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Volume 2, Número 1, 2018

ANAIS DO 2° WORKSHOP EM MATERIAIS E PROCESSOS DE


PRODUÇÃO

Organizadores:

Douglas Vieira Barboza

Allana Kedry de Matos Mattos

1ª Edição

Araruama, RJ

2018

2 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Expediente:

Coordenador do Evento
Prof. MSc. Douglas Vieira Barboza (FAP)

Comissão Organizadora
Prof. Dr. Ricardo Luiz Fernandes Bella (UFF)
Prof. MSc. Héctor Napoleão Cozendey da Silva (Unilagos)
Profa. Dra. Aline Mansur Almeida (Unilagos)
Prof. MSc. Nicholas Van-Erven Ludolf (UFF)
Prof. MSc. Leonardo Pimentel Bezerra (UFF)
Prof. Esp. Gioliano Barbosa Bertoni (Unilagos)

Discente Allana Kedry de Matos Mattos


Discente Caroline Pereira Barbosa
Discente Samuel Pereira Batista
Discente Alan Marinho Costa

Comitê Científico
Prof. Douglas Vieira Barboza – Doutorando em Sistemas de Gestão Sustentáveis
Prof. Ricardo Luiz Fernandes Bella – Doutor em Engenharia de Produção
Prof. Héctor Napoleão Cozendey da Silva – Doutorando em Sistemas de Gestão Sustentáveis
Profa. Aline Mansur Almeida – Doutora em Geoquímica
Prof. Nicholas Van-Erven Ludolf – Doutorando em Sistemas de Gestão Sustentáveis
Prof. Leonardo Pimentel Bezerra – Mestre em Engenharia de Produção
Prof. Gioliano Barbosa Bertoni – Mestrando em Engenharia de Produção e Sistemas
Prof. Carlos Renato Bussinger Guerra – Doutorando em Economia

Correspondência
Rua Mal. Castelo Branco, s/n – Rio do Limão, Araruama – RJ, 28970-000
E-mail: wompproducao@gmail.com

Periodicidade
Anual
3 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
Apresentação:

O 2° Workshop em Materiais e Processos de Fabricação (WOMP) é uma


iniciativa dos professores da Faculdade União Araruama de Ensino (Unilagos),
Faculdade Paraíso (FAP) e Universidade Federal Fluminense (UFF), juntamente
com os discentes do curso de Bacharelado em Engenharia de Produção da
referida Unilagos, tendo sido realizado entre os dias 21 e 23 de novembro de
2018 à Rua Marechal Castelo Branco, s/n - Rio do Limão, Araruama – RJ.

O evento teve como propósitos, divulgar os trabalhos de profissionais e alunos


de cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia de Produção e áreas
fins, promover o debate sobre temas e tendências atuais sobre materiais e
processos produtivos, e propiciar a integração entre profissionais e estudantes de
diferentes níveis de formação. Assim contou com a apresentação de palestras
sobre o setor, apresentações de trabalhos técnicos-científicos e atividades
culturais, trazendo diversas visões e experiências aos envolvidos.

Apresentamos neste livro, os trabalhos apresentados na Sessão Técnica deste


evento, estando distribuídos a seguir de acordo com a ordem alfabética de seus
títulos para facilitar sua busca. Frisando ainda que a comissão organizadora não
tem qualquer responsabilidade sobre possíveis erros ortogramaticais, sendo a
redação dos trabalhos de inteira responsabilidade de seus autores.

4 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Agradecimentos:

A comissão organizadora do primeiro WOMP agradece aos palestrantes,


autores, direção acadêmica, coordenação, apoiadores e a todos os professores e
alunos que colaboraram direta ou indiretamente para o sucesso deste evento,
graças à dedicação dispensada por todos que pudemos lograr tal êxito.

Agradecemos em especial ao apoio para o acontecimento do evento à Brazilian


Journal of Prodution Engineering, Engenheiros Sem Fronteiras – Costa do Sol,
Observatório Social de Araruama e a Faculdade União Araruama de Ensino.

Esperamos que todos tenham apreciado o evento e lhes aguardamos para o III
Workshop em Materiais e Processos de Produção.

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Dedicatória:

A comissão organizadora do II WOMP dedica este livro de trabalhos ao aluno


do bacharelado em Engenharia de Produção da Faculdade Unilagos Isaac
Malafaia Ferreira da Silva, entusiasta da ciência, dos processos de engenharia,
da aventura e da amizade sempre solicita, falecido no dia 7 de novembro de
2018.

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Sumário:
ANÁLISE DO PROCESSO E CARACTERIZAÇÃO DO SUBPRODUTO DE MAMÃO VISANDO SUA
APLICAÇÃO PARA PRODUÇÃO DE RAÇÃO ANIMAL ..............................................................................9
ANÁLISES SOBRE PEDAGOGIA HOSPITALAR: A QUESTÃO DA MULTIDISCIPLINARIDADE NA
PRODUÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO ................................................................................................ 17
APLICAÇÃO DO MÉTODO NASA-TLX EM UMA OPERADORA DE SERVIÇOS DE SAÚDE ATUANTE NA
REGIÃO DOS LAGOS ............................................................................................................................. 26
APOSENTADORIA NO BRASIL: UMA REFLEXÃO SOBRE OS HORIZONTES DA POPULAÇÃO
PRODUTIVA........................................................................................................................................... 41
AVALIAÇÃO DO IMPACTO DE INICIATIVAS CONSERVACIONISTAS NO SERVIÇO ECOSSISTÊMICO DE
CONTROLE À EROSÃO HÍDRICA ......................................................................................................... 52
ESTUDO DA APLICAÇÃO DA ESCÓRIA DE ALTO FORNO PARA FABRICAÇÃO DE CIMENTO PORTLAND
............................................................................................................................................................... 65
ESTUDO PRELIMINAR DA OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE PRÉ-TRATAMENTO E-COAT EM UMA
PLANTA DE PINTURA AUTOMOTIVA .................................................................................................. 74
ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DO ELEMENTO TÓRIO COMO COMBUSTÍVEL NUCLEAR ................. 84
ESTUDO SOBRE BENEFÍCIOS E DESVANTAGENS DO USO DO PLÁSTICO E DO PAPEL EM
EMBALAGENS PARA SUSTENTABILIDADE........................................................................................... 96
GESTÃO DE PROJETOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL COM A METODOLOGIA BIM APLICADA: ESTUDO DE
CASO .................................................................................................................................................... 107

MICROBACIA HIDROGRÁFICA DO BAIXO RIBEIRÃO SANTO ANTÔNIO: UTILIZANDO IMAGENS DO


SENSOR SENTINAL 2 PARA MONITORAMENTO ................................................................................ 121
MODELAGEM DE PROCESSOS DE NEGÓCIO: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA RETIFICADORA
DE MOTORES EM CABO FRIO-RJ...................................................................................................... 136

OTIMIZAÇÃO DO EFEITO DA APLICAÇÃO DO EXOGEL COM ALTERAÇÃO NA COMPOSIÇÃO BASE


............................................................................................................................................................. 148
PERSPECTIVAS SOBRE A RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA NO DESENVOLVIMENTO DE
PRODUTOS .......................................................................................................................................... 156
POTENCIAL DO CAPIAÇU COMO BIOMASSA ENERGÉTICA.............................................................. 166
PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE COMPOSTOS ANTIOXIDANTES: EXPERIMENTAL E SIMULAÇÃO ... 173
PROGRAMAÇÃO LINEAR COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE UMA
CONFEITARIA ..................................................................................................................................... 181
PROPOSTA DE SISTEMÁTICA PARA GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS EM UMA INSTITUIÇÃO
PÚBLICA.............................................................................................................................................. 188
SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE DESTILAÇÃO EXTRATIVA DO ETANOL UTILIZANDO
DIPROPILENOGLICOL ........................................................................................................................ 208

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SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA DO BIOETANOL A PARTIR DO
RESÍDUO DE BATATA-DOCE (IPOMOEA BATATAS L. (LAM.)) ........................................................... 220
SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE GERAÇÃO DO CLO2 EM UMA INDÚSTRIA DE FABRICAÇÃO DE
PAPEL.................................................................................................................................................. 231
SISTEMA DE GESTÃO ISO 22000: UM PROJETO DE INTERVENÇÃO NA ÁREA DE ADITIVOS
INDUSTRIAIS ....................................................................................................................................... 241
SISTEMAS DE REDES SUBTERRÂNEAS DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL ................................... 251

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ANÁLISE DO PROCESSO E CARACTERIZAÇÃO DO SUBPRODUTO DE
MAMÃO VISANDO SUA APLICAÇÃO PARA PRODUÇÃO DE RAÇÃO
ANIMAL

Cíntia Helena Moura da Cunha1*, Elisa Barbosa Marra2, Camila Rocha de Oliveira Fontoura3,
Wilson Ricardo Chimatti4, Cristiane de Souza Siqueira Pereira5

1235
Curso de Engenharia Química da Universidade de Vassouras, Vassouras, RJ, Brasil.
4
Mestrado Profissional em Ciências Ambientais da Universidade de Vassouras, Vassouras, RJ, Brasil,
*cintiamouraa96@gmail.com

Resumo: O resíduo de mamão é um subproduto de grande valor energético, podendo substituir os


grãos na alimentação animal. Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo a caracterização
do resíduo de mamão gerados por uma indústria processadora de frutas cristalizadas, visando seu
reaproveitamento, parcial ou total, reduzindo impactos ambientais e agregando valor nutricional ao
produto final que possui baixo custo de comercialização. Na primeira etapa do estudo, foi realizado o
levantamento da produtividade mensal e anual dos resíduos da polpa e semente de mamão.
Caracterizaram-se os subprodutos de acordo com os parâmetros físico-químicos seguindo a
metodologia proposta no Manual de orientação às indústrias de alimentos (Portaria 03/2009 do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz
(Métodos físico-químicos para análise de alimentos) e AOAC Official Methods of Analysis. As
análises foram realizadas em um laboratório credenciado, apresentando resultados significativos e de
alto valor energético, tornando-se uma alternativa para complementação e/ou suplementação da
alimentação animal, além de contribuir positivamente com a redução da poluição ambiental.

Palavras-chave: Mamão, reaproveitamento, ração animal.

INTRODUÇÃO

O Brasil é o 3º maior produtor de frutas tropicais “in natura” no mundo. Uma pequena parcela
dessa produção de frutas é destinada ao processo de frutas cristalizadas, onde o fato de outros
produtos preparados como doces em massa, geléias e polpas possuírem um processamento
mais simples, rápido e um mercado consumidor mais atrativo, fazem com que as indústrias
optem por esses produtos e não por frutas cristalizadas (KITZBERGER et al., 1999). Em
2004, o Instituto Brasileiro de Frutas (IBRAF) estimou em 350 milhões de litros a

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produção/consumo de sucos e polpas à base de frutas no Brasil. O aumento deste
processamento gera cerca de 40% dos resíduos agroindustriais (ABUD e NARAIN, 2009).
Frutas e outros vegetais são exemplos de importante fonte de elementos essenciais, sendo que
os minerais desempenham uma função importante no desenvolvimento da boa saúde do corpo
humano, onde as frutas são consideradas as principais fontes de minerais necessários na dieta
humana (HARDISON et al., 2001).

As matérias orgânicas geradas nas empresas representam uma quantidade significativa de


descarte anual, o que pode impactar diretamente ao meio ambiente, tornando áreas propicias
ao desenvolvimento de insetos e pragas atraídas pelo alimento residual descartado.
Atualmente, as agroindústrias investem no aumento da capacidade de processamento, gerando
grandes quantidades de subprodutos, que em muitos casos são considerados custo operacional
para as empresas ou fonte de contaminação ambiental (SOUSA et al., 2011). Como a
quantidade de resíduos pode chegar a muitas toneladas, agregar valor a esses produtos é de
interesse econômico e ambiental, carecendo de estudos científicos e tecnológicos, que
possibilite sua utilização eficiente, econômica e segura (SCHIEBER et al., 2001).

O mamoeiro (Carica papaya L.) é uma das fruteiras mais comuns em quase todos os países da
América Tropical, sendo descoberto pelos espanhóis na região compreendida entre o sul do
México e o norte da Nicarágua. Após a descoberta, o mamoeiro foi amplamente distribuído
em várias regiões tropicais, estendendo-se a norte e sul do país, com possível introdução no
Brasil em 1587. É considerada como uma das fruteiras mais cultivadas e consumidas nas
regiões tropicais e subtropicais do mundo. Seus frutos, conhecidos como mamão ou papaya,
são excelentes fontes de cálcio, pró-vitamina A e vitamina C (ácido ascórbico), por isso são
amplamente utilizados em dietas alimentares (SERRANO, 2010).

Segundo a FAO (2018), em 2010 a produção mundial de mamão representava 10% da


produção mundial de frutas tropicais, girando em torno de 8 milhões de toneladas, das quais
39% são produzidas na América Latina e Caribe. Em 2008, o Brasil produziu 1,9 milhões de
toneladas em 36,5 mil hectares, com um valor da produção estimado em R$ 1 bilhão (IBGE,
2010). Também em 2008, o Brasil exportou cerca de 30 mil toneladas (7% menos que em
2007), gerando uma receita de US$ 38,6 milhões (IBRAF, 2010).

O mamão é uma baga de forma variável de acordo com o tipo de flor, podendo ser
arredondado, oblongo, alongada, cilíndrico e piriforme. A casca é fina e lisa, de coloração
amarelo-clara a alaranjada, protegendo uma polpa com 2,5 cm a 5 cm de espessura e de
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coloração que pode variar de amarela a avermelhada. O fruto pode atingir até 50 cm de
comprimento e pesar desde gramas até 10 quilos. As sementes são pequenas, redondas,
rugosas e recobertas por uma camada mucilaginosa, apresentando coloração diferente para
cada variedade (DANTAS, NETO 2012).

No seu processamento ou até mesmo em seu consumo in natura, em torno de 50% da matéria-
prima é descartada, consistindo em casca e sementes. Deste descarte, entre 15 a 20% do seu
peso é composto pelas sementes. Portanto, o objetivo desse trabalho foi a caracterização do
resíduo de mamão gerados por uma indústria processadora de frutas cristalizadas visando seu
reaproveitamento, parcial ou total, reduzindo impactos ambientais e agregando valor
nutricional ao produto final que possui baixo custo de comercialização.

MATERIAIS E MÉTODOS

Inicialmente foi realizada uma pesquisa pelos alunos da Universidade de Vassouras, sobre
como reaproveitar esses resíduos. Em seguida pesquisou-se por legislações que permitissem a
reutilização desses rejeitos, para então caracterizá-lo.

A legislação utilizada para caracterização do resíduo foi a Instrução Normativa n.º 12, de 30
de novembro de 2004 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que
estabelece parâmetros máximos e mínimos necessários para a composição de ração animal,
para cães e gatos, apresentados na tabela 1.

Tabela 1 – Limites Estabelecidos pela Legislação

Valor para ração Valor para ração


Parâmetro Limite
destinada a cães destinada a gatos

Cães em Gatos Gatos em


Cães
crescimento adultos crescimento
Adultos (%)
(%) (%) (%)

Umidade Máximo 12,0 12,0 12,0 12,0

Proteína Bruta Mínimo 16,0 22,0 24,0 28,0

Gordura Mínimo 4,5 7,0 8,0 8,0

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Fibra Bruta Máximo 6,5 6,0 5,0 4,5

Cinzas Máximo 12,0 12,0 12,0 12,0

Cálcio Máximo 2,4 2,0 2,4 2,0

Fósforo Mínimo 0,6 0,8 0,6 0,8

Fonte: Os autores.

Foi necessário um acompanhamento do processo do mamão cristalizado para quantificar e


classificar as ações no que diz respeito aos rejeitos. Segundo a empresa a etapa em que ocorre
a maior perda, é a etapa da lavagem e encestamento dos cubos. Realizou-se o levantamento da
produtividade mensal e anual do resíduo do mamão, onde foi informado pela empresa que são
processados aproximadamente 5.000 toneladas de mamão in natura, levando em consideração
uma perda de resíduo de 15%.

O fluxograma pode ser explicado conforme Figura 1, bem como a Figura 2 ilustra o resíduo
de mamão após processamento.

Figura 1 - Fluxograma do processo de cristalização do mamão

Lavagem e
acondicionament
fatiamento
o da fruta em um
Colheita (partes pequenas
tanque de
para
salmoura (48h)
comercialização

Lavagem e Cubetagem
encestamento (acondicionamen Lavagem
dos cubos to em salmoura)

Concentração da
fruta; Maturação; Embalagem e
Cozimento
comercialização
Resfriamento

Fonte: Os autores

Figura 2. Biomassa do mamão

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Fonte – empresa Sícola

Caracterizou-se o resíduo do mamão de acordo com os parâmetros físico-químicos seguindo a


metodologia proposta no Manual de orientação às indústrias de alimentos, Normas Analíticas
do Instituto Adolfo Lutz (Métodos físico-químicos para análise de alimentos) e Official
Methods of Analysis (AOAC), e as análises foram realizadas em um laboratório credenciado,
em seguida comparadas com a legislação citada acima.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com base nos dados fornecidos pela empresa e pelo acompanhamento do processo notou-se
que a cada 100kg de mamão, 50kg são de polpa, os outros 50kg são compostos por casca e
semente, onde respectivamente são 40kg de casca e 10kg de semente. A fábrica, processa
aproximadamente 5.000 toneladas de mamão in natura, levando em consideração uma perda
de resíduo de 15%, podendo considerar que 750.000kg de biomassa são geradas por ano.

A Tabela 2, apresenta os resultados das análises realizadas no resíduo de mamão, e a Tabela 3


apresenta as análises realizadas para caracterização e para fins comparativos com a legislação
vigente.

Tabela 2.

Parâmetros

Acidez em
Polpa Acidez em
solução Valor energético Carboidratos
pH ácido cítrico
normal (Kcal/100g) (g/100g)
(g/100g)
(g/100g)

Mamão 5,70 0,24 3,79 55,28 11,73

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Fonte – Própria

Tabela 3.
Parâmetros
Polpa Gordura Total
Proteínas (g/100g) Umidade (g/100g) Cinzas (g/100g)
(g/100g)

Mamão 1,64 <LQ<0,30 27,2 11,70

Fonte – Própria

Analisando os parâmetros fornecidos pela legislação e comparando-os com os resultados


apresentados na Tabela 3 que apresenta os resultados significativos para comparação, o
resíduo de mamão apresenta-se com alto valor nutricional. Necessitando adequar-se a uma
formulação de ração animal, pois a ração não será composta apenas de resíduo, mas sim de
outros ingredientes que a compõe.

CONCLUSÃO

Os resultados energéticos e nutricionais foram comparados com valores mínimos e máximos


estabelecidos pela Instrução Normativa de número 12 do Ministério da Agricultura
considerando cães e gatos apenas. Através dos resultados, concluiu-se que o material possui
grande valor nutricional e pode ser ajustado dentro de uma formulação para ração animal,
afim de estabelecer os padrões mínimos nutricionais dentro da receita, de forma a se agregar
valor ao resíduo gerado do processo de fabricação de frutas cristalizadas paralelamente a uma
grande solução ambiental. Dessa forma, o material ainda deverá ser submetido a novas
analises nutricionais, a fim de objetivar, na melhor aplicação possível, o animal adequado
para consumir o produto final, e este será desenvolvido a partir da biomassa trabalhada.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, J., Filho, J. R. F. Mandioca: uma boa alternativa para alimentação animal. Bahia
agrícola setembro de 2005, p. 50,51.

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ABUD, A.K.S.; NARAIN, N. Incorporação da farinha de resíduo do processamento de polpa
de fruta em biscoitos: uma alternativa de combate ao desperdício. Sergipe, 2009. Disponível
em: <http://bj.ital.sp.gov.br/artigos/html/busca/PDF/v12n4389a.pdf>. Acesso em: 09 out.
2018

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS – FAO. The


Agricultal Production. 2010. Disponível : < http://www.faostat.org> Acesso em: 09 out. 2018

HARDISON, A. et al. Mineral composition of the banana (Musa acuminata) from the island
of Tenerife. Food Chemistry, v. 73, p. 153-161, 2001.

IBRAF – Instituto Brasileiro de frutas. \disponível em:


<://planetaorganico.com.br/site/index.php/ibraf/>

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – Produção Agrícola. Disponível em:


<https://www.ibge.gov.br/>. Acesso em: 09 out 2018

J. L. L. DANTAS; M. T. C. NETO. Aspectos Botânicos e Fisiológicos 2012. Disponível em:


<http://www.ceinfo.cnpat.embrapa.br/arquivos/artigo_2299.pdf>. Acesso em: 08 out. 2018

KITZBERGER, C. S. G. et al. Processamento, avaliação físico-química e sensorial de abacaxi


cristalizado e comparado com outra marca comercial. In: SIMPÓSIO LATINO
AMERICANO DE CIÊNCIA DE ALIMENTOS, 3., 1999, Campinas. Resumos. Campinas:
Unicamp, 1999. p.168. SERRANO L. A. L;

MANCIN, C.A. Cultura do mamoeiro – Engenharia Agronômica (CEIS). Disponível em:


<https://www.ebah.com.br/content/ABAAABS1IAE/cultura-mamoeiro>. Acesso em: 09 out.
2018

RODRIGUEZ, Guillermo, et al., Olive stone an attractive source of bioactive and valuable
compounds, Food Biotechnology Departament, Instituto de la Grasa (CSIC), Avda.
PadreGarc_ia Tejero 4, Apartado 1078, 41012 Sevilla, Spain, 2007.

SERRANO, Luiz Augusto Lopes; CATTANEO, Laercio Francisco. O cultivo do mamoeiro


no Brasil. Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal, v. 32, n. 3, Sept. 2010. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
29452010000300001&lng=en&nrm=iso >. Acesso em: 09 Out. 2018.
http://dx.doi.org/10.1590/S0100-29452010000300001.

15 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


SCHIEBER, A.; BERARDINI, N.; CARLE, R. Identification of flavonol and xanthone
glycosides from mango (Mangifera indica L. Cv. "Tommy Atkins") peels by high
performance liquid chromatography electrospray ionization mass spectrometry. Journal of
Agricultural and Food Chemistry, v.51, p.5006 5011, 2001.

SOUZA, M. S. B.; et al. Caracterização nutricional e compostos antioxidantes em resíduos de


polpas de frutas tropicais. Teresina, 2011.

ANALYSIS OF THE PROCESS AND CHARACTERIZATION OF THE MAMON


SUBPRODUCT FOR THE APPLICATION OF ANIMAL FEED PRODUCTION

Abstract: The papaya residue is a by-product of great energetic value, being able to substitute the
grains in animal feed. In this context, the present work aimed to characterize the papaya residue
generated by a processing industry of crystallized fruits, aiming at its partial or total reuse, reducing
environmental impacts and adding nutritional value to the final product that has a low marketing cost.
In the first stage of the study, the monthly and annual productivity of orange pulp residues and pulp
and papaya seeds were surveyed. The by-products were characterized according to the physico-
chemical parameters following the methodology proposed in the Food Industry Guidance Manual
(Portaria 03/2009 of the Ministry of Agriculture, Livestock and Supply), Adolfo Lutz Institute
Analytical Standards (Physical-chemical methods for food analysis) and AOAC Official Methods of
Analysis. The analyzes were performed in an accredited laboratory. According to the preliminary
results obtained, the byproducts of papaya present high energy value and may become a viable
alternative for complementation and / or supplementation of animal feed, besides contributing
positively to the reduction of environmental pollution.

Keywords: Papaya, reuse, animal feed.

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ANÁLISES SOBRE PEDAGOGIA HOSPITALAR: A QUESTÃO DA
MULTIDISCIPLINARIDADE NA PRODUÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO

Silvia Regina da Fonseca Gonçalves Pires1*; Ricardo Moura dos Santos Marques2; Adriana
Bravo Figueiredo3 & Cecília Batista da Silva Lima4

134
Departamento de Educação da Faculdade União Araruama de Ensino (FAC-UNILAGOS), RJ, Brasil.
2
Pesquisador do Colégio Pedro II (MPPEB), RJ, Brasil.
*silviareginapires@hotmail.com

Resumo: Este trabalho tem como objetivo caracterizar a importância da multidisciplinaridade na


produção de materiais didático que atendam as demandas do processo de escolarização no ambiente
hospitalar, visando ao bem-estar da criança enferma; outro objetivo é esclarecer o trabalho do
Pedagogo no ambiente hospitalar, assim como os saberes necessários para o desenvolvimento de suas
atividades numa associação entre educação e saúde. Para tanto, foi realizado um levantamento
bibliográfico dos principais autores envolvidos na temática, e a partir das discussões em grupo, buscou
se ressaltar os aspectos mais relevantes, utilizando-se como ferramenta o 5w2h, visto sua compreensão
e facilidade de utilização, para nortear a discussão sobre a produção de materiais didáticos que
auxiliem alcançar as metas de aprendizagem com todos os cuidados com a saúde dos pacientes. As
notas instauradas neste texto são intróitos de estudos desenvolvidos com alunos do curso de Pedagogia
da FAC-UNILAGOS onde se entretecem, debates e estratégias como o 5w2h, que contribuam para a
formação de profissionais com amplitude do trabalho com equipes multidisciplinares.

Palavras-chave: Pedagogia hospitalar; Produção de material didático; multidisciplinaridade.

INTRODUÇÃO
As ações educativas desenvolvidas no âmbito hospitalar são reconhecidas e asseguradas pela
legislação brasileira como direito de todas as crianças e adolescentes. Dentre as bases legais
ligadas à referida questão, destacam-se as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial no
Brasil (BRASIL, 2001) e o documento Classe Hospitalar e atendimento pedagógico
domiciliar (BRASIL, 2002) que recomendam o atendimento pedagógico para crianças que se
encontram hospitalizadas ou em regime domiciliar, impedidas de frequentar a escola regular
(BRASIL, 2002).

Na conjuntura, o atendimento pedagógico hospitalar afina-se ao trabalho escolar formal,


caracterizando-se como modalidade de ensino denominada Classe Hospitalar (RODRIGUES,
2012), comprometida em estabelecer relações entre os espaços escolar e hospitalar, tal qual
assegurar o retorno à escola após a alta médica (MEC/SESSP, 1994, apud RODRIGUES,
2012).

17 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Segundo Lizasoáin, 2016, a educação inclusiva é um processo permanente, cujo objetivo é
oferecer uma educação de qualidade para todos, eliminando todas as formas de discriminação.
A realização do processo educativo e pedagógico se faz na relação entre educador
(professor/pedagogo hospitalar) e educando (aluno/paciente ), através de “atividades
diversificadas de escrita, leitura, matemática e jogos para garantir o desenvolvimento
intelectual e o acompanhamento escolar” (RODRIGUES, 2012, p.71).

As atribuições do pedagogo hospitalar estão diretamente ligadas aos processos de ensino e


aprendizagem, de forma a assegurar um ensino escolar continuado, de encontro à interrupção
que aconteceria pelo fato da hospitalização. Porém, a responsabilidade assumida por esse
profissional exige conhecimentos no campo da Psicologia do Desenvolvimento e da
Educação, pois através desses fundamentos encontra-se subsídio para produzir materiais e
criar estratégias de ensino de maneira que a criança ou adolescente em situações conflituosas
seja capaz de externá-las, auxiliando, assim, o seu processo de recuperação (MATOS, 2010).

Nessa lógica, é explícita a necessidade da construção de uma prática pedagógica com


características próprias, que comungue com o processo de ensino-aprendizagem e também
com o bem-estar do enfermo numa nova dinâmica educativa. (FONTES, 2005)

(...) o professor precisa estar preparado para lidar com as referências subjetivas do aluno, e
deve ter destreza e discernimento para atuar com planos e programas abertos, móveis,
mutuantes, constantemente reorientados pela situação especial e individual de cada criança,
ou seja, o aluno da escola hospitalar (FONSECA, 2003 p. 26).

Para um eficaz trabalho com o hospitalizado é necessário, no entanto, conhecer variáveis que
expliquem desde os motivos da internação até as interferências que esta causa em diversos
planos da vida daquele. Essa necessidade amplia a rede de relações entre Educação e Saúde
dentro do hospital, deixando as duas disciplinas diluírem as vezes de antagonistas e tornarem-
se sinergéticas, buscando o desenvolvimento humano em todos os seus aspectos: fisiológico,
cognitivo, psicológico, afetivo e social. Sendo assim, a formação de uma equipe
multidisciplinar com os profissionais da área da Educação e da Saúde, expressa a importância
do pensar o enfermo (aluno/paciente) com todas as suas necessidades específicas e não
somente na necessidade de recomposição do organismo doente. (MATOS e TORRES, apud.
Lucon, 2011)

Entende-se por relações multidisciplinares os contatos éticos entre vários saberes nos intentos
de se conhecer ou intervir sobre determinado objeto (NICOLESCU et al., 2000). No caso
18 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
desta pesquisa, a interação entre as diferentes especialidades profissionais do espaço
hospitalar para alcançar a desejada produção de materiais didáticos que visam a aprendizagem
e a recuperação do aluno/paciente.

Quando Nicolescu aponta a dimensão ética da multidisciplinaridade, revela a relação


suplementar entres as disciplinas uma vez que uma colabora com os intentos de outra mas nos
limites de não intervir ou ocupar o espaço que seria de uma especialidade. Para tanto, ambos
os lados devem conhecer as atribuições específicas de cada, no passo de colaborar sem
interpor ações particulares.

Este trabalho não se limita a investigação de ensino-aprendizagem, sendo também objetivo


caracterizar a importância da multidisciplinaridade na produção de materiais didático que
atendam as demandas do processo de escolarização no ambiente hospitalar, visando ao bem-
estar da criança enferma; e esclarecer o trabalho do Pedagogo no ambiente hospitalar, assim
como os saberes necessários para o desenvolvimento de suas atividades numa associação
entre as ações pedagógicas, médicas e seus objetivos comuns: a recuperação e o
desenvolvimento da criança ou adolescente hospitalizado.

À vista disso, justifica se a dimensão da multidisciplinaridade (NICOLESCU et al., 2000)


como liame imprescindível entre as ações e as especialidades consideradas. Mais do que uma
postura entre conhecimentos, a multidisciplinaridade permite o “se fazer conhecer” do
pedagogo pelos profissionais da saúde como o contrário, estabelecendo a valorização e
reafirmando a possibilidades colaborativas de um trabalho, antes de técnico, social e humano.

Sobre isso, reitera-se a possibilidade dada às ações multidisciplinares nas Classes hospitalares
para o “se fazer conhecer”. Uma vez conhecida a modalidade e reconhecido o seu papel no
ambiente hospitalar, demais áreas envolvem-se em processo colaborativo e produtivos,
voltado a objetivos comuns.

Certamente, o alvo do trabalho do Pedagogo no hospital não se apresenta, unicamente, como a


recuperação do hospitalizado. Como prática educativa, a Pedagogia Hospitalar pretende a
aprendizagem, processo idealizado e administrado pelos fundamentos mais amplos da
Pedagogia. No entanto, por estar em espaço não escolar, a Pedagogia se entremeia a outros
escopos, o que localiza e especializa as atividades desenvolvidas, principalmente na produção
de materiais como jogos e brincadeiras, mais específicos para esse ambiente não escolar que é
o hospital. Para discussão e alcance dos objetivos foi utilizada a ferramenta 5w2h que ajuda
na segregação de tarefas dentro de um processo e a ver, de maneira gerencial, como os
19 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
processos estão de desenvolvendo, através do questionamento e da busca pelas respostas para
cada uma dessas interrogativas: O que? (What), Por que? (Why), Quem? (Who), Onde?
(Where), Quando? (When), Como? (How), Quanto? (How much), apresentados na forma de
tabela, na seção dos resultados.

METODOLOGIA

Este texto parte das análises do grupo de estudo Ações Humanizadas a Nível Hospitalar:
Educação, Saúde e Meio Ambiente, da Faculdade União Araruama de Ensino (FAC-
UNILAGOS) formado por professores e alunos pesquisadores dos cursos de Licenciatura em
Pedagogia, que realizaram um levantamento bibliográfico, e seguindo um referencial teórico,
buscou se um plano de ação utilizando a ferramenta 5w2h, levando se em consideração o
trabalho multidisciplinar, para nortear a produção de materiais didáticos que auxiliem na
aprendizagem e na recuperação da saúde do aluno/paciente.

A ferramenta 5w2h foi utilizada neste trabalho, pois segundo Behr et al. (2008, p. 39), esta
ferramenta é uma maneira de estruturar o pensamento de uma forma bem organizada e
materializada antes de se implantar alguma ação. O termo 5w2h, recebe esse nome pois
requer respostas para sete perguntas, a saber, O que? (What), Por que? (Why), Quem? (Who),
Onde? (Where), Quando? (When), Como? (How), Quanto? (How much), sobre o plano de
ação a ser desenvolvido.

No círculo, são discutidas, com destaque, essencialidades da Pedagogia Hospitalar, nome


dado a área de estudos da Educação em contexto não escolares e que volta-se ao atendimento
pedagógico de escolares hospitalizados.

Sobre esses,

Trata-se da situação de crianças e adolescentes, em idade escolar, que


submetidas a longos períodos de hospitalização ficam impossibilitadas
de seguir o seu ano letivo escolar, ou daqueles que nem chegaram a se
matricular pelos mesmos motivos, atingindo a pré-adolescência ou
mesmo a adolescência em estado de analfabetismo ou nas primeiras
séries escolares (MATOS; MUGIATTI, 2012, p.60).

Em se tratando das discussões sobre os sujeitos envolvidos nas práticas da Pedagogia


Hospitalar, emerge enfoque acerca das responsabilidades e atribuições do pedagogo no espaço
20 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
hospitalar, dentre os quais está a colaboração para a recuperação do aluno ou adolescente
hospitalizado e a produção de materiais didáticos que favoreçam sua recuperação e sua
aprendizagem. A perspectiva é urgente uma vez que foi percebida uma ainda
descaracterização do profissional de pedagogia e um desconhecimento sobre as diferentes
relações e parceria possíveis com a área da saúde.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir do presente estudo, observa se que por ser tão polivalente, é necessário, sim, que a
formação do Pedagogo ocorra sobre sólidas bases acadêmicas, em estudos que levem ao
conhecimento e à reflexão sobre as ações profissionais. No entanto, são as relações
multidisciplinares em serviço que ampliam as competências do pedagogo hospitalar, inserindo
as suas fazer à equipe de saúde; contribuindo na sua capacidade na produção de materiais
didáticos utilizados para o aprendizado e a recuperação do aluno/paciente.

Buscaram-se diretrizes na produção de materiais didáticos, utilizando-se da ferramenta 5w2h,


sob o aspecto multidisciplinar significa ter a possibilidade de planejar, construir, produzir e
avaliar tais materiais utilizados no atendimento pedagógico hospitalar, da maneira mais
adequada às necessidades do aluno/paciente.

Tabela 1 – Composição dos 5w2h na produção de material didático para ambiente hospitalar
sob os aspectos da multidisciplinaridade

AS QUESTÕES AS RESPOSTAS DISCUSSÃO DO GRUPO


O que? Produção de material didático Nem todo material didático escolar tem
para o atendimento pedagógico hospitalar aplicabilidade no ambiente hospitalar, de
com o aluno/paciente e forma que se faz necessário pensar na
esclarecimento do trabalho do Pedagogo no produção destes de forma multidisciplinar,
ambiente hospitalar assim como os saberes para o desenvolvimento da saúde do
necessários para o desenvolvimento de suas paciente, além do desenvolvimento
atividades numa associação entre Educação escolar.
e Saúde.
Por que? As ações educativas desenvolvidas no Apesar das bases legais ao direito a
âmbito hospitalar são reconhecidas e educação, um grande número de hospitais
asseguradas pela legislação brasileira como e secretaria de Educação, não oferecem a
direito de todas as crianças e adolescentes, modalidade de ensino classe hospitalar.
de forma que, o estratégias devem ser
pensadas e desenvolvidas para se assegurar
esse direito.
Quem? Criança ou adolescente hospitalizado e o Para que o material didático seja
Pedagogo produzido, basta ter o aluno/paciente e o
Pedagogo, que através da escuta
pedagógica vai traçar atividades
diversificadas de escrita, leitura,
matemática e jogos buscando o
21 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
desenvolvimento intelectual e recuperação
da saúde.
Onde? No hospital, independente deste ter uma Estabelecer que o trabalho pedagógico
brinquedoteca ou não, visto que a prática pode ser desenvolvido no hospital numa
pode ser realizada no leito. brinquedoteca hospitalar ou num leito, é
fundamental, pois o que é dever, é a
assistência e a prática da educação da
criança e adolescente.
Quando? A produção do material didático deve ser Como o período de internação varia de
feita, buscando-se contemplar todo o paciente, para paciente, o diálogo entre
período de internação do aluno/paciente. equipe de saúde e pedagogo é fundamental.
Além da visão multidisciplinar levantada
pelo presente trabalho.
Como? Através dos fundamentos da Ciência da Através desses fundamentos encontra-se
Educação, Psicologia do Desenvolvimento e subsídio para produzir materiais e criar
da Psicopedagogia, além de conhecer estratégias de ensino de maneira que a
variáveis que envolvam a doença, a criança ou adolescente em situações
terapêutica e a rotina do hospital. conflituosas seja capaz de externá-las,
auxiliando, assim, o seu processo de
recuperação. Conhecer os motivos da
internação, a terapêutica, e até as
interferências que esta causa em diversos
planos da vida do aluno paciente,
evidenciam a necessidade de ampliar a
rede de relações entre Educação e Saúde,
deixando as duas disciplinas diluírem as
vezes de antagonistas e tornarem-se
sinergéticas, buscando o desenvolvimento
humano em todos os seus aspectos:
fisiológico, cognitivo, psicológico, afetivo
e social. Sendo assim, a formação de uma
equipe multidisciplinar com os
profissionais da área da Educação e da
Saúde
Quanto custa? O material didático, formação e O material didático pode ser produzido
remuneração do Pedagogo. pelo pedagogo, utilizando se dos mesmos
materiais escolares, porém existe o custo
com papel filme, muito utilizado como
barreira física, para evitar contaminação.
No entanto é evidente que a formação do
Pedagogo ocorra sobre sólidas bases
acadêmicas, sendo necessárias ações que
estabeleçam relações multidisciplinares
entre profissionais de Saúde e profissionais
da Educação

No dia a dia da elaboração do material didático para ambiente hospitalar perceber mais
claramente que muitas questões ocorrem simultaneamente e outras dependem fortemente das
decisões tomadas em algumas circunstâncias específicas. Mesmo tentando expor aqui tudo o
que envolve a elaboração de um material didático hospitalar, é impossível dar conta de todas
as possibilidades existentes. O imprevisto é um fator que deve ser levado em conta e que
modifica a elaboração de qualquer que seja o material. Tais questões devem ser estudadas e
constantemente questionadas, a fim de que se possam perceber novas demandas referentes à
22 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
elaboração desse tipo de material. Visto que, nos objetivos particulares da aprendizagem nas
relações com o espaço escolar, o Pedagogo Hospitalar mantém o link entre o hospitalizado e
sua rotina de “mundo e escola”, deixando o tempo até a alta médica sincronizado ao tempo
corrido na escola, facilitando o retorno a esta. Conforme documento elaborado pelo
Ministério da Educação - Secretaria de Educação Especial,

(...) Cumpre às classes hospitalares e ao atendimento pedagógico domiciliar elaborar


estratégias e orientações para possibilitar o acompanhamento pedagógico-
educacional do processo de desenvolvimento e construção do conhecimento de
crianças, jovens e adultos matriculados ou não nos sistemas de ensino regular, no
âmbito da educação básica e que se encontram impossibilitados de frequentar escola,
temporária ou permanentemente e, garantir a manutenção do vínculo com as escolas
por meio de um currículo flexibilizado e/ou adaptado, favorecendo seu ingresso,
retorno ou adequada integração ao seu grupo escolar correspondente, como parte do
direito de atenção integral. (BRASIL, 2002 p. 13).

Além do que, nos objetivos partilhados de forma multidisciplinar, o pedagogo é responsável


pela situação do aluno à realidade na iniciativa de não deixar o ambiente hospitalar ser
interpretado como um deslocamento das rotinas sociais.

CONCLUSÕES

A partir das análises dessa pesquisa, é evidente a importância do trabalho do pedagogo nesse
ambiente não escolar, bem como a prática neste contexto é válida para o seu aperfeiçoamento
como profissional. Sem embargo, é essencial a divulgação do trabalho do Pedagogo
Hospitalar e necessárias ações que estabeleçam relações multidisciplinares entre profissionais
de Saúde e profissionais da Educação.

As discussões desenvolvida no grupo de estudo Ações Humanizadas a Nível Hospitalar:


Educação, Saúde e Meio Ambiente, da Faculdade União Araruama de Ensino, são contínuos e
processuais, assim como as estratégias levantadas para o dito “fazer conhecer” do Pedagogo
ao profissional de Saúde – como o contrário.

Como exemplo de iniciativa, foram realizadas, no primeiro semestre de 2015, a V Semana


Acadêmica de Enfermagem da FAC-UNILAGOS e o II Simpósio de Educação da FAC-
UNILAGOS, nas quais palestras e oficinas puderam aproximar, de maneira multidisciplinar,
estudantes dos cursos de Licenciatura em Pedagogia e Enfermagem. Em sequência no ano de
2016, aluna, Cecília Batista da Silva Lima, do oitavo período do curso de Licenciatura em
23 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
Pedagogia da FAC-UNILAGOS, junto a direção do Hospital Municipal de Saquarema Nossa
Senhora de Nazaré, conseguiu a permissão de realizar um estágio supervisionado, pela
professora Dra. Silvia Regina Pires e pelo professor Msc. Ricardo Marques, em pedagogia
hospitalar, tal trabalho, foi parte integrante do trabalho de conclusão de curso da aluna
supracitada. Já no ano de 2018, a aluna Adriana Bravo Figueiredo, acompanhou a
implantação do Projeto Contação de Histórias no Hospital Municipal Conde Modesto Leal em
Maricá/RJ, bem como os benefícios e dificuldades que o mesmo apresenta, sendo o trabalho,
parte integrante do trabalho de conclusão de curso da aluna, sob orientação da Dra. Silvia
Regina Pires. Todas essa atividades culmina em profissionais que, na condição de alunos
egressos da IES, difundem novas perspectivas para as práticas do Pedagogo e para os
trabalhos em ambiente hospitalar com crianças e adolescentes hospitalizados. Pedagogos
conhecedores da ferramenta 5w2h e habilitados a produzir materiais didáticos hospitalares
que buscam de maneira multidisciplinar, difundir novas perspectivas para as práticas do
Pedagogo e para os trabalhos em ambiente hospitalar com crianças e adolescentes
hospitalizados.

As equipes de saúde, principalmente nos hospitais escolas, já trabalham com a


multidisciplinaridade buscando a melhor condição de recuperação da saúde do enfermo e
também com objetivos acadêmicos-científicos apresentando novas metodologias de
tratamento que envolve fazeres de várias áreas da saúde. Nesse contexto, o pedagogo se
insere, como um novo membro dessa equipe multidisciplinar, trazendo um ingrediente a mais
através do estímulo cognitivo ao enfermo (aluno-paciente), utilizando-se da construção de
materiais didáticos, como jogos e brinquedos, que o ajudem a alcançar seus objetivos. Porém
para que a sinergia entre educação e saúde aconteça, é necessário que os profissionais
conheçam seus papeis dentro do ambiente hospitalar, de forma que os saberes das várias áreas
contribuam para a aprendizagem e recuperação da saúde do aluno/paciente.

Além disso, torna se evidente que o desenvolvimento do trabalho multidisciplinar no


ambiente hospitalar, através da integração dos profissionais da saúde e da educação, oferta
subsídios essenciais a produção de materiais didáticos que se constroem buscando alcançar as
metas de aprendizagem com todos os cuidados com a saúde dos pacientes.

REFERÊNCIAS
BEHR, A. et al. Gestão da biblioteca escolar: metodologias, enfoques e aplicação de
ferramentas de gestão e serviços de biblioteca, Ci. Inf., Brasília, vol 37 nº 2 ago 2008.
24 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
BRASIL. MEC. Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e
orientações. Secretaria de Educação Especial – Brasília: MEC; SEESP, 2002.
CARVALHO, M. O. do V. As contribuições da Classe Hospitalar no processo de
escolarização do aluno/paciente. 2009. 53 f. TCC (Graduação) - Curso de Pedagogia,
Departamento de Educação, Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2009. Disponível
em: <http://www.uneb.br/salvador/dedc/files/2011/05/Monografia-MICHELE-OLIVEIRA-
DO-VALE-CARVALHO.pdf>. Acesso em: 14 ago. 2015.
FONSECA, E. S. da. Atendimento escolar no ambiente hospitalar. São Paulo: Memnon,
2003.
LIZASOÁIN, O. Pedagogía hospitalaria. Guía para la atención psicoeducativa del alumno
enfermo. Madrid: Editorial Síntesis, 2016.
MATTOS, E. L. M e TORRES, P. L. Teorias e Práticas na pedagogia hospitalar: novos
cenários, novos desafios. 2º Edição, Curitiba, Editora Chanpagnat., 2012.
MATTOS, E. L. M. e MUGIATTI (Orgs.). Escolarização Hospitalar. 2º. Edição, Rio de
Janeiro: Petrópolis, Editora Vozes, 2010.
MATTOS, E. L. M. e MUGIATTI, M. M. T. de F. Pedagogia Hospitalar: a humanização
integrando educação e saúde. 6º. Edição, Rio de Janeiro: Petrópolis, Editora Vozes, 2012.
NICOLESCU, B. Et al (Orgs.). Educação e Transdisciplinaridade. Tradução de VERO, J.;
MELLO, M. F. de; SOMMERMAN, A.. Brasília: UNESCO, 2000 (Edições UNESCO).
RODRIGUES, J. M. C. Classes hospitalares: o espaço pedagógico nas unidades de saúde.
Rio de Janeiro, Editora Wak, 2012.
VIEGAS, D. (Orgs.). Brinquedoteca hospitalar: isto é humanização. 2. ed. Rio de Janeiro:
Wak . 2008.

ANALYSIS ON HOSPITAL PEDAGOGY: THE QUESTION OF MULTIDISCIPLINARITY IN THE


PRODUCTION OF DIDACTIC MATERIAL

Abstract: This work has as objective to characterize the importance of multidisciplinarity in the
production of didactic materials that meet the demands of the schooling process in the hospital
environment, aiming at the well-being of the sick child; another objective is to clarify the work of the
Pedagogue in the hospital environment, as well as the knowledge necessary for the development of its
activities in an association between education and health. To do so, a bibliographic survey of the main
authors involved in the topic was carried out, and from the group discussions, it sought to highlight
the most relevant aspects, using as a tool the 5w2h, since its comprehension and ease of use, to guide
the discussion about the production of didactic materials that help achieve the goals of learning with
all the care of the patients' health. The notes set forth in this text are based on studies developed with
students of the Pedagogy course of the FAC-UNILAGOS where debates and strategies such as 5w2h
are intertwined, contributing to the formation of professionals with a breadth of work with
multidisciplinary teams.

Keywords: Hospital pedagogy; Didactic material production; multidisciplinarity.

25 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


APLICAÇÃO DO MÉTODO NASA-TLX EM UMA OPERADORA DE
SERVIÇOS DE SAÚDE ATUANTE NA REGIÃO DOS LAGOS

Allana Kedry de Matos Mattos1*; Gabriel Pacheco Casemiro2; Maximilliano dos Santos Alves3;
Douglas Vieira Barboza4 & Marcelo Jasmim Meiriño5

1
Departamento de Engenharia Agrícola e Meio Ambiente, UFF – Niterói
23
Departamento de Engenharia e Gestão, Unilagos – Araruama
45
Laboratório de Tecnologia, Gestão de Negócios e Meio Ambiente, UFF – Niterói.
*allanakedry@id.uff.br

Resumo: É sabido que a rede pública de saúde costuma não atender as demandas da população com a
qualidade requerida e este pode ser um dos motivos para a proliferação das operadoras de planos de
saúde particulares. Tais operadoras acabam demandando um grande número de profissionais e embora
atue no mercado de saúde, alguns setores de certas unidades podem não ter a atenção requerida em
termos de saúde do trabalhador. Assim este estudo se preocupa em avaliar a carga de trabalho de
operadores que realizam as atividades de tecnologia da informação e marketing em uma organização
deste tipo, para isso foi realizada uma coleta de dados e posterior aplicação do método semiestruturado
para avaliação de fatores humanos, NASA-TLX. É evidenciado nos resultados que o maior fator na
carga de trabalho é a demanda temporal, onde o indivíduo se sente pressionado para que uma tarefa no
menor prazo possível e/ou faça mais tarefas em menos tempo.

Palavras-chave: Serviços de saúde; ergonomia; fatores humanos; carga de trabalho.

INTRODUÇÃO
Os primeiros estudos e experiências de Carga Mental de trabalho ocorreram na década de 70,
na tendência norte-americana, com Moray (1988) como um ponto de essencial importância no
que concerne a análise de aspectos cognitivos e psíquicos do trabalho, sendo sua medição
enriquecida por instrumentos que possibilitam a análise ergonômica do trabalho perante seu
dimensionamento e estudo detalhado dos seus componentes.

Existem inúmeros conceitos para carga de trabalho e assim, diversos autores da ergonomia
apresentam definições para tal e mais especificamente para carga mental de trabalho. A
exemplo citamos um conceito de Moray (1988):

A experiência de Carga Mental por um trabalhador é uma colocação pessoal


e complexa, com peculiaridades de tarefa e esforço aplicado para a
realização desta, e que depende de seu estímulo e de outros fatores próprios
e característicos de cada pessoa.
26 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
Na visão de Wisner (1994), três aspectos estão presentes em todas as atividades de trabalho:
aspecto físico, aspecto cognitivo e aspecto psíquico. É determinado por cada um destes
aspectos o processo de sobrecarga e um pode influenciar no outro. Na esfera psíquica os
distúrbios têm origem, em consequência ao sofrimento e à fadiga física, nas alterações dos
ritmos de trabalho, na qualidade do sono que é prejudicada, pela distribuição de trabalho e
pela sobrecarga cognitiva de trabalho.

À frente das diversidades de reação do indivíduo em determinada situação, será conforme ele
lida com tal situação ou atividade e como ocorre à organização do trabalho, isso faz com que
os mecanismos de processos psíquicos sejam utilizados acrescentando os esforços mentais e
podendo encaminhá-lo à uma desestruturação psíquica ou à satisfação no trabalho.

Em diversas atividades cotidianas e perante as organizações de trabalho munidas de


informatização e automatização, a mente humana tem um papel essencial, e em determinadas
situações de trabalho têm um elemento cognitivo intenso e complexo, cujas atividades beiram
ser puramente mentais (WISNER, 1994).

Consoante Moraes e Mont'Alvão (1998, p. 48), o principal objetivo da ergonomia é recuperar


o sentido do trabalho, gerar o conhecimento atuante e reformador que impede a alienação do
trabalhador, valorizar o trabalho como agir humano através do qual o homem se transforma e
transforma a sociedade, como livre expressão da sociedade criadora, como superação dos
limites pela espécie humana.

Nesta seara, a Ergonomia caminha em busca do conhecimento do trabalho e sobre o que é


imprescindível para que toda e qualquer atividade seja cumprida nas empresas e instituições, e
também estuda o ser humano em determinadas situações de trabalho focado nos aspectos nos
quais se enquadram em uma perspectiva que se baseia na filosofia e na psicologia (ARAÚJO,
2005).

As cargas de trabalho podem ser influenciadas pela relação do homem com a organização do
trabalho de maneira a alterar sua saúde mental ou condições psíquicas, porém principalmente
nos casos de organizações “nocivas à saúde”, a colisão deste problema na saúde mental do
indivíduo é mais comum e normalmente estes casos não devem ser menosprezados, tendo em
conta a importância na preservação da característica de saúde que o trabalho pode e deve
promover ao trabalhador (DEJOUR, 1980). Por conseguinte, as políticas e os procedimentos e
a organização do trabalho de uma empresa criam uma suscetibilidade para o desenvolvimento
doenças, visto que no contexto de uma organização no qual o trabalhador é inserido, poderá
27 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
interferir na motivação, na atitude, no comportamento, na satisfação e, consequentemente, na
saúde do trabalhador.

Uma outra questão que merece ser evidenciado é que, os componentes da carga de mental de
trabalho, os opostos da carga física de trabalho são complicados para uma conceituação,
avaliados e terem uma avaliação posterior. Nesta situação determina-se a razão pela qual,
inúmeras vezes, é abdicado o processo de análise da carga mental de trabalho (MANUAL DO
NASA - TLX, 1987).

De acordo com Barboza, Boêta e Silva-Júnior (2016), boa parte dos trabalhos que buscam
analisar a carga de trabalho são focados nos casos da indústria, logo é importante avaliar as
solicitações aos trabalhadores de outros setores, logo é justificado avaliar aqui a Carga com
fatores específicos de situação de trabalho no setor de serviços, levando em consideração a
situação de trabalho, a inter-relação entre o indivíduo e as inúmeras variáveis que intervém na
sua relação com a atividade desenvolvida.

Sendo assim, este trabalho teve como objetivo a aplicação de um dos métodos mais
reconhecidos, o NASA-TLX em uma situação laboral de prestação de serviços, buscando
avaliar sobretudo a carga cognitiva imputada à operadores de tecnologia da informação e
marketing.

REVISÃO DE LITERATURA
Desenvolvido por Hart e Stevland (1988), o NASA TLX (Índice Carga Tarefa) é um
mecanismo de taxa multidimensional que evidencia uma pontuação universal da Carga de
Trabalho em que baseia-se em uma média poderada de avalições em seis subescalas:
Exigência (Demanda) Mental, Exigência (Demanda) Física, Exigência (Demanda) Temporal,
o Desempenho (Performance) Próprio – percebam-se como Esforço, Frustação e Níveis de
Realização (Santos-Júnior, 2010).

Esta ferramenta alcançou bastante sucesso nos EUA e foi utilizado junto a pilotos da
NASA/USAF, e obtido pelo PSITRAB (Laboratório de Psicologia do trabalho e Ergonomia
da UFSC) (CORRÊA, 2003; BAUMER, 2003, p.3).

Anteriormente, em uma versão mais clássica da escala , tinha nove subescalas ou dimensões,
e esta objetivava a redução da variabilidade da taxa para uma dada carga de trabalho à partida,
definindo os indivíduos para aferir e calcular as subescalas de avaliação. Com grande êxito

28 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


no que se refere à redução entre variabilidade de taxa, esta técnica (“NASA Taxação de
Escala Bipolar”) também muniu informação do diagnóstico sobre as magnitudes dediferentes
fontes de cargade avaliações de subescalas (HART; BATTISTE; LESTER; 1984;
VIDULICH; TSANG; 1985). Destarte, sua percepção para procedimentos experimentais, foi
a que melhor se enquadrou entre várias outras técnicas mais comuns e uma avaliação
universal da carga de trabalho unidimensional, entretanto ainda não foi considerada aceitável.
Porém, percebeu-se que nove escalas eram um numero excessivo no cálculo de resultados,
fazendo com que a escala tornasse impossível para ser usada em uma simulação ou ambiente
operacional. Em suma, com relação às cargas de trabalho, diversas subescalas foram
consideradas não tão importantes ou repetitivas, motivo pelo qual foi criado o NASA TLX.
Algumas das subescalas da escala original foram revisadas ou combinadas, outras removidas
e duas adicionadas.

Três dimensões relacionam as demandas (exigências) impostas no sujeito (Mental, Física, e


Temporal) e três para a interação do sujeito com a tarefa (Esforço, Frustração, e Realização).

Segundo Baumer (2003,p .10), torna claro que realizou consultas à base de dados
internacionais e o NASA – TLX apresentou-se entre os vários outros métodos quantitativos,
ser “dentre todos os instrumentos, o que teve maior valor agregado em relação ao baixo custo
de aplicação e capacidade de respostas incintestáveis a seus resultados.

A aplicação destes métodos inerentes para a avaliação de Carga Mental,


serve de base para o ergonomista fazer uma comparação em momentos
diferentes de uma mesma tarefa ou em tarefas distinas e a partir daí,
consegue-se realizar investigações podendo ultrapassar a barreira psíquica e
de aspectos organizacionais. (CORRÊA, 2003).

De acordo com Baumer (2003), a ferramenta NASA-TLX concede uma maneira de pontuação
universal da carga de trabalho segundo a média ponderada da avaliação das demandas
descritas a seguir: Exigência Mental, Física, Temporal, Performance, Nível de Esforço total e
Nível de Frustração.

As demandas do NASA-TLX caracterizadas por Santos-Junior (2010)

1. Demanda Mental: Quantidade de atividade mental e perceptiva que requer a tarefa


(pensar, decidir, calcular, recordar etc.).

2. Demanda Física: Quantidade de atividade física que requer a tarefa (pulsar, empurrar,
girar, deslizar etc.).
29 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
3. Demanda Temporal: Nível de pressão temporal sentida. Razão entre o tempo
requerido e disponível.

4. Rendimento: Até que ponto o indivíduo se sente insatisfeito com seu nível de
rendimento.

5. Esforço: Grau de esforço mental e físico que o sujeito tem que realizar para obter seu
nível de rendimento.

6. Nível de Frustração: Até que ponto o sujeito se sente inseguro, estressado, irritado,
descontente etc, durante a realização da tarefa.

Corrêa (2003, p.51) discorre sobre o método e descreve que:

O estágio que cada um dos 6 fatores alcança (Exigência Mental, Exigência


Física, Exigência Temporal, Nível de Realização, Nível de Esforço e Nível
de Frustração) favorece a carga de trabalho numa tarefa determinada, pode
ser avaliado pela concepção das taxas, determinando as suas respostas e
emparelhando comparações entre os 6 fatores. As avaliações de cada
subescala é muito relevante e pode ser obtida depois de cada desempenho
em cada tarefa ou segmentos de tarefas. Avaliações de fatores julgados de
maior importância na criação da carga de trabalho na tarefa deram maior
peso na computação da pontuação da carga de trabalho universal, então
melhorando a sensibilidade da escala. (Corrêa, 2003, p.51).

MATERIAL E MÉTODOS
O desenvolvimento deste trabalho se deu através de uma pesquisa exploratória e aplicada
através de um estudo de caso, abordando o problema de forma quali e quantitativa por meio
de questionários estruturados e observações.

3.1 LOCAL DO ESTUDO


O estudo de caso foi realizado entre os meses de agosto e setembro de 2018 em uma
cooperativa de uma das maiores operadoras de planos de saúde do Brasil, localizada na
Região dos Lagos que tem como missão promover assistência à saúde de forma preventiva e
humanizada, oferecendo recursos tecnológicos eficientes e profissionais qualificados,
cumprindo seu papel social de forma competitiva e autossustentada, valorizando o
atendimento ético e com qualidade, o ato cooperativo e o bem-estar dos nossos colaboradores.
30 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
De acordo com a TurisRio (s. d.) a região dos lagos é uma das 11 regiões turísticas do Estado
do Rio de Janeiro, tendo 5.295,2 km² e 672.598 habitantes, com praias procuradas para a
prática do surf e do mergulho, e com lagoas de grande apelo paisagístico e grande potencial
para as atividades náuticas e balneárias.

3.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA


Por questão de disponibilidade para participação durante a jornada de trabalho foram
convidados e participaram do estudo, oito operadores de tecnologia da informação e
marketing, que atuam em funções administrativas, organizando rotinas de serviços, realizando
entrada e transmissão de dados operando microcomputadores, atendendo as necessidades de
clientes internos e externos, e podem negociar serviços com o cliente.

3.3 INSTRUMENTOS DE PESQUISA


Posteriormente a pesquisa bibliográfica em fontes nacionais e internacionais, foram realizadas
entrevistas com os participantes onde se aplicou o instrumento NASA-TLX, que para avaliar
seis parâmetros se divide em duas partes: Fontes de Cargas (Pesos) e Magnitude da Carga
(Avaliações – Taxas).

As fonte de cargas (Pesos) estão ligadas à primeira parte do método, isto é, a apuração de
quanto cada dimensão colaborou para a carga de trabalho em uma tarefa específica. Estes são
responsáveis por duas fontes potenciais entre a variabilidade das taxas: diferenças das
definições de cargas de trabalho das taxas dentro da tarefa, e a distinção das fontes de cargas
de trabalho nas tarefas. Os pesos estão ligados a uma informação de análise sobre a natureza
da carga de trabalho imposta na tarefa.

Dentre as 6 escalas ou dimensões, existem 15 pares possíveis de comparações, cada par está
representado num cartão. O sujeito circula o membro do par no cartão que mais contribui para
a sua carga de trabalho na tarefa. Podem ser selecionados 0 vezes (sem relevância) ou 5 (mais
importante do que algum outro fator).

Diferentes combinações de pesos é obtida para cada tarefa, e uma mesma combinação de
pesos pode ser usada em diferentes versões da mesma tarefa se as contribuições ou se os 6
fatores para a carga de trabalho forem razoavelmente similares.

31 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Por exemplo, num experimento com muitas tarefas de memória e muitas classes de tarefas,
duas fontes de cargas de trabalho são avaliadas durante o desempenho: uma para as tarefas de
memória e uma para as tarefas de gravar. Um jogo de cartões devia ser feito previamente para
esta experiência de cada sujeito X avaliação das condições de combinação.

Comumente, o NASA-TLX teve maior aplicação em experiências controladas classificadas


como simulações. Portanto, o objetivo seria acessar a carga mental gerada em atividade com
alta demanda mental, assim como comparar o desenvolvimento do método NASA TLX com o
desenvolvimento de outro método (SWAT) aplicados a determinada situação de trabalho.

A segunda ação é a obtenção de uma taxa numérica para cada escala que aponta a relevância
daquele fator em uma determinada tarefa. Os sujeitos respondem marcando cada escala na
posição desejada, e em situações operacionais é mais simples taxar em folhas ou respostas
verbais, porém uma versão computadorizada (disponível no centro de pesquisa do NASA
Ames) é mais eficaz em situações de laboratório. Estas avaliações podem ser obtidas durante
toda a tarefa ou em frações dela.

O NASA-TLX aborda seis sub escalas ou dimensões, onde três delas referem-se à aspectos ou
exigências impostas pelo sujeito (mental, física e temporal) e outras três referem-se com a
interação do sujeito e tarefa (esforço, frustração e realização). Os seis elementos da escala
concebem as admissíveis fontes de carga de trabalho: Demanda Mental, Demanda Física,
Demanda Temporal, Desempenho, Esforço, Nível de Frustração

A Demanda Mental avalia o quanto de atividade mental, concentração e de percepção é


necessária para a efetuação de tarefas, tais como: ponderar, tomar decisões, fazer cálculos,
efetuando pesquisas, etc. E conforme os níveis de complexidade e exigência de esforço
mental são definidos, os limites na escala caracterizam-se como Altos ou Baixos. Conforme
Ward (1996) a carga mental resulta da procura em relação à quantidade disponível de recursos
que o sujeito está propenso ou capaz de empregar. Segundo Wickens, Gordon e Liv (1998), a
razão entre os recursos necessários e o acessível para a execução de uma tarefa definem a
carga mental de trabalho.

A Demanda Física avalia o quanto de atividade física o indivíduo consome ou é despendida


para a realização da tarefa. O nível de facilidade com que a tarefa é realizada indica Limite
Alto ou Baixo na escala, isto é, se a tarefa é leve, lenta - indica Limite Baixo, se for pesada,
árdua e agitada – indica Limite Alto. Neste mesmo entendimento Kroemer, Kroemer e
Kroemer-Elbert (1997) esclarecem que a variabilidade entre os indivíduos e sua capacidade
32 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
de realização do trabalho físico, e que depende muito do tamanho do seu corpo, da condição
física inerente a cada um, sua idade, atitude e fatores referentes ao ambiente e sua saúde.

Demanda Temporal é a mensuração de quanto de pressão e de tempo que o indivíduo sofreu,


ou ritmo de cobrança de determinada tarefa em relação a extensão da mesma pelo tempo que
levará para executá-la. A complexidade da tarefa é proporcional ao horário de trabalho, isto é,
Caso o ritmo de trabalho seja tranquilo ou frenético , a escala indicará se o Limite está Baixo
ou Alto respectivamente.

Na dimensão Desempenho é avaliado o quanto de sucesso que o indivíduo conseguiu atingir


em determinada tarefa, isto é, até que ponto ele se sente satisfeito com seu nível de
rendimento. Wickens (1987) comenta que o funcionamento de um sistema não é excelente
somente quando o desempenho do indivíduo é bom, mas sim quando obtemos resultados sem
ônus excessivos de processamento humano, de maneira que, exista concentração excedente
para que o indivíduo atenda às necessidades de demandas imprevistas.

Em Esforço é avaliado o grau de esforço mental e físico que o indivíduo terá que realizar para
a obtenção de um determinado nível de rendimento. As atividades de trabalho circundam
aspectos que se interagem e correspondem em tal grau com a carga física (consequência do
esforço muscular), como também à carga cognitiva (consequência do esforço mental) que
geram fadiga e diminuição do rendimento do indivíduo (WISNER, 1994).

Frustação é a avaliação de quanto sofrimento você adquiri na realização das metas da sua
tarefa.Seria o quanto você se sente inseguro, irritado, desencorajado, com desconforto ou
estressado, em contrapartida, ao quanto se sente contente , tranquilo, seguro, quando está
realizando sua tarefa. Aquele indica o Limite Baixa e este Limite Alto na escala. É também
um dos principais fatores que inibem a realização no trabalho. Objetivando indicar as
conexões dos processos cognitivos em frente às situações na resolução de problemas, a
ergonomia cognitiva aponta ajustar soluções tecnológicas às necessidades dos usuários
(ABRAHÃO; SILVINO; SARMET, 2005).

Assim o procedimento foi realizado em 3 fases: a primeira são perguntas relevantes a vida
social do questionado; a segunda confere a seriedade subjetiva de cada fator por meio do
procedimento da comparação aos pares, que fornece os pesos de importância de cada um; e o
terceiro, é obtido o grau de intensidade de cada fator em uma escala contínua, em
concordância com a percepção de respondente, obtendo-se assim, um índice de carga
separado para cada componente. A soma dos índices de todos os fatores representa, então, o
33 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
índice global de carga exercida por cada funcionário, onde ao final da avaliação de cada um
foi somado e feito a media entre eles. Foram utilizadas informações do quadro 1 proposto por
Hart & Staveland (1988) para facilitar a comunicação com os participantes da pesquisa e
possibilitar que estes pudessem responder com maior precisão às dimensões avaliadas:

Quadro 1 – Definições da Escala de Classificação NASA-TLX

Título Pontos Extremos Descrições


Quanta atividade mental e percepção e requerida
DEMANDA (ex., pensar, decidir, calcular, lembrar, observar,
Baixa/Alta
MENTAL pesquisar, etc.)? A tarefa é fácil ou difícil,
simples ou complexa, exigente ou indulgente?
Quanta atividade física é requerida (ex.,
DEMANDA empurrar, puxar, girar, controlar, ativar, etc.)? A
Baixa/Alta
FÍSICA tarefa é fácil ou difícil, lenta ou rápida, calma ou
extenuante, repousante ou trabalhosa?
Quanto pressão temporal você sente devido à
DEMANDA taxa ou ritmo em que as tarefas ou elementos das
Baixa/Alta
TEMPORAL tarefa ocorrem? O ritmo é lento e calmo ou
rápido e frenético?
Quão bem sucedido você acha que esteve em
realizar os objetivos da tarefa proposta? Ficou
DESEMPENHO Boa/Ruim
satisfeito com o seu desempenho no
cumprimento desses objetivos?
Quão difícil foi realizar o trabalho (mentalmente
ESFORÇO Baixa/Alta e fisicamente) para alcançar o seu nível de
desempenho?
Quão inseguro, desanimado, irritado, estressado
NÍVEL DE e irritado contra seguro, gratificado, contente,
Baixa/Alta
FRUSTRAÇÃO relaxado e satisfeito consigo você sente com a
tarefa?
Fonte – Hart & Staveland, 1988.

34 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


RESULTADOS E DISCUSSÃO

Previamente a análise da carga laboral, foram coletados dados pessoais para melhor
caracterizar os trabalhadores da tarefa abordada, onde se pode identificar que 75% dos
trabalhadores são do sexo masculino, 50% possuem nível educacional superior completo e
50% incompleto, 67,5% apresentaram doenças que requereram o uso de medicamento
diariamente, nenhum colaborador é fumante, apenas 25% pratica atividades físicas, embora
50% declarem ter hobbies e 37,5% já identificaram Lesões por Esforço Repetitivo e/ou
Distúrbios osteomusculares realacionados ao trabalho, sendo citadas dores nos pulsos, na
coluna lombar e do nervo ciático. Tais dados podem ser observados na tabela 1.

Tabela 1 – Caracterização dos dados pessoais dos colaboradores

Amostra Faixa Frequência %


Até 29 anos 2 25%
Idade De 30 à 39 anos 5 62,5%
A partir de 40 anos 1 12,5 %
Masculino 6 75%
Sexo
Feminino 2 25%
Até 70 kg 1 12,5%
Peso De 71 a 80 kg 4 50%
Mais de 80 kg 3 37,5%
Até 1,70 m 3 37,5%
Altura De 1,71 a 1,80 m 4 50%
Mais de 1,80 m 1 12,5%
Direita 8 100%
Mão dominante
Esquerda
Ens. Fundamental
Escolaridade Ens. Médio 4 50%
Ens. Superior 4 50%
Doença nos últimos 12 Sim 5 62,5%
meses Não 3 37,5%
Afastamento Sim 1 12,5%

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Não 7 87,5%
Nunca sentiu 5 62,5%
Sintoma LER/DORT
Sentiu 3 37,5%
Sim
Fumante
Não 8 100%
Pratica 2 25%
Ativ. Esportiva
Não pratica 6 75%
Realiza 4 50%
Ativ. Extra Profissional
Não realiza 4 50%
Fonte – Os autores

Além da identificação das características pessoais dos colaboradores do referido setor da


operadora de serviços de saúde, foi observada a atividade laborativa e durante esta foram
entrevistados os participantes de acordo com os 6 componentes de carga avaliados pelo
método e após terem sido respondidos todos os questionários, se pôde cruzar dados,
multiplicando o número de vezes que o fator apareceu no questionário com 15 questões
comparativas pela escala de magnitude apontada no outro questionário, gerando uma série de
resultados de acordo com os indivíduos e fatores conforme demonstrado na figura 1.

36 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Figura 1- Gráficos de cada participante por fator da carga de trabalho

Fonte – Os autores

Posteriormente foi realizada uma média para se comparar como cada fator afeta globalmente a
população entrevistada, sendo possível identificar qual tem maior relevância na carga de
trabalho destes colaboradores, assim foi notado que o destaque se dá a demanda temporal,
com a que os trabalhadores julgam atuar em jornadas de trabalho demasiadamente extensas e
que em associação a carga mental podem levar ao estresse. O gráfico que demonstra a
comparação entre as demandas pode ser observado na Figura 2.

37 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Figura 2 – Média das demandas obtidas pelo NASA-TLX

Fonte – Os autores

A demanda temporal elevada pode se dar ao fato de, conforme relatado, os operadores terem
que lidar com diversos clientes durante o dia, interna e externamente, restando a sensação de
que não conseguiram realizar todas as tarefas dentro de sua jornada de trabalho e muitas vezes
realmente as estendendo, pois várias tarefas de outras áreas da operadora dependem de um
suporte rápido, assertivo e que não pode ficar indisponível para que suas atividades sejam
efetivadas com sucesso.

CONCLUSÃO

Visto que este trabalho teve como objetivo geral aplicar a metodologia NASA-TLX sobre
operadores de tecnologia da informação e marketing de uma operadora de serviços de saúde
na região dos lagos visando avaliar ergonomicamente a carga de trabalho e consequentemente
colaborar para a literatura sobre a ergonomia no setor de serviços, podemos dizer que o
objetivo foi alcançado ao passo que foi realizada revisão de literatura apropriada, foram
colhidas informações através de entrevistas semiestruturadas e os dados foram analisados e
tratados.

É importante ressaltar que o trabalho se torna relevante ao passo que as novas tecnologias
tomam conta de indústrias e o setor de serviços cresce empregando a cada dia mais pessoas,
sendo recomendação para pesquisas futuras que sejam realizados mais estudos sobre a

38 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


avaliação ergonômica neste setor, visto que é sabido que um ambiente de trabalho
ergonomicamente equilibrado gera maior produtividade.

REFERÊNCIAS

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Informatizado. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 21 n. 2, pp. 163-171, mai./ago. 2005.

BARBOZA, D. V.; BOETA, L. M. M.; SILVA-JÚNIOR, A. J. Avaliação da carga de


trabalho em garçons de um restaurante em Niterói utilizando o método NASA-TLX.
Projectus, v. 1, n. 1, p. 67-70, jan./mar. 2016.

ARAÚJO, Tânia Maria de, PINHO, Paloma de Souza e ALMEIDA, Maura Maria Guimarães
de. Prevalência de transtornos mentais comuns em mulheres e sua relação com as
características sociodemográficas e o trabalho doméstico. Revista Brasileira de Saúde
Materno-Infantil, v.5, n. 3, p.337-348, jul./set. 2005.

BAUMER, M. H. Avaliação da Carga Mental de Trabalho em pilotos da Aviação


Militar. Dissertação apresentada no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção
da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2003.

CORRÊA, F. P. Carga mental e ergonomia. Dissertação de Mestrado em Engenharia de


Produção – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Florianópolis: UFSC,
2003.

DEJOURS, C. Travail: usure mentale – essai de psychopathologie du travail. Paris: Du


Centurion, 1980.

HART. S. G., BATTISTE, V; LESTER, P. 1. Popcorn: A supervisory control simulation for


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HART, S. G. e STAVELAND, L. E. Development of NASA-TLX (Task Load Index): Results


of empirical and theoretical research. In P.A. Hancock & N. Meshkati (Eds.), Human mental
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KROEMER, k.H. E. ; KROEMER, H. J. ; KROEMER-ELBERT, K. E. Engineering


physiology: Bases of human factors/ergonomics. 3ºEdição. New York: Van Nostrand
Reinhold 1997.
39 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
MANUAL DO NASA-TLX. NASA Ames Research. Califórnia: EUA, 1986.

MORAES e MONT’ALVÃO. Ergonomia Conceitos e Aplicações. São Paulo: Editora 2AB,


1998.

MORAY, N. Mental workload since 1979. International reviews of Ergonomics, 2, p.123-


150, 1988.

SANTOS-JÚNIOR, R. L. F. Processo perceptivo humano e a fadiga cognitiva nas


empresas de vigilância privada. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina,
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<http://www.turisrio.rj.gov.br/projetos.asp> Acesso em 21 out. 2018

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WISNER, A. A inteligência no trabalho: Textos selecionados de ergonomia. São Paulo:


Funndacentro, 1994.

WISNER, A. Por dentro do trabalho. São Paulo: Editora FTD/Oboré, 1987.

APPLICATION OF THE NASA-TLX METHOD TO A HEALTH SERVICES OPERATOR


OPERATING IN THE REGIÃO DOS LAGOS

Abstract: It is known that the public health network does not meet the demands of the population with
the required quality and this may be one of the reasons for the proliferation of private health plan
operators. Such operators end up demanding a large number of professionals and although it operates
in the health market, some sectors of certain units may not have the required attention in terms of
worker health. Thus, this study is concerned with evaluating the workload of operators that carry out
information technology and marketing activities in an organization of this type, for this purpose a data
collection and subsequent application of the semistructured method for the evaluation of human
factors, NASA-TLX. It is evidenced in the results that the greatest factor in the workload is the
temporal demand, where the individual feels pressured to have a task in the shortest possible time and
/ or do more tasks in less time.

Keywords: Health services; ergonomics; human factors; workload.

40 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


APOSENTADORIA NO BRASIL: UMA REFLEXÃO SOBRE OS
HORIZONTES DA POPULAÇÃO PRODUTIVA

Bruna de Oliveira Santos Pinto1*; João Batista Lopes Coelho-Júnior2; Teresa Cristina Othenio
Cordeiro Carreteiro3
1
Departamento de Engenharia e Gestão da Faculdade União Araruama de Ensino, Rua Baster Pilar, 521, Parque
Hotel, Araruama, RJ.
2 Departamento de Ciências da Fundação Educacional da Região dos Lagos – Ferlagos, Av. Júlia Kubitschek -
Jardim Flamboyant, Cabo Frio, RJ.
3 Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal Fluminense, Rua Prof. Marcos Waldemar
de Freitas Reis, s/n, Bloco N, Sala 413, Gragoatá, Niterói, RJ
* brunaopinto@gmail.com

Resumo: O objetivo deste artigo é pensar as incertezas do universo das aposentadorias na


contemporaneidade, refletindo sobre como a retirada do campo de trabalho poderá se configurar como
um desafio para os indivíduos e os processos produtivos Para levantar este debate, em primeiro
momento, apresenta-se o cenário do trabalho/aposentadoria na contemporaneidade, desenhando os
principais desafios deste momento. No segundo tópico, discorre-se sobre o envelhecimento da
população e como esses dados podem impactar o trabalho e a aposentadoria no futuro.

Palavras-chave: Aposentadoria, Trajetória de vida, sustentabilidade.

INTRODUÇÃO
As modalidades do trabalho e suas formas, as expectativas que lhe são atribuídas têm
contribuído para que seu sentido se modifique ao longo da história. Na Grécia antiga, o
trabalho era designado aos escravos, já que aos que eram considerados cidadãos cabiam
exercitar a razão e o pensamento na vida da polis (Méda, 1996). O lugar compelido ao
trabalho era de sofrimento, e é posto através do próprio significado da palavra, que tem sua
origem do termo romano tripalium, ou seja, instrumento de tortura (Lhuilier, 2006).

O sentido do termo se modifica, e o seu lugar nas relações sociais também. Surge a produção
artesanal e a produção do lucro, e no século XVIII, o trabalho passa a “enobrecer o homem”
(Gondar, 1990). Começa a ganhar contornos de “integrador” (Barel, 1985) a partir da
Revolução Industrial, onde passa a ser considerado como um importante definidor da
significação social dos indivíduos, tornando-se o princípio que organiza a vida das pessoas,
que as integra na coletividade e mantém a sociedade unida:

A primeira revolução industrial e o advento do individualismo começam a


modelar o cenário que permite ao trabalho tornar-se, na afirmação de Yves
41 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
Barel (1985), o “grande integrador” social. Ele passa a ser o princípio
ordenador na organização concreta da vida dos indivíduos. Possibilita que a
sociedade permaneça unida, seja conferindo um sentido ao trabalho, seja
criando sentidos em outros lugares (junto à família, à vizinhança, e ao grupo
de pares) (Carreteiro, Barros, 2011.)

Já na contemporaneidade, o trabalho ganha novos contornos, apresentando-se de maneira


multiforme. Há uma fragilização do seu lugar de poder, de identidade e sentido (Gorz, 1987),
o que leva alguns autores a afirmarem sua fragilidade enquanto categoria central, devido as
grandes transformações acontecidas. O trabalho não ocuparia mais o lugar de “grande
integrador” (Barel,op.cit.), embora ainda não houvesse outra categoria que o substituísse.

Há também autores que afirmam o trabalho enquanto “o fundamento do vínculo social”


(Méda, 1995). Para eles são muitos os elementos que fundamentam esta afirmação: o trabalho
permitiria a aprendizagem da vida social, a constituição de identidades, possibilita o acesso
às normas sociais e estabelece a relação contribuição/retribuição no qual depõe-se o laço
social (Méda, op.cit). Estes autores pensam a nova configuração laboral como o
estabelecimento de novas relações e não como o seu aniquilamento. (Antunes, 2000; Castel,
1995).

A aposentadoria passa por um processo semelhante. Se antes tinha regras mais consistentes
em relação a esta, hoje a instabilidade vivida no mundo de trabalho tem, consequentemente,
repercussão neste processo. Alguns acreditam que nunca conseguirão obtê-la, já que contínuas
mudanças de regras de tempos em tempos postergam a saída do cenário do trabalho. Outros
acreditam que não podem viver do valor mensal recebido e elaboram estratégias para
complementar a renda; há ainda aqueles que não querem sair da cena laboral (Felix, 2016).

Planejar como se dará a saída do cenário laboral, logo, está cada mais difícil. A flexibilidade
vivida no campo de trabalho parece se impor no projeto de aposentadoria, fazendo com que as
pessoas se sintam inseguras de retirar-se totalmente do campo de trabalho para se aposentar, e
não ter não só as mesmas condições de vida, como também não se verem reconhecidas
socialmente. É comum a construção de projetos mistos, com pessoas apostando na
previdência pública, como também na previdência privada e em outras fontes de renda, como
em pequenos negócios.

42 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


A SUSTENTABILIDADE DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO: TEREMOS UMA MASSA IDOSA DE
TRABALHADORES?

Outro aspecto importante é pensar como a dinâmica populacional poderá refletir nas relações
de trabalho futuras e até mesmo, na organização dos processos de produção. Dados do IBGE
(2018) apontam para um envelhecimento galopante da população brasileira. O número de
idosos cresceu 18% em 5 anos e ultrapassa 30 milhões em 2017. De acordo com o
levantamento, o país tinha 28 milhões de idosos em 2017, o que representaria 13,5% do total
da população. Em dez anos, estima-se que esta população seja de 38,5 milhões (17,4% do
total de habitantes). Em 2042, a projeção é de que a população brasileira atinja 232,5 milhões
de habitantes, sendo 57 milhões de idosos (24,5%), um aumento significativo. O mesmo
estudo detalha que em 2031, o número de idosos (43,2 milhões) vai superar pela primeira vez
o número de crianças e adolescentes, de 0 a 14 anos (42,3 milhões). Antes de 2050, os idosos
já serão um grupo maior do que a parcela da população com idade entre 40 e 59 anos.

Acrescido a estes dados, há também a perspectiva de uma população que cresce cada vez
menos. O mesmo estudo estima que, a partir de 2060, o número de habitantes começa a cair
lentamente. Isso também relacionado a uma taxa de fecundidade gradativamente mais baixa,
segundo as estimativas do instituto. Hoje, é de 1,77 filho por mulher. Em 2060, o número
médio de filhos por mulher será de 1,66.

Outro dado relevante para pensar a dinâmica da população e seu impacto nos processos de
produção é a expectativa de vida. O desenvolvimento econômico e social promoveu um
acréscimo importante de anos vividos pela polução, como destaca este estudo do IPEA:

“Um ganho inequívoco da transição demográfica foi que a expectativa de


vida média da população mundial dobrou em 100 anos, passando de cerca de
30 anos, em 1900, para mais de 60 anos, em 2000. Nunca, na história da
humanidade, uma melhora das condições de saúde dessa magnitude havia
acontecido e, provavelmente, muito dificilmente a esperança de vida vai
dobrar novamente no período de um século.”ALVES , DINIZ;
VASCONCELOS, SANTANA, D. ALVES DE CARVALHO,A. ; 2010)

O aumento significativo da expectativa de vida da população contribui para analisarmos as


possibilidades de termos trabalhadores cada vez mais idosos. Devemos considerar também
que a tecnologia substituirá muitos trabalhadores, embora ainda não haja certezas sobre este

43 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


cenário no futuro. Mesmos para aqueles que hoje estão no mercado, é difícil prever como se
preparar ou preparar seus trabalhadores para o futuro.

“Uma pesquisa da Deloitte feita com 1,6 mil presidentes de grandes


companhias em 19 países - incluindo 102 no Brasil - e divulgada em abril
mostrou que 86% dos CEOs acreditam estar fazendo "tudo o que podem"
para criar uma força de trabalho para a "quarta revolução industrial". Mesmo
assim, apenas um quarto do total disse estar confiante de que seu quadro de
funcionários tenha a composição e as habilidades necessárias para o futuro.”

Parte desta insegurança se dá também por não se ter clareza nas previsões sobre o impacto da
tecnologia no campo do trabalho e como ela pode vir a substituir a mão de obra humana ou
ainda, auxiliá-la nos processos de produção.

Este cenário de incertezas e de claro envelhecimento da população nos leva a refletir sobre as
possibilidades de aposentadoria no futuro e também: como manter estes indivíduos na ativa
por tanto tempo, já que há uma tendência maior para que continuem trabalhando? Como
manter as produções com esta nova força trabalhadora? É possível que tenhamos um grande
número de trabalhadores acima dos 65 anos e este grupo ainda terá de lidar com postos de
trabalho que vivem constantes mudanças devido ao avanço da tecnologia.

A HETEROGENEIDADE DA APOSENTADORIA

A partir dos dados expostos, podemos hipotetizar que pensar na aposentadoria como a retirada
do mercado de trabalho pode ser, no futuro, uma realidade distante. Este sentido tem
tendência a ser cada vez mais polissêmico: alguns se aposentarão e escolherão trabalhos com
que mais se identificam; outros, possivelmente, se dedicarão ao trabalho mas em uma carga
horária menor, apenas para completar sua renda.

E hoje já vivemos esta realidade: todas estas configurações são possíveis porque, entre outras
coisas, a crise econômica não possibilita que grande parte da população viva apenas da
remuneração da aposentadoria. De acordo com pesquisa divulgada pelo Serviço de Proteção
ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), mais
de um terço das pessoas acima de 60 anos que já estão aposentadas no Brasil continuam
trabalhando (cerca de 33,9%). Considerando os aposentados que tem entre 60 e 70 anos, o
percentual dos que trabalham sobe para 42,3%. Dentre os entrevistados, 46,9% afirmam que a
aposentadoria não é suficiente para pagar as contas.
44 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
Esta mesma pesquisa aponta que há ainda um grupo importante de pessoas que continuam no
trabalho por inserção social ou ocupação. 23,2% dizem que continuam no mercado para
manter a mente ocupada e 18,7%, para se sentirem mais produtivos. Estes dados nos
permitem pensar o lugar social do trabalho na atualidade. O trabalho ainda é uma via
importante de reconhecimento, identidade e inserção social. Permite que o trabalhador se sinta
pertencido a um grupo:

“Há duas vias principais para o acabamento da identidade do ser humano: de um lado a conquista da
identidade no campo erótico e do amor; do outro, a conquista da identidade no campo social”
(Dejours: 2001)

Neste sentido, sair do cenário do trabalho está relacionado não somente com aspectos
econômicos, mas com uma vivência social importante. Significa que o trabalhador deverá se
inserir em outros espaços com os quais possa se identificar e sentir-se reconhecido.

Devido a toda esta multiplicidade de incertezas que atingem o tema aposentadoria, algumas
empresas têm investido em propostas para preparar seus trabalhadores para este momento.
Alguns chamam este projeto de pré-aposentadoria, outro de pós-carreira, já que muitos
continuam no mercado, mesmo de forma diferenciada.

“Para que a transição trabalho-aposentadoria seja efetivada de maneira mais tranquila, é


fundamental que sejam propostos programas de preparação para a aposentadoria nas
organizações, enquanto planejamento para o futuro” (França, 2002).

A principal preocupação destes projetos é pensar na saúde do trabalhador que vive esta fase e
estruturar planos para vivê-la de forma sustentável, além de possibilitar estabelecer projetos
de vida em que se continue trabalhando, se isso for interessante e viável. Porém, infelizmente,
ainda são poucos o que investem neste tipo de ação.

O PPA (Programas de Preparação para a Aposentadoria) facilita o bem-estar


dos futuros aposentados, pois enfatiza os aspectos positivos e oportuniza a
reflexão sobre os aspectos negativos da transição, bem como a discussão de
alternativas para lidar com eles. É a oportunidade para receber informações e
para a adoção de práticas e estilos de vida que promovam a saúde. É também
o momento para (re)construir o projeto de vida a curto, médio e longo
prazos, priorizando os seus interesses e as atitudes que precisa tomar para
realizar seus projetos pessoais e familiares (FRANÇA, L. H. F. P. SOARES,
D.H.P. 2009)

45 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Estabelecer um projeto de vida pós aposentadoria é importante para que este trabalhador
possa viver este momento de forma segura e saudável. O bem-estar do aposentado é essencial
para a sociedade, já que evita o adoecimento desta população. Isto influencia também os
serviços de saúde e assistência, o que acaba impactando a economia.

Embora reconheçam a importância deste trabalho, ainda são poucas as empresas que investem
nestes programas. Segundo França (2008) em uma investigação realizada com 320
organizações brasileiras, apenas 18% adotavam o PPA, ainda que muitos dos seus principais
executivos (75%) tenham admitido que esses programas eram importantes para os
trabalhadores.

APOSENTADORIA E ENVELHECIMENTO: O DESPERTAR PARA UMA NOVA FASE DA VIDA

Em alguns aspectos, a aposentadoria é vivida como uma espécie de rito, que confronta o
sujeito com o envelhecimento. Até os termos utilizados para estabelecer a situação de
trabalho, “ativo” e “inativo”, podem ter múltiplas significações para aquele que vive este
momento. “Na época contemporânea, ao mesmo tempo em que a sociedade potencializa a
longevidade, ela nega aos velhos o seu valor e sua importância social.”(BULLA, L.C.
KAEFER, C. O. 2003, pág. 02)

A vivência do envelhecimento é muito heterogênea, pois nem todos passaram pelas mesmas
vivências ao longo da vida e logo, não viverão da mesma forma o processo de
envelhecimento. Os valores associados a este momento depende de fatores culturais e de
experiencias de vida, que sempre serão múltiplas e singulares:

É importante, portanto, compreender o idoso em suas diversas formas de ser,


respeitando suas maneiras de viver, pois o fato de determinadas pessoas
estarem em uma mesma faixa etária não significa que tenham passado pelas
mesmas vivências e que apresentem as mesmas características e
necessidades. (BULLA, L.C. 2003, pág. 04)

A sociedade brasileira valoriza o que é novo, produtivo, eficiente e o idoso acaba sendo
relegado a um lugar desprivilegiado. A maior parte dos postos de trabalho são pensados para
os mais jovens e a experiência no exercício das atividades embora tenha seu lugar, nem
sempre é mais apreciada do que a novidade que representa um trabalhador jovem, recém-
formado, em uma sociedade ávida por inovação:

46 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Vive-se em uma sociedade de consumo na qual apenas o novo pode ser
valorizado, caso contrário, não existe produção e acumulação de capital.
Nesta dura realidade, o velho passa a ser ultrapassado, descartado, ou já está
fora de moda. (SCHNEIDER, R H, IRIGARAY, T. Q., 2008, pág.4)

Para uma parcela grande da população, retirar-se das atividades laborais é reconhecer seu
envelhecimento e receber desta sociedade, o título de inativo. Muitos apresentam depressão e
tentam voltar para o mercado, mas não conseguem se inserir da mesma forma que outrora.
Outros, sequer tentam sair por receio do isolamento social.Em uma sociedade que preza os
padrões de consumo e de produtividade, estar fora das linhas de produção pode significar
exclusão:

O ser humano cresce preparando-se para o trabalho e necessita dele, não só


por uma questão de sustentabilidade, como de crescimento pessoal. Para o
homem, o trabalho representa a própria vida, ainda mais em uma sociedade
capitalista em que o homem sem trabalho é considerado improdutivo, sendo
excluído socialmente. (BULLA, L.C. 2003, pág. 5)

Diante de toda a complexidade vivida por este grupo, o Brasil ainda


apresenta poucas ações que objetivem o cuidado com esta população, que
muitas vezes adoece até mesmo pelo cotidiano de trabalho. Os programas
para refletir sobre velhice são precários ou inexistentes, os serviços de saúde
pública funcionam mal em muitas regiões e mesmo no âmbito privado, são
ineficientes.

O mercado precisa também ter uma aposta em relação a reinserção desta população. A
reintegração deste grupo no trabalho tende a ser gradualmente maior e em momentos de crise
financeira, esse cenário se agrava, visto que há diminuição de postos de trabalho para toda a
população. Se considerarmos a já citada dinâmica populacional, é preciso incrementos de
ações neste sentido. Para que o envelhecimento seja visto como uma conquista, faz-se
necessário garantir a empregabilidade, valorização, saúde e amparo social para este
importante segmento da população.

CONCLUSÃO

A partir de pesquisas anteriores (Pinto, 2014), constatamos que o trabalho continua tendo uma
dimensão de integração e de centralidade na vida das pessoas, apesar de todo o contexto de

47 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


fragilização que tem presenciado (Antunes, R.: 2000; Gaulejac, V. e Hannique, F.: 2015;
Carreteiro & Barros, 2011). Ele contribui ao desenvolvimento da sociedade e participa na
inscrição dos indivíduos em posições que podem ser mais ou menos valorizadas, de acordo
com o reconhecimento social pelas funções exercidas e pelos capitais econômicos, culturais e
sociais que lhe são associados.

Logo, pensar o tema aposentadoria é tão complexo quanto pensar o trabalho. Há uma
pluralidade de estratégias para viver este momento: muitos passam a dedicar-se a outras
atividades; há os que continuam trabalhando e aqueles exercem suas funções, apenas de forma
menos intensa, entre outros. Todos os casos são atravessados por aspectos econômicos,
sociais, de reconhecimento e valorização, que compõem este cenário tão multifacetado.

Há ainda outros aspectos determinantes para pensar a aposentadoria: a população brasileira


sofre um processo de envelhecimento e queda da natalidade, o que levará os segmentos
populacionais cada vez mais idosos aos postos de trabalho no futuro. É possível que, por
questões econômicas e de expectativa de vida, a aposentadoria seja uma realidade mais
distante para os brasileiros que hoje trabalham.

Apesar deste previsível aumento no número de idosos trabalhando, o Brasil ainda não investe
em políticas e ações que preparem a população para esta realidade. Os serviços de saúde são
precários, há pouco investimento na assistência a população idosa de hoje e nas que serão
idosas no futuro e nossas instituições de educação não problematizam o envelhecimento como
uma conquista. Há ainda pouco incremento para programas que busquem trabalhar projetos de
vida com idosos e jovens, para pensar toda esta complexidade.

Existe ainda pouco investimento das empresas em programas de planejamento de


aposentadoria, o que poderia impactar o modo como os indivíduos a vivem. Estabelecer
estratégias, buscar alternativas econômicas em caso de perda de rendimentos e construir
formas de inserção social para estes trabalhadores ao saírem do cotidiano de suas funções
poderia gerar benefícios à saúde física e mental destes sujeitos.

Há ainda fatores culturais que contribuem para a desvalorização do idoso no Brasil


contemporâneo. Adjetivos como “velho” e “inativo” são pejorativos em uma sociedade que
preza pelo novo, pela alta produtividade e que busca constantemente a inovação. Faz-se
necessário construir uma nova forma de ver o idoso neste contexto, buscando a valorização de
sua história de vida e experiência de trabalho.

48 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Pensar a sustentabilidade dos processos de produção é também pensar na futura população
idosa. É preciso a formulação de políticas institucionais que preparem os trabalhadores para
uma longa estadia na produção e que impactem seus processos de envelhecimento de maneira
positiva, além de ressignificar o que é ser idoso.

Cuidar da população idosa da atualidade também nos leva a ter uma melhor perspectiva sobre
o envelhecimento que todos nós já vivemos.

REFERÊNCIAS

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FRANCA, L H. F. O desafio da Aposentadoria: O exemplo dos executivos do Brasil e da


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50 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
RETIREMENT IN BRAZIL: A REFLECTION ON THE HORIZONS OF THE
PRODUCTIVE POPULATION

Abstract: The purpose of this article is to think about the uncertainties of the universe of
pensions in the contemporary world, reflecting on how the retirement of the labor field can be
configured as a challenge for the individuals and the productive processes. To raise this
debate, in the first moment, the the contemporary work/retirement scenario, drawing the main
challenges of this moment. In the second topic, we discuss the aging of the population and
how these data can impact work and retirement in the future.

Keywords: Retirement, Life trajectory, sustainability.

51 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


AVALIAÇÃO DO IMPACTO DE INICIATIVAS CONSERVACIONISTAS
NO SERVIÇO ECOSSISTÊMICO DE CONTROLE À EROSÃO HÍDRICA

Marllus Henrique Ribeiro de Paiva1*; Dirlane de Fátima do Carmo2 & Rachel Bardy Prado3

123
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Biossistemas daUniversidade Federal Fluminense, Rua Passo
da Pátria, 156 bloco D sala 236 - São Domingos, CEP 24210-240, Niterói - RJ.
*marllushenrique.paiva@gmail.com

Resumo: O tipo de uso e cobertura da terra, bem como manejo do solo e da água na agricultura podem
influenciar na quantidade de nutrientes e sedimentos lixiviados pelos processos erosivos, pondo em risco a
qualidade dos serviços ambientais. Neste trabalho, buscou-se identificar o estado da arte de pesquisas realizadas
no Brasil e na América Latina sob seu aspecto metodológico, voltadas à avaliação do impacto de iniciativas
conservacionistas nos serviços ecossistêmicos de perda de solos e controle à erosão. Para tal, realizou-se um
levantamento e organização de publicações científicas em uma base de dados, contendo informações sobre
modelos e parâmetros atualmente empregados. Foram levantados 85 artigos indexados, período (1990 até 2016),
segundo uso de palavras chaves, nas seguintes bases de publicação internacionais: SCOPUS e WEB of
SCIENCE. Os indicadores avaliados foram aplicados em métodos clássicos de estimativa de erosão,
erodibilidade do solo e erosividade da chuva, seguidos de precipitação (26%), turbidez (10%) e vazão (10%).
Dentre os modelos, verificou-se maior aplicação dos tradicionais, USLE, MUSLE, RUSLE e SWAT
para a medição das taxas de potencial erosivo e geração de sedimentos (63%). Poucos (6%) aplicaram
métodos para integração de indicadores na paisagem. 75% dos estudos foram desenvolvidos em áreas
agrícolas, seguidos por florestas (28%) e pastagem (25%). Dos estudos analisados, a maioria foi no
Brasil (65%), seguido de Chile e Costa Rica.

Palavras-chave: Processo erosivo; metodologias; modelos; indicadores.

INTRODUÇÃO
O processo erosivo constitui-se a principal causa de degradação dos solos, trazendo, como
consequência, prejuízos ao setor agrícola e ao meio ambiente, com reflexos não só
econômicos, mas também sociais (BENNETT, 1955).

Para Guerra e Mendonça (2004), tal processo tem causas relacionas à própria natureza, como
a quantidade e a distribuição das chuvas, declividade, comprimento, a forma das encostas e o
tipo de cobertura vegetal. Porém, os autores também apontam que as atividades antrópicas,
como o uso e manejo da terra inadequados, tendem a promover desequilíbrio das condições

52 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


naturais, através da aceleração das feições erosivas e deposição dos sedimentos de solo
produzidos.

Justamente por ser o recurso natural mais amplamente e intensamente utilizado, seja para
atividades urbanas quanto agropecuárias, o controle da erosão, torna-se necessário à medida
que a quantidade de solo removida atinge taxas acima de nível considerado aceitável
comprometendo, portanto, a capacidade produtiva do solo e prejudicando os serviços
ecossistêmicos, que segundo Altmann (2008) são as funções ecológicas percebidas como
suporte e proteção das atividades humanas de produção e consumo.

Já de acordo com a definição clássica do Millennium Ecosystem Assessment (MEA-2003), são


os benefícios que a humanidade recebe dos ecossistemas.

Assim, o conhecimento das relações entre os fatores que causam as perdas de solo e os que
permitem reduzi-las é de fundamental importância para o planejamento conservacionista da
propriedade agrícola. (ROQUE et al., 2001).

Há atualmente, inúmeras proposições metodológicas, modelos matemáticos, equações


empíricas e parâmetros empregados na literatura mundial para predizer as perdas de solo e
subsidiar a tomada de decisão no planejamento conservacionista localmente.

Segundo Wischmeier e Smith (1978), tais ferramentas citadas, são muito importantes para a
simulação e quantificação da erosão hídrica, fornecendo meios para o planejamento de
práticas conservacionistas adequadas. No entanto, salienta-se que há certa complexidade em
suas aplicações e carência de informações chaves.

Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo identificar o estado da arte de pesquisas
realizadas no Brasil e na América Latina, voltadas à avaliação do impacto de iniciativas
conservacionistas nos serviços ecossistêmicos de perda de solos e controle à erosão, de modo
a verificar quais são as ferramentas metodológicas que estão sendo amplamente empregados
nessas regiões no período de 1990 até 2016.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi baseada na metodologia Knowledge Development Process – Constructivist


(ProknowC), proposto por Ensslin et al., (2010), a saber: 1) seleção da base bibliográfica que
proporcionará a revisão de literatura, e; 2) análise bibliométrica da base de dados levantados.
53 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
Essa metodologia foi bastante importante no sentido de verificar o que vinha sendo feito,
destacado e privilegiado em diferentes regiões do Brasil e da América Latina, no período de
1990 a 2016, bem como quais aspectos metodológicos e o tipo de uso e cobertura de terra
avaliado. Tal período selecionado considerou a publicação mais antida até a mais recente em
virtude dos termos de busca utilizadas nas consultas das bases de publicações escolhidas.

Na Fig. 1. é apresentado o fluxograma metodológico utilizado na obtenção do estado da arte


de estudos relacionados com perdas de solo, erosão hídrica e sedimentação.

Figura 1. Fluxograma – Procedimentos metodológicos

Fonte - Autor, 2018.

Para a seleção dos artigos relevantes, no primeiro passo, utilizou-se a análise combinatória
simples de 10 termos de busca, exclusivamente em inglês, tomados de 3 a 3, nas seguintes
bases de publicações internacionais: SCOPUS e WEB of SCIENCE. Os termos utilizados
foram: Esosion Control, Landscape, Methods, Land Use, Land Cover, Monitoring, Ecosystem
Services, Indicators, Sedimentation e Latin America.

54 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


O início do processo de seleção de potenciais trabalhos científicos com sinergia com a
temática proposta, erosão hídrica, decorreu a partir das palavras chaves dos resumos obtidos.

A análise combinatória simples gerou 120 possibilidades de agrupamentos, o que permitiu


levantar e mapear artigos científicos mais relevantes ao tema, publicados no período de 1990
a 2016, nas duas bases de publicação internacionais escolhidas.

No segundo passo, que consistiu na análise bibliométrica, a seleção dos artigos relevantes foi
dividida em duas fases de peneiramento, a saber:

 A primeira fase do peneiramento levou-se em consideração os seguintes pontos:


inclusão apenas uma vez de artigos repetidos nas bases consultadas, disponibilidade
dos artigos na íntegra e mapeamento dos periódicos que apresentaram títulos e
resumos com sinergia e aderencia a tempatica deste trabalho.
 A segunda fase do peneiramento consistiu em analisar e selecionar os periódicos mais
relevantes por meio de alguns critérios para a validação dos artigos como a utilização
de indicadores de paisagem e de estimativa de erosão hídrica e sedimentação, bem
como a utilização de métodos e modelos para estimativa de perda de solo e controle à
erosão hídrica, sob interferência de ações conservacionistas.

Este processo, gerou um portfólio com 85 artigos alinhados ao que se procurava. De posse
das publicações selecionadas e organizadas em base de dados, buscou-se através de uma
estatística descritiva quantificar a porcentagem de informações levantadas como: modelos
utilizados para a avaliação do serviço de controle à erosão, parâmetros e indicadores
avaliados, usos e cobertura de terra estudados e países que mais publicaram.

RESULTADOS

A análise combinatória simples, dos 10 termos de busca tomados de 3 a 3, gerou 120


possibilidades de agrupamento, o que permitiu levantar e mapear 3.018 artigos científicos
relevantes ao tema, publicados no período de 1990 a 2016, nas duas bases de publicação
internacionais escolhidas. Desses 1.771 (59%) estavam indexados na base internacional
SCOPUS e o restante 1.247 (41%) na base internacional WEB of SCIENCE.

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Na etapa da análise bibliográfica que consistiu em selecionar os artigos mais relevantes,
percebeu-se que, no processo da primeira peneira, 783 trabalhos levantados se apresentaram
de forma repetida nas duas bases de dados utilizadas, restando 2.235 trabalhos. Destes, 625
não estavam disponíveis na íntegra, restando ao total, 1673 trabalhos acadêmicos.

Na sequência, buscou-se ler os títulos e resumos dos 1673 artigos resultantes, chegando a
apenas 140 trabalhos com alguma sinergia com a pesquisa proposta.

No segundo momento que consistiu na aplicação dos critérios de seleção referentes à segunda
etapa das peneiras, percebeu-se que 85 deles, possuíam um resumo claro e alinhando ao tema,
e que atendiam a todos os critérios adotados.

Como resultado do processo de seleção dos artigos relevantes, 85 deles apenas possuiam
sinergia com a temática da pesquisa. Observa-se que o número de períodicos se reduziu
bastante, evidenciando talvez que a busca tenha sido ampla demais.

Um dos prováveis motivos para que isto ocorresse foi a não fixação de termos mais
especificos, dentre aqueles previamente determinados, na etapa da análise combinatória, tal
como exemplo Latin America, que caraterizasse o objeto de estudo por exemplo.

Outra justificativa, seria o uso da combinação 3 por 3 que restringiu muito o conjunto
universo. Certamente a adoção de combinação 4 por 4 e/ou 5 por 5, aumentaria as chances de
buscar uma gama maior de periódicos aderentes ao tema. O descarte de publicações que não
estavam disponibilizadas nas bases na íntegra podem ter contribuído também com esse
cenário.

A Fig. 2. apresenta a relação do percentual de publicações obtidas nas bases de dados nos
processos inicial e final da metodologia ProknowC. A partir desses resultados, em função das
palavras-chaves utilizadas, verificou-se que a base de dados SCOPUS ofereceu uma maior
gama de artigos científicos nas duas etapas, o que pode ser justificado pela provável sinergia
das revistas com a temática de estudo, quando comparada com o repositório da WEB of
SCIENCE.

56 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Figura 2. Percentual das publicações levantadas nas bases internacionais.

59% 62%
80%
41% 38%
60%
40%
20%
0%
Início Final

SCOPUS WEB of SCIENCE

Fonte - SCOPUS & WEB of SCIENCE (2017).

Dos 10 termos de busca utilizados, verificou-se que os termos Methods, Erosion Control,
Land Use, Landscape e Ecosystem Services apareceram 53, 38, 29, 20 e 9 vezes,
respectivamente, como palavras-chaves nos resumos dos 85 artigos selecionados. Os demais
termos: Land Cover, Monitoring, Indicators, Sedimentation e Latin America não apareceram
como palavras-chaves, porém foram mencionadas ao longo dos textos dos artigos.

Dos países da América Latina que tiveram maior número de publicação nas bases
internacionais de publicações de periódicos utilizadas, no período de 26 anos a contar pelo
ano de 1990, a partir da busca da combinação dos termos de busca utilizados, observou-se que
o Brasil foi o país que mais teve trabalhos produzidos e publicados sobre a temática, 64,70%,
seguidos do Chile (7,05%), Argentina e Costa Rica (3,52%) respectivamente, conforme
apresentado na Fig. 3.

Tal fato pode ser explicado em virtude do país ser reconhecido como uma potência hídrica no
planeta e, no entanto sofrer com problemas de qualidade, quantidade e distribuição de água
em função da má gestão dos recursos hídricos.

Desta forma, inúmeras políticas de estímulo à conservação e à manutenção da provisão dos


serviços ambientais foram desenvolvidas proporcionando o aumento de estudos no território
brasileiro a cerca de práticas conservacionistas de controle à erosão hídrica. O próprio PPA da

57 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


ANA impulsiona o Brasil a desenvolver e aplicar projetos de PSA direcionados à proteção e
provisão dos recursos hídricos.

Figura 3. Países das publicações selecionadas.

Fonte - SCOPUS & WEB of SCIENCE (2017).

Verificou-se que em 67% dos trabalhos acadêmicos, as bacias ou microbacias hidrográficas


foram às unidades básicas de pesquisa e que em 33% foram áreas experimentais em pastagens
e culturas agrícolas. A explicação para este resultado pode ter sido o fato de que os estudos
focam na provisão de água, cuja área de captação natural e escoamento ocorrem na bacia,
sendo também essa a unidade de planejamento dos recursos hídricos, garantida em lei (Lei
9433/97).

Em relação às classes de uso e cobertura da terra avaliadas nos trabalhos selecionados, vide
Fig. 4., verificou-se que as classes agricultura e pastagens foram as mais frequentes. Entende-
se que tais usos impactam potencialmente os serviços ecossistêmicos, na qualidade e
disponibilidade de água e nos efeitos da erosão, através das perdas de solo e de nutrientes,
devido às formas não conservacionistas empregadas no uso dos recursos naturais.

58 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Figura 4. Classes de uso e cobertura da terra estudadas nas publicações selecionadas.

88,23% Uso da Terra

32,94% 29,41%
7,06% 7,06%

Agrícultura Áreas Urbanizadas Estradas Florestas Pastagens

Fonte - SCOPUS & WEB of SCIENCE (2017).

As avaliações e monitoramento de parâmetros relacionados ao serviço ecossistêmico de


controle à erosão que ocorreram em florestas foram feitas como valor de referência para traçar
um comparativo em relação às demais formas de uso da terra, no sentido de mostrar que em
áreas que possuem cobertura vegetal nativa apresentam valores menores de taxas de perda de
solo, enquanto em áreas desnudas ou cobertas pela agricultura e/ou pastagens apresentam
valores maiores.

Observa-se que os trabalhos listados utilizavam duas ou mais formas de uso e cobertura de
terra para comparar os estágios de degradação de solo e água em decorrência dos efeitos das
feições erosivas e do processo de produção e transporte de sedimentos para os corpos d’água.
O horizonte dos estudos variou em média de 2 a 3 anos.

Entre as definições sobre serviços ecossistêmicos encontradas, verificou-se que as de


Costanza et al., (1997), seguido de De Groot et al., (2002), e MEA (2005) foram as mais
referenciadas dentre os 85 trabalhos selecionados, conforme a Fig. 5.

59 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Figura 5. Definições sobre os serviços ecossistêmicos citados.
30,0% 27,0%
25,0% 22,0%
20,0% 18,0%
15,0% 10,0% 9,0%
10,0% 6,0%
4,0% 2,0%
5,0% 1,0% 1,0%
0,0%

Fonte - SCOPUS & WEB of SCIENCE (2017).

Sobre as metodologias e modelos mais utilizados, verificou-se (Fig. 6.) que as tradicionais
USLE, RUSLE, MUSLE foram as mais amplamente empregadas para a medição das taxas de
potencial erosivo e geração de sedimentos. Este fato pode ser explicado pela fácil
aplicabilidade das mesmas em posse de dados de entrada necessários relativamente pequenos
e da rápida compreensão dos resultados, com uma precisão razoável, sendo bons instrumentos
para previsão das perdas de solo, conforme preconizam Amorim et al., (2009).

Figura 6. Metodologias utilizadas para a modelagem da perda de solos.

35%

20%
10% 11%
4% 6% 6%
1% 1% 1% 1% 1% 3%

Fonte - SCOPUS & WEB of SCIENCE (2017).

Observou-se que os modelos de perda de solos como SWAT, WaTEM e WEPP também
foram empregados para a estimativa de erosão de forma isolada ou combinada com

60 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


metodologias mais usadas na academia como USLE, RUSLE e MUSLE, para estimar a
qualidade da água em função dos sedimentos de seus corpos d’água.

Em relação aos parâmetros/indicadores estudados, os mais presentes foram: erodibilidade do


solo, erosividade da chuva, seguidos de precipitação, vazão e turbidez (Fig. 7.).

Figura 7. Parâmetros/indicadores utilizados nos estudos analisados.

Precipitação 29%

Vazão 11%

Turbidez 11%

Erodibilidade e Erosividade 48%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Fonte - SCOPUS & WEB of SCIENCE (2017).

CONCLUSÃO

Apesar da singularidade dos resultados obtidos, verificou-se que o uso de métodos e modelos
empíricos e ou paramétricos hidrológicos de erosão para caracterização de áreas vulneráveis a
erosão e sedimentação em bacias hidrográficas são os mais empregados para estimativa das
taxas de erosão. Tais modelos consistem basicamente no produto dos fatores referentes aos
dados hidrometerológicos, topografia, vegetação, uso e cobertura da terra e outras
informações gerais da área, de modo a auxiliar no entendimento da atuação dos processos de
erosão hídrica e sedimentação, bem como a susceptibilidade dos solos.

Adicionalmente a esses modelos, observa-se o uso conjunto de mapas temáticos em ambiente


Sistemas de Informações Geográficas (SIG) para a projeção de cenários. Tais informações
permitem uma descrição espacial das características físicas da área de interesse, gerando,
portanto, melhores considerações sobre as informações derivadas dos modelos.

Através da proposta metodológica, por meio do estudo do tipo “estado da arte” foi possível
contribuir com a percepção da não linearidade da produção acadêmica em relação aos
modelos matemáticos usados para predizer erosão hídrica e sedimentação no Brasil e na

61 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


América latina. No entanto, constatou-se que, as equações USLE e suas variações RULE e
MUSLE foram as mais replicadas, frente às demais metodologias observadas, devido a fácil
aplicabilidade dos mesmos e da rápida compreensão dos resultados, com uma precisão
razoável frente à dificuldade de obtenção de dados consistentes e com escalas adequadas.

Em virtude do custo e da dificuldade de obtenção de dados e parâmetros para o emprego


dessas metodologias de estimativa de erosão hídrica, observou-se a necessidade de buscar a
utilização de indicadores de paisagem de baixo custo e de fácil aplicação, na abordagem de
serviços ecossistêmicos de controle à erosão hídrica que integrem com as metodologias já
amplamente difundidas.

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EVALUATION OF THE IMPACT OF CONSERVATION INITIATIVES ON THE


ECOSYSTEM SERVICE OF CONTROL TO WATER EROSION

63 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Abstract: The type of land use and cover, as well as soil and water management in agriculture
can influence the amount of nutrients and sediments leached by erosion processes,
jeopardizing the quality of environmental services. This work aimed to identify the state of the
art of research carried out in Brazil and Latin America under its methodological aspect,
aimed at evaluating the impact of conservation initiatives on the ecosystem services of soil
loss and erosion control. For that, a survey and organization of scientific publications was
carried out in a data base, containing information on models and parameters currently used.
85 articles indexed, period (1990 to 2016), according to the use of key words, were published
in the following international publication databases: SCOPUS and WEB of SCIENCE. The
evaluated indicators were applied in classical methods of estimation of erosion, soil
erodibility and rainfall erosion, followed by precipitation (26%), turbidity (10%) and flow
(10%). Among the models, there was a greater application of the traditional, USLE, MUSLE,
RUSLE and SWAT to measure the rates of erosive potential and sediment generation (63%).
Few (6%) applied methods for integrating indicators into the landscape. 75% of the studies
were developed in agricultural areas, followed by forests (28%) and pasture (25%). Of the
studies analyzed, most were in Brazil (65%), followed by Chile and Costa Rica.

Keywords: Erosive process; methodologies; models; indicators.

64 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


ESTUDO DA APLICAÇÃO DA ESCÓRIA DE ALTO FORNO PARA
FABRICAÇÃO DE CIMENTO PORTLAND

Ulisses Coelho de Amorim1, Ana Paula Carvalho Faria2, Cristiane de Souza Siqueira Pereira3,
Sandro Pereira Ribeiro4, Moisés Teles Madureira 5

12345
Curso de Engenharia Química, Universidade de Vassouras - Vassouras, RJ, Brasil.
ulissescamorim@gmail.com

Resumo: A indústria siderúrgica gera grandes quantidades de resíduos durante os seus


processos produtivos, destacando-se como principais resíduos a escória de alto-forno.
Reutilizar tais resíduos nos processos é essencial, tanto para as questões econômicas quanto
para a preocupação socioambiental. A escória é gerada na fabricação do ferro-gusa nos altos-
fornos, por isso é convencionalmente chamada de “escória. de alto forno”. Uma das maiores
aplicações da escória de alto forno é a construção civil, com destaque na produção de
cimento. Porém, para que atenda as características ideais para a produção do cimento é
necessária a caracterização e monitoramento dos parâmetros de qualidade desta matéria
prima. Diante deste fato, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a caracterização
físico-química, estrutural e morfológica da escória através dos parâmetros como: índice de
basicidade, grau de vitrificação e índice da atividade hidráulica das escórias (resistência a
compressão),

Palavras-chave: Escória de alto forno, Siderurgia, cimento.

INTRODUÇÃO
A produção mundial de aço gera por ano aproximadamente 300 milhões de toneladas de
resíduos. De acordo com o Instituto Aço Brasil, em 2013, a produção de co-produtos de
siderurgia foi de l7 milhões de toneladas e dentre os co-produtos gerados no processo, 66%
são compostos por escórias, também denominadas como agregados siderúrgicos (IAB, 2014).
A escória é gerada na fabricação do ferro gusa nos altos fornos, por isso, é convencionalmente
chamada de “escória de alto forno” e pode ser classificada de acordo com a relação CaO/SiO 2
em ácidas (<1) ou básicas (>1). As matérias primas utilizadas nos processos de produção do
aço, tais como, óxidos de metais alcalinos na forma de óxidos de silício, alumínio, cálcio e
magnésio, e outros, conferem a escória as características de sua composição.

No processo siderúrgico, a escória sai do alto forno na forma de líquido com uma temperatura
na faixa de 1300°C e 1500°C e pode ser resfriada de duas formas: resfriadas ao ar
65 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
constituindo-se na escória cristalizada, também denominada de escória bruta de alto forno; e
pode ser resfriada rapidamente com água, constituindo-se na escória granulada.

De acordo com JOHN e AGOPYAN (2000) no estado cristalino a escória não possui
capacidade aglomerante, sendo utilizada como agregado para concreto, pavimentação e lastro
de vias férreas.

Os primeiros estudos que relatam a reciclagem da escória de alto forno na produção de


cimento surgiram na década de 50 (JOHN, 1995 apud JOHN e AGOPYAN, 2000). Segundo a
ArcelorMittal uma das principais características da escória de alto forno é a sua capacidade
hidráulica, permitindo que quando moída e em contato com a água endureça, conferindo uma
propriedade cimentante, podendo substituir parte do clínquer Portland, na fabricação de
cimentos. De acordo com a literatura a mistura da escória granulada moída com o clínquer
Portland é uma das formas mais antigas de sua reciclagem.

A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) publicou diversas pesquisas visando


especialmente o emprego de escória como adição aos cimentos Portland. Os principais
trabalhos com resultados das pesquisas no Brasil podem ser encontrados nos trabalhos de
BATTAGIN (1986), BATTAGIN & ESPER (1988), SOARES (1982), TANGO, SILVA &
JOHN (1994), CINCOTTO & BATTAGIN (1992) e outros.

As escórias de alto forno são constituídas principalmente de óxidos de cálcio, silício,


alumínio, magnésio enxofre, e outros. Essa composição pode variar e é dependente das
matérias primas e do tipo de ferro gusa produzido. A Tabela 1 apresenta a composição de
algumas escórias de alto forno nacionais.

Tabela 1. Composição química escória de alto forno

Composição ArcelorMittal %* CSN %**

FeO 0,45 0,18

SiO2 33,65 36,40

Al2O3 12,42 13,18

CaO 41,60 41,79

66 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


MgO 7,95 4,75

TiO 0,73 0,16

Fontes:
*http://tubarao.arcelormittal.com/produtos/co_produtos/catalogo_produtos/escoria_fo
rno/introducao.asp
**SILVA et al., (2015)

A Tabela 2 apresenta os limites de composição do cimento Portland produzido com diferentes


matérias primas, destacando-se a aplicação da escória de alto forno na produção do cimento
CPII-E e CP III.

Tabela 2. Limites de composição do Cimento Portland


Clínque
Escória
Classe de r+ Material Material
Granulad
Designação normalizada Sigla resistênci sulfato Pozolânic Carbonátic
a de alto
a de o o
forno
cálcio

CP I 95-100 0-5
Cimento Portland comum CP I-
90-94 0 0 6 - 10
S

Cimento Portland
CP II-
composto com escoria 51-94 6 - 34 0 0 - 15
E
granulada de alto forno

Cimento Portland
CP II-
composto com material 25, 32 ou 71-94 0 6 - 14 0 - 15
Z
pozolânico 40

Cimento Portland
CP II-
composto com material 75-89 0 0 11 - 25
F
carbonático

Cimento Portland de alto


CP III 25-75 35-75 0 0 - 10
forno

Cimento Portland
CP IV 45-85 0 15-50 0 - 10
pozolânico

Cimento Portland de alta


CP V ARI 90-100 0 0 0 - 25
resistência inicial

67 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


25, 32 ou
Cimento Estrutural 75-100 26 - 50
40
Portland CPB
branco Não
50-74
estrutural

Fonte: ABNT NBR 16697:2018

Diante da importância de manter as qualidades da escória destinada ao processamento do


cimento, o presente trabalho apresenta um estudo dos principais parâmetros para sua
caracterização.

METODOLOGIA

Os ensaios foram realizados em uma empresa do ramo siderúrgico (nome confidencial). Para
análise da hidraulicidade e ativação da escória granulada de alto-forno, foram realizados
procedimentos de caracterização físico-química, estrutural e morfológica da escória. Os
ensaios realizados foram: índice de basicidade, grau de vitrificação e índice da atividade
hidráulica das escórias (resistência a compressão). O fluxograma básico de preparação e
caracterização da amostra pode ser visualizado na Figura 1.

Figura 1. Fluxograma básico de preparação e caracterização da amostra

68 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


No processo de amostragem, coletou-se 25 kg de escória granulada do alto forno. Como a
escória apresenta-se úmida em função do resfriamento, é necessário um pré-tratamento da
mesma. Para remoção da umidade, a amostra foi acondicionada em uma estufa por um
período de 240 minutos. Em seguida a amostra foi resfriada e quarteada (6 kg) e reservada em
recipientes para posterior análise.

A escória de alto forno tem a granulometria próxima a da areia e para sua aplicação na
produção do cimento deve ter sua granulometria reduzida para que a mesma possa ser
utilizada como aglomerante. Para isso, utilizou-se um moinho de bolas para a redução do
tamanho. A escória de alto forno pode ser vista em sua granulometria normal e moída na
Figura 2.

Figura 2. Escória granulada de alto forno (A) granulada (B) moída

(A) (B)
Fonte: Própria

Após redução da granulometria realizou-se a determinação da finura pelo método de


permeabilidade ao ar (Método de Blaine). De acordo com a metodologia da Associação
Brasileira de Normas Técnicas NBR NM 76, a determinação da superfície específica serve
para checar a uniformidade do processo de moagem de uma fábrica. Foram necessários 120
minutos de moagem para chegar à finura ideal.

ENSAIOS LABORATORIAIS

69 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


A composição química da escória foi realizada por florescência de raios X. O índice de
basicidade foi calculado utilizando a fórmula quaternária (I.B = (CaO +Al2O3+MgO)/ SiO2,
de acordo com a norma ABNT NBR 16697:2018.

O grau de vitrificação foi determinado segundo o método “Mac Master”, com microscopia
óptica de luz transmitida e o índice de atividade hidráulica da escória foi determinado através
da resistência mecânica ao uso de uma solução alcalina de NaOH a 20%.

Foram realizadas as moldagens dos corpos de prova e em seguida realizado a cura acelerada e
normal dos corpos de prova. Os ensaios foram realizados conforme a metodologia NBR-7215.
Consideraram-se dois tipos de cura dos corpos de prova: cura acelerada onde os corpos de
prova foram mantidos no molde cilíndrico em estufa a uma temperatura de 550 ºC + 20ºC por
aproximadamente 24 horas; e cura normal, onde os corpos de prova foram mantidos no molde
cilíndrico em sala climatizada com temperatura controlada de 230 ºC + 20 ºC e umidade
relativa >50%, por 48 horas.

O índice da atividade hidráulica da escória foi determinado conforme a NBR 16697:2018.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

As composições químicas da escória de alto forno são apresentadas na Tabela 3. Após a


análise química determinou-se o índice de basicidade da escória onde a fórmula empregada
para determinação do índice foi: I.B = CaO + Al2O3 + MgO / SiO2.

Tabela 3. Composição química da escória de alto-forno.

SiO2 CaO MgO Fe2O3 Al2O3


Parâmetros IB*
(%p) (%p) (%p) (% p) (% p)

Escória de alto forno 34,22 42,55 5,02 0,94 12,33 1,75

De acordo com os resultados apresentados na Tabela 3 observa-se a composição química da


escória esta de acordo quando comparadas aos trabalhos da literatura, como por exemplo, o
trabalho reportado por SILVA et al., (2015). Segundo Kelles (2011) os índices de basicidade
(IB) da escória variam entre 1,8 a 3,5. O autor evidencia que são poucos os estudos que

70 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


discorrem sobre a basicidade de escórias de alto-forno. Diante deste fato, ressalta-se a
importância em avaliar tais parâmetros.

Os resultados obtidos no ensaio físico do índice de atividade hidráulica determinada através


da resistência à compressão podem ser observados na Tabela 3.

Tabela 3. Resultados dos ensaios de resistência à compressão da escória

Escória de Alto-Forno

Corpos de prova R24 R48


Limite estabelecido
horas horas
(MPa)
(MPa) (MPa)
1 13,6 7,9
2 14,0 8,4
De 3 acordo
13,8 8,2
com os 4 13,9 8,0
13 (24 horas de cura)
Média 13,8 8,1 8 (48 horas de cura)

Desvio Relativo (%) 1,45 1,33


resultados apresentados, observou-se que os valores das resistências a compressão
apresentaram valores acima da norma, porém os resultados são aceitáveis.

Quanto aos resultados do grau de vitrificação das escórias, os mesmos evidenciaram que a
escória de alto-forno apresenta mais de 85% de sua estrutura vítrea. Este comportamento se
deve principalmente aos processos de resfriamento. A escória de alto-forno é resfriada
bruscamente com jatos de água vitrificando quase toda sua estrutura, não havendo tempo
hábil para que os íons se organizem em forma cristalina.

CONCLUSÃO

O uso de escória granulada de alto forno em substituição parcial ou total ao cimento Portland
tem sido objeto de estudo de diversas pesquisas. No entanto as escórias de alto forno
apresentam composições químicas distintas e análises de caracterização físico-química,
estrutural e morfológica devem ser realizadas de forma a garantir os parâmetros de qualidade
da matéria prima.
71 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
Os resultados apresentados no presente trabalho evidenciam os benefícios da utilização da
escória de alto forno como matéria prima para a produção de cimento Portland e na
substituição do clínquer.
A reciclagem da escória de alto forno produzida nas siderúrgicas contribui para a redução da
poluição ao meio ambiente, minimizando os impactos ambientais.

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STUDY OF THE APPLICATION OF THE HIGH-FURNACE SLING FOR


THE MANUFACTURE OF PORTLAND CEMENT

Abstract: The iron and steel industry generates large amounts of waste during its production
processes, with blast furnace slag being the main waste. Reusing such waste in processes is
essential, both for economic issues and for social and environmental concern. The slag is
generated in the manufacture of the pig iron in the blast furnaces, so it is conventionally
called "slag. blast furnace ". One of the largest applications of blast furnace slag is civil
construction, with emphasis on cement production. However, in order to meet the ideal
characteristics for cement production, it is necessary to characterize and monitor the quality
parameters of this raw material. The objective of this study was to evaluate the physico-
chemical, structural and morphological characterization of the slag through the parameters
such as: basicity index, degree of vitrification and hydraulic activity index of the slag
(compressive strength).

Keywords: Blast furnace slag, Siderurgy; Cement.

73 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


ESTUDO PRELIMINAR DA OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE PRÉ-
TRATAMENTO E-COAT EM UMA PLANTA DE PINTURA
AUTOMOTIVA

Júlia Santos Pedro1*; Amanda Bahia de Souza2; João Vitor Cabral Gonçalves3; Cristiane de
Souza Siqueira Pereira4; Moisés Teles Madureira5

12345
Curso de Engenharia Química da Universidade de Vassouras, Vassouras, RJ, Brasil.
*jusantos.pedro@gmail.com

Resumo: O pré-tratamento constitui uma etapa do processo da pintura automotiva, onde torna-se
indispensável um tratamento de superfície devido a necessidade de remover as sujidades (óleo e
limalha) residuais das etapas anteriores, para posterior pintura. Dessa forma, é considerado um dos
principais fatores que influenciam na resistência à corrosão pelo seu efeito na aderência da camada de
tinta. As atuais exigências do mercado referentes a desempenho têm colocado a indústria automotiva
numa busca por novas alternativas, não somente no âmbito da engenharia de materiais com foco em
composição de chapas metálicas, como também de novos tratamentos de superfície utilizados no
processo de pintura. Visando máxima otimização, simultânea aos requisitos ambientais e manutenção
da resistência à corrosão, característica fundamental nas garantias oferecidas pelas montadoras e
determinante na durabilidade do veículo. Dito isso, o pré-tratamento é composto por 12 estágios,
tornando o foco deste estudo reduzir de forma assertiva os custos, otimizando o processo tal como a
retirada de uma etapa considerada obsoleta e indiferente quanto a qualidade final apresentada.

Palavras-chave: Pré-tratamento; otimização; corrosão.

INTRODUÇÃO
O automóvel nos últimos 50 anos tem sido um bem de importância vital para grande parte da
humanidade. A partir da década de 80, houve um aumento significativo na robotização das
montadoras de automóveis (MAINIER, 1997) sendo praticamente aceitável em todos os
níveis que em ambientes de alta tecnologia, os trabalhadores com funções repetitivas, como
apertar parafusos ou aplicação de soldas ponteadas, tendem a ser substituídos por máquinas e
robôs.

Caminhando na dimensão industrial, os projetos dos carros da atualidade são baseados em


visões simples e compactas. E, nesta direção, também, acompanham as próprias fábricas de
autopeças que na maioria das vezes, já estão enviando às montadoras os grupos de peças
prontas, de fácil montagem e formando um conjunto único (ANFAVEA, 2018), A
preocupação com a durabilidade, a aparência e vida útil do automóvel tem sido uma constante

74 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


nos ramos automotivos e coligados, consequentemente, o processo de pintura, objeto do
presente estudo, é fundamental sob o ponto de vista de uma avaliação crítica.

A eletrodeposição de tintas é um processo em que se mantém o mesmo princípio da imersão


simples. Porém, as tintas usadas possuem uma formulação especial que permite sua
polarização. Usando esta propriedade, a peça (carroceria) é ligada ao pólo negativo dos
retificadores de corrente contínua e estabelecendo-se, entre a peça e a tinta onde ela está
imersa, uma diferença de potencial, de modo que os compostos orgânicos protonizados (carga
positiva) presentes na formulação sejam atraídos para o pólo negativo (carroceria metálica)
(Brett &. Brett, 1996).

Dessa forma, toda a peça fica recoberta com uma camada uniforme e aderente de tinta, com
espessura na faixa 20-40 µm. A gestão eficiente da aplicação de tintas automotivas está
baseada nas normas de aplicação, na avaliação crítica da tinta acabada, na qualidade dos
produtos que compõe a formulação, no nível dos contaminantes, na qualidade da água e,
finalmente, no controle e na disposição dos efluentes visando à preservação ambiental.

Em uma planta de pintura automotiva muitos fatores podem impactar no processo causando,
inconformidades. Controladamente, defeitos são aceitáveis, desde que a qualidade seja
mantida e o range dos parâmetros pré-estabelecidos, sejam respeitados. O fundamental é que
haja o mínimo de peças rejeitadas por lote produtivo.

PROCESSO PRODUTIVO

Para que a qualidade final do produto seja garantida, é necessária, a realização de etapas que
são consideradas exigências básicas para uma pintura por eletrodeposição. Espera-se obter
uma película insolúvel de tinta sobre a superfície metálica que alcance sua máxima resistência
contra corrosão. Os estágios do pré-tratamento e posterior otimização que será descrita nos
próximos tópicos, são descritos na figura 1:

75 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Figura 1. Estágios do pré-tratamento, assinalando a etapa que será otimizada. Sendo ela do
estágio 6 ao estágio 8.

Fonte: Os autores

1° estágio  Desengraxe por spray - Neste primeiro estágio utiliza-se um material de base
alcalina com a função de promover a limpeza da superfície. Nesta etapa óleos, graxas e
dejetos provenientes da etapa de funilaria, como a limalha, são retirados. Possui temperatura
controlada pra melhor desempenho de sua função. Como meio de protelar a substituição por
completa deste banho, para sua limpeza, medidas diárias são tomadas para que o banho não
perca suas propriedades e saia dos parâmetros de qualidade pré-estabelecidos, por isso, o
resíduo gerado água-óleo é separado diariamente. Em relação à limalha, a separação ocorre
por meio de um cilindro magnetizado que por diferença de polaridade atrai as partículas
metálicas, que ocorre logo após um processo de filtração, tornando a manutenção do banho
mais eficiente.

2° estágio  Desengraxe por imersão - Possui a mesma função do estágio que o antecede,
com forma de aplicação modificada. Agindo também em partes internas e ocas da cabine,
aprimorando a etapa anterior.

3° estágio  Lavagem por imersão - Promove-se o enxague da cabine com água industrial,
diminuindo a contaminação por arraste para os banhos posteriores.

4° estágio  Refinador de cristais - Atua para promover a preparação da camada, ativando a,


para receber de cristais de fosfato. Trata-se de um material a base de zinco, possui caráter
aniônico proporcionando uma boa reação com uma etapa posterior, a fosfatização, de caráter
catiônico. Anteriormente utilizava-se um produto a base de Titânio. Este apresentava
desempenho inferior ao material agora utilizado. A perda de propriedades importantes para
constituir o banho era muito rápida e sua degradação exigia uma troca quinzenal, agregando
76 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
um alto custo ao processo. O novo produto necessita de uma troca quadrimestral, resultando
em uma brusca economia, além de possibilitar uma melhor reação com a etapa posterior,
fundamental para o preparo da superfície a ser pintada por eletrodeposição. A afinidade dos
materiais do 4º estágio com o do 5º permitiu um ganho de qualidade na camada de fosfato.

5° estágio  Fosfatização - Neste quinto estágio, promove-se a fosfatização tri-catiônica –


Zinco, Níquel e Manganês – que tem por função aumentar a porosidade e a área específica
tratada. Possui como base, ácido fosfórico, permitindo uma unidade integrada entre metal e
base. Facilita a penetração de tinta ou absorção de óleos lubrificantes. Possui ampla
aplicabilidade - Zinco, Alumínio e Ferro – e este tipo de revestimento especial implica de
forma decorrente, não propriamente, das suas propriedades e sim dos seus efeitos secundários
(CHEMETALL, 2007). Necessita de aquecimento e temperatura controlada para maior
eficiência. A troca do produto utilizado no banho anterior otimizou de forma considerável a
reação, permitindo a formação de uma camada melhor de fosfato na superfície a ser pintada.

6° estágio  Lavagem por imersão - Promove-se o enxague da cabine com água industrial,
diminuindo a contaminação por arraste para os banhos posteriores.

7° estágio  Passivação - Trata-se de um sal à base de Flúor e Zircônio. Este banho lineariza
a camada de fosfato, tornando possível a formação de um cristal. A importância desta etapa
deve-se a porosidade dos recobrimentos fosfóricos. Os poros se constituirão em áreas
anódicas, altamente ativas, reduzindo áreas livres de poros e passivando a superfície metálica
exposta. Isto influi de forma direta na proteção do acabamento posterior, estabelecendo
aderência superior nas próximas etapas do processo. Contudo, quanto melhor o refinador de
cristais, melhor ativação da camada de fosfato, resultando em uma aprimorada reação de
fosfatização. Eximindo a necessidade desta etapa do processo produtivo. A partir disso, testes
foram desenvolvidos para analisar a necessidade desta etapa no processo.

8° estágio  Lavagem DI (água deionizada) - O oitavo estágio serve para enxágue das
cabines com água desmineralizada para minimizar o arraste de sais para os banhos
posteriores.

9° estágio  Banho de KTL – Katho-discheTauchLackierung (Pintura Catódica por Imersão).

77 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


METODOLOGIA

O conceito de otimização de processos, descreve alguns conjuntos de parâmetros


especificados sem violar alguma restrição. Sendo assim, o maior revés de um sistema de
pintura industrial é o custo. Comedir os custos sem comprometer de forma inconveniente a
qualidade almejada do revestimento, é o obstáculo inerente. Além do custo real do processo,
que inclui energia, mão de obra e insumos, existe o custo da não qualidade (DIAS, 2006). A
partir disso, é possível dimensionar perdas que impactam de forma direta e negativa no
resultado final, como desperdícios. Podendo ocasionar a aniquilação da peça.

Levando em consideração as implicações do custo produtivo, processo existente de pré-


tratamento e novas tecnologias; este estudo foi adotado com o viés de adequação da planta
produtiva de acordo com as novas tecnologias disponíveis no mercado.

O processo de pré-tratamento é composto por 12 estágios e o objetivo deste estudo foi


maximizar ganhos em relação ao tempo e custos, através da retirada de um estágio
considerado obsoleto e indiferente quanto à qualidade final do produto. A subtração do tempo
gasto na imersão da cabine e o investimento embutido nesta etapa produtiva permite que sua
retirada impacte de forma considerável no ganho produtivo. A disposição da planta e o
modelo de produção utilizado beneficiam mudanças como esta, já que a retirada do banho não
implica em nenhuma mudança física na estrutura existente. Através de um sistema
completamente automatizado, ao invés da carroceria submergir no tanque com o passivador,
ela será levada a próxima etapa, o enxágue. Tornando o projeto totalmente viável, com
nenhum investimento embutido na otimização. Quanto à qualidade do material, foram
realizados inúmeros testes, para estabelecer de forma concreta a dispensabilidade desta etapa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 ENSAIO DE ADERÊNCIA DO SISTEMA DE PINTURA (CONFORME A NORMA NBR 11003)

Com o intuito de avaliar a resistência à corrosão, que leva em consideração o efeito da


aderência na camada de tinta da Figura 2 apresenta as imagens dos materiais analisados no
ensaio de aderência, antes e após a retirada do estágio 7º estágio. De acordo com as imagens

Apresentadas, verifica-se que os materiais processados apresentaram semelhanças em sua


qualidade de aderência.

78 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Figura 2. Imagem do ensaio de aderência. 1 representa a chapa metálica com imersão no 7º
estágio e 2 sem imersão.

Fonte: Os autores

4.2 CARACTERIZAÇÃO DA CAMADA DE FOSFATO

A Figura 3 apresenta as imagens feitas por microscopia eletrônica de varredura das superfícies
das amostras obtidas após o processamento na linha pré-tratamento, com 1.000 vezes de
ampliação. Verifica-se que o pré-tratamento com fosfato resulta em uma morfologia com a
forma de cristais, semelhante nos materiais com passivador e sem passivador.

Figura 3. Microscopia eletrônica de varredura com 1.000 vezes de ampliação nas amostras de
chapas metálicas da linha de pré-tratamento.

Fonte: Os autores

79 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


4.3 ENSAIO CÍCLICO DE CORROSÃO

As imagens da Figura 4 apresentam o teste dos materiais em estudo após ensaio acelerado de
corrosão, levando em consideração Tempo x Temperatura. Observa-se que os painéis 1 e 2
possuem menor avanço da corrosão em relação aos painéis 5 e 6. Porém, essa menor
resistência à corrosão dos painéis 5 e 6 deve-se principalmente a menor relação de área
anódica/catódica apresentada por este material, devido a menor espessura da camada de tinta
e tempo de ensaio. Enquanto nos painéis 1 e 2 a camada de tinta possui espessura de 115 µm e
113 µm (respectivamente) e duração de 30 ciclos, os painéis 5 e 6 possuem 108 µm e 112 µm
(respectivamente) e duração de 60 ciclos.

Figura 4. Teste de corrosão por exposição às névoas salinas em substratos tratados e pintados.

Fonte: Os Autores.
80 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
4.4 CUSTO E HHT (HORA HOMEM TRABALHADA)

Os dados abaixo se referem ao estágio 7, o mesmo que foi excluso, fornecendo economia no
custo de processo e mão de obra.

 Produto – Bonderite MP54

 Volume do tanque – 110 m³

 Custo do tratamento – R$ 5,39/m³

 Frequência de troca – 3 vezes ao ano

 1 Técnico de Processo – 8h trabalhadas

 2 Auxiliares de Limpeza – 4h trabalhadas

Uma análise objetiva de economia em torno do volume x custo x frequência = R$ 1.778,00


anual.

O preço do produto Bonderite MP54 é mantido sob sigilo, pois se trata de uma cotação
específica para a empresa. Vale ressaltar que é uma economia significativa de 30% do custo.

O técnico de processo e os auxiliares de limpeza foram realocados em outras funções,


culminando em otimização do processo em menor tempo, ganho de qualidade em outras
atividades desempenhadas pelos menos.

CONCLUSÃO

A corrosão eletroquímica é um processo espontâneo que acontece quando o metal está em


contato com um eletrólito, ocorrendo simultaneamente reações anódicas e catódicas.
Eletrólitos são substâncias que, ao serem dissolvidas em água, resultam em soluções
condutoras de eletricidade. No presente trabalho, o eletrólito é representado pela solução
salina utilizada na câmara de salt spray. Quando uma chapa de aço é submetida sem qualquer
proteção ao teste de salt spray, obtém-se como resultado sua total oxidação. Em contrapartida,
quando se submete outra chapa fosfatizada e com KTL, observa-se a conservação total do
painel, livre de corrosão (ALVARENGA, 2007).

81 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


No processo de fabricação de automóveis, é essencial a utilização da tinta KTL para proteção
do substrato contra a corrosão. A vida útil desta tinta é longa e garante uma grande
durabilidade ao material quando o mesmo está sujeito às ações de intempéries.

O desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias tem a finalidade de tornar estes bens


mais duráveis com menor custo produtivo. Verificou-se que independente da linha de pré-
tratamento em que foram processados os materiais, o desempenho da resistência à corrosão
comparativa entre os materiais avaliados apresentou tendências similares;

Verificou-se que os materiais com pré-tratamento com número de estágios reduzidos, ou seja,
a exclusão do 7º estágio apresentou aderência ao sistema de pintura e resistência à corrosão
semelhante ou levemente inferior à dos materiais com pré-tratamento que possui o 7º estágio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVARENGA, E. ; MOREIRA, J.; BUONO, V. Resistência a Corrosão de aços

Eletrogalvanizados Fosfatizados e Pintados. Tecnologia em Metalurgia e Materiais, São


Paulo, v.4, n.2, p. 21-26, out. Dez, 2007.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11003: Tintas-

Determinação da Aderência: Rio de Janeiro, 2009.

CHEMETALL. Processo de Fosfatização. Chemetall do Brasil Ltda. 2007.

OLIVEIRA BRETT, A. M. & BRETT, C.M;A. Electroquímica, princípios, métodos e


aplicações, Coimbra, Portugal,: Editora Almedina, 1996.

DIAS, E. E. P. Análise de melhoria de processos: aplicações à indústria automobilística.

2006. 100f. Dissertação (Mestrado em Sistemas de Gestão) – Universidade Federal

Fluminense, Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: Acessado em 09/11/18.

INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA BRASILEIRA. Disponível em Associação Nacional dos


Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA). Acessado em 05/11/2018.

MAINIER, F.B - Reflexões: o computador, o desemprego e o processo educativo. Anais: 4 ª


Jornada de Pesquisadores em Ciências Humanas, Centro de Filosofia e Ciências Humanas,
8/10 Outubro, Campus da Praia Vermelha, UFRJ, 1997, p.35

82 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


PRELIMINARY STUDY OF THE OPTIMIZATION OF THE E-COAT PRETREATMENT
PROCESS IN AN AUTOMOTIVE PAINTING PLANT
Abstract: Pretreatment is a step in the process of automotive painting, where a surface treatment is
indispensable due to the need to remove residual dirt and oil from the previous stages for subsequent
painting. In this way, it is considered one of the main factors that influence the resistance to corrosion
by its effect on the adhesion of the paint layer. The current market demands for performance have
placed the automotive industry in a search for new alternatives, not only in the field of materials
engineering with a focus on sheet metal composition, but also new surface treatments used in the
painting process. Aiming at maximum optimization, simultaneous with environmental requirements
and maintenance of corrosion resistance, fundamental characteristic in the guarantees offered by the
automakers and determinant in the durability of the vehicle. That said, pre-treatment consists of 12
stages, making the focuses of this study assertively reduce costs, optimizing the process as the
withdrawal of a step considered obsolete and indifferent to the final quality presented.

Keywords: Pretreatment; optimization; corrosion

83 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DO ELEMENTO TÓRIO COMO
COMBUSTÍVEL NUCLEAR

Matheus Porto Martins 1; Moisés Teles Madureira 2


12
Universidade de Vassouras - Vassouras, RJ, Brasil. mpmartins18@hotmail.com.

Resumo: Desde que foi descoberto como funcionava a fissão do núcleo do átomo, tem-se aumentado
cada vez mais o interesse nesse segmento. Nos reatores nucleares em funcionamento nos dias atuais
para a produção de energia, o ciclo de combustível utilizado é o Urânio-Plutônio (U-Pu), porém
estudos buscam vantagens para a implementação do ciclo de combustível Tório-Urânio (Th-U) nesses
reatores. Segundo estudos anteriores, esse novo ciclo de combustível tem o potencial de uso fácil na
maioria dos tipos de reatores operados com combustíveis nucleares baseados em urânio, sem qualquer
modificação considerável. A maioria das reservas de tório é estimada, das reservas conhecidas a Índia
é líder nesse quesito com o Brasil sendo o segundo país com mais reservas de tório no mundo. Esse
ponto pode ser importante no momento de avaliar a importância do tório no segmento nuclear, já que
não é encontrado em grandes proporções nas principais potencias mundiais em tecnologia.

Palavras-chave: Tório; Nuclear; Combustível; Isótopo; Fissão; Energia.

1. INTRODUÇÃO

Em 1938, Otto Hahn junto com Fritz Strassmann e Lise Meitner estavam bombardeando
átomos de urânio com nêutrons para tentar a produção de átomos mais pesados, os chamados
transurânicos. Através desse experimento acabou-se descobrindo que o núcleo do urânio
poderia ser fissionado em outros átomos menores e com isso liberar uma grande quantidade
de energia. A partir dessa descoberta se deu início a era nuclear, infelizmente por estar à beira
da segunda guerra mundial que durou entre 1939 e 1945 as primeiras utilidades dessa
descoberta foram com as bombas nucleares Little Boy (fissão de urânio) e Fat Man (fissão de
plutônio) explodidas no Japão, em Hiroshima e Nagasaki respectivamente.

A fissão nuclear ocorre quando o núcleo de um átomo é bombardeado por um nêutron


fazendo com que o núcleo fique mais instável e se divida em outros dois núcleos menores,
além dessa divisão, o processo ainda libera outros nêutrons e uma quantidade imensa de
energia, cada um desses nêutrons liberados bombardeiam outros núcleos atômicos dando
início a uma reação em cadeia. Esta reação em cadeia ocorre de acordo com a equação de

84 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Einstein, onde E é a energia da massa m que desaparece, multiplicada pelo quadrado da
velocidade da luz, por isso uma pequena quantidade de matéria gera uma enorme quantidade
de energia. Abaixo encontra-se a equação de Einstein (1):

(1)

Atualmente, os reatores utilizados para produção de energia elétrica em uma usina nuclear são
alimentados principalmente por urânio, e ainda há casos de se utilizarem o plutônio como
combustível nuclear. Ambos os combustíveis estão ligados diretamente com a proliferação de
armamento nuclear, devido a isso, muitos estudos estão sendo feitos para que o novo
combustível nuclear seja o tório, já que suas propriedades físseis dificultam um pouco mais
essa proliferação.

Os isótopos naturais do urânio encontrados na Terra são: 238U e o 235U, sendo suas ocorrências
na proporção de 99,28% e 0,72% respectivamente. Já o tório só é encontrado na Terra na
232
forma do isótopo natural Th. Ambos os elementos são da classe dos actinídeos e por isso
possuem algumas características semelhantes que os ajudam para essa função: possuem
núcleos instáveis e sofrem decaimento radioativo. Por serem elementos que ocorrem na
natureza e por possuírem uma grande quantidade na crosta terrestre não podem ser, de modo
algum, considerados raros. Algumas das características de ambos os elementos são
comparadas na tabela 1.

Tabela 1 – Características básicas dos elementos.

Elemento Tório Urânio

Ponto de fusão (ºC) 1750 1130

Ponto de ebulição (ºC) 4850 3930

Densidade (g/cm3) 11,8 19,1

Número atômico (Z) 90 92

Número de massa (A) 232 238

Símbolo Th U

Estados de oxidação III; IV III; IV; V; VI

85 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Constituição da crosta terrestre (ppm) 8,1 2,3

Fonte: Lee (1996).

O único estado de oxidação estável do tório é o IV, no caso do urânio o mais estável é o VI. O
tório possui uma alta facilidade de oxidação.

2. HISTÓRICO
O tório foi descoberto em 1828 por Jöns Jakob Berzelius do Real Instituto Karolinska, de
Estocolmo. O químico sueco recebeu, de um mineralogista amador, em seu laboratório uma
amostra de rocha da qual ele extraiu tório, esse minério era na forma de silicato de tório que
hoje é conhecido como torita. O tório recebeu esse nome em homenagem ao deus escandinavo
Thor. Sua radioatividade, portanto, só foi demonstrada pela primeira vez por Gerhard Schmidt
em 1898, depois acabou sendo confirmada por Marie Curie.
3. COMBUSTÍVEIS NUCLEARES

Dentre os materiais utilizados como combustíveis nucleares existem dois tipos de materiais,
os físseis e os férteis:

Físseis: são aqueles que, sob ação de nêutrons sofrem uma reação de fissão,
decompondo-se e produzindo fragmentos radioativos de massa atômica média, e ainda
outros nêutrons, sendo todo o fenômeno acompanhado de liberação de grande
quantidade de energia, resultante da desintegração do núcleo. (AMORIM, 1991, p.
11).
Férteis: são aqueles que, normalmente são utilizados em consequência da propriedade
que possuem de reagirem com nêutrons, por absorção do mesmo, seguida de
desintegrações “beta” sucessivas até se transformarem em nuclídeos com propriedades
de fissão. Esses últimos são denominados materiais físseis artificiais ou especiais.
(AMORIM, 1991, p. 11).
238 232
Na categoria dos materiais férteis encontram-se os já falados U e Th, o processo de
239 233
transformação deles para elementos físseis produz Pu e U respectivamente. Já na
categoria dos materiais físseis encontram-se os isótopos artificiais produzidos através dos
235
materiais férteis e o também já falado U. As produções desses elementos físseis são
demonstradas pelas figuras 1 e 2.

86 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Figura 1 - Produção de Plutônio-239.

Fonte: OECD (2015).

Figura 2 - Produção de Urânio-233.

Fonte: OECD (2015).

Pretende-se utilizar o 232Th juntamente na fissão do 235U para diminuir a necessidade de


urânio nesse processo e para aproveitar os benefícios do tório, esse ciclo de combustível é
conhecido como Tório-Urânio (Th-U). Nos reatores existentes, o ciclo de combustível
utilizado é o chamado Urânio-Plutônio (U-Pu) já que utiliza urânio enriquecido (235U) ou
plutônio reprocessado (239Pu).

Figura 3 - Fissão do Tório.

Fonte: Kazimi (2003).

A tabela 2 mostra a relação entre os materiais físseis/férteis e seus respectivos tempos de meia
vida.

Tabela 2 – Meia vida dos elementos.

87 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Elemento Tório Urânio Urânio Urânio Plutônio

Número de massa (A) 232 233 235 238 239

Meia vida – t1/2 (anos) 1,4x1010 1,6x105 7,1x108 4,5x109 2,4x104

Fonte: Lee (1996).

Meia vida é o tempo necessário para desintegrar a metade dos átomos radioativos existentes
em uma dada amostra. Pode também ser chamado de período de semidesintegração.

A tabela 3 mostra uma comparação das características específicas dos elementos físseis.

Tabela 3 – Características dos elementos físseis.

Núcleo físsil Fator de fissão Rendimento de Seção transversal


nêutrons da fissão
233
U 2,284 2,49 531
235
U 2,072 2,42 582
239
Pu 2,109 2,87 742

Fonte: Choppin and Raydberg (1980).

De acordo com os parâmetros acima o 233U é reconhecido como um possível combustível


nuclear.

A seção transversal da fissão é a probabilidade de haver uma colisão com o núcleo e com isso
desencadear a reação, o rendimento de nêutrons é quantidade de nêutrons liberados no
processo da fissão nuclear, já o fator de fissão tem relação direta com os nêutrons produzidos.

Segundo Mourogov (1997), estudos realizados sobre o ciclo de combustível de tório


mostraram claramente que os combustíveis nucleares à base de tório têm o potencial de uso
fácil na maioria dos tipos de reatores operados com combustíveis nucleares baseados em
urânio, sem qualquer modificação considerável.

4. MINÉRIOS DE TÓRIO

88 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


O tório pode ser encontrado em depósitos sedimentares de areias pesadas (monazita e
xenotima) e em depósitos primários em associação com o urânio (urano-torianita).
Basicamente só é utilizado industrialmente dois minérios para a produção de tório, sendo eles:
monazita e urano-torianita. A monazita é um fosfato de terras raras, isso porque quimicamente
ela possui uma maior porcentagem de lantanídeos, que são os elementos conhecidos como
terras raras, em sua composição o tório está na forma de dióxido de tório (ThO2). Há ainda
outros minérios de tório, mas que não são muito explorados, sendo eles: torita e torianita. Na
torita, o tório está na forma de silicato (ThSiO4) e na torianita o tório está na forma de óxido,
como acontece também na monazita.

5. RESERVAS DE TÓRIO

Segundo Ünak (2000), a maior parte das reservas de tório ao redor do mundo são reservas
estimadas. Entre as reservas de tório convencional identificadas, os países que mais possuem
tório em toneladas são: Índia, Brasil, Estados Unidos, Austrália, Egito e Turquia
respectivamente, sendo igual entre Estados Unidos e Austrália. Na tabela 4 é demonstrado
com detalhes as distribuições de recursos entre países e regiões mundiais. Após a análise da
tabela, observou-se que os continentes com maiores quantidades em tório são: Ásia,
Américas, Europa e África, respectivamente.

Tabela 4 - Recursos de tório convencional identificados.

Região País Recursos Totais de Tório

Europa Turquia* 374000

Noruega 87000

Groenlândia (Dinamarca) 86000 – 93000

Finlândia* 60000

Federação Russa 55000

Suécia 50000

França 1000

89 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Tabela 4 - Recursos de tório convencional identificados.

(Continuação)

Região País Recursos Totais de Tório

Europa Total 713000 - 720000

Américas Estados Unidos 595000

Brasil 632000

Venezuela* 300000

Canadá 172000

Peru 20000

Uruguai* 3000

Argentina 1300

Total 1723300

África Egito* 380000

África do Sul 148000

Marrocos* 30000

Nigéria* 29000

Madagascar* 22000

Angola* 10000

Moçambique 10000

Malawi* 9000

Quênia* 8000

RD Congo* 2500

Outros* 1000

Total 649500

Ásia CEI* (excluindo a Federação Russa) 1500000

90 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Incluindo o Cazaquistão, estimado >50000

Ásia Incluindo a Federação Russa, parte >100000


asiática estimada

Uzbequistão 5000 – 10000

Índia 846500

China, estimado >100000 (incluindo 9000 Taipé)

Irã, a República Islâmica* 30000

Malásia 18000

Tailândia*, estimado 10000

Vietnã*, estimado 5000 – 10000

Coréia do Sul* 6000

Sri Lanka*, estimado 4000

Austrália 595000

Total >2647500 – 2684500

Total Mundial 6355300 - 6372300

CEI, Comunidade de Estados Independentes.

* Dados não atualizados em 2013.

Fonte: Humphrey and Khandaker (2018).

Mesmo o Brasil sendo um dos líderes mundiais em reservas totais de tório, não há muitos
estudos nesse segmento, talvez se investissem mais nessa nova tecnologia poderíamos estar
um passo à frente quando o assunto fosse produção de energia nuclear. A pouca quantidade de
estudos feitos pelo Brasil foi verificada por Ault, Krahn and Croff (2017).

6. PROLIFERAÇÃO NUCLEAR ATRAVÉS DO TÓRIO

A fissão do tório pode produzir um produto secundário que é o 232U, esse isótopo do urânio
se decompõe em outros isótopos fazendo com que haja uma liberação intensa de radiações

91 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


gama (γ), devido a essa radiação liberada ele deve ser manuseado com cuidado em câmaras de
contenção fortemente blindadas e utilizando técnicas remotas. Esse caminho alternativo da
fissão do tório pode tornar mais caro o reprocessamento de combustíveis gasto, entretanto, por
ser de difícil proteção devido ao calor da radiação faz com que não haja proliferação de armas
nucleares.

Segundo Ashley (2012), há um medo real em relação a proliferação de armas nucleares


devido a utilização do protactínio (233Pa), esse isótopo surge devido a fissão do 232Th e
sofre decaimento radioativo para o 233U que pode ser utilizado na produção de armamento
nuclear por ser de fácil manuseio. O 233Pa possui um tempo de meia vida de 27 dias, então se
o lixo nuclear estiver devidamente seguro quase não há risco de proliferação porque
rapidamente a radiação será diminuída, porém há o risco da utilização desse lixo nuclear pelos
responsáveis por reatores desse tipo.

7. VANTAGENS

Reatores nucleares à base de tório produzem mais combustíveis nucleares do que consomem,
podendo então serem considerados importantes como a base dos reatores regeneradores. Isso
significa que se houver reprocessamento do combustível, não necessitará adicionar mais
minérios na alimentação, fazendo com que haja abaixamento do custo de energia produzida e
um aumento da vida das reservas de combustíveis nucleares.

Por não irradiar 238U, não há produção de elementos transurânicos (maiores que o urânio).
Devido a isso, os resíduos serão menos tóxicos do que os obtidos atualmente. Elementos
transurânicos são a principal preocupação de saúde do lixo nuclear a longo prazo.

O tório é mais abundante do que o urânio na crosta terrestre, 8,1 e 2,3 ppm respectivamente,
aproximadamente 3,5 vezes a mais.

As características físseis do 233U são consideravelmente boas comparando-as com as dos


outros elementos físseis, tornando-o um bom combustível nuclear, podendo ser utilizado em
qualquer tipo de reator nuclear realmente operado.

Por ser utilizado juntamente com o 235U na fissão do mesmo, ocorrerá uma diminuição na
demanda por este elemento e além disso um menor gasto com enriquecimento de urânio.

No processo de fissão e decaimento do tório até chegar no elemento físsil desejado (233U)
não há produção de 239Pu que é utilizado também como armamento nuclear, ou seja, no ciclo
92 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
de combustível Th-U haverá uma queda considerável na produção desse elemento físsil
fazendo com que diminua a proliferação de armas nucleares.

8. DESVANTAGENS

É um método relativamente novo de produção de energia nuclear e com isso tem-se pouca
experiência operacional, necessitando ainda muitos estudos e testes. De acordo com as
características físicas do tório e do urânio observa-se que o tório possui uma maior
temperatura de fusão e uma maior temperatura de ebulição, necessitando de temperaturas
altíssimas para se obter combustíveis de alta qualidade.

Segundo Amorim (1991), mesmo havendo uma imensa quantidade de tório na crosta terrestre,
a disseminação é bastante grande, sem possibilidade de aproveitamento econômico.

Os minérios de tório possuem baixo teor de tório, tornando difícil a extração e um custo
elevado para a realização dessa extração, além disso a maior quantidade das reservas são
estimadas.

Por possuir uma dissolução mais difícil, o dióxido de tório (ThO2) requer mais esforço em um
futuro reprocessamento de combustível do que o dióxido de urânio (UO2).

Mesmo utilizando o 232Th como combustível nuclear ainda é necessária a utilização de 235U
para ocorrer a fissão desejada, não sendo possível puramente com 232Th.

Segundo Humphrey and Khandaker (2018), 90% das fissões de 233U produzem apenas 10%
do combustível irradiado, o que representa uma maior queima de combustível em comparação
com o urânio.

9. CONCLUSÃO

De acordo com as informações levantadas através dos livros e artigos lidos, chegou-se à
conclusão de que o tório possa ser um bom motivo para que haja mais investimentos em
pesquisas sobre esse combustível alternativo na produção de energia nuclear, já que suas
vantagens são mais interessantes como motivadoras da realização de mais pesquisas do que as
desvantagens que possam inviabilizar o processo. Porém, deve-se ter cuidado com o uso dessa
nova tecnologia, se usada para o bem será de grande avanço na área nuclear e, com isso,
possibilitará melhoras no segmento. Um fato que pode explicar os poucos estudos e
93 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
investimentos no tório como combustível nuclear é que as principais potências mundiais não
possuem uma grande quantidade de reservas, fazendo com que haja um investimento maior
no urânio, se houvessem mais reservas de tório nos países líderes em tecnologia, pode ser que
o tório fosse muito mais utilizado e estudado do que é hoje em dia.

10. REFERÊNCIAS

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Trends and insights from eight decades of diverse projects and evolving priorities. Annals Of
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p. 445 Pergamon Press, ISBN 008-023823-8.

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ÜNAK, T. (2000). What is the potential use of thorium in the future energy production
technology? Progress In Nuclear Energy, 37(1-4), 137-144. doi: 10.1016/s0149-
1970(00)00038-x.

STUDY ABOUT THE USE OF ELEMENT THORIUM AS NUCLEAR FUEL


Abstract: Since it has been discovered how the atom nucleus fission worked, it has been
increasing more and more the interest in this segment. In the current working nuclear
reactors for the production of energy, the fuel cycle used is the Uranium-Plutonium (U-Pu);
94 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
however studies search for advantages of the implementation of the Thorium-Uranium fuel
cycle (Th-U) in these reactors. According to former studies, this new fuel cycle has the user-
friendly potential in most sorts of reactors operated with uranium based nuclear fuels,
without any considerable modification. Most of the thorium reserves is valuable. From kwon
reserves, India is the leader, placing Brazil as the second country with the majority of
thorium reserves in the world. This detail might be important when evaluating the importance
f th the le se e t, s e t s ’t f d l ep p t s the w ld
potencies in technology.

Keywords: Thorium; Nuclear; Fuel; Isotope; Fission; Energy

95 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


ESTUDO SOBRE BENEFÍCIOS E DESVANTAGENS DO USO DO
PLÁSTICO E DO PAPEL EM EMBALAGENS PARA SUSTENTABILIDADE
Juliana Oliveira da Silva Corrêa1; Isabelle da Costa Dias2; Natã Dutra Fernandes Rahhal3;
Aline Mansur Almeida4*

123
Departamento de Ciências Biológicas da Faculdade União Araruama de Ensino - Unilagos, RJ, Brasil.
4
Departamento de Engenharia e Gestão da Faculdade União Araruama de Ensino – Unilagos, RJ, Brasil.
*aline.geoq@gmail.com

Resumo: Plásticos e papel são materiais comumente utilizados em embalagens de cosméticos ou de


alimentos. Consequentemente esses materiais se destacam em volume e quantidade nos resíduos
sólidos urbanos, o que torna necessário reavaliar a utilização destes materiais. Relacionando
sustentabilidade e análise do ciclo de vida do plástico e papel esse artigo tem como objetivo refletir
sobre o uso e a gestão desses materiais nos dias atuais. Partindo de estudos bibliográficos, são
mostrados dados sobre o uso desses materiais em embalagens, bem como custo de produção, gasto de
água e produção de resíduos. A discussão contida neste trabalho é extremamente relevante e aplicada
ao conceito de sustentabilidade, possibilitando reflexões em gestão ambiental, design, marketing e
engenharia.

Palavras-chave: Análise do ciclo de vida; resíduos sólidos urbanos; gestão ambiental

INTRODUÇÃO
Como afirma Daly (2004), os ecossistemas da Terra possuem, todos, um limite, uma vez que
apenas se desenvolvem, não crescem. Este autor, dentre muitos outros, como Veiga (2008), já
atentaram ao fato de que há uma sutil diferença conceitual entre os termos “crescimento” e
“desenvolvimento”: conforme Amora (2009), o primeiro é quando ocorre um aumento em
estatura, intensidade, número, volume, enquanto o segundo é aumentar no sentido de
melhorar ou progredir. Dessa forma, os sistemas sociais e econômicos deveriam crescer
apenas até certo ponto e, a partir daí, mudar seu foco para o desenvolvimento, permanecendo
num crescimento estacionário (DALY, 2004). Num modelo de sociedade em constante
crescimento, o que ocorre é a utilização massiva de matérias-primas sem que haja, entretanto,
preocupação com um dos princípios naturais da vida apresentados por Miller e Spoolman
(2012): a ciclagem química dos elementos, que aplicada aos materiais é o foco da presente
pesquisa.

O entendimento que se tem da proposta de sustentabilidade ainda hoje se encontra distante de


uma definição, uma vez que possui uma diversa gama de interpretações e conceitos,
dificultando sua real compreensão pela maioria das pessoas e fazendo com que surja a dúvida
do que é mesmo válido quando se considera este tema (VEIGA, 2008; ZANGALLI JR.,
96 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
2012). No entanto, como no presente século há uma intensa monetarização dos bens – além
do paradigma da acumulação de capital –, como reflexo do passado, se tornou necessária a
análise dos processos, não apenas dos produtos finais, e, consequentemente, o estudo da
forma como o crescimento e o desenvolvimento socioeconômicos se relacionam com a
Natureza (i.e., percebeu-se que é estritamente necessário repensar como os recursos são
utilizados no mundo atual e como estes podem ser manipulados eficientemente, de forma a
proporcionar um ambiente – no contexto multidisciplinar da palavra – saudável para as
gerações futuras) (SILVA; MENDES, 2005; BAUMGARTEM, 2014). Dessa forma, Veiga
(2008, p.4) exprime que a “noção nebulosa e ambígua” do sustentável deve ser “dissecada”,
por meio de um “exame minucioso dos argumentos científicos disponíveis” sobre o tema, o
que leva Baumgarten (2014) a notar que tanto a sustentabilidade quanto o desenvolvimento
sustentável (ou sustentado, como ela o chama) têm sido estudados e debatidos ao redor do
mundo por diversos estudiosos, devido ao relativo consenso quanto à urgência de fazer com
que a Natureza permaneça sadia da melhor forma possível.

Num breve estudo histórico retrospectivo sobre a sustentabilidade nas sociedades, vê-se que,
assim como Baumgarten (2014, p.16), Veiga (2008) e Daly (2004) perceberam, foram ínfimas
as vezes em que “crescimento econômico, equidade social e equilíbrio ecológico”
permaneceram juntos na história do Brasil, da América Latina ou do mundo como um todo; e
mesmo assim muito se fala sobre o que é ser sustentável, ou sobre como a sustentabilidade
tem sido aplicada, desde a forma como os bens de consumo são produzidos até o manejo e o
descarte dos resíduos sólidos.

É neste quadro de debates que se tem visto muitas empresas e indivíduos apelando pela
utilização de embalagens de celulose enquanto refreando o uso de plásticos: aproximadamente
47,5% do papel e papelão consumidos no Brasil são embalagens, valor muito superior ao
consumo de recipientes e embrulhos fabricados com outros materiais, como o plástico (apenas
14,5% do consumo aparente deste é em embalagens) (IPEA 2012). Surge então uma relevante
questão em relação ao tema: em que medida a substituição e utilização de embalagens de
papel no comércio pode ser considerada sustentável frente ao uso de plásticos?

Nota-se, explicitamente, a presença de embalagens em diversos setores, destacando-se as


indústrias de cosméticos e alimentos, nas quais, além da conservação do produto, embalagens
apresentam a função de marketing. Diferentes materiais são utilizados na fabricação destas:
plásticos, metais, vidro e celulose (LANDIM et al., 2016). Dentre estas matérias, as que mais

97 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


se destacam no lixo produzido diariamente pelos habitantes, no Brasil, são o plástico e o papel
(ABRELPE, 2016), fazendo com que seja necessária uma avaliação da utilização destes dois
materiais.

Como sinalizam Pereira, Silva e Carbonari (2011), é muito mais fácil postergar a discussão e,
consequentemente, a prática em torno da sustentabilidade; porém, tudo na Terra possui um
limite, faz parte de um ciclo fechado, o que mostra a necessidade da adoção de modelos de
vida mais sustentáveis (DALY, 2004). A partir disso, a discussão da dicotomia papel/plástico
contida neste trabalho é extremamente importante, uma vez que o conceito de sustentabilidade
não está completamente consolidado e requer, para atingir esta consolidação, diversos debates
(ZANGALLI JR., 2012), que podem trazer os mais variados benefícios à população, já que o
tripé da sustentabilidade proposto por Elkington contempla os aspectos ambientais,
econômicos e sociais (PEREIRA; SILVA; CARBONARI, 2011).

O objetivo desse trabalho é avaliar se, de fato, existe uma vantagem sustentável na utilização
de embalagens de papel em detrimento das embalagens de plástico.

METODOLOGIA

A presente pesquisa apresenta caráter qualitativo, pois, segundo Minayo et al., (2009), ela
trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos
valores e das atitudes, não trabalhando apenas com a intenção de analisar valores numéricos:
faz-se uma análise sobre a fabricação e decomposição de papéis e plásticos, além da utilização
e manejo sustentáveis de ambos. Quanto aos objetivos metodológicos, ao apresentar
comparações entre os materiais, a pesquisa é estabelecida como exploratória, que, para Gil
(2002, p.41), tem como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de
intuições. No que diz respeito aos procedimentos metodológicos, utilizou-se a pesquisa
bibliográfica, com foco em artigos, teses, livros e outras publicações científicas (GIL, 2002).

ANÁLISE DO CICLO DE VIDA DOS MATERIAIS

3.1 CELULOSE (PAPEL/PAPELÃO)

De acordo com a Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel – AB-TCP (2004 apud
GALLON; SALAMONI; BEUREN, 2015), todo tipo de papel fabricado, seja virgem ou
reciclado, utiliza como matéria-prima básica a celulose, um polissacarídeo linear das células
vegetais que é constituído por unidades de monossacarídeos D-glucose e possui configuração
98 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
alongada e diâmetro pequeno, sendo constantemente chamada de fibra. Este carboidrato pode
ser dividido em dois grupos: fibras longas – extraídas de araucárias e Pinus –, utilizadas para
papéis de embalagens, e fibras curtas – obtidas a partir de acácias, bétulas, eucaliptos,
Gmelina, entre outras –, usadas, em geral, para papéis de impressão, de escrita e de uso
sanitário (GALLON; SALAMONI; BEUREN, 2015; NAVARRO; NAVARRO;
TAMBOURGI, 2007). Outros elementos utilizados são a hemicelulose, que é um
polissacarídeo, e a lignina, que é um polímero amorfo de composição química complexa.
Essas substâncias conferem firmeza e rigidez ao conjunto de fibras de celulose”, segundo
Nikitin (1996 apud NAVARRO; NAVARRO; TAMBOURGI, 2007, p.2).

As embalagens de papel – papelão – são fundamentais no comércio de mercadorias, pois


protegem os produtos, facilitam a compra e distribuição e carregam consigo informações
sobre a empresa fornecedora e os itens transportados, funcionando como um “vendedor
silencioso” (ABREU, 1995 apud SAN-TOS et al., 2010, p.5). Segundo o World Business
Council for Sustainable Development – WBCSD (1996 apud GALLON; SALAMONI;
BEUREN, 2015), a fabricação de papel utiliza grandes quantidades de água e energia.
Essencial para a produção, a água é uma parte da massa, ou pasta celulósica, além de ser
importante para a remoção das impurezas da celulose nas repetidas lavagens pela qual a
substância é submetida. No entanto, há muita emissão de efluentes na água durante todo o
processo de confecção; estes resíduos, chamados de “água branca”, favorecem uma maior
demanda química de oxigênio (DQO) e são gerados na prensagem da folha, correspondendo a
cola, amido, agentes branqueadores, ligninas etc. (BARROS; NOZAKI, 2002). De acordo
com a ABTCP (2004 apud GALLON; SALAMONI; BEUREN, 2015, p.71), a indústria de
papel e celulose tem investido em tecnologia de reutilização das águas, o que contribui para o
gerenciamento do ciclo de água e reduzi a geração de efluentes. Conforme estudos de Barros
e Nozaki (2002), a utilização de ozônio (O3), comparada aos de processos de coloração, tem a
capacidade de poluir menos a água, porém subsequentes de carboidratos e ligninas liberados
possuem, para o meio ambiente, alta toxicidade. A figura 1 mostra o consumo de energia para
produção de papel.

99 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Figura 1. Consumo de energia para a produção de papel (Energia consumida em 1.000 MJ/tonelada
de papel).

12

10

6
PAPEL BRANCO
4
PAPEL RECICLADO
2

0
Produção Produção Celulose Produção Extração
do papel do papel virgem de de fibra
branco reciclado madeira longa

Fonte - BRACELPA, 2012 (apud RIBEI-RO et al., 2012).

Desde a obtenção de matéria-prima a quase findar o processo de fabricação do papel e da


celulose, a água é indispensável. Este composto está presente no desmembramento e no
transporte das fibras, no branqueamento e na adição de outros compostos químicos para a
formação dos papéis. Para medidas mais ecológicas e diminuição da utilização de árvores,
então, tem sido falado no papel reciclado, que requer apenas 50% de fibras naturais e 50% de
fibras recicladas. No entanto, no processo de biodegradação do papel, as aparas devem ser
purificadas e, para que as fibras fiquem em perfeito estado de aproveitamento, é utilizada a
água.

Analisando os gastos de produção dos papéis reciclado e comum, nota-se que o papel branco
consome 1.500 litros a menos de água por tonelada (RIBEIRO et al., 2012). Além de grande
quantidade de água, diversos compostos químicos são misturados no branqueamento e na
formação do papel. Conforme a WBCSD (1996 apud GALLON; SALOMANI; BEUREN,
2015), o maior dano ocasionado ao meio ambiente pela fabricação de artigos de fibra
celulósica (papéis) é, de fato, a emissão de efluentes, no entanto, novas tecnologias estariam
diminuindo a geração destes resíduos com o fechamento já comentado do ciclo de água. A
Tabela 1 mostra a comparação entre o papel branco e papel reciclado, considerando alguns
parâmetros.

100 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Tabela 1: parâmetros gerais importantes na produção de papel

PAPEL PAPEL
PARÂMETROS
BRANCO RECICLADO

Volume de efluente (m³/ton de papel) 9,4 64,7

Demanda biológica de oxigênio (kg/ton de papel) 10,29 58,06

Teor de sólidos sedimentáveis (kg/ton de papel) 7,12 212,28

Emissão de CO2 (toneladas) 0,479 1,109

Sequestro de CO2 (toneladas) 6,426 0

Balanço de CO2 (toneladas) 5,947 -1,109

Fonte - BRACELP, 2012 (apud RIBEIRO et al., 2012)

Para Seragini (1997 apud SANTOS et al., 2010), a embalagem é um amplo empreendimento,
em conclusão do mundo, movimentando aproximadamente US$ 500 bilhões. Diferentes
mercadorias possuem diversas características, e serão elas que influenciarão na seleção dos
inúmeros tipos de embalagens: o tipo de produto, legislação, custo, dependência tecnológica,
sistema de distribuição, desenvolvimento tecnológico, reciclagem, entre outros, são exemplos
de fatores que irão influenciar. O objetivo do sistema é diminuir o custo dos matérias de
embalagens, e a maneira mais eficiente disso é a produção de embalagens ecológicas e
recicláveis. A produção de embalagens recicláveis vem crescendo em escala mundial, em
virtude do conhecimento ecológico e da sustentabilidade.

3.2 POLÍMEROS

Com a necessidade de embalar e conservar os produtos à venda, a descoberta de materiais


mais duráveis para o uso diário no comércio contou com o plástico, provavelmente o material
mais popular dos caracterizados como polímeros. É composto por macromoléculas em
cadeias de repetição da unidade básica conhecida como mero. Os meros são organizados em
sequência, e a extração de uma única molécula é muito difícil, já que estes se dispõem em
cadeias. Os plásticos que têm sido mais utilizados desde 1940 são o polietileno (PE), o
polipropileno (PP), o poliestireno (PS), o politereftalato de etileno (PET) e o policloreto de

101 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


vinila (PVC), pois são resistentes à degradação natural, uma vez que são materiais hidrófobos
de alta massa molar média que intrincam a ação de microrganismos e enzimas.

Os polímeros possuem diferentes formas classificação, e uma delas está relacionada com
características mecânicas, que os separa em termoplásticos – os mais comercializados, que
podem ser fundidos de uma vez, se dissolvem em diversos solventes e estão aptos a uma
possível reciclagem –, termorrígidos (termofixos) – são muito estáveis à variação de
temperatura, não se fundem mais depois de prontos e a decomposição é feita sob
aquecimento, trazendo complicações à reciclagem – e elastômeros (borrachas) – são
intermediários aos outros dois: a fusão não é possível, porém possuem elevada elasticidade e a
reciclagem sendo complicada (GORNI, 2003; FRANCHETTI; MARCONATO, 2006).

No Brasil, em 1997, os principais termoplásticos foram utilizados em embalagens primárias


(31%), descartáveis (22%), filmes (5%), eletrodomésticos (5%) e setor automotivo (1%)
(SPINACÉ; DE PAOLI, 2005, p.65). Segundo Forlin e Faria (2002), cerca de 31% das resinas
produzidas em 1998 tiveram aplicação em embalagens plásticas, sendo a indústria de resina a
de maior importância para materiais plásticos no Brasil. Em 1999, a produção nacional de
plásticos foi de 3,4 milhões de toneladas (FORLIN; FARIA, 2002). Aproximadamente 15 a
26% dos produtos foram embalados por termoplásticos no Brasil, devido à rigidez e
flexibilidade deste material, além de sua resistência mecânica e química, grande obstáculo
para gases e odores, e o baixo peso (SPINACÉ; DE PAOLI, 2005; LANDIM et al., 2016). O
sistema de informações das indústrias de embalagens – Datamark – relatou a evolução do
volume (1.000 toneladas) e crescimento (em milhões de dólares) do uso de termoplásticos no
Brasil entre 1982 e 2002 (SPINACÉ; DE PAOLI, 2005). Conforme a Associação Brasileira
de PET (ABIPET), a produção de politereftalato de etileno em 2011 foi de 515 mil toneladas
(LANDIM et al., 2016). A utilização de termoplásticos é quase que totalmente em
embalagens primárias de alimentos, no entanto, a maior aplicação do termofixos se dá na
“confecção e preparação de tintas, vernizes, termosselantes, adesivos, sistemas rígidos para
embalagens flexíveis (tampas, sistemas de dosagem etc.), entre outros” (FORLIN; FARIA,
2002, p.3).

A Resolução 105, datada de 19 de maio de 1999, da Secretaria de Vigilância


Sanitária/Ministério da Saúde, Anexo IX, regulamenta o uso de embalagens plásticas
retornáveis apenas para bebidas não alcoólicas carbonatadas. São rígidas as normas de
controle: “a limpeza, eliminação de contaminantes, sanitização e monitoramento do ciclo de

102 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


vida útil das embalagens”, entre outras. Diversos países estariam revendo a legislação de
embalagens com atributos que protegem o alimento, na utilização de resinas. A reutilização de
embalagens mostra alta probabilidade na prática de uso e acompanha muitas vantagens como
baixo custo do produto, redução de embalagens e matérias-primas, também do volume de
plásticos descartados e, logo, do impacto ambiental (FORLIN; FARIA, 2002, p.6).

CONCLUSÃO

Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, publicação elaborada pela Associação
Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE, 2016, p. 30),
verifica-se crescente evolução na geração dos resíduos, sendo parte deles depositados em
locais inapropriados e sem nenhum controle com relação às características desses resíduos.
Dentre esses resíduos destacam-se as embalagens alimentícias ou de fármacos, compostas
principalmente por polímeros e celulose.

Utilizando como ferramenta a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), é possível comparar o


desempenho dos produtos e analisar quais as opções são viáveis ou não para o seu
desempenho funcional associado aos custos ambientais. Nesse aspecto, algumas pesquisas
tem demonstrado as vantagens, relacionadas ao impacto ambiental, da utilização de
embalagens poliméricas frente a celulose. Mujovo et al. (2014) comparando embalagens de
chocolate feitas a partir de papel e plástico, e concluíram que as embalagens de plástico
apresentam menores impactos para o meio ambiente e a sociedade. Jacole et al.(2013),
observou que o papelão não pode ser considerado uma embalagem “verde”, pois existe um
alto impacto atribuído a este produto, comprometendo as questões ligadas à sustentabilidade.

A reciclagem de embalagens de celulose, envolve consumo de energia, consumo de recursos


naturais e poluição ambiental. Wang e Hua (2006) demonstraram nos seus estudos que a
reciclagem de papel aumentou o consumo de combustíveis fósseis e as emissões de efeito
estufa e gases acidificantes. Em contrapartida, Queiroz, et al (2013) demonstraram a redução
no consumo de recursos naturais na cadeia de produção de acordo com o aumento da taxa de
reciclagem de sacolas plásticas (polietileno – PE).

Em um estudo avaliando alternativas de substituição para a sacola plástica, Santos et al.,


(2012) descreveu as desvantagens de utilizar sacolas de papel e sacolas biodegradáveis,
considerando os impactos danosos ao meio ambiente. Os impactos associados e avaliados

103 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


nesse estudo foram relacionados ao uso de energia, água, poluição da água; poluição do ar;
produção de resíduos sólidos e disposição irregular, além de emissão de metano e dióxido de
carbono.

Portanto, a compreensão e discussão, baseadas em análises e comparações, dos processos pelos quais
papéis e plásticos são fabricados e como eles se decompõem na natureza e se encaixam no ciclo
natural do carbono são de fundamental importância para culminar numa conscientização e mobilização
indispensáveis para a alteração das bases econômicas em torno do manejo, da utilização e do descarte
dos plásticos e papéis, que trazem impactos não só às áreas urbanas. As análises realizadas no
presente trabalho serão de grande valor também para a comunidade acadêmica, que poderá
propor resoluções para o conflito entre desenvolvimento e preservação do meio ambiente sob
outra ótica. Assim, os resultados da pesquisa poderão ser aplicados em diversas áreas do
conhecimento, como a química, ciência e engenharia dos materiais e engenharia de produção.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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STUDY ON THE BENEFITS AND DISADVANTAGES OF THE USE OF PLASTIC AND


PAPER IN PACKAGING FOR SUSTAINABILITY
Abstract: Plastics and paper are materials usually applied in cosmetic or food packaging.
Consequently, these materials stand out in volume and quantity in municipal solid waste, which makes
it necessary to re-evaluate the use of these materials. This study relates sustainability and life cycle
assessment of plastic. Then, this work aims reflect on the use and management of these materials in
the present day. Based on bibliographical studies, a comparative data are shown between the use of
these materials, as well as cost of production, water expenditure and waste production. The discussion
is extremely relevant and applied to the concept of sustainability, allowing for reflections in
environmental management, design, marketing and engineering.

Keywords: Life cycle assessment; urban solid waste; environmental management

106 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


GESTÃO DE PROJETOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL COM A
METODOLOGIA BIM APLICADA: ESTUDO DE CASO
Cristiano Saad Travassos do Carmo1; Guilherme Zamboni de Almeida2 & Leonardo Laurentino
de Souza3*

123
Departamento de Engenharias Civil da Universidade Federal Fluminense, Niterói, Brasil.
*cristianotravassos@id.uff.br

Resumo: A metodologia de gestão de projetos em BIM vêm crescendo no mercado brasileiro nos
últimos anos, acompanhando o crescimento da construção civil. Por meio deste novo paradigma na
forma de projetar, é possível alavancar os lucros nas fases de construção, operação e manutenção. O
presente trabalho tem como objetivo desenvolver um estudo prático em um edifício residencial em
concreto armado, aplicando a metodologia BIM para a gestão de projetos de diversas disciplinas. Para
tanto, desenvolveu-se o modelo virtual 3D de todas as disciplinas do projeto executivo e,
posteriormente, foi feita a compatibilização entre disciplinas e extração de quantidades para aumentar
a produtividade da obra. Foram utilizadas como ferramentas BIM, o Revit e o Navisworks, ambos da
Autodesk. Como resultado, obteve-se a redução de erros nos pedidos de materiais, melhoria na
qualidade dos serviços na obra, economia no HH do engenheiro e operários da obra. Por fim, o
presente trabalho comprova que a implementação parcial do BIM na gestão de projetos da empresa
garantiu redução de custos e prazos na indústria da construção civil.

Palavras-chave: Gestão de projetos; BIM; construção civil; edificação residencial; estudo de caso.

INTRODUÇÃO
Na indústria da construção civil, algumas barreiras são comuns e críticas para o sucesso de
um empreendimento, como por exemplo atrasos no prazo de entrega, custos excedentes aos
planejados, escopos sem definição clara, entre outros. Esses desafios implicam, por
conseguinte, na maior adoção por parte das organizações em melhores práticas de
gerenciamento de projetos, que vêm crescendo nas últimas décadas. Tais melhorias, no
entanto, devem ser tomadas na linha top-down partindo de diretrizes e estratégias nas
lideranças corporativas. Assim, é trazido à tona a necessidade de repensarmos o nosso modelo
atual de gestão de projetos.

Neste contexto, nasce o paradigma do Building Information Modeling (BIM), que consiste na
utilização de modelos virtuais da construção consistentes, com uma base de dados sólida e
com todas as informações necessárias para alimentar as tarefas das equipes, em colaboração e
integração multidisciplinar, por todo o ciclo de vida do empreendimento (NBIMS, 2015). O
emprego desta metodologia de processos vêm auxiliando a gestão de projetos e maximizando

107 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


a qualidade da construção, por meio de estimativas de custos mais precisas, tomadas de
decisões mais estratégicas e planejamento/gerenciamento antecipados (ABDI, 2017).

Além disso, o BIM está sendo tratado como uma evolução da metodologia de projetos em
Computer-Aided Design (CAD) e a sua implementação prevê uma melhora também na
colaboração entre players da construção civil (arquitetos, engenheiros, construtores, etc.).
Desta forma, pode-se afirmar que o principal atrativo do uso de BIM não está somente na fase
de projeto e desenho propriamente dita, mas na quantidade e qualidade de informações
disponíveis por todo o ciclo de vida de uma edificação. Logo, são geradas economias
substanciais em todas as etapas, que permitem rápidas análises e estudos de alternativas tais
como programação e estimativa de custos, listas de materiais acuradas, detecção antecipada
de interferências e melhor gestão de recursos (MIGILINSKAS et al., 2013).

Nesse sentido, o presente trabalho envolve um estudo de caso direcionado para a gestão de
projetos utilizando a metodologia BIM em um edifício residencial situado no Estado do Rio
de Janeiro. O estudo é organizado da seguinte forma: no capítulo 2 são apresentados breves
conceitos para entendimento do tema; o capítulo 3 elucida a estrutura adotada para realização
do estudo prático; o capítulo 4 apresenta o estudo aplicado e seus resultados; e, por fim, o
capítulo 5 apresenta as conclusões e discussões acerca do caso prático.

REVISÃO DE LITERATURA
Neste capítulo, é feita uma breve revisão de literatura para esclarecimento dos principais
conceitos que orientam o trabalho. São discutidos dois tópicos principais: gestão e
planejamento de projetos, e metodologia de projetos em BIM. Vale ressaltar que foi realizada
previamente uma revisão sistemática da literatura, a fim de coletar trabalhos mais relevantes e
recentes acerca do tema.

2.1 GESTÃO E PLANEJAMENTO DE PROJETOS


De acordo com o Guia Project Management Body of Knowledge (PMBOK, 2013), projeto é
“um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único”. O
Guia de gerenciamento destaca que o termo “temporário” significa que, todos os projetos
apresentam início e final definido, e o final ocorre quando todos os objetivos do projeto são
atingidos, ou quando não mais houver a necessidade deste e então possa ser encerrado.

108 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Desta forma, para atender as expectativas dos clientes e alcançar o resultado desejado, há a
necessidade da realização de processos repetitivos que seguem procedimentos pré-
determinados pela organização. Sendo assim, uma série de dados quanto ao processo de
produção devem ser colocados entre as informações que compõem o conjunto de elementos
do projeto (AVILA, 2010).

Dentro deste contexto, a metodologia BIM surge com a proposta de auxiliar na gestão e
planejamento de projetos voltados à construção civil, integrando os processos que envolvem
todas as etapas do ciclo de vida de um empreendimento.

2.1 METODOLOGIA DE PROJETOS EM BIM


O conceito BIM se sustenta em três pilares fundamentais: tecnologia, processos e pessoas. Em
outras palavras, para a implementação BIM em um empreendimento, faz-se necessário um
modelo virtual parametrizado, que permita a comunicação entre diversas ferramentas
computacionais (interoperabilidade); um estudo detalhado dos fluxos de informações e
documentos durante todas as etapas do ciclo de vida, satisfazendo os requisitos de gestão e
planejamento; e, por fim, uma colaboração e integração entre equipes, para que cada
indivíduo tenha um pensamento multidisciplinar, orientado ao projeto e não à sua disciplina
apenas (EASTMAN, 2011; PAIVA et al., 2017).

Entende-se por parametrização, como a inserção de informações e regras que definem os


elementos em um modelo virtual, tornando o modelo não redundante e consistente. Tal
funcionalidade permite a atualização automática de todas as pranchas geradas no momento
em que algum elemento é alterado, o que facilita e aumenta a produtividade dos projetistas.
No entanto, com um modelo com diversas informações associadas, é preciso garantir que no
fluxo do modelo entre software não seja perdido nenhum dado, ou seja, que a
interoperabilidade seja satisfeita. Nota-se, portanto, uma relação de interdependência entre
interoperabilidade e parametrização (ABANDA, 2015; EASTMAN, 2011).

Com relação ao pilar de processos, é necessário entender técnicas tradicionais de


planejamento e gestão, aplicadas no contexto tecnológico que o BIM exige. Dessa forma, são
criados, por exemplo, os Information Delivery Manuals (IDM) que mapeiam o fluxo de
informações entre processos, dentro de uma determinada tarefa, identificando pontos fortes e
fracos de interoperabilidade. Por meio dessa ferramenta de estudo dos processos, é possível
definir quais ferramentas são mais adequadas e quais interfaces interpessoais necessitam de
109 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
maior atenção (o arquiteto talvez precise ter melhor colaboração e integração com um
engenheiro estrutural, por exemplo) (LAAKSO e KIVINIEMI, 2012).

Por fim, mas não menos importante, estão as pessoas. O ambiente BIM só de fato funciona
com a colaboração dos players, pois as máquinas isoladamente não criam os projetos por
conta própria. Neste campo, entram os estudos cognitivos para entender por exemplo como
eliminar a clássica rivalidade entre engenheiros e arquitetos, questões que não conseguem ser
representadas com fluxogramas, programas computacionais nem resolvidas facilmente. Por
conta disso, este pilar é o mais complicado para resolver e ser bem sucedido, pois medidas
mitigadoras não consertam preconceitos antigos. É preciso, então, grande esforço nos campos
do ensino, pelas escolas e faculdades, e cultural, por lideranças de organizações, para que haja
a mudança de paradigma necessária ao BIM (GHAFFARIANHOSEINI, 2017).

METODOLOGIA

Neste trabalho, foi adotado o fluxograma ilustrado na figura 1 para o estudo prático de aplicação do
BIM na gestão de projetos de uma obra. Este fluxo de trabalho refere-se à atual prática do mercado
relacionada à gestão de projetos utilizando a metodologia BIM. Vale ressaltar que não há uma
implementação completa do BIM no mercado atual, porém mesmo com uma maturidade baixa,
benefícios substanciais podem ser observados.

Figura 1. Fluxograma da metodologia do estudo prático

110 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Na primeira etapa, foi realizada uma aquisição dos projetos do objeto de estudo (edifício
residencial em concreto armado) em formato CAD, especificamente .dwg. Estes projetos
foram realizados da maneira tradicional (CAD) e apresentavam-se na última revisão, prontos
para serem executados na obra, compatibilizados entre si visualmente apenas.

De posse dos arquivos, modelou-se todas as disciplinas na ferramenta computacional Revit


2018 da Autodesk. Neste momento, puderam ser identificados erros singulares e individuais
nas disciplinas que deveriam ser corrigidos pelos projetistas responsáveis para revisão e
correção do modelo virtual. Vale ressaltar que o modelador apenas comunica os erros
individuais, mas quem os corrige são os projetistas, podendo ser feita em CAD e,
posteriormente, convertidas ao modelo virtual individual.

Ao final desta etapa, garantido que não havia erros individuais nas disciplinas, pode-se
realizar uma compatibilização entre disciplinas, principalmente por meio da detecção de
interferências físicas entre elementos. Para tanto, todos modelos foram unificados em um só,
111 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
criando então o modelo central do empreendimento que continha todas as informações de
todas disciplinas em um só arquivo. Assim, puderam ser identificadas por exemplo esquadrias
de janelas que conflitavam com vigas, entre outros clashes entre disciplinas e, então, os erros
foram comunicados aos projetistas responsáveis.

Por meio de um estímulo à colaboração e trabalho em equipe, os projetistas interagiram entre


si identificando quem seria o responsável por alterar o projeto em cada inconsistência. Dessa
forma, pode ser corrigido o modelo federado com as atualizações pertinentes e eliminando
todas incompatibilidades entre disciplinas. Nesse sentido, o modelo estava confiável para
extração de quantitativos precisos, que representa o próximo passo do fluxograma.

Com os quantitativos, pode-se encaminhá-los à obra para correção e revisão dos pedidos de
materiais aos fornecedores. Desta forma, eliminou-se a necessidade do levantamento de
materiais in situ e criou-se um viés de comunicação e colaboração entre projetistas e
construtores, permitindo um melhor ambiente de trabalho em BIM.

ESTUDO DE CASO
Neste capítulo, são apresentados os detalhes do objeto de estudo bem como os resultados da
aplicação do fluxograma proposto.

4.1 CARACTERIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA EMPRESA E DO EMPREENDIMENTO


No estudo, a empresa de construção civil pesquisada atua no mercado imobiliário do Estado
do Rio de Janeiro ao longo de mais de duas décadas. Como fonte de financiamento das obras,
a construtora já realizou obras com recursos da Caixa Econômica Federal e outras com
recursos próprios. Além disso, a empresa realiza obras principalmente no município de
Nilópolis-RJ, dispondo de um escritório central localizado no mesmo município.

Com relação ao empreendimento especificamente estudado, está localizado no município de


Nilópolis-RJ e as obras iniciaram-se em abril de 2017 com previsão de conclusão em abril de
2020. Tal fato acarretou na escolha deste e não de outro empreendimento para o estudo, pois é
a única obra que ainda está no começo e, assim, possibilita melhores estudos de alternativas
para produzir impactos no custo e aumentar a possibilidade de alteração dos projetos.

Este empreendimento contempla a execução de 54 apartamentos de 2 e 3 dormitórios, espaço


fitness, sauna, varanda com churrasqueira, salão de festas e 6 coberturas duplex, totalizando
112 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
17 pavimentos. A maior unidade tem 196,24 m² de área privativa e a menor, 78,43 m², com
valor de comercialização das unidades entre R$368.621,00 e R$963.536,00 na planta, ou seja,
valor médio do m² é igual a R$4.900,00. A figura 2 ilustra uma renderização do projeto deste
empreendimento.

Figura 1. Imagem renderizada do objeto de estudo

4.2 IMPLEMENTAÇÃO DE SOLUÇÕES BIM NA EMPRESA


Seguindo o fluxograma proposto, a fim de melhorar e otimizar os processos da empresa, foi
feito um modelo tridimensional no software Revit 2018 da Autodesk, para cada disciplina do
empreendimento. Nesta fase, percebeu-se algumas barreiras que necessitavam ser avaliadas
para que efetivamente o BIM seja implementado na organização, como por exemplo:
resistência cultural e organizacional às mudanças, ausência de mão de obra especializada, alto
custo para a aquisição de softwares BIM, entre outros. Apesar das dificuldades mencionadas,
os diretores da construtora mostraram-se interessados em implementar o BIM, indicando
possível mudança de paradigma no sentido top-down.

É importante ressaltar, ainda, que apesar do desenvolvimento do modelo tridimensional, o


engenheiro responsável pela obra continuou realizando os levantamentos de quantidades
utilizando as representações em 2D (método CAD) a fim de fazer uma análise comparativa
com os valores levantados a partir do modelo em BIM.

113 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Os resultados indicaram que os quantitativos extraídos do BIM apresentam um alto grau de
confiabilidade e que a grande maioria dos itens levantados pelo engenheiro responsável pode
ser extraída de forma automática por meio do modelo BIM. Isto indica que o BIM é uma
metodologia que não apenas facilita a gestão dos projetos, mas também contribui para outras
atividades técnicas específicas, como orçamento, eliminando os erros manuais comuns do
levantamento de quantitativos e colaborando para a qualidade do orçamento. Além disso, há
uma economia de horas trabalhadas pelo engenheiro, uma vez que os quantitativos são
gerados automaticamente.

Nesse sentido, a título de exemplo, a tabela 1 apresenta o levantamento total de concreto,


forma e aço de todo o empreendimento, de acordo com o modelo estrutural criado.

Tabela 1: Quantitativo de material da disciplina de estruturas

Concreto (m³)

Pilares Vigas Lajes Paredes Blocos Estacas Escadas Total

RI - - 9,32 9,46 - - - 18,78 224,13 1596,30

Fundação 2,24 - - - 214,98 160,20 - 377,42 24,63 32080,70

Térreo 21,22 64,87 - - - - 1,16 87,25 691,85 7416,25

Mezzanino 21,22 7,87 4,91 - - - 1,16 35,16 427,03 2988,60

G1 26,15 26,26 82,72 - - - 1,23 136,36 1413,65 11590,60

G2 e G3 20,04 28,25 77,60 - - - 1,23 127,12 1340,56 10805,20

G4 20,04 28,25 73,37 - - - 1,23 122,89 1305,25 10445,65

Tipo 1 17,91 27,68 79,95 - - - 1,36 126,90 1355,70 10786,50

Tipo 2 ao 10 17,91 30,17 63,20 - - - 1,36 112,64 1396,61 9574,40

Cobertura 3,24 30,17 63,20 - - - 1,36 97,97 1267,81 8327,45

Casa Máq. 3,08 1,54 2,45 - - - - 7,07 87,93 600,95

114 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Teto
1,62 12,33 37,92 - - - - 51,87 650,50 4408,95
Cobertura

RS - - 11,48 7,83 - - - 19,31 208,83 1641,35

Total por
317,99 527,00 1089,32 17,29 214,98 160,20 22,20
Elemento

Total Geral 2348,98 22907,93 199663,30

No intuito de exemplificar esse comparativo entre representação 2D e modelos BIM, a tabela


2 apresenta um comparativo entre valores de fôrma e concreto de algumas peças estruturais
com levantamentos feitos a partir do AutoCad e do Revit, ambas ferramentas da Autodesk.

Tabela 2: Comparativo entre Autocad e Revit

DWG REVIT Índice de Variação do concreto


(IVC) e de fôrma (IVF)

Andar Volume de Área de Volume de Área de IVC (%) IVF(%)


concreto (m³) fôrma (m²) concreto (m³) fôrma (m²)

Térreo 25,95 436,73 22,31 418,06 16,3% 4,5%

Mezzanino 8,93 169,84 7,88 166,12 13,3% 2,2%

G1 14,22 222,93 13,47 222,45 5,6% 0,2%

TOTAL 49,10 829,50 43,66 806,63 12,5% 2,8%

Diferença entre DWG e REVIT

Concreto em excesso (m³) 5,44 Fôrma em excesso (m²) 22,87

Fonte: Os autores.

Na tabela 3, é feita uma análise de custo mostrando a vantagem econômica ao se utilizar o


BIM, especificamente por meio da modelagem 3D no quantitativo de concreto estrutural.

Tabela 3: Projeção para todo projeto na concretagem

115 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Projeção para todo projeto na concretagem (IVC=12,5%)

Volume de concreto (m³) Volume de Custo do concreto Nº Caminhões


concreto excedente excedente betoneira
(m³) excedentes
REVIT DWG (R$)

2348,98 2630,86 281,88 76.466,16 35

Fonte: Os autores.

Conclui-se das tabelas 2 e 3 que, caso todo o levantamento de material concreto fosse feito no
Revit, a empresa economizaria aproximadamente R$ 76.466,16. Por outro lado, se a empresa
mantivesse a maneira tradicional (CAD) de fazer os levantamentos de materiais, por meio
plantas 2D, seria requisitado um total de 687,24 m² de fôrma a mais que o necessário. Vale
ressaltar no entanto, que esta análise preliminar não levou em consideração economia de HH
dos operários nem possível correção dos quantitativos ao longo da obra baseada no contexto
empírico, porém indica uma alta capacidade que o BIM pode impactar nas estimativas de
custo de um empreendimento.

Além disso, foi feita uma análise comparativa do quantitativo planejado em BIM com a
quantidade de material fornecida na obra. Nesta análise, levou-se em consideração apenas o
volume de concreto necessário para a concretagem de toda a laje do G1 (primeiro andar de
garagem), 10 pilares neste piso e a escada do mezzanino ao G1. Na construção, foi executado
o volume de concreto de 121,5 m³, o que representa um erro de 0,5 % do estimado pelo Revit
(122,10 m³) sem considerar a perda. Portanto, duas observações podem ser feitas: a equipe de
obra realizou um bom trabalho executando o projeto com exatidão sem desperdícios e o
quantitativo do Revit em BIM apresenta alto índice de confiabilidade.

De maneira análoga, foi realizada outra análise comparativa entre executado e planejado.
Dessa vez, levantou-se, em m³, o número necessário de concreto para todas os pilares que vão
do G1 ao G2, além de todas as vigas e lajes do G2. Para este caso, obteve-se um valor de
133,5m³, segundo o quantitativo em BIM, levando em consideração 5% de perda. No entanto,
ao final da concretagem, observou-se a falta de 2 m³ de concreto.

Inicialmente, pensava-se que a falta de concreto havia sido por conta de um erro de
levantamento no próprio Revit, porém, a partir de uma análise mais profunda com o uso do
116 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
mapa de concretagem da obra, constatou-se que na verdade a empresa responsável pelo
fornecimento de concreto enviou menos material que o requisitado. Observa-se, portanto, que
a metodologia de gestão de projetos em BIM favorece não somente os custos como também a
qualidade na construção civil, permitindo analisar qualitativamente a produtividade da mão de
obra e o fornecimento de material.

4.3 COMPATIBILIZAÇÃO EM BIM


Além do impacto positivo no pedido de materiais, a implementação inicial do BIM gerou
consequências também na qualidade dos projetos executivos. Na compatibilização de projetos
entre disciplinas, foram identificadas diversas incongruências que caso não fossem
previamente resolvidas, causaria transtornos, retrabalhos e sobreconsumo de HH na obra.
Vale ressaltar que a compatibilização em BIM permite a identificação de erros com maior
precisão do aquela feita da maneira tradicional CAD.

Para realização da compatibilização no modelo federado, foi utilizada a ferramenta


computacional Navisworks 2018 da Autodesk. Utilizando a funcionalidade de verificação de
interferência, chamada pelo programa de “Clash Detective”, foi possível identificar elementos
que ocupam o mesmo espaço físico ou que estão demasiadamente próximos. Nesta linha de
raciocínio, foram realizados três testes de compatibilização: entre Arquitetura e Estruturas;
entre Arquitetura e Instalações; e entre Estruturas e Instalações.

Utilizando uma tolerância de 5 cm para interferências físicas, foram identificados 76 clashes


na primeira checagem. Vale ressaltar que algumas incoerências eram resultantes de erros de
modelagens e não responsabilidade do projetista. Em sequência, todas as incoerências foram
analisadas para determinação de sua relevância, por exemplo na Figura 3 é ilustrado um
conflito entre a esquadria da porta com uma viga estrutural.

Figura 2. Conflito entre porta e viga identificado pela compatibilização em BIM

117 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Neste tipo de incompatibilidade, é preciso comunicar aos projetistas responsáveis para
correção do projeto executivo, evitando assim a propagação do erro na obra. Desta forma,
apesar de não ser fácil calcular numericamente qual a economia desta previsão e antecipação
de erros, é possível concluir que houve economia de HH na obra, principalmente devido à
redução de retrabalhos e transtornos.

A seguir, estão listadas outras incoerências de projeto identificadas a partir do modelo


federado na etapa de compatibilização:

a) Vãos de elevadores maiores no projeto arquitetônico em relação ao estrutural;


b) Vagas de estacionamento locadas onde tem pilar;
c) Varanda comum para dois apartamentos;
d) Pilar passando no meio de janela;
e) Entre outros.

Neste tipo de incompatibilidade, é preciso comunicar aos projetistas responsáveis para


correção do projeto executivo, evitando assim a propagação do erro na obra. Desta forma,
apesar de não ser fácil calcular numericamente qual a economia desta previsão e antecipação
de erros, é possível concluir que houve economia de HH na obra, principalmente devido à
redução de retrabalhos e transtornos.

A seguir, estão listadas outras incoerências de projeto identificadas a partir do modelo


federado na etapa de compatibilização:

a) Vãos de elevadores maiores no projeto arquitetônico em relação ao estrutural;


b) Vagas de estacionamento locadas onde tem pilar;
118 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
c) Varanda comum para dois apartamentos;
d) Pilar passando no meio de janela;
e) Entre outros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse sentido, a implementação parcial da gestão de projetos em BIM na cultura
organizacional e estratégica da construtora rapidamente retornou impactos positivos no
empreendimento. Foram constatados: redução de erros nos pedidos de materiais, aumento da
qualidade de execução dos serviços, maior controle de qualidade no recebimento de materiais,
previsão e antecipação de erros que iriam para a obra, identificação de erros conceituais de
projeto, economia de HH com engenheiro e operários na construção, entre outros.

Numericamente, a economia com o levantamento de material concreto foi a única possível de


mensurar (R$ 76.466,16) e já revelou ser suficiente para adoção da metodologia nos demais
empreendimentos. No entanto, vale ressaltar que apesar de outras economias não terem sido
mensuradas, como a redução de consumo de HH, elas representam uma economia relevante e,
com isso, mais um fator positivo para adoção do BIM nos demais empreendimentos.

Sendo assim, apesar do máximo esforço no aprofundamento ao tema, não foi possível esgotá-
lo. Desta forma, como sugestão para futuros trabalhos recomenda-se um estudo mais
aprofundado em relação às economias geradas com redução de HH, devido a previsão erros e
imprevistos na obra. Para tanto, é imprescindível o acompanhamento da obra alinhada com a
evolução do modelo virtual, que também pode ser atualizado e aperfeiçoado.

REFERÊNCIAS
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PMBOK. Um Guia do conhecimento em gerenciamento de projetos. 5ª Edição. ed. Atlanta:
Editora Saraiva, 2013.

PROJECT MANAGEMENT IN CIVIL CONSTRUCTION APPLYING THE BIM


METHODOLOGY: CASE STUDY

Abstract: Recently, the BIM methodology applied to project management has been growing in
the Brazilian market, following the construction industry development. In this new paradigm
of project, it can be possible to increase the profits in construction, operation and
management phases. This work has the objective of develop a case study of residential
building with reinforced concrete, by applying the BIM methodology in the project
management of diverse disciplines. For that end, it was developed a virtual 3D model for all
disciplines involved in detailed design and, after that, it was done a compatibilization study
with disciplines and also was carried out the material takeoff, aiming enhancing the
construction productivity. As BIM tools, were used Revit and Navisworks, both from Autodesk
developer. As results, it was achieved better material requests, better quality in construction
services, savings in MH consumption for engineers and workers. Finally, this study intended
to prove that the partial BIM implementation in the project management can guarantee cost
and time savings in the construction industry, specifically in companies.

Keywords: Project management; BIM; civil construction; residential building; case study

120 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


MICROBACIA HIDROGRÁFICA DO BAIXO RIBEIRÃO SANTO
ANTÔNIO: UTILIZANDO IMAGENS DO SENSOR SENTINAL 2 PARA
MONITORAMENTO

Diego Ramos Inácio1*, Douglas Vieira Barboza2 & Sávio Freire Bruno3
1
Instituto de Geografia, UERJ – Rio de Janeiro
2
Laboratório de Tecnologia, Gestão de Negócios e Meio Ambiente, UFF – Niterói.
3
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Biossistemas, UFF - Niterói
*diegori.geo@gmail.com

Resumo: Este estudo tem como objetivo utilizar o Sensoriamento Remoto para classificação
supervisionada e monitoramento do uso e cobertura da terra, no município de Miracema, no Estado' do
Rio de Janeiro. Para Classificação supervisionada foram usadas imagens de satélite SENTINEL 2
correspondentes aos anos de 2016 a 2018. Os resultados obtidos mostram uma crescente degradação
ocorrida no município. Esse resultado esta relacionado a gestão municipal, associado à cultura local. O
foco desce trabalho é avaliar a microbacia hidrográfica do Baixo Ribeirão Santo Antônio que recebeu
uma terraplanagem não licenciada, o que contribui para o crescimento na área degradada/antropizada
não agricultável.

Palavras-chave: Classificação supervisionada; Sensoriamento Remoto; Processamento de imagens;


uso e cobertura da terra

INTRODUÇÃO
O município de Miracema localizado na região noroeste do Estado do Rio de Janeiro, e
também na região hidrografia do Baixo Paraíba do Sul ou RH IX, possuindo uma área de
303,816 Km² e uma densidade populacional de 88,15 habitantes por Km². (IBGE, 2018)

Sua colonização é atribuída aos esforços de Ermelinda Rodriques Pereira. Já na primeira


metade do Séc. XIX, a praça que atualmente leva seu nome, foi onde construiu uma capela
dedicada ao culto de Santo Antônio, também doou alqueires de terras para construção da
freguesia de Santo Antônio, onde posteriormente foi renomeada como Santo Antônio dos
Brotos, e em 1883 tem sua denominação alterada para Miracema, e emancipado em 1935
ganhando status de município. (IBGE, 2017)

O café no séc. XIX e no inicio do séc. XX assim como, a cana de açúcar em menor escala,
foram atividades econômicas predominantes, na região, após esse período, a agropecuária
então, cresceu devido as adaptação sofridas pelos produtos locais, de acordo com a
necessidade e demanda, se torna a nova realidade econômica. (PMMA – Miracema, 2015)

121 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Essas atividades econômicas exigem desmatamento e um grau de degradação ambiental
considerável, não obstante, esperado e pode ser revertido se planejado e implementado com
eficácia.

Figura 1 - Mapa de localização da MBH Baixo Ribeirão Santo Antônio, Miracema RJ.

Fonte: Os autores.

Este trabalho busca trazer a luz para conservação ambiental no município de Miracema, com
foco na microbacia hidrográfica Baixo Ribeirão Santo Antônio, com base no Plano
Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Miracema/PMMA
Miracema, Código Florestal, Lei 12.651 de 25/05/2012, Estatuto da Cidade, Lei 10.257 de
10/07/2001 e o Código Ambiental do Município de Miracema, Lei 1.412 de 20 de dezembro
de 2012. E assim como, a finalidade de apresentar uma ferramenta de Sensoriamento
Remoto e Geoprocessamento, que atua e pode tornar possível o monitoramento e
preservação, que se faz tão importante como o proposto no PMMA de Miracema de 2015.

As imagens utilizadas para a classificação supervisionada, foram da missão imageadora


multispectral do Programa GMES (Global Monitoring for Environment and Security)
Sentinel-2A e 2B que é conjuntamente administrada pela Comunidade Europeia e a ESA,
para observação da Terra, realizando coleta de dados sobre a vegetação, solos, áreas úmidas,
rios e áreas costeira, assim como, dados para correção atmosférica (absorção e distorção)
com uma resolução e uma capacidade de revisita consideradas altas 10 metros e 5 dias, para
garantir a continuidade dos dados fornecidos pelo SPOT 5 e Landsat 7. As imagens do
Sentinel-2A e 2B, começaram a ser disponibilizadas em junho de 2015. (EngeSat, 2016)
122 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
MATERIAIS E MÉTODOS
Para a realização do trabalho, foram utilizados os softwares QGIS versão 2.18.10 - 64 bits e
SPRING versão 5.4.3 Português – 64 bits. As imagens SEMTINEL 2A -2B foram
adquiridas, referentes aos respectivos anos de 2016, 2017 e 2018, para obtenção da escala
temporal, não obstante, as imagens quando obtidas, possuem o modelo JPEG 2000. O Joint
Phorographic Experts Group ou JPEG aprovou o JPEG 2000 que é um sistema de
codificação de imagens que utiliza técnicas de compressão de última geração baseadas na
tecnologia wavelet e oferece um nível extremamente alto de escalabilidade e acessibilidade.
(JPEG, 2000) A questão é que o SPRING seja em qualquer versão, trabalha com modelo
matricial denominado de TIFF ou GeoTIFF. Padrão de metadados o qual permite embutir
informações das coordenadas geográfica no arquivo TIFF. (METRICA 2018) A conversão
de JPEG 2000 para GeoTIFF foi executada no QGIS versão 2.18.10 – 64 bits, ao qual é
possível realizar, nas configurações Raster/Converter/Formato... com a seleção do “módulo
em lote (para processar uma pasta inteira)” dessa forma é possível, converter todos os
arquivos matriciais de uma só vez.

No processamento e classificação supervisionada no SPRING versão 5.4.3 Português – 64


bits, do uso da terra, com a escala temporal, inicia-se com a determinação do Banco de
Dados e um Diretório que ficou definido como
“D:\SPRING\Miracema_Class\Processamento” com o gerenciador SQLite. Um excelente
motor de banco de dados, o SQLite, não precisa de quase nenhuma administração, além de
ser portátil (todos os sistemas) e acessível à, praticamente, todas as linguagens (C, C++,
Java, Python...). (CCM, 2018) O próximo passo é definir o projeto dados o nome de
Miracema, com a projeção UTM/Datum->ITRF(WGS84) zona 23K hemisfério Sul, e um
retângulo envolvente em coordenadas planas onde X1 esta para: 781900.1389 e Y1 esta
para: 7622252.2173, onde X2 esta para: 808490.8171 e Y2 esta para: 7641699.1312. O
próximo passo é realizar a inserção dos modelos matriciais para composição da imagem, foi
realizado com as Banda 04 – Vermelho (Red), Banda 08 – Infravermelho Próximo (NIR) e
Banda 03 – verde (green) que correspondem a composição da Falsa Cor 2 RGB (04;08;03).
As três bandas possuem uma resolução de 10 metros, para o Sentinel 2A – 2B. (EngeSat,
2016)

123 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


O ajuste de contrate da cena é feito na configuração imagem/contraste... após a abertura da
janela, foi escolhida a operação linear, e em cada canal, ouve o ajuste de nível de entrada,
relacionado ao nível de cinza.

Para iniciar a classificação foram selecionadas as configurações de Imagem/Classificação...,


mais uma vez selecionada as bandas e inicia se o treinamento que a partir de áreas
determinadas, guardam as assinaturas espectrais de cada classe, pré definidas conforme as
chaves de interpretação. As classes foram criadas de acordo com o Manual Técnico de Uso
da Terra do IBGE, então foram definidas as classes, Áreas Antrópicas Não Agrícolas –
ANA, Áreas Antrópicas Agrícolas – AAG, Corpos Hídricos – AGUA e Áreas Naturais
Florestadas – ANF.

As mesmas classes foram utilizadas, no mapeamento elaborado Laboratório ESPAÇO de


Sensoriamento Remoto e Estudos Ambientais do Instituto de Geociências (IGeo) da UFRJ,
sob a direção técnica da Profª. Carla Bernadete Madureira Cruz. (GEOINEA, 2018) Apenas
no ano de 2017, por haver uma quantidade de foco de incêndio considerável no município,
se fez necessário, a inserção de uma classe denominada QUEIMADA, que representa a ação
de incêndios que estavam acontecendo, e/ou ocorridos no mesmo ano, que fosse visível, no
campo de coleta de amostra em treinamento.

Com o limiar de aceitação em 99,9%. O algoritmo de Máxima Verossimilhança –


MAXVER é o método de classificação, que considera a ponderação das distâncias entre
médias dos níveis digitais das classes, utilizando parâmetros estatísticos. (DPI/INPE, 2009)

Após a classificação e analise das amostras que é o algoritmo de confusão, que consistem
em analisar de forma percentual, que esta se confundindo no treinamento elaborado pelo
usuário, próximo passo é a pós-classificação, que geralmente é automática com peso 2 e
limiar 5. A execução dessa etapa suaviza e generalizam as classificações, enquadrando na
escala cartográfica, no caso 1:25.000.

Mapeamento é o ultimo passo, que seria, classificação e construção das classes de forma
automática, no modelo matricial, que irá identificar em toda a imagem os valores de pixels
da classe correspondente, pixel a pixel. Com isso, exporta se o arquivo na extensão
shapefile, shp, desenvolvido pela Ersi.

Com o softwares QGIS versão 2.18.10 -64 bits é elabora o recorte em relação ao município
de Miracema e as MBHs desenvolvidas no PMMA – Miracema, após também é feita uma

124 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


relação das Áreas de Preservação Permanente - APP de Corpos Hídricos, Nascentes, Lagos e
Lagoas, Declividade e Topo de Morro.

Com todas as APPs identificadas, dentro do município de Miracema, foi elaborado um


recorte da classificação, visando obter a área com maior numero da classe ANA, que esta
relacionada à área degradada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resultado final desse trabalho é o mapeamento do uso e ocupação da terra em uma escala
temporal de três anos, que são: 2016, 2017 e 2018. Em uma escala cartográfica de analise de
1:25.000, do município de Miracema (Figura 2) e posteriormente das micro bacias
hidrográficas discutidas e levantadas no PMMA Miracema (Figura 3). Bem como obter as
classificações dentro das APPs, conforme a Figura 4.

A escolha da escala temporal, foi realizada devido a disponibilidade das imagens pois, o
Sentinel 2 deu inicio ao imageamento no ano de 2015.

Figura 2 – Mapa da classificação supervisionada, em escala temporal de três anos: 2016,


2017 e 2018 em Miracema RJ.

Fonte: Os autores.

125 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Figura 3 – Mapa da classificação supervisionada, em escala temporal de três anos: 2016,
2017 e 2018, MBH Baixo Ribeirão Santo Antônio em Miracema RJ.

Fonte: Os autores.

Figura 4 Mapa da classificação supervisionada, relacionada ao ano de 2018, em


relação a todas as MBHs do PMMA Miracema.

126 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Fonte: Os autores.

Como podemos observar existem, áreas de preservação permanente – APP, que se encontram
classificadas como Área Antropizada Não Agrícola - ANA, e recentemente a terraplanagem
acabou por afetar a APP de um curso hídrico que é contribuinte do Ribeirão Santo Antônio na
micro bacia hidrográfica Baixo Ribeirão Santo Antônio, local esse especulado para receber
um aterro sanitário, esse processo de terraplanagem afeta de forma erosiva o solo, causando
assoreamento de cursos hídricos e alterando a paisagem de forma até impactar em nascentes, e
alterações de cursos hídricos, quando não planejado, e não haja os procedimentos cabíveis,
como, sondagem, para verificar a profundidade do lençol freático, é previsto por lei que antes
de qualquer alteração haja a confecção de um Estudo de Impacto Ambiental – EIA, caso
contrário o s impactos em alguns casos podem ser irreversíveis e talvez trazer até danos a
população local.

Baseado na classificação supervisionada é possível observar que a MBH Baixo Ribeirão


Santo Antônio, é a maior dentre as sete MBHs classificadas no PMMA Miracema, totalizando
aproximadamente 27,46% em relação ao total do município, conforme pode ser observado na
Tabela 1.

Tabela 1 – MBHs classificadas pelo PMMA Miracema 2015

MBH Ha %
1 MBH Médio Ribeirão Santo 5679,400 18,69
Antônio
2 MBH Baixo Ribeirão Santo 8341,878 27,46
Antônio
3 MBH Córrego Carangola 2532,021 8,33
4 MBH Baixo Ribeirão do Bonito 1977,092 6,51
5 MBH Alto Ribeirão do Bonito 2638,308 8,68
6 MBH Médio Ribeirão do Bonito 5256,543 17,30
7 MBH Alto Ribeirão Santo Antônio 3956,351 13,02
Município de Miracema/Total 30381,593 100
Fonte: Os autores.

Com a classificação supervisionada podemos observar que atualmente a MBH Baixo


Ribeirão Santo Antônio se apresenta entre as mais preservadas e a mais antropizada também
o que é natural devido ao seu tamanho, conforme Tabela 2.

127 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Tabela 2 – MBHs com as APPs e classificação ANA 2018.

Micro Bacia Hidrográfica Ha %


MBH Alto Ribeirão do Bonito 9,151 0,195
MBH Alto Ribeirão Santo Antônio 26,625 0,567
MBH Baixo Ribeirão do Bonito 7,615 0,567
MBH Baixo Ribeirão Santo Antônio 63,678 1,356
MBH Córrego Carangola 17,035 0,363
MBH Médio Ribeirão do Bonito 23,951 0,510
MBH Médio Ribeirão Santo Antônio 26,881 0,572
Total ANA 174,936 4,13
Total 4696,781 100
Fonte: Os autores.

Em relação às APPs e as classificações é possível observar que assim como mostra a Figura
4. existe muita classe ANA dentro de APPs, não obstante a MBH que mais apresenta ANA é
a do Baixo Ribeirão Santo Antônio, como pode ser notado na Tabela 3.

Tabela 3 - Resultado 2018 com as classes Área Natural Florestada – ANF e Área Antrópica
não Agricultável – ANA

Classes Nome MBH ha %


ANF MBH Médio Ribeirão Santo Antônio 1382,902 4,55
ANF MBH Baixo Ribeirão Santo Antônio 1854,646 6,10
ANF MBH Córrego Carangola 368,052 1,21
ANF MBH Baixo Ribeirão do Bonito 189,277 0,62
ANF MBH Alto Ribeirão do Bonito 665,704 2,19
ANF MBH Médio Ribeirão do Bonito 937,011 3,08
ANF MBH Alto Ribeirão Santo Antônio 1125,514 3,70
ANA MBH Médio Ribeirão Santo Antônio 325,550 1,07
ANA MBH Baixo Ribeirão Santo Antônio 519,745 1,71
ANA MBH Córrego Carangola 97,499 0,32
ANA MBH Baixo Ribeirão do Bonito 52,655 0,17
ANA MBH Alto Ribeirão do Bonito 41,990 0,14
ANA MBH Médio Ribeirão do Bonito 153,836 0,51
ANA MBH Alto Ribeirão Santo Antônio 169,252 0,56
Município de Miracema/Total 30381,593 100
Fonte: Os autores.

128 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


É importante demonstrar também que o PMMA Miracema, definiu áreas prioritárias, para
conservação, em três etapas, que são: Alta, Média e Baixa, prioridade, vide Figura 5.
Recentemente uma terraplanagem atingiu a MBH Baixo Ribeirão Santo Antônio, essa
alteração topográfica, aconteceu supostamente com apoio da prefeitura de Miracema, e não foi
licenciada pelo órgão estadual ambiental responsável o Instituto Estadual do Ambiente –
INEA. Essa antropização foi acusada na classificação supervisionada, e até onde se sabe, a
obra acontece para instalação de um Aterro Sanitário, que objetiva atender não só o município
de Miracema, mas a região do Noroeste fluminense, assim como a Zona da Mata do Estado de
Minas Gerais.

Foi comprovado que recentemente uma empresa iniciou sua operação em Miracema no
segundo semestre de 2018 realizando a atividade econômica principal de coleta de resíduos
não perigosos (CNAE 3811400), e em janeiro de 2019 se encontra com o status Ativa
segundo o seu Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral, disponível no sítio
eletrônico oficial da receita federal do Ministério da Fazenda.

129 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Figura 5 – Mapa da localização da Terraplanagem, e Área Prioritária do PMMA
Miracema 2015, com as MBHs de Miracema RJ.

Fonte: Os autores.

Um aterro sanitário é um empreendimento necessário, porém tal tipo de intervenção no


espaço necessita de planejamento, consulta à sociedade civil, ordenamento urbano, entre
outros levantamentos como Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto ao Meio
Ambiente. Seus impactos no solo ao não serem mitigados podem ser catastróficos
contaminando desde o lençol freático a riscos letais à vida humana e animal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
No Brasil o manuseio e eliminação de resíduos sólidos é um dos fatores de maior impacto
ambiental que põe em risco a saúde pública (DIDONET, apud MATOS et al, 2011).

A falta de locais adequados para disposição final dos RS ainda é um problema enfrentado
pela maioria dos municípios brasileiros. Segundo dados obtidos na pesquisa nacional de
saneamento básico, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, cerca de
50,8% dos resíduos produzidos no país ainda são lançados em vazadouros a céu aberto.
(ABRELPE, apud MATOS et al, 2011)

130 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


A poluição das águas superficiais ocorre principalmente pelo lançamento indiscriminado de
RS no solo que permite o deslocamento do chorume para as redes de drenagens de águas
superficiais. Segundo MORALES (2002) a poluição das águas pela disposição inadequada
de RS pode ser física, química e biológica, sendo as principais alterações físicas relacionadas
ao aumento da turbidez e variações de gradientes de temperatura. (apud MATOS et al, 2011)

A poluição biológica caracteriza-se pelo aumento de coliformes totais e fecais, já a poluição


química reduz drasticamente o nível de oxigênio e aumenta a DBO (Demanda Bioquímica
de Oxigênio). Outras propriedades químicas da água como a dureza, a condutividade e o PH
podem ser alteradas e tornar o sistema aquático impróprio para o uso humano. (MATOS et
al, 2011)

Segundo LIMA (2004) poluição do ar se dá principalmente pela queima irregular dos


resíduos e pela alta produção do biogás no processo de decomposição anaeróbica. Enquanto
a poluição do solo ocorre pela alteração de suas propriedades físicas e químicas devido ao
alto teor energético de algumas substâncias presentes nos RS (apud MATOS et al, 2011)

A ideia de criar um aterro sanitário em Miracema, sem planejamento, licenciamento, rompe


com o que outrora fora um passo para a preservação e conservação ambiental do município,
o PMMA de Miracama, e com a Lei Nº 12.651, de 25 de Maio de 2012, rompe também com
o Estatuo da Cidade, que prever o planejamento e ordenamento do solo, de forma adequada,
rompe até com as próprias leis municipais, como a Lei Orgânica do Município de Miracema
e o Código de Meio Ambiente de Miracema, onde ambos prever planejamento e
ordenamento, municipal. E acaba por se tornar uma forma degradante de tentar iniciar um
laço com um setor necessário, mas, devido sua exigência de posicionamento e planejamento
estratégico, com o tratamento e gestão de resíduos, dessa forma a implementação tende a
seguir para um regresso do município.

131 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Figura 6 – Mapa da localização da Terraplanagem, e Área Prioritária do PMMA Miracema
2015, com foco na MBH Baixo Ribeirão Santo Antônio em Miracema RJ.

Fonte: Autoria Própria, 2018.

Com a elaboração dos dados obtidos e levantados para esse relatório, pode se concluir que o
município de Miracema RJ, necessita licenciar, e apresentar a população o planejamento
relacionado à área que recebeu a terraplanagem, além de estruturar, estudos tecnicos, com a
finalidade de planejamento urbano e ambiental, assim como, um ordenamento visando
buscar compreender os possíveis impactos, que possam acontecer futuramente no local que
recebeu a intervenção e em seu entorno.

Esse trabalho também objetiva sugerir a mudança/alteração do ambiente que já passou pela
terraplanagem, e segundo populares irá receber o suposto aterro sanitário. Sugere que seja
revitalizado, como uma forma de compensação ambiental, visando minimizar os impactos
ocorridos no local, onde já diagnosticado que a proximidade, da atual localidade, com
contribuintes do Ribeirão Santo Antônio, e o fato de esta afetando de uma APP de curso
hídrico, assim como a área esta sendo pleiteada para criação de um Refúgio de Vida
Silvestre Municipal, que visa proteger espécimes importantes, e ameaçadas de extinção, por
exemplo, Callithrix Aurita, popularmente conhecido como, sagui-da-serra-escuro.

132 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Esse processo também fere o planejamento do desenvolvimento sustentável, proposto pelas
cidades como descrito na Rio + 20, ECO 92 e entre outras políticas que se relaciona com o
gerenciamento de rejeitos sólidos, fazendo com que essas alterações que ocorreram no ano
de 2018, não só venha impacta diretamente, no ambiente, mas, também impacta a imagem
do município de forma negativa, e faz com que o a falta de planejamento, e ausência de
dados consolidados, torne esse empreendimento um risco, para sociedade miracemense.

Sendo assim pode se afirma que a confecção desse uso e cobertura da terra, confirma que
existe um processo de degradação intenso dentro do município de Miracema, e o que agrava
esse diagnóstico é a ausência de planejamento e também a falta de consideração com as leis
federais, estaduais e municipais não havendo um meio de compensação desses ambientes
degradados, dentro de uma região que no Estado do Rio de Janeiro a meso região do
Noroeste Fluminense é a mais degradada levando em consideração o Estado como um todo.

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134 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
HYDROGRAPHIC MICROBACY OF RIBEIRÃO SANTO ANTÔNIO: USING SENTINAL 2
SENSOR IMAGES FOR MONITORING
Abstract: This study aims to use Remote Sensing for supervised classification and monitoring
of land use and land cover, in the municipality of Miracema, in the State of Rio de Janeiro.
For supervised classification, SENTINEL 2 satellite images corresponding to the years 2016
to 2018 were used. The results obtained show a growing degradation in the municipality. This
result is related to municipal management, associated to the local culture. The focus of this
work is to evaluate the microbasin of Baixo Ribeirão Santo Antônio that received an
unlicensed earthmoving, which contributes to the growth in the degraded/anthropogenic area
that is not arable.

Keywords: Supervised classification; Remote sensing; Image processing; Use and land cove

135 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


MODELAGEM DE PROCESSOS DE NEGÓCIO: ESTUDO DE CASO EM
UMA EMPRESA RETIFICADORA DE MOTORES EM CABO FRIO-RJ

Alan Marinho Costa1*, Allana Kedry de Matos Mattos2, Nathália Monteiro Rodrigues3 &
Douglas Vieira Barboza4
1
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Biossistemas, UFF – Niterói.
2
Departamento de Engenharia Agrícola e do Meio Ambiente, UFF – Niterói.
3
Departamento de Engenharia e Gestão da Faculdade União Araruama de Ensino - Unilagos, RJ, Brasil.
4
Laboratório de Tecnologia, Gestão de Negócios e Meio Ambiente, UFF – Niterói.
*alanmarinhocosta@gmail.com

Resumo: Com a intensa competitividade presente no mercado atual, se faz necessário que desde o
início das suas atividades empresariais os gestores alinhem seus processos de forma estratégica.
Através de técnicas de gerenciamento dos processos aplicados a pequenos negócios, o objetivo deste
estudo é mapear os processos de modo que possam promover a maximização dos resultados, redução
de custos, aumento da satisfação dos clientes e otimização do desempenho de suas atividades através
da remodelagem com apoio da tecnologia da informação. Para isso foi realizado um estudo de caso,
onde se observou os processos realizados na retificadora e através no software Bizagi, foi realizado um
mapeamento. Gerou-se uma interface gráfica dos atuais processos e foi proposto um novo modelo com
a utilização do ERP para integração de informações e consequente melhoria na produção.

Palavras-chave: Competitividade; mercado; gerenciamento de processos

INTRODUÇÃO
De acordo com a ISO 19510 (2013) o Business Process Model and Notation (BPMN) é uma
linguagem gráfica baseada em fluxo de trabalho que surgiu como o padrão de fato para
definições de processos de negócios, visando fornecer uma notação que seja prontamente
compreensível por todos os usuários de negócios, desde os analistas de negócios que criam
os rascunhos iniciais dos processos, até os desenvolvedores técnicos responsáveis pela
implementação da tecnologia que executará esses processos e, finalmente para os
empresários que irão gerenciar e monitorar esses processos. Muitos negócios são complexos,
assim um modelo poderá consistir de diversos diagramas com o objetivo alvo de ilustrar um
processo completo, fazendo com que os gestores e colaboradores melhorem o fluxo e
aperfeiçoem processo.

Nos últimos dez anos, o gerenciamento de processos de negócios tornou-se uma atividade
estratégica nas organizações, pois a racionalização do uso de tempo e recursos tem o
potencial de aumentar as margens de lucro, já que podem orientar o gerenciamento de
faturamento, linhas de produção, serviços pós-venda e pagamentos de salários, sendo tal

136 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


ferramenta largamente empregada em grandes empresas (DURÁN; ROCHA; SALAÜN,
2018).

Contudo ao ser buscado na base de dados Scopus em outubro de 2018, os termos “BPMN” e
“Small business” não foi retornado nenhum resultado em formato de artigo que indica-se o
estudo da aplicação da ferramenta em pequenos negócios, logo o objetivo deste trabalho é
avaliar a efetividade da aplicação da Modelagem de Processos de Negócios e Notação em
um pequeno negócio, para isso realizando um estudo de caso em uma retífica de motores
familiar localizada na cidade de Cabo Frio, no Estado do Rio de Janeiro, em que se efetiva a
utilização do método, tão como se propõe a utilização conjunta da ferramenta Enterprise
Resource Planning (ERP).

Assim se buscou expor ao longo do texto os conceitos, tipos, vantagens e desvantagens de


ambas as ferramentas, logo o trabalho foi distribuído em seis partes: uma introdução que
busca contextualizar e apresentar o objetivo do trabalho, uma conceituação das principais
características da modelagem de processos de negócios, definições sobre o ERP e como este
pode influenciar a otimização de processos industriais, a descrição da metodologia aplicada
para elaboração do trabalho, os resultados obtidos e a discussão destes, e uma conclusão.

REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A MODELAGEM DE PROCESSOS
Para Albuquerque (2012) as empresas têm buscado se renovar visando a melhoria de suas
atividades, por isso nas últimas décadas, o Gerenciamento de Processos de Negócios (BPM)
tem ganhado grande popularidade, visto que visa dois objetivos de difícil conciliação: a
formalização dos processos de negócio em modelos para estruturar efetivamente o trabalho e
a flexibilidade organizacional com capacidade de responder a situações novas e imprevistas.
Tendo um modelo de processo de negócio, na prática, o papel de elo entre o mundo "social"
das práticas organizacionais e o mundo "técnico" da tecnologia de informação, sendo, assim,
um híbrido sociotécnico por excelência, visto que consegue relacionar a formalização e a
flexibilidade de forma multidimensional.

De acordo com Van der Aalst, La Rosa & Santoro (2016), o BPM tornou-se uma disciplina
madura com um conjunto bem estruturado de princípios, métodos e ferramentas ao interligar
tecnologia da informação, administração e engenharia, tendo conseguido alguns avanços
notáveis como:

137 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


 A verificação sintática de modelos de processos de negócios complexos antes de
implementá-los via TI, para evitar erros potencialmente dispendiosos em tempo de
execução.
 A identificação sistemática de comportamentos típicos do processo com base em na
clareza de dados científicos fornecidos pela iniciativa Padrões de Fluxo de Trabalho.
 A criação automática de modelos de processos configuráveis a partir de uma coleção
de variantes de modelos de processos, usada para orientar os analistas ao selecionar a
configuração correta.
 Execução automática de modelos de processos de negócios baseados em semânticas
rigorosamente definidas e através de uma variedade de sistemas de BPM.
 A adaptação de processos de compilação/execução de código em tempo de execução e
a avaliação do impacto de suas mudanças, a fim de reagir a exceções (inesperadas).
 A descoberta automática de modelos de processo a partir de dados brutos de eventos
produzidos por sistemas de informações comuns encontrados nas organizações.

Beretta (2004, apud Ensslin et al., 2017) alinha os processos de negócios à estratégia
organizacional, entendendo que o desempenho organizacional deve associar a avaliação de
desempenho, baseada em processos de negócio, com uma visão estratégica institucional e
com sua estrutura funcional, onde sistemas de avaliação de desempenho baseados em
processos de negócios podem dar suporte à disseminação do BPM dentro da organização,
tornando os processos de negócios notados através da medição de seus resultados
intermediários e finais que podem permitir o desenvolvimento do hábito de aferir o
desempenho, a fim de utilizar práticas que promovam a melhoria dos processos, estimem
custos e entendam corretamente os processos da empresa.

Adesola & Baines (2005) sugerem uma abordagem processual genérica como guia para a
execução do gerenciamento de processos de negócios que busque a reengenharia e melhoria
de processos que se dá em sete etapas: avaliação da facilidade, o esboço do processo sob
revisão, a coleta detalhada de dados; a modelagem do processo atual; a avaliação e o
redesenho do novo processo, a implementação, e a revisão do processo.

Com o objetivo de modelagem, existem alguns métodos e notações, que descrevem o


processo sobre uma ótica mais detalhada, variando desde notações mais exigentes (notação
matemática), até notações mais gráficas com mais fácil entendimento. Dois dos principais

138 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


tipos de notação para a modelagem de processos de negócios são o BPMN e o SPEM
(Software Process Engineering Metamodel).

2.1.1 BPMN
Entre as notações de modelagem de processos, em destaque, está o BPMN se tornando padrão
nas empresas de negócio, devido praticidade de organizar e visualizar os processos e obtendo
melhor comunicação com os responsáveis de tecnologia de informação da organização, que
possuem associação com a automatização dos processos modelos, sendo uma extensão do
BPM. O Business Process Management foi desenvolvido para fácil entendimento de negócio
até mesmo aos mais complexos, porém é um padrão que está longe da perfeição, mas em
evolução.

Segundo Silver (2009) a Modelagem Analítica proporciona a relação entre as pessoas e os


diferentes setores envolvidos, como analistas de negócio, técnicos e gestores que possam
retratar de forma detalhada o fluxo das atividades, enquanto a Modelagem Executável as
representações prosseguem de maneira compreensiva e manipulável por analista e arquitetos
de negócio, mas pretendendo a modificação dos diagramas para softwares e tecnologias
ligadas a BPMN 2.0 que automatizem os processos. Valendo ressaltar também que é uma
ideia de gestão que represente o trabalho da organização independente de tecnologias,
conforme se poderá notar nos resultados.

2.1.2 SPEM
O SPEM é um modelo para a definição de processos e seus componentes. Com seu meta
modelo é possível manter e apoiar uma extensa gama de fragmentos de métodos e processos
de desenvolvimento de projetos. Esse método é útil para arquitetos, gerente e engenheiro de
software que buscam soluções para aprimorar a modelagem de processos de softwares.

Vantagens e desvantagens da modelagem de processos

As vantagens obtidas por esse modelo são:

 Bons modelos de processos que ajudam na melhoria da comunicação da organização


 A implementação de um novo processo que a empresa está planejando executar, a
modelagem pode ajudar a analisar a eficiência desde o início;

139 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


 Pode revelar anomalias, ineficiências, e oportunidades de melhoria, permitindo que a
organização obter melhorias com o auxílio desses processos;
 Visão clara e uniformizada das atividades, suas razões e formas de execução;
 Utilização do modelo como um meio para distribuição de conhecimento dentro da
organização e treinar as pessoas, ajudando-as a conhecer melhor seus papéis e as
tarefas que executam.

As desvantagens dadas por esse modelo são:

 omissão da complexidade do trabalho


 dificuldade em demonstrar uma lógica complexa
 a não clareza se são dedicado a criar novos processos ou analisar os já existentes.

2.2 PROCESSOS EM PEQUENAS EMPRESAS


De acordo com Khande (2019) as pequenas empresas são corporações de propriedade privada,
sociedades ou empresas individuais que têm menos funcionários e/ou receita anual menor do
que uma empresa ou corporação de tamanho normal, que ao serem definidas como
"pequenas" normalmente podem solicitar algum apoio governamental e qualificar-se para
uma política fiscal preferencial que varia dependendo do país e da indústria.

Ainda de acordo com Khande (2019), embora as pequenas empresas também possam ser
classificadas de acordo com outros métodos, como receitas anuais, remessas, vendas, ativos,
ou por receita bruta ou líquida anual, o número de funcionários é uma das medidas mais
amplamente utilizadas, podendo de acordo com alguns especialistas serem classificadas como
pequenas empresas àquelas que possuem 100 ou menos funcionários, independente do tipo de
trabalho que executem ou da estrutura que possuem, estando cinquenta por cento da força de
trabalho privada atualmente trabalhando em pequenas empresas em todo o mundo, podendo
estas terem sido estabelecidas iniciando novos negócios ou comprando um negócio existente
ou comprando e executando uma franquia.

As micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) encontram-se há anos em alvo perante


analistas econômicos devido a potencialidade de geração de renda e emprego. O pós-fordismo
formaliza à proporção que os atributos de flexibilidade e rapidez adaptadas das demandas do
mercado das MPMES são estimadas. (LA ROVERE 1999).

140 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Os apoios a MPMEs devem ser efetuados de forma conjunta, formando rede de empresas para
encorajar atividades inovadoras nas empresas existentes, sendo necessárias iniciativas que
rompam com a tendência atual de horizontalidade das politicas para assim concretizar as
perspectivas de crescimento e serem capazes de gerar renda e empregos qualificados. (LA
ROVERE 2001)

As micro e pequenas empresas representam um contexto especifico, por essa questão deve-se
analisar as diversas características pelas quais se destacam para o estabelecimento de
processos, que são: Investimento compatível com a realidade da Empresa, Transferência de
conhecimentos da área de estabelecimento de processos de software para a Empresa, Ser
Explícito, Ser Flexível e Adaptável, Incluir técnicas de Gerenciamento, Considerar as
principais normas e modelos na área de Qualidade de Software, Ser de Domínio Público,
Considerar a cultura já existente da Organização, Prover orientação sobre como disseminar e
implantar processos, Gerar resultados rápidos e poder ser aplicado de forma Incremental,
Suportar todo o estabelecimento de processos, incluindo a definição e a Implantação.
(WEBER, 2005).

Para Everton Júnior (2017) as micro e pequenas empresas no Brasil servem de janela de
oportunidade para milhões de trabalhadores e empreendedores com potencial de
transformação social ao gerar emprego, renda, consumo e pagamento de impostos. Existindo
aos milhões, elas se encontram espalhadas por todo o território nacional e são as maiores
empregadoras do país, responsáveis por 27% do produto interno e por empregarem mais
profissionais com carteira assinada do que as médias e grandes.

2.3 OS SISTEMAS ERP (ENTERPRISE RESOURCE PLANNING)


O ERP foi caracterizado por Davenport (1998) como o sistema de desenvolvimento mais
importante do uso corporativo de tecnologia nos anos 90 e continua evoluindo atualmente.

Hehn (1999) exibe o sistema ERP como um enriquecimento do MRP II. Eles concebem uma
coletânea integrada de sistemas que suprem as necessidades de um negócio: finanças, controle
de produção, contabilidade, vendas, compras e outros. Todos estão integrados e compartilham
os mesmos dados. Geram em si processos de trabalho padronizados, buscando representar os
melhores exercícios mundiais de cada posto. A adequação destes sistemas determina
disciplina e os usuários devem mantê-los atualizados.

141 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Para Centola&Zabeu (1999), o ERP providencia dados originadas do processo operacional,
para otimizar o cotidiano empresarial, consentindo um plano estratégico seguro e garantindo
a flexibilidade para evolucionar.

Segundo Dempsey (1999), o ERP é um conjunto de programas que são capazes de ligar
aspectos da manufatura e aliar procedimentos originados por outros aplicativos e contábeis.
Conquanto seja muito útil, as empresas não reconhecem sua necessidade e não sabem como
usá-lo.

De acordo com Buckhout et al. (1999), ERP é um sistema de planejamento dos recursos
empresariais que integra funções criando operações mais eficientes. Associa os dados-chave e
a comunicação entre as áreas da empresa, abastecendo dados detalhados sobre as operações
da mesma.

Segundo Corrêa et al. (2007), o ERP é formulado por módulos que suprem às necessidades de
dados de sustentação à tomada de decisão de todos os setores empresariais, integrados entre
si, a partir de uma base de dados singular e não pleonástica. Podem ser entendidos como
evolução do MRP II na medida em que controlam tanto os recursos diretamente utilizados na
manufatura quanto os demais recursos da empresa.

Segundo Miltello (1999), o ERP domina a empresa, manejando e conferindo seus dados. Os
procedimentos são documentados e contabilizados, originando normas de negócio definidas e
admitindo maior controle sobre determinados pontos vulneráveis do meio empresarial, como
a administração de custos, controle fiscal e estoques. A escolha desses sistemas assenta fim
aos diversos sistemas que trabalhavam de forma fechada na corporação, com informações
excessivas e não confiáveis.

A sigla ERP – Enterprise Resource Planning, traduzida integralmente significa


“Planejamento dos Recursos da Empresa”, o que pode não direcionar a realidade dos
objetivos Koch, Slater e Baatz (1999) citam: “…esqueça a parte do planejamento – ele não o
faz, e esqueça os recursos, é apenas um termo de ligação. Mas lembre-se da parte da empresa.
Esta é a real ambição dos sistemas ERP”.

Através da análise de Stair (1998) entende-se que os desenvolvimentos de inovações dentro


da tecnologia presente nos processos produtivos aconteceram em consonância com as
constantes modificações nos processos produtivos que se tornou indicador extremamente
relevante aos objetivos estratégicos das organizações.

142 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


A reengenharia ou redesenho dos processos nas organizações foi proposta pelos pioneiros
Hammer e Champy (1994) com o objetivo de proporcionar melhoria de desempenho das
organizações em custo, velocidade e serviço. Portanto, a utilização do ERP no trabalho de
resenho viabiliza estruturas organizacionais mais flexíveis e eficazes. É importante ressaltar
que cada tipo de organização possui particularidades que devem ser minuciosamente
analisadas e consideradas no processo de construção dos novos desenhos de processo. Então,
o software que deve ser adaptado as necessidades dos clientes ou fornecedores.

Em acordo com um dos objetivos deste estudo, que é propor as melhores práticas de negócio
para uma organização de pequeno porte, pode-se observar que a otimização dos processos de
pequenas organizações baseadas nas modelos metodologias do ERP e BPMN, se feitas de
forma planejada e eficaz, conseguem recolocar essa organização no mercado em posição mais
competitiva. Vejamos que Havey (2005) destaca que a formalização dos processos ocasiona
aumento de produtividade e eficiência dos mesmos.

MATERIAIS E MÉTODOS
Para o desenvolvimento efetivo deste trabalho foram traçados os procedimentos
metodológicos visando à utilização ferramentas relevantes às necessidades abordadas nos
pequenos negócios, para isso os procedimentos técnicos foram realizados de forma
interdisciplinar, iniciando pelo levantamento bibliográfico, seguido da coleta de dados em
estudo do ambiente e organização de uma retificadora de motores, para inserção no software
Bizagi e análise dos dados inseridos.

O estudo de caso foi realizado em uma pequena empresa localizada no bairro Jardim
Caiçara, no município de Cabo Frio – RJ, cuja atividade econômica principal se trata do
recondicionamento e recuperação de motores para veículos automotores, para tal contando
com 7 colaboradores: quatro operadores de retificadora, três ajudantes e uma gerente que
também acumula a função de operadora de Caixa.

Para gerar os mapas de processos, foi utilizado o software Bizagi, que admite a cooperação
entre as empresas e os setores de TI na elaboração e experimentação acelerada de aplicativos
de processos, somando a produtividade operacional e a rapidez, conservando o controle de
TI. Por meio deste programa, os processos podem ser personalizados e utilizados em
qualquer lugar, facilitando a utilização na empresa visando a continuidade de melhorias no
processo.
143 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A técnica de modelagem de processos utilizada neste trabalho foi basicamente o BPMN. A
ferramenta BPMN foi utilizada para fazer o fluxograma do ambiente de trabalho das
empresas, visando à remodelagem onde há indigência. Um fluxograma no ambiente presente
e outro com as características de melhorias. Com isto se propôs a aplicação do ERP para
gerenciar as tarefas da organização, assim como foi proposto o treinamento dos funcionários
sobre suas funções, visando reduzir os casos de funções dispersas e mal definidas que
acarretam a dificuldade na resolução de problemas.

Figura 1 – Mapeamento dos processos atuais da empresa

Fonte – Os autores

O sistema ERP foi sugerido, onde sua função é integrar as áreas da empresa para melhor
conversação entre setores. Este sistema trará benefícios organizacionais como a padronização
dos processos (podendo ser melhorados conforme necessário), redução de custos e riscos,
aceleração dos processos, controle de pedidos de clientes, redução de erros, gestão unificada,
etc. A aplicação deste sistema nesta empresa pode ser feito de forma gratuita, com o software
YetiForce (O sistema YetiForce foi criado para empresas que procuram soluções flexíveis e
personalizadas com uma ampla gama de ferramentas de configuração e uma interface
amigável) ou Dolibarr (Dolibarr é um software livre/open source projetado para empresas de
porte pequeno e médio), fundações e freelances. Você pode instalá-lo e usá-lo como um
aplicativo autônomo, ou on-line em um servidor compartilhado ou dedicado. Dolibarr
144 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
funciona via web em qualquer dispositivo (desktop, smartphone e tablets). que apesar de
poderem não ser tão completos quanto os softwares privativos, auxiliarão no início da
implantação para adaptação. O ERP defende a tese de que com a integração os setores passam
a ser conhecidos por todos os interessados e procedendo em avanços nas ações.

Figura 2 – Mapeamento do processo remodelado conforme a metodologia aplicada proposta

Fonte – Os autores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que, com a utilização destas ferramentas e sistemas, as empresas serão mais
qualificadas para o mercado de trabalho, visto que sua ordenação trará avanços tecnológicos
com a intenção de ciclo contínuo dos procedimentos. Estas metodologias são de grande valia
para as empresas, aquelas que adotarem terá total controle do negócio e consequentemente
um aumento em seus lucros e visão mais limpa dos acontecimentos internos e também
externos.

Com a utilização do BPMN será mais fácil à mudança e melhoria nos setores, pois este
estará ordenando da forma que a empresa adapte-se. O SPEM mostrará o quanto é
necessário à definição de funções até no meio empresarial de pequeno porte e juntamente o
interesse de treinamentos e qualificação dos funcionários. O ERP fará a função da integração
de todos os setores e contará com todas as melhorias anteriormente feitas pelos métodos
elucidados a cima, pois ficará mais clara a sua organização perante as obrigações dos
departamentos e dos funcionários.
145 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
Visto todos estes pontos, observa-se que é necessária a manutenção empresarial seja ela de
qualquer porte, e que sistemas utilizados por grandes empresas também podem auxiliar as de
pequeno porte. Este projeto será indicado a estas empresas com o intuito de por em prática.

Um assunto não abordado neste trabalho, porém de relevância a trabalhos futuros seria a
utilização de indicadores de treinamento para os colaboradores, onde serão calculados metas
por hora trabalhadas a fim de utilizar uma ordem de produção organizada pelo ERP, que tem
a capacidade de criar através de informações enviadas de diversos setores como o vendas,
engenharia, compras, etc. Outro método seria o mapeamento de cada atividade dentro da
empresa, um padrão de como são efetuados os serviços, esta forma irá contribuir para
posteriores colaboradores estarem de acordo com as normas da empresa e estarem a par de
como devem ser feitos os serviços.

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BUSINESS PROCESSES MODELING: CASE STUDY IN A MOTOR RECTIFIER


COMPANY IN CABO FRIO-RJ
Abstract: With the intense competitiveness present in the current market, it is necessary that
from the beginning of its business activities managers align their processes in a strategic way.
Through process management techniques applied to small businesses, the objective of this
study is to map the processes so that they can maximize results, reduce costs, increase
customer satisfaction and optimize the performance of their activities through remodeling
with support of information technology. For this, a case study was carried out, where the
processes performed in the grinding machine were observed and through a Bizagi software, a
mapping was carried out. A graphical interface of the current processes was generated and a
new model was proposed with the use of ERP for information integration and consequent
improvement in production.

Keywords: Competitiveness; market; process management.

147 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


OTIMIZAÇÃO DO EFEITO DA APLICAÇÃO DO EXOGEL COM
ALTERAÇÃO NA COMPOSIÇÃO BASE

Nayara Montella da Silva1*; Elisa Barbosa Marra2; Moisés Teles Madureira3; Raphael Alves dos
Santos4; Luiz Felipe Caramez Berteges5; Luciene Pinto Soares6

123
Curso de Engenharia Química da Universidade de Vassouras, Vassouras, RJ, Brasil.
4
Curso de Engenharia Elétrica, Universidade de Vassouras, Vassouras, Brasil, RJ
5
Curso de Engenharia de Produção, Universidade de Vassouras, Vassouras, Brasil, RJ
6
Engenheira Ambiental, Universidade de Vassouras, Vassouras, Brasil, RJ
*nayaramontella@hotmail.com

Resumo: O para-raios atua de modo que a descarga atmosférica possa entrar ou sair do solo sem
passar através das partes condutoras da estrutura ou através de seus ocupantes, não danificando-os ou
causando acidentes. Porém, sua eficiência depende de o solo onde o aterramento seja feito, esteja com
uma baixa resistividade, ou seja, dentro dos valores de Ohms permitidos para segurança pela ABNT
NBR 7117 e ABNT NBR 5419. O exogel é utilizado para tratamento dos solos onde a resistividade
está acima da permitida. Ele apresenta características técnicas excepcionais para o aterramento tendo
em vista sua formulação à base de óxidos, o mesmo possui boa condutividade elétrica (dispersão
elétrica), alto grau de higroscopia, estabilidade no valor da resistência de aterramento, além de não
agredir o solo. O objetivo do artigo é otimizar a funcionalidade do exogel, substituindo o Óxido de
Sódio pelo óxido de Ouro III, de forma que o mesmo diminua ainda mais a resistividade do solo sem
agredi-lo. A escolha do componente a ser substituído e do substituto, deu-se através de pesquisa
bibliográfica. Obtendo-se resultado satisfatório.

Palavras-chave: Resistividade, Óxido de Ouro III, Exogel.

INTRODUÇÃO
É possível que as descargas elétricas atmosféricas tenham contribuído para a geração de
moléculas orgânicas necessárias à formação de qualquer forma de vida. Harland & Hacker
(1966), registraram a formação de fósseis por descargas elétricas há 250 milhões de anos
atrás. Historicamente, descargas elétricas e trovões foram objetos de adoração e fascínio por
civilizações antigas. Por exemplo, Gary (1994) e Rakov & Uman (2003) fazem uma revisão
de perspectivas mitológicas de descargas em diferentes culturas. Além disto, uma tempestade
elétrica constitui um fenômeno atmosférico de beleza ímpar. Entretanto, a ocorrência de
descargas elétricas atmosféricas pode gerar transtornos para a sociedade. As descargas podem
provocar colapsos ou desligamentos na rede de distribuição de energia elétrica, incêndios,
acidentes na aviação e embarcações marítimas, danos aos sistemas de telefonia e de

148 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


telecomunicações podendo, inclusive, provocar mortes de seres humanos e de animais. O
Brasil, devido a sua grande extensão territorial e pelo fato de estar localizado em uma região
predominantemente tropical, é um dos países de maior ocorrência de descargas do planeta.
Estima-se que cerca de 100 milhões de descargas nuvem-solo ocorram no Brasil por ano, o
que significa três descargas por segundo (PINTO JR. & PINTO, 2000).

Os raios podem ser do tipo em nuvem e nuvem-terra. Os raios em nuvem, podem acontecer de
três formas: intra nuvem (que ocorre no interior de uma mesma nuvem), nuvem-nuvem (que
ocorre entre duas nuvens) e descargas para o ar (que ocorrem da nuvem para o ar). Já os raios
tipo nuvem-terra, podem ser denominados nuvem-solo ou solo-nuvem, variando com o
sentido do movimento da carga que os origina

Os tipos de descargas atmosféricas considerados nesse artigo, são os que tem contato com o
solo. Raios nuvem-solo são raios que acontecem na maioria das vezes. Solo-nuvem, são mais
raros. Os raios também podem ser classificados de acordo com a polaridade da carga que
inicia a descarga, como negativos ou positivos. A maioria das descargas nuvem-solo é
negativa, assim os raios transferem cargas negativas da nuvem para o solo. Os raios positivos,
partem de uma região de polaridade positiva da nuvem e comumente são mais perigosos, pois
a corrente contínua dura mais tempo e carrega mais energia. (SABER ELÉTRICA, 2018)

Para se alcançar o objetivo de blindar uma estrutura, seus ocupantes e conteúdos, é necessário
se obter sistemas de proteção em regiões onde se pretende diminuir os danos causados pelas
descargas atmosféricas. Os principais componentes para um sistema de proteção contra essas
descargas são terminais de aterramento, terminais aéreos, condutores de descida, condutores
de ligação equipotencial. Os terminais aéreos, são mais conhecidos como para-raios e nada
mais são que, hastes condutoras rígidas, montadas em uma base com objetivo de capturar
relâmpagos. Eles devem ser instalados nos pontos mais altos da estrutura. Algumas vezes,
estas hastes são interligadas através de condutores horizontais. Os condutores de descida são
cabos que conectam os terminais aéreos aos terminais de aterramento. Os terminais de
aterramento são condutores que servem para conectar os condutores de descida ao solo. Eles
são tipicamente condutores de cobre ou revestidos com cobre enterrados no solo. O nível de
aterramento depende bastante das características do solo. Os condutores de ligação
equipotencial, por sua vez, são condutores que visam igualar o potencial entre os diferentes
condutores para impedir descargas laterais.

149 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Porém, a eficiência dos para-raios deve-se ao aterramento, que para ser feito, precisa que o
solo, esteja em baixas condições de resistividade (INPE, 2018).

Aterramento significa acoplamento permanente de partes metálicas com o propósito de formar


um caminho condutor de eletricidade tanto quanto assegurar continuidade elétrica e capacitar
uma condução segura qualquer que seja o tipo de corrente. A conexão terra é na realidade a
interface entre o sistema de aterramento e toda a terra, e é por esta interface que é feito o
contato elétrico entre ambos (“terra” e sistema de aterramento). Através desta interface
passarão os eventos elétricos para o mencionado sistema. Estes eventos elétricos incluem
energia (surtos e transientes) e a energia proveniente das descargas atmosféricas. O
aterramento é obrigatório e a baixa qualidade ou a falta do mesmo invariavelmente provoca
queima de equipamentos. Suas características e eficácia devem satisfazer às prescrições de
segurança das pessoas e funcionais da instalação. O valor da resistência deve atender as
condições de proteção e de funcionamento da instalação elétrica. Conforme orientação da
ABNT NBR 7117 e da ABNT NBR 5419, a resistência deve atingir no máximo 10 Ohms,
quando equalizado com o sistema de para-raios ou no máximo 25 Ohms quando o sistema de
para-raios não existir na instalação. Os sistemas de aterramento devem ser realizados de modo
a garantir a melhor ligação com a terra. Os principais são: uma haste simples cravada no solo,
hastes alinhadas, hastes em triângulo, hastes em quadrado, hastes em círculos, placas de
material condutor enterrado no solo (exceto o alumínio), fios ou cabos enterrados no solo. O
sistema mais eficiente de aterramento é o sistema de malha de terra (NOGUEIRA, 2006)

A resistividade do solo é uma medida de quanto o solo resiste ao fluxo de eletricidade. É um


fator crítico na concepção de sistemas que dependem da passagem de corrente através da
superfície terrestre. A resistividade do terreno depende dos vários fatores, como a composição
do solo, umidade, temperatura, etc. Geralmente, o solo não é homogêneo, e sua resistividade
varia com a profundidade. O solo com baixa resistividade é bom para projetar o sistema de
aterramento. Esta mesma resistividade, varia com a profundidade. As camadas mais baixas do
solo têm maior teor de umidade e menor resistência. Se a camada inferior contiver camadas
duras e rochosas, a sua resistividade pode aumentar com a profundidade. (RW
ENGENHARIA, 2017).

A medida que as partículas aumentam de tamanho, o valor da resistividade, também aumenta.


Por isso, o cascalho tem uma resistividade maior que a argila, por exemplo. Toda essa
explicação teórica é de grande importância para o entendimento acerca do gel despolarizante

150 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


(exogel). Seu objetivo é dar tratamento ao solo onde a resistividade é muito alta, impedindo a
eficiência do aterramento e assim, impossibilitando o funcionamento do para-raios. Além do
benefício na parte elétrica, o gel também é sustentável, isso porque, é composto em sua
maioria por argilominerais que se integram ao solo sem agredi-lo, seus principais
componentes são: dióxido de silício, óxido de alumínio, óxido de ferro, óxido de potássio,
óxido de sódio, óxido de cálcio, óxido de magnésio. Também tem baixo índice de lixiviação,
o que contribui para a durabilidade do seu efeito no solo. Tendo custo acessível tornando sua
aplicação viável (ELETRICISTA CONSCIENTE, 2017).

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a otimização da funcionalidade do exogel, foi utilizada pesquisa bibliográfica, além de


entrevistas com corpo técnico docente. A pesquisa foi realizada através de artigos e
dissertações. Cada composto do exogel foi analisado afim de que fosse encontrado outra
substância onde a condutividade elétrica pudesse ser maior que os componentes do mesmo e o
impacto ambiental fosse ainda menor. Essa análise ocorreu da seguinte maneira: os
componentes base do gel foram identificados através de uma tabela, conforme abaixo.

Tabela 1. Proporções de componentes presentes no Exogel

Nome Químico Percentuais


SiO2 62,54%
Al2O3 24,42%
Fe2O3 2,78%
K2O 0,74%
Na2O 2,32%
CaO 1,50%
MgO 1,70%
Fonte – (Adaptada) L.A. Falcão Bauer, 2000.

A partir de então, pesquisas sobre cada composto, definiu qual dos compostos seria mais
agressivo ao solo e que não tirassem a característica principal do gel em caso de substituição.
Em seguida, após definido o Na2O para ser substituído, a pesquisa seguiu, a fim de que se
encontrasse um metal menos agressivo ao solo e tivesse resistividade elétrica mais baixa que
o mesmo. Desta forma, ocorre a obtenção da maior diminuição da resistividade do solo,

151 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


tornando a aplicação do gel em lugares onde se têm descargas elétricas maiores, em
subestações, por exemplo, sendo o local mais indicado. Além de, diminuir ainda mais os
impactos ambientais.

Para esquematizar a aplicação do produto, um fluxograma foi elaborado, conforme a figura 1:

Figura 1. Método de aplicação do Exogel

Abre-se um orifício
Mistura-se o Hexogel Coloca-se a metade
em torno do eletrodo
com enxada ou pá na do solo tratado
tratado 80 cm largura
metade do solo novamente no
x 80 cm
retirado orifício do eletrodo
profundidade

Misturar até ficar Inserir


homogêneo e repor o aproximadamente
restante do solo 40L de água sobre o
retirado sem solo, para iniciar o
tratamento. tratamento

Fonte: Os Autores

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através das pesquisas, pode-se observar que os compostos do exogel, são todos óxidos
metálicos, isso porque, o gel é composto em sua maior parte por argila (argilominerais). Os
metais têm baixa resistividade elétrica, dessa forma, facilitam a dissipação da descarga
elétrica ao solo. O maior objetivo desse artigo é substituir um desses metais por outro menos
poluente e menos resistivo, conduzindo mais eletricidade.

Levando em consideração que o tratamento é uma solução úmida, o componente escolhido


para substituição foi o óxido de sódio. Ele é abundante na natureza, é encontrado no mineral
halita e no sal marinho. Porém, é muito reativo, se oxida com o ar, reage violentamente com a
água além de também poder ser bastante corrosivo. O óxido de sódio, representa 2,32% da
composição total do exogel.

Para substituição, foi escolhido o óxido de ouro (III) na mesma porcentagem de aplicação.
Diferente do sódio, o ouro é pouco reativo e tem baixa resistividade elétrica. Ou seja, sua
152 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
condutividade elétrica é maior, uma corrente elétrica passa através do ouro com muita
facilidade. Além disso, ele não reage com a água e também não sofre facilmente lixiviação

Tabela 2. Comparação das resistividades dos dois compostos estudados

Componentes Resistividade (Ωm)

óxido de sódio 0,0470

óxido de ouro III 0,022

Fonte – (Adaptada) Edufer, 2018.

A diferença de resistividade entre os componentes é de 0,025 Ωm. O que significa que o Óxido de
Ouro III é 46,80% menos resistivo a correntes elétricas. Como a condutividade elétrica é diretamente
proporcional a resistividade, podemos considerar que o Au2O3 (Óxido de Ouro III) é 46,80% mais
condutor que o Na2O, (Óxido de Sódio) totalizando uma diferença positiva significante.

CONCLUSÃO

De acordo com estudo de caso realizado, pode-se chegar a conclusão que é viável a
substituição do óxido de sódio pelo óxido de ouro III. Ainda que a adição do ouro aumente o
custo do produto, ele atinge o objetivo principal que é diminuir a agressão ao solo e aumentar
a condutividade elétrica. Sendo assim, torna-se o solo menos resistivo, atingindo um campo
maior de aplicação, pois o mesmo passa a ser mais indicado também para proteções em locais
de grandes descargas atmosféricas, é o caso das subestações, por exemplo, que hoje, em sua
maioria, utilizam outros métodos de proteção. Expandindo o campo de aplicação, o retorno
financeiro também passa a ser maior, tornando viável o processo. Com isso, conclui-se que o
objetivo alcançado, e que as questões propostas no artigo foram solucionadas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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estruturas contra descargas atmosféricas. ABNT: Rio de Janeiro, 2005.

153 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7117: Medição de
resistividade do solo pelo método dos quatro pontos (Wenner). ABNT: Rio de Janeiro, 1981.

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<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/46/46134/tde-16092006-145739/pt-br.php>. Acesso em: 28
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EDUFER. Tabela de resistividade dos materiais condutores, semicondutores e isolantes.


Disponível em: <http://www.edufer.com.br/tabela-de-resistividade-dos-materiais-condutores-
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ELEMENTOS QUÍMICOS. Sódio. Disponível em: <http://elementos-quimicos.info/elementos-


quimicos/sodio.html>. Acesso em: 16 out. 2018.

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<http://www.eletricistaconsciente.com.br/pontue/fasciculos/5-aterramento/resistencia-e-resistividade-
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GARY, Claude. La foudre: des mythologies antiques à la recherche moderne. Elsevier Masson,
1994.

LIMA, Kellen Carla; GOMES, Roseli Gueths. Detecção de descargas elétricas atmosféricas em
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MODENA, Jobson; SUETA, Hélio. Fascículo XI - Aterramentos elétricos: Medição da resistividade


do solo 70ª ed, 2011. Disponível em: <http://www.osetoreletrico.com.br/wp-
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<https://www.sabereletrica.com.br/descargas-atmosfericas/>. Acesso em: 01 nov. 2018.

WR ENGENHARIA. Resistividade do solo. Disponível em:


<http://www.rwengenharia.eng.br/resistividade-do-solo/>. Acesso em: 31 out. 2018.

OPTIMIZATION OF THE EFFECT OF THE APPLICATION OF EXOGEL WITH


AMENDMENT IN THE BASIC COMPOSITION
Abstract: The lightning arrester operates so that the atmospheric discharge can enter or leave
the ground without passing through the conductive parts of the structure or through its
occupants, not damaging them or causing accidents. However, its efficiency depends on the
ground where the grounding is done, it is with a low resistivity, that is, within the values of
Ohms allowed for safety by ABNT NBR 7117 and ABNT NBR 5419. Exogel is used to treat
soils where resistivity is above permitted. It presents exceptional technical characteristics for
grounding due to its oxide-based formulation, it has good electrical conductivity (electrical
dispersion), high degree of hygroscopy, stability in the value of the ground resistance, besides
not attacking the ground. The objective of the article is to optimize the functionality of exogel
by replacing Sodium Oxide with Gold Oxide III, so that it will reduce even more the resistivity
of the soil without attacking it. The choice of the component to be replaced and the substitute,
was done through bibliographic research. Obtaining itself satisfactory result.

Keywords: Resistivity; Gold oxide III; Exogel.

155 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


PERSPECTIVAS SOBRE A RESPONSABILIDADE SOCIAL
CORPORATIVA NO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

Ricardo Luiz Fernandes Bella 1*; Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas2

1
Instituto de Ciência e Tecnologia, UFF – Rio das Ostras
2
Laboratório de Tecnologia, Gestão de Negócios e Meio Ambiente, UFF – Niterói.
*ricardobella@id.uff.br

Resumo: O objetivo deste estudo é explorar as possíveis contribuições do tema da


responsabilidade social corporativa no contexto do desenvolvimento de produtos. Para isso,
uma revisão da literatura é conduzida de forma sistemática na investigação do tema. Como
resultado se obteve apontamentos sobre como a responsabilidade social corporativa pode
apoiar estratégias proativas de desenvolvimento de produtos, alterando características,
materiais e processos de produtos, a fim de mitigar os impactos ambientais e sociais
negativos, trazendo imagem positiva, credibilidade e visibilidade às marcas.

Palavras-chave: Responsabilidade Social Corporativa; Desenvolvimento de Produtos;


Revisão da Literatura.

INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, as vantagens competitivas organizacionais estão intimamente relacionadas à
sua capacidade de lançar produtos com conceito inovador, mas sem perder as características
de qualidade e preço. Na literatura, existem muitos tipos de metodologia para o
desenvolvimento de produtos inovadores, mas a questão que se coloca sobre qualquer um
deles é: a responsabilidade social tem feito parte das discussões sobre produtos?

O conceito inicial de responsabilidade social veio de Trigueiro et al (2015), onde do consumo


consciente no início dos anos 1970 emerge o ambientalismo. Na década de 1980, a
governança corporativa e a preocupação ambiental começaram a caminhar juntas e a
população mundial começou a tomar consciência de seus impactos sócio-ambientais.

No entanto, as soluções ambientais e sociais não são economicamente atraentes e, portanto,


algumas indústrias se mantêm distantes de uma participação sustentável. Por exemplo, a
indústria têxtil e de moda encontrou barreiras relacionadas aos materiais ecológicos que
tendem a ser de baixa qualidade (Na & Na, 2015).

156 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Por outro lado, Turker (2009) afirmou que a responsabilidade social corporativa (RSC)
influência impactos positivos sobre os stakeholders e propôs um arcabouço conceitual. Na
mesma linha teórica, Inoue e Lee (2011) desagregaram a RSC em cinco dimensões: relações
com funcionários, qualidade do produto, relações com a comunidade, questões ambientais e
desempenho financeiro. Estes autores constataram que, embora todas as dimensões da RSC
tenham o objetivo de gerar efeitos financeiros positivos, dependendo da indústria os impactos
em curto prazo podem ser grandes barreiras para sua implementação.

MÉTODO
O método de pesquisa foi aplicado na base de dados bibliográficos Scopus. Foram Utilizados
os recursos de busca online para encontrar os artigos mais relevantes para analisar. Com a
intenção de fazer uma busca assertiva, as palavras de busca foram utilizadas exatamente como
elas normalmente são apontadas na literatura internacional: “Corporate Social Responsibility”
e “Product Development”. Estes termos foram inseridos nos buscadores com as aspas para
procurar a correspondência exata das palavras.

Essa abordagem foi muito restritiva e retornou como resultado um pequeno número de
publicações. Por isso, uma segunda iteração menos restritiva, na qual se substituiu a expressão
“Product Development” pela palavra “Product” foi realizada. Nesta iteração foram
encontradas cerca de mil publicações a serem investigadas.

Para investigar essa quantidade de publicações, em primeiro lugar, o escopo dos resultados foi
limitado pelo tipo de publicação, concentrando assim os resultados em pesquisas do tipo
artigos. Essa estratégia levou a oitocentos artigos, os quais foram abordados lendo os
primeiros oitenta artigos das categorias: data mais recente, data mais antiga e os mais citados.

Excluindo as repetições, essa amostra representou cerca de quarenta por cento do total de
artigos encontrados. Depois disso, os artigos mais relevantes foram selecionados para analise,
aonde os textos foram revisados em busca de discussões sobre a intersecção dos dois temas
propostos. A técnica de seleção se baseia na leitura dos resumos dos artigos e em alguns casos
em uma visão geral do artigo para esclarecimento.

Para analisar os artigos selecionados e alcançar o objetivo de rever a intersecção dos temas,
duas perguntas nortearam a leitura dos artigos: a responsabilidade social corporativa foi

157 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


considerada no desenvolvimento de produtos; e em que fase do desenvolvimento do produto a
responsabilidade social corporativa foi aplicada.

RESULTADOS
RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA
A Responsabilidade Social Corporativa (RSC), segundo o Instituto Ethos de Empresas e
Responsabilidade Social, é a forma de gestão que define o relacionamento ético entre a
organização determinada e seus stakeholders interessados nos negócios de forma socialmente
responsável. Na maioria dos casos, essas relações são endireitadas pelo estabelecimento de
metas e indicadores de monitoramento, à luz do desenvolvimento sustentável, preservando a
cultura e as fontes ambientais para geração futura, levando em consideração a diversidade
ambiental e social e a redução da desigualdade social. Nesse contexto, no Brasil, a
desigualdade social é tão grande que a demanda social se tornou mais relevante para a RSE.

Dessa forma, as práticas de RSC implicam mudanças comportamentais e gerenciais na


Organização para tornar o mais claro possível a ética e os valores envolvidos com as partes
interessadas. Portanto, a responsabilidade social é um processo de melhoria contínua em
termos de relacionamento entre funcionários, comunidade e outras partes interessadas, com
foco no desenvolvimento sustentável e crescimento responsável.

O compromisso Organizacional com a sustentabilidade para os stakeholders internos e


externos traz um crescimento sustentável e uma imagem positiva, além de, credibilidade e
visibilidade da organização com as partes interessadas envolvidas.

Como observado por Rondinelli e Berry (2000), o conceito de desenvolvimento sustentável


expandiu-se para incluir ao crescimento econômico a proteção ambiental e a eqüidade social,
no âmbito do planejamento e tomada de decisões. Muitas empresas multinacionais estavam se
engajando em programas de cidadania corporativa para promover o desenvolvimento
sustentável. Os programas de cidadania corporativa geralmente são definidos de duas
maneiras: filantropia ou relações com partes interessadas para abordar problemas sociais.

No entanto, à luz do conceito do Triple Bottom Line, os objetivos de desenvolvimento


sustentável da proteção ambiental e da equidade social devem ter a mesma importância do
crescimento econômico. Nesse contexto, por incentivar investimentos em aspectos sociais,

158 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


foram criados selos de certificação, que garantem vantagem competitiva em boas práticas para
os estabelecimentos certificados. Os principais selos de responsabilidade social no Brasil são:

• ISO 14001: Criado em 2004 pela International Organization for Standardization (ISO).
A ISO 14000 destaca as ações ambientais da instituição certificada.
• AA1000: Criado em 1996 pelo Institute of Social and Ethical Accountability. A
AA1000 destaca a parceria entre a organização e seus stakeholders internos e externos.
• SA8000: Criado em 1997 pela Agência de Credenciamento de Prioridades
Econômicas do Conselho (CEPAA). A SA8000 destaca as relações de trabalho e foco,
principalmente, trabalho infantil, trabalho escravo ou discriminação.
• ABNT-ISO 26000: Criada em 2010, pela International Organization for
Standardization (ISO). A ISO 2600 se concentra nos princípios da RSC.

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS
O desenvolvimento de produtos é um conjunto de etapas que inclui a conceituação, o design,
o desenvolvimento e o marketing de produtos ou serviços. O objetivo do desenvolvimento de
produtos é manter e aumentar a participação de mercado de uma empresa, satisfazendo a
demanda do consumidor. Sabe-se que nem todo produto atrai a todos, portanto, definir o
mercado-alvo para um produto é um componente crítico que deve ocorrer no início do
processo de desenvolvimento do produto.

A pesquisa quantitativa de mercado deve ser conduzida em todas as fases do processo de


projeto, inclusive antes que o produto ou serviço seja concebido, enquanto o produto estiver
sendo projetado e após o lançamento do produto. Nesse contexto, segundo Rozenfeld (2006),
o desenvolvimento de produtos pode ser estruturado em um modelo de nove etapas,
organizado em três etapas macro. As etapas macro são: pré-desenvolvimento,
desenvolvimento e pós-desenvolvimento.

Na fase de pré-desenvolvimento, o planejamento estratégico do produto deve ser definido. A


fase de desenvolvimento inclui o planejamento do projeto; o projeto informacional, o projeto
conceitual; o projeto detalhado; a produção preparada e o lançamento do produto. Finalmente,
na fase de pós-desenvolvimento consiste em monitorar o produto ou processo desenvolvido e
decidir sobre a descontinuação do produto.

159 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


É importante dizer que o desenvolvimento de produtos é um processo de negócios crítico
devido à internacionalização do mercado, ao aumento da variedade de produtos e à redução
do ciclo de vida do produto. Por esse motivo, produtos mais novos são criados para atender a
um mercado específico, levando em consideração novas tecnologias.

PRE-DEVELOPMENT PRODUCT STRATEGIC PLANNING

PROJECT PLANNING

THE INFORMATIONAL PROJECT

DEVELOPMENT THE CONCEPTUAL PROJECT

THE DETAILED PROJECT

THE PRODUCTION PREPARATION

PRODUCT LAUNCH

MONITORING THE DEVELOPED PRODUCT


POST-DEVELOPMENT
PRODUCT DISCONTINUANCE

Figura 4 – Modelo Rozenfeld de Desenvolvimento de Produtos


Fonte: Rozenfeld (2006)

DISCUSSÃO
A Responsabilidade Social Corporativa (RSC) descreve os valores e esforços voluntários das
empresas para se engajar em práticas de negócios que não se concentram exclusivamente nos
lucros dos acionistas, mas também considera interesses mais amplos das partes interessadas,
como sustentabilidade ecológica e justiça social (Sperry e Jetter 2012).

O desenvolvimento de produtos é uma atividade focal para a implementação de estratégias de


RSC, pois determina as características das ofertas de mercado de uma empresa (Tu et al.,
2013). Ele pode reduzir ou até mesmo eliminar os impactos ambientais e sociais negativos,
alterando as características, materiais e processos do produto associados à produção,
distribuição e descarte (Sutcliffe et al 2009). Isto é conseguido através de melhorias
incrementais de produtos existentes (por exemplo, motores de combustão interna com maior
eficiência de combustível), e através de produtos inteiramente novos (por exemplo, veículo
elétrico) e materiais substituíveis, que podem levar à chamada sustentabilidade forte.

A Responsabilidade Social Corporativa visa mudar os conceitos passados de lucro das


empresas e sugere que é bom para as empresas desenvolverem produtos de acordo com o

160 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


novo conceito de desenvolvimento sustentável (Beckmann, 2010). No entanto, suas
preocupações são preços, índice de lucro, proteção ambiental, necessidades, demanda do
mercado e reciclagem (Mattioda 2013).

A certificação de selos de produtos sustentáveis é influente e deve se preocupar com as


exigências das regulamentações, cooperação de cadeias industriais, custo e qualidade
(Moreira et al 2015). Assim, em relação ao consumo, o valor funcional e intrínseco dos
produtos pode ser mais importante do que a prioridade dos produtos sustentáveis (Borja et al
2013). Portanto, durante o desenvolvimento, as empresas devem se preocupar com as funções
e o valor agregado dos produtos, bem como com os materiais ambientais, segurança,
engenharia do fator humano, manutenção (redução de desperdício) e etc (Chi 2015).

A RSC influencia relativamente a sustentabilidade e processos de fabricação de produtos


(Jetter e Sperry 2013). No entanto, como sugerido acima, depende dos gestores da empresa
incluir a proteção ambiental nos processos de desenvolvimento e fabricação, a fim de atender
às regulamentações relacionadas (Hobby et al 2009). Assim, no design e desenvolvimento,
tais regulamentos encontrarão mais obstáculos. A construção de marcas e responsabilidades
corporativas são importantes indicadores de RSE (Lymperopoulos et al 2012). O valor da
marca é o principal objetivo para as empresas desenvolverem CSR (koo 2016).

Portanto, os efeitos na identificação e na demanda dos consumidores indiretamente aumentam


o desenvolvimento de produtos sustentáveis das empresas, mesmo que a implementação possa
ser difícil. O transporte corporativo não deve depender de uma única execução. O
desenvolvimento sustentável pode ser implementado por orientação e assistência do governo
(Kara et al 2014).

A construção de imagem de marca corporativa, marcas boca-a-boca de produtos sustentáveis,


construção de produtos e qualidade de serviço são os fatores-chave das opiniões dos
consumidores sobre produtos sustentáveis; assim, os consumidores percebem que o propósito
do desenvolvimento de produtos sustentáveis pelas empresas é aumentar os benefícios sociais
gerais (Milles et al 2002). Além disso, os consumidores exigem boas barganhas de menor
custo econômico, o que será uma das questões críticas nos futuros desenvolvimentos
corporativos (Dreyer et al 2006).

Os fatores básicos para o desenvolvimento de produtos sustentáveis são apoio técnico,


cooperação de cadeias industriais e benefícios econômicos (Cao et al 2015). A prioridade é
lidar com a autoridade da qualidade do produto e dos conceitos dos proprietários de negócios.
161 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
Além disso, os efeitos da demanda do mercado e da imagem da marca devem ser motivo de
preocupação (Uslay et al 2009).

O escopo atual de desenvolvimento sustentável das empresas é limitado à economia de


energia, proteção ambiental, reciclagem, proteção ambiental de materiais, manufatura verde,
manutenção, alto valor agregado e assim por diante, que são as dimensões do
desenvolvimento de produtos (Sanzo et al 2012). No entanto, a sustentabilidade do
desenvolvimento corporativo geral é mais importante. Em outras palavras, a RSC mostra-se
como uma tendência futura (Waage 2007).

CONCLUSÃO
O desenvolvimento de produtos pode suportar estratégias proativas de RSC, alterando
recursos, materiais e processos de produtos, a fim de reduzir ou até mesmo eliminar os
impactos ambientais e sociais negativos. No entanto, a literatura sobre RSC fornece pouca
orientação prática para o desenvolvimento de novos produtos, mas promove princípios gerais
para responder a questões ambientais e sociais.

Um desses princípios orientadores é o conceito de engajamento de partes interessadas, mas


até o momento, existem poucas abordagens práticas para integrar as visões e necessidades das
partes interessadas no desenvolvimento de produtos. E, embora as empresas sejam
essencialmente unidades de negócios que devem buscar o lucro como prioridade, há espaço
para a RSC ser introduzida no processo de desenvolvimento de produto alinhando-se a
necessidade das unidades de negócios de maximizar seus lucros.

Assim, a introdução do desenvolvimento sustentável de produtos por meio do melhor


desempenho ambiental de produtos e serviços tornou-se, ultimamente, um dos principais
objetivos estratégicos e operacionais dos fabricantes. Isto se deve às influências de várias
partes interessadas, incluindo governo, consumidores, sociedades e parceiros comerciais.
Evidentemente, diferentes fabricantes implementam diferentes práticas ambientais para o
desenvolvimento de produtos sustentáveis, dependendo de vários fatores determinantes, como
conscientização do cliente, legislação, benefícios econômicos e estratégias competitivas, etc.

Sendo assim, os fabricantes podem empreender com eficiência o desenvolvimento de


produtos sustentáveis implementando o pensamento sobre o ciclo de vida em seu sistema.
Dessa forma, eles podem monitorar os pontos críticos do ambiente ao longo do ciclo de vida

162 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


de um produto e minimizar o impacto ambiental de forma eficaz. Por isso, pesquisadores se
concentraram no desenvolvimento de ferramentas e estratégias para apoiar os fabricantes na
implementação de estudos sustentáveis de fabricação e desenvolvimento de produtos.

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164 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


CORPORATE SOCIAL RESPONSIBILITY IN PRODUCT DEVELOPMENT
Abstract: The objective of this study is to explore the possible contributions of the theme of
corporate social responsibility in the context of product development. For this, a review of the
literature is conducted in a systematic way in the investigation of the theme. As a result, we
have obtained notes on how corporate social responsibility can support proactive product
development strategies, changing characteristics, materials and product processes, in order
to mitigate negative environmental and social impacts, bringing positive image, credibility
and visibility to brands.

Keywords: Corporate Social Responsibility; Product Development; Literature Review.

165 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


POTENCIAL DO CAPIAÇU COMO BIOMASSA ENERGÉTICA
Josiane da Silva Torres Machado1* & Roberson Machado Pimentel2

12
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Biossistemas daUniversidade Federal Fluminense, Rua Passo
da Pátria, 156 bloco D sala 236 - São Domingos, CEP 24210-240, Niterói - RJ.

*josianetorres@outlook.com.br

Resumo: Objetivo na condução deste trabalho será caracterizar o potencial do capim-elefante


(Pennisetum purpureum - BRS Capiaçu), para produção de biomassa como alternativa energética em
diferentes épocas de corte, cultivadas na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro. Os
tratamentos constituem quatro diferentes épocas de colheita da gramínea, com os cortes a serem
realizados aos 120, 150, 180 e 210 dias. O experimento foi planejado em delineamento inteiramente
casualizado (DIC) com quatro repetições, totalizando, portanto, 16 unidades experimentais (4
tratamentos x 4 repetições). As parcelas experimentais possuem 20 m2 onde será efetuada avaliação da
produção de folha (PF), entre- nos (EN), diâmetro do caule (DC), a altura da planta (AP) e o número
de perfilhos (NP). A energia existente em um combustível é proporcional ao poder calorífico, dessa
forma há a necessidade de conhecer essa propriedade na avaliação para insumo energético.
Inicialmente a biomassa relativa à gramínea será caracterizada por meio da determinação da umidade,
poder calorífico, teor de cinzas, lignina, fibra e carbono através de análise em laboratório onde serão
comparadas entre os próximos cortes estimando a quantidade de matéria seca.

Palavras-chave: Energia renovável; capim elefante; sustentabilidade.

INTRODUÇÃO
A biomassa das plantas tornou-se importante estratégia para suprir energia renovável,
principalmente após o Acordo de Paris (COP-21), ocorrido em 2015. Nesse acordo os países
se comprometeram em reduzir as emissões de gases do efeito estufa, principalmente com
relação ao dióxido de carbono liberado durante a queima de combustíveis fosseis,
considerados não renováveis. Para viabilizar o comprometimento das metas estipuladas deve
ser estimulada pelos países a inclusão de fontes renováveis para gerar energia (ONU, 2015).

Comparado aos combustíveis fósseis que deriva do petróleo, o uso de biomassa vegetal tem
como benefício menor emissão de gases que ocasionam o efeito estufa. Além disso, a
biomassa oriunda das plantas é considerada energia sustentável, pois o carbono liberado na
combustão seria o mesmo carbono previamente incorporado às plantas na etapa da
fotossíntese. No cenário atual a biomassa como fonte de energia representa 8,3%, enquanto
o gás natural corresponde a 9,1% e as hidroelétricas 68,1% da oferta nacional de energia
(EPE, 2017).

166 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


O interesse em forrageiras de crescimento rápido e de elevada taxa de produtividade
despertam o interesse do setor energético para utilizá-las como fonte de energia renovável
(BNDES 2009). Dessa maneira, por causa da relevância desse tema o presente estudo visa
utilizar o capim-elefante (Pennisetum purpureum - BRS Capiaçu) para avaliar o potencial
dessa gramínea como fonte de biomassa energética.

Uma importante qualidade da biomassa que deve ser levada em consideração, quando
avaliado é o poder calorífico, ao que se diz respeito a combustão de mesma fonte de energia
a substituir combustível fóssil. Com tudo, a umidade e a densidade baixa se tornam não
desejáveis para que a biomassa seja utilizada como insumo energético, que através do
processo de decomposição pode danificar a matéria. O processo de secagem por secador
rotativo ou secagem ao sol, se tornam necessários para remover a umidade. (Embrapa
Tabuleiros Costeiros, 2015). A geração da biomassa como gramíneas produtivas, a exemplo
do capim elefante (Pennisetum purpureum), é promissora nos países tropicais. Nessas
plantas

características como elevado percentual de lignina e fibras, potencializam o poder calorífico


para otimizar a queima (QUESADA et al., 2004). Adensar a biomassa para produzir
combustível sólido como pellets, envolve triturar, compactar e secar a matéria, essas são
técnicas cruciais no aumento da eficácia energética ao se utilizar tais matérias. (Embrapa
Tabuleiros Costeiros, 2015). A efetividade no uso do Capim como fonte de matéria para
gerar energia é justificada por sua excelente adaptação a condições diferentes
edafoclimáticas que permitem produzir grandes quantidades da biomassa a elevado poder
calorífico. Porém existe ainda dependência no setor agropecuário, onde se faz muito o uso
da lenha para gerar energia. Por tanto, novas alternativas na produção energética são
pesquisadas, sobretudo, as de fontes renováveis que evitem extrair madeiras em florestas.
Cultivar espécies como forrageiras para a produção de biomassa é uma alternativa
considerada promissora no suprimento da matéria- prima que, por sua vez requer, grande
demanda para fins de produzir energia, tanto no setor agrícola quanto para área industrial, no
demais abastecendo caldeiras de cerâmicas, fábricas cimentícias e usinas sucroenergéticas.
(Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2015).

167 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


MATERIAL E MÉTODOS
A implantação do experimento teve início no mês de outubro de 2017 na Fazenda Escola de
Cachoeiras de Macacu, pertencente à Universidade Federal Fluminense, situada na cidade de
Cachoeiras de Macacu, estado do Rio de Janeiro. As coordenadas geográficas do local são:
latitude 22º 27’ 45” S, longitude 42º 39' 11" W e altitude de 57m.

O genótipo de capim-elefante (Pennisetum purpureum - BRS Capiaçu) foi plantado em


parcelas de dimensões de 4 x 5 (20m2). O experimento foi planejado em delineamento
inteiramente casualizado (DIC) com quatro repetições, totalizando, portanto, 16 unidades
experimentais (4 tratamentos x 4 repetições). No trabalho em campo inicialmente foi usado
um quadro medindo 1m2 para separar 2 amostras do capim, posteriormente foram utilizados
alguns equipamentos para auxiliar a medição e pesagem, foi necessário usar uma Ensiladeira
da marca Mogeana, modelo MG-1600, registrada na figura 1, para picar o capim em seguida
pesar a quantidade de material total. Em cada parcela foram avaliadas a produção total
utilizando uma balança digital de mão modelo STC-01, como mostra a figura 2. Para a
avaliação de entre-nos (EN) foram realizadas manualmente, identificando a quantidade de
entre-nos existentes na extensão do colmo, o diâmetro do caule (DC) foi medido através do
paquímetro digital modelo Pittsburgh 6”, de acordo com a figura 4. Na medição da altura da
planta (AP) foi efetuada por meio de trena e o número de perfilhos (NP) caracterizado por
contagem manual de cada planta, identificado na figura 3. Em seguida, as amostras
passarão pelo processo de secagem, separadas e trituradas individualmente e serão
submetidas à análise laboratorial para mensurar os teores de fibra, cinzas, lignina, carbono e
poder calorifico. Os resultados apresentados são referentes ao corte de 120 dias da planta.

Figura 1. Processo de picagem do capim Figura 2. Pesagem da produção total

Fonte: Autoria própria, 2018 Fonte: Autoria própria, 2018

168 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Figura 3. Separação do capim Capiaçu figura 4. Medição do diâmetro do colmo

Fonte: Autoria própria, 2018. Fonte: Autoria própria, 2018.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
No tratamento realizado aos 120 dias de idade de corte nas quatro repetições como mostra o
gráfico 1 abaixo, verificou-se que a altura média da planta (AP) entre as variáveis da parcela
identificada como repetição 1 ficou em 268cm, a média do número de entre-nos (EN),

14. O diâmetro do caule (DC) registrou uma média de 13mm. O número de perfilhos (NP)
contabilizado foi de 22 unidades por m2 e a produção de folha (PF), 2.105Kg/ha-1. Na
repetição 2 a altura média da planta (AP) entre as variáveis ficou 270cm, com 14 em média
de número de entre-nos (EN). O diâmetro do caule (DC) atingiu a média de 12mm, enquanto
o número de perfilhos (NP) chegou a média de 18 por m2 e a produção de folha (PF),
1.650Kg/ ha-1. A repetição 3 mostrou a altura (AP) média de 276cm e média de 14 entre-
nos (EN). O diâmetro do caule (DC) apresentou média de 13mm, foram contabilizados 34
perfilhos (NP) por m2 em média e 3.000 Kg/ ha-1 de produção (PF). Já na repetição 4,
apresentou altura média da planta (AP) de 239cm e média de 13 entre-nos (EN), 13mm de
diâmetro do caule (DC) e 23 perfilhos (NP) por m2 em média. A produção (PF) foi de
169 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
3.030kg/ ha-1. Através de análise laboratorial serão mensurados, comparados e
caracterizados os teores de fibra, cinzas, lignina, carbono e por fim o poder calorífico, entre
os próximos cortes do capim. A questão ambiental atualmente é uma notável preocupação de
empresas no mundo, a relevância negativa dos gases de efeito estufa (GEE) e consequências
para o aquecimento global, se for considerado que a principal fonte de emissão de GEEs
seria a queima dos combustíveis fósseis, torna necessário se buscar por alternativas
energéticas, sobretudo, de combustíveis renováveis. A responsabilidade no contexto ao meio
ambiente aumenta cada dia mais no setor industrial. Para minimizar índices de degradação
no ambiente empresas vêm buscando certificados, assim também a economia dos recursos,
por tanto, se faz necessário que haja novas estratégias que consigam conciliar economia não
desprezando o desenvolver social e ambiente conservado.

O uso do Capiaçu vislumbra interesse pelo fato de estar contribuindo de forma positiva na
diversificação da matriz energética brasileira.

Gráfico 1. Altura (A), Entre-nos (B), Diâmetro (C), Perfilhos (D) e Produção (E) do capim
elefante BRS-Capiaçu com a idade de corte de 120 dias nas quatro repetições.

Fonte: Autoria própria, 2018.

170 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


CONSIDERAÇÕES FINAIS

No tratamento realizado à idade de corte de 120 dias na avaliação, no gráfico A, referente à


altura da planta (AP) manteve-se um equilíbrio entre as médias 1, 2 e 3, ocorrendo uma
diferença apenas na média 4. Na avaliação, no gráfico B, referente aos entre-nos (EN) foi
mantido a estabilidade entre as médias. Para a avaliação do gráfico C, do diâmetro do caule
(DC) entre as médias 1, 3 e 4 observa-se que são idênticas, com pequena diferença somente
na média 2. Quanto ao gráfico D, relativo ao número de perfilhos (NP) e gráfico E, produção
de folha (PF), percebem-se discordâncias significativas entre as médias. No que se refere aos
números de perfilhos (NP) 1, 2 e 4 mantém-se a média com relevante diferença na 3. Já na
avaliação da produção de folha (PF), no gráfico E, manteve-se aproximadas proporções
entre as médias 3 e 4, com diferenças consideráveis entre 1 e 2.

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171 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
produção de energia através da biomassa. Embrapa Agrobiologia, 4 p. (Embrapa
Agrobiologia. Circular técnica, 8), maio, Seropédica.

POTENTIAL OF CAPIAÇU AS AN ENERGY BIOMASS


Abstract: The objective of this work will be to characterize the potential of elephantgrass
(Pennisetum purpureum - BRS Capiaçu), for the production of biomass as an alternative
energy in different cutting seasons, cultivated in the metropolitan region of the state of Rio de
Janeiro. The treatments are four different harvesting times of the grass, with cuts to be
performed at 120, 150, 180 and 210 days. The experiment was planned in a completely
randomized design (DIC) with four replicates, thus totaling 16 experimental units (4
treatments x 4 replicates). The experimental plots have 20 m2 where the evaluation of the leaf
production (PF), between them (EN), stem diameter (DC), plant height (AP) and number of
tillers (NP) will be carried out. The energy in a fuel is proportional to the calorific power, so
there is a need to know this property in the evaluation for energy input. Initially the biomass
relative to the grass will be characterized by means of the determination of the humidity,
calorific value, ash, lignin, fiber and carbon content through laboratory analysis where they
will be compared between the next cuts estimating the amount of dry matter.

Keywords: Renewable energy; elephant grass; sustainability.

172 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


PROCESSO DE EXTRAÇÃO DE COMPOSTOS ANTIOXIDANTES:
EXPERIMENTAL E SIMULAÇÃO

Marianna Soares de Almeida1*, Ana Paula de Carvalho Faria2, Larissa Dionísio da Silva3, Hídila
Souza Teixeira da Silva4, Cristiane de Souza Siqueira Pereira5

12345
Curso de Engenharia Química da Universidade de Vassouras, Vassouras, RJ, Brasil.
*mariannasoares403@yahoo.com

Resumo: O consumo regular de frutas e hortaliças colaboram na prevenção de doenças


degenerativas, e o efeito “protetor” causado por estes alimentos pode ser associado a presença de
compostos antioxidantes, os quais destacam-se os compostos fenólicos, β- caroteno, vitamina B e
vitamina C. A indústria alimentícia busca constantemente compostos fazendo com que novas
tecnologias surjam em meio às pesquisas. Os compostos bioativos fazem total diferença quando
aplicados na indústria. No Brasil a cebola é considerada a terceira hortaliça com maior importância
econômica, com produtividade média de 18,45 t/h, sendo produzida em diversos estados brasileiros. A
quercetina é um flavonoide encontrado na cebola roxa e apresenta funções antioxidantes, anti-
inflamatórias e anticarcinogênica. O presente trabalho avaliou a técnica de extração utilizando um
simulador de processos e ensaios experimentais. A escolha adequada do solvente, fração da cebola,
temperaturas de secagem e extrações são determinantes na obtenção do produto final. Os ensaios
experimentais descrevem a extração da cebola roxa em um aparato Soxhlet apresentando um
rendimento de 26,65% ± 9,54% e o simulador apresenta um fluxo mássico de saída do sistema de
0,36244 kg/dia de extrato de quercetina. Assim, pode-se concluir que a simulação pôde prever de
forma eficiente a técnica de extração utilizando um soxhlet quando comparado a ensaios laboratoriais.

Palavras-chave: Flavonoides, Quercetina, Cebola Roxa.

INTRODUÇÃO
A atividade metabólica produz constantemente radicais livres no organismo humano, esses
quando gerados in vivo reagem com proteínas, RNA, DNA, dentre outras substâncias
oxidáveis, causando assim o envelhecimento das células e favorecendo a instalação de
doenças degenerativas no organismo, como por exemplo o câncer. RAMARATHNAM, 1995
aponta que o processo oxidativo mais frequente no organismo humano é a autoxidação de
ácidos graxos em membranas celulares.

173 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


O consumo regular de frutas e hortaliças colaboram na prevenção de doenças degenerativas, e
o efeito “protetor” causado por estes alimentos pode ser associado a presença de compostos
antioxidantes, os quais destacam-se os compostos fenólicos, β-caroteno, vitamina B e
vitamina C. (RICE-EVAN, 1995) e (WANG, 1996).

Os compostos bioativos fazem total diferença quando aplicados na indústria. No Brasil a


cebola é considerada a terceira hortaliça com maior importância econômica, com
produtividade média de 18,45 t/h, sendo produzida em diversos estados brasileiros, no
entanto, apresenta baixa produtividade na utilização de novas tecnologias apropriadas,
principalmente para o uso de fertilizantes e na oferta de nutrientes (RESENDE, 2009).

A quercetina é um flavonóide encontrado na cebola roxa (Allium ceppa L.) e apresenta


funções antioxidantes, antiinflamatórias e anticarcinogênica. Também é possível encontrar tal
composto em alimentos como alcaparras, pimentão amarelo, limão, maçã com casca, uva
vermelha, brócolis, cervejas em lata, entre outros, apresentando uma quantidade variável em
cada alimento (RESENDE, 2009).

MATERIAIS E MÉTODOS

Os ensaios experimentais foram realizados no laboratório de química da Universidade de


Vassouras. As cebolas foram compradas em um supermercado na cidade de Valença – RJ.
Para que ocorresse uma melhor extração, secou-se a cebola roxa em uma estufa com
temperatura fixada de 105ºC por um tempo de 26 h. A Figura 1 ilustra a cebola seca.

Figura1. Cebola roxa após a secagem na estufa.

174 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Fonte: Os Autores
Para o processo de extração do extrato da cebola roxa, a extração foi realizada em aparelho
Soxhlet com 700 mL de etanol e aproximadamente 8 g do resíduo seco da cebola. Após o
processo de extração, o solvente foi evaporado em rota vapor. A Figura 2 ilustra o processo de
extração.

Figura 2. Processo de extração no Soxhlet

Fonte: Os autores
Utilizou-se como solvente de extração o etanol (99,5%). Os procedimentos foram realizados em
triplicata em diferentes tempos de extração: 2 horas, 4 horas e 6 horas.

175 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO

Segundo Intelligen (2014) o SuperPro Designer® é um conjunto de ferramentas computacionais


para projeto e avaliação de especialidades químicas, farmacêuticas, agroquímicas, alimentos,
reciclagem e tratamento de resíduos. É um software moderno de processos industriais, constituído de
módulos que representam os processos das indústrias químicas incluindo separadores, trocadores de
calor, biorreatores, etc. O simulador apresenta um conjunto de ferramentas capazes de realizar
balanços de massa e energia, analisar tempo de processamento, entre outras funções. O software
permite que o usuário analise operações unitárias básicas individuais ou a combinação destas
operações unitárias para uma análise integrada. Vários tipos de configurações de processos podem ser
estudados através do fluxo de diagramas esquemáticos produzidos pelo usuário (PEREIRA et al.,
(2016).

Primeiramente foi criado um fluxograma a fim de prever as etapas do processo de extração. Essas
etapas são demonstradas na figura 3.

Figura 3. Etapas do processo de extração do resíduo

Fonte: Os autores

A simulação do processo foi realizada no simulador de processos SuperPro Designer com


base no trabalho desenvolvido por PEREIRA et al., (2016). Para representação da etapa de
extração um extrator Mixer-Settler de sólidos foi utilizado para representar um recurso de

176 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


equipamento tipicamente usado para hospedar um procedimento de extração, com um
objetivo principal de realizar a partição de solutos entre as fases de solvente líquido e uma
fase de sólidos. Um decantador de misturador consiste em um primeiro estágio que mistura
as fases juntas seguidas por um estágio de sedimentação quiescente que permite que as
fases se separem por gravidade (INTELLIGEN, INC.). O procedimento pode ser executado
em batelada ou fluxo contínuo. A Figura 4 ilustra as etapas do processo do extrato da
cebola roxa.

Figura 4. Ilustração da extração desenvolvida no simulador.

Fonte - (Adaptado) SuperPro Designer v9.0.

Foi realizado um levantamento dos principais componentes da cebola, esse serviu como
referencial teórico do presente estudo. De acordo com dados do IBGE, 2005, HUBER, 2008 e
ARABBI, 2004, a cebola roxa é composta basicamente por vitaminas do complexo B,
vitamina C e água além de quercetina que é o flavonóide de interesse.

Considerou-se uma alimentação a uma razão de 8 kg\dia resíduo seco, alimentando-se 703,7 L
de solvente (etanol-99,5%). Cadastrou-se no banco de dados do programa a alimentação
composta pela mistura representada na Tabela 1. Constituiu-se também como alimentação o
fluxo de solvente.

Tabela 1. Composição da cebola roxa


Componente Composição
Tiamina ou vitamina B1 1%
Riboflavina ou vitamina B2 1%

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Niacina ou vitamina B3 1%
Vitamina C 20%
Quercetina 17%
Água 60%
Fonte: Os autores

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao analisar os dados obtidos, foi observado que ao utilizar o etanol, como solvente, o rendimento foi
satisfatório. A literatura apresenta o trabalho de Galo et al., (2018) em que os autores concluíram que o
melhor processo de extração da quercetina da cebola roxa ocorreu quando utilizou-se etanol a 60% e
tempo de extração de 2 horas. A Tabela 2 apresenta os rendimentos obtidos para cada tempo de
extração.

Tabela 2. Dados da extração do resíduo da cebola roxa

Tempo (h) Rendimento (%)


2 18,54 ± 5,63
4 23,68 ± 22,6
6 26,65 ± 9,45
Fonte: Os autores

Em todas as amostras analisadas o rendimento médio da extração de 6 horas foi maior que o
rendimento médio das extrações realizadas em 2 horas e 3 horas. Diante deste fato, observa-se
que o tempo de extração influencia diretamente no rendimento do processo, uma vez que ao
comparar o rendimento em cada tempo, em 6 horas, mais ciclos são realizados e mais extrato
da cebola tende a ser extraído.

Com os dados inseridos no simulador, realizou-se o balanço de massa do processo. Os


resultados obtidos pelo simulador foram comparados aos resultados obtidos em escala
laboratorial e pode-se observar que as composições do extrato e solvente estavam na mesma
proporção, corroborando assim a capacidade de simulação do processo pelo simulador.

Tabela 4. Relação de saída do processo de extração

178 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Componente Entrada Saída
Álcool 700 kg/dia 280,33 kg/dia
Extrato da cebola 8kg/dia 0,36 kg/dia

Fonte: Adaptado de SuperPro Designer v9.0.

CONCLUSÃO

No presente trabalho avaliou-se o rendimento de extratos do resíduo da cebola roxa com foco no
reaproveitamento de seus componentes de valor agregado como os flavonoides. Após estudos,
concluiu- se que o melhor tempo de extração foi de 6 horas obtendo-se o rendimento de
aproximadamente 26,65% ± 9,45 %. Os resultados obtidos na simulação e no procedimento
experimental permitem avaliar que é possível a extração. Novos estudos deverão ser feitos
considerando a purificação do extrato e quantificação do teor de flavonoides em especial a quercetina.
Esta etapa de purificação deverá ser desenvolvida também na simulação, assim como o reciclo do
solvente.

REFERÊNCIAS

ARABBI, P. R.; GENOVESE, M. I.; LAJOLO, F. M. Flavonoids in vegetable foods commonly


consumed in Brazil and estimated ingestion by the Brazilian population. J. Agric. Food Chem., v.52,
p.1124-1131, 2004.

HUBER, L. S.; RODRIGUEZ-AMAYA, D. B.; Flavonóis e flavonas: fontes brasileiras e fatores que
influenciam a composição em alimentos. Alim. Nutr., Araraquara v.19, n.1, p. 97-108, jan./mar. 2008.
Disponível em: http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/alimentos/article/view/205/210 Acesso
em: 09/11/2018.

IBGE. Censo agropecuário. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br Acesso em: 09/11/2018.

INTELLIGEN, INC.. Superpro designer®. Disponível em:


<http://www.intelligen.com/superpro_overview.html>. Acesso em: 31 out. 2018.

PEREIRA, C.S.S.; PESSOA, F, L, P,; MENDONÇA, S.; RIBEIRO, J.A.A., AND MENDES, M. F.;
Technical and Economic Evaluation of Phorbol Esters Extraction from Jatropha Curcas Seed Cake
using Supercritical Carbon Dioxide. American Journal of Biomass and Bioenergy (2016) Vol. 5 No.
2 pp. 65-80 doi:10.7726/ajbb.2016.1006.

RAMARARHNAM, N.; OSAWA, T.; OCHI, H.; KAWAKISHI, S. The contribution of plant food
antioxidants to human health. Trends Food Sci. Technol., v. 6, n. 3, p. 75-82, 1995.

RESENDE, G. M. de; Costa, Nivaldo Duarte . Produtividade e armazenamento de cebola (Allium


cepa L.) submetida a doses de nitrogênio e potássio via fertirrigação em cultivo de verão. Ciência e
Agrotecnologia (UFLA), v. 33, p. 153-163, 2009.

179 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


RICE-EVANS, C. A.; MILLER, N. J.; PAGANGA, G. Structure antioxidant activity relationship of
flavonoids and phenolic acid. Free Radical Biol. Med., v. 20, n. 7, p. 933-956, 1996.

WANG, H.; CAO, G.; PRIOR, R. L. Total antioxidant capacity of fruits. J. Agric. Food
Chem., v. 44, n. 3, p. 701-705, 1996.

PROCESS OF EXTRACTION OF ANTIOXIDANT COMPOUNDS: EXPERIMENTAL AND


SIMULATION
Abstract: Regular consumption of fruits and vegetables helps prevent degenerative diseases,
and the "protective" effect caused by these foods can be associated with the presence of
t xd t p ds, s h s phe l p ds, β-carotene, vitamin B and vitamin C.
The food industry constantly searches for compounds, causing new technologies to emerge
through research. Bioactive compounds make a difference when applied in the industry. In
Brazil the onion is considered the third vegetable with the greatest economic importance, with
an average yield of 18.45 t / h, being produced in several Brazilian states. Quercetin is a
flavonoid found in purple onions and has antioxidant, anti-inflammatory and
anticarcinogenic functions. The present work evaluated the extraction technique using a
process simulator and experimental tests. The proper choice of solvent, onion fraction, drying
temperatures and extractions are decisive in obtaining the final product. The experimental
tests describe the extraction of the purple onion in a Soxhlet apparatus presenting a yield of
26.65% ± 9.54% and the simulator presents a mass flow of system output of 0.36244 kg/day of
extract quercetin. Thus, it can be concluded that the simulation could efficiently predict the
extraction technique using a soxhlet when compared to laboratory tests.

Keywords: Flavonoid, Quercetin, Purple Onion.

180 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


PROGRAMAÇÃO LINEAR COMO FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO DA
PRODUÇÃO DE UMA CONFEITARIA

Maria Carolina de Barros Lima1*; Odileia da Silva Rosa2; Orlando dos Santos Pereira3;
Cristiane de Souza Siqueira Pereira3

124
Universidade de Vassouras - Vassouras, RJ, Brasil
3
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – Seropédica, RJ, Brasil.
*mariacarolinadebarros@gmail.com

Resumo: Este trabalho teve como objetivo desenvolver um modelo de distribuição de recursos no
processo produtivo, contribuindo para redução do desperdício de matéria prima, da mão de obra e
consequentemente dos custos e maximizar os lucros de uma empresa de pequeno porte no ramo de
confeitaria. Neste contexto, foi utilizada como metodologia a aplicação dos conceitos da programação
linear, permitindo o melhor aproveitamento dos recursos disponíveis para fabricação de três tipos de
bolos da empresa “Brigaderia Carol”, situada na cidade de Paraíba do Sul-RJ. Foram consideradas
como variáveis do modelo, os três bolos mais vendidos pela Brigaderia semanalmente e como
limitações dos recursos, as quantidades disponíveis dos insumos: farinha, ovos, leite, açúcar, óleo,
leite condensado e custos de mão de obra. Definida como a função objetivo 55,7X1+38X2+21,35X3,
devido à receita por unidade de cada variedade de bolo comercializado. O resultado da otimização, que
maximizou o lucro da empresa identificando o quantitativo da produção de determinados bolos,
devido ao maior lucro semanal foi de R$304,79.

Palavras-chave: Pesquisa Operacional; Método Simplex; Programação Linear, Confeitaria

INTRODUÇÃO
A partir do século XXI, o setor de Confeitaria no Brasil obteve considerável crescimento,
estimulando em alguns segmentos o interesse por alimentos com produção artesanal. Com os
segmentos cada vez mais rigorosos e exigentes, a demanda por doces diferenciados exige, não
só manter a originalidade e sabor, como também dispor de novas experiências que auxiliam a
procura do “doce” dos seus sonhos. A competitividade na gastronomia tem exigido análises,
informações e conhecimentos de determinadas confeitarias, sendo utilizadas como
ferramentas para se estabelecer no mercado.

De acordo com a Associação da Indústria da Panificação e Confeitaria (ABIP), para manter a


sobrevivência e a manutenção saudável dos negócios é de extrema importância estar atento às
tendências de mercado, tornar o ambiente da confeitaria integrante as novas rotinas e
acompanhar a evolução das demandas de compra do consumidor. O crescimento da pesquisa

181 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


operacional nos setores empresariais é de grande valia, atuando na programação da produção
com a finalidade de aproximá-lo do melhor resultado.

Segundo Milhomem et al (2015, p.2), a Pesquisa Operacional tem por objetivo encontrar a
combinação de recursos, dentro do sistema de produção, mais próxima do ótimo possível
possibilitando a empresa alcançar seus objetivos, seja para minimizar os custos ou maximizar
os lucros.

O método escolhido para aplicação foi o Simplex, definido como “uma técnica utilizada para
se determinar, numericamente, a solução de um modelo em Programação Linear” (SILVA,
2016, p 34).

No presente trabalho, utilizou-se os conceitos de Pesquisa Operacional juntamente com o


método Simplex e Programação Linear com o objetivo de desenvolver um modelo de
distribuição de recursos no processo produtivo, para minimizar o desperdício de material, mão
de obra e custos e para maximizar o lucro da microempresa denominada Brigaderia Carol,
localizada na cidade de Paraíba do Sul-RJ.

REVISÃO DA LITERATURA
A Pesquisa Operacional foi utilizada no ano de 1938, na Grã-Bretanha, por um grupo de
especialistas com o intuito de caracterizar o estudo de problemas estratégicos resultantes das
operações militares, onde avaliaram e reposicionaram os radares do sistema de defesa aérea
durante a Segunda Guerra Mundial.

Após a Segunda Guerra Mundial, os especialistas deram continuidade as suas pesquisas


visando também às operações não militares. A área de pesquisa do especialista chamado
George Dantzig foi considerada a mais importante durante o período de guerra, onde foi
desenvolvido o Método Simplex, utilizado para resolução de problemas de Programação
Linear.

Para Silva et al (1998), Pesquisa Operacional, em linhas gerais, consiste na descrição de um


sistema organizado com o auxílio de um modelo, e através da experimentação com o modelo,
na descoberta da melhor maneira de operar o sistema.

Em 1826, teve origem a Programação Linear mediante os estudos de Fourier sobre os


sistemas lineares de inequações. A importância da prática desses problemas levou à criação de
um algoritmo para a sua resolução, em 1939. A origem da Programação Linear atinge o seu

182 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


ápice com os estudos do especialista George Dantzig que não só formula problemas de
programação linear como também elabora o Algoritmo do Simplex.

Segundo Silva et al (1998), a programação linear é um modelo utilizado para auxiliar nas
decisões estratégicas no que tange a maior eficiência possível dos recursos disponíveis em
cada sistema de produção para fins de alcançar os objetivos estabelecidos pela empresa.

A Programação Linear utiliza um modelo de otimização da função objetivo, de acordo com as


restrições que devem ser consideradas para encontrar a solução ótima, visando maximizar ou
minimizar tal função. A função objetivo estima a execução do sistema, seja para reduzir
custos ou gerar lucro. O modelo utilizado durante a Programação Linear deve seguir algumas
características importantes, abordadas por Hillier e Liebermann (2013), essas características
são:

• Proporcionalidade: a quantidade de recursos consumidos por uma dada atividade deve


ser proporcional ao nível dessa atividade na solução final do problema. Além disso, o custo de
cada atividade é proporcional ao nível de operação da atividade;

• Não negatividade: deve ser sempre possível desenvolver dada atividade em qualquer
nível não negativo e qualquer proporção de um dado recurso deve sempre ser utilizado;

• Aditividade: o custo total é a soma das parcelas associadas a cada atividade;

• Separabilidade: pode-se identificar de forma separada o custo (ou consumo de


recursos) específico das operações de cada atividade.

Para obter resultados mais eficientes e exatos deve-se manter as características citadas acima,
para desenvolver de forma adequada um problema de programação linear.

Para a resolução de um problema de programação linear tem-se a obrigação de desenvolver o


modelo sugerido e utiliza-se um dos recursos matemáticos elaborado por George Dantzig, o
Método Simplex, onde o algoritmo de busca possibilita as resoluções de forma eficiente e
ágil.

O Método Simplex é um procedimento iterativo que fornece a solução de qualquer modelo de


Programação Linear em um número finito de iterações. Indica, também, se o modelo tem
solução ilimitada, se não tem solução ou se possui infinitas soluções (MARINS, 2011).

Milhomem et al (2015, p.2) considera o Método Simplex o mais recomendado para resolução
de problemas de Programação Linear, executado com o auxílio do Solver. As restrições de

183 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


desigualdade são convertidas em restrições de igualdade através do Solver e adiciona-se uma
variável de folga (varáveis usadas para criar restrições de igualdade) em cada restrição. As
modificações são feitas automaticamente, ou seja, os dados da modificação não são visíveis
na tela do computador, o solver apenas configura e obtém os valores de folga após o relatório
de resposta.

MATERIAIS E MÉTODO
O método utilizado no presente trabalho foi o Método Simplex, inserido na ferramenta Solver
do Microsoft Excel®, onde considerou-se como variáveis do modelo os três bolos mais
vendidos semanalmente pela Brigaderia Carol, denotados por X1, X2 e X3 (Figura 1) e como
restrições dos recursos, as quantidades disponíveis de: farinha, ovos, leite, açúcar, óleo, leite
condensado, quantidade disponível de cada recurso, custos de mão de obra e tempo para a
realização das atividades fundamentais na produção dos bolos.

Figura 5 – Bolos mais vendidos pela Confeitaria


Fonte: Acervo Brigaderia Carol (2018)

Definiu-se como a função objetivo (Equação 1) devido à receita por unidade de cada tipo de bolo
vendido.

(1)

RESULTADOS

184 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


De acordo com a simulação, o modelo proposto indicou que não deve-se produzir o bolo do
tipo X3, por não estabelecer influência na maximização do lucro da Brigaderia Carol. Os
resultados são apresentados a seguir:

Tabela 1. Relatório método Simplex/Solver

DISCUSSÃO
O relatório de sensibilidade identifica as alterações que podem ser feitas durante o processo
de produção sem que ocorra alteração na programação. Os coeficientes da função objetivo e
das restrições podem assumir valores de máximo e valores de mínimo, representados na
Tabela 2.

Tabela 2. Análise das restrições

CONCLUSÃO
De acordo com os dados adquiridos mediante a resolução do problema de programação linear
pelo método Simplex, obteve-se o resultado da otimização da produção de bolos. A
maximização do lucro total da Brigaderia Carol foi de R$304,79, sendo R$ 170,66 o lucro
pela venda de 3 unidades do bolo tipo X1 e R$ 134,13 o lucro com a venda de 4 unidades do
bolo X2 . O bolo do tipo X3 não apresentou maximização do lucro positiva, induzindo a
empresa a não ter produção do mesmo.

185 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


A pesquisa operacional, juntamente com o auxílio da programação linear mostrou-se de
grande relevância como instrumento de gerenciamento, onde o gestor da Brigaderia Carol
pode aplicar os conceitos durante a tomada de decisão.

REFERÊNCIAS
ABIP- Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria. Balanço e Tendências
do mercado de panificação e confeitaria. Disponível em:
http://www.abip.org.br/site/tendencias-de-mercado-e-indicadores-2018/. Acesso em: 07 de
outubro 2018.

MILHOMEM, D.A.; PORTO, M.L.; MACHADO, A.A.; LIMA, A.C.; TEIXEIRA, A.A.
Utilização da programação linear e do método simplex para otimização da produção de
pães em uma empresa de panificação. XXXV ENCONTRO NACIONAL DE
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 2015, Fortaleza. 14f.

MARINS, Fernando Augusto Sila, Introdução à pesquisa operacional. 2011. 176f. Cultura
Acadêmica – Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2011.

HILLIER, Frederick S.; LIEBERMAN, Gerald. J. Introdução à Pesquisa Operacional. 8º


ed. São Paulo: Editora McGraw-Hill, 2006.

SILVA, Adriana Batista, O método simplex e o método gráfico na resolução de problemas


de otimização. 2016. 86f. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal de Goiás, Jataí,
2016.

OLIVEIRA, R.A.; FILHO, J.V.C.; Análise da maximização do lucro e minimização do custo


no processo de conversão do café convencional para o orgânico: um estudo de caso. Rev.
Econ. Sociol. Rural vol.51 no.3, 2013, Brasília.

PIRES, Velton Cardoso, Utilização de Ferramentas Computacionais para a Resolução de


Problemas de Programação Linear. 2018. 63f. Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia, Vitória da Conquista, 2018.

SILVA, Ermes Medeiros da, SILVA, Elio Medeiros da, GONCALVES, Valter. Pesquisa
operacional: programação linear, simulação. 3° ed. São Paulo: Atlas, 1998.

AGRADECIMENTOS

186 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


A UFRRJ (Departamento de Matemática) pela parceria e Confeitaria Brigaderia Carol pelos
dados cedidos.

LINEAR PROGRAMMING AS A TOOL FOR OPTIMIZING THE PRODUCTION OF A


CONFECTIONERY
Abstract: This work aimed to develop a resource distribution model in the production
process, contributing to reduce the waste of raw material, labor and consequently the costs
and maximize the profits of a small company in the confectionery business. In this context, it
was used as a methodology the application of the concepts of linear programming, allowing
the best use of the resources available for manufacturing three types of cakes from the
company "Brigaderia Carol", located in the city of Paraíba do Sul. The three cakes sold by
Brigaderia on a weekly basis were considered as variables of the model, and the available
quantities of the inputs: flour, eggs, sugar milk, condensed milk oil and labor costs were
considered as resource limitations. Defined as the objective function 55,7X1+38X2+21,35X3,
due to the recipe per unit of each commercialized cake variety. The result of the optimization,
which maximized the company's profit by identifying the quantity of production of certain
cakes due to the higher weekly profit was R$ 304.79.

Keywords: Operational Research; Simplex method; Linear Programming, Confectionery.

187 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


PROPOSTA DE SISTEMÁTICA PARA GESTÃO ESTRATÉGICA DE
PESSOAS EM UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA

Cristina Valeria Gomes1*; Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas2; Leonardo Bezerra Pimentel3 e
Leandro Ribeiro De Cicco4

1234
Laboratório de Tecnologia, Gestão de Negócios e Meio Ambiente, UFF – Niterói.
*cristinagomes@gmail.com

Resumo: Este trabalho objetiva propor e caracterizar uma sistemática para gestão estratégica de
pessoas em uma instituição pública de ensino. Para tal, se realizou uma Revisão Bibliográfica e um
Estudo de Caso em uma Instituição Pública Educacional para o levantamento atual das práticas.
Houve a formulação de uma proposta de sistemática para a gestão estratégica de pessoas em uma
instituição pública através das medidas identificadas pela revisão da literatura, em conjunto com o
plano de desenvolvimento institucional e o estudo de caso. As aplicações deste trabalho têm como
base o interesse em se estudar a aplicação da gestão estratégica de pessoas em instituições públicas de
ensino, tendo como meta a inovação e sua relação com um melhor desempenho organizacional da
instituição pesquisada.

Palavras-Chave: Gestão de Pessoas; Gestão Pública; Estratégia Organizacional.

INTRODUÇÃO
A GESTÃO DE PESSOAS atua na organização e motivação, visando o alcance dos objetivos
e a realização da missão institucional. Dessa maneira, Camões, Fonseca e Porto (2014, p. 34)
dizem que:

Conceitualmente, pode ser associada a um conjunto de políticas e práticas definidas de uma


organização, para orientar o comportamento humano e as relações interpessoais no
ambiente de trabalho. Com essa nova tendência dentro das instituições, a administração de
recursos humanos desenvolve um papel primordial no desenvolvimento e satisfação das
pessoas. Camões, Fonseca e Porto. (2014.p.34)

Desta forma, as instituições passaram a ter mais mecanismos de planejamento e alocação para
o desenvolvimento do funcionalismo público em instituições de ensino, definindo as políticas
e ações para o aperfeiçoamento de um programa direcionado para a probabilidade de
satisfação em todos os setores constituintes do sistema, garantindo assim, a manutenção e a
sustentabilidade do trabalho desempenhado nesse contexto (CHAVES; AMARAL, 2015).
188 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
As instituições públicas necessitam de agentes públicos para que suas funções possam ser
executadas. Posto isso, é necessário que seja criado todo um processo no qual os agentes
devem seguir para que as atividades sejam realizadas com sucesso e sejam respeitados os
preceitos éticos e legais estabelecidos no sistema jurídico brasileiro. As pessoas, nesse
contexto, devem ser geridas de modo a satisfazer tanto as necessidades organizacionais
quanto as individuais. Consequentemente, haverá melhoria na qualidade do serviço público
(TACHIZAWA, 2015).

Viturino (2015) acrescenta que daí se origina a responsabilidade do gestor público no


comprometimento com a inovação de melhores práticas de GESTÃO DE PESSOAS (e seu
monitoramento) para o atendimento das exigências cada vez mais ampliadas dos cidadãos.

Deste modo, é imperativo que a gestão pública atue cada vez mais no desenvolvimento dos
servidores (VITURINO, 2015). É relevante destacar que, as teorias de Gestão para o setor
público são diferentes das aplicadas na esfera privada, de acordo com Viturino (2015).

Para obter o aperfeiçoamento esperado, surgem interferências dos fatores internos e externos
ao ambiente organizacional, que precisam ser observados pelo gestor do setor para ampliar a
gestão estratégica. (DIAS; GUIMARÃES, 2016).

Neste sentido, diversos países têm buscado criar sistemas de capacitação de recursos humanos
direcionados para a formação de servidores públicos alinhados com as novas demandas,
embora atualmente, ainda seja uma atuação tímida (VITURINO, 2015).

Face o cenário narrado e a situação-problema previamente descritos, surge uma questão


central a qual se pretende investigar, através de um estudo de caso:

De que maneira uma sistemática de gerenciamento estratégico de pessoas numa instituição


pode ser estruturada?

A partir da situação problema e da questão de pesquisa, pode ser formulado o principal


objetivo do presente trabalho: propor uma sistemática para gestão estratégica de pessoas em
uma instituição pública de ensino visando melhorar o desempenho e o clima organizacional.

189 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS

Com o passar dos anos, o trabalho passou por transformações, com a finalidade de atender
outras necessidades do ser humano e, por fim, as exigências do patrão. Sendo assim, à medida
que o tempo passava e a sociedade capitalista evoluía, o trabalho se tornava mais complexo e
acabava sofrendo fortes influências da cultura e do momento histórico, passando a receber
conceituações que se modificam com o passar dos anos (MAGALHÃES FILHO; PEREIRA,
2013).

No entanto, não se levava em consideração se os desejos e os objetivos do trabalhador


estavam sendo realizados, afinal, eram considerados como máquinas, o que acarretava certos
problemas, pois, não se sentiam motivados a realizar seu trabalho. (VIEIRA, 2014).

A partir da Segunda Guerra Mundial, as condições do fator humano, como saúde, lazer,
soluções de conflito passaram a ser mais priorizadas (MAGALHÃES FILHO; PEREIRA,
2013).

O cenário apresentado pelas organizações motivou as empresas e instituições públicas a


investirem num ambiente de trabalho que motivasse o servidor, que lhe proporcionasse
aprendizado e capacitação, e que seu desempenho fosse avaliado e recompensado, e assim o
resultado seria satisfatório para ambos, de acordo com Marinho et al (2014).

Estudos afirmam que as empresas, sejam públicas ou privadas, são desafiadas a aceitarem que
seus servidores ou funcionários são servidores e não meros trabalhadores, já que possuem
capacidades, habilidades únicas e capital intelectual para gerarem melhores resultados
(CASSOL et al, 2014).

2.2 A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE PESSOAS NAS INSTITUIÇÕES

No âmbito das organizações da administração pública, reconhecendo os desafios e os entraves


existentes, executar mecanismos de caráter estratégico que evidenciem a motivação dos
servidores é fundamental. Além disso, recompensas em competência, qualificação e
conhecimento técnico, são práticas que visam à valorização do profissional diante dos
diferentes contextos em que atuam (GOMES, 2016).

As teorias administrativas da época com seus métodos tradicionais e autoritários,


característico de instituições gerenciadas pelo departamento de pessoal que visava apenas
190 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
perdas e ganhos dessas empresas e não o bom funcionamento como um todo, isto é, a mão de
obra humana (Caldas et al, 2015).

Foram essas dificuldades de gerir as instituições com tanta burocracia que levou as essas
instituições a buscarem profissionais mais qualificados, motivados com o trabalho para que a
produção fosse expandida e suprir a demanda, que métodos e formas de motivação dos
servidores foram sendo implantados, e assim chamar a atenção dos melhores profissionais
para os trabalhos oferecidos (Melo et al, 2012).

Com todas as dificuldades expostas na gestão de pessoas dentro das organizações de trabalho,
os processos de mudança, as estratégias, foram sendo planejadas, organizadas e assim
promovendo um trabalho mais eficiente, a produção e a qualidade do trabalho foram
alcançando níveis de excelência. (Marinho et al, 2014)

Seja no universo corporativo ou das instituições públicas, a necessidade de motivação para o


trabalho é fator decisivo para que o resultado seja satisfatório e metas sejam atingidas, e que
essas empresas ou instituições sejam o lugar onde servidores e servidores queiram trabalhar.
(Marinho et al, 2014)

A competitividade no mundo empresarial e corporativo, a globalização que acirra essa


competitividade exige que servidores estejam cada vez mais preparados para darem o melhor
de si, e em contra partida as organizações investem em ambientes de trabalho que sejam
motivadores, em programas de desempenho e qualificação desses profissionais, e assim obter
os melhores resultados no desempenho para organizações e instituições (Marinho et al, 2014)

Assim as instituições e organizações são desafiadas a criar espaços de trabalho que se adeque
a essa nova visão, isto é, o servidor não é apenas um par de mãos para o trabalho, mas um
servidor que produz bens e serviços e que interfere no ambiente em que trabalha (Cassol et al,
2014).

O departamento de gestão de pessoas é na nova forma de administração, de fundamental


importância nesse novo processo de gestão, é através dele que as estratégias são organizadas e
acompanhadas, e as pessoas são vistas e tratadas como servidores, e metas e objetivos
atingidos de forma mais eficiente, aumentando a motivação para buscar excelência sempre
(Carvalho et al, 2013).

Acompanhar as mudanças e transformações das necessidades dos consumidores de bens e


serviços faz com que as instituições estejam mais atentas às necessidades de seus servidores e

191 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


servidores, criando espaços de trabalho que sejam motivadores, capacitando o servidor ou
servidor a buscar sempre sua excelência como profissional, capacitando os gestores líderes
para gerir com eficiência as equipes de trabalho, enfim, transformando os locais de trabalho
onde pessoas queiram estar e produzir (Carvalho et al., 2013).

2.3 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

De acordo com Lacombe (2012), o próprio capital é, em última instância, resultado da remuneração
do trabalho já conquistado, que em vez de consumida, é reinvestida novamente para aumentar a
quantidade ou a eficiência da produção e a maximização dos lucros desejados para a organização.

O problema é que o avanço tecnológico e a atual organização do trabalho


que requerem mais esforço mental induzem uma pressão psicológica de
grande monta e, aguçada pelos efeitos da globalização e flexibilização,
pioram as condições de trabalho, em face da alta competitividade, ensejando
incertezas quanto à manutenção de direitos fundamentais e quanto à
preservação do emprego, o que influencia a saúde do empregado de forma
negativa, especialmente a saúde mental, causando ansiedade, depressão e até
o suicídio (RUFINO, 2014, p 67).

O local de trabalho é o lugar em que o trabalhador passa a maior parte do dia, ocupando mais o seu
tempo. Sendo assim, as condições ambientais de trabalho estão relacionadas com as condições
físicas, químicas e biológicas de trabalho (MONTEIRO et al., 2015).

De acordo com Chizzotti (2017), as relações de qualidade e produtividade estão sempre em foco de
estudos, principalmente sobre a ótica do comportamento humano e a grande velocidade dos avanços
tecnológicos, portanto, o ser humano ainda é a melhor “estratégia” para o alcance desses objetivos
dentro de uma empesa.

Essa dedicação integral ao trabalho busca maior produtividade e consequentemente maiores


remunerações, porém, ocasiona em prejuízos à saúde (CASTRO; OLIVEIRA, 2017).

Problemas de saúde expõem mais o trabalhador à tomada de decisão, influenciado sempre por
fatores pessoais e organizacionais que o condicionam, não sendo uma escolha totalmente livre
(GERICH, 2015).

192 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


A promoção da saúde e do respeito é essencial para a administração dos trabalhadores, uma
vez que, sua produção cai e a possibilidade de atritos por estresse é muito mais alta quando
não há qualidade no ambiente de trabalho e consequentemente, a saúde pode ficar vulnerável
(MACEDO, 2017).

2.4 PLANO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL – PDI

O Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI – da instituição representa o trabalho da


Comunidade Escolar, com a definição dos seus rumos, projetos, programas, objetivos e metas
para o período 2015 – 2018. Ele se fundamenta nas dimensões históricas e sociais da
Instituição, considerando toda a sua trajetória.

O PDI expressa, também, a necessidade de consolidar a nova estrutura organizacional da


escola diante da institucionalidade definida pela Lei nº 12.677/2012, trazendo como base a
história e a cultura construídas em seus 176 anos de existência e objetivando a busca da
excelência da educação oferecida à comunidade. Dentre as quais podemos citar:

 Desenvolvimento da maturidade didático-pedagógica;


 Ampliação das áreas de atuação e da oferta de vagas;
 Inovação e renovação administrativas;
 Ampliação, readaptação e reforma de seu espaço físico;
 Incentivo e aumento de oferta de possibilidades de capacitação de seus servidores; e
 Desenvolvimento da pesquisa e implementação de trabalhos de extensão, conhecidos e
respeitados, em todo o território nacional.

2.5 GESTÃO DE PESSOAS NA INSTITUIÇÃO DE ENSINO

A Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGESP) é a unidade organizacional da instituição


responsável pela elaboração, implantação, planejamento, execução e avaliação das ações de
gestão, qualidade de vida e desenvolvimento de pessoas, abrangendo todos os servidores, quer
sejam efetivos, contratados ou terceirizados.

A administração e o desenvolvimento de recursos humanos não são, nem poderão ser


responsabilidade de uma única área, por isso, se faz necessário que haja um trabalho integrado
entre a PROGESP, as demais Pró-Reitorias e os Campi que compõem a estrutura
organizacional.

193 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


A PROGESP é composta por duas Diretorias e uma Coordenadoria com as atribuições abaixo
definidas:

 Diretoria de Administração Funcional (DAF) gerencia a folha de pagamento e é


responsável pelos Assentamentos Funcionais dos Servidores. Responde e instrui os
questionamentos administrativos e as diversas auditorias.
 Diretoria de Desenvolvimento Humano e Organizacional (DDHO) elabora e
implementa estratégias para promover as pessoas , oferecendo as condições necessárias
para o seu desenvolvimento e bem-estar, integrando-as aos objetivos e ao cumprimento
das metas institucionais.
 Coordenadoria de Planejamento e Gestão (COPLAG) coordena e desenvolve o
trabalho de gestão que envolve, obrigatoriamente, as etapas de planejamento, execução
primária, monitoramento, avaliação, indicadores de gestão e revisão das atividades da
PROGESP e dos Setores de Gestão de Pessoas dos campi.

Seu Objetivo Geral é propiciar um modelo de gestão de pessoas, onde o servidor se sinta
valorizado, ampliando os seus talentos através de políticas de qualidade de vida e de
desenvolvimento pessoal e profissional, em um clima organizacional saudável e inovador,
levando-os a se comprometerem com a missão e a excelência do ensino. Já os objetivos
específicos podem ser elencados em:

 Gerenciar as ações de detecção e mapeamento das demandas relacionadas ao


suprimento de servidores para as diferentes unidades organizacionais;
 Trabalhar o modelo institucional de acompanhamento, gerenciamento, distribuição e
alocação de vagas, a fim de atender as necessidades relacionadas às especificidades e
natureza de trabalho da autarquia, correlacionado aos diferentes cargos e perfis
profissionais, que compõem o quadro de pessoal;
 Manter-se atualizada com relação à legislação, decisões e determinações emanadas
pelos órgãos federais, relativas à administração de pessoas;
 Gerenciar a folha de pagamento e a manutenção da base de dados funcionais dos
servidores ativos, aposentados e beneficiários de pensão;
 Realizar e acompanhar os assentamentos funcionais dos servidores;
 Exarar todas as portarias da instituição;

194 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


 Orientar docentes, técnico-administrativos e professores contratados sobre os seus
direitos e deveres;
 Responder e instruir os questionamentos administrativos e as diversas auditorias;
 Propor, executar e supervisionar a política de desenvolvimento e educação corporativa,
articulando, coerentemente, as competências individuais e organizacionais;
 Elaborar e executar programas de saúde voltados para os servidores ativos, aposentados
e beneficiários de pensão;
 Realizar atendimentos sociais aos servidores ativos, aposentados e beneficiários de
pensão;
 Propor, implementar e supervisionar os programas de qualidade de vida em ambiente
organizacional;
 Recadastrar os aposentados e pensionistas quando determinado pelo Ministério do
Planejamento;
 Elaborar, supervisionar e executar ações voltadas para o bem-estar dos aposentados e
pensionistas;
 Coordenar os convênios da instituição com os planos de saúde para atendimento dos
servidores ativos, aposentados e beneficiários de pensão;
 Coordenar o acompanhamento e atualização do reembolso relativo à assistência
complementar à saúde do servidor;
 Implantar as estratégias e desenvolver diretrizes que estabelecem as práticas gerenciais
para a realização de concursos públicos, procedimentos de nomeações, de seleção, de
identificação dos perfis profissionais de acordo com as especificidades dos cargos do
quadro de pessoal da Instituição, acompanhando as condições de adaptação funcional,
de redistribuição, licenças e cessão;
 Coordenar e supervisionar a promoção à saúde do servidor;
 Promover, anualmente, a avaliação de desempenho dos servidores da instituição,
conforme legislação vigente; e
 Acompanhar os servidores em estágio probatório.

O PDI da escola relaciona as seguintes metas para o período, no âmbito da Gestão de Pessoas:

1. Promover o desenvolvimento de competências de liderança e gestão;

2. Promover o desenvolvimento de competências pessoais, técnicas e políticas;

195 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


3. Implementar a Central de Atendimento a Aposentados e Pensionistas - CAAP - que fará o
primeiro atendimento aos servidores aposentados e beneficiários de pensão, orientando-os
para o pleno exercício dos seus direitos, a partir de uma visão digna e cidadã;

4. Desenvolver trabalho de conscientização sobre saúde preventiva;

5. Promover o exame periódico por mês de aniversário do servidor;

6. Aprimorar os canais de comunicação com os servidores ativos, aposentados e beneficiários


de pensão;

7. Construir indicadores de desempenho para a área de pessoal;

8. Realizar a avaliação de desempenho do servidor online;

9. Implementar, no âmbito da instituição, o Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do


Servidor – SIASS;

10. Implementar o Plano Anual de Capacitação de Servidores;

11. Finalizar a construção de um novo Sistema de Gestão de Pessoas;

12. Avaliar e aprimorar seus processos internos;

13. Concluir a formalização de suas rotinas;

14. Ampliar a Pesquisa de Satisfação para os Setores de Gestão de Pessoas (SGP) dos Campi;

15. Buscar convênios e parcerias que se traduzam em benefícios para o servidor através de
descontos em produtos e serviços;

16. Inaugurar espaço destinado à educação corporativa;

17. Aprimorar as condições de trabalho dos servidores da PROGESP e SGP dos campi; 18.
Iniciar o mapeamento de competências da instituição;

19. Promover visita aos campi através do programa “PROGESP MAIS PERTO DE VOCÊ”;

20. Realizar atendimento psicossocial aos servidores que solicitarem ou que forem
encaminhados por suas respectivas chefias;

21. Melhorar, continuamente, seus processos de trabalho; e


196 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
22. Ampliar as ações de suporte assistencial aos servidores.

METODOLOGIA

Neste capítulo, descreve-se a metodologia utilizada para estruturar a pesquisa e a ela


empregar um fluxo lógico de desenvolvimento que possibilitem o aprofundamento da questão
principal do presente trabalho. Gil (2008) afirma que a metodologia pode ser entendida como
o conjunto de procedimentos detalhados adotados na investigação.

A metodologia trata do esclarecimento detalhado de todos os procedimentos que foram


adotados para a realização de um trabalho científico. Oliveira et al., (2014) afirmam que a
metodologia engloba os passos realizados para a elaboração do trabalho científico, que abarca
desde a escolha do procedimento para a coleta de dados, a identificação de métodos, as
técnicas, os materiais, os instrumentos de pesquisa e definição de amostra, até a categorização
e análise dos dados.

O quadro 1 a seguir tem por objetivo sintetizar a estrutura do trabalho, correlacionando o


problema e os objetivos aos referenciais teóricos encontrados e os tópicos apresentados ne
revisão de literatura.

Quadro 1. Estrutura do Trabalho


Tópicos apresentados no
Objetivo Geral Objetivos Referenciais
Situação Problema capítulo
da Pesquisa Específicos Teóricos
Revisão da Literatura
A sistemática Propor uma - Analisar a JORGE NETO,
deficiente de sistemática para F. F. (2013); - Qualidade de vida no trabalho
práticas de
gestão de gestão CAVALCANTE,
pessoas na estratégica de gestão J. Q. P. (2013); - Gestão Estratégica de Pessoas
instituição, a pessoas MACEDO,
estratégica de
falta de objetivos, baixo
em uma M. I. T. E. (2017);
nível de instituição pessoas na MAGALHÃES
participação e pública de FILHO,
instituição
de capacitação ensino.dos O. V. (2013);
profissionais da pública de ensino PEREIRA,
instituição V. C. (2013);
objeto deste estudo;
MARTINS,
atual da S. R. (2012)
instituição

Fonte: Os autores (2018)

197 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


De acordo com esses achados, a pesquisa foi elaborada a partir de material já publicado,
constituído principalmente de livros, revistas, publicações em periódicos, artigos científicos,
jornais, boletins, monografias, dissertações, teses, materiais cartográficos e internet. É
importante enfatizar que, as coletas de dados na internet foram feitas com a análise de
confiabilidade e fidelidade das fontes consultadas eletronicamente.

Desse modo, este trabalho foi desenvolvido com base na pesquisa qualitativa exploratória,
com a finalidade de verificar a relação da realidade com o objeto de estudo. Do ponto de vista
dos objetivos, foi realizada a pesquisa descritiva do tipo revisão bibliográfica, com a
finalidade de evidenciar conclusões baseadas em informações sobre o tema estudado através
do método de estudo de caso, o qual visa à compreensão global do objeto.

Em relação à técnica dessa pesquisa, foi adotado o tipo de estudo de caso, no qual apresenta
como estratégia de pesquisa, a contribuição com o conhecimento que se tem do fenômeno
individual, organizacional, social, político e de grupo, além de outros fenômenos
relacionados.

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A pesquisa foi realizada num colégio de ensino fundamental e médio de âmbito federal,
localizado no estado do Rio de Janeiro, e se constituiu pela observação da realidade da
organização, pela análise de documentos institucionais e pelo levantamento de dados com os
membros da instituição - corpo docente, equipe técnico-pedagógica e gestores - para avaliar o
processo de gestão de pessoas. Cabe salientar que foram resguardadas as identidades dos
participantes.

A instituição conta com 1000 alunos do ensino fundamental do 1º ao 9º ano, e 700 alunos do
ensino médio, divididos em três turnos (matutino, vespertino e noturno). O colégio oferece
salas especiais com recursos para proporcionar o reforço escolar no contra turno para os
alunos que necessitam de uma atenção especial na aprendizagem.

O Colégio conta com 1 (um) diretor geral, 1 (um) diretor adjunto pedagógico e 1 (um diretor
administrativo, 1 (uma) assessora, em média 3 (três) técnicas em assuntos educacionais,
auxiliares administrativos e em média 60 professores - entre efetivos e contratados - das
diversas disciplinas oferecidas pelo currículo escolar.

198 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


A investigação na referida escola foi realizada com base nos resultados satisfatórios
apresentados pela gestão atual que se iniciou em janeiro de 2018. Estes resultados são
traduzidos, tendo por base a observação geral, numa escola em que a gestão apresenta-se
muito democrática, com diminuição da rotatividade do corpo docente e do índice de
absenteísmo por doenças psicossomáticas relacionadas ao estresse.

Tomando-se como base que o objetivo do colégio é a aprendizagem dos alunos, tornou-se
evidente que o clima organizacional da instituição tem influência direta nos resultados
satisfatórios, no comportamento de professores, técnicos pedagógicos-administrativos e
alunos.

Verificou-se que a cultura organizacional do colégio acaba por motivar a equipe, ampliando a
sua capacitação e reduzindo barreiras para que os servidores tornem-se um grupo coeso e
dinâmico, incentivando a mentalidade de que o trabalho deve ser eficiente e transformador,
que é o proposito de toda organização de ensino.

Constatou-se a aplicação de algumas estratégias específicas para gerir pessoas no âmbito da


comunidade escolar, impactando no trabalho de equipe que se apresentou produtivo.

As leis que regem as instituições são inflexíveis e tomando como base essa premissa, muitos
gestores não se preocupam em modernizar e agilizar o trabalho, em tornar o ambiente mais
estimulante para seus servidores. Assim, as escolas vão se tornando um amontoado de pessoas
insatisfeitas, doentes que não produzem quanto deveriam, e o resultado é a evasão escolar, já
que o ambiente não favorece o aprendizado. A escola, objeto dessa pesquisa, segue na
contramão deste cenário.

A instituição tem como gestor um profissional da educação consciente do seu papel


socializador, comprometido com a formação de pessoas, aberto a mudanças e melhorias que
podem ser implantadas sem ferir as leis que regem a educação e consequentemente a escola.

Verificou-se que a gestão atual se apresenta de forma democrática, tendo por meta a
valorização do docente, e assim dignificar o profissional da educação com condições de
trabalho dignas, valorizando suas competências e habilidades, com respeito a sua identidade
profissional.

A gestão atual do instituto reconhece que sem uma gestão democrática não existirá a
participação da comunidade escolar, sendo direção da escola a principal incentivadora da
comunidade escolar para que participem ativa e eficazmente do cotidiano da instituição, de

199 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


modo que todos os interessados no processo de ensino aprendizagem possam contribuir
efetivamente para o sucesso escolar dos educandos, objetivo primeiro da instituição.

Com base no arcabouço teórico levantado neste estudo e no PDI da instituição, além do
estudo de caso, propõe-se a seguir uma sistemática teórica de gestão estratégica de pessoas
representada no Quadro 2 a seguir, utilizando-se da ferramenta PDCA

Quadro 2. Proposta de Sistemática para Gestão Estratégica de Pessoas da Instituição de Ensino


Planejar - PLAN Execução – DO Verificação dos Análise da ação e medidas
resultados -CHECK corretivas – ACT

Etapa que consiste Com base nos dados


em estabelecer as Acompanhamento e coletados durante a Com base nos dados de verificação,
metas e métodos execução do plano de execução, realizar implementar medidas corretivas
para alcançar os ação – execução das comparação com as para melhoria contínua do processo.
objetivos tarefas propostas metas estabelecidas no
propostos. como previstas no planejamento.
planejamento e coleta
de dados que serão
utilizados na etapa de
verificação do
processo.
Capacitação Promover e organizar Verificar se houve Rever e implementar novas ações
continuada cursos e capacitações aumento significativo na que maximizem o alcance dos
para toda comunidade capacitação da objetivos de capacitação
escolar comunidade institucional continuada.
Direcionar e Incentivar os Verificar se houve Rever e implementar novas ações
expandir as servidores com aumento significativo que maximizem a motivação e o
habilidades e oportunidades de nas habilidades e incentivo aos servidores
competências capacitações, competências individuais
individuais melhorando o dos servidores da
ambiente de trabalho instituição
Excelência no Incentivar o diálogo e Verificar se as equipes Rever e implementar estratégias
trabalho em equipe a troca de tornaram-se mais coesas que fomentem a motivação, o
experiências entre e colaborativas diálogo e o respeito entre as
pessoas e entre equipes.
equipes de trabalho
Diminuir e Tornar as aulas mais Verificar o Rever e implementar estratégias
combater a evasão atrativas fazendo uso comportamento da taxa que sejam eficazes para reduzir a
escolar de tecnologias, de evasão escolar e o uso evasão escolar no âmbito da
processos e praticas equipamentos multimídia instituição de ensino
metodológicas que da escola para tornar as
possam suprir as aulas mais atrativas
necessidades dos
alunos
Melhorar Promover diálogos e Verificar, através de Rever e implementar estratégias
relacionamento e debates com a rodas de conversa em que harmonizem e integrem a
socialização da comunidade escolar dias pré-determinados, o comunidade escolar
comunidade visando um alcance das metas
escolar relacionamento planejadas
democrático e
cooperativo
Diminuir a Melhoria do ambiente Verificar a taxa de Implementar políticas que
rotatividade do institucional para rotatividade docente e a valorizem os servidores docentes,
quadro docente fazer com que o melhoria da qualidade do além de compreender e buscar

200 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


docente queira ambiente escolar atender os seus anseios.
permanecer no
ambiente escolar
Fonte: Os autores (2018)

Mudanças na gestão de pessoas na comunidade escolar são metas em longo prazo, visto que o
ambiente escolar tem alta rotatividade, e essa questão torna o trabalho mais lento e árduo, mas
não impossível quando o bom senso e a vontade de mudar se faz presente em ações
dinamizadoras, mesmo que alguns servidores prefiram se alienar e permanecerem neutro no
processo de mudança da instituição.

A gestão estratégica de pessoas é um conjunto de políticas e práticas de uma organização que


orienta o comportamento humano no ambiente de trabalho. Para que uma instituição possa ser
bem organizada é necessário que a equipe seja participativa e trabalhe pelo mesmo objetivo,
que é oferecer a sua clientela uma educação de qualidade. No caso da escola em estudo, um
ambiente que ofereça segurança e o desejo dos alunos de permanecerem em sala de aula
durante o período de aulas.

Neste sentido é relevante a proposição de uma sistemática que guie a melhoria contínua da
gestão estratégica de pessoas da instituição, fomentando e clarificando ações para a instituição
busque a excelência de suas atividades.

Ao adotar uma proposta sistemática de gestão estratégica de pessoas, a escola deve ter como
base uma liderança eficaz por parte da equipe gestora, focada na busca de um ambiente cada
vez mais acolhedor, no aprendizado e aculturamento do aluno, na superação em conjunto das
dificuldades que possam surgir e nos recursos humanos, tendo como prioridade a capacitação
e o aprimoramento do conhecimento e o envolvimento total de toda equipe de professores,
além de toda comunidade escolar. Gerir pessoas não é um ato isolado.

A gestão estratégica de pessoas nas escolas é um processo relativamente novo, que visa a
melhoria dos trabalhos prestados pelas instituições de ensino e a satisfação da clientela da
comunidade escolar: os alunos. Portanto, deve ser levada a termo de forma ética,
considerando a responsabilidade social que cabe as essas instituições.

CONCLUSÃO

201 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


A implantação de uma gestão estratégica de pessoas em uma instituição de ensino requer o
incentivo à capacitação e a ampliação do uso das habilidades dos servidores. Gerir uma
comunidade escolar é também orientar e estimular seus participantes a serem organizados no
trabalho, a se concentrarem na aprendizagem individual e de equipe para que a melhoria seja
contínua, dispensando especial atenção nos objetivos educacionais e nas relações
interpessoais com bom humor e entusiasmo e espírito de cooperação.

É necessário, quando da implantação da gestão estratégica de pessoas, que se crie um


ambiente saudável, que seja prazeroso de se permanecer, visto que um ambiente
desestimulante de trabalho interfere na saúde do servidos causando problemas organizacionais
e administrativos. Na gestão estratégica de pessoas se faz necessário um olhar crítico para
com a saúde do servidor, de modo a evitar/minimizar faltas dos professores que adoecem nos
locais de trabalho por se sentirem desvalorizados.

Responde-se a questão problema deste estudo através do quadro 2, que tem por objetivo
propor e organizar uma sistemática de gestão estratégica de pessoas para uma instituição de
ensino. O referido quadro é advindo da literatura pesquisada juntamente com o estudo de caso
realizado, cumprindo-se dessa maneira o objetivo desse trabalho.

Percebeu-se pelo estudo de caso na instituição que a gestão atual aplica importantes práticas
de gestão estratégica de pessoas, de que há um reconhecimento pelos servidores quanto ao
comprometimento da direção da instituição em valorizar, motivar e capacitar o seu principal
capital: seu corpo de servidores.

A proposta de uma sistemática se apresenta como uma ferramenta complementar, dando


suporte à gestão para estabelecer mecanismos que impulsione a melhoria contínua da gestão
estratégica de pessoas da instituição de ensino. Nesse sentido, a literatura produzida a partir
das reflexões do trabalho colabora para munir os gestores da capacidade de estarem
conscientes sobre as exigências atuais para propor motivação, planejamento e qualificações
adequadas aos trabalhadores.

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206 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


PROPOSAL OF SYSTEMATICS FOR STRATEGIC MANAGEMENT OF PEOPLE IN A
PUBLIC INSTITUTION
Abstract: This paper aims to propose and characterize a system for strategic management of
people in a public educational institution. For that, a Bibliographic Review and a Case Study
were carried out in a Public Educational Institution for the current survey of practices. A
systematic proposal for the strategic management of people in a public institution was
formulated through the measures identified by the literature review, together with the
institutional development plan and the case study. The applications of this work are based on
the interest in studying the application of strategic management of people in public
educational institutions, aiming at innovation and its relation with a better organizational
performance of the institution researched.

Keywords: People management; Public administration; Organizational Strategy

207 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE DESTILAÇÃO EXTRATIVA DO
ETANOL UTILIZANDO DIPROPILENOGLICOL

Marlon Henrique Salvador Deboçam1*, Hídila Souza Teixeira da Silva2, Elisa Barbosa Marra13,
Miguel Rascado Fraguas Neto4, Cristiane de Souza Siqueira Pereira5

12345
Curso de Engenharia Química da Universidade de Vassouras, Vassouras, RJ, Brasil.

*marlon_debossan@hotmail.com

Resumo: O etanol é um dos principais contribuintes para o combustível, cerca de 20 - 25% de etanol
anidro é misturado à gasolina a fim de aumentar seu índice de octanagem. Para que o etanol anidro
seja adicionado à gasolina, é necessário que o mesmo tenha teor de pureza igual ou superior a 99,6 %
em peso. O desafio dessa purificação é devido à formação do azeótropo no sistema etanol - água, cuja
separação se torna inviável por destilação convencional. Uma das alternativas é a destilação extrativa,
que consiste em adicionar um terceiro componente no sistema a fim de alterar as propriedades da
mistura e aumentar a volatilidade relativa dos componentes de interesse, possibilitando a separação
dos componentes. Dentre os solventes utilizados para a destilação extrativa citam - se os glicóis que
contribuem para a mudança da curva equilíbrio líquido - vapor, promovendo a produção do álcool
anidro. Os resultados da simulação indicaram que o dipropilenoglicol não contribuiu para a formação
de azeótropo entre os componentes do sistema etanol-água. Objetivou-se com o presente trabalho
realizar uma destilação extrativa a fim de se produzir etanol anidro utilizando o dipropilenoglicol
como solvente de extração.

Palavras-chave: ProsimPlus; Destilação; dipropilenoglicol.

INTRODUÇÃO
Com a crise mundial de petróleo durante a década de 1970, questões políticas e
governamentais impulsionaram o Brasil a fim de buscar novas opções de fontes energéticas
alternativas. Com condições climáticas favoráveis, em 1975 foi criado o Programa Nacional
do Álcool (Proálcool), que tinha como finalidade o estímulo de preço, crédito e garantia de
comercialização da produção de álcool anidro para mistura em até 22% na gasolina. Sendo
assim as indústrias automobilísticas passaram criar adaptações em motores com o objetivo de
melhorar o rendimento da mistura gasolina-álcool e um motor exclusivo para álcool como
combustível (SOARES, 2010).

208 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Desde então o etanol apareceu como opção de energia. No início dos anos 2000, o uso de
carros com motores flex – movidos por gasolina ou álcool – alavancou a procura por este
combustível. Em 2008, o consumo de álcool foi superior ao da gasolina, devido ao percentual
de veículos flex ter chegado a 90%. Com este contexto favorável, o Brasil se deparava com o
desafio de consolidar o álcool como uma commodity internacional. Órgãos governamentais,
relacionados ao setor energético, afirmam que investimentos em biocombustíveis, desde o
cultivo da biomassa até a tecnologia final da produção, levariam o país para um melhor nível
mundial (SOARES, 2010). Embora haja uma grande gama de utilidades, o etanol é usado
principalmente na indústria automobilística como combustível, diminuindo a dependência por
combustíveis fosseis. Cerca de 25% (% em volume) de etanol é misturado à gasolina a fim de
aumentar seu índice de octanagem que é responsável pela resistência à compressão sofrida
pela gasolina. Quanto maior sua resistência, melhor será sua combustão no motor e o
rendimento do mesmo. Para a melhor eficiência do etanol como combustível é de extrema
importância a sua purificação.

Para isso, processos especiais são necessários para a produção de etanol anidro (etanol isento
de água), uma vez que a mistura etanol-água forma azeótropo com ponto de bolha mínimo.
Diversas alternativas estão disponíveis para essa separação como: pervaporação, adsorção,
extração líquido-líquido, “swing-pressure” distillation, destilação extrativa, a destilação
azeotrópica, bem como métodos híbridos, que combinam estas opções. No entanto, a
destilação extrativa continua sendo o método mais amplamente usado para se obter o etanol
anidro, na maioria das indústrias de etanol (PLA-FRANCO, 2013).

A destilação extrativa é adição de um terceiro componente, conhecido como agente de


separação ou solvente de arraste, com o ponto de ebulição elevado cujo objetivo é mudar a
volatilidade da mistura original (SOUZA, W.L.R, 2013).

A característica azeotrópica ocorre quando um determinado ponto de bolha permanece


constante, a temperatura e a composição da fase vapor passam a se igualar ao da fase líquida
que a originou, neste caso, não ocorre a separação dos componentes por destilação simples,
conforme a Fig. 1 (SOARES, 2010).

209 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Figura 1. Representação gráfica do azeótropo formado pelo sistema etanol-água.

Fonte – (Adaptado) ProsimPlus

A busca por solventes, ou agentes de separação é bem conhecida e já foi estudada por
numerosos autores, de acordo com (SOUZA, 2013) e (LEE e PAHL, 1985) os glicóis
possuem propriedades físicas que favorecem a “quebra” do azeótropo, influenciando
positivamente na curva de equilíbrio líquido-vapor .Entre os glicóis utilizados destaca-se o
glicerol (SILVA, 2012), etilenoglicol (NEVES, 1985) e o propilenoglicol (SILVA, 2017);
visto que os glicóis são mais utilizados neste processo de destilação.
A escolha do agente extrativo é de extrema importância que o mesmo não colabore com a
formação de azeótropo, tenha baixa pressão de vapor e tenha maior afinidade com a água,
além de proporcionar menor quantidade de solvente utilizado para que ocorra a separação
desejada. A literatura reporta diferentes trabalhos objetivando-se a obtenção de etanol
anidro utilizando o processo de destilação extrativa com diferentes solventes. Percebe-se
que entre os solventes mais estudados estão o glicerol e o etilenoglicol.
A aplicabilidade dos parâmetros propostos em simuladores permite prever as condições do
sistema, realizar cálculos de balanço de massa e energia para diversos setores industriais a
fim de otimizar processos. O ProsimPlus por exemplo oferece em seu banco de dados um
extenso conjunto de modelos termodinâmicos com a ferramenta SimulisThermodinac,
onde mais de 2300 componentes são sugeridos e oferece mais de 70 operações unitárias

210 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


com as funcionalidades para executar dimensionamentos da maioria dos equipamentos
(PROSIMPLUS, 2017). A Simulis Termodinâmica é uma propriedade termodinâmica e
servidor de cálculo de equilíbrio de fases para compostos e misturas puras (contendo até
200 compostos simultâneos). Baseia-se na conhecida biblioteca de cálculo termodinâmico
do ProSim, validada ao longo de muitos anos de uso industrial intensivo, capaz de calcular
as seguintes propriedades e seus derivados (com respeito a temperatura, pressão, número
de moles). Sendo assim, o uso do ProsimPlus como uma ferramenta serve para auxiliar a
predição do sistema etanol-água, torna-se preferível, uma vez que o simulador não oferece
apenas critérios eficientes para identificar o percentual de extração, mas também critérios
para definir os projetos mais realistas e mais rentáveis em plantas de coluna de destilação
já existentes (PROSIMPLUS, 2017).
No presente trabalho foi realizada uma simulação utilizando uma coluna de destilação e o
dipropilenoglicol, como solvente. Um coproduto do processo de fabricação de oxido de
propileno e propilenoglicol por rota via petroquímico (Chemindustry, 2013), com
características de um líquido incolor, muito utilizado em indústrias de cosméticos como
fixador de fragrância.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para o cálculo dos parâmetros binários foi considerado o modelo termodinâmico NRTL.
Segundo (Renon, H.,1968), o modelo NRTL é fundamentado no modelo de Wilson onde
define que a concentração local em torno de uma molécula se diferencia de concentração em
grandes quantidades. A diferença entre a quantidade de moléculas se dá devida energia de
interação da molécula central com as moléculas em sua espécie ou de outro tipo “Uij”. A não-
aleatoriedade ao nível molecular também introduz a uma diferença de energia. Foi
considerada a equação 1.

COLUNA DE DESTILAÇÃO (CONDENSADOR TOTAL)

Esta operação permite apresentar uma coluna de destilação de multicomponentes, onde opera
em estado estacionário, e transferência de massa em contracorrente entre uma fase liquida e
211 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
uma fase vapor. A coluna é baseada no modelo matemático do conceito de estágios teóricos.
Entretanto, para a eficiência da coluna é possível introduzir o conceito de Murphree.

Para identificar os números de pratos teóricos, considera-se a ordem numérica de cima para
baixo onde o primeiro prato refere-se ao topo, e o ultimo prato a parte inferior da coluna.

A coluna é constituída por um condensador total e um refervedor parcial. É fundamental que


tenha uma alimentação, e pelo menos um líquido de produto de topo (destilado), e um produto
de fundo (resíduo) (PROSIMPLUS, 2017). É possível visualizar o esquema da coluna na
figura 2.

Figura 2. Representação da coluna de destilação (condensador total).

Fonte – (Adaptado) ProsimPlus

A coluna de destilação trifásica é constituída por um condensador total e um decantador.


Opera em estado estacionário de um processo de separação de multiestágios, de
multicomponentes, e em determinada configuração pode efetuar uma transferência de massa
entre uma ou duas fases líquidas e uma fase vapor em contracorrente. O modelo matemático é
baseado no conceito de estágios teóricos. Os estágios são numerados de cima para baixo, e se
houver presença de condensador é definido pelo primeiro estágio. A alimentação pode ser
realizada em qualquer estágio ao longo da coluna, e pode-se obter um líquido leve e um
pesado de fluxo lateral, uma corrente de vapor e uma troca de calor com o meio externo.

212 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Ambos estágios podem ser considerados trifásicos, e para determinar sua localização é
assumido que a fase líquida está presente em cada placa. Os testes de estabilidade são
realizados pela convergência da solução de duas fases o local da coexistência das duas fases
líquidas, onde a própria coluna indica a distinção da fase leve e da fase pesada
automaticamente, comparando as densidades.

Deve ser considerado uma alimentação, um destilado de vapor e um produto de fundo líquido.
Se houver um destilado líquido, considera-se um efeito secundário no primeiro estágio. O
algoritmo da coluna calcula automaticamente a posição de cada estágio de três fases
(PROSIMPLUS, 2017). A coluna pode ser visualizada na figura 3:

Figura 3. Representação da coluna de destilação trifásica (condensador total).

Fonte – (Adaptado) ProsimPlus.

Baseados nos estudos de obtenção de etanol anidro através de uma destilação extrativa
realizado por (Souza et al., 2013) e (Souza, 2012), a “quebra” do azeótropo ocorre quando a
alimentação de etanol está em uma concentração superior a 0,8 molar. Para a alimentação de
solvente foi considera as razões solvente/carga (S/F) de 0,5/0,7/0,9 através da equação 2:

213 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


RESULTADOS E DISCUSSÕES

Através do software ProsimPlus foi simulado a produção do etanol anidro com recuperação de
solvente. Considerou-se duas alimentações, a alimentação 1 foi determinado o sistema etanol-
água com a concentração proposta em 0,82 molar de etanol, e alimentação 2 o solvente em
questão, dipropilenoglicol. Foram aplicadas duas colunas de destilação. A coluna 1, tratou-se
de uma coluna de destilação condensador total responsável por obter o etanol anidro em seu
destilado, e a coluna 2, uma coluna de destilação trifásica, com a finalidade de recuperar o
solvente em seu produto de fundo.

Para a configuração das colunas foi considerado os valores mínimos de pratos eficientes para
realizar a destilação, assim dizendo, na primeira coluna foram estabelecidos trinta estágios e a
alimentação no prato quinze, a taxa de refluxo igual a dois. A segunda coluna o total de pratos
foram vinte, e a alimentação ocorreu em seu décimo prato. A simulação do processo pode ser
observada na figura 4.

Figura 4: Simulação do processo de destilação extrativa com recuperação de solvente.

Fonte – (Adaptado) ProsimPlus.

O cálculo dos parâmetros binários foi realizado através da ferramenta SimulisThermodinac


encontrada no branco de dados do software. Nas tabelas a seguir é possível visualizar os
resultados obtidos nos modelos NRTL e NRTLProsim, respectivamente:

214 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Tabela 1. Coeficiente de atividade do modelo NRTL

Componente i Componente j Cij° Cji° aij° CijT CjiT aijT

Etanol Água -2,59E-06 -2,59E-06 0,2 -9,46E-09 -9,46E-09 -

Dipropileno
Etanol -2,59E-06 -2,59E-06 0,2 -9,46E-09 -9,46E-09 -
glicol

Dipropileno
Água -2,59E-06 -2,59E-06 0,2 -9,46E-09 -9,46E-09 -
glicol

Fonte – (Adaptado) ProsimPlus.

Tabela 2. Coeficiente de atividade do modelo NRTLProsim

Componente Componente
aij aji bij bji cij cji dij dji eij eji fij fji gij gji
i j

-4,76E- -4,76E- -2,98E- -2,98E-


Etanol Água - - - - - - 0 0 - -
09 09 21 21

Dipropileno -4,76E- -4,76E- -4,26E- -4,26E-


Etanol - - - - - - 0 0 - -
glicol 09 09 22 22

Dipropileno -4,76E- -4,76E-


Água - - - - - - - - 0 0 - -
glicol 09 09

Fonte – (Adaptado) ProsimPlus.

Os resultados obtidos da tabela 3 representam a simulação em massa (kg/h) nos dois modelos
estudados.

Tabela 3. Resultados obtidos nas correntes de fluxo parcial

Correntes de
1 2 3 4 5 6 7 7
Fluxo Parcial

- alimentação alimentação misturador CD CD CD-3 CD-3 CD-3

- kg/h kg/h kg/h kg/h kg/h kg/h kg/h kg/h

215 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Etanol 3777,6 0 3777,6 3683,8 93,847 93,847 0 0

Água 324,28 0 324,28 0,669 323,61 323,61 0 0

Dipropileno
0 6708,7 6708,7 2,73E-05 6708,7 3,16E-05 6708,7 6708,7
glicol

fluxo total (kg/h) 4101,9 6708,7 10811 3684,4 7126,2 417,45 6708,7 6708,7

Fonte – (Adaptado) ProsimPlus.

Para validar o modelo termodinâmico do simulador NRTLProsim, o mesmo foi comparado


com o modelo NRTL, considerando a configuração NRTL-SAC para o cálculo dos
parâmetros binários. Visto que, para a eficiência da coluna de extração considera-se que o
destilado deve obter 99,6% em peso mínimo de etanol. Segundo os relatórios gerados através
do simulador esses dados são expostos na tabela 4 a fim de analisar os produtos obtidos.

Tabela 4. Resultados obtidos no destilado da coluna de destilação condensador total.

S/F=0,5
NRTL NRTL Prosim
Componente Etanol Água Dipropilenoglicol Etanol Água Dipropilenoglicol
Fração Mássica 0,9998 0,0002 0 0,9998 0,0002 0
Fração Molar 0,9995 0,0005 0 0,9995 0,0005 0

S/F=0,7
NRTL NRTL Prosim
Componente Etanol Água Dipropilenoglicol Etanol Água Dipropilenoglicol
Fração Mássica 0,9998 0,0002 0 0,9998 0,0002 0
Fração Molar 0,9995 0,0005 0 0,9995 0,0005 0

S/F=0,9
NRTL NRTL Prosim
Componente Etanol Água Dipropilenoglicol Etanol Água Dipropilenoglicol
Fração Mássica 0,9998 0,0002 0 0,9998 0,0002 0
Fração Molar 0,9995 0,0005 0 0,9995 0,0005 0

Fonte – (Adaptado) ProsimPlus.

216 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Este estudo visa propor um componente de extração, o dipropilenoglicol. Devido à ausência
de dados de equilíbrio líquido e vapor do sistema etanol-água-dipropilenoglicol este trabalho
utiliza os resultados de (SILVA et.al., 2013) e (DA SILVA, L.F et. Al., 2017) que analisaram
a “quebra” do azeótropo utilizando o glicerol e o propilenoglicol, respectivamente, para
validar a eficiência do componente proposto. Considera-se a composição fase vapor de etanol
como: y etanol e os resultados foram comprados através da tabela 5.

Tabela 5. Dados comparativos da fração molar de vapor de etanol.

Resultados obtidos por


Resultados obtidos neste Resultados obtidos por
Razão DA SILVA, L.F et. al
trabalho SILVA et.al. (2013)
(2017)

S/F y etanol y etanol y etanol

0,5 0,999 0,994 0,994

0,7 0,999 0,994 0,923

0,9 0,999 0,994 0,998

Visto que os valores de (SILVA et.al., 2013) variaram em sua fase vapor de etanol, as
composições de destilado obtidas neste trabalho, assim como nos resultados de (DA SILVA,
L.F et. al., 2017), não variaram nas diferentes razões de S/F. De acordo com os resultados
obtidos, observa-se que assim como o glicerol e o propilenoglicol, o dipropilenoglicol além de
não contribuir para o azeótropo formado no sistema etanol-água, ele pode ser considerado
como um solvente extrator de acordo com o resultado da concentração de etanol obtido na
simulação.

CONCLUSÃO

Foi observado que em ambos os modelos utilizados os resultados não se diferem, validando o
modelo NRTLProsim encontrado no simulador.

A utilização do software ProsimPlus para a simulação do processo de uma destilação extrativa


possibilitou aproximar às condições operacionais e predizer que o dipropilenoglicol pode ser
considerado um terceiro componente tecnicamente viável para uma destilação extrativa
217 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018
devido a sua influência positiva na curva de equilíbrio liquido vapor do sistema etanol-água e
por possibilitar a desidratação do etanol devido a sua concentração obtida em 0,999 molar no
seu destilado.

Observou-se também que não houve alteração de valor entre as razões solvente/carga (S/F)
admitindo a mesma configuração de coluna em todas elas. Sendo assim, foi concluído que a
razão mais indicada é 0,5 devido ao baixo consumo de solvente mostrando a eficiência de
produzir o etanol anidro.

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SIMULATION OF THE ETHANOL EXTRACTIVE DISTILLATION PROCESS USING


DIPROPYLENE GLYCOL

Abstract: Ethanol is a major contributor to the fuel, about 20-25% of anhydrous ethanol is
mixed with gasoline in order to increase its octane number. For anhydrous ethanol to be
added to the gasoline, it must have a purity content of 99.6% or more by weight. The
challenge of this purification is due to the formation of the azeotrope in the ethanol - water
system, whose separation becomes impracticable by conventional distillation. One of the
alternatives is extractive distillation, which consists in adding a third component in the system
in order to alter the properties of the mixture and increase the relative volatility of the
components of interest, allowing the separation of the components. Among the solvents used
for extractive distillation are the glycols that contribute to the change in the liquid - vapour
equilibrium curve, promoting the production of anhydrous alcohol. The results of the
simulation indicated that dipropylene glycol did not contribute to the formation of azeotrope
between the components of the ethanol-water system. The objective of this work was to carry
out an extractive distillation in order to produce anhydrous ethanol using dipropylene glycol
as extraction solvent.

Keywords: ProsimPlus; Distillation; Dipropylene Glycol.

219 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA DO
BIOETANOL A PARTIR DO RESÍDUO DE BATATA-DOCE (IPOMOEA
BATATAS L. (LAM.))

Marcelo dos Santos Damasio Gomes¹, Hídila Souza Teixeira da SILVA¹, Eduardo Nunes da Silva
FILHO¹, Lígia Marcondes Rodrigues dos SANTOS2, Cristiane de Souza Siqueira PEREIRA3

¹Curso de Engenharia Química da Universidade de Vassouras, Vassouras, RJ, Brasil.


2
Docente em Engenharia Química da Universidade de Vassouras, Vassouras, RJ, Brasil.
3
Docente do Mestrado Profissional em Ciências Ambientais e Engenharia Química da Universidade de
Vassouras, Vassouras, RJ, Brasil.
*marcelosdgomes@hotmail.com

Resumo: Pesquisas sobre biocombustíveis têm recebido atenção mundial nos últimos anos, devido à
preocupação com o desenvolvimento de fontes de energias renováveis, menos prejudiciais ao meio
ambiente. Entretanto, para atingir níveis desejados, sérias dificuldades confrontam a produção destes
biocombustíveis convencionais, pois são originados, em geral, de plantas com cultivares extensos,
limitando a produção de alimentos, o que constitui um grande estímulo à adoção de tecnologias
avançadas. Por isso, ao invés de ocupar novos campos com mais cultivares, atuais pesquisas sinalizam
como emergente tecnologia de combustíveis renováveis a produção de etanol a partir de resíduos
descartados em grande parte do território nacional. Nesse cenário, a fim de minimizar o desperdício de
alimentos e maximizar o reaproveitamento destes como matéria primas renováveis, destaca-se a
batata-doce como alternativa de matéria-prima para produção do bioetanol. O presente trabalho teve
como objetivo avaliar o potencial energético do resíduo de batata-doce para produção de bioetanol
utilizando para a fermentação alcoólica um fermento comercial onde sua composição possui a
levedura Saccharomycescerevisiae. Esses resultados foram comparados com a simulação no software
SuperProDesing e estudos realizados usando fontes energéticas. Através das análises preliminares
físico-químicas, ensaios experimentais e a simulação do processo de fermentação, estes constataram a
viabilidade da produção de álcool utilizando a batata-doce como resíduo. Os resultados mostraram um
volume de álcool promissor. Como a produção de etanol envolve o uso total dos resíduos como fonte
energética, isso contribui com a diminuição de resíduos desperdiçados anualmente no mundo.

Palavras-Chave: Simulação; Bioetanol; Batata-doce.

INTRODUÇÃO

Projetos de pesquisas e desenvolvimentos de biocombustíveis nos últimos anos têm recebido


atenção mundial, devido uma preocupação maior com o desenvolvimento de fontes de
energias renováveis e menos prejudiciais a natureza, aumentando sua matriz energética e
menor dependência de energia oriunda dos combustíveis fósseis (ANP, 2016). A energia
química se encontra em combustíveis e alimentos, sendo vitais para o homem. A bioenergia
pode ser definida como toda e qualquer forma de energia química mediante processos
fotossintéticos. Geralmente, denomina-se biomassa os recursos naturais que dispõe de
bioenergia e que através de processamentos podem fornecer formas bioenergéticas. Portanto,

220 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


biocombustíveis líquidos, como o bioetanol e o biodisel, seriam exemplos de fontes de
bioenergia (BNDES; CGEE, 2008).

A posição geográfica, áreas disponíveis, condições climáticas, técnicas agrícolas e o


agronegócio já consolidado favorecem o aproveitamento dos recursos naturais e justificam o
crescimento da participação dos biocombustíveis na matriz energética do Brasil. Como os
gases gerados na sua queima são reabsorvidos no crescimento da seguinte safra, fica
estabelecido um equilíbrio entre emissão e absorção de poluentes. Devido seu ciclo ser
autossustentável, esta fonte não contribui para o acúmulo de gases do efeito estufa. Além
disso, biocombustíveis como o etanol e o biodisel, que contém oxigênio em sua composição,
são grandes influenciadores na redução das emissões de monóxido de carbono (CO) quando
adicionados aos combustíveis fósseis (ABREU; OLIVEIRA; GUERRA, 2010).

Em níveis mundiais, entre um quarto e um terço dos alimentos produzidos anualmente para o
consumo humano se perde ou é desperdiçado. Isso é equivalente a aproximadamente 1,300
bilhões toneladas de alimentos, na qual inclui 30% dos cereais, entre 40 e 50% das raízes,
frutas, hortaliças e sementes oleaginosas, 20% da carne e produtos lácteos e 35% dos peixes.
Segundo uma estimativa, cerca de 6% das perdas mundiais de alimentos ocorrem na América
Latina. No Brasil, a fome afeta cerca de 14 milhões de pessoas. Na venda, o desperdício
nacional chega a 22 bilhões de calorias, o que seria capaz de satisfazer as necessidades
nutricionais de 11 milhões de pessoas (FAO, 2018).

Neste contexto, a batata-doce, usada em maior parte para alimentação, tem sido direcionada
como alternativa de matéria-prima para produção de bioetanol devido seu curto ciclo de
produção (duas safras anuais), fácil adaptação a solos de baixa fertilidade e por se enquadrar
no sistema de agricultura familiar (RIZOLLO, 2014).

De acordo Rizzolo et al. (2014) a batata-doce é uma matéria-prima contém alto teor de
carboidratos na forma de amido. O amido da batata-doce, depois de hidrolisado à glicose,
juntamente com outros açúcares redutores presentes na planta em quantidades menores, pode
ser fermentado para a produção de etanol.

Na forma mais simples, a produção do álcool a partir da hidrolise do amido e posterior


fermentação é descritas a seguir:

221 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Atualmente a hidrólise enzimática vem sendo amplamente utilizada por indústrias na
produção de etanol de origem amiláceas. Uma das vantagens da catálise enzimática é sua
especificidade, sendo muito maior em comparação com a catálise química, quanto à reação e
quanto ao substrato (TORRES, 2012).

Não é possível fermentar de forma direta o amido, sendo assim, é necessário hidrolisar suas
cadeias para obter glicose. Durante o processo hidrolítico, é necessário o uso de enzimas
eficientes para quebrar as ligações glicosídicas (ZANIN et al, 2000).

A enzima α-amilase é responsável por hidrolisar ligações α-1,4 em polissacarídeos amídicos,


gerando glicose e as glicosidases são responsáveis por liberar α-D-glicose a partir da cadeia
glicosídica. Essas enzimas são facilmente encontradas em animais e plantas (VIEIRA
JÚNIOR, 2006).

Além do processo de produção do álcool de batata-doce, vale destacar a agregação de valor


aos subprodutos gerados neste processo. Pensando no aproveitamento deste, sugere-se o
desenvolvimento de rações destinadas a alimentação de animais e peixes (SILVEIRA, 2008).

Nesse cenário, a fim de minimizar o desperdício de alimentos e maximizar o


reaproveitamento destes como matéria primas renováveis, o presente trabalho teve como
objetivo avaliar o potencial energético do resíduo de batata-doce para produção de bioetanol.
Avaliou-se o processo experimental e a simulação do mesmo.

MATERIAIS E MÉTODOS

O processo em escala de bancada foi realizado no laboratório da Universidade de Vassouras


onde foi conduzido todo o processo fermentação do resíduo e as análises físico-químicas. O
resíduo de batata-doce utilizado foi gentilmente cedido por um estabelecimento comercial da
cidade de Vassouras/RJ, que assim como inúmeros outros estabelecimentos locais, não
possuem destinação para reaproveitamento dos resíduos produzidos, descartando cerca de 10
kg de resíduos sólidos por semana. A Figura 1 ilustra o resíduo cedido para o estudo.

222 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Figura 1. Resíduo de batata-doce.

Fonte: Os Autores.

Como a batata doce é rica em amido, é necessário um pré-tratamento para hidrólise do amido.
Para isso, utilizaram-se as enzimas α-amilase fúngica (SPRING ALFA 40.000) e a enzima
amiloglucosidase (SPRING AG). Para o processo de fermentação utilizou-se um fermento
biológico comercial contendo em sua composição a levedura Saccharomycescerevisiae. As
Figuras 2 e 3 ilustram o fermento biológico e a enzima α-amilase, respectivamente.

Figura 2. Fermento biológico comercial.

Fonte: Os Autores.

Figura 3. Enzima α amilase.

Fonte: Os Autores.

223 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


O processo de fermentação do bioetanol a partir do resíduo da batata-doce seguiu a
metodologia citada por SILVEIRA (2008). O Fluxograma é ilustrado abaixo.

Figura 5. Fluxograma de produção de bioetanol com resíduo de batata-doce.

Batata-doce

Trituração

Gelatinização

α-amilase Pré-sacarificação

Amiloglucosidase Sacarificação

Saccharomycesce Fermentação
revisiae

Destilação

Etanol Co-produto

Fonte - Adaptado de SILVEIRA, 2008.

Inicialmente a matéria prima foi lavada para remoção das impurezas. Utilizou-se 300 gramas
de biomassa e as mesmas passaram por um processo de trituração. Em seguida, adicionou-se a
esta 400 ml de água destilada, totalizando uma quantidade aproximada de 800 ml de mosto.
Na etapa de gelatinização do amido, o mosto foi submetido ao aquecimento por cerca de 20
minutos na faixa de temperatura entre 68 – 74 °C. Após gelatinização, ajustou-se o pH do
mosto em 8,5 com uma solução de hidróxido de sódio 1M e a temperatura foi elevada para 90
°C. Após esta etapa adicionou-se a enzima α-amilase (0,625 g/L de mosto) responsável pela
hidrólise das ligações (1,4)-alfa-D-glicosídicas do amido. O processo ocorreu por 60 minutos.
Em seguida, o mosto foi resfriado até 60 °C e o pH foi ajustado para 4,5 com uma solução de
ácido clorídrico 1M (pH ideal da enzima amiloglucosidase). Adicionou-se a enzima
amiloglucosidase(0,625 g/L de mosto) e o processoocorreu por 60 minutos.

224 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Após a sacarificação, o mosto foi resfriado em banho de gelo até atingir 25 °C e o pH foi
mantido em 4,5. (pH ótimo para desenvolvimento da levedura Saccharomycescerevisiae). Em
seguida, a concentração de sólidos solúveis foi corrigida para 10°Brix com água destilada e
adicionou-se 100g de fermento biológico comercial contendo a levedura
Saccharomycescerevisiae..

Vedou-se a amostra e o processo de fermentação ocorreu com agitação durante 8 horas e 16


horas sem agitação (durante o atual projeto, o laboratório da Universidade estava trabalhando
em escala reduzida, por isso intercalamos a agitação do processo), por um período de 5 dias.

Após o período de fermentação, o fermentado alcoólico passou pelo processo de destilação. O


volume obtido foi separado e armazenado para análises. O co-produto separado no processo
de destilação foi armazenado para futuras pesquisas na área de produção de ração animal.

Para avaliar o potencial energético do resíduo de batata-doce para produção de bioetanol,


foram realizadas as análises físico-químicas através das metodologias: determinação do pH
(201/IV), para determinação de ° Brix (315/IV) e determinação de grau alcoólico (217/IV),
ambos de Adolfo Lutz, 2008.

SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL

A simulação do processo de fermentação da batata doce foi desenvolvida no simulador de


processos SuperPro Designer. A Figura 6 ilustra o fluxograma do processo de fermentação e
destilação.

Figura 6. Processo de fermentação do resíduo de batata doce.

Fonte - Adaptado de SuperPro Designer.

225 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Um levantamento prévio dos principais componentes da batata-doce foi realizado, e esse
serviu como referencial para o presente estudo. Baseando em informações da EMBRAPA,
2018a batata-doce é composta basicamente por água, carboidratos, sais, gorduras e proteínas.
A Tabela 1 apresenta a porcentagem de cada componente. De posse destes dados, os
componentes foram cadastrados no banco de dados do simulador.

Tabela 1. Composição química da batata-doce.

Composição Química %

Água 70,00

Carboidrato 26,1

Outros (sais, gorduras, proteínas) 3,9

Fonte - Adaptado de Embrapa, 2018.

Para a alimentação do sistema considerou-se uma corrente de fluxo mássico de 100 kg/dia e o
fermentador operou a 1 atm e 25ºC. A reação de fermentação no simulador é representada na
equação 3.

A composição da alimentação do sistema é representada na tabela 2.

Tabela 2. Alimentação do resíduo no fermentador.

Quantidade
Componente
(kg/dia)

Água 70,00

Amido 30,00

Fonte – Relatório do SuperPro Designer.

226 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Na saída do fermentador o produto oriundo da fermentação é direcionado para um destilador,
para separação do bioetanol. Houve geração de gás dióxido de carbono. A temperatura do
processo de destilação foi de 78,5ºC.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A concentração de álcool anidro obtida em escala de bancada foi de 10,25 ± 0,90 mL, através
da metodologia 217/IV de (ADOLFO LUTZ, 2008). O Gráfico 1 representa os resultados das
análises físico-químicas realizadas durante cada dia do processo de fermentação.

Gráfico 1. Análises de °Brix e pH durante cada dia de fermentação.

12
Fermentação Alcoólica do Bioetanol
10 10,0

8 8,0
Concentração

4,63 4,77
4 3,95 3,85 3,82
3,71 3,65
3,62
° Brix
2
pH
0
0 1 2 3 4 5 6
Dias de fermentação

Fonte – Autor.

O ° Brix inicial do processo de fermentação foi de 10 ° Brix. Ao longo do período de


fermentação foi possível observar uma queda de concentração, devido às leveduras estar
consumindo o açúcar presente no fermentado e o transformando em álcool. Devido ao curto
tempo de fermentação (cinco dias), não foi possível zerar o ° Brix.

227 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Entre o início e fim do processo de fermentação, foi possível constatar uma pequena variação
no pH, permanecendo todo o processo em meio ácido (abaixo de 7, o pH é classificado como
ácido).

Na simulação o álcool pode ser obtido no topo do destilador, com um fluxo mássico de 2,75
kg/dia ou 3,48452 L/dia, convertendo as unidades.O fluxo mássico no fundo do destilador foi
de 27,00 kg/dia e 63,00kg/dia para água e sub-produto da geração respectivamente. A Tabela
3 descreve as saídas de topo e fundo do destilador.

Tabela 3. Fluxo mássico de saída do topo e fundo do Destilador.

Fluxo
Componente mássico
(kg/dia)

Topo

Álcool 2,75

Fundo

Água 27,00

Sub-produto resíduo 63,00

Fonte – Adaptado de SuperPro Designer.

CONCLUSÃO

Através das análises preliminares físico-químicas em escala de bancada e a simulação do


processo de fermentação da batata-doce desenvolvida no simulador de processos SuperPro
Designer, constataram a viabilidade da produção de álcool a partir da batata-doce descartada
de um estabelecimento em Vassouras/RJ. Os resultados mostraram um volume de álcool
promissor. O presente trabalho dará seguimento aos estudos em busca de maior rendimento
do processo, resultando numa melhor quantificação de etanol. Como a produção de etanol
envolve o uso total dos resíduos como fonte energética, isso contribui com a diminuição de
resíduos desperdiçados anualmente no mundo.

228 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


REFERÊNCIAS
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tecnológicas: Textos selecionados. I Edição. Málaga: Eumed.Net, 2010. Disponível em <
http://www.eumed.net/libros-gratis/2010e/827/index.htm >. Acesso em: 19 Set 2018. ISBN
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Biocombustíveis, 2016. Disponível em <http://www.anp.gov.br/biocombustiveis>. Acesso
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BIOCANA Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Energia, 2010. Disponível
em:<http://www.biocana.com.br/index.php/noticia/visualizar/estudo-revela-cana-e-atr-
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açúcar : energia para o desenvolvimento sustentável. 1° Edição. Rio de Janeiro, 2008.
Disponível em < file:///C:/Users/marce/Downloads/Bioetanol%20da%20cana-de-
acucar_P%20(1).pdf >. Acesso em: 22 Set 2018. ISBN 978-85-87545-24-4.
EMBRAPA. Como plantar batata-doce. Brasília: Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária – Embrapa, 2008. Disponível em <https://www.embrapa.br/hortalicas/batata-
doce/composicao>. Acesso em: 29 Out 2018.
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Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), 2018. Disponível em
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ed. São Paulo: IAL, 2008. 1018p. Disponível em
<http://www.ial.sp.gov.br/resources/editorinplace/ial/2016_3_19/analisedealimentosial_2008.
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ORTIZ, S. Produção de bioetanol a partir de resíduos agroindustriais. 2010. 74f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Química), Universidade Regional de Blumenau,
Blumenau-SC, 2010. Disponível em <http://www.bc.furb.br/docs/DS/2010/346068_1_1.pdf>.
Acesso em: 29 Out 2018.
RIZZOLO, J. A. Estudo para o aproveitamento biotecnológico de variedades de batata-doce
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229 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


SILVEIRA, M. A. et al. A cultura de batata-doce como fonte de matéria prima para etanol.
Boletim Técnico da Universidade Federal de Tocantins – UFT, Tocantins, 2008. 38 p.
Disponível em <http://www.sudam.gov.br/conteudo/destaques/arquivos/Etanol/BOLETIM-
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TORRES, L. M.; LEONEL, M.; MISCHAN, M. M. Concentração de enzimas amilolíticas na
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VIEIRA JÚNIOR, A. Alfa e beta-amilase no metabolismo do amido durante o
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(doutorado) – Faculdade de Ciências Farmacêutica, Universidade de São Paulo, São Paulo,
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Out 2018.
ZANIN, G. M. et al. Brazilian Bioethanol Program. Applied Biochemistry and
Biotechnology. v. 84-86, p. 1147-1161, 2000.

SIMULATION OF THE ALCOHOLIC FERMENTATION PROCESS OF


BIOETHANOL FROM POTATO WASTE RESIDUE(IPOMOEA
BATATAS L. (LAM.))
Abstract: Research on biofuels has received worldwide attention in recent years, due to the
concerndevelopment of renewable energy sources that are less damaging to the environment.
However, for to achieve desired levels, serious difficulties confront the production of these
conventional biofuels, since from plants with extensive cultivars, limiting food production,
whicha major stimulus to the adoption of advanced technologies. Therefore, instead of
occupying new fields with more culture, current research signals the emergence of renewable
fuel ethanol from waste discarded in much of the national territory. In this scenario, in order
to minimizefood waste and maximize their reuse as renewable rawsweet potato as an
alternative raw material for the production of bioethanol. The present studyobjective of
assessing the energy potential of sweet potato residue for bioethanol production
usingalcoholic fermentation a commercial ferment where its composition has the yeast
Saccharomycescerevisiae. These results were compared with the simulation in the
SuperProDesing software andusing energy sources. Through the preliminary physical-
chemical analyzes, experimental andsimulation of the fermentation process, they verified the
viability of the alcohol production using thesweet potato as residue. The results showed
promising alcohol volume. As the production of ethanolinvolves the total use of waste as an
energy source, this contributes to the reduction of wasteannually in the world.

Keywords: Simulation. Bioethanol. Sweet potato

230 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


SIMULAÇÃO DO PROCESSO DE GERAÇÃO DO CLO2 EM UMA
INDÚSTRIA DE FABRICAÇÃO DE PAPEL

Samantha Cardoso Ferreira1*, Hídila Souza Teixeira da Silva2, Elisa Barbosa Marra3, Marcela
Galdino de Freitas4, Luis Felipe Caramez Berteges5, Cristiane de Souza Siqueira Pereira6
1236
Curso de Engenharia Química da Universidade de Vassouras, Vassouras, RJ, Brasil.
4
Departamento de Engenharia Química da UFRRJ, Seropédica, RJ, Brasil,
5
Curso de Engenharia de Produção da Universidade de Vassouras, Vassouras, RJ, Brasil.
*samanthacardoso2010@bol.com.br

Resumo: Na fabricação do papel e da celulose as condições ótimas de processo tais como


temperatura, pH e nutrientes devem ser monitoradas para crescimento de microrganismos. Para
impedir a proliferação destes microrganismos o dióxido de cloro (ClO2) é utilizado como biocida,
apresentando excelentes resultados quando comparado a outros agentes sanitizantes. Embora o cloro
gasoso seja menos oneroso, o custo geral do tratamento com ClO2 geralmente é menor, devido à sua
melhor eficiência. Objetivou-se no presente trabalho a simulação do processo de geração do ClO2
desenvolvida em um simulador de processos a fim de avaliar a eficiência da planta geradora de ClO 2.
Foi utilizado o simulador de processos comercial SuperProDesigner v9.0 e para desenvolvimento do
fluxograma do processo considerou-se um reator do tipo tanque agitado contínuo (CSTR). Os
resultados obtidos com a simulação foram satisfatórios alcançando-se 95% de eficiência e corroboram
os dados experimentais. Os resultados obtidos mostraram também que a dosagem indicada para
desinfecção do meio reacional sem agredir as tubulações e vestimentas foi alcançada.

Palavras-chave: ProsimPlus; Destilação; dipropilenoglicol.

INTRODUÇÃO
O ramo de papel e celulose no Brasil é uma área bastante competitiva, fruto da alta
produtividade da atividade florestal, derivada de décadas de investimentos intensivos em
pesquisa e desenvolvimento, assim como das condições edafoclimáticas do Brasil. Entre os
anos de 1970-2013, houve um aumento da produção brasileira de celulose cerca de 7,1% ao
ano, onde consequentemente refletiu na produção de papel, com uma taxa de 5,4% ao ano,
colocando o Brasil como um dos maiores produtores de celulose no mundo (IBÁ, 2015).

Há um grande consumo de matérias-primas orgânicas na indústria papeleira, dentre elas


podemos citar como exemplo a celulose que é consumida no processo numa média de 80%
em receita e também de água, para diluição das massas de matéria-prima ou para diluente de
seus efluentes, aproximadamente 12.000 litros para cada tonelada de papel é consumida,o que
coloca o Brasil em uma escala favorável para a produção de papel e celulose, uma vez que as
reservas brasileiras favorecem isso (CABRAL, 2016).

231 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


O meio reacional da fabricação de papel é propício para o desenvolvimento de
microrganismos levando em consideração a temperatura, pH e nutrientes orgânicos, ambiente
ao qual as bactérias podem se multiplicar facilmente, onde há um grande interesse do uso de
mecanismos que possam inibir a proliferação desses, uma vez que, as bactérias são um dos
fatores desfavoráveis no processo de produção de papel.O cloro apresenta baixa estabilidade e
possui função biocida somente em pH ácido devido a sua faixa de aplicação a pH < 7.0,
quando no processo de fabricação de papel o meio reacional apresenta uma faixa de pH entre
6.0 a 9.0,nessas condições não tem ação biocida efetiva, outro ponto importante, é o fato da
hidrólise de fibras sintéticas de poliamida (matéria-prima de telas formadoras e feltros
úmidos) devido a geração do íon cloreto favorecendo o ataque químico de vestimentas
reduzindo sua vida útil, conforme a Figura 1 (ROBUSTI et al., 2015).

Figura 1. Representação da tela formadora que sofreu hidrólise nas fibras de poliamida.

Hidrólise da
tela formadora

Fonte: Os autores.

Todavia o uso do hipoclorito e de outros sais de cloro considerados os primeiros quando se


trata da formação de cloraminas orgânicas tem se tornado uma grande preocupação, pois a
interação do cloro com a matéria orgânica do meio produz subprodutos da desinfecção, entre
eles ostrihalometanos (THMs), presumidos como carcinogênicos, sendo assim, há um
estímulo na procura por um desinfetante alternativo, passando-se a investigar o dióxido de
cloro (ClO2) (BAIRD, 2001).

A descoberta do dióxido de cloro (ClO2) foi feita por Sir Humphrey Davy em 1811,
acidificando clorato de potássio com ácido sulfúrico e por fim, produzindo um gás verde-
amarelo vindo a chamar-lhe “euchlorine”(SHIN & JUNG, 2006).

232 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


O dióxido de cloro é um gás à temperatura ambiente, pois não sofre qualquer alteração com as
variações de temperatura atmosféricas, além disso, é um forte agente oxidante, que
geralmente, reage por meio da transferência de elétrons operando na membrana celular,
desidratando, penetrando,oxidando internamente a célula microbiana sem causar ação tóxica
como ocorre na maioria dos compostos de cloro(FELKEY, 2003).

Destaca-setambém que é eficaz com os microrganismos gram negativos e gram positivos. Os


compostos fenólicos são hidrolisados e assim há a diminuição da formação de sabores e
odores anormais. Outro fator importante é a sua ação esporicida e sanitizante que se dá em
menores concentrações de cloro, que é consequência de ser solúvel em óleos e soluções de
composição mistas como, por exemplo, células de bactérias e vírus, onde as membranas
penetram facilmente, diferentes de outras substâncias polares. Recentemente, vários trabalhos
com o dióxido de cloro foram realizados em diferentes países (RASH, 2003).

Com isso observa-se a necessidade que sejam desenvolvidas rotas tecnológicas visando à
produção de dióxido de cloro.

Os simuladores de processos são ferramentas indispensáveis nos estudos e no planejamento


de projetos, assim como em processos já em operação, permitindo prever as condições do
processo produtivo.

O SuperPro Designer, fornece dimensionamento de equipamentos, cálculo de custos,


avaliação econômica, balanços de massa e energia, por isso, este software foi escolhido para a
simulação e um reator do tipo tanque agitado contínuo (CSTR) foi proposto (INTELLIGEN,
INC.).

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a simulação da geração do Dióxido de Cloro um reator do tipo CSTR (continuousstirred-


tankreactor) foi desenvolvido no simulador de processos, como pode ser visualizado na figura
2.Asvariáveis de processo analisadas foram fluxo mássicoe vazão de alimentaçãobaseadas na
reação conforme equação 1.

(2NaClO3+ H2O2) + H2SO42ClO2 + O2 + Na2SO4 + 2H2O(1)

233 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Onde: NaClO3 = Clorato de Sódio, H2O2 = Peróxido de Hidrogênio, H2SO4 = Ácido
Sulfúrico, ClO2 = Dióxido de Cloro, O2 = Oxigênio, Na2SO4 = Sulfato de Sódio e H2O =
Água.

Figura 2. Representação esquemática da produção de dióxido de cloro no reator do tipo


CSTR.

Fonte -SuperPro Designer v9.0.

Para reatores do tipo CSTR o SuperPro Designer conta com uma ferramenta que propõe o
fluxo mássico da alimentação do processo. Esse fluxo foi calculado através da equação 2.

Ondeα é a ordem da reação,k é a constante cinética, K1 e K2 são constantes de inibição em


kmol/m3e Ci é a concentração da espécie i. ATabela 1 apresenta as condições de alimentação
do reator:

Tabela 1. Fluxos mássicos da alimentação proposta pelo SuperProDesigner

Dados entrada do sistema

Componente Fluxo mássico (kg/s)

Clorato de Sódio 5,78333 . 10-6

Peróxido de Hidrogênio 5,78333 . 10-6

Ácido Sulfúrico 5,88333 . 10-6

Fonte: Os autores

234 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Nesse cenário, operou-se o reator a uma temperatura de 323,15 K e uma pressão de
100KPa.Tendo como base, o balanço estequiométrico da reação, que é representado na tabela
2.

Tabela 2. Balanço estequiométrico da reação proposto pelo SuperPro Designer

Reagentes Produtos

Componente Coeficiente Componente Coeficiente

Clorato de Sódio 212,882 Dióxido de Cloro 143,903

Peróxido de Hidrogênio 34,014 Oxigênio 31,99

Ácido Sulfúrico 98,073 Sulfato de Sódio 142,037

Total 344,969 Água 36,039

Total 344,969

Fonte-(Adaptado) SuperPro Designer v9.0.

Para a realização do balanço de massa, foram definidos os reagentes sendo o fluxo de entrada
e o fluxo de saída o produto dióxido de cloro.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A solução aquosa de dióxido de cloro produzida está substancialmente livre de ácido cloroso
e de preferência está livre de outros subprodutos, tais como cloreto de sódio e cloro livre.A
tabela 3 representa as correntes da saída do sistema.

Tabela 3. Fluxo mássico da saída do reator CSTR

Saída do sistema

Fluxo mássico
Componente
(kg/s)

Dióxido de Cloro 0,00012627

235 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Oxigênio 6,26944 . 10-5

Sulfato de Sódio 8,79722 . 10-5

Água 5,55277 . 10-5

Fonte - (Adaptado) Relatório do SuperPro Designer v9.0.

Para fins de comparação, analisou-seos resultados experimentais obtidos por uma planta de
processo de produção de dióxido de cloro in siterepresentada na figura 3.

Figura 3. Representação da planta de produção do dióxido de cloro.

Fonte - arquivo da empresa em estudo

A solução aquosa de clorato de sódio com peróxido de hidrogênioe o ácido sulfúrico são
bombeadas separadamente através de bombas dosadoras eletromagnéticas e misturadas em
um reator onde é gerado o gás ClO2. No topo do gerador existe um ejetor por onde passa a
água industrial e forma-se um vácuo, esse vácuo que é gerado pela passagem de água de
arraste no ejetor faz com que o ClO2 seja solubilizado na água e removido do reator. A
solução de ClO2 então é aplicada em diversos pontos do processo de fabricação de papel.Na
prática, o que é observado, é uma solução líquida amarela.A planta geradora possui sistemas
de alarme e na hipótese de falta de água ou a bomba de água não funcionar, o vácuo não é
gerado, logo o equipamento é desligado.Em caso da falta do componente A ou ácido, ou as

236 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


respectivas bombas não funcionarem, o vácuo formado será maior comparado à produção
normal e o equipamento será desligado.A planta em análise, opera a uma vazão de
alimentação de 23,2 mL/min, composta de uma mistura aquosade clorato de sódio com
peróxido de hidrogênioe 23,6 mL/min de H2SO4 (ácido sulfúrico), produzindo 0,49 kg/h de
ClO2à -520,9 mmHg de vácuo conforme figura 4.

Figura 4. Fluxograma da produção do dióxido de cloro.

Mistura Aquosa Dióxido de


Ácido Sulfúrico Reator
A Cloro
(23,6 mL/min) (CSTR)
(23,2 mL/min) (0,49 kg/h)

Fonte: Os autores.

Nessas condições de operação para avaliar a eficiência da planta calculou-se a concentração


teórica e concentração medida. Com os dados obtidos o processo de geração foi avaliado em
termos de eficiência (%) calculada a partir da Equação 3.

Os resultados obtidos após a simulação indicaram uma eficiência de 95% na produção de


dióxido de cloro. Este valor atende as expectativas visto que a planta geradora in site da
empresa em estudo apresentou uma eficiência de 97%. A Tabela 4 apresenta os resultados
obtidos da planta geradora da empresa.

Tabela 4. Resultados obtidos para cálculo da eficiência da planta geradora

Concentração teórica Concentração medida Eficiência

(ppm) (ppm) (%)

37 36 97%

Fonte – Os autores

237 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Tendo em vista a eficiência da produção de dióxido de cloro, baseado em dados fornecidos
pela empresa, a dosagem do ClO2kg/Tde papel produzidovs o seu residual (ppm) em valores
acima de 0,5 ppm (concentração estabelecida após análises laboratoriais) afeta as tubulações e
vestimentas com ataques químicos, desta forma foram realizados testes com dosagens
diferentes. Analisando os fluxos de 0,09e 0,08 kg/Tobservou-seinstabilidade e valores acima
da tolerância. Considerando a análise do residual, após correção da dosagem para 0,07 kg/T
de papel produzido na planta geradora, os valores do residual de ClO2apresentaram-
seestabilidade dentro da faixa de tolerância que é de 0,05 a 0,5 ppm conforme carta de
controle apresentadano gráfico 1. Obteve-se assim aconcentraçãoótima de dióxido de cloro
para promover a desinfecção através da oxidação.Em relação ao controle da dosagem ótima
de 0,07 kg deClO2/T de papel produzido, o gerador oferece informações de vazão volumétrica
da solução, taxa de geração que são monitorados pela sala de controle, garantindo um
processo estável de geração não excedendo o valor preestabelecido após estudos.

Gráfico 1. Representação gráfica da dosagem de ClO2vs residual de ClO2 no processo de


fabricação de papel

Fonte - (Adaptado) Minitab®

Considerando a sua ação rápida e suas propriedades de oxidação seletiva, o dióxido de cloro é
capaz de reduzir a atividade microbiológica de modo significativo, rápida e eficientemente, a
uma taxa de alimentação menor do que os biocidas oxidantes tradicionais. O controle
microbiológico é obtido com o uso de menos dióxido de cloro e as taxas de corrosão são
reduzidas.

238 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


CONCLUSÃO

De acordo com os resultados obtidos a partir do simulador de processos SuperPro Designer,


foi possível prever a eficiência da planta geradora e após experimentos realizados na empresa
em estudo, concluiu-se que foi possível obter a dosagem ideal de dióxido de cloro para o
processo de fabricação, alcançando a expectativa e permitindo avaliar que é possível
maximizar lucros reduzindo os custos com manutenções de tubulações, compra de novas
vestimentas e perda de papel na fabricação. Na simulação, os resultados encontrados
corroboram que o processo de geração de ClO2 na indústria de papel pode gerar melhorias ao
processo, aumentando a eficiência da planta, além de minimizar impactos ao processo
produtivo.O estudo da simulação de processo, permitiu concluir que os Softwares comerciais
desenvolvidos para simulação facilitam a modelagem do sistema, permitem prever alterações
e melhorias que podem ser feitas nas variáveis, otimizando o processo.

REFERÊNCIAS

BAIRD, Colin. Química ambiental. Reverté, 2001.

FELKEY, K. D. et al. Optimizationofchlorinetreatmentsandtheeffectsonsurvivalof Salmonella


spp. OntoMatosurfaces. In: ANNUAL MEETING OF IAFP (InternationalAssociation for
FoodProtection), 90th., 2003, New Orleans. Programand Abstract Book... New Orleans, 2003.
Abstract P212, p. 132

IBÁ - Indústria Brasileira de Árvores. Relatório IBÁ 2015. Brasília, 2015.

INTELLIGEN, INC. Superpro designer®. Disponível em:


<http://www.intelligen.com/superpro_overview.html>. Acesso em: 31 out. 2018.

RASH, V. A. Physicalandchemicaltreatments for controlof Salmonella oncataloperiods. In:


ANNUAL MEETING OF IAFP (InternationalAssociation for FoodProtection), 90th., 2003,
New Orleans. Programand Abstract Book... New Orleans, 2003. Abstract P240, p. 142.

ROBUSTI, et al. Papel. 1 ed. São Paulo - SESI SENAI Editora, 2015. 566 p. ISBN: ISBN
978-85-8393-930-6

SHIN, Ho-Sang; JUNG, Dong-Gyun. Determinationofchlorinedioxide in


waterbygaschromatography–massspectrometry. Journal of Chromatography A, v. 1123, n. 1,
p. 92-97, 2006.

239 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


SIMULATION OF THE CLO2 GENERATION PROCESS IN A PAPER MANUFACTURING
INDUSTRY
Abstract: In paper and cellulose manufacture, optimum process conditions such as
temperature, pH and nutrients should be monitored for growth of microorganisms. To prevent
the proliferation of these microorganisms chlorine dioxide (ClO2) is used as a biocide,
presenting excellent resultswhen compared to other sanitizing agents. Although chlorine gas
is less expensive, the overall cost of treatment with ClO2 is generally lower because of its
better efficiency. The objective of this work was to simulate the ClO2 generation process
developed in a process simulator in order to evaluate the kinetics of the reaction, the optimum
dosage for effective disinfection, to evaluate the residual ClO2 and the efficiency of the
generation plant. The commercial process simulator SuperPro Designer v9.0 was used and
for the development of the flowchart of the process acontinuous stirred tank reactor (CSTR)
was considered. The results obtained with the simulation were satisfactory reaching 95%
efficiency and corroborate the experimental data. The results also showed that the indicated
dosage for disinfection of the reaction medium without attacking the pipes and clothing was
reached.

Keywords: ProsimPlus; Distillation; Dipropylene Glycol.

240 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


SISTEMA DE GESTÃO ISO 22000: UM PROJETO DE INTERVENÇÃO
NA ÁREA DE ADITIVOS INDUSTRIAIS
Luma Carvalho Silva1; Maria Carolina De Barros Lima2; Cristiane De Souza Siqueira Pereira3;
Moisés Teles Madureira4*

1234
Curso de Engenharia Química da Universidade de Vassouras, Vassouras, RJ, Brasil.

*lumacsilva@yahoo.com.br

Resumo: Todos os processos inseridos na cadeia de produção de alimentos devem ser rigorosamente
controlados. Um dos agentes dessa cadeia é representado pela indústria de Aditivos Alimentícios, cuja
eficiência de processo deve manter os mesmos níveis de qualidade da indústria que fabrica o produto
final para consumo. Umas das formas de dar suporte ao controle das etapas de produção são oriundas
de Normas Internacionais reconhecidas como referências de mercado, dentre as quais se cita a Food
Safety System Certification (FSSC 22000). Desta norma se desdobram os requisitos que devem ser
seguidos de acordo com o escopo almejado pelas empresas. Objetivou-se com esse trabalho relatar o
projeto de implantação da Norma ISO 22000 em uma empresa do ramo de aditivos alimentícios. Com
o uso das ferramentas de software MS Project e Bizagi Modeler, avaliou-se o processo produtivo
desde o diagnóstico inicial até a obtenção da aprovação da certificação. Com isso, foi possível obter
uma visão sistêmica da situação anterior e posterior à mudança. O projeto mobilizou uma equipe
responsável pelo treinamento e transformação dos processos, resultando na certificação após 6 meses
de atividades programadas.

Palavras-chave: ISO 22000; Segurança Alimentar; Aditivos.

INTRODUÇÃO
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Food Agriculture and Organization
(FAO) os aditivos para alimentos são substâncias que entram no processo produtivo de
alimentos industrializados visando atender a uma série de finalidades, tais como: conferir um
padrão estético, conferir sabor, aroma, textura, conservação e/ou a segurança para seu
consumo.

Com relação à segurança, esta consiste em uma função que pode ser admitida como
predominante para que o produto final não ofereça riscos à saúde do consumidor. Nesse
sentido, os aditivos para alimentos devem cumprir rigorosos padrões de qualidade e higiene.
Para que a garantia desses padrões seja assegurada, é necessário o empenho de um conjunto
de ações desenvolvidas com a integração de recursos materiais, equipes de profissionais

241 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


qualificados e processos, tais como operacionais e de controle de qualidade no entorno do
negócio.

Os consumidores estão cada vez mais exigentes com a qualidade dos alimentos. Assim, as
empresas estão investindo em selos de certificação de segurança do alimento para garantia de
produção do mesmo, sem que este não cause danos à saúde do consumidor. Os sistemas de
segurança dos alimentos fazem com que as empresas tenham que cumprir rigorosos
requisitos, com base nas próprias normas internas. Em alguns casos, algumas empresas não
conseguem atender tais requisitos e por este motivo optam pela contratação de empresas
especializadas em certificação para assegurar que seus processos produtivos estejam bem
estruturados e monitorados.

Para a escolha da norma adequada a ser seguida, deve-se observar alguns aspectos da empresa
para definição do Sistema de Gestão de Segurança do Alimento (SGSA), tais como: tipos de
produtos fabricados, estilo do cliente, certificação exigida pelo cliente, o mercado que deseja
atingir, a certificação dos concorrentes e etc. As principais normas internacionais de
Segurança do Alimento que podem ser seguidas são, segundo a Revista Alimentare (2015):
Safety Quality Food (SQF), International Feature Standards (IFS Food), Food Safety System
Certification (FSSC 22000) e a International Organization for Standardization (ISO 22000).

Onde a norma SQF baseia-se nos princípios do Hazard Analysis and Critical Control Point
(HACCP), nos requisitos do sistema de gestão e no controle da qualidade. A norma IFS Food
tem seu padrão desenvolvido pelas empresas de varejo da Alemanha, Itália e França e suas
normas são publicadas através do HDE Trade Services Gmbh, em Berlim (Revista
Alimentare, 2015).

A FSSC 22000 é uma certificação internacional e usa a norma ISO 22000 e a norma ISO/TS
22002-1, como os requisitos para certificação de indústrias de alimentos (Revista Alimentare,
2015).

Por todos os fatores envolvidos na garantia da segurança do alimento, houve a estimulação da


elaboração de uma norma mundial, que visa garantir a segurança e busca evitar a criação de
barreiras comerciais.

Em resposta a esse estímulo, no ano de 2005, a norma ISO 22000 foi desenvolvida por
profissionais da indústria alimentícia junto com especialistas de organizações internacionais.
Em 2006 foi oficialmente traduzida para o português, quando substituiu a NBR 14900. A
norma contém requisitos a serem cumpridos de forma a assegurar alimentos íntegros e

242 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


seguros, e pode ser aplicada em qualquer organização do setor alimentício. O
desenvolvimento da ISO 22000 versão 2006 está baseado na estrutura da ISO 9001:2000, mas
integra outros requisitos como Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC),
Boas Práticas de Fabricação (BPF), Procedimentos Operacionais Padronizados (POP) e
Procedimentos Padrão de Higiene Operacional (PPHO).

Diante do exposto, destaca-se a importância das empresas que atuam no setor de alimentos,
em especial, as empresas do setor de aditivos, para que as mesmas adequem seus sistemas
operacionais às normas reconhecidas como padrão de segurança e qualidade. Isto possibilitará
a estas empresas a abertura de novos mercados consumidores, que exijam cumprimento de
requisitos rigorosos, tornando-as cada vez mais competitivas.

METODOLOGIA

Uma prática comum no mercado de produção de aditivos alimentícios em pó consiste na


realização de leilões, por grandes empresas que fabricam produtos para consumo direto do
consumidor, com a finalidade de contratar a compra de aditivos alimentícios. Nesse sentido, é
requisito contratual que as fornecedoras estejam certificadas por norma internacional
reconhecida ou elas terão que ser auditadas pelo cliente. Essa exigência constitui-se em um
termo condicionante para que o contrato seja realizado.

É recomendável que as transações comerciais entre o cliente e o fornecedor sejam pautadas


por compromissos solidários de zelo pela segurança alimentar em todas as etapas da cadeia
produtiva. Dessa forma, permite-se que todo processo produtivo possa ser rastreado até a
ponta de origem do produto. Atendendo esse princípio, todos os atores da cadeia de produção
devem cumprir regras bem definidas nos processos.

O caso em questão trata-se de um projeto de intervenção na gestão de processos de uma


organização do segmento de alimentício. A empresa em questão passou por uma
transformação para adequar-se às exigências do cliente e assim estar apta para concretização
do contrato. Seguindo a recomendação, o cliente notificou o fornecedor que este deveria
possuir certificação da norma ISO 22000 ou passaria por auditoria do próprio cliente afim de
manter a relação contratual.

Após as devidas análises por parte do fornecedor foi tomada a decisão de que a implantação
da norma ISO 22000 seria estrategicamente mais vantajosa pois possibilitaria prospecção de
novos negócios com mercados nacionais e internacionais.

243 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Assim, iniciou-se um processo de mapeamento das atividades da empresa na situação atual,
visando o desenvolvimento do projeto que conduziria a empresa à situação futura desejada, ou
seja, obtenção da certificação ISO 22000. O levantamento inicial dos processos realizados
antes do projeto de intervenção resultou no Diagrama apresentado na Figura 1 –
Levantamento dos Processo da Situação Anterior.

Figura 1. Levantamento dos Processos da Situação Anterior

Fonte: Os Autores

Para garantir a certificação é necessário seguir algumas sistemáticas e trabalhar


constantemente em cima de sistemas e legislações, procurando sempre demonstrar uma
melhoria contínua. Para adequação foi necessário seguir alguns requisitos da ISO/TS 22002-
1:2012, como o que se apresenta na Tabela 1 - Ações implementadas para o atendimento à
Norma ISO/TS 22002 (ABNT ISO/TS 22002-1:2012).

Tabela 1 - Ações implementadas para o atendimento à Norma ISO/TS 22002.

Requisito Ação implementada de atendimento à Norma ISO/TS 22002

O piso deve ser liso, rodapés arredondados de fácil limpeza, os


Item 5 – Infraestrutura equipamentos devem ser de inox, sem incrustações e instalados ara fácil
acesso de operação e manutenção.

244 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Fazer análises de amostras de água, analisar o ar ambiente (para partículas
Item 6 – Utilidades: água, suspensas) e verificar se exaustores e insufladores possuem telas e filtros,
ar e energia. fazer o controle do ar comprimido, como ponto de orvalho e óleo e dispor
de iluminação apropriada.

Caracterizar meios de evitar contaminação, como utilização de uniformes


Item 10 – Contaminação específicos, controle de acesso a área de produção, criar uma Análise de
Cruzada Pontos Críticos de Controle, um programa de alergênicos e um programa de
vidros e perigos físicos.

Subitem 10.2 -
Criar cronograma de análise microbiológica dos colaboradores e
Contaminação
equipamentos em conjunto com um Programa de higienização.
Microbiológica

Criar um Plano APPCC, programa que delimita pontos críticos de controle


Subitem 10.4 - como limites, perigos e monitoramento. A implantação da peneira no
Contaminação Física processo é um PCC e ela delimita o tamanho das partículas do produto e
evita que qualquer agente físico seja envasado.

Item 15 – procedimento Criar sistemas ara processo de recolhimento e informar aos órgãos
de RECALL competentes.

Item 17 – Informações do Corrigir a rolagem para informar alérgicos, lactose e glúten de acordo com
produto suas respectivas legislações.

Item 18 – Defesa do Criar programa de Food Defense e Food Fraud para avaliar riscos de
alimento sabotagem, vandalismo e terrorismo

Fonte: Os autores.

Ao término do processo de implementação da adequação à norma, que seguiu conforme o


cronograma da Figura 2, um novo mapeamento do processo foi realizado e resultou na
configuração representada no Diagrama da Figura 3 - Levantamento dos Processos da
Situação Posterior.

245 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Figura 3 - Levantamento dos Processos da Situação Posterior

Fonte: Os autores.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir do mapeamento levantado na situação inicial, foi possível realizar uma análise crítica
dos processos, à luz dos requisitos especificados pela Norma ISO 22000, e implementar as
mudanças necessárias para a transformação, o que culminou com o desenvolvimento do novo
diagrama de processos.

Após a implementação do novo diagrama, destacou-se as seguintes mudanças em relação ao


processo anterior: o setor de Programação e Controle de Processo – PCP foi suprimido; uma
sistemática de aprovação de fornecedor foi criada e um processo de peneiramento do produto
foi introduzido, etc.

Tais intervenções resultaram da análise de que a atividade de PCP pôde ser incorporada à área
de controle da qualidade, proporcionando maior agilidade aos processos. A sistemática de
aprovação de fornecedores, antes não contemplada, representou um relevante salto de
qualidade, não apenas em função de ser um requisito obrigatório da norma, mas também de
conferir à empresa um nível de maturidade em gestão mais elevado, com equipes integradas a
uma perspectiva de crescimento e aprendizado.

O processo de peneiramento foi um método importante estabelecido para controlar um item


obrigatório da norma, o único PCC da área de produção, garantindo que o produto seja

246 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


envasado na milimetragem correta e impedindo que qualquer agente físico ultrapasse aquela
etapa do processo.

O projeto de intervenção obteve pleno sucesso em sua implementação, uma vez que a
certificação foi atingida ao término de aproximadamente 6 meses de trabalho empenhado.
Para além da certificação, o projeto refletiu-se como uma etapa do desempenho da empresa no
sentido de se manter ágil e competitiva num mercado cada vez mais sujeito à mudanças, e que
exige capacidade de rápida adaptação dos ambientes corporativos, sejam eles de pequeno à
grande porte, à tais mudanças. Importante lembrar que o processo de transformação em busca
da melhoria deve ser contínuo, para orientar as atividades à um sentido de agregar valor ao
mercado.

CONCLUSÃO

Com todos os investimentos realizados pelo fornecedor e o emprenho da equipe de segurança


do alimento, foi possível identificar um potencial de grande melhoria na situação estrutural e
documental da empresa. Melhorias essas que acarretaram diretamente no produto, como: um
produto homogêneo de mesmo tamanho de partícula, sem contaminação microbiológica,
química ou física, colaboradores treinados e qualificados para seus cargos e alimentos seguros
desde a compra da matéria-prima até a entrega do produto final.
Uma vez que a empresa fornecedora conseguiu implantar todos os sistemas internos, ela
passou por uma auditoria externa de uma organização certificadora para que esta afirme se
tudo está em conformidade com os requisitos de um alimento seguro e possa validar a
fornecedora na norma ISO 22000.
A empresa fornecedora, em questão, obteve o certificado estando assim apta a vender aditivos
com o título de alimento seguro, ficando com a obrigação de manter seu nível de desempenho,
buscando sempre a melhoria contínua e passando frequentemente por auditorias de terceira
parte e anualmente por auditorias de primeira e segunda parte.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT ISO/TS 22002-1:2012 – Programa de pré-requisitos na segurança dos alimentos.


Parte 1: Processamento industrial de alimentos.

ABNT/NBR ISO 22000:2006 – Sistemas de gestão da segurança dos alimentos – Requisitos


para qualquer organização na cadeia produtiva de alimentos.

247 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION. Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura. Disponível em <http://www.fao.org/about/en/>. Acesso em: 09 de
Novembro de 2018.

REVISTA ALIMENTARE. Como escolher a certificação adequada para sua empresa, 2015.
Disponível em < http://revistaalimentare.com.br/author/revistaalimentare/>. Acesso em: 08 de
Novembro de 2018..

ISO 22000 MANAGEMENT SYSTEM: AN INTERVENTION PROJECT IN THE


INDUSTRIAL ADDITIVES AREA
Abstract: All processes in the food production chain must be strictly controlled. One of the
agents in this chain is represented by the Food Additives industry, whose process efficiency
must maintain the same quality levels of the industry that manufactures the final product for
consumption. One of the ways to support the control of the production stages comes from
International Standards recognized as market references, among which is the Food Safety
System Certification (FSSC 22000). This standard breaks down the requirements that must be
followed according to the scope sought by the companies. The aim of this work was to report
the implementation of the ISO 22000 Standard in a food additive company. With the use of the
software tools MS Project and Bizagi Modeler, the productive process was evaluated from the
initial diagnosis to obtaining certification approval. With this, it was possible to obtain a
systemic view of the situation before and after the change. The project mobilized a team
responsible for training and processing processes, resulting in certification after 6 months of
programmed activities.

Keywords: ISO 22000; Food Safety; Additives.

248 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


SISTEMAS DE REDES SUBTERRÂNEAS DE ENERGIA ELÉTRICA NO
BRASIL

Luiz Cláudio Rego Campos1; Alessandra de Souza de Macedo2; Diego Meireles Lopes3*

1
Engenheiro Eletricista pelo Centro Universitário Augusto Motta – UNISUAM e Tecnólogo em Sistemas
Elétricos pela Universidade Gama Filho – UGF, RJ, Brasil.
2
Engenheira Industrial Eletricista pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca –
CEFET/RJ, RJ, Brasil.
3
Doutorando em Engenharia Mecânica e Tecnologia dos Materiais pelo Centro Federal de Educação Tecnológica
Celso Suckow da Fonseca – CEFET/RJ e Professor da Coordenação de Engenharia da Universidade Santa
Úrsula - USU, RJ, Brasil.
*diego.lopes@usu.edu.br

Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar o sistema subterrâneo de energia elétrica e as
suas principais configurações, assim, determinando a melhor forma de operação dos equipamentos
empregados ao longo da extensão da rede elétrica de sistemas de cabos subterrâneos em baixa tensão e
em média tensão, de forma a garantir uma maior qualidade de serviço, elevar a segurança e diminuir o
impacto visual que as linhas aéreas produzem nos grandes centros urbanos. Na metodologia aplicada
foi necessário compreender quais os materiais e as suas características mais para aplicação dos cabos
subterrâneos. Em suma, deste modo é necessário utilizar os métodos aqui apresentados, recorrendo a
equipamentos específicos, pois os defeitos em cabos subterrâneos são mais complicados de identificar
e de localizar.

Palavras-Chave: Sistema de cabos subterrâneos; Segurança; Impacto Visual; Equipamentos


Específicos.

INTRODUÇÃO
O sistema de distribuição de energia é aquele que se confunde com a própria topografia das
cidades, ramificado ao longo de ruas e avenidas para conectar fisicamente o sistema de
transmissão, ou mesmo unidades geradoras de médio e pequeno porte, aos consumidores
finais da energia elétrica. (BIBIANO, 2014)

Segundo a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica – ABRADEE, a


conexão, o atendimento e a entrega efetiva de energia elétrica ao consumidor do ambiente
regulado acontecem por parte das distribuidoras de energia. A energia distribuída, portanto, é
a energia efetivamente entregue aos consumidores interligados à rede elétrica de uma alguma
empresa de distribuição, podendo ser rede de tipo aérea (suportada por postes) ou de tipo
subterrânea (com cabos ou fios localizados sob o solo, dentro de dutos subterrâneos).

249 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Do total da energia distribuída no Brasil, dentre as Distribuidoras associadas à ABRADEE, o
setor privado é responsável pela distribuição de, aproximadamente, 60% da energia, enquanto
as empresas públicas se responsabilizam por, aproximadamente, 40%. (ABRADEE, 2014).

Assim como ocorre com o sistema de transmissão, a distribuição é também composta por fios
condutores, transformadores e equipamentos diversos de medição, controle e proteção das
redes elétricas. Entretanto, de forma bastante distinta do sistema de transmissão, o sistema de
distribuição é muito mais extenso e ramificado, pois deve chegar aos domicílios e endereços
de todos os seus consumidores (ABRADEE, 2014).

As redes de distribuição são compostas por linhas de alta, média e baixa tensão. Apesar de
algumas transmissoras também possuírem linhas com tensão abaixo de 230 kV, as chamadas
Demais Instalações da Transmissão (DIT), grande parte das linhas de transmissão com tensão
entre 69 kV e 138 kV são de responsabilidade das empresas distribuidoras. Essas linhas são
também conhecidas no setor como linhas de subtransmissão (ABRADEE, 2014).

Além das redes de subtransmissão, as distribuidoras operam linhas de média e baixa tensão,
também chamadas de redes primária e secundária, respectivamente. As linhas de média tensão
são aquelas com tensão elétrica entre 2,3 kV e 44 kV, e são muito fáceis de serem vistas em
ruas e avenidas das grandes cidades, frequentemente compostas por 3 fios aéreos sustentados
por cruzetas de madeira em postes de concreto. (ABRADEE, 2014).

As redes de baixa tensão, com tensão elétrica que pode variar entre 110 e 440 V, são aquelas
que, também afixadas nos mesmos postes de concreto que sustentam as redes de média
tensão, localizam-se a uma altura inferior. As redes de baixa tensão levam energia elétrica até
as residências e pequenos comércios/indústrias por meio dos chamados ramais de ligação. Os
supermercados, comércios e indústrias de médio porte adquirem energia elétrica diretamente
das redes de média tensão, devendo transformá-la internamente para níveis de tensão
menores, sob sua responsabilidade (ABRADEE, 2014).

Este trabalho tem como objetivo apresentar o sistema subterrâneo de energia elétrica e as suas
principais configurações, provenientes das concessionárias de energia elétrica, assim,
determinando a melhor forma de operação dos equipamentos empregados ao longo da
extensão da rede elétrica de sistemas de cabos subterrâneos em baixa tensão e em média
tensão, de forma a garantir uma maior qualidade de serviço, maior confiabilidade e diminuir o
impacto visual que as linhas aéreas produzem nos grandes centros urbanos.

250 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


DESENVOLVIMENTO

Em 15 de fevereiro de 2011 o então senador Marcelo Crivella elaborou o Projeto de Lei do


Senado nº 37, que apresentou, como objetivo:

Altera a Lei nº. 9.427, de 26 de dezembro de 1996, para incluir a obrigatoriedade de


as concessionárias e permissionárias de serviço público de distribuição de energia
elétrica substituírem redes aéreas de distribuição de energia por redes subterrâneas
em cidades com mais de 100 mil habitantes e dá outras providências.

Inicialmente, pretende-se demonstrar, sob visão macro, de que forma se estrutura o sistema
elétrico de potência – SEP brasileiro. O SEP abrange a geração, assim compreendida a
barragem, a saída do gerador e a subestação elevadora; a transmissão, que é composta pelas
linhas de transmissão; e a distribuição de energia elétrica, que engloba todas as redes de
distribuição existentes nas cidades (LMDM, 2017).

De acordo com o Estudo: A Transformação Das Redes De Distribuição De Energia Aéreas


Em Subterrâneas (LMDM, 2017) vários são os tipos existentes de redes de distribuição de
energia elétrica. Não raras vezes, tais redes estão estruturadas em circuitos mistos, causando
combinações diversas entre redes de média e de baixa tensão, com variação especialmente em
relação aos padrões que são adotados pelas distribuidoras de energia elétrica do país,
deixando a desejar, também, quanto às condições e necessidades locais específicas.

De um modo geral, é possível subdividir as redes de distribuição de energia elétrica da


seguinte forma: aéreas ou subterrâneas. Delas, as aéreas são mais utilizadas no Brasil, sendo,
porém, as redes subterrâneas objeto do presente estudo. Ao se fazer uso das redes
subterrâneas de energia elétrica, torna-se possível proporcionar melhor nível de qualidade à
população, bem como maior preservação do meio ambiente, que se mostrará, também, livre
de poluição visual.

Entretanto, segundo o autor, deve-se considerar que, para a construção de redes subterrâneas,
impacta-se, sim, o meio ambiente, devendo ser este fator considerado quando da opção por
esse tipo de rede de distribuição de energia elétrica.

Também há a questão econômica, já que a construção de redes subterrâneas demanda maior


despendimento de recursos do que com as redes aéreas. Isso tudo, porém, ainda conforme
com o Estudo: A Transformação Das Redes De Distribuição De Energia Aéreas Em
Subterrâneas (LMDM, 2017) é superado com os benefícios que são gerados ao longo do
tempo pelo uso de redes subterrâneas, tais como os seguintes:

251 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


a) Significativa diminuição das interrupções pela redução que se proporciona da exposição
dos circuitos a agentes externos, contribuindo, desse modo, para incrementar a confiabilidade
do serviço que é prestado. Tal benefício não é percebido na rede convencional aérea, que fica
desprotegida em relação às influências externas e às situações adversas, o que faz com que ela
apresente elevados níveis de falhas, exigindo a realização de podas drásticas nas árvores,
tendo em vista que somente o contato de um galho de árvore com um condutor pode causar
constrangimentos advindos do desligamento de parte da rede;

b) Eliminação total dos circuitos aéreos, contribuindo para melhorar a aparência do sistema,
ajudando, também, na preservação das árvores. Tudo isso concorre para a promoção de
melhorias no aspecto visual das cidades, contribuindo, também, para a preservação do meio
ambiente;

c) Maior segurança para a população, em razão da redução experimentada de risco de


acidentes pela ruptura de condutores ou, ainda, por contatos acidentais;

d) Redução dos custos de manutenção da rede, tais como deslocamento de turmas de


emergência e podas de árvores (VELASCO et al., 2003).

2.1 SISTEMA RADIAL COM PRIMÁRIO EM ANEL

No sistema radial é fornecida uma distribuição de energia composta por dois ou mais
percursos, de forma que, se um alimentador falhar, toda a carga do mesmo é suprida por
outra, sem interromper qualquer consumidor. Todos os alimentadores desse arranjo devem ter
capacidade reserva para alimentar toda a carga do outro, em caso de defeito.

Se aplica ao atendimento de consumidores localizados em regiões de média densidade de


carga, pois nesse caso a rede aérea torna-se tecnicamente inviável, devido a fatores como
qualidade de serviço, limitações físicas, entre outros. (LIGHT,2012)

As configurações para o projeto de rede do sistema Radial com Primário em Anel podem ser
observadas nas figuras 1,2 e 3.

252 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Figura-1: Radial em anel com alimentadores oriundos de SETD’s diferentes

Fonte: Adaptado (DUTRA,2012)

Figura-2: Radial em anel com alimentadores oriundos de transformadores da mesma SETD

Fonte: Adaptado (DUTRA,2012)

Figura 3: Radial em anel com alimentadores oriundos do mesmo transformador da SETD

Fonte: Adaptado (DUTRA,2012)

253 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Essas são as três configurações possíveis para esse arranjo, sendo que o mais utilizado é o da
figura 2, onde os alimentadores são oriundos de subestações diferentes, apresentando assim
uma maior confiabilidade ao sistema.

A seguir está representada uma câmara transformadora subterrânea típica que é utilizada no
arranjo radial em anel (figura 4):

Figura 4: Câmara transformadora típica do sistema radial em anel

Fonte: Adaptado (VIANA,2014)

Nota-se pela figura 4 que chega ao circuito de MT através de bancos de linhas de dutos, e vai
à chave de três vias que alimenta o transformador e dá a continuidade ao circuito. A
alimentação do transformador é realizada em MT através da rede primária e, então,
transformada em BT para alimentar o barramento. Desse barramento sai à rede, protegida por
fusíveis, novamente através de bancos de dutos para alimentar os consumidores.

Para a construção de um projeto com a configuração do sistema radial com primário em anel,
deve-se primeiramente, fazer a avaliação da demanda do sistema para dimensionar os dois
alimentadores nas subestações, de forma a assegurar a condução da carga total, em caso de
falha de um equipamento ou dos cabos. Na ocorrência de uma falha, a chave que interliga os

254 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


dois alimentadores deve ser fechada para que um dos alimentadores possa assumir toda a
carga, por um determinado tempo até que seja feito a manutenção nos cabos ou no
equipamento defeituoso e seja normalizada a situação.

A seguir, é analisada a rede primária do arranjo que vai desde o alimentador até as UT’s.
Nessa rede podem ser utilizados condutores de cobre ou de alumínio, com seções
especificadas pelas concessionárias de energia de acordo com o dimensionamento feito pelas
mesmas para garantir que, quando um dos alimentadores assumirem a carga total do sistema,
a capacidade térmica dos cabos não atinja a temperatura de emergência. (LIGHT,2012)

Em relação às UT’s elas podem ser de rede ou dedicadas. Às UT’s de rede são ligadas as
redes que interligam vários consumidores, enquanto que as UT’s dedicadas são exclusivas
para um determinado consumidor. Nas UT´s são instalados equipamentos como
transformadores e chaves. (LIGHT,2012)

As chaves nesse arranjo normalmente são de três vias, uma para a chegada do cabo em MT,
outra para alimentar o transformador e a outra para dar continuidade ao circuito que mais
adiante será visto com mais detalhes.Os transformadores normalmente são trifásicos ligados
em delta estrela, com tensões primárias mais usuais de 13,8 kV e 13,2 kV e tensão secundária
mais usada de 220/ 127 V com potências geralmente de 150 kVA, 300 kVA, 500 kVA e 1000
kVA. (LIGHT,2012). As UT´s apresentadas nas configurações acima possuem um único
transformador, mas nelas podem existir mais de um transformador formando assim os
módulos típicos do arranjo. Os módulos podem conter, por exemplo, dois transformadores de
150 kVA ou três de 500 kVA, desde que as potências dos transformadores sejam as mesmas.

Após a análise da rede primária e especificada as UT’s a serem utilizadas, com os


transformadores e as chaves pertinentes, deve ser analisada a rede secundária que vai desde o
secundário do transformador até o ponto de entrega, onde são derivados ramais de ligação
para o consumidor. (LIGHT,2012).

Na rede secundária também são utilizados condutores de cobre ou de alumínio, com seções
também especificadas pelas concessionárias de acordo com o dimensionamento feito pelos
mesmos, mas com uma condição: quando há previsão para a transformação em sistema
reticulado no futuro, não se pode utilizar alumínio, pois no sistema reticulado se utiliza o
condutor de cobre com seção de 120 mm2 que funciona como fusível através da queima livre,
rompimento do condutor, pelo mesmo ser auto extinguível, onde a corrente de curto circuito
no ponto deverá ser no mínimo de 2kA. (LIGHT,2012).

255 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


No funcionamento do sistema radial com primário em anel devem ser consideradas possíveis
falhas que possam vir a acontecer. Nesse sentido, é instalado o sistema de proteção para
interromper os circuitos em caso de ocorrência de falhas. Nesse arranjo a proteção para a
rede primária utiliza disjuntores nas subestações e na rede secundária são utilizados fusíveis
que garantem a proteção contra sobrecorrentes. (LIGHT,2012)

Além de considerar as falhas no arranjo, também são consideradas as manobras e


seccionamentos que podem ser feitas nas redes, tanto para manutenção como para substituição
de equipamentos e cabos, daí a necessidade do aterramento para garantir que quando houver
alguém trabalhando na rede ela não possa sofrer nenhum tipo de dano físico. Portanto, esse
arranjo deve possuir uma malha de aterramento que interliga todas as partes metálicas
energizadas ou não que esteja sujeito a toque de terceiros. (LIGHT,2012).

2.2 SISTEMA DISTRIBUIÇÃO RESIDENCIAL SUBTERRÂNEA (D.R.S)

O sistema D.R.S é uma simplificação do sistema underground Residential Distribution (onde


a alimentação dos transformadores é subterrânea).

Nesses sistemas o arranjo é do tipo primário em anel, que se estende conectando-se através
dos transformadores ligados no sistema. Os alimentadores geralmente são conectados com um
único alimentador aéreo, o qual não oferece uma grande confiabilidade ao sistema.
(AZEVEDO,2010; NAKAGUISHI,2011)

A aplicação desse sistema é em regiões residenciais com baixa densidade de carga, para o
atendimento de loteamentos de alto nível, onde o uso de redes subterrâneas é imposto por
razões de estética ou legislação municipal. (LIGHT,2012)

A configuração para o projeto de rede do sistema de Distribuição Residencial Subterrânea está


representada abaixo (figura 5):

256 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Figura 5: Configuração do sistema residencial subterrâneo

Fonte: Adaptado (DUTRA,2012)

Para a construção de um projeto com a configuração do sistema de distribuição residencial


subterrânea deve-se, primeiramente, fazer a avaliação da demanda do sistema para
dimensionar o alimentador a fim de atender às cargas de dois pontos diferentes da
alimentação primaria. Na ocorrência de falha em um transformador ou em um trecho de cabo
o sistema deve permitir a realimentação dos demais componentes em condições de
funcionamento.

Essa manobra é feita por uma chave normalmente fechada em um dos pontos da alimentação
e a outra chave normalmente aberta num outro ponto. Em seguida, a rede primária do arranjo
é analisada desde o alimentador até as UT’s simplificadas. (LIGHT,2012)

Nessa rede podem ser utilizados condutores de cobre ou de alumínio isolados com seções
especificadas pelas concessionárias de energia para garantir a alimentação do sistema por dois
pontos diferentes da rede. As UT’s simplificadas são localizadas ao nível do solo, onde são
instalados os transformadores pedestais. (LIGHT,2012)

Os transformadores pedestais normalmente são trifásicos, ligados em delta-estrela, com


tensões primárias mais usuais de 13,8 kV e 13,2 kV e tensão secundária mais usada de 220 /
127 V com potências geralmente de 75 kVA, 150 kVA, 300 kVA e 500 kVA. Após a análise
da rede primária e especificada as UT’s simplificadas a serem utilizadas, com o transformador
e as chaves pertinentes, deve ser analisada a rede secundária que vai desde o secundário do

257 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


transformador pedestal até o ponto de entrega, onde são derivados ramais de ligação para o
consumidor. Na rede secundária são utilizados condutores de cobre ou de alumínio isolados,
que são diretamente enterrados, sendo chamado de cabos armados e com seções especificadas
pelas concessionárias. (LIGHT,2012).

No funcionamento do sistema de distribuição residencial subterrânea também devem ser


consideradas as falhas que possa vir a acontecer, nesse sentido, é instalado o sistema de
proteção para interromper os circuitos em caso de ocorrência de falhas. Nesse arranjo as
proteções utilizadas para a rede primária são disjuntores nas subestações e seccionalizadores
nas redes. Na rede secundária são utilizados fusíveis que garantem a proteção contra
sobrecorrentes. (LIGHT,2012).

Além de considerar as falhas no arranjo, também são consideradas as manobras e


seccionamentos que podem ser feitos nas redes, tanto para manutenção como para
substituição de equipamentos e cabos, daí a necessidade do aterramento para garantir que caso
haja alguém trabalhando na rede ou ocorra toque de terceiros aos equipamentos e cabos não
possa ocorrer nenhum tipo de dano físico. (LIGHT,2012).

Portanto esse arranjo deve possuir uma malha de aterramento que interliga todas as partes
metálicas energizadas ou não que esteja sujeito a toque de terceiros. (LIGHT,2012).

A seguir, está representada um transformador pedestal típico que é utilizada no arranjo


residencial subterrânea, conforme figura 6:

Figura 6: Transformador Pedestal

Fonte: Adaptado (VIANA,2014)

Os circuitos da rede primária que chegam diretamente enterrados, vão à chave de três vias que
alimenta o transformador pedestal e dá continuidade ao circuito. Os transformadores pedestais

258 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


são instalados ao tempo em bases de concreto com compartimentos blindados para conectar
cabos de baixa e média tensão. (CPFL,2007)

A alimentação do transformador é em MT e então transformada em BT para alimentar o


barramento pedestal. Deste barramento pedestal sai à rede, protegida por fusíveis, através de
cabos diretamente enterrados para alimentar os consumidores.

No sistema D.R.S também pode ser utilizado como opção a câmara transformadora
subterrânea. Segue abaixo um modelo dessas CTS (figura 7).

Figura 7: Câmara transformadora típica do sistema D.R.S (Barramento BTX)

Fonte: Adaptado (VIANA,2014)

Na prática, é utilizada essa CTS quando por questão de estética o consumidor não aceita a
construção de CTC.

2.3 SISTEMA RADIAL COM PRIMÁRIO SELETIVO

O sistema radial com primário seletivo é um sistema de distribuição com uma configuração
composta por dois alimentadores radiais. Estes são denominados, alimentador preferencial e
alimentador reserva que são projetados para atendimento da carga por um ou por outro em
tempo integral. É aplicado em regiões de atendimento de consumidores primários, onde a
densidade de carga é elevada, exigindo assim um alto grau de importância na continuidade e
qualidade de serviço. (AZEVEDO,2010)

259 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Esse projeto apresenta algumas modalidades de atendimento e em função das características
da carga envolvida, pode ser adotado o arranjo Primário Seletivo Exclusivo ou o Primário
Seletivo Generalizado. (LIGHT,2012; AZEVEDO,2010)

O arranjo primário seletivo exclusivo é adequado ao atendimento a grandes blocos de cargas


concentradas (shopping, grandes prédios comerciais ou mistos etc.), enquanto que o arranjo
primário seletivo generalizado é utilizado no atendimento de cargas espaçadas onde não seja
justificada, técnico-economicamente, a adoção do arranjo exclusivo. (LIGHT,2012;
AZEVEDO,2010). A configuração a seguir (figura 8) apresenta um arranjo típico do sistema
radial com primário seletivo.

Figura 8: Configuração típica do sistema radial com primário seletivo

Fonte: Adaptado (DUTRA,2012)

A figura 8 apresenta o sistema sendo alimentado por dois alimentadores um preferencial e


outro reserva sendo que os dois têm condições suficientes para assegurar a carga por tempo
indeterminado, mas além desses dois podem ser utilizados também outros alimentadores.
(DUTRA,2012)

Para a construção de um projeto do sistema de distribuição radial com primário seletivo, deve-
se, primeiramente, realizar a avaliação da demanda do sistema para dimensionar os
alimentadores nas subestações, de forma assegurar a carga total em tempo indeterminado, no
caso de falha de um equipamento ou dos cabos. Pois nesse sistema na ocorrência de uma falha
a chave de transferência automática de carga (DTAC) transfere automaticamente a carga do

260 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


alimentador onde ocorreu a falha para outro. Portanto, mesmo na perda de um alimentador (1ª
contingência) é garantida a continuidade do serviço. (LIGHT,2012)

A seguir, é analisada a rede primaria do arranjo que vai desde o alimentador até as UT´s.
Nessa rede podem ser utilizados condutores de cobre ou de alumínio. Em relação às UT’s elas
podem ser de rede ou dedicada. Elas podem ser do tipo dedicado no caso do arranjo primário
seletivo, e de rede no caso do arranjo primário generalizado, que é onde são instalados os
equipamentos como transformadores e chaves. (LIGHT,2012).

As chaves no arranjo primário seletivo normalmente possuem várias vias para que haja
recurso para o alimentador em melhores condições de receber a carga, no caso da perda de um
alimentador. Os transformadores normalmente são trifásicos ligadas em delta estrela, com
tensões primárias mais usuais de 13,8 kV e 13,2 kV e tensão secundária mais usada de
220/127 V com potências geralmente de 75 kVA, 150 kVA, 300 kVA, 500 kVA e 1000 kVA.
(LIGHT,2012)

No arranjo primário seletivo podem ser usados os módulos típicos das UT’s, formados por
mais de um transformador que contém, por exemplo, dois transformadores de 300 kVA ou
três de 1000 kVA. (LIGHT,2012)

Após a análise da rede primária e especificadas as UT’s a serem utilizadas com os


transformadores e as chaves pertinentes, deve ser analisada a rede secundaria, que vai desde o
secundário do transformador até o ponto de entrega. Na rede secundária podem ser utilizados
condutores de cobre ou de alumínio, de acordo com os critérios de projeto e as características
do sistema elétrico. Já funcionamento do sistema radial com primário seletivo também são
consideradas possíveis falhas que possa vir a acontecer, nesse sentido, é instalado o sistema
de proteção. No arranjo primário seletivo a proteção utilizada para a rede primária são
disjuntores e na rede secundária são utilizados fusíveis para garantir a proteção contra
sobrecorrentes. (LIGHT,2012)

Além da ocorrência de falhas, o sistema está sujeito a manobras e seccionamentos, tanto para
manutenção como para substituição de equipamentos e cabos, daí a necessidade da instalação
do sistema de aterramento nas CTS nas CI’s e nas CP’s onde são feitas essas manobras e
seccionamentos para evitar acidente como o pessoal de manutenção. Pela configuração da
rede apresentada no projeto de rede nota-se que a alimentação do sistema é feita por dois
alimentadores diferentes de subestações diferentes e que deles saem os circuitos de MT de

261 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


rede primária com condutores em bancos de linhas de dutos até as câmaras transformadoras
subterrâneas.

2.3 SISTEMA RETICULADO

Segundo BARRETO (2010), o sistema reticulado é o mais importante em termos de


confiabilidade que todos os outros sistemas de distribuição, não só em relação à continuidade
do fornecimento, mas também em relação à estabilidade da tensão de fornecimento,
oferecendo assim um alto nível de qualidade. Esse sistema é projetado para suportar a perda
de até dois alimentadores de média tensão sem interrupção no fornecimento de energia para
os consumidores ligados na baixa tensão. Quando ocorre a perda de dois alimentadores diz-se
que a subestação está operando em segunda contingência. Este sistema é aplicado em regiões
com elevada densidade de carga, onde um alto nível de qualidade de serviço é exigido. A
configuração para o projeto de rede do sistema reticulado está apresentada abaixo pela fig. 9.

Figura 9: Configuração típica do sistema reticulado

Fonte: Adaptado (DUTRA,2012)

Nota-se pela configuração da figura 9 que nesse sistema existem dois arranjos, o arranjo
reticulado generalizado (Network) e o arranjo reticulado exclusivo (Spot network). O arranjo
reticulado generalizado é utilizado para atendimento de cargas distribuídas e elevadas. Esse
arranjo consiste de um determinado número de transformadores, carregados em condições
normais de funcionamento, de 30% a 40% (nenhuma contingência) para garantir que quando
da ocorrência de perda de um transformador (primeira contingência) ou de dois

262 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


transformadores (segunda contingência) ainda atenda condições de fornecimento adequado,
ou seja, sem ultrapassar 100% da capacidade nominal. (DUTRA,2012)

Quanto ao arranjo reticulado exclusivo é recomendado ao atendimento de cargas pontuais


elevadas onde é exigida uma tensão secundária maior por interesse do consumidor. Esse
arranjo também consiste de um determinado número de transformadores ligados de forma que
quando da perda de até dois alimentadores (segunda contingência) não haja interrupção no
serviço e que a qualidade no fornecimento seja mantida. (DUTRA,2012)

Para a construção de um projeto do sistema reticulado deve primeiramente, realizar a


avaliação da demanda, pois em função desta demanda é definido o número de alimentadores a
serem utilizados de modo a garantir o funcionamento e a operação do sistema mesmo na falta
de dois alimentadores (segunda contingência). A seguir, é analisada a rede primária do
arranjo que vai desde o alimentador até as UT’s.

Nessa rede podem ser utilizados condutores de cobre ou de alumínio. Em relação às UT’s elas
podem ser de rede ou dedicada, sendo que as UT’s de rede são construídas quando da
instalação do sistema reticulado generalizado enquanto que as UT’s dedicadas são construídas
quando da instalação do arranjo reticulado exclusivo e é onde são instalados equipamentos
como transformadores cabos e chaves.

As chaves utilizadas são de uma via, pois o fluxo de potência é num único sentido. Os
transformadores utilizados nesse sistema normalmente são trifásicos ligados em delta estrela,
com tensões primárias mais usuais de 13,8 kV e 13,2 kV e tensão secundária mais usada de
216,5 V/ 125 V com potências geralmente de 500 e 1000 kVA. (LIGHT,2012)

Esses transformadores devem ser alimentados por circuitos de alimentadores primários


independentes de modo que na falha de um alimentador não haja interrupção de
consumidores, pois outros transformadores assumirão a carga. (BARRETO,2010)

As cargas de toda uma região do sistema reticulado é atendida por uma grande malha
secundária de distribuição alimentada por vários transformadores equipados com os protetores
network que interrompem o circuito quando da inversão de fluxo de potência.

Dessa malha secundária de distribuição sai à alimentação para os consumidores que deve ser
através de condutores de cobre com seção de 120 mm2, pois o condutor de cobre com essa
secção possui uma particularidade, funciona como fusível através da queima livre, que é o
rompimento do condutor, para proteger a rede secundária, desde a corrente de curto circuito
no ponto seja de no mínimo 2kA.

263 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Em relação à rede primária a proteção contra sobre correntes é garantida pelos relés e
disjuntores instalados nas subestações e contemplada pelos protetores network, instalados no
secundário dos transformadores de distribuição, para impedir que falha no primário seja
alimentada pela rede secundária. (BARRETO,2010) Nos sistemas SPOT, quando são
utilizadas tensões de até 220/127 V, eventuais falhas fase-terra são automaticamente
eliminadas quando do cessamento da respectiva causa.

Quando do emprego de tensões superiores ao referido valor, após o rompimento do dielétrico


do ar, a eliminação da causa da falha pode não implicar na extinção do arco provocado. Essa
falha autossustentada caracterizada por baixos valores de corrente é que se denomina, arco a
terra.

Então é utilizado um relé de sobre corrente para proteger a rede. O aterramento do sistema
reticulado deve ser efetivo, portanto a malha de aterramento é toda interligada de modo que
quando da ocorrência de falha monofásica no lado de MT envolvendo o neutro da BT, os
potenciais transferidos não ultrapassem os limites toleráveis pelo corpo humano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os sistemas de distribuição subterrânea de energia elétrica realmente são bem mais confiáveis
que os sistemas de distribuição aérea, pois como foi visto ao longo desse trabalho, esses
sistemas possuem muitos recursos quando da ocorrência de falha. Mas justamente por serem
mais confiáveis esses sistemas exigem estruturas mais complexas e, portanto, os custos são
bem mais elevados no mercado nacional.
Dentre os sistemas descritos nesse trabalho, destaca-se o sistema Reticulado por apresentar
algumas características próprias, de como alimentar os consumidores através da malha de
baixa tensão, utilizar protetor de rede para evitar inversão de fluxo, funcionar adequadamente
mesmo na perda de até dois alimentadores (segunda contingência) e utilizar condutores de
cobre com espessura de 120 mm2 que funcionam como fusíveis através da queima livre.
Em linhas gerais o presente trabalho desmistifica uma típica instalação dos sistemas de
distribuição subterrânea empregada pelas concessionárias de distribuidora do sistema elétrico
brasileiro especificamente da LIGHT (Concessionária Light SESA).
Apresentada de forma sucinta que atendem a uma estrutura preparada para o futuro potencial
energético de cada região com folga razoável na expansão do potencial elétrico de consumo,
comercializado hoje, mas que a cada dia vai se aproximando do limite de sua capacidade.

264 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


Em suma, o presente trabalho é de relevante importância técnica para demonstrar as
características principais de um sistema subterrâneo de distribuição de energia elétrica e as
suas típicas configurações, assim, de forma a garantir uma maior qualidade de serviço de
distribuição de energia e diminuir o impacto visual que as linhas aéreas produzem nas grandes
cidades do Brasil.

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265 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


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VIANA, FILLIPE RAMOS. Projeto de conclusão de curso: Sistemas de Distribuição


Subterrânea de Energia Elétrica. Rio de Janeiro, Universidade Veiga de Almeida, 2014..

UNDERGROUND SYSTEMS OF ELECTRICAL ENERGY IN BRAZIL


Abstract: This article presents the extension of the network of underground cable systems in
low voltage and medium voltage, noting that energy demand has increased, in order to ensure
a higher quality of service, increase security and reduce the visual impact that airlines
produce. To this end, it is necessary to understand what materials and its characteristics
more suitable for the underground cables. Despite the faults in underground cables are less
frequent than in the airlines, they become more difficult to identify and locate, since usually
they are not visible. Thus it is necessary to use several methods, using specific equipment.

Keywords: Underground cable System; Security; Visual Impact; Specific Equipment

266 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018


267 Araruama – RJ, 21-23 de novembro de 2018

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