008

49
ARTIGO TÉCNICO José Luís Faria
Touchdomo, Lda, Porto, Portugal

DOMÓTICA
E A REQUALIFICAÇÃO DE EDIFÍCIOS

RESUMO 1 INTRODUÇÃO

Para a elaboração deste artigo técnico foi necessário adoptar “Os edifícios que são planeados e funcionam de forma eficaz
uma estrutura que possibilitasse fornecer um estudo teórico- ao nível energético já não são novidades exclusivas. Até a
prático, transversal e equilibrado, das diferentes tecnologias designação um edifício inteligente começa a perder a sua
domóticas. natureza exótica.

Inicialmente realizou-se um pequeno estudo teórico das Ambas as tendências estão agora a revolucionar a
tecnologias domóticas mais relevantes, de uma forma arquitectura cada vez mais ambiciosa e a abrir caminho na
transversal e resumida (Capítulo 2). luta mundial contra as alterações climáticas.”

Em função do estudo teórico do capítulo anterior, no As tecnologias de domótica (também conhecida como
Capítulo 3 realizou-se uma análise mais prática, em que ao “automação de edifícios”) existem já há algumas décadas.
invés de abordar um caso prático existente, de grandes Contudo, essas tecnologias sempre estiveram associadas a
instalações com o seu valor emblemático, optou-se por habitações particulares de alto nível ou a edifícios e
utilizar como modelo o edifício F do Instituto Superior de instalações fabris de grandes empresas.
Engenharia do Porto e apresentar uma das soluções possíveis
de implementação de tecnologias domóticas em edifícios já Mas a partir do momento em que ocorreu a actual crise
existentes (aplicação do conceito de requalificação de energética (início do séc. XXI), em que o aumento da procura
edifícios). dos combustíveis fósseis não acompanhava a oferta, a
domótica ganhou mais relevância, pelas vantagens que
Depois da exposição do caso prático, expôs-se o futuro e apresenta a nível de poupança energética e de gestão. Por
oportunidades de mercado da domótica ou sistema de isso mesmo, tornou-se mais rentável implementá-la nos
gestão técnica centralizada, mais focalizado para o mundo edifícios actuais, construídos de raiz ou requalificados.
académico (Capítulo 4).
As vantagens que a domótica apresenta serviram como
Por fim, são tecidas as conclusões e considerações finais do reforço motivador da elaboração da dissertação:
artigo (capitulo 5). • Edifícios/empresas: eficiência
energética, segurança, etc.;
Esse artigo foi elaborado sob o ponto de vista de integrador. • Habitações particulares: conforto, segurança e
Por outras palavras, procurou-se realizar uma aproximação incremento do valor das habitações, devido ao luxo e
da realidade prática a nível de implementação das ostentação que exibem.
tecnologias domóticas em edifícios, ao dar uma linha de
conhecimento abrangente e ao mesmo acessível aos Actualmente a área da domótica (automação de casas e
leitores, que muitas das vezes esse tema acaba por transmitir edifícios) encontra-se em franca expansão, com principal
conceitos errados. relevância nos países mais desenvolvidos, com um
crescimento de mercado de mais de 10% ao ano.

51
ARTIGO TÉCNICO

2 ESTADO DA ARTE DAS TECNOLOGIAS DOMÓTICAS climatização, iluminação, persianas/lamelas, segurança, etc.,
podem ser baseadas num sistema de rede
Quer se trate do Terminal 5 do aeroporto de Heathrow, ou conveniente, rentável e muito flexível, ao garantir em
de uma habitação comum, uma norma uniforme para o qualquer momento a sua interoperabilidade.
controlo de diversos dispositivos existente dentro de um
edifício facilitaria imenso a implementação de Uma das outras grandes vantagens é a sua topologia de
funcionalidades inovadoras e complexas. Aqui o rede, em que ao utilizar um único cabo de par
funcionamento em rede, máximo de abrangência de entrançado, que na maioria dos casos prova ser o suficiente
funcionalidades possíveis e elevado índice de para realizar a interligação de inúmeros dispositivos numa só
fiabilidade, bem como a utilização económica da energia, são rede. Sendo assim, a nível de topologia de rede, existem
critérios importantes para a rentabilidade desses edifícios. quatro tipos para o meio TP (mais utilizado):
• Topologia em linha (Fig. 1– Ponto 1);
Como tal, as instalações eléctricas/electrónicas padrão só • Topologia de estrela (Fig. 1– Ponto 2);
podem cumprir estes requisitos até um certo • Topologia em anel, sendo apenas para a tecnologia
ponto, exigindo além disso mais trabalho e diferentes tipos LonWorks (Fig. 1– Ponto 3);
de materiais e instalações. • Topologia mista, sendo a mais utilizada em
edifícios, porque é a que apresenta menos obstáculos
Assim, os projectistas e investidores escolhem cada vez mais para expansões futuras da rede (Fig. 1– Ponto 4).
diferentes tecnologias de domótica para edifícios com base
em protocolos normalizados internacionais (p. ex.:
KNX, LonWorks, BACnet, etc.), com provas comprovadas das
suas vantagens e potencialidades nos diferentes tipos de
mercados. Também é razão de escolha das tecnologias KNX e
LonWorks ao apresentarem respectivamente, cerca de 300 e
4200 fabricantes afiliados, mostrando o seu grande nível de
interoperabilidade.

Um outro factor referente à existência do elevado número


de fabricantes afiliados às tecnologias baseiam-se destas Figura 1 – Diferentes tipos de topologia de rede

serem denominadas como tecnologias de protocolos


abertos, em que qualquer fabricante é livre de desenvolver e Como tal, cada vez mais as empresas de construção civil e
comercializar novos produtos, desde que sejam cumpridas clientes finais estão a mostrar um aumento da
os requisitos das tecnologias de domótica em questão. Este implementação em edifícios novos e requalificados.
grande facto acaba por criar uma outra grande
particularidade dessas tecnologias, em que para uma A flexibilidade de utilização é muito importante por vários
qualquer funcionalidade que seja necessário cumprir ou motivos. Frequentemente, durante o planeamento da
satisfazer de uma dado edifício, terá sempre um ou mais construção, não são considerados a utilização subsequente e
produtos que conseguirão corresponder às expectativas. futuros requisitos de modificação e optimização do espaço.
Esta neglicência pode tornar-se rapidamente
O seu conceito base consiste em utilizar módulos actuadores dispendiosa, pois as alterações subsequentes envolvem
e sensores com várias funcionalidades, as instalações de normalmente custos elevados.

52
ARTIGO TÉCNICO

Ao implementar um sistema com um elevado nível de Ao invés de apresentar casos práticos em instalações com
flexibilidade, permite que o sistema de bus seja altamente sistemas de domóticas implementadas (p. ex. Terminal 5 do
flexível e ser simplesmente reprogramado a baixo custo. aeroporto de Heathrow, Estádio Olímpico de Pequim, etc.),
que por um lado já foram apresentados em artigos
Contudo quando não é suficiente o cabo entrançado (TP – anteriores da revista “Neutro à Terra”, casos esses que são
Y(st)Y 2x2x0,8 mm2), pode-se utilizar outros meios tais como bastante conhecidos (devido à sua projecção), por vezes
radiofrequência (RF), PowerLine (PL), rede Ethernet ou até sente-se um distanciamento considerável desses casos com
mesmo fibra óptica. a maioria das instalações de domóticas existentes em todo o
mundo e com a percepção genérica do público em geral. Por
Quando necessário podemos expandir ainda mais a rede ao outras palavras, o principal mercado da domótica, por
interligar na mesma rede várias tecnologias de domótica ou motivos históricos confina-se ao utilizador particular
de automação (DALI, DMX, LonWorks, Bacnet, etc.). (habitações).

Todos os produtos de diferentes tecnologias de domótica Contudo é necessário relembrar que cada vez mais as
(KNX e LonWorks), antes de serem lançados para o mercado instalações de domótica são instaladas em edifícios de
são devidamente testados e certificados, por organismos serviços, industrias, hospitais, etc. A principal razão é pelo
independentes, e se aprovados são lançados para o mercado facto desse tipo de edifícios possuírem uma elevada taxa de
com a sua certificação visível nos produtos (inclusão do utilização, que aliada à eficiência energética que a domótica
logótipo). Ou seja, além dos diferentes protocolos serem oferece, o retorno do seu custo de implementação pode
fiáveis e funcionais, todos os produtos que funcionam em ocorrer num espaço de alguns anos.
redor dos protocolos também transmitem a sua fiabilidade e
segurança. Para terminar as notas genéricas sobre os edifícios, segundo
alguns estudos, o custo construção de um edifício face ao
Por fim, uma outra característica que as tecnologias de seu custo global (custo de construção e manutenção
domótica apresentam é que a sua base de funcionamento é continuada durante a sua vida útil) raramente ultrapassa os
de modo distribuído. Ou seja, todos os produtos funcionam 45%.
de forma independente, que ao falhar um dado dispositivo
não implica a paragem de funcionamento da restante rede. Como todos nós sabemos, a eficiência energética é uns dos
factores de peso (senão o maior) para a adopção ou
3 CASO PRÁTICO: EDIFÍCIO F DO INSTITUTO SUPERIOR DE implementação de uma instalação de domótica num edifício
ENGENHARIA DO PORTO como o caso do edifício F do ISEP.

Antes de começar a abordar o caso prático iremos expor as É de realçar que não se pretende de forma alguma,
razões que levaram a uma instalação de uma instituição incentivar ou forçar a instalação de qualquer tipo de sistema
pública de renome. no edifício em estudo. O que deseja é mostrar a sua
Em primeiro lugar, é preciso referir que actualmente não aplicabilidade a um edifício português, permitindo aos
existe nenhuma instalação de domótica ou de gestão técnica leitores terem umas noções mais precisas e intuitivas e claro,
centralizada no Edifício F do Instituto Superior de Engenharia uma parte dos leitores são de alguma forma, frequentadores
do Porto. do local em estudo.

53
ARTIGO TÉCNICO

3.1 Metodologia de Estudo Essa consola central actual possui um grande problema, de
não apresentar o estado dos circuitos de iluminação (ligado
O edifício é constituído por 7 níveis/pisos, estando incluído a ou desligado), o que em certos casos pode induzir ao
garagem/cave, constituídos basicamente por laboratórios, accionamento errado de certos circuitos por parte dos
salas de ensino e gabinetes de docentes. seguranças presentes. Por exemplo não é pouco comum ver
alguns circuitos de iluminação em funcionamento de forma
Para o estudo ser mais simples de compreender iremos inadequada durante a noite ou durante o dia. Foi também
dividir o estudo em duas partes: realizado um estudo baseado no programa de estágio para
• Implementação de uma solução de gestão técnica estudar a viabilidade financeira de tornar operacional a
centralizada; apresentação dos diferentes estados dos circuitos de
• Implementação do sistema de domótica num laboratório iluminação, mas por questões financeiras não se avançou
típico. com a solução.

A implementação será realizada com o objectivo de Para o/s segurança/s responsável/eis poderão realizar o
requalificar o edifício, ao aproveitar ao máximo possível as controlo de todo o edifício quer a nível de:
tubagens existentes. • Circuitos de iluminação;
• Circuitos de aquecimento (radiadores de parede)
A questão das tubagens, sempre problemática, só permitirá • Sistema HVAC presente no edifício;
uma instalação integral de um sistema de domótica (nível de • Controlo dos portões da garagem;
campo) depois de fazer um levantamento detalhado e actual • Sistema de acessos às salas e laboratórios, incluindo
de toda a instalação, de forma a elaborar um projecto saber o local de presença de cada docente e/ou alunos
preciso e sem derrapagens orçamentais (e ao mesmo tempo (uma boa ferramenta de informação);
permitirá saber as limitações a nível de actualizações futura, • Gastos de energia (electricidade, gás natural, etc) e de
a nível de equipamento). água (que poderá ser uma excelente forma de detecção
de fugas ou gastos desnecessários);
3.1.1 Implementação de uma Solução de Gestão Técnica • Elevadores (p. ex. em função da afluência activar o
Centralizada numero de elevadores necessário para menor uso
desnecessário);
Um sistema de gestão centralizada significa gerir o máximo • Monitorização de janelas abertas, por motivos
de funcionalidades presentes no edifício baseado num ou energéticos (fugas de calor) e por motivos de segurança;
mais sistemas de automação (KNX, LonWorks, BACnet, etc.). • Etc.
Mas a palavra “gestão” não exclui o controlo, monitorização
e optimização de todas as funcionalidades presentes. As funcionalidades atrás referidas são apenas algumas que é
possível implementar. Mais outras funcionalidades podem
Voltando para o edifício em estudo, ao invés de existir a ser implementadas sem requerem a compra a fornecedores
consola central, presente na entrada principal do edifício F, terceiros. Poderão ser desenvolvidas internamente, pelos
em que permite uma gestão muito básica de todos os laboratórios de investigação ou pelos programas de estágios
circuitos de iluminação, todo o controlo é realizado através para alunos para aquisição de uma maior experiencia nessa
de qualquer computador com ligação à rede local ou à área em crescimento (ver Cap. 4).
Internet (ver Fig. 2).

54
ARTIGO TÉCNICO

A nível de monitorização podemos terminar com a definição centralizada no edifício F proposto no subcapítulo 3.1.1
de níveis de acesso de controlo/monitorização. Por permite gerir, monitorizar e controlo todas as
exemplo, o/s segurança/s poderão proceder apenas ao funcionalidades do edifício (interligadas com o
controlo e monitorização da maioria dos circuitos de sistema), incluindo todas as salas de ensino, laboratórios e
diferentes funcionalidades, mas os altos responsáveis do gabinetes dos docentes.
universo ISEP ou IPP poderão realizar uma gestão global e
sem restrições de toda a instalação. Asrazões para aprofundar na solução de domótica para um
laboratório típico são:
3.1.2 Implementação do Sistema de Domótica num • São as divisões onde a taxa de ocupação é a mais
Laboratório Típico elevada;
• Em muito dos casos é onde ocorrem maior desperdício
Depois de se abordar a implementação de uma solução de de energia (em termos de percentagens, em relação às
gestão técnica centralizada no edifício F, iremos abordar a áreas comuns presentes nos edifícios);
implementação de domótica num laboratório típico • Permitem, ao adaptar os hábitos de cada utilizador ou
(baseada na tecnologia KNX). grupo de utilizadores, ajustar da melhor forma os
gastos, sem sacrificar o conforto, qualidade de ensino e
Antes de iniciar o estudo da implementação em causa, é de concentração.
preciso referir que a solução equacionada de gestão técnica • Etc.

Figura 2 – Esquema de rede de gestão técnica centralizada

55
ARTIGO TÉCNICO

Irá ser exposta uma das soluções possíveis de as janelas estão abertas) e para controlo de segurança.
implementar, dividida em vários parâmetros: Normalmente a esse tipo de controlo recorre-se ao uso de
contactos magnéticos.
- Iluminação
Possivelmente a variável mais significativa no gasto global de Por fim, o terceiro controlo, menos utilizado, é o controlo
utilização (não se pode confundir com os gastos de materiais remoto da abertura das janelas. A sua grande utilidade
de laboratórios, de manutenção e outros) mas ao mesmo reflecte-se para manutenção dos níveis de CO2 e como forma
tempo é a variável mais ajustável ou mais susceptível a de controlo adicional para os sistema de climatização,
maior capacidade de controlo com o sistema de domótica. sempre que for necessário.

Ao incluir um ou mais detectores de movimento de presença - Climatização


(depende da dimensão do laboratório) permite fazer uma O sistema de climatização a ser controlado será separado em
gestão automática de iluminação em função da existência de dois tipos.
movimento no seu interior (p. ex. presença de alunos) com a
luminosidade interior. Mas o detector permite ainda realizar O primeiro tipo de climatização, aquecimento por caldeira,
os seus cálculos matemáticos de forma a realizar a regulação que irá fornecer água quente aos radiadores presentes no
contínua da iluminação de forma a manter uma iluminação laboratório.
constante1.
O segundo tipo de climatização, HVAC, procederá ao
Por fim, a regulação da iluminação pode ser feita arrefecimento e aquecimento (menos eficiente que o
directamente ou através da tecnologia 1-10V ou aquecimento por caldeira). Para um correcto funcionamento
DALI, podendo em qualquer momento ser do sistema HVAC em todas as divisões, essas têm que
desabilitada/habilitada o controlo automático através de comunicar com o sistema de gestão técnica centralizada para
umas das teclas de pressão presentes na entrada do que accione o sistema HVAC central (controlado através de
laboratório. controladores baseados na tecnologia BACnet ou LonWorks)
sempre que for necessário (através de cálculos matemáticos
- Janelas e de históricos de utilização anteriores).
Poderão ser realizados três tipos de controlos.
O sistema de climatização é controlado com base nos valores
O controlo mais comum é o controlo das persianas de apresentados pelo/s sensor/es de temperatura presentes na
lamelas (que apesar do investimento inicial ser mais elevado divisão. O valor de setpoint (valor de temperatura interior
que as persianas normais), permitem um controlo da que se pretenda) poderá ou não ser ajustado em tempo real,
entrada de iluminação natural e também um controlo da pelos docentes ou outro tipo de pessoal autorizado.
entrada de luz directa, de onde provém a radiação
infravermelhos como uma das formas de aquecimento do - Níveis de CO2
laboratório sempre que a temperatura interior seja baixa. Ao monitorizar os valores de CO2 permitem usufruir de duas
grandes mais-valias. A mais notória é controlar os níveis de
O segundo tipo de controlo que poderá ser feito é o estado CO2 , de forma que as condições de aprendizagem e de estar
das janelas (aberta ou fechada), em que é muito útil para o nos laboratórios sejam as ideais (evitando o muito conhecido
sistema de climatização (que não irá funcionar sempre que efeito de “ar abafado” ou “saturado”).

1Esta ao realizar a regulação de iluminação, permite um menor consumo de energia eléctrica, aumentando o tempo de vida útil das lâmpadas.
Por exemplo, uma dada lâmpada a 50% de luminosidade pode durar até 20 vezes mais que uma lâmpada em funcionamento pleno

56
ARTIGO TÉCNICO

A outra vantagem que poderá apresentar é ser considerado Por outro lado pretende-se referir que um sistema de
como mais uma variável de controlo por parte do sistema de domótica ou gestão técnica centralizada por si só não é uma
climatização. Por exemplo, em função dos diferentes níveis solução eficaz e significativa para redução da factura
de prioridades das diferentes variáveis de controlo do energética de um edifício (uns dos factores mais
sistema de climatização (apenas HVAC por permitir significativos para o sucesso ou fracasso no factor de decisão
circulação de ar) e eventualmente controlo das janelas de implementação), devido à solução arquitectónica a nível
poderá contribuir para uma maior poupança energética. de estrutura e de materiais de construção.

- Controlo de acessos Por fim, apesar de ser um caso teórico, permite dar uma
Apesar do sistema de controlo de acessos existir, ao reportar outra sensibilidade aos leitores o leque de funcionalidades
a presença dos diferentes utilizadores, não possui outras que poderão ser implementadas, que forma e as suas razões.
funcionalidades. Ao interligar com o sistema de gestão
técnica centralizada permite usufruir de inúmeras vantagens. 4 FUTURO E OPORTUNIDADES DE MERCADO A DOMÓTICA OU
Por exemplo, o accionamento dos diferentes circuitos de SISTEMA DE GESTÃO TÉCNICA CENTRALIZADA
iluminação, persianas e climatização só será realizado
sempre que o docente der como entrada na divisão, Depois de fazer uma análise do caso pratico, irão ser
evitando accionamento indevido por terceiros. expostas as tendências futuras da área da domótica e da
área da gestão técnica centralizada.
Possibilita também, referido no capítulo 3.1.1, saber em
tempo real onde está um dado utilizador (docente, aluno ou Actualmente a área da domótica (automação de casas e
outro tipo de utilizadores) para uma maior facilidade de edifícios) encontra-se em franca expansão, com principal
encontro. relevância nos países mais desenvolvidos, com um
crescimento de mercado de mais de 10% ao ano.
- Medição de energia
Em qualquer altura, dependendo da existência do medidores Existem inúmeras razões para a crescente implantação da
de energia na divisão (energia eléctrica e do sistema de domótica em edifícios, entre as quais a maior eficiência
climatização em unidades British Thermal Unit - BTU), poder- energética, o aumento da segurança e a redução do custo de
se-á utilizar os seus valores para controlo de custos em aquisição das tecnologias. No que diz respeito às habitações
tempo real, identificar os valores de gastos de energia por particulares, acrescenta-se essencialmente o aumento do
utilizador ou até mesmo monitorizar a qualidade da rede conforto devido ao grau de automação trazido pela
eléctrica. domótica.

3.2 Considerações Finais A nível de previsões futuras, prevê um crescimento cada vez
mais acelerado de implementação, embora haja ainda hoje
Pretende-se relembrar que foi proposto uma das muitas muita falta de informação, que por vezes totalmente errada.
soluções possíveis de implementar, mostrando a Uma outra vertente muito cativante (oportunidade de
versatilidade da implementação de uma sistema de mercado) é a nível académico (opinião baseada no universos
domótica num dado ambiente (edifício F pertencente ao dos alunos universitários) que há um grande interesse na
ISEP). continuação do estudo dessas tecnologias mais é muito
pouco apostado no mundo académico nacional.

57
ARTIGO TÉCNICO

Umas das vertentes a explorar, é por exemplo, a continuação • Relativamente ao ponto anterior, devido ao actual
em desenvolver ou melhorar as tecnologias de domóticas panorama financeiro nacional, cujo ensino superior
actuais. acaba de sofrer um corte significativo no seu orçamento,
para o ISEP continuar ou melhorar o seu nível de ensino,
Antes de se expor as diferentes alternativas serão ao desenvolver novos produtos para o mercado (com
justificadas as razões que levaram a abordar esse assunto. vantagens competitivas a nível de prestigio e financeiro),
Em primeiro lugar espera-se que seja considerado como um fomenta na globalidade do ISEP (alunos e docentes) ao
"incentivo” para que os diferentes pólos de investigação criarem novos produtos. Por outro lado, a facilidade de
presentes no ISEP e outras faculdades existentes em obter financiamento face às empresas privadas para a
Portugal comecem a olhar para o mercado da domótica criação de um projecto de produção e venda de produtos
como uma aposta na área da investigação. de uma área em crescimento é outro facto de peso,
acaba por ser uma forma de obter fundos para
É preciso realçar que uma solução completa ou não de manutenção e melhoramento do universo ISEP;
domótica não pode ser considerada como uma solução de • Como se referiu anteriormente, o desenvolvimento de
elevado retorno devido a sua eficiência energética e outros produtos envolve a engenharia electrónica (que podem
factores. Ou seja, uma verdadeira solução de domótica ou ou não estar envolvidos os laboratórios LSA, CISTER,
gestão técnica centralizada além de possuir uma rede a nível etc.), engenharia mecânica (acondicionamento e
de campo, a nível de rede e quando necessário também a formatos mais adequados a nível mecânico dos produtos
nível de supervisão todos os sistemas que estejam a operar ou até mesmo conhecimentos termodinâmicos –
em concordância com o sistema de domótica (tais como sistemas de climatização), engenharia informática
sistemas de iluminação, sistemas de climatização, sistemas (software de gestão, de supervisão, etc.), engenharia civil
de persianas/lamelas, etc) têm que ser igualmente (estudo da concepção de edifícios mais ecológicos e/ou
eficientes. optimização dos edifícios actuais), engenharia de
sistemas eléctricos, etc.;
Para ser visto como um foco de investigação, a domótica tem • Continuação do desenvolvimento da tecnologia sem-fios
que ser estudada sob várias frentes. Estas poderão ser, ao ZigBee, pelo laboratório CISTER, que ao interligar com os
utilizar como linha de referência os diferentes pólos de sistemas de domótica permitirá aumentar a versatilidade
investigação existentes no ISEP. de implementação da domótica e de aplicações
SmartGrid (rede de sensores sem fios);
As (algumas) alternativas/frentes que existem são: • Etc.
• Apesar de existirem imensas tecnologias de
domótica, cada vez mais o mercado está inclinado para 6 CONCLUSÕES FINAIS
tecnologia baseadas em protocolos abertos (tais como
KNX, LonWorks, etc), cujo seu sucesso comercial está Depois de realizar um breve estado da arte das tecnologias
mais que comprovado. Em vez se focar no domóticas,de seguida elaborou-se uma exposição a um caso
desenvolvimento de novos protocolos de prático, pondo em prática a aplicação das diferentes
domótica, proceder ao desenvolvimento de novos tecnologias domóticas (KNX, LonWorks e BACnet).
produtos ou novos tipos de produtos aplicáveis em
contextos e ambiente, que até ao momento não foram
satisfeitos;

58
ARTIGO TÉCNICO

Em jeito de conclusão geral, findo este trabalho, poderá-se-


ão tecer as seguintes considerações: Bibliografia
• Em função do contexto da sua aplicação, as vantagens [1] Echelon Corporation
das tecnologias domóticas são evidentes ao reduzirem a http://www.echelon.com/
factura energética de um edifício, fornecendo o mesmo [2] ECHELON - LonWorksEngeneering Bulletin 005-0025-
nível de conforto, oferecendo uma versatilidade mais 01D, 1996
elevada na utilização das diferentes funcionalidades [3] KNX Organization - KNX Handbook for Home and
existente no edifício face a um edifício tradicional e entre Building Control. 3º Release. Bélgique, 1999
outros; [4] KNX Organization
• Por outro lado, ao oferecer um nível elevado de http://knx.org/
escalabilidade (maior facilidade de futuras expansões de [5] LonMarkInternacional
rede), é criado um nível elevado de segurança, http://www.lonmark.org/
fiabilidade e diferentes tipos de topologias de rede; [6] LonMark of Germany
• A nível da interoperabilidade, as tecnologias KNX e http://www.lno.de
LonWorks ao apresentarem respectivamente, cerca de [7] Partner’s KNX
300 e 4200 fabricantes afiliados, oferecem uma grande http://www.knx.org/knx-partners/knxeib-partners/list/
versatilidade. [8] SCADA
http://www.scadaengine.com/
Por outro lado podemos concluir que além de se provar um [9] SYSMIK GmBH DRESDEN
claro crescimento das tecnologias domóticas nos mercados, http://www.sysmik.co
devido à aceitação crescentes das vantagens que estas [10] ZIGBEE ALLIANCE
oferecem, podem ser consideradas como uma excelente http://www.zigbee.org/
área de investigação para as faculdades e politécnicos
portugueses.

Instituto Superior de Engenharia do Porto


(Edifício F)

59
José Marílio Oliveira Cardoso ARTIGO TÉCNICO
Instituto Superior de Engenharia do Porto

EXTINÇÃO DAS TARIFAS REGULADAS NO SECTOR ELÉCTRICO

1 ENQUADRAMENTO 2 MERCADO REGULADO

O sector eléctrico foi, historicamente, um sector de Também em Portugal a EDP funcionou, durante muito
monopólio natural, controlado por uma única entidade a tempo, como a empresa vertical, que actuando em toda a
qual assegurava as diversas actividades relacionadas com o cadeia, assegurava a produção, o transporte, a distribuição e
fornecimento da energia eléctrica, desde a sua a comercialização da energia eléctrica.
produção, transporte e distribuição até ao abastecimento ao
consumidor final. Esta é uma realidade que tem vindo a ser Esta realidade teve um ponto de inflexão significativo após a
radicalmente alterada nas últimas décadas. adesão de Portugal à, então, CEE. Em 1988 foi publicado um
importante pacto legislativo que, entre outras
Após longos anos de actuação em regime de monopólio inovações, consagrou a possibilidade de acesso ao sector
(público, privado ou misto) verticalmente pelos pequenos produtores privados na área da produção
integrado, verificaram-se em diversos países, em diferentes hidroeléctrica (mini-hídricas) e cogeração, obrigando a EDP a
latitudes, várias experiências que resultaram em processos adquirir toda a energia por eles produzida a um preço
de desverticalização do sector com separação das suas regulado.
actividades. O primeiro destes exemplos ocorreu no Chile no
final da década de 70 do século XX, tendo as alterações É também nesse período que cessa a exclusividade da
consistido, basicamente, no fim dos monopólios da energia concessão à EDP, sendo liberalizadas algumas das
eléctrica e na introdução duma lógica de concorrência no actividades do sector. Tal teve como objectivo a abertura do
mercado da electricidade. Esta passou a verificar-se na investimento no sector à iniciativa privada, permitindo
produção e na comercialização, mantendo-se como canalizar verbas públicas para outros investimentos
monopólios as actividades ligadas a infra-estruturas de rede e, funcionando o mercado, permitir uma redução de preços
como são o transporte e a distribuição. com benefícios para os consumidores.

Fig. 1 - Actividades tradicionais no sector eléctrico

60
ARTIGO TÉCNICO

Com uma progressiva abertura do sector a um ambiente de 3 MERCADO LIBERALIZADO


mercado concorrencial, emergiu o papel das entidades
reguladoras como garantia de condições de igualdade de O processo de liberalização do sector eléctrico ocorreu, na
tratamento, de transparência e de não discriminação no maior parte dos países europeus, de modo faseado. Estes
acesso de produtores e de consumidores às redes de processos começaram tipicamente por contemplar os
transporte e de distribuição. Em 1995 é criada a ERSE clientes dos níveis de tensão mais elevados e com maiores
(Entidade Reguladora do Sector Eléctrico) pela publicação do consumos. Também em Portugal, ainda na década de 90 do
Decreto-Lei n.º 187/95, de 27 de Julho. século passado, foi publicada legislação que abria o mercado
apenas aos maiores clientes, tendo o processo sido
Das suas competências constam: progressivamente estendido a todos os clientes.
• O estabelecimento dos valores das tarifas e preços para a
energia eléctrica a aplicar anualmente A abertura do mercado concorrencial teve como objectivo
• A protecção dos interesses dos consumidores em relação dinamizar o sector e impor-se como solução para o encontro
a preços, serviços e qualidade do abastecimento entre a oferta e a procura, reflectindo-se numa expectável
• Fomentar a concorrência descida dos preços e melhoria da qualidade de serviço.
• Contribuir para uma utilização eficiente da energia
eléctrica Este é um novo paradigma onde é concedida a cada
consumidor a possibilidade de escolha do fornecedor,
Em 2002 são aprovados novos estatutos da ERSE pela implicando alterações profundas em todo o enquadramento
publicação do Decreto-Lei nº 97/2002 de 12 de Abril. A ERSE legislativo e regulatório bem como no modo de actuação das
vê as suas competências alargadas com a inclusão da diversas entidades intervenientes. Potencia ainda o
regulação das actividades relativas ao gás natural, passando aparecimento de novos produtores e comercializadores,
a designar-se Entidade Reguladora dos Serviços aumentando o número de intervenientes no sector e a
Energéticos, embora mantendo a sigla original. complexidade de funcionamento do mesmo.

Fig. 2 - Calendário de abertura do mercado em Portugal (ERSE)

61
ARTIGO TÉCNICO

A Directiva n.º 2003/54/CE, de 26 de Junho, definiu como seu fornecedor de energia eléctrica.
data limite o dia 1 de Julho de 2007, para abertura do
mercado a todos os clientes, independentemente dos seus Este foi um processo que apresentou alguns
consumos e da tensão de alimentação. A Directiva foi percalços, nomeadamente, no final de 2007 com vários
transposta para a ordem jurídica nacional pela publicação do comercializadores a não aceitarem novos contratos de
Decreto-Lei n.º 29/2006, de 15 de Fevereiro. Aí, no âmbito fornecimento de energia eléctrica nem renovarem contratos
da protecção dos consumidores, consagra-se a figura do já existentes, alegando impossibilidade de concorrência com
comercializador de último recurso o qual assume o papel de as tarifas reguladas. No final de 2008 e, principalmente, em
garante do fornecimento de electricidade aos consumidores. 2009 e assistiu-se a um retorno de muitos clientes ao
Para Portugal continental foi estabelecida a data de 4 de mercado liberalizado. Actualmente a adesão de novos
Setembro de 2006 como aquela a partir da qual todos os clientes ao mercado apresenta-se como uma forte
clientes de energia eléctrica poderiam escolher livremente o tendência.

Fig. 3 - Evolução do consumo no mercado liberalizado (ERSE)

Fig. 4 - Número total de clientes no mercado liberalizado (ERSE)

62
ARTIGO TÉCNICO

2.2.1.3 CAIXA REDUTORA

Fig. 5 - Consumo (GWh) no mercado liberalizado (ERSE)

Figura 9 - Diagrama de blocos Simulink da caixa redutora com variador de velocidade

Fig. 6 - Peso relativo do consumo do mercado liberalizado (ERSE)

4 NOVO MODELO tensão especial (BTE). Significa que todos os clientes, com
excepção daqueles que são alimentação em baixa tensão
Com a recente publicação do Decreto-Lei n.º 104/2010 de 29 normal (BTN), deverão, no próximo ano, passar a ser
de Setembro verifica-se uma nova “revolução” no sector abastecidos no âmbito do mercado liberalizado.
eléctrico, com a extinção das tarifas reguladas de
fornecimento de energia eléctrica em Portugal continental, a Esta é uma nova mudança de paradigma alterando, em
partir de 1 de Janeiro de 2011. Por este diploma são pouco anos, o fornecimento no mercado liberalizado de um
abrangidos os clientes cuja alimentação seja em muito alta direito do consumidor para uma obrigação.
tensão (MAT), alta tensão (AT), média tensão (MT) ou baixa

63
ARTIGO TÉCNICO

A legislação prevê que os clientes que, à data de entrada em Deverão ainda ser tomados em conta outros aspectos como,
vigor do diploma, tivessem como fornecedor um por exemplo, que o ciclo mais adequado (semanal ou diário)
comercializador de último recurso (CUR) e que entretanto ao funcionamento das instalações é o que consta na
não estabeleçam um contrato no mercado proposta, ou a explicitação de a quem competirá suportar
liberalizado, possam continuar a ser abastecido pelo CUR até eventuais alterações de custos com as tarifas de acesso às
à data limite de 31 de Dezembro de 2011. Para esse fim redes no decorrer da vigência do contrato.
serão definidas pela ERSE tarifas transitórias determinadas
pela soma das tarifas de energia, comercialização e acesso às 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
redes, sendo agravada por uma percentagem a definir pela
ERSE. O sector eléctrico tem vindo a sofrer diversas alterações ao
longo da sua existência tendencialmente no sentido do
O CUR deverá notificar por carta registada todos os seus fomento da concorrência.
clientes até 30 dias após a entrada em vigor do Decreto-Lei
n.º 104/2010 prestando-lhes toda a informação necessária à Em Portugal a manifestação mais recente dessa tendência é
mudança de comercializador. Este não é um processo corporizada na publicação do Decreto-Lei n.º 104/2010 que
automático cabendo a cada cliente consultar o mercado e determina a extinção de tarifas reguladas com excepção dos
optar por um comercializador do mercado liberalizado. consumidores domésticos. Esta é uma realidade que impõe
aos clientes a procura de um comercializador em mercado
Os comercializadores autorizados a actuar no mercado liberalizado. Este é um desafio que poderá potenciar a
liberalizado em Portugal obtém licenciamento junto da oportunidade de cada cliente dedicar mais atenção aos
Direcção-Geral de Geologia e Energia. A ERSE disponibiliza na aspectos relacionados com a energia eléctrica que consome,
sua página de Internet (www.erse.pt) a lista com a eventualmente conseguindo obter condições mais
identificação e os contactos dos comercializadores que se vantajosas e incrementar a eficiência energética e a
encontram a actuar no mercado. utilização racional da energia nas suas instalações.

A mudança de comercializador pode ser efectuada até Esta não é contudo a única novidade no sector, havendo
quatro vezes em cada doze meses consecutivos, não alterações ao nível da introdução de escalões no consumo de
podendo ser invocadas razões de ordem técnica para energia reactiva, já no início de 2011. Prevê-se ainda que,
impedir essa mudança, nomeadamente as características dos num futuro mais longínquo, se possam verificar alterações
contadores de energia. significativas no que diz respeito à qualidade de serviço e à
poluição da responsabilidade de cada consumidor.
De notar que, sendo o mercado livre, cada comercializador
pode apresentar uma proposta comercial que poderá não
ser facilmente comparável com a de um seu concorrente. www.galpenergia.com Referências
www.erse.pt
Cabe a cada cliente obter junto de cada comercializador os www.edp.pt
esclarecimentos necessários à sua decisão, garantindo que www.dgge.pt
estão acautelados os seus interesses e que esses serão www.unionfenosa.pt
vertidos no contrato a estabelecer. www.dre.pt

64
CCURIOSIDADE
URIOSIDADE

65
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO:
António Augusto Araújo Gomes (aag@isep.ipp.pt)
Mestre (pré-bolonha) em Engenharia Electrotécnica e Computadores, pela Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto.
Doutorando na Área Científica de Sistemas Eléctricos de Energia (UTAD).
Docente do Instituto Superior de Engenharia do Porto desde 1999.
Coordenador de Obras na CERBERUS - Engenharia de Segurança, entre 1997 e 1999.
Prestação, para diversas empresas, de serviços de projecto de instalações eléctricas,
telecomunicações e segurança, formação, assessoria e consultadoria técnica.
Investigador do GECAD (Grupo de Investigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio à
Decisão), do ISEP, desde 1999.

Eduardo Sérgio Correia (SCorreia@iems.pt)


Engº Técnico Electrotécnico – Sistemas de Energia (ISEP 1995), inscrito na ANET (1555).
Director de Operações da Delegação Norte da IEMS – Instalações de Electrónica Manutenção e
Serviços, Lda desde 2000.
Nota curricular da empresa:
Fundada em 1993, a IEMS, começou a operar como uma empresa fornecedora de acessórios para
sistemas de cablagem e prestadora de serviços associados. A IEMS tem acompanhado o rápido
desenvolvimento da indústria das tecnologias de informação, evoluindo ao longo dos anos, para a
comercialização de produtos nas áreas de cablagem estruturada, de
telecomunicações, equipamentos activos de rede, tendo-se especializado em adaptar soluções de
fabricantes mundiais, líderes no mercado, às realidades e exigências nacionais. Neste âmbito, tem
uma vasta experiência em instalação e manuseamento das Redes de Fibra Óptica, estando sempre
na vanguarda com os produtos mais avançados disponíveis no mercado.

Henrique Jorge de Jesus Ribeiro da Silva (hjs@isep.ipp.pt)


Licenciado em Engenharia Electrotécnica, em 1979, pela Faculdade de Engenharia da Universidade
do Porto, opção de Produção, Transporte e Distribuição de Energia.
Diploma de Estudos Avançados em Informática e Electrónica Industrial pela Universidade do
Minho. Mestre em Ciências na área da Electrónica Industrial.
Professor Adjunto Equiparado do ISEP, leccionando na área da Teoria da Electricidade e Instalações
Eléctricas.

José Luís Almeida Marques de Faria (jlamfaria@gmail.com)


Mestre em Engenharia Electrónica e de Computadores, na área de Sistemas e Planeamento
Industrial (Plano de estudos Bolonha - 120ECTS), Instituto Superior de Engenharia do Porto).
Director técnico na empresa Touchdomo.
Fornece serviços à Industria Azevedos, com a função de integrador KNX e EnOcean.
Formador na área da domótica e engenharia electrónica/eléctrica.
Funcionário da empresa Intelbus, Soluções para edifícios, Lda, com a função de integrador KNX e
LonWorks, desde Agosto de 2008 até Junho de 2010.

José Marílio Oliveira Cardoso (joc@isep.ipp.pt)


Licenciado em Engenharia Electrotécnica - Sistemas Eléctricos de Energia, pelo Instituto Superior
de Engenharia do Porto.
Doutorando da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro na Área Cientifica de Sistemas
Eléctricos de Energia.
Docente do Instituto Superior de Engenharia do Porto desde 2003 e investigador do GECAD (Grupo
de Investigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio à Decisão).
Docente no ensino secundário, na área da electrotecnia entre 2001 e 2004.
Formador no Curso de Especialização Pós-Graduada em Eficiência Energética e Utilização Racional
de Energia Eléctrica, do ISEP. Formador na Pós-Graduação em Gestão de Energia – Eficiência
Energética, no Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ), Taguspark, Oeiras e em Grijó, V.N. Gaia.

66
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO:
Nelson Ferreira da Silva (1071169@isep.ipp.pt)

Licenciado em Engenharia Electrotécnica de Sistemas Eléctricos de Energia no ISEP.


Encontra-se a frequentar o Mestrado em Sistemas Eléctricos de Energia no ISEP.

Pedro Daniel Soares Gomes (1071106@isep.ipp.pt)

A frequentar o 1º ano do Mestrado em Engenharia Electrotécnica – Sistemas Eléctricos de


Energia, no Instituto Superior de Engenharia do Porto (2010/2011)
Licenciado em Engenharia Electrotécnica - Sistemas Eléctricos de Energia pelo Instituto Superior de
Engenharia do Porto (2007/2008 - 2009/2010)

Pedro Gerardo Maia Fernandes (1070172@isep.ipp.pt)

Licenciado em Engenharia Eléctrotécnica - Sistemas Eléctricos de Energia, no Instituto Superior de


Engenharia do Porto.
Encontra-se a frequentar o curso Mestrado em Engenharia Electrotécnica - Sistemas Eléctricos de
Energia.

Pedro Miguel Azevedo de Sousa Melo (pma@isep.ipp.pt)


Mestre em Automação, Instrumentação e Controlo pela Faculdade de Engenharia da Universidade
do Porto.
Aluno do Programa Doutoral em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, na Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto.
Docente do Instituto Superior de Engenharia do Porto desde 2001.
Desenvolveu actividade de projectista de instalações eléctricas de BT na DHV-TECNOPOR.

67

Você também pode gostar