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ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E RELATÓRIO DE

IMPACTO AMBIENTAL: EIA/RIMA


INDUSTRIA E COMÉRCIO DE LATICÍNIOS RIO BRANCO LTDA

Rio Branco do Ivaí - PR


2023
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E RELATÓRIO DE
IMPACTO AMBIENTAL: EIA/RIMA
INDUSTRIA E COMÉRCIO DE LATICÍNIOS RIO BRANCO LTDA
. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em nome do

RESUMO

Estudo de impacto ambiental e relatório de


impacto ambiental apresentado ao Instituto
Água e Terra do Paraná, como requisito para
solicitação da licença ambiental para laticínio.

Rio Branco do Ivaí - PR


2023
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização do município de Rio Branco do Ivaí - PR .................................. 10


Figura 2. Roteiro de acesso de Rio Branco do Ivaí ao local que será instalado o
abatedouro. ............................................................................................................................ 15
Figura 3. Croqui do laticínio (sem escala). ...................................................................... 16
Figura 4. Fluxograma . .................................................... Erro! Indicador não definido.8
Figura 5. Fluxograma geral do abate de suínos. .......... Erro! Indicador não definido.
Figura 6. Caracterização climática do estado do Paraná, com destaque para o
município de São João do Ivaí - Subtropical Úmido Mesotérmico – Cfa. ................... 26
Figura 7. Direção dos ventos no estado do Paraná – frequência média anual. ........ 27
Figura 8. Precipitação anual para o Estado do Paraná, com destaque para o Município
de Rio Branco do Ivaí ........................................................................................................... 28
Figura 9. Precipitação média em (mm) para a estação inverno no Estado do Paraná,
com destaque para o município de Rio Branco do Ivaí .................................................. 29
Figura 10. Precipitação média em (mm) para a estação verão no Estado do Paraná,
com destaque para o município de Rio Branco do Ivaí. ................................................. 29
Figura 11. Temperatura média mínima anual para o estado do Paraná com destaque
para o município de Rio Branco do Ivaí. ........................................................................... 30
Figura 12. Temperatura média anual para o estado do Paraná com destaque para o
município de Rio Branco do Ivaí......................................................................................... 31
Figura 13. Temperatura média máxima anual para o estado do Paraná com destaque
para o município de Rio Branco do Ivaí ............................................................................ 31
Figura 14. Média anual para a umidade relativa no estado do Paraná com destaque
para o município de São João do Ivaí. .............................................................................. 32
Figura 15. Média para a umidade relativa no inverno para estado do Paraná com
destaque para o município de São João do Ivaí (sem escala). .................................... 33
Figura 16. Média para a umidade relativa no verão para estado do Paraná com
destaque para o município de São João do Ivaí. ............................................................ 33
Figura 17. Folha geomorfológica de Londrina a qual está inserido o Município de São
João do Ivaí – destacado pelo círculo vermelho (sem escala). .................................... 36
Figura 18. Relevo predominante no município de São João do Ivaí - sub-unidade
morfoescultural número 2.4.1. ............................................................................................ 37
Figura 19. Localização dos perfis de solos analisados neste trabalho, na área em que
será implantado o abatedouro municipal. ....................... Erro! Indicador não definido.
Figura 20. Levantamento e Reconhecimento do Solo, com relação aos Grandes
Grupos de solos da Microrregião – Ivaiporã, predominância do solo em São João do
Ivaí. ...................................................................................... Erro! Indicador não definido.7
Figura 21. Avaliação visual da estrutura do solo através da carta para avaliação da
qualidade estrutural (VESS)................................................................................................ 48
Figura 23. Nível clinômetro da marca YAMANO® .......................................................... 49
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Identificação do empreendimento. ............................................................... 1516


Tabela 2. Coordenadas geográficas do empreendimento . ........................................... 22
Tabela 3. Previsão de processamento. ............................................................................ 30
Tabela 4. Atributos avaliados no efluente. ....................................................................... 47
Tabela 5. População e evolução demográfica................................................................. 73
Tabela 6. Comparativo da densidade populacional........................................................ 74
Tabela 7. Valores parêmetros dos efluentes. .................................................................. 84
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................7

2. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ...................................................................9


2.1 Empreendedor................................................................................................................9
2.2 Empreendimento ........................................................................................................ 10
2.3 Empresa Responsável pela Elaboração dos Estudos Ambientais .................... 10
2.4 Coordenação dos Estudos Ambientais................................................................... 11

3. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO .......................................................... 12


3.1 Proponente .................................................................................................................. 13
3.2 Histórico da Região .................................................................................................... 13
3.3 Localização e Acessos .............................................................................................. 15
3.4 Arranjo geral do Projeto ............................................................................................ 16
3.5 Usina de beneficiamento........................................................................................... 17
3.6 Pasteurização do leite ............................................................................................... 19
3.7 Inspeção industrial e sanitária de prod utos de origem animal............................ 19
3.8 Fluxograma do laticínio ............................................................................................. 20
3.9 Contexto em que se insere o laticínio ..................................................................... 21
3.10 Demanda pelo laticínio ............................................................................................ 22

4. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS .................................................................................. 24

5. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL MEIO FÍSICO................................................................ 25


5.1 Clima ............................................................................................................................. 25
5.2 Precipitação................................................................................................................. 27
5.3 Temperatura e umidade relativa .............................................................................. 30
5.4 Geologia....................................................................................................................... 34
5.5 Geomorfologia ............................................................................................................ 34
5.6 Pedologia ..................................................................................................................... 37
5.7 Contexto pedológico regional ................................................................................... 39
5.8 Considerações sobre a pedologia local.................................................................. 39
5.9 Determinação da declividade ................................................................................... 42
5.10 Determinação da profundidade efetiva ................................................................. 43
5.11 Permeabilidade do solo........................................................................................... 43
5.12 Determinação da cobertura da área e pedregosidade ...................................... 44
5.13 Entorno da área do empreendimento ................................................................... 45
5.14 Descrição da bacia e microbacia hidrográfica..................................................... 45

6. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL MEIO BIÓTICO ............................................................ 47


6.1 Caracterização Fitoecológica original ..................................................................... 47
6.2 Fauna ........................................................................................................................... 50
6.3 Mastofuna .................................................................................................................... 50
6.4 Avifauna ....................................................................................................................... 53
6.5 Herpetofauna............................................................................................................... 56

7. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL MEIO ANTRÓPICO ..................................................... 59


7.1 Patrimônio Arqueológico ........................................................................................... 59
7.2 Arqueologia: conceitos .............................................................................................. 60
7.3 Arqueologia regional .................................................................................................. 60

8. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA .......... 64


8.1 Metodologia ................................................................................................................. 64
8.2 Distribuição da população no território ................................................................... 65
8.3 Perfil Econômico......................................................................................................... 68
8.4 Setor Primário – Agricultura...................................................................................... 69
8.5 Setor Secundário – Indústria .................................................................................... 69

9. ASPECTOS SÓCIOS ESPACIAIS ................................................................................ 71


9.1 Evolução e Ocupação do Solo Urbano ....................................................................... 71
10. identificação e avaliação dos impactos ambientais .................................................. 73
10.1 Tratamento de efluentes líquidos .............................................................................. 76
10.2 Características e composição do efluente líquido .................................................. 77
10.3 Tratamento dos efluentes líquidos ............................................................................ 78
10.4 Gradeamento ............................................................................................................ 79
10.5 Caixa de Gordura ..................................................................................................... 79
10.6 Lagoa Anaeróbica .................................................................................................... 79
10.7 Lagoa Facultativa ..................................................................................................... 79
10.8 Remoção do Lodo .................................................................................................... 79
10.9 Planta baixa de localização das lagoas de tratamento de efluentes líquidos 80

11. Análise Integrada ............................................................................................................ 81


12. Programas Ambientais................................................................................................... 83
CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 92
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 94
7

1. INTRODUÇÃO

O presente Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o correspondente Relatório


de Impacto Ambiental (RIMA) referem-se ao requisito para licença ambiental de
laticínio, localizado no município de Rio Branco do Ivaí – PR.
A produção leiteira nos municípios do estado do Paraná é bastante
expressiva. Considerando-se as criações de gado leiteiro, surge a necessidade da
implantação de laticínios. Contudo, deve-se obedecer aos requisitos mínimos de
higiene, segurança para os manipuladores da produção e, principalmente, redução do
potencial poluidor e degradante para o meio ambiente por ser uma atividade geradora
de efluentes e resíduos de alto potencial poluente, que podem afetar a saúde da
população.
O laticínio, além da promoção do beneficiamento e transformação do leite de
acordo com os padrões sanitários requeridos, também promove a segurança
alimentar e melhoria da qualidade de vida da população. Desde o início da construção
até a operacionalização dos serviços, o empreendimento representa uma fonte de
geração de empregos diretos e indiretos, gera renda e consumo, bem como atrai
novas empresas, indústrias e fortalece os serviços de assistência e extensão rural aos
produtores do município e região.
Este Estudo de Impacto Ambiental foi realizado considerando, entre outros, o
disposto na Lei Federal nº 6938/81, em seu artigo 9º inciso 3, o qual estabelece a
avaliação de impactos ambientais como um dos instrumentos da Política Nacional de
Meio Ambiente. Considerou-se ainda, o disposto no Decreto Federal nº 99.274 de
1990, o artigo 17º §1º, onde contém os itens exigidos nos estudos de impactos
ambientais.
Além da legislação supracitada, o estudo baseou-se nas Resoluções
CONAMA nº 01 de 1986, que estabelece requisitos e condições para o
desenvolvimento de EIA/RIMA; nº 385 de 2006, que dispõe sobre o licenciamento
ambiental de agroindústrias e nº 237/97, que regulamenta os aspectos de
licenciamento ambiental.
Na esfera estadual, o estudo foi feito em acordo com a Resolução CEMA
65/08, que dispõe sobre licenciamento ambiental no estado do Paraná e a Resolução
Conjunta SEMA/IAP nº 70 de 2009, que estabelece procedimentos para
8

licenciamentos de unidades de agroindústrias no Estado do Paraná.


Este trabalho teve início de suas atividades em novembro de 2023 e, para sua
execução, foi criada uma equipe de profissionais especialistas em diversas áreas do
conhecimento. Os resultados finais deste estudo foram obtidos a partir de pesquisas
bibliográficas, levantamentos secundários, bem como investigações e levantamentos
de campo.
Os estudos de caracterização ambiental do laticínio iniciaram-se com o
levantamento bibliográfico sobre a região onde será implantada, por meio de bases
cartográficas, de informações georreferenciadas primárias e secundárias, bem como,
do projeto do básico fornecido pelo empreendedor.
Entre os meses de dezembro e janeiro de 2022 e 2023 foram realizadas
campanhas de campo para reconhecimento da área e coleta de dados primários.
Nestas inspeções foram verificadas questões a respeito do uso e ocupação do solo,
investigações sobre as questões geológicas, geomorfológicas e do relevo,
observações e coletas de dados para caracterizar as águas superficiais e
subterrâneas, cobertura vegetal e identificação faunística.
A implantação do empreendimento foi avaliada quanto às condições
ambientais da região buscando-se relacionar impactos ambientais (negativos e
positivos, ocorrentes ou não) e medidas mitigadoras dos possíveis impactos ao meio,
ordenando-as em programas ambientais.
Assim o EIA foi elaborado tendo em vista dois fatores essenciais. Em primeiro
lugar, atender com fidelidade às determinações legais. Em segundo lugar, o EIA foi
concebido de forma a atingir um nível de objetividade e clareza conceitual que
permitam ao órgão ambiental tomar sua decisão com segurança.
Este documento está organizado em capítulos com numeração sequencial, e
estão subdivididos em itens (ou tópicos) para a estruturação hierárquica dos textos
por assuntos lógicos. Os textos são complementados e ilustrados por figuras e
tabelas, com numeração sequencial, com o qual se atende aos preceitos estipulados
pelo IAP para a documentação.
9

2. IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

2.1 EMPREENDEDOR

Tabela 1 - Identificação do empreendedor


Nome/Razão social:

INDUSTRIA E COMERCIO DE LATICINIOS RIO BRANCO LTDA

Nome/Razão social da primeira alteração contratual:

MONPIAN FABRICACAO E COMERCIO DE LATICINIOS RIO BRANCO LTDA.

CPF/CNPJ: 42.658.097/0001-74

Endereço completo da empresa: Rodovia PR-535 km 06, km 06, Rio Branco

do Ivaí, PR. CEP. 86.848-000

Telefone para contato: (43) 99983-0242 (Bruno Monpian)

Representante legal: Diogo Nogueira Hernandes Monpian

CPF: 056.007.569-33

Responsável técnico: Barbara Leticia Marchi da Silva

Médica Veterinária

CPF: 077.403.839-02

CRMV: 12566

Telefone da responsável técnica: (43) 99910-9996 (Bárbara)


10

2.2 EMPREENDIMENTO

O empreendimento a licenciar consiste no pequeno Laticínio no


perímetro rural do município de Rio Branco do Ivaí – PR.
O empreendimento será composto por unidade de beneficiamento e
transformação de leite cru. O Empreendimento Laticínio tem sua localização
geográfica definida pelas coordenadas 24°21’28,4” S e 51°18’39,5” W no município
de Rio Branco do Ivaí, no Estado do Paraná, conforme Figura 1.

Figura 1. Localização do município de Rio Branco do Ivaí - PR

2.3 EMPRESA RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DOS ESTUDOS AMBIENTAIS

a) Razão social: Pecoraro consultoria, projetos e treinamentos


agropecuários LTDA.
b) Fantasia: Ártemis serviços agropecuários.
c) C.N.P.J: 37.965.265/0001-34.
d) Inscrição Municipal: 2757036
e) Endereço: Rua Recife, 204, sala 1, bairro Agari, CEP 86020-210,
Londrina – PR.
f) Telefone: (43) 99849-2843 - (43)3024-2664.
g) E-mail: pecoraroconsultoria@gmail.com
11

2.4 C OORDENAÇÃO DOS ESTUDOS AMBIENTAIS

a) César Augusto Pecoraro - Zootecnista, CRMV 01527/Z – Mestre


em Eng. Agrícola. Licenciado em Ciências Biológicas. E-mail:
pecoraroconsultoria@gmail.com. Telefone: (43) 99849-2843.
b) Emanuele Helmann Nunes - Engenheira Agrícola e Ambiental,
CREA 031570/D – Mestre em Agronomia. E-mail: manu.helmann@hotmail.com.
Telefone: (43) 99675-0655.
12

3. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

A cadeia agroindustrial do leite no Brasil é uma das mais importantes,


tanto pela questão econômica quanto pela questão social. Presente em todos os
estados da Federação, a pecuária de leite emprega mão-de-obra, gera excedentes
comercializáveis e garante renda para boa parte da população brasileira. O segmento
da indústria nacional é amplo e diversificado e neles estão presentes empresas de
laticínios de vários portes (SEBRAE, 1997).
A indústria de laticínios constitui parcela importante da indústria
alimentícia e sua contribuição em termos de poluição dos cursos d’água é expressiva,
portanto, é necessária a redução do volume de resíduos gerados por ela, bem como
o tratamento prévio de seus despejos líquidos.
A natureza dos efluentes oriundos dos laticínios consiste basicamente
de quantidades variáveis de leite diluído, materiais sólidos flutuantes, soro, finos de
queijo, gorduras, produtos de limpeza e esgoto doméstico. Estes efluentes, devido a
sua característica orgânica, possuem carga potencialmente poluidora indicada por
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), e quando atingem os corpos d’água em
situações limite provocam grande mortandade de peixes (SARAIVA, 2008).
Diante da característica deste setor e de sua importância, surgem
problemas ligados, principalmente ao controle ambiental, pois as indústrias de
laticínios produzem quantidades razoáveis de efluentes líquidos e estes por sua vez,
apresentam alta carga orgânica.
Porter (1999) afirma que a melhoria na relação com o meio ambiente
é capaz de beneficiar a produtividade dos recursos utilizados na organização, porque
traz benefícios para o processo e para o produto. Os benefícios para o processo
envolvem economias de materiais; aumentos nos rendimentos do processo; melhor
utilização dos subprodutos; conversão dos desperdícios em forma de valor; menor
consumo de energia durante o processo de produção; redução dos custos de
armazenamento e manuseio de materiais; e eliminação ou redução do custo das
atividades envolvidas nas descargas ou no manuseio, transporte e descarte de
resíduos.
Os benefícios para o produto incluem produtos com melhor qualidade
e mais uniformidade; redução dos custos do produto; redução nos custos de
13

embalagem; utilização mais eficiente dos recursos pelos produtos; aumento da


segurança dos produtos; redução do custo líquido do descarte do produto pelo cliente;
e maior valor de revenda e de sucata do produto.
A poluição provocada pelos efluentes líquidos dos laticínios assume
proporções que exigem conscientização dos proprietários e dos trabalhadores das
indústrias e práticas de ações corretas para minimizar o impacto ambiental
(MACHADO et al., 2002).
Diante da característica deste setor e sua importância, surgem
problemas ligados, principalmente, ao controle ambiental, pois as indústrias de
laticínios produzem quantidades razoáveis de efluentes líquidos e este por sua vez
apresenta alta carga orgânica.
Dessa forma, realizar o EIA/RIMA é essencial para analisar a
viabilidade ambiental de implantação do empreendimento.

3.1 PROPONENTE

Unidade de beneficiamento de leite e derivados, localizado na Rodovia PR-535,


Km 06, Bairro do Cafezinho, no município de Rio Branco do Ivaí, PR.

3.2 HISTÓRICO DA REGIÃO

O nome Rio Branco do Ivaí tem origem no latim "rivus", no latim vulgar "riu",
designando curso d'água natural. Branco origina-se do germânico "blank”, significando
luzidio, brilhante, alvo cândido, em relação ao termo Ivaí, o qual origina-se da língua
guarani e significa rio da flor ou da fruta bonita.
A ocupação do território que hoje constitui o município de vem do começo do
século XX. Os primeiros a movimentarem a região foram os safristas, via município
de Reserva e Cândido de Abreu. Posteriormente, vieram os madeireiros, atraídos
pelas extensas florestas de araucárias.
Destaca-se como personagem histórico José Ruivo, desbravador das terras da
antiga Leão Júnior. Um dos primeiros comerciantes foi Antônio Siknel. A área onde
14

está assentado o sítio urbano pertencia a Ari Borba Carneiro, antigo comprador de
suínos da região e bisneto de Gustave Rumbelsperger. Segundo José Ruivo "Ele
fornecia o pessoal para pagar quando engordasse os suínos".
Com a chegada de novos moradores, em boa parte atraídos pelas atividades
agrícolas e pecuárias. O loteamento da localidade foi realizado por Leônidas Borba
Carneiro, filho do pioneiro Ari Carneiro.
O nome da cidade é referência ao Rio Branco, que nas proximidades do sítio
urbano oferece bela queda de água, atualmente chamada de Véu de Noiva. Existem
outros atrativos turísticos na região, tais como a Caverna da Serra e o Salto da
Ariranha, no rio Ivaí. O termo "do Ivaí", de origem geográfica, foi acrescentado para
diferenciá-lo de município homônimo.
Em 1º de Abril de 1990, foi realizada uma reunião Pró-Emancipação, presidida
por Edison Rogério Borba Carneiro. O município de Rio Branco do Ivaí foi criado por
meio da Lei Estadual n.º 11.258 de 11 de dezembro de 1995, na sede do antigo distrito
de Rio Branco, com território desmembrado dos municípios de Rosário do Ivaí,
Cândido de Abreu e Grandes Rios. A instalação deu-se em 1º de janeiro de 1997.
Atualmente o município de Rio Branco do Ivaí possui uma área de 382,329 k²,
localizando-se a uma latitude 24°19'26" sul e a uma longitude 51°18'46" oeste, e
altitude de 650 m.
De acordo com as estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
a população de Rio Branco do Ivaí é de 3.809 habitantes, sendo 1.962 homens e 1.935
mulheres (IBGE, 2010). Sendo uma população rural de 2.978 e urbana de 919.
Em relação aos índices populacionais, destacam-se o Índice de
Desenvolvimento Humano – IDH, o qual é de 0,670, considerado baixo quando
comparado com os demais municípios da região.
O poder executivo é chefiado pelo prefeito Pedro Taborda Desplanches (2021
a 2024).
O município de Rio Branco do Ivaí pertence a bacia hidrográfica do Rio Ivaí. O
Rio Ivaí, maior rio da região, com várias nascentes, sendo fortalecido pelo Rio Branco,
o qual desagua no Ivaí, e percorre os arredores da cidade.
15

3.3 LOCALIZAÇÃO E ACESSOS

Unidade de beneficiamento de leite e derivados, localizado na Rodovia PR-535,


Km 06, Bairro do Cafezinho, no município de Rio Branco do Ivaí, PR.
Este Município está situado no Vale do Ivaí, localiza-se a Centro norte do
Estado do Paraná. O município de Rio Branco do Ivaí é margeado pelas seguintes
rodovias: PR 535. O que permite fácil acesso aos municípios circunvizinhos. A região
de implantação do empreendimento tem a seguinte localização geográfica (Tabela 2):

Tabela 2. Localização geográfica da área que será implantado o laticínio.

Coordenadas Geográficas (WGS84)

24°21’28,4” S 51°18’39,5” W

O principal acesso ao local do empreendimento, a partir de do distrito de João


Vieira (Cruzmaltina), é seguindo pela rodovia PR 451 e PR 535, passando por
Grandes Rios - PR, no centro do Município de Rio Branco do Ivaí, acessar a PR 535
sentido Rio do Tigre por aproximadamente 4000 metros (Figura 2).

Figura 2. Roteiro de acesso ao local que será instalado o laticínio.


16

3.4 ARRANJO GERAL DO PROJETO

Na figura 3 é apresentada a planta do arranjo geral do abatedouro municipal,


além da localização das lagoas e tanques para o armazenamento de resíduos.
Na figura abaixo são apresentados detalhes da construção do laticínio
Monpian.

Figura 3. Croqui do abatedouro municipal de São João de Ivaí (sem escala).

O setor lácteo é caracterizado pela diversidade de produtos, e


portanto, de linhas de produção, tornando-se necessário, inicialmente, definir os
termos: Leite e Produtos Lácteos.
Leite, por definição do Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento (MAPA), e também de acordo com a Normativa Mercosul do Setor
Lácteo, é o produto oriundo da ordenha completa e ininterrupta, em condições de
higiene, de vacas leiteiras sadias, bem alimentadas e descansadas. Leite de outras
espécies de animais deve conter o nome da espécie de que proceda.
O leite durante a ordenha, no transporte e na estocagem está sujeito
a contaminações que podem causar a sua deterioração ou veicular doenças ao
homem. Por isso é importante que nessas etapas as contaminações físicas, químicas
17

e principalmente a microbiológica sejam reduzidas ao máximo. Quando esse leite


chega à usina de beneficiamento, deve-se controlar a multiplicação dos
microrganismos presentes e evitar novas contaminações.
Na composição do leite consta a parte úmida, representada pela
água, e a parte sólida, representada pelo extrato seco total, composto pela gordura,
açúcar (lactose), proteínas e sais minerais. Quanto maior essa fração no leite, maior
será o rendimento dos produtos. O extrato seco desengordurado compreende todos
os componentes do extrato seco total, menos a gordura. Por força legal, o produtor
não pode desnatar o leite, apenas as indústrias podem fazê-lo por meio de
desnatadeiras.
Devido ao seu elevado teor de água, gordura, lactose, minerais,
enzimas e vitaminas, o leite tende a sofrer grandes influências ambientais e biológicas,
sendo considerado um excelente meio de cultura para toda classe de microrganismos
nele presentes. Isso faz com que seja indispensável a sua adequada conservação, o
que normalmente exige tratamento térmico. O emprego de altas temperaturas no
processo de conservação do leite está fundamentado nos efeitos deletérios do calor
sobre os microrganismos, e tem por objetivo controlar o desenvolvimento microbiano,
de modo a eliminar riscos à saúde do consumidor, e prevenir ou retardar alterações
indesejáveis do produto (MAGANHA, 2008).
Entende-se por produto lácteo o produto obtido mediante qualquer
elaboração do leite que pode conter aditivos alimentícios e ingredientes
funcionalmente necessários para sua elaboração (MAPA, 2005). Existe grande
variedade de produtos lácteos, entre eles, iogurte, ricota, manteiga, creme de leite,
leite condensado, leite em pó, doce de leite, sorvete, requeijão e queijo.

3.5 USINA DE BENEFICIAMENTO

A indústria de laticínios caracteriza-se por consumir grande


quantidade de água para operações de processamento e limpeza, tendo por outro
lado, a geração de vazões elevadas de efluentes (1,1 a 6,8 m3 m-3 leite processado)
contendo nutrientes, poluentes orgânicos persistentes e agentes infectantes.
Neste cenário, considera-se como atitude necessária à
implementação de sistemas de tratamento de efluentes otimizados e integrados com
a identificação dos pontos críticos de geração dos despejos líquidos no processo
18

produtivo para que se tenha uma produção sustentável.


Os efluentes gerados na indústria de laticínios são, em sua maioria,
gerados nas operações de limpeza, descarga, descarte, vazamentos e
derramamentos (HUANG et al., 2014). De 50 a 95% do volume total destes efluentes
se originam nas operações de lavagem e limpeza, que incluem o enxague e
desinfecção de latões de leite, tanques diversos, tubulações para remoção de
resíduos de leite e lavagem de pisos (WILDBRETT, 2011).
Os processos de higienização produzem efluentes também
denominados como ‘águas brancas’, que contêm frações diluídas de produtos lácteos,
consideradas perdas não acidentais destes produtos (BALLANEC et al., 2002).
A composição dos efluentes das indústrias de laticínios varia muito de
acordo com o processo e o produto fabricado, possuindo geralmente um alto teor de
matéria orgânica, gorduras, sólidos suspensos e nutrientes. O tratamento destes
efluentes é composto, em sua maioria, de tratamento primário para remoção de
sólidos suspensos, óleos e gorduras e tratamento secundário para remoção de
matéria orgânica dissolvida e de nutrientes (nitrogênio e fósforo) presentes no
efluente. O tratamento terciário é usado em poucos casos, como polimento do efluente
tratado (ANDRADE, 2011).
O tratamento primário de efluentes promove filtração de sedimentos
maiores, a sedimentação primária, e separação da gordura, podendo ser um processo
físico ou físico-químico, no qual são separados os sólidos suspensos
(KARAPANAGIOTI, 2016).
No que diz respeito ao tratamento secundário, as lagoas anaeróbicas
são frequentemente utilizadas para a redução de carga orgânica, principalmente
dissolvida, das águas residuais.
A degradação ocorre quando o efluente entra em contato com micro-
organismos, seja em ambiente aeróbio ou anaeróbio, onde a matéria orgânica é
metabolizada podendo chegar a redução de até 90% da DBO (demanda bioquímica
de oxigênio) (KARAPANAGIOTI, 2016).
No tratamento secundário dos efluentes na indústria de laticínios a
matéria orgânica é removida por meio de degradação biológica, sendo empregadas
tecnologias, tais como lagoa facultativa (JUSTINA et al., 2017).
Pelo exposto, a obtenção de processos economicamente viáveis, com
menor geração de lodo, maior eficiência na remoção de poluentes, utilizando o menor
19

espaço físico possível é um desafio capaz de agregar valor à indústria de laticínios,


corroborando com o seu crescimento.

3.6 PASTEURIZAÇÃO DO LEITE

A pasteurização tem como objetivo assegurar a destruição dos micro-


organismos patogênicos, é necessário aquecer o leite a determinada temperatura, e
mantê-lo nessa temperatura durante certo intervalo de tempo, antes de resfriá-lo
novamente.
A temperatura usada para se proceder a pasteurização é 60-65ºC por
30 minutos (pasteurização lenta) ou 72-75ºC por 15 segundos (pasteurização rápida).
Temperaturas mais elevadas ou fervura do leite não são recomendáveis pois trarão
problemas de coagulação ao leite.
A pasteurização permite uma série de vantagens como: queijos de
melhor qualidade, queijos uniformes, queijos com menores possibilidades de defeitos
de inchação, sabor e ainda segurança ao consumidor em termos de saúde pois matam
bactérias que podem causar a tuberculose, brucelose, febre aftosa e outras.
O leite contém naturalmente bactérias lácticas que na sua maioria são
destruídas durante o processo de pasteurização, razão pela qual devem ser repostas
no leite após pasteurização a fim de se obter as características desejáveis nos queijos.
As espécies mais utilizadas são o Streptococcus cremoris, Streptococcus lac-tis,
Streptococcus diacetylactis e Leuconostoc cremoris. O cloreto de cálcio também é
adicionado, com o objetivo de restabelecer o teor de cálcio perdido durante o processo
de pasteurização.

3.7 INSPEÇÃO INDUSTRIAL E SANITÁRIA DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

Conforme a Lei Federal nº 7889, de 23 de novembro de 1989, Brasil


(1989), é estabelecida a obrigatoriedade de fiscalização, sob o ponto de vista industrial
e sanitário, de todos dos produtos de origem animal. Nenhum estabelecimento
industrial de produtos de origem animal poderá funcionar no país, sem que esteja
previamente registrado no ministério da agricultura, secretaria de agricultura do estado
e do município conforme a abrangência do comércio de seus produtos.
20

Atualmente, no Brasil, existem três competências legais nas quais se


exercem os serviços de inspeção de produtos de origem animal, são as seguintes:

a) Serviço de Inspeção Federal (SIF): avalia a qualidade na produção de


alimentos de origem animal a nível federal. Registram-se nesse serviço os
estabelecimentos que comercializam produtos entre estados e/ou para exportação.
Até receber o carimbo do SIF, o produto atravessa diversas etapas de fiscalização e
inspeção, cujas ações são orientadas e coordenadas pelo Departamento de Inspeção
de Produtos de Origem Animal (DIPOA), da Secretaria de Defesa Agropecuária
(SDA).

b) Serviço de Inspeção Estadual: O órgão responsável pela inspeção no


estado do Rio Grande do Sul é a Coordenadoria de Inspeção de Produtos de
Origem Animal (CISPOA). Nesse serviço são registrados os estabelecimentos que
comercializam produtos para outro município.

c) Serviço de Inspeção Municipal (SIM): são registrados nesse serviço os


estabelecimentos que comercializam produtos dentro do município.

Na área de lácteos, a fiscalização deve ser realizada nas usinas de


beneficiamento do leite, nas fábricas de laticínios, nos postos de recebimento,
refrigeração, manipulação e desnatagem do leite e de seus derivados.

3.8 FLUXOGRAMA DO LATICÍNIO

A matéria prima, o leite, chega à indústria por caminhões isotérmicos onde são
coletadas amostras de leite diretamente no caminhão são e realizadas algumas
análises através de testes rápidos para determinação de acidez e densidade, logo
após o recebimento, é realizado a pesagem, filtração e armazenamento em
refrigeradores até sua utilização no processo.
Durante seu processamento, o leite é submetido à filtração para remover
partículas maiores e impurezas, à padronização onde é reajustado o teor de gordura
21

do leite e à pasteurização para eliminar as bactérias patogênicas. Junto com a


pasteurização, há também o tratamento térmico para garantir a destruição do micro-
organismos patogênicos.
Após o tratamento, o leite é separado e encaminhado para o processo de
beneficiamento do Leite Longa Vida e derivados. Depois de prontos, os produtos são
devidamente embalados, identificados e armazenados até serem levados para a
comercialização.
Na figura 4 é apresentado o fluxograma do laticínio Monpian.

Figura 4. Fluxograma do processamento de leite no laticínio.

3.9 C ONTEXTO EM QUE SE INSERE O LATICÍNIO

O Paraná é composto por 399 municípios, dentre eles a cidade de Rio Branco
do Ivaí, com aproximadamente 382.329 km² de extensão territorial, possui pouco mais
de 3.809 habitantes, dentre os quais cerca de 2.978 vivem na zona rural e 919 vivem
22

na zona urbana, dados do IBGE 2010.


Rio Branco do Ivaí é um município agrícola e agropecuário, predominante de
pequenos produtores, atuando em diversas atividades rurais. A implantação do
laticínio será de grande importância econômica para o município, incentivando a
economia local, agregando valor aos produtos de origem animal produzidos no
município e fomentando a comercialização dos mesmos.

3.10 DEMANDA PELO LATICÍNIO

O crescimento populacional nas últimas décadas acarretou a um aumento


significativo no consumo de leite e derivados, trazendo assim a necessidade de
produzir derivados de leite para que toda a demanda seja suprida. É então que surge
os laticínios, sejam eles públicos ou privados, as atividades realizadas nesse local
podem provocar diversos problemas ambientais, especialmente no que se diz respeito
às condições finais dos efluentes líquidos e resíduos sólidos provenientes do mesmo.
Em virtude disso, a pesquisa tem como objetivo identificar os impactos
ambientais decorridos das atividades realizadas no laticínio Monpian de Rio Branco
do Ivaí.
O beneficiamento e transformação do leite e derivados será de grande
importância local, ocasionando um impacto econômico significativo, principalmente,
pelo fato de poucos laticínios na região. Vale ressaltar que o município de Rio Branco
do Ivaí apresenta uma expressiva produção de gado de leite, o que demanda um
laticínio para os mesmos, que respeite a legislação vigente e os requisitos exigidos,
comercializando derivados lácteos saudáveis que garanta a segurança alimentar da
população.
O processamento de leite e derivados é uma das atividades econômicas mais
importantes no mercado brasileiro. Mesmo o laticínio apresentando uma quantidade
processamento pequena em relação aos demais da região, é de grande importância
econômica e local a sua implantação, conforme a tabela 3.
23

Tabela 3. Previsão de processamento semanal no laticínio de Rio Branco do Ivaí.

N° de litros de leite cru processado


Espécie animal
por dia

Bovino 1000
24

4. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS

O objetivo do EIA/RIMA é atestar a viabilidade ambiental do empreendimento,


por meio da caracterização do projeto, conhecimento e análise da situação atual das
áreas passíveis de sofrerem modificações devido a sua implantação e operação – as
denominadas áreas de influência, para o posterior estudo comparativo entre a
situação atual e a situação futura.
Essa análise é realizada por meio da identificação e avaliação dos impactos
ambientais potenciais, decorrentes das obras e funcionamento do empreendimento.
Tal avaliação considera a proposição de ações de gestão dos impactos, que visam
minimizar e/ou eliminar as alterações negativas, e incrementar os benefícios trazidos
pela implantação do empreendimento.
Desde a origem do homem, a carne faz parte da sua alimentação. Atualmente,
com o crescimento populacional, a demanda por carne tem aumentado, provocando
um acentuado aumento nas atividades no setor, que consequentemente trouxe
consigo uma preocupação com o meio ambiente, pela geração de resíduos que
poluem o ar, água e o solo.
Nessa perspectiva, levando em consideração o elevado índice do consumismo
de carne pela população brasileira, surge a necessidade de uma análise detalhada
sobre o processo beneficiamento e processamento do leite nos laticínios, bem como,
os impactos ambientais causados ao meio ambiente, e a comunidade local.
O presente estudo terá como proposta analisar e responder a seguinte questão
levando em consideração os impactos ambientais: Como a implantação e o
funcionamento do laticínio em Rio Branco do Ivaí irá gerenciar os impactos ambientais
decorrente do desenvolvimento de suas atividades? Para responder a esta pergunta,
tem-se como principal objetivo avaliar o processo beneficiamento e processamento
do leite, assim como, os impactos ambientais provenientes desta atividade e os danos
ambientais que a mesma causa na saúde da população local.
E como objetivos específicos, analisar os impactos ambientais causados pelos
resíduos líquidos e sólidos, identificando onde os mesmos serão despejados, e
averiguar as mais adequadas formas de tratamento aos dejetos advindos do laticínio
e por último, verificar quais as providências tomadas pelo laticínio, no sentido de
minimizar os impactos ambientais que os dejetos trazem para a comunidade residida
em seu entorno.
25

5. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL MEIO FÍSICO

O diagnóstico ambiental do meio físico da área onde será instalado o laticínio


foi realizado segundo seus componentes clima, geologia, geomorfologia, pedologia,
recursos minerais, hidrogeologia, hidrologia e qualidade das águas, em função das
técnicas específicas de abordagem.
Uma obra do porte e concepção do empreendimento em tela oferece uma
pequena influência sobre o meio físico regional, apresentando interferências pouco
significativas na área diretamente afetada pelas obras. A despeito do caráter pontual
das obras, os fatores ambientais avaliados foram inicialmente contextualizados
regionalmente, sendo em seguida feitas considerações de cunho local.

5.1 C LIMA

A classificação climática mais conhecida e utilizada foi desenvolvida pelo


pesquisador Wladimir Köppen. Baseia-se na correlação entre clima e vegetação
sendo expressa por letras correspondentes a determinado clima.
Em linhas gerais o município de Rio Branco do Ivaí é caracterizado como
subtropical úmido Cfa, com temperatura média do mês mais quente 23 º C, invernos
com temperatura média de 19º C segundo classificação de Köppen, com verões
quentes e com geadas pouco frequentes com tendência de concentração das chuvas
nos meses de verão, sem estação seca definida.
Nas altitudes inferiores a 600 metros, chove de 1200 mm a 1500 mm anuais.
As chuvas diminuem nos meses de inverno e ocorrem com maior intensidade nos
meses de verão. Normalmente, o mês de agosto é o menos chuvoso, enquanto que
janeiro é o mais chuvoso. Durante o trimestre mais chuvoso (dezembro, janeiro e
fevereiro), a precipitação média é de 176,8 mm e no trimestre menos chuvoso (junho,
julho e agosto), apresenta precipitação máxima média igual a 70,1 mm.
Na figura 05 é apresentado o mapa de caracterização climática do estado do
Paraná com destaque para o município de são Rio Branco do Ivaí – clima Subtropical
Úmido Mesotérmico – Cfa.
26

Figura 5. Caracterização climática do estado do Paraná, com destaque para o


município de Rio Branco do Ivaí - Subtropical Úmido Mesotérmico – Cfa.
Fonte: NITSCHE et al. (2019).

Quanto aos ventos o Paraná normalmente se encontra sob o domínio da


circulação do atlântico, representada pelo Anticiclone Tropical Marítimo (semi –
estacionário), que provoca a formação de ventos vindos de Leste, geralmente fracos.
Por ocasião das penetrações de massas polares (Anticiclones Polares
migratórios), notadamente no período frio do ano (inverno) a circulação é marcada
pela mudança de ventos moderados a fortes com rajadas, vindos do Quadrante Sul,
rondando para Oeste ou mesmo girando para Leste, dependendo das rotas
assumidas pelos Centros de Alta Pressão. Mesmo assim a sua frequência em termos
de percentual de horas totais do ano não afeta a dominância da circulação geral de
Leste.
No período quente do ano (verão) a formação de chuvas convectivas, esparsas
e localizadas pode provocar a formação de ventos de direções variadas,
momentâneas, que às vezes assumem intensidades capazes de causarem danos
locais. As rajadas mais fortes são nas direções Sul, Sudoeste, Oeste e Noroeste,
precedendo ou combinados com intensas precipitações, constituindo-se em temporais
ou tempestades, quer por ocasião da chuva convectiva ou intensa atividade frontal.
27

Baseados em informações locais os vendavais ocorrem com ventos SUDOESTE,


ventos com chuvas OESTE, brisas leves SUDESTE e ar quente de verão
NORDESTE.
Na figura 06 é apresentado frequência média anual da direção dos ventos no
estado do Paraná.

Figura 06. Direção dos ventos no estado do Paraná – frequência média anual.
Fonte: IAPAR (2006).

5.2 PRECIPITAÇÃO

Define-se precipitação como sendo qualquer deposição em forma líquida ou


sólida proveniente da atmosfera, podendo ser chuva, granizo, neve, neblina, chuvisco,
orvalho e outros hidrômetros (WMO, 1990). Expressa-se em milímetros (mm), sendo
1 mm equivalente a 1 L m-2 (NITSCHE et al. 2019).
O levantamento dos dados de precipitação anual e por estação do ano foram
adquiridos por meio do Atlas Climático do Estado do Paraná, o qual utilizou-se de
banco de dados de estações meteorológicas e pluviométricas do Instituto de
Desenvolvimento Rural do Paraná – IAPAR/EMATER, do Sistema Meteorológico do
28

Paraná – SIMEPAR e do instituto de Terras e Águas do Paraná (NITSCHE et al. 2019).


Na figura 07 são apresentados as médias anuais de precipitação para o
estado do Paraná – 1600 a 1800 mm anual. Destaca-se o Município de Rio Branco do
Ivaí, PR, indicado pela marcação no mapa.

Figura 074. Precipitação anual para o Estado do Paraná, com destaque para o
Município de Rio Branco do Ivaí.

Nas figura 08 e 09 são apresentados as médias de precipitação para as


estações – inverno (250 a 300 mm) e verão (550 a 600 mm) respectivamente, para o
estado do Paraná. Destaca-se o Município de Rio Branco do Ivaí, PR, o qual indicado
pela marcação no mapa.
29

Figura 085. Precipitação média em (mm) para a estação inverno no Estado do


Paraná, com destaque para o município de Rio Branco do Ivaí.

Figura 09. Precipitação média em (mm) para a estação verão no Estado do Paraná,
com destaque para o município de Rio Branco do Ivaí.
30

5.3 TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA

Nas figuras 10, 11 e 12 são apresentadas as temperaturas médias, mínimas


e máximas do estado do Paraná. Destaca-se o município de Rio Branco do Ivaí. O
município apresenta temperatura média anual entre 21 a 22 oC, temperatura média
mínima de 17 a 18 oC e temperatura média anual máxima de 28 a 29 oC.

Figura 60. Temperatura média mínima anual para o estado do Paraná com destaque
para o município de Rio Branco do Ivaí.
31

Figura 71. Temperatura média anual para o estado do Paraná com destaque para o
município de Rio Branco do Ivaí.

Figura 82. Temperatura média máxima anual para o estado do Paraná com destaque
para o município de Rio Branco do Ivaí.
32

A umidade relativa do ar expressa a quantidade de vapor d’água existente na


atmosfera em dado momento em relação ao máximo de vapor d’água que poderia ser
contido no ar, à temperatura ambiente (WMO, 1990). O valor da umidade relativa pode
mudar pelo aumento ou diminuição do conteúdo de vapor d’água presente na
atmosfera, bem como pela mudança de temperatura. É expressa em percentual (%).
A município de Rio Branco do Ivaí apresenta índices de umidade relativa média
anual de 70 a 75%, variando nos meses de inverno de 70 a 75% e nos meses de
verão de 75 a 80% de umidade relativa do ar.

Figura 13. Média anual para a umidade relativa no estado do Paraná com destaque
para o município de Rio Branco do Ivaí.
33

Figura 94. Média para a umidade relativa no inverno para estado do Paraná com
destaque para o município de Rio Branco do Ivaí (sem escala).

Figura 105. Média para a umidade relativa no verão para estado do Paraná com
destaque para o município de Rio Branco do Ivaí.
34

5.4 GEOLOGIA

A mesorregião Norte Central onde se encontra o município de Rio Branco do


Ivaí está localizada parcialmente, em sua maior extensão territorial, no Terceiro
Planalto, e uma pequena porção está localizada no Segundo Planalto. O Terceiro
Planalto ou Planalto do Trapp do Paraná é constituído por derrames basálticos e a
conformação de sua paisagem é bastante uniforme, determinada pelas formas de
mesetas (pequenos planaltos), patamares (planaltos pouco elevados, em geral
arenosos) e pelas extensas várzeas do Rio Paraná.
É limitado pela Serra da Esperança, que o separa do Segundo Planalto.
Alteração das rochas basálticas, associada ao clima da região, deu origem aos solos
do tipo terra roxa, dentre os quais se ressaltam três tipos: latossolo roxo, cuja estrutura
determina que, ao ser moto mecanizado, fique sujeito à erosão; terra roxa estruturada,
com solos profundos, argilosos, bem drenados e com elevada fertilidade natural; e
litólicos, solos pouco profundos e muito suscetíveis à erosão (MAACK, 1968).
O Segundo Planalto, também denominado planalto de Ponta Grossa, exibe
em geral uma paisagem suavemente ondulada onde ocorrem elevações e morros do
tipo mesetas, de forma isolada ou em cadeia, definidas geomorfologicamente pela
diferença de erosão entre rochas sedimentares (arenitos) e rochas eruptivas básicas
(basaltos), caracterizando uma configuração de superfície muito uniforme. Na sede
urbana de São João do Ivaí as áreas nas extremidades norte e ao sul da malha urbana
não favorecem à urbanização devido à presença de córregos e declives variados e
acentuados na malha urbana.

5.5 GEOMORFOLOGIA

A geomorfologia é a ciência que estuda as formas de relevo, sua gênese,


composição e os processos que nelas atuam. O relevo da superfície terrestre é
resultado da interação da litosfera, atmosfera, hidrosfera e biosfera, ou seja, dos
processos de troca de energia e matéria que se desenvolveram nessa interface, no
tempo e no espaço.
No espaço, o relevo varia da escala planetária (continentes e oceanos) à
continental (cadeias de montanhas, planaltos, depressões e grandes planícies) e à
35

local (morros, colinas, terraços, depressões e grandes planícies). No tempo, sua


formação varia da escala geológica àquela do homem.
A análise do relevo é importante para a definição da fragilidade ou
vulnerabilidade do meio ambiente e no estabelecimento de legislação para sua
ocupação e proteção. Dependendo de suas características, o relevo favorece ou
dificulta a ocupação dos ambientes terrestre pelas atividades humanas.
Atualmente, a geomorfologia dispõe de uma grande variedade de métodos,
técnicas e equipamentos que permitem estudar com profundidade formas de relevo e
processos geomorfológicos, ao combinar modelos de previsão, observações de
campo e informações extraídas de dados de sensoriamento remoto.
As etapas e procedimentos para o delineamento da geologia da área do
empreendimento foram as seguintes: compilação de imagens aéreas e documentos
cartográficos relacionados à geologia da região de Rio Branco do Ivaí, PR, revisão de
literatura, com enfoque regional dos litotipos e estruturas possíveis de ocorrerem na
área de implantação do empreendimento, levantamento de campo para verificação e
descrição de afloramentos de rochas na área do empreendimento.
Utilizou-se como referência para a execução do presente trabalho o Atlas
Geomorfológico do Estado do Paraná, elaborado pela Universidade Federal do
Paraná em 2006, o qual é referência em estudos geomorfológicos no estado.
Os procedimentos metodológicos utilizados na elaboração do atlas
geomorfológico, estão fundamentados no conceito de morfoestrutura e
morfoescultura, definidas com base nos trabalhos de classificação e taxonomia do
relevo de Ross (1992) e Ross e Moroz (1996).
A metodologia de interpretação das imagens baseou-se em Soares e Fiori
(1976) e de mapeamento em Oka-Fiori (2002). Como suporte para a execução do
mapeamento, foram utilizadas cartas topográficas digitais (formato vetorial), escala
1:250.000 - DSG; imagem de radar SRTM-Shuttle Radar Topography Mission; o
ArcView 3.2 como software para processamento, tratamento e armazenamento das
informações, além de mapas e cartas geológicas. Foram considerados como
elementos básicos para a definição das unidades a similitude de formas de relevo
relacionada às condicionantes de natureza estrutural e litológica.
O método lógico de interpretação das imagens e mapeamento das unidades
define-se pelo reconhecimento dos elementos texturais e estruturais do relevo na
imagem, os quais se organizam em zonas homólogas, ou padrões de relevo.
36

O município de Rio Branco do Ivaí está inserido na sub-unidade morfoescultural


número 2.4.1, denominada Planalto de Pitanga/Ivaiporã, situada no Terceiro Planalto
Paranaense, apresenta dissecação média e ocupa uma área de 170,70 km², que
corresponde a aproximadamente 1% desta Folha. A classe de declividade
predominante é menor que 12% em uma área de 73,99 km². Em relação ao relevo,
apresenta um gradiente de 160 metros com altitudes variando entre 320 (mínima) e
500 (máxima) m. s. n. m. As formas predominantes são topos alongados, vertentes
convexas e vales em “V”, modeladas em rochas (figura 16).

Figura 16. Folha geomorfológica de Londrina a qual está inserido o Município de Rio
Branco do Ivaí – destacado pelo círculo vermelho (sem escala).
Fonte: UFPR (2006).

Na figura 17 são apresentadas imagens do perfil morfogeológico da área do


entorno ao local que será implantado o abatedouro municipal.
37

Figura 17. Relevo predominante no município de Rio Branco do Ivaí - sub-


unidade morfoescultural número 2.4.1.

5.6 PEDOLOGIA

Um empreendimento do porte de um laticínio, como é o caso de Rio Branco do


Ivaí - PR, envolve um número reduzido de unidades de solo, notadamente por sua
pequena extensão real. No caso deste empreendimento, sua interação com os solos
da região é pouco expressiva em face das obras serem em grande parte superficiais
– construção civil e lagoas para decantação dos resíduos líquidos do laticínio.
A integração do fator solo em estudos ambientais requer a inserção de
parâmetros pedológicos segundo uma perspectiva sistêmica. O conceito de paisagem
assume um aspecto integrador que relaciona as variáveis de solos aos condicionantes
ambientes e socioeconômicos de forma a facilitar o inter-relacionamento dinâmico que
acontece nos ambientes naturais e modificados.
Quanto ao conceito de paisagem aqui utilizado ele se refere mais diretamente
aos aspectos geoecológicos, porém levando em conta o uso e a ocupação dos solos.
Para contextualizar o empreendimento, utilizou-se das informações disponíveis na
literatura, subsidiadas por levantamentos de campo e coletas de solo para análises
laboratoriais do perfil químico e físico do solo.
Foram coletadas amostras compostas de solo em profundidades de 0 a 20 cm
visando a caracterização química do solo, bem como amostras de 0 a 40 cm para
avaliação das propriedade físicas do solo (EMBRAPA, 2011).
Atualmente a avaliação qualitativa do solo pode ser feita através de técnica
38

visual, com resultados rápidos e confiabilidade, além de baixos custos e trazer


informações muito úteis ao planejamento e avaliação do solo. A avaliação se baseia
em observações morfológicas, sem análises laboratoriais (HOUSKOVA, 2005). É
ferramenta que monitora o manejo (NIERO et al., 2010). Como método de avaliação
da qualidade do solo, destaca-se o VESS (Avaliação visual da estrutura do solo ou
Visual Evaluation of Soil Structure) (BALL et al., 2007).
A caracterização da propriedade para o estudo teve início com o levantamento
(diagnóstico), com observações geomorfológicas da área. O levantamento de campo
possibilita determinar a capacidade de uso das terras da propriedade e da microbacia,
conforme Schineider et al., (2007) e Lepsch et al., (2015). Estabeleceu-se
topossequência nos talhões para observar as variações geomorfológicas.
No levantamento avaliou-se os atributos diagnósticos, como: textura,
profundidade efetiva, declividade, permeabilidade, pedregosidade, hidromorfismo,
classes de solo, permeabilidade, composição química e física, entre outras. Para a
avaliação do solo predominante na região foram utilizados métodos visuais e métodos
analíticos laboratoriais.
Os materiais utilizados para a coleta de dados: notebook, calculadora científica,
trado holandês, pá reta ou cortadeira, GPS na forma de aplicativo em celular, nível de
laser na forma de aplicativo em celular, nível óptico, cartas para avaliação da
qualidade estrutural (VESS), carta para avaliação da classe de textura do solo, fio
graduado para avaliação da proteção do solo, Google Earth Pró, prancheta, canetas,
entre outros.
A caracterização da classe de solo predominante na área foco do presente
estudo, foi realizado por meio de 1 trincheiras (0,5 m de largura por 0,5 m de
comprimento e 0,5 m de profundidade), as trincheiras foram abertas com auxílio de
uma pá cavadeira manual. A classe foi definida com base no Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos da Embrapa (1999).
A denominação dos solos leva em conta o Novo Sistema Brasileiro de
Classificação que tem sido coordenado pela EMBRAPA. O esquema referente aos
solos mapeados na região de Rio Branco do Ivaí segue a taxonomia que foi adotada
no Brasil e que consta no mapa do presente relatório .
O reconhecimento das condições de campo foi realizado nos dias 16 e 17 de
janeiro de 2023.
39

5.7 C ONTEXTO PEDOLÓGICO REGIONAL

A área do Projeto foi cartografada no Levantamento de Reconhecimento dos


Solos do Estado do Paraná de 1981 (EMBRAPA/IAPAR, 1981) como pertencente a
duas associações de solos (figura 25).
RRd5 - Associação de NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico típico, substrato
siltitos + CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico argissólico, substrato folhelhos,
ambos textura argilosa, A moderado, fase floresta subtropical subperenifólia, relevo
forte ondulado; com 0,44% de área de recobrimento no Estado do Paraná
RRe1 – NEOSSOLOS REGOLÍTICOS Eutróficos típicos (na denominação
anterior NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico típico) textura argilosa A moderado, fase
floresta subtropical subperenifólia relevo forte ondulado e montanhoso substrato
siltitos arenitos e argilitos (+ diabásios de soleiras, conforme cartas geológicas e
checagem de campo da equipe do presente trabalho); com 2,37%. No setor do
Projeto, esta unidade inclui ainda afloramentos de rochas, tanto de siltito quanto de
diabásio, alguns deles com cachoeiras e cascatas.
NBa2 - Associação de NITOSSOLO BRUNO Alumínico úmbrico, fase floresta
subtropical subperenifólia, relevo suave ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO
Alumínico úmbrico, fase floresta subtropical subperenifólia, relevo ondulado, substrato
siltitos, argilitos e folhelhos, ambos textura argilosa; com 0,67% de área de
recobrimento no Estado do Paraná.

5.8 C ONSIDERAÇÕES SOBRE A PEDOLOGIA LOCAL

A síntese das observações de campo e da análise dos dados existentes sobre


os solos do local escolhido para a implantação do laticínio pode ser colocada em
vários níveis de aproximação. Esses níveis se referem de um lado ao comportamento
físico e químico destes solos face às transformações que o Projeto poderá impor ao
ambiente local.
Para a avaliação visual da estrutura do solo utilizou-se a carta para avaliação
da qualidade estrutural (VESS), onde se concluiu que a qualidade estrutural é Qe3
Firme – macroporos e fissuras presentes, porosidade e raízes: ambas dentro dos
agregados, conforme a figura 18.
40

Figura 18. Avaliação visual da estrutura do solo através da carta para avaliação da
qualidade estrutural (VESS).

Tabela 4. Atributos avaliados para elaboração do diagnóstico da propriedade.

Critérios de Diagnóstico Unidades de Mapeamento - Classes de Solo

24°21’28,4” S
Coordenadas
Geográficas 51°18’39,5” W

Ponto analisado 1

Declividade (%) 7 – 15 %
Pedregosidade Pd0
Risco de Inundação -
Profundidade efetiva >1

Textura
arg/arg

Permeabilidade R/R

Hidromorfismo Hi0
Erosão Laminar 0
Erosão em Sulcos Ausente

Com base nos estudos de campo foi possível categorizar o solo da área em
que será implantado o empreendimento e nota-se grande aproximação com os dados
disponíveis na literatura consultada (UFPR, 2008). O solo é definido como Neossolo
Regolítico, não hidromórfico, apresentando alta erodibilidade principalmente em
declives mais acentuados (vide figura 27).
41

Neossolos Regolíticos compreendem solos minerais com baixo grau de


evolução pedogenética, evoluídos a partir dos sedimentos siltoarenosos, o que
engloba alguns nitossolos brunos de menor desenvolvimento, neossolos regolíticos
mais profundos ambos com profundidades menores que 0,50 m; normalmente
dispostos em paisagens onde os processos de dissecação do relevo sobrepujam a
dinâmica de pedogênese. Por esta razão, possuem pequenas espessuras com
sequenciamento de horizontes mais simples quando comparado a solos mais
desenvolvidos.
No caso dos solos mais rasos, quaisquer impactos tendem a serem mai s
duradouros e de recuperação mais difícil. A velocidade de cicatrização da paisagem
vegetal é mais lenta e o progresso para a formação de um solum mais espesso e
completo pode ser interrompido por impactos secundários tais como queimadas,
erosão, passagem de veículos, pisoteamento por pessoas ou gado, etc.
Assim durante as obras externas, ao ar livre, do futuro empreendimento deve
ser tomada uma série de medidas preventivas e mitigadoras tais como:
a) Minimizar a mobilização do terreno para reduzir a remoção ou deposição
de solo nas áreas contíguas às obras;
b) Evitar a compactação do solo evitando a redução de sua permeabilidade
natural, pois devido à instabilidade estrutural essa pode ser perdida de forma a tornar
difícil sua recuperação;
c) Ter especial atenção nos vertedouros de águas pluviais das áreas a serem
impermeabilizadas para não promover escoamento hídrico concentrado
sobre o solo, evitando sua erosão e formação de sulcos;
d) Minimizar a mobilização do terreno para reduzir a remoção ou disposição
de solo nas áreas contíguas às obras.

Diante dessas considerações o empreendedor deve considerar essas variáveis


de solo na fase de operacionalização das atividades de construção e manutenção da
obra de forma a não degradar um patrimônio de lenta recuperação.
42

5.9 D ETERMINAÇÃO DA DECLIVIDADE

A declividade é a inclinação do relevo em relação ao plano horizontal


(FLORENZANO, 2008). Esse aspecto do terreno é uma das principais características
geomorfológicas limitantes à utilização de máquinas agrícolas uma vez que está
intimamente ligada às condições de tráfego, pois afeta a velocidade de deslocamento
e a estabilidade das máquinas (HÖFIG & ARAUJO-JUNIOR, 2015).
Além dos aspectos relacionados à mecanização, a declividade pode influenciar
diretamente no desenvolvimento das redes de drenagem e distribuição do
escorrimento superficial que, por sua vez, estão relacionados com as perdas de solo
(RӦMKENS; HELMING; PRASAD, 2001).
As terras são classificadas no Sistema de Capacidade de Uso através do
confronto entre as classes de declive e as unidades pedológicas. Esta classificação
estabelece classes homogêneas de terras baseadas no grau de limitação e
subclasses, com base na natureza da limitação do uso. Na caracterização das classes
de Capacidade de Uso, leva-se em consideração a maior ou menor complexidade das
práticas conservacionistas, quais sejam: as de controle de erosão e as de
melhoramento do solo (calagens, adubação, etc.).
A avaliação da declividade do terreno foi realizada por meio de nível clinômetro
da marca YAMANO®, Instrumento especialmente feito para a medição de rampas,
bastante portátil, que não necessita de tripé para o seu uso (figura 19).

Figura 19. Nível clinômetro da marca YAMANO®

O talhão apresentou uma variação na declividade de 7 a 15 na área de


construção do laticínio. Os dados de declividade obtidos em campo convergem com
os apresentados pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
43

– IPARDES (1995).
A figura 20 apresenta os dados sobre os valores de declividade dos solos do
estado do Paraná, com destaque para o município de Rio Branco do Ivaí.

Figura 20. Classes de declividade presentes nos solos do estado do Paraná – sem
escala.
Fonte: Adaptado de IPARDES (2005).

5.10 DETERMINAÇÃO DA PROFUNDIDADE EFETIVA

Para Lepsch et al., (2015), a profundidade efetiva é determinada pela existência


de limitações físicas para o crescimento de raízes. Esse processo foi realizado com o
auxílio de trado holandês e pá reta, para a extração de colunas de solo.

5.11 PERMEABILIDADE DO SOLO

Infiltração é a passagem de água da superfície para o interior do solo. Portanto,


é um processo que depende fundamentalmente da água disponível para infiltrar, da
natureza do solo, do estado da sua superfície e das quantidades de água e ar,
inicialmente presentes no seu interior.
44

A medida em que a água infiltra pela superfície, as camadas superiores do solo


vão umedecendo de cima para baixo, alterando gradativamente o perfil de umidade.
Enquanto há aporte de água, o perfil de umidade tende à saturação em toda a
profundidade, sendo a superfície, naturalmente, o primeiro nível a saturar.
Normalmente, a infiltração decorrente de precipitações naturais não é capaz de
saturar todo o solo, restringindo-se a saturar, quando consegue apenas as camadas
próximas à superfície, conformando um perfil típico onde o teor de umidade decresce
com a profundidade.
Capacidade de infiltração da água no solo. Sua classificação tem relação direta
com os atributos diagnósticos citados nos tópicos anteriores. Permeabilidade é obtida
pelo conhecimento dos atributos diagnósticos: profundidade efetiva, textura, estrutura,
formação geológica, declividade, classe a que o solo pertence, entre outros. É
resultante da avaliação dos atributos, citados no parágrafo descrito anteriormente.

5.12 DETERMINAÇÃO DA COBERTURA DA ÁREA E PEDREGOSIDADE

A avaliação da cobertura da área e pedregosidade realizada por observação


visual através de caminhamento pela área. A figura 21 apresenta as características
do solo onde será implantado o laticínio de Rio Branco do Ivaí.

Figura 21 Solo da área onde será implantado o laticínio de Rio Branco do Ivaí.
45

5.13 ENTORNO DA ÁREA DO EMPREENDIMENTO

Por meio da análise visual foi realizado o levantamento do entorna da área em


que será utilizada para à construção do laticínio. Esta avaliação reveste-se de
importância pois é necessário saber quais às possíveis áreas de influência do
empreendimento para a região.
Com base na análise visual das propriedades limítrofes ao local que será
construído o laticínio, conclui-se não haver nenhuma aglomeração humana ou animal
em um raio de 1000 metros. Também não foram encontradas nascentes ou outras
fontes de água superficial no entorno (raio de 800 m), do local objeto do presente
estudo.

5.14 DESCRIÇÃO DA BACIA E MICROBACIA HIDROGRÁFICA

A Bacia do Rio Ivaí é a segunda maior bacia do Estado do Paraná com área
total de drenagem de 36.899 km², sendo que o Rio Ivaí (do tupi - Rio das Flechas) é
o segundo maior rio em extensão do Paraná percorrendo 680 km sendo quase um
sexto de toda extensão dentro da região. O Rio Ivaí está localizado a sudoeste da
mesorregião e tem extensão de 86 km no território da região (IAT, 2020).
Com relação à qualidade das águas superficiais, através dos pontos de
monitoramento do IQA na região (SUDERHSA, 1998) verifica-se que há um
predomínio de pontos com águas na categoria moderadamente comprometida (IQA
entre 52 e 79), considerada boa.
De acordo com a Portaria SUREHMA N°19/92, todos os rios da Bacia do Ivaí
foram enquadrados na Classe 2, com exceção dos rios e córregos destinados ao
abastecimento público, desde as nascentes até a captação, com área da sub-bacia
inferior a 50 km², que foram enquadrados na Classe 1.
A qualidade da água é classificado em seis classes, segundo seus níveis de
comprometimento, sendo o Rio macaco classificado como de “Classe I - não
impactado à muito pouco degradado” - como rio de abastecimento público do
município de São João do Ivaí, contendo corpos de água saturados de oxigênio, baixa
concentração de nutrientes, concentração de matéria orgânica muito baixa, alta
46

transparência das águas, densidade de algas muito baixa, normalmente com pequeno
tempo de residência das águas e/ou grande profundidade média.
O Município de Rio Branco do Ivaí está inserido totalmente na Bacia
Hidrográfica do Rio Ivaí. O maior rio municipal é o Rio Branco, seguido do Rio Ivaí
(lado Norte) todos no limite do território Municipal.

Figura 22. Bacias hidrográficas do estado do Paraná.


47

6. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL MEIO BIÓTICO

O diagnóstico ambiental do meio biótico da área onde se insere o


Empreendimento laticínio foi realizado segundo seus componentes flora e fauna, em
função de levantamento de dados secundários e coleta de dados primários em visita
a campo no período de 10 a 14 de janeiro de 2023.

6.1 C ARACTERIZAÇÃO FITOECOLÓGICA ORIGINAL

A região do Vale do Ivaí está situada no grande Floresta Estacional


Semidecidual: o conceito ecológico deste tipo de vegetação está condicionado à dupla
estacionalidade climática.
A Floresta Estacional Semidecidual ou Floresta Tropical Subcaducifólia
VELOSO et al. (1991), também denominada por RIZZINI (1963) de Floresta Estacional
Mesófila Semidecídua, é uma fitofisionomia intrínseca ao bioma Floresta Atlântica,
constituindo uma formação transicional entre as florestas de encosta litorâneas e as
formações não florestais de interior.
O termo estacional refere-se a uma condição temporal, em que o caráter
ecológico está envolvido por uma alternância de um período chuvoso com um outro
de repouso, induzido por uma estação seca. Prende-se fundamentalmente ao
comportamento fenológico dos vegetais, tendo coincidentemente correspondência
com a estacionalidade.
É uma formação florestal caracterizada pela presença de indivíduos arbóreos
que perdem as folhas (caducifólios) durante o inverno, ou estação seca. A
porcentagem de indivíduos caducifólios varia de 20 a 50% do conjunto florestal e não
das espécies caducifólias (IBGE, 1992) e de acordo com RIZZINI et al. (1988) esta
porcentagem varia de 50 a 80%.
Em alguns casos apresenta-se como uma mata densa, com altura das árvores
entre 25 e 30 metros, apresentando no sub-bosque espécies de bromélias,
samambaias e diversas espécies de lianas. Esse fenômeno de queda foliar tem sido
atribuído a fatores como disponibilidade de água, baixa temperatura e disponibilidade
48

de nutrientes (OLIVEIRA,1997; POGGIANI & MONTEIRO, 1990; MORELLATO,


1992).

Figura 23 Formações fitogeográficas do estado do Paraná – com destaque para o


município de Rio Branco do Ivaí (sem escala).
Fonte: Instituto de Terras Cartografia e Geociências (2020).

Segundo trabalho realizado por Mikich e Silva (2001), em remanescentes de


Floresta Estacional Semidecidual, as principais espécies identificadas constam de 204
espécies, pertencentes a 58 famílias (49 com representantes exclusivamente
zoocóricos), sendo as famílias mais representativas Solanaceae (25 espécies),
Myrtaceae (13), Rubiaceae (11), Piperaceae, Meliaceae, Moraceae (10 cada),
Cactaceae e Lauraceae (8 cada).
Das espécies apresentadas, a maioria são árvores e arbustos, características
das florestas mais desenvolvidas. As espécies arbóreas mais comuns neste ambiente
são Euterpe edulis, Nectandra megapotamica, Guarea kunthiana, Sorocea bonplandii,
Campomanesia xanthocarpa, Citrus sinesis e Chrysophylum gonocarpum.
No estrato arbustivo destacaram-se principalmente Miconia discolor, Piper
diospyrifolium, P. gaudichaudianum, P. hispidum, Psychotria carthagenensis, P.
leiocarpa e P. myriantha. As ervas são características do estrato herbáceo das
florestas alteradas ou secundárias avançadas, onde as espécies mais abundantes
são Tradeschantia zanonia, Geophila macropoda e G. repens.
49

As trepadeiras são encontradas preferencialmente nas bordas de floresta,


onde Fevillea trilobata e Solanum australe são as espécies mais comuns, seguidas
de Chamissoa altíssima, Adenocalyma marginatum, Momordica charantia, Wilbrandia
longisepala, Passiflora alata, Paulinia meliaefolia e Cissus verticellata.
As epífitas zoocóricas são principalmente das famílias Araceae (Philodendron
bipinnatifidum) e Cactaceae (Lepismium spp. e Rhipsalis spp.), exclusivas do
ambiente florestal. As hemiparasitas estão presentes na floresta secundária
avançada, nas áreas em estádio intermediário de sucessão e nas bordas de floresta,
representadas exclusivamente pelo gênero Phoradendron (Loranthaceae).
Nas áreas com vegetação secundária em estádio intermediário predominam
várias espécies de piperáceas e solanáceas, além de Trema micrantha e Celtis
iguanae, que também são abundantes nas bordas de floresta.
O conhecimento natural da região é fundamental para o desenvolvimento de
estudos das fitocenoses, contribuindo para a caracterização da vegetação primitiva e
subsidiando projetos de conservação da biodiversidade e recuperação de áreas
degradadas.
As atividades antrópicas ocorridas no decorrer do processo evolutivo e o
desenvolvimento regional ocasionaram o aparecimento de atividades de pecuária
(bovinos, suínos e galináceos) e atividades agrícolas, com monoculturas de milho,
soja, feijão e mandioca.
A fitofisionamia na área de influência direta encontra-se bastante modificada
em relação a original. O entorno da área é ocupada por um aterro sanitário já
desativado há aproximadamente 13 anos, e reconstituído com o plantio de Leucena -
Leucaena leucocephala. Além disso, parte da área foi utilizada como depósito para
resíduos da construção civil e como pastagem.
Nas figuras abaixo são apresentadas algumas espécies que prenominam na
área de influência direta em relação à construção do abatedouro municipal.
A cobertura vegetal existente no entorno próximo é formada por áreas de
cultivo de culturas anuais – soja, milho, trigo, pastagens e em sua maior parte,
desprovida de vegetação.
50

6.2 FAUNA

O principal objetivo do presente estudo foi diagnosticar a fauna que ocorre na


área de influência do laticínio no município de Rio Branco do Ivaí. Por meio do
presente estudo será possível estimar o impacto ambiental da implantação e operação
do empreendimento sobre o grupo.
O primeiro passo do levantamento de dados para a área de influência foi a
compilação das informações disponíveis sobre a fauna da região. Estudos de
observação conduzidos em áreas próximas ao local projetado para o laticínio, além
de levantamento bibliográfico acerca das espécies.
A área de influência do empreendimento foi avaliada por meio de mapas e
imagens de satélite, onde foi identificada a área de instalação do empreendimento.
Além disso, foi realizado uma fase de campo em janeiro de 2023 com o objetivo
principal de se conhecer os ambientes naturais existentes na área.

6.3 MASTOFUNA

No Brasil, segundo Reis et al (2011) existem 688 espécies de mamíferos


descritas. Os mamíferos estão entre os grupos mais utilizados pelos seres humanos
para a alimentação, como animais de estimação e como artefatos, sendo
componentes da religião e da cultura em algumas comunidades, além de servirem
como fonte de recursos econômicos (CUARON, 2000).
No Paraná, somente em 1981 com a publicação da “Lista Prévia dos Mammalia
do Estado do Paraná” de Lange & Jablonski (1981) surge o primeiro inventário regional
do sul do Brasil, encontrando-se ali listados 170 táxons (152 espécies) de mamíferos.
Entretanto, a lista, como os próprios autores ressaltam, é baseada exclusivamente em
informações bibliográficas de maior relevância.
Segundo MIKICH & BÉRNILS (2004), a fauna paranaense apresenta uma
riqueza que reflete a diversidade de biomas e ecossistemas presentes no Estado,
incluindo aproximadamente 180 espécies de mamíferos. Parte substancial desta
biodiversidade se encontra em algum nível de ameaça, em função da destruição e
redução dos ecossistemas, da caça e pesca predatória, do comércio ilegal de
espécimes, da poluição dos ecossistemas terrestres e aquáticos, da introdução de
51

espécies exóticas, da perda de fontes alimentares e do uso irresponsável de


defensivos agrícolas, entre outros fatores.
Para obtenção de dados secundários, as bibliografias consultadas para este
estudo foram O Plano de Manejo do Parque Estadual das Lauráceas elaborado pelo
Pro - Atlântica, o Plano de Manejo do Parque Estadual de Campinhos elaborado pelo
GEEP – Açungui e os Estudos de Impacto Ambiental da UHE Tijuco Alto da CBE.
Também foram consultados os dados coligidos do monitoramento de fauna realizado
entre agosto de 2013 a agosto de 2015 em 4 áreas ao redor da fábrica.
Buscou-se registrar a presença de mamíferos por meio de: evidências diretas
(observações visuais ou auditivas) e evidências indiretas (rastros e fezes
principalmente). A pesquisa foi auxiliada pelos estudos e bibliografias consultadas
(referências).
Para as atividades de campo foram percorridos os diferentes ambientes a pé e
de automóvel. As incursões ocorreram na maior extensão possível, utilizando-se
acessos próximos ao local que será instalado o abatedouro. O monitoramento de
fauna indicou a presença de 20 espécies de mamíferos.
Destacamos o trabalho de Mendes et al. (2014), que objetivou resgatar
informações históricas e atuais da mastofauna e conservação dos principais
mamíferos presentes no vale do Ivaí, o qual Rio Branco do Ivaí pertence. Na figura 24
são apresentadas as principais mamíferos presentes na região.
52

Figura 24. Lista, classes de ocorrência e status das espécies de mamíferos


possivelmente encontrados na região de Rio Branco do Ivaí.
53

6.4 AVIFAUNA

Por meio dos métodos de observação de espécies in loco, levantamento de


literatura e consulta a projetos de monitoramento de espécies realizados na região em
que situa-se o município de Rio Branco do Ivaí, foi possível, fazer um levantamento
das principais espécies presentes na região. Na área de influência direta – local em
que será instalado o abatedouro não há vegetação nativa, logo não observamos
nenhuma espécie no local.
Todas as espécies compiladas para a região, assim como aquelas de
ocorrência confirmada em campo, podem ser consultadas na figura 55, seguidas pelas
fontes utilizadas, pelo ambiente habitado por cada táxon e pelo status de ameaça nas
listas de espécies ameaçadas do Paraná (MIKICH & BÉRNILS, 2004), Brasil (MMA,
2008) e Mundo (IUCN, 2011). O ordenamento taxonômico utilizado no presente
documento segue a proposta do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO,
2011).

Trinca-ferro-verdadeiro
Saltator similis

Curió
Sporophila angolensis
54

Canário-da-terra
Sicalis flaveola brasiliensis

Coleiro-papa-capim
Sporophila caerulescens

Sabiá-laranjeira
Turdus rufiventris

Tico-tico
Zonotrichia capensis
55

Bigodinho
Sporophila lineola

Sabiá-poca
Turdus amaurochalinus

Sabiá-barranco
Turdus leucomelas

Tiziu
Volatinia jacarina

Figura 25. Principais espécies identificadas como presentes na região do Vale do Ivaí.
56

Duas espécies exóticas foram registradas no entorno da área de estudo: o


pardal (Passer domesticus) e o pombo-doméstico (Columba livia). Ambas ocorrem
principalmente em locais onde há concentrações urbanas e agroindustriais.

6.5 HERPETOFAUNA

A herpetologia é um ramo da zoologia dedicado ao estudo dos répteis e


anfíbios: sua classificação, ecologia, comportamento, fisiologia e paleontologia. Em
geral os animais desse grupo não produzem o próprio calor, ou seja, são chamados
de animais de sangue frio (ICMBIO, 2020).
Os estudos sobre a herptofauna nessa região são extremamente incipientes,
nota-se uma escassez de trabalhos, pesquisas e materiais publicados sobre o
assunto.
Portanto neste trabalho foram utilizados como fontes: informações sobre as
principais espécies observadas na região por meio de conversas com os moradores
locais, observação in loco e fontes secundárias.
Em relação aos répteis, estima-se que no Paraná a fauna de répteis esteja
representada por aproximadamente 154 espécies (21% do total registrado para o
Brasil), entre quelônios, crocodilianos (uma espécie), anfisbenas, lagartos e serpentes
(MOURALEITE, 1996; 2003). A fauna de répteis no Vale do Ivaí segue muito pouco
amostrada até os dias atuais
Os répteis são importantes em estudos ambientais por disponibilizarem
relevantes subsídios ao conhecimento do estado de conservação de regiões naturais,
apesar de serem animais de difícil amostragem (MOURA-LEITE et al., 1993). Também
possuem grande relevância nas cadeias ecológicas, realizando o controle
populacional de diversas espécies, principalmente de pequenos vertebrados.
Para o levantamento das espécies de répteis ocorrentes no Paraná, além da
campanha de campo, foram utilizados dois trabalhos mais significativos para este
grupo temático na região: material depositado no Museu de História Natural Capão da
Imbuia (MHNCI), conhecimento popular da comunidade.
57

Durante a campanha de campo, algumas espécies de répteis foram


registradas: uma Atractus maculatus Coral-falsa, na estrada de acesso ao local que
será implantado o abatedouro e um Salvator merianae Teiú (GOULART, 2004).
De acordo com relatos dos moradores sobre as principais cobras presentes na
região listamos as mais prováveis de ocorrência: Crotalus durissus Cascavel,
Bothropoides jararaca Jararaca, Micrurus corallinus Coral-verdadeira, Sibynomorphus
neuwiedi Dormideira, Philodryas olfersii Cobra-verde, Oxyrhopus clathratus Falsa-
coral, Chironius exoletus Cobra-cipó (GOULART, 2004).
Acerca da fauna de lagartos podem ser esperados para a região ainda Enyalius
iheringii (lagartinho-verde, E. perditus (lagartinho), Anisolepis grilli (lagartinho),
Ophiodes sp., Cercosaura schreibersii (lagartixa) e Hemidactylus mabouia (lagartixa-
de-parede) GOULART, 2004).
Considerando as espécies de répteis com ocorrência prevista para a região,
várias delas possuem uma maior plasticidade no uso dos recursos naturais, habitando
mais de um tipo de ambiente.
No caso dos lagartos, quase a totalidade depende de áreas florestadas, a
exceção de Salvator merianae, que é um animal sinantrópico, ou seja, tem capacidade
de se adaptar ao convívio humano e as consequentes alterações ambientais.
Cabe salientar que os nomes populares (vulgares) das espécies tendem a
variar de região para região, quando não dentro da mesma comunidade, ou então,
diferentes espécies possuem o mesmo nome popular, não sendo estes confiáveis o
suficiente para determinar a ocorrência de tal espécie em uma determinada área.
Os anfíbios constituem uma classe de animais vertebrados ectotérmicos, com
ciclo de vida dividido em duas fases: uma aquática e outra terrestre, com raras
exceções. Possuem grande importância na manutenção dos processos ecológicos,
tanto agindo como reguladores de populações, principalmente artrópodes, como
servindo de recurso alimentar para seus predadores (BERNARDE, 2017).
Mundialmente são conhecidas mais de 6.700 espécies de anfíbios nos dias
atuais, divididas em três Ordens: Anura (sapos, rãs e pererecas; 5.900 espécies),
Caudata (salamandras e tritões; 600 espécies) e Gymnophiona (cobras-cegas ou
cecílias; 200 espécies) (FROST 2011).
Somente com ocorrência para o Brasil são conhecidas 877 espécies de
anfíbios, sendo que os anuros compõem notadamente a Ordem mais numerosa, com
58

849 espécies, seguido pela Ordem Gymnophiona, com 27 espécies e então pela
Ordem Caudata, representada apenas por uma espécie de salamandra (Bolitoglossa
paraensis) endêmica da Amazônia (SEGALLA et al., 2012). Com base nesses
números de registros científicos, o Brasil é considerado o país com maior diversidade
de anfíbios do mundo.
Para o Estado do Paraná estima-se ocorrência de aproximadamente 120
espécies de anfíbios (em torno de 13,7 % do total de espécies no Brasil), em sua maior
parte anuros (MIKICH & BÉRNILS, 2004, SEGALLA & LANGONE, 2004). A região do
Vale do Ivaí é a mais deficitária em relação a informações acerca da anurofauna, não
tendo sido desenvolvido nenhum trabalho sistemático acerca deste grupo na região.
Talvez, dentro da herpetofauna, o grupo mais afetado pelas alterações
antrópicas na região foram os anfíbios, que são mais sensíveis a alterações
ambientais, devido a características como a pele permeável, ovos sem casca e
dependência da água para reprodução da maioria das espécies (DUELLMAN &
TRUEB, 1994; BERNARDE, 2017).
A presença ou ausência de algumas espécies da herpetofauna podem servir
como indicativos da qualidade ambiental (MOURA-LEITE et al. 1993). Algumas
espécies de anfíbios podem servir como indicadoras de boa qualidade ambiental,
enquanto outras podem indicar algum grau de perturbação, como ocorre no caso das
espécies generalistas, as quais apresentam maior tolerância a essas alterações no
ambiente natural e possuem ampla distribuição geográfica.
Durante os estudos, nove espécies de anfíbios foram registradas em campo,
além de 12 espécies consideradas como de provável ocorrência e elas encontram-se
distribuídas em sete famílias: Bufonidae, Cycloramphidae, Hylidae, Hylodidae,
Leiuperidae, Leptodactylidae e Microhylidae.
59

7. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL MEIO ANTRÓPICO

O diagnóstico ambiental do meio antrópico contempla a caracterização do


patrimônio arqueológico encontrado na região e o diagnóstico socioeconômico nas
áreas de influência do empreendimento a partir de dados secundários e dados obtidos
em levantamento de campo.

7.1 PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO

O patrimônio arqueológico foi incluído pela Constituição Federal Brasileira de


1988, nos artigos 215 e 216, como patrimônio cultural nacional com direitos
assegurados pelo Estado. No artigo 20, parágrafo X, os sítios arqueológicos e pré-
históricos são considerados bens da União.
A Carta de Lausanne, de 1990, do Conselho Internacional de Monumentos e
Sítios (ICOMOS), organização civil internacional ligada a UNESCO, considera que o
patrimônio arqueológico “engloba todos os vestígios da existência humana e interessa
todos os lugares onde há indícios de atividades humanas, não importando quais sejam
elas; estruturas e vestígios abandonados de todo tipo, na superfície, no subsolo ou
sob as águas, assim como todo material a eles associados”.
Conforme a legislação vigente no Brasil, a lei 3924 de 1961, que dispõe sobre
os locais pré-históricos e históricos, e a resolução 1 de 1986 do CONAMA, além do
Art. 217 (capítulo III, seção II) da Constituição de 1988, são necessárias pesquisas
que caracterizem o patrimônio arqueológico, para mitigar os impactos que a
implantação de obras civis acarreta a este acervo.
Existe ainda a lei de crimes ambientais 9605/1998, na seção IV sobre crimes
contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural, dispõe sobre as sanções penais
e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente,
incluindo o patrimônio arqueológico.
A portaria 7 do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN),
de dezembro de 1988, definiu os critérios para as permissões de pesquisas
arqueológicas e temas relacionados, aprofundados com a portaria 230 do IPHAN.
60

A portaria 230, de 17 de dezembro de 2002, estabelece a exigência de estudos


de impacto nos vestígios arqueológicos nas três fases da licença ambiental: prévia,
de instalação e de operação, em obras potencialmente capazes de afetar o patrimônio
arqueológico.
De acordo com o livro Normas e Gerenciamento do Patrimônio Arqueológico
(BASTOS & SOUZA, 2008), os estudos devem priorizar as áreas diretamente
afetadas, ou seja onde ocorrerão as edificações e áreas de entorno, a qual
compreende a faixa do entorno do empreendimento.
A implantação do laticínio no município de Rio Branco do Ivaí, embora configure
um ambiente de pequeno porte, é essencial a execução de estudos para caracterizar
o possível patrimônio arqueológico existente na região.

7.2 ARQUEOLOGIA: CONCEITOS

A palavra arqueologia vem do grego archaios-antigo e logos-tratado, ou seja,


significa o estudo de tudo que é antigo. A arqueologia, entretanto, pode ser definida
como a ciência que analisa o passado, principalmente através de vestígios da cultura
material, de representações simbólicas, ou ainda de traços de casas, aldeias, cidades,
fogueiras e sepultamentos de diversos povos.
Neste estudo foi utilizado o enfoque da arqueologia pós-processual, pois as
leituras informam e contribuem para o presente através de uma análise crítica do
passado (HODDER ,1988).
Segundo PREUCEL & HODDER (1996), deve ser observado que a arqueologia
não é o estudo do objeto, mas de processos de debate surgidos com a evidência
material; afinal, a cultura material não reflete de forma passiva a sociedade, porém
permite visualizar os diferentes grupos através da ação de indivíduos.

7.3 ARQUEOLOGIA REGIONAL

Em relação a arqueologia paranaense, pode ser dividida em pré-colonial e


histórica, sendo que os sítios históricos seriam ruínas e vestígios da cultura material
relacionados à ocupação europeia, dos séculos XVI a XX, no território atualmente
61

compreendido pelo Paraná. Os vestígios pré-coloniais seriam representados por


artefatos, sepultamentos humanos, restos de habitações e da dieta alimentar,
relacionados tanto a populações caçadoras e coletoras, como a povos ceramistas que
habitavam o Paraná. Ainda podem ser encontradas as representações simbólicas
destas populações, como as pinturas e gravuras rupestres.
De acordo com Chang (1963), sítio arqueológico pode ser definido como sendo
o "local físico ou conjunto de locais onde membros de uma comunidade viveram,
garantiram sua subsistência e exerceram suas funções sociais em dado período de
tempo".
Os diversos sítios arqueológicos estudados no Paraná foram agrupados, a
partir de 1960, segundo metodologia do Programa Nacional de Pesquisas
Arqueológicas (PRONAPA, 1976), em tradições e fases, sendo que a tradição
representaria um grupo de sítios onde uma série de elementos ou técnicas tem
persistência temporal.
No Paraná foram identificadas as seguintes tradições: Paleoíndios ou Bituruna,
Umbu, Humaitá, e de Sambaquis, relacionadas a povos caçadores-coletores, e
Itararé-Taquara e Tupiguarani, filiadas a grupos agricultores e ceramistas. Para as
pinturas e gravuras rupestres caracterizaram-se as tradições Planalto e Geométrica.
Em relação a ocupação nas áreas atualmente pertencentes ao Município de
São João do Ivaí, não foram encontrados muitas informações na literatura consultada.
Acredita-se que a ocupação no médio e alto do rio Ivaí por indígenas da tribo Kaingang
ocorreu entre 1490 a 1380 (NOELLI, 1999).
Segundo Souza e Merencio (2013), os indígenas das tribos Kaingang são os
mais numerosos no estado. Na figura 56, apresentamos a localização de todos os
sítios Kaingang no estado do Paraná.
62

Figura 11. Mapa dos sítios Jê do Sul no estado do Paraná – destaque para o
município de Rio Branco do Ivaí.

Visando sistematizar as informações acerca das informações e localização de


sítios arqueológicos registrados no Paraná com a elaboração de uma base de dados,
a partir de dados de relatórios de pesquisas, artigos, fichas de cadastro e mapas.
Merencio e Brochier (2012), elaboraram um mapa temático para subsidiar projetos de
recadastramento e atualização de dados sobre a conservação dos sítios (Figura 27).

Figura 12. Sítios arqueológicos no Paraná – destaque para Rio Branco do Ivaí.
63

Com esta síntese da arqueologia, pode-se perceber a diversidade de


populações que possivelmente já ocuparam a região do Vale do Rio Ivaí e inclusive
no município de Rio Branco do Ivaí. Merencio e Brochier (2012), o município apresenta
sítios arqueológicos, entretanto os estudos ainda são incipientes, assim, é importante
que se realizem novas pesquisas arqueológicas na região, para aumentar a
compreensão sobre a história e pré-história do Paraná, e reduzir os possíveis
impactos que as atividades antrópicas podem causar neste rico patrimônio.
O local em que será construído o laticínio não possui históricos de ocupação
por povos indígenas e não compreende um sítio arqueológico.
64

8. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA

Este item apresenta um diagnóstico detalhado, para o meio socioeconômico,


das Áreas de Influência Indireta e Direta e da Área Diretamente Afetada pela
instalação do laticínio em Rio Branco do Ivaí.

8.1 METODOLOGIA

O Diagnóstico Socioeconômico foi realizado com base em um conjunto de


fontes e métodos de pesquisa diversos. A caracterização do perfil socioeconômico
das áreas de influência, considerou os dados secundários sobre o município de Rio
Branco do Ivaí, conjuntamente, a área rural e urbana. Isso se deve ao fato de que, em
municípios que possui sua economia dependente de atividades agropecuárias, a área
urbana tem características quase inteiramente dependentes do que ocorre na área
rural.
Foram realizados levantamentos de campo complementares. Para a análise foi
realizado um levantamento em campo, o qual compreendeu algumas visitas em
propriedades potencialmente afetadas pelo empreendimento com uma análise sobre
os impactos a partir da visualização das atividades econômicas existentes em cada
local e de entrevistas com os proprietários.
O presente estudo tem como objetivo traçar um perfil do município, no meio
urbano e rural, direta e indiretamente afetada quando da instalação do abatedouro
municipal, de modo a permitir que se definam os projetos e as medidas a serem
implantados antes, durante e após a instalação. Este panorama acerca de São João
do Ivaí visa dimensionar a necessidade de ampliação da oferta nos equipamentos
sociais e da rede produtiva local, de maneira que a implantação do empreendimento
se dê da forma menos impactante possível e sem alterar significativamente as
características sociais e culturais específicas dos municípios em questão.
65

8.2 D ISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO NO TERRITÓRIO

A região Norte-Central é uma das mais urbanizadas do Estado, ficando atrás


da região metropolitana de Curitiba, constituindo um importante reduto da agricultura
e pecuária extensiva, em razão principalmente do solo fértil e relevo suave, tais fatores
contribuem para a mecanização da agricultura em grandes áreas de cultivo.
Como contraponto dessa concentração, evidencia-se um fenômeno
generalizado de forte esvaziamento rural, perceptível até mesmo no comportamento
da população total dos municípios: 50% destes, localizados principalmente ao norte e
ao sul da mesorregião, apresentaram taxas negativas de crescimento da população
total entre 1991 e 2020, processo iniciado no período 1970-1980 – êxodo rural.
Observa-se, inclusive, o esvaziamento de núcleos urbanos na região, registrando-se
municípios com perda absoluta de população urbana, no último decênio, e vários com
taxas positivas, porém inferiores a 1% a.a., evidenciando uma incapacidade de
sustentação do próprio crescimento vegetativo.
No cômputo geral, a maioria dos 79 municípios da mesorregião Norte Central
apresentou proporções de população residente no meio urbano superiores a 50%. A
definição dos contornos atuais do uso e ocupação do território é resultado dos vários
processos que se sobrepõem ao longo da estruturação da economia e da sociedade
paranaenses.
Em sua dinâmica, cada um dos diferentes processos se realizou com
abrangência espacial diferenciada. Enquanto a exploração agropecuária foi
direcionada fundamentalmente pelas condições de sua base física, os adensamentos
urbanos obedecem à lógica de um desenvolvimento que tende a concentrar a
população e a disponibilidade de infraestruturas e serviços.
Considerando essas diferentes situações, realizamos uma leitura das várias
configurações delineadas no território utilizando um recorte mesorregional bem como
as tendências do município em estudo, o qual, ainda que não contemple os vários e
diferentes processos, possibilita identificar, em cada uma das situações, marcas que
expressam a história de sua ocupação socioeconômica, a dinâmica atual e indicativa
de potenciais de mudança.
A origem do processo de redistribuição espacial da população que marcou a
dinâmica demográfica do Estado nas últimas décadas foi construída com base na
variação da população rural entre 1980 e 2020, e sua avaliação é comparativa, sendo
66

a mesorregião Norte Central paranaense a segunda maior do estado em termos de


população (2.037.183 habitantes) e de grau de urbanização elevado (91,63%) nesse
período (IBGE, 2020).
Quanto à perda populacional no meio rural fica evidente visto que esta
tendência foi também marcante em outras regiões do estado, contudo houve sempre
taxas de crescimento positivo nas áreas urbanas, isto que diferenciou em relação a
outras regiões. O princípio adotado na leitura deste indicador é de que o processo de
evasão está relacionado à intensidade de ocupação do território por atividades
agrícolas e/ou pela transformação de grandes áreas para uso agropecuário, o que
observamos na tabela 5.

Tabela 5. População, evolução da demografia no período de 1980 a 2020 na


mesorregião Norte Central.
Mesorregião População 1980 População 2000 População 2010 População 2020
Norte central 1.459.389 1.829.068 2.034.183 2.282.705
Total do Paraná 7.629.392 9.563.458 10.444.526 11.516.840
Fonte: IBGE (2020), IPARDES (2020).

O destino da população migrante foi à busca de áreas inter-mesorregionais e


interestaduais, assim como de centros industrializados ou que exibiam maior
dinamismo, como o caso de Londrina, Maringá, Arapongas e Apucarana. No Paraná
esses fluxos incrementaram o processo de urbanização interno, conformaram
concentrações pontuais e regionalizadas. Esse complexo urbano, cuja estrutura
remonta o projeto de colonização que previa uma rede linear de centros e pequenos
núcleos de apoio, sofre forte adensamento a partir dos anos 70 (MENDES, 1992;
PARANÁ, 1980).
O crescimento intenso dos polos – crescimento que não vive ainda um
arrefecimento – e o extravasamento de sua ocupação em direção ao território de seus
municípios vizinhos tiveram início em Londrina, que incorporou, numa mancha única,
Cambé e Ibiporã, reproduzindo-se posteriormente em Maringá, que incorporou
Sarandi e Paiçandu.
Na mesorregião Norte Central a urbanização também teve papel importante
67

na absorção da população rural, bem mais que outras regiões, adensando mais
centros como as cidades polos, mas também cidades pequenas com potencial
industrial como foi o caso de Rio Branco do Ivaí. A região de Rio Branco do Ivaí
apresenta um perfil social relativamente heterogêneo, o que pode ser explicado,
sobretudo pela colonização vinda do Norte e Noroeste paranaense nas décadas de
1980 que há mais de duas décadas vem migrando em função de mudanças
tecnológicas significativas e da base produtiva nessa região.
Dentre os possíveis fatores para essa redução da população, podemos
destacar a evento climático “geada negra” que ocorreu em 1975 em que acarretou em
drástica redução dos cafezais, cultura predominante na época, e consequentemente
o êxodo rural, além da crescente mecanização do meio rural.
Sem dúvida, o componente migratório, dentre os fatores demográficos, vem
tendo um peso substantivo na conformação do quadro populacional regional. O já
conhecido processo de modernização da agricultura paranaense, deflagrado em
algumas regiões, principalmente a partir da década de 1970, foi gradativamente se
estendendo a todas as áreas do Estado, provocando intensos movimentos de evasão
populacional das áreas rurais para as áreas urbanas.
A taxa de crescimento é levemente decrescente na área urbana (- 0,54% ao
ano) e altamente decrescente na área rural (- 3,61% ao ano), no período de 2000 a
2010, sendo que a taxa de crescimento total do município neste período continua
negativa de -1,34 %, menor que as taxas da década passada, contudo ainda é
negativa. A taxa de densidade é de 32,32 habitantes/km² em 2010. A população
estimada para o período de 2023 é de 4.109 habitantes, o que demonstra uma
tendência decréscimo populacional, o que observamos na tabela 6.

Tabela 6. Comparativo da densidade populacional Municipal, Estadual e Nacional –


2010 e 2020.
Unidade política População 2010 População 2020
Rio Branco do Ivaí 3.897 4.109
Paraná 10.444.526 11.516.840
Brasil 169.799.170 211.755.692
Fonte: IBGE (2007, 2020).
68

8.3 PERFIL ECONÔMICO

A cultura do café foi a atividade que demarcou a ocupação produtiva da região


Norte Paranaense. Nas primeiras décadas do século XX a cafeicultura se consolidou
e dinamizou a economia da região, a população cresceu extraordinariamente e vários
municípios foram surgindo e marcando a trajetória do avanço das lavouras de café em
direção às novas áreas de aptidão.
Na década de 60, a produção excedente de café no mercado mundial
acarretou em quedas no preço pago pela saca, além disso as constantes geadas
ocorridas, desencadearam uma profunda crise no setor cafeeiro, levando o governo a
adotar políticas de erradicação e renovação dos cafezais.
Estima-se que no Paraná foram erradicados cerca de 470 milhões de
cafeeiros, que liberaram 627 mil hectares, reconvertidos principalmente em
pastagens, e em menor escala em milho, arroz, algodão, feijão, cana-de-açúcar, entre
outros. Nesse período, também estava em vigência a política nacional de incentivo à
produção agrícola tecnificada, mediante o uso de insumos modernos, que a partir dos
anos 70 provoca uma profunda transformação das atividades agropecuárias
paranaenses, cuja essência é dada pelo processo de modernização, o qual teve na
soja seu veículo avançado, por dispor de tecnologia moderna para sua produção e
contar com preços favoráveis no mercado internacional.
O fenômeno mais marcante dessa modernização foi o rápido crescimento da
área cultivada com soja, que se expande por mais de 2 milhões de hectares no curto
período de dez anos (1970-1980). É importante destacar que a soja se consolida nas
áreas de aptidão para o seu cultivo principalmente no oeste e norte paranaenses, mas
o pacote tecnológico que envolve sua produção é excludente, dadas suas
características. Exige, basicamente, escala mínima de produção e acesso a crédi to
ou recursos próprios, para viabilizar os investimentos necessários.
Se por um lado ocorre a expansão de uma agricultura moderna e eficiente,
por outro se dá a concentração da estrutura fundiária, o que resulta na liberação de
um contingente significativo de mão-de-obra do campo. Esse contínuo processo de
reordenamento fundiário leva a uma progressiva redução do número de
estabelecimentos.
Muitos produtores, que de modo geral, não conseguiram se ajustar às novas
exigências tecnológicas – mecanização, insumos químicos e sementes melhoradas,
69

por incapacidade financeira ou por não alcançar a escala mínima exigida pelo novo
padrão. Neste contexto, reveste-se de importância da agricultura familiar, a qual se
reflete na forte presença de “membros não remunerados da família” na estrutura de
pessoal ocupado.
Quanto ao PIB municipal, percebe-se que mesmo com as dificuldades do
setor primário ainda ele é um dos grandes indutores do desenvolvimento junto com o
Comércio e o Serviço em Rio Branco do Ivaí.

8.4 SETOR PRIMÁRIO – AGRICULTURA

A principal base produtiva regional é o setor primário, com predomínio das


atividades agrícolas. A agricultura regional do Norte Central Paranaense é
diversificada, com altos índices de mecanização e de usos de técnicas agrícolas
avançadas. Os principais produtos de cultivo em Rio Branco do Ivaí são; milho, soja,
trigo e pecuária.
A criação animal no município de Rio Branco do Ivaí é discreta quando
comparado com outros municípios na mesma região, centra-se na produção bovinos
de corte e leite.

8.5 SETOR SECUNDÁRIO – INDÚSTRIA

O município de Rio Branco do Ivaí apresenta setor industrial tímido e em


desenvolvimento, caracterizando o município como produtor de matéria-prima, com
um quadro socioeconômico lento mais progressivo e com um baixo valor adicionado
fiscal do setor industrial em relação a outros municípios do Estado do Paraná.
Apesar de a atividade industrial estar em desenvolvimento, à situação
socioeconômica da população na sua maioria apresenta um bom nível, caracterizada
pelo fato da maioria da população ser produtores rurais.
Em Rio Branco do Ivaí encontramos alguns entrepostos de agroindústrias
cooperativadas, criadas com estrutura gerencial e de mercado como o caso da
70

COAMO Agroindustrial Cooperativa e Cocari onde os produtos da produção


principalmente de grãos do município são entregues.
71

9. ASPECTOS SÓCIOS ESPACIAIS

9.1 EVOLUÇÃO E OCUPAÇÃO DO SOLO URBANO

A Região Norte Central Paranaense foi composta, em grande medida, por


correntes migratórias provenientes basicamente por paulistas, mineiros e nordestinos
(figura 28).

Figura 28. Evolução da ocupação urbana.


Fonte: Plano diretor de São João do Ivaí (2012).

O Município de Rio Branco do Ivaí possui uma área territorial de 382,329 km²,
(IPARDES, 2012) composto predominantemente de sua área rural, onde estão
inseridas as principais comunidades, bem como as suas áreas urbanas (a sede
urbana e os três distritos).
No estudo de uso e ocupação do solo, a densidade que em 2007 era de 9,62
hab/km2 aumentou para 10 hab/km2, sendo um dos aspectos relevantes a ser
considerado na análise do aproveitamento do solo urbano, por influenciar no processo
de planejamento e gestão de assentamentos humanos.
A densidade demográfica representa o número total da população de uma área
urbana específica, expressa em habitantes, por uma unidade de terra ou solo urbano,
normalmente utiliza-se o hectare como unidade de referência (ACIOLY, 1998). É um
referencial importante para se avaliar técnica e financeiramente a distribuição e
consumo de terra urbana, infraestrutura e serviços públicos.
72

A suposição é de que quando ocorre à alta densidade isso repercute na


maximização de infraestrutura, o que financeiramente possui inúmeros fatores
positivos, no entanto a alta densidade acarreta em consequências que devem ter
minimização como a concentração de veículos e pessoas, qualidade do ar, insolação,
entre outros fatores.
73

10. IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

Os aspectos e os impactos ambientais gerados pela atividade de laticínios


estão relacionados com o alto consumo de água, a geração de resíduos sólidos,
efluentes líquidos com alta carga poluidora e emissões gasosas oriundos de diversas
etapas do processo produtivo. (SCHENINI E ROSA, 2014).
Segundo a resolução nº 001 de 1986 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) impacto ambiental é:

“Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e


biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma
de matéria ou energia resultante das atividades humanas
que, direta ou indiretamente, afetam; a saúde, a segurança
e o bem-estar da população; as atividades sociais e
econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do
meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais”.

De acordo com Nobrega (2009), o impacto ambiental abrange vários


conceitos, mas que propõem unicamente os traumas referentes a natureza, através
de um conjunto de ações antrópicas causando danos e alterações ao meio ambiente.
Sánchez (2008) apud Santana (2013) lembra que nem todo impacto ambiental causa
poluição, mas que toda poluição causa impacto ambiental, podendo ser benéfico ou
adverso, negativo ou positivo.
O processo da avaliação de impactos ambientais (AIA) é realizado em
diversos países, principalmente nos mais industrializados, sendo estabelecida
primeiramente nos Estados Unidos por meio da Lei Federal National Environmental
Policy Act aprovada em 1969, para regulamentar atividades que poderiam afetar o
meio ambiente (SANTOS, 2010).
No Brasil a primeira base legal federal sobre avaliação de impactos
ambientais foi através da aprovação da Lei 6.938 de 31.08.1981 - Política Nacional do
Meio Ambiente, tendo como um de seus instrumentos em seu artigo 9º, a avaliação
de impactos ambientais.
Segundo Nobrega (2009), é difícil abordar todas estas problematizações,
74

tendo a consciência de que em se tratando de meio ambiente, torna-se complexo a


análise aprofundada de todos os elementos inserida neste contexto em um único
estudo, sendo necessário delimitar as análises de impactos ambientais a alguns dos
fatores preocupantes.
Com o aumento das atividades ligadas aos laticínios, e a consequente
degradação ambiental por tal atividade, as empresas passam a se preocupar não só
com a qualidade de seus produtos, mas também com as questões ambientais,
fazendo com que todo o processo produtivo cause o mínimo de impacto negativo
possível ao meio ambiente, tornando-se a avaliação de seus impactos ambientais
inquestionável.
A unidade industrial tem como principal atividade o beneficiamento e
processamento de leite cru e produção de derivados. O abatedouro possui uma área
total de edificação de aproximadamente 80,00 m², com processamento diário de 700
litros de leite.
A identificação dos aspectos e impactos ambientais foi realizado a partir de
análises das atividades que serão realizadas, produtos e serviços de cada setor, em
função de suas entradas previstas (matéria - prima, insumos, uso de recursos
naturais) e de suas saídas previstas (produtos, subprodutos, emissões atmosféricas,
efluentes, e resíduos), e análise das atividades que serão implantadas no abatedouro.
A metodologia foi baseada na Norma Brasileira Regulamentadora (NBR) ISO14001
(ABNT, 2004).
A matéria prima, o leite, chega à indústria por caminhões isotérmicos
onde são coletadas amostras de leite diretamente no caminhão são e realizadas
algumas análises através de testes rápidos para determinação de acidez e densidade,
logo após o recebimento, é realizado a pesagem, filtração e armazenamento em
refrigeradores até sua utilização no processo.
Durante seu processamento, o leite é submetido à filtração para
remover partículas maiores e impurezas, à padronização onde é reajustado o teor de
gordura do leite e à pasteurização para eliminar as bactérias patogênicas. Junto com
a pasteurização, há também o tratamento térmico para garantir a destruição do micro-
organismos patogênicos.
Após o tratamento, o leite é separado e encaminhado para o processo
de beneficiamento do Leite Longa Vida e derivados. Depois de prontos, os produtos
são devidamente embalados, identificados e armazenados até serem levados para a
75

comercialização.

Figura 213. Fluxograma do processamento de leite no laticínio.

Com relação aos aspectos legais, o RIISPOA, de 29 de março de 1952, no Art.


81, menciona que o pessoal que trabalha com produtos comestíveis, desde o
recebimento até a embalagem, deve usar uniformes próprios e limpos, inclusive
gorros, aprovados pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal
(DIPOA) (BRASIL, 1952).
Os resíduos sólidos gerados no laticínio são compostos basicamente de
embalagens plásticas, papeis do escritório, embalagens de produtos químicos, aparas
de queijos, lixo dos banheiros. De modo geral, as águas residuais da indústria de
laticínios abrangem líquidos oriundos dos processos industriais, esgotos sanitários e
as águas pluviais. Os resíduos sólidos serão coletados, segregados, armazenados e
destinados adequadamente. Em virtude da quantidade de resíduos sólidos gerados,
os mesmos não serão alvo de degradação ambiental.
Os maiores contribuintes para a carga orgânica no efluente do laticínio são o
soro e o leitelho, quando lançados juntamente com o efluente, o que resulta no
aumento da carga orgânica. Percebe-se, pois, a relevância deste setor industrial a
necessidade de se dar um destino adequado aos efluentes oriundos desta atividade.
76

A indústria de laticínios constitui uma parcela importante da indústria


alimentícia, e sua contribuição material em termos de poluição de águas receptoras é
significativa, sendo, portanto, necessário e obrigatório o tratamento prévio de seus
despejos líquidos antes do lançamento para disposição final em curso d’água.
O Laticínio Monpian apresenta tratamento de efluentes líquidos, antes do
lançamento nos corpos receptores, atendendo assim a legislação e contribuindo para
preservação do meio ambiente.

10.1 TRATAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS

Uma das principais características da indústria de laticínios é a elevada


geração de efluentes. Para cada litro de leite processado nas plantas industriais de
laticínios são gerados de 02 a 02 litros e meio de efluente (DVARIONIENE;
KRUOPIENE; STANKEVICIENE, 2012).
As principais fontes de efluentes neste ramo industrial são: lavação de linhas
de transporte do leite, equipamentos, caminhões, silos e também os erros de
procedimento podendo ser de ordem operacional ou falhas de equipamentos
(DEMIREL; YENIGUN; ONAY, 2005). O soro gerado no processo também é
importante fonte de efluentes em plantas beneficiadoras de leite.
As dificuldades no tratamento de efluentes da indústria de laticínios ocorrem
pelas características dos seus efluentes que são ricos em matéria orgânica
proveniente das diversas possibilidades de processamento do leite. Tal matéria
orgânica, apesar da alta biodegradabilidade, possui também altos teores de gordura
que podem resultar em dificuldades no tratamento dos efluentes, com impactos
principalmente nos processos biológicos. Estas características vão no mínimo gerar o
aumento da demanda de oxigênio para a degradação por via aeróbia, tornando a
etapa de tratamento secundário mais dispendiosa em energia.
Águas residuais da indústria de laticínios são tratadas por vias físico-químicas
e microbiológicas, sendo que pelo custo de reagentes e da pobre remoção de DQO
solúvel por vias físico-químicas, os processos biológicos são geralmente preferidos
(DEMIREL; YENIGUN; ONAY, 2005). O grau de tratamento a dar-se aos efluentes
depende principalmente de dois fatores: a qualidade do efluente antes de ser lançado
ao corpo receptor e a legislação ambiental vigente e aplicável (DEZOTTI, 2008).
77

10.2 C ARACTERÍSTICAS E COMPOSIÇÃO DO EFLUENTE LÍQUIDO

Os efluentes líquidos gerados pelas indústrias de laticínios são compostos por


leite e derivados diluídos, material sólido, principalmente substâncias graxas,
detergentes e desinfetantes usados nas operações de limpeza, lubrificantes de
máquinas e esgoto doméstico (BRAILE e CAVALCANTI, 1993), se caracterizando
pelos altos teores de matéria orgânica, óleos e graxas e sólidos suspensos e pelo odor
originado pela decomposição da caseína.
Entretanto, a variabilidade das características dos efluentes gerados é grande,
tanto entre diferentes fábricas quanto entre diferentes períodos em uma mesma
indústria (CARAWAN et al., 1979). Na tabela 7 são apresentados os valores de
parâmetros físico-químicos típicos de efluentes de laticínios.

Tabela 7. Valores de parâmetros físico-químicos típicos de efluentes de laticínios .

FAIXAS DE VARIAÇÃO
PARÂMETROS
(1) (2)
Sólidos suspensos voláteis 24 – 5700 100 – 1000 mg/L
Sólidos suspensos totais 135 – 8500 mg/L 100 – 2000 mg/L
DQO 500 – 4500 mg/L 6000 mg/L
DBO5 450 – 4790 mg/L 4000 mg/L
Proteína 210 – 560 mg/L ND
Gorduras/Óleos e graxas 35 – 500 mg/L 95 – 550 mg/L
Carboidratos 252 – 931 mg/L ND
Amônia - N 10 – 100 mg/L ND
Nitrogênio 15 – 180 mg/L 116 mg/L
Fósforo 20 – 250 mg/L 0,1 – 46 mg/L
Sódio 60 – 807 mg/L ND
Cloretos 48 – 469 mg/L ND
Cálcio 57 – 112 mg/L ND
Magnésio 22 – 49 mg/L ND
Potássio 11 – 160 mg/L ND
pH ,3 – 9,4 1 - 12
Temperatura 12 – 40 °C 20 – 30 °C
Fontes: (1) Environment Agency of England and Wales, 2000 - European Commission – IPPC (2006),
(2) ABIQ apud Machado et al. (2002)
78

Recomenda-se para a destinação final dos efluentes, após o


tratamento pelas lagoas de decantação, que o mesmo seja utilizado como adubo, por
meio da fertirrigação.
Os efluentes possuem como características: baixa carga orgânica e
densidade de minerais, os quais podem ser aplicados ao solo em atividades agrícolas
respeitando as recomendações técnicas e legais.

10.3 TRATAMENTO DOS EFLUENTES LÍQUIDOS

Os despejos ou efluentes líquidos de uma indústria de laticínios é


composto por efluente industrial. Efluentes líquidos industriais são os subprodutos
originários das diversas atividades desenvolvidas na indústria, sendo assim os
efluentes do processo produtivo, lavagem de equipamentos, higienização de carga.
Os despejos do laticínio Rio Branco, que produz apenas leite
pasteurizado, doce de leite e iogurte, contém resíduos dos seguintes materiais
diluídos nas águas de lavagem:

a) Leite (matéria prima principal);


b) Gorduras extraídas do leite;
c) Açúcar (sacarose);
d) Ingredientes adicionais;
e) Material retido em filtros e grelhas, principalmente sólidos de leite;
f) Detergentes e desinfetantes;
g) Lubrificantes utilizados nos equipamentos.

O esgoto doméstico tem origem na lavagem de pisos e instalações


utilizadas pelos funcionários, como sanitários, cozinha e refeitório.
O Laticínio Monpian apresenta tratamento primário por meio de
gradeamento, caixa de gordura e uma complementação por meio de lagoa anaeróbica
e facultativa dos efluentes líquidos.
O gradeamento e a caixa de gordura reduzem a carga orgânica que
vai para as lagoas, enquanto as lagoas facultativas possuem elevado poder de
79

depuração, melhorando consideravelmente a qualidade do efluente.

10.4 GRADEAMENTO

O gradeamento é utilizado para remoção de sólidos grosseiros, tais


como resíduos de embalagens, pequenos fragmentos de pedras e coágulos de leite.

10.5 C AIXA DE GORDURA

Para a separação dos óleos e graxas utiliza-se a caixa de gordura, e


um tanque para depósito do material retido, tendo esta a finalidade de propiciar
condições adequadas ao aproveitamento da gordura.

10.6 LAGOA ANAERÓBICA

Segundo Von Sperling (1996) estas lagoas têm profundidade de 4 a


5 metros, devido ao fato de que suas condições sejam estritamente anaeróbias,
reduzindo a penetração do oxigênio produzido na superfície para camadas mais
profundas da lagoa. A lagoa anaeróbia possui uma eficiência de 60% na remoção de
DBO, assim, necessita de pós-tratamento, sendo muitas vezes, associada a lagoas
aeróbias e facultativas. Em seguida é mostrada uma figura de exemplo de lagoa
anaeróbia seguidas por duas lagoas de estabilização.

10.7 LAGOA FACULTATIVA

De acordo com Mendonça (1990), as lagoas facultativas apresentam


de 1 a 2,5 metros de profundidade e ocupam uma área relativamente grande. Elas
são aeróbias na superfície, liberando oxigênio; e condições anaeróbias na parte
inferior, onde a matéria orgânica é sedimentada dando origem ao lodo, que é
decomposto anaerobicamente, sendo convertido em gás carbônico e gás metano.
Possui eficiência de 70 a 90% na redução da DBO5.

10.8 R EMOÇÃO DO LODO

Os lodos acumulados no tanque séptico serão removidos por meio de


80

caminhões tanque, do tipo limpa fossas, providos de bombas apropriadas. A remoção


será feita uma vez por ano. O tempo de retenção das lagoas facultativas será de 10
anos.

10.9 PLANTA BAIXA DE LOCALIZAÇÃO DAS LAGOAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES


LÍQUIDOS

Figura 30. Planta baixa de localização das lagoas de tratamento de efluentes líqui dos do laticínio
Monpian.
81

11. ANÁLISE INTEGRADA

Os principais processos que ocorrem em um laticínio são: recepção do leite nos


silos de armazenamento, filtragem, análises físico químicas, pasteurização,
processamento, embalagem, armazenamento e expedição (PACHECO &
YAMANAKA, 2006).
As diversas atividades de processamento do leite em um laticínio, bem como
as exigências de padrões de higiene das autoridades sanitárias, fazem com que se
consuma quantidade significativa de água nessa indústria. O uso da água na indústria
do leite carne vária muito dependendo do tipo da unidade, dos equipamentos e
tecnologia usada, layout da planta e equipamentos, procedimentos operacionais,
entre outros (PACHECO & YAMANAKA, 2006). Segundo World Bank (1998) o
consumo de água em laticínios vária de 2 a 10 m³ t-1 de leite processado.
Os efluentes de laticínios são de natureza orgânica e tem como características
altas concentrações de fósforo orgânico, nitrogênio orgânico e de gorduras. As
principais fontes destes componentes orgânicos são: resíduos e subprodutos,
lavagem de áreas, limpeza de pisos e equipamentos.
Muitos resíduos de laticínios podem causar problemas ambientais graves se
não forem gerenciados adequadamente. A maioria é altamente putrescível e, por
exemplo, pode causar odores se não processada corretamente (PACHECO, 2006).
O gerenciamento destes resíduos pode ser crítico, principalmente para
pequenas empresas, que carecem de recursos e onde o processamento interno dos
resíduos, não raro, é inviável (PACHECO, 2006).
Nos laticínios conforme Pacheco e Yamanaka (2006), em geral, os
poluentes atmosféricos são gerados pela queima de combustíveis nas caldeiras que
produzem vapor para os processos produtivos – seja para os processos principais ou
para as pasteurizaçõ.
Neste caso, óxidos de enxofre e de nitrogênio e material particulado são
os principais poluentes a considerar. Há também o potencial de liberação de
gases refrigerantes dos sistemas de refrigeração que servem as câmaras frias,
devido a perdas fugitivas ou acidentais.
Alguns resíduos sólidos gerados nas operações auxiliares e de utilidades
também precisam ser considerados e adequadamente gerenciados para minimizar
seus possíveis impactos ambientais. Podem-se destacar os seguintes resíduos:
82

 Resíduos da estação de tratamento de água: lodos; material retido em filtros;


eventuais materiais filtrantes e resinas de troca iônica;
 Resíduos da estação de tratamento de efluentes líquidos: material retido por
gradeamento e peneiramento; material flotado (gorduras / escumas); material
sedimentado; lodos diversos;
 Cinzas das caldeiras;
 Resíduos de manutenção: solventes e óleos lubrificantes usados; resíduos de
tintas; metais e sucatas metálicas (limpas e contaminadas com solventes / óleos /
graxas / tintas); materiais impregnados com solventes; óleos; graxas; tintas (ex.:
estopas, panos, papéis, etc.);
 Outros: embalagens, insumos e produtos danificados ou rejeitados e pallets
das áreas;
 De almoxarifado e expedição.

O laticínio não lançará nenhum resíduo diretamente no curso d’água. Os


resíduos serão tratados em lagoas de tratamento, entre elas, esterqueira, caixa de
separação dos resíduos sólidos, caixa anaeróbica, lagoa facultativa e lagoa de
maturação.
Os resíduos tratados necessitam de uma destinação correta. Dentre as
alternativas possíveis destaca-se a utilização como fertilizante. Segundo Konzen
(1997), a utilização dos dejetos na fertirrigação permite o desenvolvimento de
sistemas integrados de produção que diversificam as fontes de renda, promovendo
maior estabilidade econômica, social e ambiental.
Entretanto, a aplicação dos dejetos no solo deverá considerar fatores de
extrema importância, tais como: o valor fertilizante do dejeto, as características físicas
e químicas do solo, o risco ambiental das terras de uso agrícola, cultura
recomendadas e topografia.
Recomenda-se aplicar os resíduos tratados na fertirrigação, em propriedades
do município de Rio Branco do Ivaí interessadas, respeitando os limites do solo e
seguindo as recomendações e respeitando a legislação ambiental vigente, de acordo
com análise química do solo e recomendação agronômica.
83

12. PROGRAMAS AMBIENTAIS

Como qualquer ser vivo, o ser humano retira recursos do meio ambiente
para prover sua subsistência e devolve as sobras. No ambiente natural, as
sobras de um organismo são restos que ao se decomporem devolvem ao
ambiente elementos químicos que serão absorvidos por outros seres vivos, de
modo que nada se perde (BARBIERI, 2004).
Tendo em vista a necessidade cada vez maior de se buscar resolver
adequadamente os problemas causados pela poluição ambiental expressa pelas
seguintes providências:
 Redução da geração de resíduos por meio de modificações no
processo produtivo ou pela adoção de tecnologias limpas, mais
modernas e que permitem, em alguns casos, eliminar completamente
a geração dos materiais nocivos; mudanças no projeto do produto
podem também contribuir para essa redução;
 Reprocessamento dos resíduos gerados, transformando-os,
novamente, em matérias-primas, ou utilizando-os para gerar energia;
 Reutilização dos resíduos gerados em uma indústria como matéria-
prima para outra indústria;
 Separação, na origem ou no ponto de geração, de substâncias nocivas
das não nocivas, reduzindo o volume total de resíduo que requeira
tratamento especial ou disposição controlada;
 Processamento físico, químico ou biológico do resíduo menos perigoso
ou até inerte, permitindo, sempre que possível, sua utilização como
material reciclável;
 Incineração, com o tratamento dos gases gerados, a recuperação de
energia, se o resíduo for combustível, e a disposição adequada das
cinzas resultantes;
 Disposição dos resíduos em locais apropriados, projetados e
monitorados a fim de assegurar que não venham no futuro, a
contaminar o meio ambiente.

Para minimizarem os impactos ambientais de seus efluentes líquidos industriais


84

e atenderem às legislações ambientais locais, os laticínios devem fazer o tratamento


destes efluentes. Este tratamento pode variar de empresa para empresa, mas um
sistema de tratamento típico do setor possui as seguintes etapas:
 Tratamento primário: para remoção de sólidos grosseiros, suspensos
sedimentáveis e flotáveis, principalmente por ação físico-mecânica.
Geralmente, empregam-se os seguintes equipamentos: grades,
peneiras, para remoção de sólidos grosseiros; na sequência, caixas de
gordura (com ou sem aeração) e/ou flotadores, para remoção de
gordura e outros sólidos flotáveis; em seguida, sedimentadores,
peneiras (estáticas, rotativas ou vibratórias) e flotadores (ar dissolvido
ou eletroflotação), para remoção de sólidos sedimentáveis, em
suspensão e emulsionados – sólidos mais finos ou menores.
 Equalização: realizada em um tanque de volume e configuração
adequadamente definidos, com vazão de saída constante e com
precauções para minimizar a sedimentação de eventuais sólidos em
suspensão, por meio de dispositivos de mistura. Permite absorver
variações significativas de vazões e de cargas poluentes dos efluentes
líquidos a serem tratados, atenuando picos de carga para a estação de
tratamento. Isto facilita e permite melhorar a operação da estação como
um todo, contribuindo para que se atinjam os parâmetros finais
desejados nos efluentes líquidos tratados.
 Tratamento secundário: para remoção de sólidos coloidais, dissolvidos
e emulsionados, principalmente por ação biológica, devido à
característica biodegradável do conteúdo remanescente dos efluentes
do tratamento primário, após equalização. Nesta etapa, há ênfase nas
lagoas de estabilização, especialmente as anaeróbias. Assim, como
possibilidade de processos biológicos anaeróbios, pode-se citar: as
lagoas anaeróbias (bastante utilizadas), processos anaeróbios de
contato, filtros anaeróbios e digestores anaeróbios de fluxo
ascendente. Com relação a processos biológicos aeróbios, podem-se
ter processos aeróbios de filme (filtros biológicos e biodiscos) e
processos aeróbios de biomassa dispersa (lodos ativados –
convencionais e de aeração prolongada, que inclui os valos de
oxidação). Também é bastante comum observar o uso de lagoas
85

fotossintéticas na sequência do tratamento com lagoas anaeróbias.


Pode-se ter, ainda, tratamento anaeróbio seguido de aeróbio.
 Tratamento terciário (se necessário, em função de exigências técnicas
e legais locais): realizado como “polimento” final dos efluentes líquidos
provenientes do tratamento secundário, promovendo remoção
suplementar de sólidos, de nutrientes (nitrogênio, fósforo) e de
organismos patogênicos. Podem ser utilizados sistemas associados de
nitrificação-desnitrificação, filtros e sistemas biológicos ou físico-
químicos (ex.: uso de coagulantes para remoção de fósforo).

Segundo Donaire (1995) são dezesseis os princípios para gestão ambiental,


essenciais para atingirmos o desenvolvimento sustentado.
1) Prioridade organizacional: a questão ambiental é uma questão-chave para o
desenvolvimento sustentado. Estabelece políticas, programas e práticas no
desenvolvimento das operações que sejam adequadas ao meio ambiente.
2) Gestão integrada: integrar as políticas, programas e práticas ambientais
intensamente em todos os negócios como elementos indispensáveis de
administração em todas as suas funções.
3) Processo de melhoria: melhorar continuamente as políticas corporativas,
os programas e a performance ambiental tanto no mercado interno, quanto externo.
4) Educação do pessoal: educar, treinar e motivar o pessoal de forma responsável em
relação ao ambiente.
5) Prioridade de enfoque: considerar as repercussões ambientais antes de iniciar
uma nova atividade ou projeto e antes de instalar novos equipamentos ou
abandonar alguma unidade produtiva.
6) Produtos e serviços: desenvolver e produzir produtos e serviços que não
sejam agressivos ao ambiente e que sejam seguros em sua utilização e consumo.
7) Orientação ao consumidor: orientar os consumidores, distribuidores e o público em
geral sobre o correto e seguro uso, transporte, armazenamento e descarte dos
produtos produzidos.
8) Equipamentos e operacionalização: desenvolver, desenhar e operar máquinas
e equipamentos levando em conta o eficiente uso da água, energia e matéria-
prima, o uso sustentável dos recursos renováveis, minimização dos impactos
negativos ao meio ambiente e a geração de poluição e o uso responsável e seguro
86

dos resíduos existentes.


9) Pesquisa: apoiar projetos de pesquisa que estudem os impactos ambientais
das matérias-primas, produtos, processos, emissões e resíduos associados ao
processo produtivo da empresa, levando a minimização de seus efeitos.
10) Enfoque preventivo: modificar a manufatura e o uso de produtos ou serviços
e mesmo os processos produtivos, de forma consistente com os mais modernos
conhecimentos técnicos e científicos, prevenindo as irreversíveis degradações do
meio ambiente.
11) Fornecedores e subcontratados: estimular a adoção dos princípios ambientais
da empresa com subcontratados e fornecedores encorajando e assegurando
melhorias em suas atividades, de maneira que elas sejam uma extensão das normas
utilizadas pela empresa.
12) Placas de emergência: desenvolver planos de emergência nas áreas de
risco, em conjunto com os setores da empresa, os órgãos governamentais e a
comunidade local.
13) Transferência de tecnologia: colaborar na difusão e transferência das tecnologias
e métodos de gestão que sejam amigáveis ao meio ambiente, junto aos setores
privado e público.
14) Contribuição no esforço comum: cooperar no desenvolvimento de políticas
públicas e privadas, de programas governamentais e iniciativas educacionais que
visem à preservação do meio ambiente.
15) Transferência de atitude: proporcionar o diálogo com a comunidade interna
e externa, respondendo suas preocupações em relação aos riscos e impactos
das operações, produtos e resíduos.
16) Atendimento e divulgação: encaminhar auditorias ambientais regulares e
averiguar se os padrões da empresa cumprem os valores estabelecidos na
legislação. Providenciar regularmente informações apropriadas para a alta
administração, acionistas, empregados, auditores e o público em geral.

Para Donaire (1995), os benefícios da gestão ambiental são os mais


diversos: economias devido à redução do consumo de água, energia e outros
insumos; economias devido à reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos e
diminuição de efluentes; redução de multas e penalidades por poluição; aumento da
contribuição marginal de “produtos verdes” que podem ser vendidos a preços mais
87

altos; aumento da participação no mercado devido à inovação dos produtos e


menos concorrência; linhas de novos produtos para novos mercados; aumento da
demanda para produtos que contribuam para a diminuição da poluição; melhoria da
imagem institucional; renovação do “portfólio” dos produtos; aumento da
produtividade; alto comprometimento do pessoal; melhoria nas relações de trabalho;
melhoria e criatividade para novos desafios; melhoria das relações com os órgãos
governamentais, comunidades e grupos ambientalistas; acesso assegurado ao
mercado externo e melhor adequação aos padrões ambientais.
Sobre os programas de gestão específicos, relacionados aos processos
da empresa, é recomendável que sejam desenvolvidos esforços para aplicar
os conceitos de desenvolvimento sustentável, o uso de tecnologias limpas e
uma definição clara de metas e objetivos ambientais (MOURA, 2000).
Os programas ambientais podem ser concebidos para atuação em uma série
de áreas, como: gestão da água, resíduos industriais no solo, utilização de
energia, energia fotovoltaica, fertirrigação, reciclagem de materiais, desenvolvimento
de novos produtos com melhor desempenho ambiental, embalagens, entre outros.

Programa de Gestão de Água

a) Redução do Consumo de água: pode ser obtido através de medidas


como, a identificação de vazamentos e reaproveitamentos. A melhor forma
de identificar com clareza os pontos de perda é realizar um balanço de massa
para cada etapa do processo, aplicando a equação da continuidade, e procurar
diminuir a quantidade que é direcionada para a estação de tratamento e para o
descarte final.
b) Segregação das redes hidráulicas de descarga e controle de efluentes:
antigamente a coleta de efluentes em cada ponto do processo era conduzida a
um tanque comum, hoje uma solução mais moderna prevê coletas e
armazenagem separadamente, para facilitar o processo de tratamento; desta
forma pode-se trabalhar cada efluente separadamente utilizando-se de
ácidos para neutralizá-los.
c) Redução da poluição: uma das formas mais comuns de poluição das águas é
aquela provocada pelo despejo de matéria orgânica, através de esgotos
domésticos ou resultados de processos industriais de empresas
88

alimentícias entre outras. O resultado disso é o fenômeno da “eutrofização”


das águas; despejo de matéria orgânica na água que é material nutritivo para
os fitoplânctons (ex.: algas azuis) que, com o excesso de nutrientes,
multiplicam-se de forma exagerada, acarretando a morte de alguns peixes,
plantas e organismos vivos existentes na água.
d) Implementação de sistemas de tratamento: conhecidos os efluentes,
deve-se identificar a melhor forma de tratamento, ou se negociar com o
órgão público responsável a realização desse trabalho.

Gestão de Resíduos Sólidos

Implantação do Programa dos 4R: redução na fonte, reutilização, reciclagem e


recuperação.
Reduzir a produção de resíduos: a diminuição da produção é obtida
através da modificação de processos produtivos, da redução do uso de matérias-
primas, menor uso de energia e escolha criteriosa dos materiais empregados
na fabricação. A menor geração proporciona economia de despesas com
transporte e armazenamento, e com segurança, proteção e saúde dos empregados.
Os procedimentos para redução devem prever as atividades de todos os envolvidos
na empresa, prevendo-se:
a) Caracterização dos resíduos gerados (tipos, composição química,
quantidades, pontos de geração);
b) Modificação dos processos com estímulos à introdução de novas
tecnologias (mais limpas);
c) Treinamento de pessoal de operação;
d) Precauções a tomar com o armazenamento e transporte;
e) Economia obtida e estabelecimento de um sistema de alocação de custos
para os resíduos gerados;
f) Avaliações periódicas dos resultados alcançados e fixação de novas metas;
g) Análise da possibilidade de vender ou trocar com outras firmas, que
tenham interesse: solventes, ácidos, óleos, etc. (o resíduo de uma empresa
pode ser utilizado com matéria prima de outro).

Reaproveitar resíduos e sobras de produção: este conceito está relacionado à


89

ideia de valorização (obter algum ganho com materiais que seriam descartados ao
reaproveitá-los no processo produtivo, vendê-los ou usá-los como combustível). Pode
ser considerado sob várias formas:
a) Recuperação e reprocessamento: extração de algumas substâncias que têm
valor mais alto, contidas nos resíduos, por processos físicos, químicos ou
biológicos.
b) Reutilização: através do reaproveitamento direto, como ocorrem com
garrafas retornáveis, peças de automóveis de desmanches.
c) Centros de tratamento”: mantidos por um grupo de indústrias de uma
determinada região que, dessa forma, reduzem suas despesas com
equipamentos específicos, pessoal especializado, etc.
d) “Bolsas de resíduos”: nas associações de classe, onde os geradores de
resíduos discutem seus interesses, onde são negociadas a compra e venda de
resíduos.
Reciclar resíduos e sobras: uma forma particular do reaproveitamento de
matérias-primas, tais como papel, plásticos, latas de alumínio e de aço, pneus, etc.,
em que é produzida uma nova quantidade de materiais a partir do material captado
no mercado e reprocessado para ser comercializado.
a) Identificação dos locais de manuseio, estocagem e disposição: é comum a
empresa, por falta de uma solução melhor, manter uma grande quantidade de
resíduos armazenados em tambores em sua propriedade, o que não é uma boa
solução, pois representam riscos de acidentes, riscos de contaminação do
pessoal e custos de estocagem. O mais recomendável neste caso, é remover
esse material da empresa, transferindo-o para locais preparados para seu
recebimento ou incineração.
Tratamento e disposição final dos resíduos: o destino final dos resíduos
em locais adequados tais como; aterros sanitários, bacias de sedimentação,
depósitos de tambores em locais especiais como minas, poços, etc., para conter
os efeitos prejudiciais desses resíduos, monitorando esses locais, ou a sua
incineração. Anterior a isto, é recomendável outros tratamentos dos resíduos:
a) processamento físico, químico ou biológico do resíduo, para torná-lo menos
perigoso ou inerte;
b) secagem e desidratação de resíduos, para reduzir o volume dos resíduos
a serem destinados a aterros, e também os custos de transporte;
90

c) incineração, realizada em incinerador licenciado pelo órgão ambiental, onde


seja feita uma filtragem e tratamento dos gases gerados).

Programa de gestão da qualidade do ar

a) Inventário das emissões: conhecer bem aquilo que se está jogando para a
atmosfera: qual o gás, composição, propriedades.
b) Programa de controle das emissões: realizado com o propósito de reduzir
as emissões gasosas, através de melhorias no processo produtivo, uso de
matérias-primas que produzam menos resíduos gasosos e filtragem dos
gases de exaustão, antes de saírem da chaminé.

Programa de gestão da energia

Uso racional da energia, modificando processos para evitar


desperdícios, realizar ajustagens de máquinas para melhorar a sua eficiência
energética, melhorar os processos arquitetônicos para utilizar iluminação natural,
melhorar o isolamento térmico em ambientes aquecidos ou refrigerados para
evitar perdas, entre outras possíveis medidas de economia.
Substituição de lâmpadas por modelos mais eficientes e de grande
durabilidade e dos reatores de lâmpadas fluorescentes pelos reatores “eletrônicos”,
troca de cabos elétricos de diâmetro muito pequeno e que, portanto apresentem
aquecimentos e perdas.

Produção mais Limpa

Nesta abordagem da gestão ambiental é importante enfatizar a produção


limpa que é uma estratégia ambiental preventiva aplicada a processos, produtos e
serviços para minimizar os impactos sobre o meio ambiente (BARBIERI, 2004).
A produção limpa tem uma definição associada à Produção Mais Limpa (P+L)
sendo definida como uma abordagem de proteção ambiental ampla que considera
todas as fases do processo de manufatura ou ciclo de vida do produto, com o objetivo
de prevenir e minimizar os riscos para os seres humanos e o ambiente a curto e a
longo prazo. Em se tratando de P+L em abatedouros, a principal estratégia
91

segundo Pacheco e Yamanaka (2006) é: “coletar e separar todo material orgânico


secundário (que não seja produto direto), gerado ao longo do processo produtivo,
da forma mais abrangente e eficiente possível, evitando que se juntem aos
efluentes líquidos, e maximizar o seu aproveitamento ambientalmente adequado,
com o menor uso possível de insumos e recursos (água, energia, etc.)”.
O foco das ações de P+L deve direcionar-se, preferencialmente, aos
aspectos ambientais mais significativos, que possuem os maiores impactos
ambientais. No caso de frigoríficos, o consumo de água, o volume e a carga
dos efluentes líquidos e o consumo de energia são os principais, seguidos de
resíduos sólidos e de emissão de substâncias odoríferas.
Empresas organizadas e planejadas poderão criar pequenos programas
de gestão voltados a questões ambientais, com empenho, dedicação e sem grandes
investimentos pode-se atingir grandes resultados e melhorias significativas no
processo de produção.
92

CONCLUSÕES

O empreendimento a ser instalado, trata-se de um empreendimento de


pequeno porte. A área de estudo apresentou inicialmente um ambiente pouco
alterado, sendo composto por áreas utilizadas como áreas de pastagens.
Não foi observado indivíduos representantes dos répteis ou anfíbios na área
diretamente afetada pela construção do abatedouro.
Como se trata de um empreendimento que envolve poucos processos
químicos, os riscos de contaminação dos cursos d’água são baixos, tanto durante a
instalação, operação e também durante o transporte. Mesmo assim, é extremamente
importante que exista um plano de contenção de acidentes e um plano emergencial
caso isso venha a ocorrer.
As espécies identificadas até o momento in situ são generalistas, mas esse fato
não elimina a possibilidade de haver espécies raras, ameaçadas, endêmicas ou
indicadoras de boa qualidade ambiental. Assim como também não significa que as
espécies generalistas não devam ser preservadas, inclusive as que habitem a área
diretamente afetada pelo empreendimento.
Os resíduos líquidos e sólidos gerados nos processos beneficiamento e
processamento do leite serão tratados através de lagoas de tratamento, entre elas,
esterqueira, caixa de separação dos resíduos sólidos, caixa anaeróbica, lagoa
facultativa e lagoa de maturação. Henzel (2009) relata que para ter bons resultados
deve-se levar em consideração algumas medidas que são essenciais para redução
dos aspectos e impactos ambientais causados por tais atividades como a redução do
consumo de água, consumo de energia elétrica, emissões gasosas e geração de
resíduos sólidos.
O uso racional de tais recursos naturais deve ser realizado, por meio de ações
de modo a evitar desperdícios por meio do reaproveitamento da água em diversas
etapas como no reuso da água oriunda da lavagem dos filtros do tratamento de água
para possível reutilização na higienização das áreas externas.
Redução do consumo de energia com uso de equipamentos com maior
eficiência energética, lâmpadas fluorescentes e/ou controladores (liga e desliga)
automáticos, e através de ações rotineiras dos colaboradores desligando os
equipamentos quando não estiver utilizando, desligar lâmpadas ao termino das
atividades.
93

Reaproveitamento de embalagens de materiais não-poluentes, para coleta de


materiais para descarte; dispor de coletores de lixo para reciclagem de materiais, tais
como: plásticos, papéis, garrafas plásticas, restos de comida; dispor os resíduos
sólidos de forma correta, dando destinação adequada para tal, e treinamento dos
colaboradores da empresa sobre educação ambiental para se conseguir bons
resultados e atender a legislação ambiental pertinente. Também se faz necessários
programas de monitoramento de emissões gasosas.
A utilização dos recursos naturais é essencial na realização das atividades
diárias na indústria alimentícia e deve ser de forma racional, pois tais recursos estão
sendo esgotados, trazendo grandes consequências para o planeta. Tornando-se a
avaliação dos aspectos e impactos ambientais extremamente importantes na
minimização dos impactos, através de um planejamento adequado por parte das
empresas principalmente frigorífica por possuir grande potencial poluidor, que busca
estar em plena harmonia com o meio ambiente.
94

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ANEXOS

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