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Física Geral

Prof.ª Margaret Luzia Froehlich

2011
Copyright © UNIASSELVI 2011

Elaboração:
Prof.ª Margaret Luzia Froehlich

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

150
F925f Froehlich, Margaret Luzia
Física geral / Margaret Luzia Froehlich. Indaial :
UNIASSELVI, 2011.

204 p. : il.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-399-0

1. Psicologia
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Ensino a Distância. II. Título.

Impresso por:
Apresentação
Amigo(a) acadêmico(a), você está diante de um emocionante e
envolvente material que levará você para o fantástico mundo dos fenômenos
naturais. Você está pronto(a) para se surpreender com a realidade? Você vai
descobrir o segredo que está escondido nos acontecimentos cotidianos e vai
poder relacioná-los a ideias exatas, quantificá-los, classificá-los e desvendá-
los. É isso o que você quer fazer? Então preste atenção!

Vamos começar entendendo um pouco do formalismo científico


empregado nas ideias abordadas em Física Geral. Desenvolver um raciocínio
prático e eficaz para a solução de problemas. Organizar os pensamentos na
análise de um fenômeno e descrever o seu comportamento.

Em seguida, estudaremos os movimentos em cinemática a partir de


um referencial e definiremos grandezas tais como velocidade e aceleração.
Em dinâmica você terá ainda a oportunidade de entender as leis de Newton
e se aprofundar um pouco no conceito de energia.

Abordaremos, também, os princípios envolvidos nas trocas de calor


e sua propagação. Algumas definições sobre eletricidade. E, por último, um
breve estudo sobre o magnetismo, a luz e o som, em que introduzimos, ao
longo do texto, algumas aplicações tecnológicas observadas na vida moderna.
Terminamos a discussão com uma introdução ao estudo de ondas utilizando
a onda sonora como exemplo.

Objetivamos que você tenha a oportunidade de aprofundar esses


conhecimentos. Cada abordagem não foi mais que uma breve revisão das
ideias básicas, por outro lado, muito eficiente para um início.

Bons estudos!

Margaret Luzia Froehlich

III
UNI

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades
em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o


material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato
mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, que é um código
que permite que você acesse um conteúdo interativo
relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1: MECÂNICA ..................................................................................................................... 1

TÓPICO 1: SISTEMA INTERNACIONAL E GRANDEZAS FÍSICAS ........................................ 3


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 GRANDEZAS FÍSICAS ....................................................................................................................... 3
2.1 NOTAÇÃO CIENTÍFICA ............................................................................................................... 4
2.2 OPERAÇÕES COM POTÊNCIA DE 10 . ...................................................................................... 4
2.2.1 Multiplicação ........................................................................................................................... 5
2.2.2 Divisão ...................................................................................................................................... 5
2.2.3 Potenciação .............................................................................................................................. 5
2.2.4 Radiciação ................................................................................................................................ 5
2.2.5 Adição e subtração . ................................................................................................................ 6
3 SISTEMA INTERNACIONAL ........................................................................................................... 6
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 9
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 10

TÓPICO 2: OPERAÇÕES COM VETORES ........................................................................................ 13


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 13
2 OPERAÇÕES COM VETORES .......................................................................................................... 15
2.1 ADIÇÃO ............................................................................................................................................ 15
2.1.1 Método geométrico ................................................................................................................. 15
2.1.2 Método do paralelogramo ..................................................................................................... 16
2.2 SUBTRAÇÃO ................................................................................................................................... 18
2.3 TRIGONOMETRIA ......................................................................................................................... 19
2.4 DECOMPOSIÇÃO VETORIAL ..................................................................................................... 20
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 23
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 24

TÓPICO 3: O MOVIMENTO DOS CORPOS .................................................................................... 27


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 27
2 CINEMÁTICA ....................................................................................................................................... 28
3 DINÂMICA ............................................................................................................................................ 30
3.1 PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA DINÂMICA OU SEGUNDA LEI DE NEWTON .......... 33
3.2 EQUILÍBRIO DE TRANSLAÇÃO DE UM PONTO MATERIAL ............................................. 34
3.3 FORÇA DE ATRITO ........................................................................................................................ 35
3.4 FORÇA ELÁSTICA . ........................................................................................................................ 37
3.5 PLANO INCLINADO ..................................................................................................................... 38
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 40
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 41

TÓPICO 4: TRABALHO E ENERGIA MECÂNICA ......................................................................... 45


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 45
2 TRABALHO ........................................................................................................................................... 46
3 POTÊNCIA E RENDIMENTO ........................................................................................................... 47

VII
4 ENERGIA MECÂNICA ....................................................................................................................... 50
4.1 ENERGIA CINÉTICA ..................................................................................................................... 50
4.2 ENERGIA POTENCIAL ................................................................................................................. 51
4.2.1 Energia potencial gravitacional ............................................................................................ 51
4.2.2 Energia potencial elástica ...................................................................................................... 52
4.2.3 Energia mecânica total ........................................................................................................... 52
4.3 CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ................................................................................................... 53
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 55
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 56

TÓPICO 5: FLUIDOS .............................................................................................................................. 59


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 59
2 DENSIDADE E PRESSÃO .................................................................................................................. 59
2.1 DENSIDADE .................................................................................................................................... 59
2.2 PRESSÃO .......................................................................................................................................... 60
2.2.1 Pressão atmosférica ................................................................................................................. 60
2.2.2 Pressão hidrostática ................................................................................................................. 60
3 PRINCÍPIO DE PASCAL ..................................................................................................................... 62
4 PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES ........................................................................................................ 63
5 HIDRODINÂMICA ............................................................................................................................. 65
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 67
RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 69
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 70
PRÁTICA - CÁLCULO DE DENSIDADE DE CORPOS ................................................................. 71

UNIDADE 2: TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE ......................................................... 75

TÓPICO 1: TERMOMETRIA ................................................................................................................ 77


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 77
2 LEI ZERO DA TERMODINÂMICA ................................................................................................. 78
3 ESCALAS TERMOMÉTRICAS ......................................................................................................... 78
4 CONVERSÃO DE ESCALAS ............................................................................................................. 80
4.1 FAHRENHEIT E CELSIUS ............................................................................................................. 80
4.2 FAHRENHEIT E KELVIN . ............................................................................................................. 81
4.3 CELSIUS E KELVIN . ....................................................................................................................... 81
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 83
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 84

TÓPICO 2: PROPAGAÇÃO DE CALOR ............................................................................................ 87


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 87
2 IRRADIAÇÃO ....................................................................................................................................... 88
3 CONDUÇÃO ......................................................................................................................................... 88
4 CONVECÇÃO ....................................................................................................................................... 89
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 89
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 91
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 92

TÓPICO 3: TROCAS DE CALOR ......................................................................................................... 95


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 95
2 QUANTIDADE DE CALOR E CALOR ESPECÍFICO ................................................................... 95
3 CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ....................................................................................................... 97
4 PRINCÍPIOS DA CALORIMETRIA ................................................................................................. 98

VIII
4.1 CALORÍMETRO .............................................................................................................................. 98
5 TERMODINÂMICA ............................................................................................................................ 101
5.1 TRABALHO DE UM GÁS .............................................................................................................. 101
5.2 ENERGIA INTERNA ...................................................................................................................... 103
5.3 PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA . ................................................................................... 104
5.4 SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA .................................................................................... 106
5.4.1 Máquina térmica ..................................................................................................................... 106
5.4.2 Máquina de Carnot ................................................................................................................. 107
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 110
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 111

TÓPICO 4: ELETROSTÁTICA E LEI DE COULOMB ..................................................................... 115


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 115
2 PROPRIEDADES ELÉTRICAS DA MATÉRIA .............................................................................. 115
3 CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS SEGUNDO SUAS PROPRIEDADES
ELÉTRICAS ........................................................................................................................................... 117
4 PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO ..................................................................................................... 118
4.1 ELETRIZAÇÃO POR ATRITO . ..................................................................................................... 118
4.2 ELETRIZAÇÃO POR CONTATO . ................................................................................................ 119
4.3 ELETRIZAÇÃO POR INDUÇÃO . ................................................................................................ 120
4.4 LIGAÇÃO À TERRA ....................................................................................................................... 121
5 LEI DE COULOMB ............................................................................................................................... 122
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 124
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 125

TÓPICO 5: CAMPO ELÉTRICO E POTENCIAL ELÉTRICO ......................................................... 127


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 127
2 CAMPO ELÉTRICO ............................................................................................................................. 127
3 POTENCIAL ELÉTRICO ..................................................................................................................... 130
4 FLUXO E SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS ................................................................................. 134
5 CAMPO ELÉTRICO UNIFORME ..................................................................................................... 135
RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 138
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 139

UNIDADE 3: ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES


TECNOLÓGICAS .................................................................................................................................... 141

TÓPICO 1: CORRENTE ELÉTRICA E RESISTÊNCIA .................................................................... 143


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 143
2 CORRENTE ELÉTRICA ...................................................................................................................... 143
3 RESISTÊNCIA ELÉTRICA E CONDUTÂNCIA ............................................................................ 145
3.1 PRIMEIRA LEI DE OHN ................................................................................................................ 146
3.2 SEGUNDA LEI DE OHN . .............................................................................................................. 146
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 149
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 150

TÓPICO 2: MAGNETISMO .................................................................................................................. 153


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 153
2 POLOS MAGNÉTICOS E CAMPO MAGNÉTICO ................................................................ 155
3 CAMPO MAGNÉTICO CRIADO POR UM CONDUTOR RETILÍNEO .................................. 157
4 FORÇA MAGNÉTICA ......................................................................................................................... 159

IX
4.1 FORÇA MAGNÉTICA SOBRE UM CONDUTOR RETILÍNEO ............................................... 160
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 162
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 163

TÓPICO 3: ÓTICA ................................................................................................................................... 165


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 165
2 TRAJETÓRIA DA LUZ ........................................................................................................................ 166
2.1 FONTES DE LUZ ............................................................................................................................. 167
2.2 PRINCÍPIOS DA ÓTICA GEOMÉTRICA ................................................................................... 167
3 PROPRIEDADES DA LUZ ................................................................................................................. 168
3.1 REFLEXÃO ....................................................................................................................................... 168
3.2 REFRAÇÃO ...................................................................................................................................... 169
3.3 ÍNDICE DE REFRAÇÃO ................................................................................................................ 169
3.4 REFLEXÃO TOTAL ......................................................................................................................... 169
3.5 DIFRAÇÃO ....................................................................................................................................... 170
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 172
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 173

TÓPICO 4: ACÚSTICA ........................................................................................................................... 175


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 175
2 ONDAS SONORAS ............................................................................................................................. 176
3 EFEITO DOPPLER ................................................................................................................................ 177
4 RESSONÂNCIA, ECO E REVERBERAÇÃO ................................................................................... 178
5 DIFRAÇÃO, INTERFERÊNCIA E BATIMENTOS ........................................................................ 179
6 QUALIDADES FISIOLÓGICAS ....................................................................................................... 182
7 INSTRUMENTOS MUSICAIS .......................................................................................................... 184
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 186
RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 187
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 188

TÓPICO 5: RELATIVIDADE E MECÂNICA QUÂNTICA ............................................................. 191


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 191
2 TEORIA DA RELATIVIDADE ........................................................................................................... 191
2.1 TRANSFORMAÇÃO DE LORENTZ ............................................................................................ 192
2.2 SIMULTANEIDADE, DILATAÇÃO DO TEMPO E CONTRAÇÃO DA DISTÂNCIA ......... 193
3 MECÂNICA QUÂNTICA ................................................................................................................... 195
3.1 A QUANTIZAÇÃO DA MATÉRIA .............................................................................................. 195
3.2 O EFEITO FOTELÉTRICO . ............................................................................................................ 196
RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 198
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 199
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 201

X
UNIDADE 1

MECÂNICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta unidade tem por objetivos:

• associar as grandezas físicas a suas unidades de medida no SI (Sistema


Internacional);

• empregar a matemática dos vetores em problemas com grandezas veto-


riais;

• classificar os movimentos dos corpos, explicar a sua origem e reconhecer


as forças atuantes;

• conhecer os conceitos de energia associados ao movimento e à configura-


ção dos corpos e entender a importância do conceito de conservação de
energia;

• conhecer as propriedades dos fluidos, bem como suas aplicações e princí-


pios.

PLANO DE ESTUDOS
A primeira unidade está dividida em cinco tópicos. No final de cada tópico
você encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conceitos.

TÓPICO 1 – SISTEMA INTERNACIONAL E GRANDEZAS FÍSICAS

TÓPICO 2 – OPERAÇÕES COM VETORES

TÓPICO 3 – O MOVIMENTO DOS CORPOS

TÓPICO 4 – TRABALHO E ENERGIA MECÂNICA

TÓPICO 5 – FLUIDOS

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

SISTEMA INTERNACIONAL E
GRANDEZAS FÍSICAS

1 INTRODUÇÃO

Vamos começar dando um nome para cada uma das entidades misteriosas
que parecem nos perseguir no nosso dia a dia. E por que não chamá-las de
grandezas físicas? É uma ótima ideia, transmite a sensação de algo que pode ser
medido, conhecido, esmiuçado. Assim, isolamos algo, medimos a sua grandeza
e desvendamos o seu comportamento. Depois disso, vamos tentar descobrir as
leis que as governam. Faremos isso do ponto de vista clássico, que para o nosso
caso é muito eficiente. Utilizaremos as convenções preestabelecidas e as leis da
matemática para corroborar nossas ideias.

2 GRANDEZAS FÍSICAS

Grandeza física é tudo aquilo que pode ser medido. Por exemplo, distância,
tempo, temperatura, pressão. A beleza, a emoção e o sabor não podem ser
medidos numericamente, por isso, não são grandezas físicas, são qualidades. Nós
classificamos as grandezas físicas em duas categorias: escalares ou vetoriais.

Grandezas escalares estão associadas apenas aos valores numéricos, como


a temperatura, a massa, o tempo. Quando dizemos que a temperatura da sala é de
23 0C estamos dando uma informação completa. Aproximadamente em qualquer
lugar da sala a temperatura é 23 0C. Vamos chamar essas grandezas, de agora em
diante, apenas de escalares. Assim, o tempo é um escalar, a massa é um escalar etc.

Por outro lado, podemos falar de uma força, então precisamos saber algo
além do seu valor numérico. Temos que descobrir onde a força é aplicada (direção)
e para que lado (sentido), caso contrário a informação está incompleta. Grandezas,
que além de módulo (valor numérico) possuem direção e sentido são chamadas
de grandezas vetoriais. Se uma maçã cai na minha cabeça, sinto o impacto de
uma grandeza vetorial, a força-peso da maçã. Pressão, velocidade, força etc., são
grandezas vetoriais. No próximo tópico vamos aprender a lidar com elas.

3
UNIDADE 1 | MECÂNICA

2.1 NOTAÇÃO CIENTÍFICA

Ao efetuarmos a medida de uma grandeza, podemos obter um número que


seja extremamente grande ou extremamente pequeno. Como exemplo, citamos a
distância da Terra à Lua, 384.000 km, e o diâmetro de um átomo de hidrogênio,
da ordem de 0,0000000001 m. Para manipular tais números, utilizamos a notação
científica, fazendo uso das potências de 10 (CARRON; GUIMARÃES, 1999).

O módulo de qualquer número b pode ser escrito como o produto de um


número a, entre um e dez, por outro, que é uma potência de dez, 10n:

Vejamos:
200 = 2 x 100 = 2 x 102
5.300.000 = 5,3 x 1.000.000 = 5,3 x 106
0,00000024 = 2,4 x 0,0000001 = 2,4 x 10-7

Regra Prática:

• Números maiores que 1. Deslocamos a vírgula para a esquerda até atingir o


primeiro algarismo do número. O número de casas deslocadas para a esquerda
corresponde ao expoente positivo da potência de 10.

• Números menores que 1. Deslocamos a vírgula para a direita, até o primeiro


algarismo diferente de zero. O número de casas deslocadas para a direita
corresponde ao expoente negativo da potência de 10.

Assim, o número 25 x 104 deve ser escrito corretamente como 2,5 x 105. O
mesmo acontece com o número 84 x 10-3, que deve ser escrito como 8,4 x 10-2.

2.2 OPERAÇÕES COM POTÊNCIA DE 10

A seguir, fazemos um resumo das operações com potências de dez, onde


tomamos a e b como sendo dois números quaisquer.

4
TÓPICO 1 | SISTEMA INTERNACIONAL E GRANDEZAS FÍSICAS

2.2.1 Multiplicação

Exemplo 1:

2 x 108 x 8 x 10-5 = 2 x 8 x 108-5 = 16 x 103.

2.2.2 Divisão

Exemplo 2:

–3

2.2.3 Potenciação

Exemplo 3:

2.2.4 Radiciação

5
UNIDADE 1 | MECÂNICA

2.2.5 Adição e subtração

Inicialmente, colocamos todos os números na mesma potência de 10 (de


preferência na maior); em seguida, colocamos a potência de 10 em evidência;
finalmente, somamos ou subtraímos as partes numéricas (CARRON; GUIMARÃES,
1999).

Exemplo 5:

a) 5 x 10-4 + 6 x 10-5 = 5 x 10-4 + 0,6 x 10-4 = 5,6 x 10-4

b) 2,3 x 104 - 2 x 103 = 23 x 103 - 2 x 103 = 21 x 103

3 SISTEMA INTERNACIONAL
Nos problemas com os quais nos deparamos o dia inteiro encontramos
muitas coisas que poderiam ter sido diferentes se tivéssemos feito isso ou aquilo de
outro modo. E você talvez diria que nós não poderíamos saber antes. É exatamente
esse o ponto, nós podemos! A maior parte das coisas que acontecem à nossa volta
podem ser previstas, desde que tenhamos informações suficientes sobre elas.
Vamos chamar essas informações de variáveis ou de grandezas físicas. O tempo,
o comprimento, o volume, a densidade, a temperatura, a velocidade, são apenas
alguns exemplos de grandezas que podemos controlar. Se isso não fosse verdade
você não estaria sentado numa cadeira agora, nem se arriscaria a atravessar uma
ponte, ou subir até a cobertura de um arranha-céus. Usar o celular, então... nem
pensar!

Para que a grandeza nos forneça uma informação útil é preciso medi-la.
Então, precisamos fixar um valor que seja único e conhecido, precisamos de um
padrão. O metro é um padrão de comprimento, a hora é um padrão de tempo, e
assim por diante. Vamos chamar esse padrão de unidade e representá-lo com um
símbolo, como você pode ver na tabela a seguir. Por exemplo, se eu digo que andei
10m, significa que percorri uma distância de dez vezes a unidade metro.

TABELA 1 - TABELA COM AS UNIDADES DE MEDIDA DO SI (SISTEMA INTERNACIONAL)


GRANDEZA UNIDADE SÍMBOLO
Comprimento metro m
Massa quilograma kg
Tempo segundo s
Corrente elétrica ampère A
Temperatura termodinâmica kelvin K
Quantidade de matéria mol mol
Intensidade luminosa candela cd
FONTE: Disponível em: <www.chemkeys.com/bra/ag/uec_7/sidu_4/uess_6/uess_6.htm>. Acesso
em: 24 mar. 2007.

6
TÓPICO 1 | SISTEMA INTERNACIONAL E GRANDEZAS FÍSICAS

Embora no SI a unidade de comprimento seja o metro, ela admite múltiplos


e submúltiplos, na tabela a seguir. Veja os principais (CARRON; GUIMARÃES,
1999):
TABELA 2 - MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS DO METRO
Comprimento
quilômetro (km) 1 km = 1000 m = 103 m
hectômetro (hm) 1 hm = 100 m = 102 m
decímetro (dm) 1 dm = 0,1 m = 10-1 m
centímetro (cm) 1 cm = 0,01 m = 10-2 m
milímetro (mm) 1 mm = 0,001 m = 10-3 m
FONTE: A autora

Do mesmo modo podemos escrever os submúltiplos da massa na tabela a


seguir:
TABELA 3 - MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS DO QUILOGRAMA
Massa
grama (g) 1 g = 0,001 kg = 10-3 kg
decigrama (dg) 1 dg = 0,0001 kg = 10-4 kg
centigrama (cg) 1 cg = 0,00001 kg = 10-5 kg
miligrama (mg) 1 mg = 0,000001 kg = 10-6 kg
FONTE: A autora

Na tabela a seguir encontramos as relações do segundo entre as outras


unidades de tempo.

TABELA 4 - RELAÇÕES DAS UNIDADES DE TEMPO


Tempo
1min = 60s
1h = 3600s
1 dia = 24h = 1440min = 86400s
1 ano = 365 dias = 8760h = 5,26x105min = 3,15 x 107s
FONTE: A autora

Embora não façam parte do SI, na prática, são muito utilizadas as seguintes
unidades contidas na tabela a seguir:

TABELA 5 - RELAÇÃO DE UNIDADES DO SI COM OUTROS SISTEMAS DE UNIDADES


1 milha marítima = 1852 m
1 polegada = 2,54 cm = 0,0254 m
1 pé (12 polegadas) = 30,48 cm = 0,3048 m
1 jarda (3 pés) = 91,44 cm = 0,9144 m
1 mícron =10-6 m
1 angstrom = 10-10 m
1 ano-luz = 9,46x1012 km = 9,46 x 1015 m
1 litro = 1000cm3 = 10-3 m3
1 tonelada = 1000 kg
1 libra = 0,45 kg
1 u.t.m. = 9,8 kg
1 u = 1,66x10-27 kg
FONTE: A autora

7
UNIDADE 1 | MECÂNICA

Você pode utilizar a regra de três para converter as unidades de um


sistema para outro, mas existe uma forma bem prática de fazer as conversões:
multiplicando a grandeza por um fator de conversão, veja os exemplos a seguir:

Exemplo 1: Converta 20 km em m.

Exemplo 2: Converta 550 g em kg.

Exemplo 3: Converta 3h em s.

Exemplo 4: Converta 1,03 g/cm3 em kg/m3

DICAS

Se você tem acesso à internet, entre no site: <http://www.chemkeys.com/bra/ag/


uec_7/uec_7.htm>. Nele você encontrará maiores informações para saber sobre os conceitos
básicos envolvidos com as quantidades e unidades do Sistema Internacional de Unidades (SI),
bem como seus usos, conversões, aplicações, convenções, estilos e representações.

8
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu que:

 Há um critério na adoção de unidades de medida que obedecem a um acordo


internacional.

 Existem dois tipos de variáveis físicas, as grandezas escalares e as grandezas


vetoriais.

DICAS

Se você quer saber um pouco mais, entre no site: <http://br.geocities.com/


galileon/1/grandezas/grandezas.htm>.

9
AUTOATIVIDADE

Para aprimorar os conhecimentos adquiridos, resolva as questões que seguem:

1 Complete as lacunas das frases a seguir:

Um processo de medição é uma comparação entre duas


grandezas (físicas) de ____________ espécie(s). Nesse processo,
a grandeza a ser medida é comparada a um padrão que se chama unidade
de medida, verificando-se quantas vezes a ____________ está contido na
____________ a ser medida.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Mesma – grandeza – unidade.
b) ( ) Diferentes – unidade – grandeza.
c) ( ) Mesma – unidade – grandeza.
d) ( ) Diferentes – grandeza – unidade.
e) ( ) Mesma – espécie – unidade.
f) ( ) Diferentes – espécie – grandeza.

2 Grandezas escalares são aquelas que ficam perfeitamente


caracterizadas quando delas se conhecem o valor numérico e a
correspondente unidade. São exemplos de grandezas escalares:

a) ( ) Força, velocidade, aceleração, campo elétrico e tempo.


b) ( ) Deslocamento, força, tempo, energia e massa.
c) ( ) Área, tempo, potência, comprimento e massa.
d) ( ) Energia, tempo, massa, quantidade de movimento e campo elétrico.
e) ( ) Comprimento, corrente elétrica, tempo, massa e velocidade.
f) ( ) Deslocamento, energia, aceleração, velocidade e tempo.

3 Complete as lacunas da frase a seguir:

Grandezas vetoriais são aquelas que necessitam de


____________, ____________, ____________ e ____________
para serem perfeitamente definidas.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Valor numérico - desvio - unidade - direção.
b) ( ) Valor numérico - unidade - direção - sentido.
c) ( ) Desvio - sentido - direção - módulo.
d) ( ) Módulo - vetor - padrão - quantidade.
e) ( ) Padrão - valor numérico - unidade - sentido.

10
4 No Sistema Internacional de Unidades (SI), as unidades de
comprimento, massa, tempo e temperatura são, respectivamente:

a) ( ) Quilômetro, grama, minuto, Kelvin.


b) ( ) Quilômetro, quilograma, hora, Kelvin.
c) ( ) Metro, quilograma, segundo, Kelvin.
d)( ) Centímetro, litro, segundo, Celsius.
e) ( ) Metro, quilograma, minuto, Celsius.

5 Escreva os números a seguir em notação científica:

a) 13.500 =
b) 8.540 =
c) 950.700 =
d) 0,03 =
e) 0,0025 =

6 Escreva os números a seguir em notação decimal:

a) 6,25 x 10-2 =
b) 3,15 x 10-4 =
c) 6,02 x 103 =
d) 7,0 x 104 =
e) 1,2 x 106 =

7 Calcule as seguintes expressões, apresentando os resultados


em função de uma potência de 10.

a) 6 x 10-3 + 4 x 10-5 =
b) 5,2 x 103 - 2 x 102 =
c) 3 x 108 x 8 x 10-5 =
d) 1,25 x 104 : 5 x 105 =
e) (6 x 10-5)2 =
f) (144 x 108)1/2 =
g) 2 x 102 (3 x 105 + 4 x 106) =
h) [(3 x 103)2 + 1,6 x 107]1/2 =
i) (49 x 107 . 7x 10-3) + 5 x 106 =

11
8 Converta os valores das grandezas para unidades do SI.

a) 0,84 km em m.
b) 2h34min em segundos.
c) 350 g em kg.
d) 10 polegadas em m.
e) 56 toneladas em kg.
f) 67 u em kg.
g) 600 libras em kg.
h) 3000 pés em m.

9 Suponha que cada centímetro cúbico de água possui uma


massa de exatamente 1g, determine a massa de um metro
cúbico de água em quilogramas.

10 A Terra possui uma massa de 5,98x1024 kg. A massa média


dos átomos que compõe a Terra é de 40 u. Quantos átomos
existem na Terra?

12
UNIDADE 1
TÓPICO 2

OPERAÇÕES COM VETORES

1 INTRODUÇÃO

Uma maçã atinge o crânio de alguém. A força que ele sente é o peso da maçã.
Mas de onde ela veio? Do céu e direto para a sua cabeça! Percebeu a informação
a mais? Precisamos de um novo objeto matemático para desvendar as grandezas
que possuem direção e sentido. Podemos representar essas grandezas como um
segmento de reta orientado. Para compreender melhor, verifique a figura que
segue. Podemos supor que a partícula que atingiu a cabeça em repouso de Newton
foi colocada em movimento devido a uma força de cima para baixo. Se essa força
não estivesse atuando, a maçã continuaria em repouso na árvore.

FIGURA 1 - EXEMPLO DE GRANDEZAS

FIGURA 1 – DESCOBERTA DA LEI DE QUEDA LIVRE DOS CORPOS


FONTE: Disponível em: <http://ich.unito.com.br/view/2749>. Acesso em: 16 jul. 2007.

13
UNIDADE 1 | MECÂNICA

NOTA

Vamos compreender melhor a figura? À esquerda você pode observar Newton


descobrindo a lei da queda livre dos corpos e à direita uma esquematização da queda
livre. Esta ilustração foi retirada do site: <http://ich.unito.com.br/view/2749>. Neste site você
encontra muitas coisas interessantes sobre as leis de Newton. Confira! Para ter uma explicação
pormenorizada sobre gravitação universal acesse o site: <http://nautilus.fis.uc.pt/astro/hu/gravi/
gravitacao_universal.html>.

O vetor tem uma origem (de onde vem) e uma extremidade (para onde
vai), e tem um valor numérico associado a ele, que chamamos de módulo. Quando
nos referimos a uma grandeza vetorial devemos ter um meio de diferenciá-la de
uma grandeza escalar. Por exemplo, podemos falar de uma grandeza escalar como
a temperatura (em graus Celsius) utilizando um símbolo T(OC) e uma grandeza
vetorial, à força (em Newton) com F(N).

Observe que o símbolo da grandeza vetorial F está em negrito, enquanto


que da grandeza escalar T permanece normal. Alguns livros preferem utilizar uma
flechinha sobre a letra que representa a grandeza vetorial, você deve se familiarizar
com as duas maneiras.
FIGURA 2 – VETORES COM DIREÇÃO E SENTIDO

FONTE: A autora

NOTA

Vamos compreender a figura? Observe! Na figura (a) temos um segmento de


reta com origem no ponto A e extremidade no ponto B denominado vetor X, com unidade
de medida em metros (m). Na figura (b) temos um vetor F, força gravitacional da partícula em
queda livre, dada em Newton (N).

Na figura (a) temos a ilustração de um vetor deslocamento X. Trata-se de


uma grandeza cuja unidade é o comprimento, que no SI é o metro m. A distância
entre o ponto A e o ponto B é o módulo do vetor. A direção é horizontal e o sentido
é da esquerda para a direita. Em (b) a direção do vetor é vertical e o sentido para
baixo. Generalizando, podemos representar qualquer grandeza utilizando o
conceito de vetor, desde de que tenhamos que associar a ela direção e sentido.
14
TÓPICO 2 | OPERAÇÕES COM VETORES

UNI

O aluno normalmente opta pela notação com flechinha em cima da letra em razão
da dificuldade de representar negrito no caderno. Assim, a força F pode ser escrita como .

Agora que você já conhece o que é um vetor, sabe para que ele serve e
como representá-lo, precisa descobrir como tratá-lo nas operações matemáticas.
Esse ponto é essencial para você, como acadêmico(a). Estude-o com bastante
empenho. Inclusive, seu desempenho futuro nessa disciplina vai depender do
bom aproveitamento da próxima seção.

2 OPERAÇÕES COM VETORES

2.1 ADIÇÃO
A adição de grandezas vetoriais não é tão simples como somar valores
numéricos. Não podemos nos esquecer de que essas grandezas possuem direções
e sentidos muito bem definidos. Essas informações não podem ser perdidas nos
cálculos. Podemos somar vetores através de dois métodos, o método geométrico e
o método do paralelogramo. Em seguida mostramos cada um deles.

2.1.1 Método geométrico

FIGURA 3 – TRÊS VETORES QUAISQUER, a1, a2 e a3

FONTE: A autora

15
UNIDADE 1 | MECÂNICA

Como você pode observar, há três vetores no espaço, representados na


figura anterior (em duas dimensões, plano do papel), a1, a2 e a3. Agora, vamos
deslocá-los sobre esse mesmo espaço arrastando-os de tal modo que a extremidade
do primeiro coincida com a origem do segundo e a extremidade deste com a origem
do terceiro. Observe o resultado na figura a seguir. O vetor aR é o vetor resultante
da soma, aR = a1 + a2 + a3 .

FIGURA 4 – À ESQUERDA A SOMA DOS VETORES a1, a2 E a3. À DIREITA O VETOR


RESULTANTE ar

FONTE: A autora

2.1.2 Método do Paralelogramo


O método do paralelogramo consiste em somar os vetores aos pares. A
resultante de cada par é dada pela lei dos cossenos modificada: r2 = a2 + b2 + 2abcosθ.
Acompanhe o raciocínio disponível nas próximas ilustrações:

FIGURA 5 – TRÊS VETORES QUAISQUER, a, b e c

FONTE: A autora

Vamos deslocar o vetor a e b da figura 5, colocando suas origens no mesmo


ponto. Depois, traçamos linhas paralelas aos vetores em suas extremidades, figura
6. Por último, desenhamos um vetor que se origina na origem dos vetores e vai até
a interseção das linhas paralelas.

FIGURA 6 – SOMA DOS VETORES a E b E SUA RESULTANTE R, E SUA FORMULAÇÃO


MATEMÁTICA

FONTE: A autora

16
TÓPICO 2 | OPERAÇÕES COM VETORES

E
IMPORTANT

Observe como não podemos simplesmente somar as grandezas vetoriais a e b


como fazemos com os escalares.

Agora vamos somar o vetor R ao vetor c, figura 7, e obter um novo vetor


resultante. O vetor N é dado por,
FIGURA 7 – SOMA '
c c
R R

FONTE: A autora

Observe como os dois métodos coincidem em termos de resultados, aR = N,


na ilustração da figura 8. É importante notar que um vetor pode ser transportado pelo
espaço sem perder suas propriedades. Ou seja, o módulo, a direção e o sentido do vetor
não se perdem no transporte paralelo do vetor aR do ponto A até o ponto B. Se você
fizer o deslocamento horizontal do vetor aR até o vetor N, verá que os dois coincidem.

FIGURA 8 – COMPARAÇÃO DOS DOIS MÉTODOS. O MÉTODO A, DO POLÍGONO. E O


MÉTODO B, DO PARALELOGRAMO. OBSERVE QUE aR É IGUAL A N

FONTE: A autora

Vamos praticar? Encontre o vetor resultante da soma entre um vetor cujo


módulo é de 3m com outro de 4m, que formam um ângulo de 300 entre si.
FIGURA 9 – VETORES DA ATIVIDADE

FONTE: A autora

17
UNIDADE 1 | MECÂNICA

Vejamos a solução!

Resposta: O vetor resultante possui 6,8m.

2.2 SUBTRAÇÃO

Consideramos os vetores a e b dados nas figuras a seguir, conhecidos o


módulo, a direção e o sentido (CARRON; GUIMARÃES, 1999).

FIGURA 10 – VETORES A E B

FONTE: A autora

A subtração d = a – b é feita do seguinte modo: sem alterar os vetores,


desenhamos os dois com uma origem coincidente. Em seguida, unimos as duas
extremidades por um segmento de reta.

FIGURA 11 – SUBTRAÇÃO DE VETORES

FONTE: A autora

O módulo do vetor d, que representa a diferença vetorial entre os vetores


a e b é dado por:

18
TÓPICO 2 | OPERAÇÕES COM VETORES

2.3 TRIGONOMETRIA

A trigonometria trata das medidas nos triângulos. Os métodos


trigonométricos permitem descobrir os valores de lados e ângulos em triângulos
dos quais se conhecem apenas alguns elementos.

FIGURA 12 – MEDIDA DE ÂNGULOS

FONTE: A autora

Para os propósitos desse Caderno de Estudos, devemos conhecer as


seguintes relações:

Exemplo 1: A projeção do segmento AB sobre a reta r mede 9,5 cm. Qual é


o comprimento do segmento AB?

FIGURA 13 – A PROJEÇÃO DO SEGMENTO AB

FONTE: A autora

Solução: Podemos transformar a figura anterior num triângulo retângulo


traçando uma reta BC perpendicular a r no ponto B.
19
UNIDADE 1 | MECÂNICA

FIGURA 14 – RETA BC

FONTE: A autora

AC é a projeção de AB sobre a reta r e vale 9,5 cm, conforme o enunciado.


Comparando com o triângulo retângulo da definição, encontramos que AC é o
cateto adjacente ao ângulo de 180. Assim, podemos calcular AB como segue:

2.4 DECOMPOSIÇÃO VETORIAL


Um vetor a qualquer no espaço plano x-y pode ser decomposto em suas
componentes ax e ay na direção dos eixos coordenados. Aplicando as relações
trigonométricas do triângulo retângulo encontramos os módulos do vetor a na
direção x (ax) e na direção y (ay), juntamente com a direção θ do vetor.

FIGURA 15 – DECOMPOSIÇÃO DO VETOR A NO SISTEMA CARTESIANO (PLANO-XY). VALOR DAS


COMPONENTES E DIREÇÃO DO VETOR

FONTE: A autora

A seguir, você confere a tabela dos valores de seno, cosseno e tangente para
os principais ângulos.

20
TÓPICO 2 | OPERAÇÕES COM VETORES

TABELA 6 – SENO, COSSENO E TANGENTE DOS PRINCIPAIS


ÂNGULOS

FONTE: A autora

ATENCAO

Ao utilizar os valores da tabela você não precisa substituí-los em forma de

fração, na sequência, observe que no exemplo 1, substituímos . E em


.

Esta tabela fornece apenas alguns ângulos. Você pode calcular os outros
quando for necessário, utilizando uma calculadora científica. E agora, que tal
entendermos um pouco mais através de alguns exemplos?

Exemplo 2: Encontre as componentes do vetor b com módulo de 12 m


formando um ângulo de 300 com o eixo horizontal x.
FIGURA 16 – VETOR E SUAS COMPONENTES, EXEMPLO 1

FONTE: A autora

21
UNIDADE 1 | MECÂNICA

m m
Resposta: A componente na direção horizontal x é 10,4 m e a componente
na direção vertical y é 6 m.

Exemplo 3: Um projétil é atirado com velocidade de 400 m/s, fazendo um


ângulo de 45º com a horizontal. Determine a componente horizontal vx e a vertical
vy da velocidade do projétil.

FIGURA 17 – VETOR E SUAS COMPONENTES, EXEMPLO 2

FONTE: A autora

Solução:

m/s m/s
Resposta: As componentes na direção horizontal e vertical são a mesma e
valem 284m/s.

DICAS

Quer mais informações?

1. Encontre um resumo teórico mais detalhado sobre vetores no site: <http://www.cefetsp.br/edu/okamura/


Resumo%20Teorico%20de%20Vetores.htm>.
2. Mas se você já está familiarizado com a linguagem vetorial e é bom em álgebra, veja o resumo do site:
<http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/geometria/vetor2d/vetor2d.htm>.
3. Para uma visão mais abrangente de trigonometria acesse o seguinte site: <http://pessoal.sercomtel.com.
br/matematica/trigonom/trigo03.htm>.
4. Ou ainda o site super informativo abaixo:
<http://www.okime.com.br/InformacoesUteis/Glossario/Trigonometria/trigonometria.htm>.

22
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que:

 Umvetor serve para representar qualquer grandeza vetorial. E possui um valor


numérico (módulo), uma direção e um sentido.

 Há duas operações básicas com vetores: a soma e a decomposição. Existem


outras, como o produto vetorial e o produto escalar, que não abordaremos nesse
caderno. As definições delas serão aplicadas diretamente.

UNI

Não deixe de fazer os exercícios sugeridos na autoatividade antes de continuar.


Neles entramos em alguns detalhes importantes.

23
AUTOATIVIDADE

1 Quais características de um vetor precisamos conhecer para


que ele fique determinado?

2 O que é módulo de um vetor? E o que é um vetor resultante?

3 Dois vetores A e B, de módulos A = 6 e B = 7, formam entre si


um ângulo de 600. Determine o módulo do vetor resultante
R da figura que segue. Use
R2 = a2 + b2 + 2.a.b.cos θ .

4 Dois vetores A e B, de módulos A = 3 e B = 4, formam entre si


um ângulo de 900. Determine o módulo do vetor resultante
R da figura abaixo. Use R2 = a2 + b2 + 2.a.b.cos θ. Observe que a
fórmula se reduz a R2 = a2 + b2 com θ igual a 900.

24
5 O vetor a possui módulo igual a 5 m e forma com a
horizontal um ângulo de 300. Determine as componentes
horizontal e vertical deste vetor. Observação: problema com
decomposição geométrica (semelhante exemplo 1 e 2 da
seção 2.2). Figura seguinte.

6 Um guarda florestal, postado numa torre de 30 m, no topo


de uma colina de 520 m de altura, vê o início de um incêndio
numa direção que forma com a horizontal um ângulo de 20o.
A que distância aproximada da colina está o fogo?

7 Encontre o valor de x.

8 Considerando a ilustração a seguir, sendo de 10 m a sombra


do prédio projetada no chão, calcule a altura do prédio.

25
9 Qual é o perímetro ABC? Observação: perímetro é a soma do
comprimento de todos os lados.

10 Uma esfera de massa 3,0 x 10-4 kg está suspensa por um fio.


Uma brisa sopra ininterruptamente na direção horizontal,
empurrando a esfera de tal maneira que o fio faz um ângulo
constante de 370 com a vertical. Desta forma, encontre:

a) o peso da esfera;
b) sabendo que o peso calculado é o cateto adjacente ao ângulo, encontre o
módulo daquele empurrão (cateto oposto);
c) encontre a tração no fio (hipotenusa).

26
UNIDADE 1
TÓPICO 3

O MOVIMENTO DOS CORPOS

1 INTRODUÇÃO

Coloque-se no lugar do nosso ancestral, o homem de Cro-Magnon,


esquecido entre as paragens rupestres de milhares de anos. Levemente atento,
ou completamente absorto na quase refrescante sombra de uma rocha escaldada
pelo sol. Agachado ali até que veja algum animal de médio porte e sai então ao
seu encalço. Com o sol fritando a sua fronte e estilhaços de pedra aos pés. O
coração parecendo um tambor da morte. Tudo era movimento, dentro e fora de
si, no outro ser que fugia. No sol que se punha logo em seguida. Agora pense no
movimento rápido e preciso de uma flecha rasgando o ar. Na viagem de um fóton
da superfície do Sol até a superfície da Terra. Você consegue ver como o espaço e o
tempo se relacionam nesses movimentos? Dizemos que um corpo se encontra em
movimento se a sua posição, em relação a um referencial, varia no tempo. Se a sua
posição permanece inalterada, dizemos que o corpo está em repouso.

Na próxima seção vamos definir alguns conceitos que nos ajudarão a


analisar o movimento dos corpos.

DICAS

Se você quer ficar por dentro das novidades do mundo da física, visite os sites:
 <http://www.ft.org.br/site/painel/html/curiosidades.html>.

 <http://www.unesp.br/universofisico/>.

27
UNIDADE 1 | MECÂNICA

2 CINEMÁTICA
Os corpos, cujo movimento acompanhamos na seção anterior, formam
duas categorias. Na primeira estão os corpos grandes (corpos extensos), quase
do tamanho da trajetória. Na outra estão os corpos pequenos (pontos materiais
ou partículas), cujas dimensões são desprezíveis comparadas ao tamanho da
trajetória. Vamos permanecer com a segunda categoria, por enquanto. Para estudar
o movimento da partícula precisamos adotar um referencial. Um lugar no espaço,
de onde observamos os movimentos e podemos dizer se o corpo se encontra em
movimento ou não. Chamamos de posição, o lugar sobre a trajetória, em que o
corpo se encontra. E chamamos de trajetória a linha descrita pelo movimento do
corpo. Distância percorrida é toda a trajetória do corpo desde sua posição inicial
até sua posição final. Deslocamento é a menor distância entre o ponto inicial e
o final, ou seja, a linha que une esses dois pontos. Acompanhe os resultados na
figura que segue:

FIGURA 18 – DISTÂNCIA PERCORRIDA ENTRE OS PONTOS A E B, E DESLOCAMENTO ΔX DO


MÓVEL ENTRE AS POSIÇÕES X1 E X2.

FONTE: A autora

DICAS

Caso esteja precisando de informações mais detalhadas, você poderá acessar os


seguintes sites:
 <www.mundofisico.joinville.udesc.br/PreVestibular/2005-1/mod1/node16.html>.

 <http://br.geocities.com/saladefisica6/cinematica/deslocamento.htm>.

A velocidade média da partícula é o quociente do deslocamento Δx pelo


intervalo de tempo Δt decorrido desde x1 até x2,

28
TÓPICO 3 | O MOVIMENTO DOS CORPOS

E
IMPORTANT

Em termos de unidades de medida, as grandezas ficam: Δx(m), Δt(s) e Vm(m/s). O


deslocamento dado em metros, o tempo em segundos e consequentemente, a velocidade em
metros por segundo. Para converter m/s em km/h multiplique por 3,6.

ATENCAO

O valor que você enxerga no velocímetro do carro não é o valor da velocidade


média. E sim a velocidade do carro naquele dado instante. Nesse caso você está anotando a
velocidade instantânea.

A aceleração é responsável pela variação da velocidade e é dada pela


expressão,

Vamos relacionar as equações de movimento utilizando a tabela 6.

TABELA 7 – EQUAÇÕES DO MOVIMENTO RETILÍNEO

FONTE: A autora

O movimento com aceleração constante e em linha reta é denominado


MRUV, movimento retilíneo uniformemente variado, na tabela 6, segunda coluna.
Se a aceleração for nula, o movimento passa a ser MRU, movimento retilíneo
uniforme e as equações se reduzem, conforme a terceira coluna.

Exemplo 1: Determine o intervalo de tempo para a luz vir do Sol à Terra.


No vácuo, a velocidade da luz é constante e aproximadamente igual a 3,0 x 105
km/s. A distância entre o Sol e a Terra é de 1,49 x 108 km. Considere o movimento
de propagação da luz em linha como retilíneo e uniforme.

29
UNIDADE 1 | MECÂNICA

Solução: Como o movimento é uniforme,


Adotando a origem dos espaços como sendo o Sol, escolhemos x0 = 0. Sendo
x= 1,49 x 108 km e v = 3,0 x 105 km/s

Podemos encontrar esse valor em minutos, aplicando o fator de conversão,

Vamos transformar 0,28min em segundos novamente,

Escrevendo o valor todo, encontramos que o tempo que a luz do Sol chega
à Terra é de 8min17s.

3 DINÂMICA

Até aqui você fez observações muito simples e aprendeu a linguagem


dos vetores. Mas precisamos explorar mais a fundo os recursos da matemática e
encontrar explicações convincentes sobre a origem do movimento dos corpos.

Isaac Newton conseguiu resumir suas observações acerca dos movimentos


e das causas que os originam, através de três leis que ele enunciou no seu livro,
de 328 páginas, intitulado: Princípios matemáticos da filosofia natural. Com um
embasamento teórico fundamental até hoje.

30
TÓPICO 3 | O MOVIMENTO DOS CORPOS

O conceito de força está associado a uma ideia de mudança. Um copo não


sai voando sozinho no meio da sala. A bola de futebol não vai até o gol sem que
o jogador lhe dê um chute. As ondas não se formam no mar sem que o vento
sopre. Sendo mais explícita, os corpos permanecem em repouso ou em movimento
retilíneo uniforme (velocidade constante, aceleração nula) a não ser que sobre eles
atue uma força resultante diferente de zero (esse é o enunciado da primeira lei de
Newton).

FIGURA 19 – PRINCIPIA: PRINCÍPIOS MATEMÁTICOS DA FILOSOFIA


NATURAL

FONTE: NEWTON, Isaac. Disponível em: <http://www.edusp.com.


br/detlivro.asp?ID=733482>. Acesso em: 16 jul. 2007.

E
IMPORTANT

Principia: Princípios matemáticos da filosofia natural. Esta foi a primeira obra de


física teórica. Publicada pela primeira vez em 1687, nela Newton expõe seu método que deriva
as causas de todas as coisas a partir dos princípios mais simples possíveis, comprovados pelo
estudo dos fenômenos. Você encontra outros detalhes sobre o livro no site: <http://www.
edusp.com.br/detlivro.asp?ID=733482>.

Vamos pensar em termos de campos gravitacionais. O corpo mais massivo


sempre atrai o menos massivo. Observe como as partículas de pó são atraídas
para os móveis antes de cair no chão. Ou como é impossível soltar um objeto no
ar e ele permanecer parado. Existe um agente que provoca a queda dos corpos
próximos à superfície da Terra. Esse agente é a força gravitacional. Então podemos
supor que cada corpo possui um campo de influências que pode ser percebido
por outro corpo. Podemos igualar à força peso à força gravitacional, encontrando
o produto da massa com a aceleração da gravidade P = mg. Quando campos de
diferentes corpos se cruzam ocorre uma interação entre eles que pode provocar
o movimento. O fato é que, se um corpo provoca uma força sobre outro corpo,
este reage com uma força de mesma intensidade (módulo), mesma direção, mas
31
UNIDADE 1 | MECÂNICA

de sentido oposto (enunciado da terceira lei de Newton). A força de reação ao


apoio ou simplesmente força normal N é um exemplo disso, ela aparece sempre
que ocorre uma pressão de um corpo sobre uma superfície. Observe os vetores das
forças atuando sobre dois corpos apoiados um no outro, na próxima figura.

Existem muitos exemplos de força. A força num cabo estendido que eleva
um peso, ou que arrasta através de um plano inclinado, é chamada de força de
tração. A força magnética entre os polos de um ímã, ou provocada pela passagem
de uma corrente elétrica. A força de arrasto do ar que sustenta o paraquedas.
A força de atrito devido ao contato dos pneus com a pista. A força centrípeta
associada às rotações. Enfim, observação de forças é que não lhes faltam. Vamos
olhar um pouco mais de perto para essa grandeza tão presente na nossa vida.

Observe os vetores N (reação ao apoio), P (peso do livro), P` (peso da caixa)


e F (força aplicada) da figura a seguir, faça de conta que o retângulo amarelo é
um livro e o retângulo branco é uma caixa. Colocando em prática a primeira lei
e terceira lei de Newton, chegamos à conclusão de que no primeiro caso a força
normal N é igual ao peso P, porém no segundo caso isso não é mais verdade, pois
agora quem faz par ação-reação com a normal é a força aplicada F.

FIGURA 20 – SIMULAÇÃO DA PRIMEIRA LEI E DA TERCEIRA LEI DE NEWTON

FONTE: A autora

NOTA

Vamos entender melhor a figura? Na primeira situação, o peso do livro (força P)


atua sobre a caixa e aparece nessa face da caixa uma força de reação ao apoio do livro sobre a
caixa (força N), atuando em sentido contrário. No segundo caso uma força F é aplicada sobre o
livro pressionando-o contra a superfície vertical da caixa. A reação normal ao apoio N aparece
agora em sentido oposto a F.

32
TÓPICO 3 | O MOVIMENTO DOS CORPOS

3.1 PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA


DINÂMICA OU SEGUNDA LEI DE NEWTON
Na primeira lei de Newton vimos que se a resultante das forças que atuam
em um corpo for nula, este corpo estará em repouso ou em movimento retilíneo
uniforme. Em qualquer dessas situações, a aceleração do corpo é igual a zero.

A pergunta é: que tipo de movimento teria o corpo se a resultante das forças


que nele atuam não fosse nula? A resposta a essa pergunta pode ser encontrada
através de uma experiência simples. Considerando um carrinho colocado sobre
um trilho de ar (atrito desprezível), sendo puxado por uma força F (na direção
x). Como as demais forças, que atuam no corpo (peso e reação normal, na direção
vertical), se equilibram, podemos considerar a força F como a única força que atua
no corpo. Analisando tal movimento, concluímos que a aceleração que um corpo
adquire é diretamente proporcional à resultante das forças que atuam nele, e tem
a mesma direção e o sentido desta resultante. Ou seja,

F = m.a. (Segunda lei de Newton)

Onde, F é a força resultante, m a massa do corpo e a é a aceleração que o


corpo adquire.

No caso da força gravitacional substituímos F por P, e a por g (aceleração


da gravidade). Ou seja, P = m.g.

DICAS

Se você tiver um tempinho extra, acesse os seguinte sites:


• <http://br.geocities.com/saladefisica3/laboratorio/newton2/newton2.htm>. Nesse sites você
pode fazer experiências virtuais com base na segunda lei.
• <http://educar.sc.usp.br/fisica/dinateo.html>. Aqui você encontra várias aplicações das leis
de Newton.

Vejamos um exemplo:

Uma força de 30 N é aplicada num corpo de massa 4,0 kg, inicialmente


em repouso. Sabendo que essa é a única força atuante, determine a velocidade do
corpo após 8,0 s.

Solução: da segunda lei de Newton F = ma,

33
UNIDADE 1 | MECÂNICA

da equação de velocidade v = v0 + at,


v = 0 + 7,5(8) = 60 m/s.

Resposta: A velocidade do corpo é de 60 m/s.

3.2 EQUILÍBRIO DE TRANSLAÇÃO


DE UM PONTO MATERIAL
Sempre podemos aproximar um corpo a um ponto material, se suas
dimensões forem pequenas comparadas ao espaço em que ele atua. Assim, estamos
considerando um ponto material o corpo da figura que segue. Atuam sobre ele três
forças, F1, F2 e F3. O corpo não está em movimento, consequentemente também
não possui aceleração. Então, substituindo a = 0 na segunda lei, encontramos que a
força resultante (F = F1+ F2 + F3) na equação de Newton, F = ma, é zero.

FIGURA 21 – PONTO MATERIAL EM EQUILÍBRIO

FONTE: A autora

NOTA

Ponto material em equilíbrio, com as forças F1, F2 e F3 atuando sobre ele. Note que
para encontrar a resultante não podemos fazer uma simples soma algébrica. Temos que usar
os métodos de decomposição e soma de vetores. Fonte: A autora.

Substituindo zero na definição de força, encontramos:

F1+ F2 + F3 = 0.

34
TÓPICO 3 | O MOVIMENTO DOS CORPOS

A equação da força resultante, F = F1+ F2 + F3, pode ser generalizada para


um número qualquer de forças da seguinte maneira, F = F1 + F2 + F3 + F4 + ... + Fn =
Σ Fi, com i de 1 até n, n todos os inteiros positivos. Assim chegamos à condição de
equilíbrio (estamos considerando apenas os movimentos de translação), Σ Fi = 0.
Note que o ponto material poderia estar se movendo com velocidade constante e
teríamos o mesmo resultado (v = constante → a = 0).

FIGURA 22 – FORÇAS NA DIREÇÃO x e y

FONTE: A autora

As equações resultantes em cada uma das direções (decomposição da


figura anterior) se tornam:

F2x – F1x = 0,
F1y + F2y – F3y = 0.

3.3 FORÇA DE ATRITO


Quando um corpo é arrastado por uma força F sobre uma superfície
rugosa, surge uma força de atrito A em sentido contrário ao movimento. A figura
a seguir mostra o esquema das forças que atuam sobre tal corpo. O atrito com uma
superfície depende da pressão entre o objeto e a superfície; quanto maior for a
força normal N maior será o atrito.
FIGURA 23 – FORÇAS QUE ATUAM SOBRE O CORPO

FONTE: A autora

35
UNIDADE 1 | MECÂNICA

NOTA

Vamos compreender o esquema de forças que atuam sobre o corpo em


movimento horizontal para a direita (eixo x) com velocidade V. Nessa direção atua a força
aplicada F, no sentido do movimento. E a força de atrito A, no sentido oposto. Na direção
vertical (eixo y) atuam as forças N e P, que se equilibram (corpo não se move na direção y). Ao
lado, quadro com as grandezas envolvidas no problema e suas unidades.

Na horizontal (eixo-x), a força de atrito do corpo em movimento é


proporcional à força normal (aplicada verticalmente, eixo-y) do corpo com a
superfície e praticamente não depende da velocidade ou área de contato. Seu valor
é dado por

A = µ N, Equação (1)

onde µ é o coeficiente de atrito cinemático. Aplicando a segunda lei (F =


ma), escrevemos a força resultante na direção x,

F - A = m.a. Equação (2)

E na direção y, com a aceleração a igual a zero, tornando nulo o termo à


direita da equação de Newton (o corpo não se move na vertical),

N - P = 0. Equação (3)

Exemplo: Calcule o coeficiente de atrito cinético entre o chão e o engradado


de 80kg, arrastado horizontalmente por uma força de 200N. E que se move com
uma aceleração de 2m/s2.

Solução: Encontramos a força de atrito A utilizando a equação (2) para o


movimento na direção x,

Da equação (3) temos, N - P = 0 -> N = P = mg. Usando a definição de força


de atrito,

36
TÓPICO 3 | O MOVIMENTO DOS CORPOS

Resposta: O coeficiente de atrito cinético é 0,051.

Observação: O coeficiente de atrito tem dois valores diferenciados, o


cinético e o estático. O primeiro ocorre quando uma superfície desliza sobre a
outra. No segundo caso não há deslizamento, e a força aplicada ainda não atingiu
o mesmo valor (em módulo) que o da força de atrito estático máximo. Quando as
duas se igualam ocorre o deslizamento e quem passa a atuar é a força de atrito
cinético.

3.4 FORÇA ELÁSTICA


FIGURA 24 – MOLA COM SEU COMPRIMENTO INICIAL

FONTE: A autora

NOTA

Vamos entender melhor a figura anterior! Mola com seu comprimento inicial l0
(não deformada) e comprimento final l (deformada pela força F). Quando a mola é esticada
pela força F aparece uma força elástica Fe resistente à deformação x em sentido oposto.

A força elástica é uma força de resistência que aparece quando um corpo


elástico é deformado. Olhe a figura 19, temos um corpo na posição de equilíbrio
(não deformado) l0, quando aplicamos uma força F para esticá-lo, surge uma força

37
UNIDADE 1 | MECÂNICA

elástica Fe no sentido oposto à deformação sofrida. A força elástica Fe é proporcional


à deformação x (comprimento da mola esticada l menos o comprimento inicial
da mola l0). No primeiro quadro estão as grandezas envolvidas e no segundo as
fórmulas da força elástica.

3.5 PLANO INCLINADO


Para compreender o que é um Plano Inclinado, observe a figura a seguir. O
bloco é acelerado na direção x pela força gravitacional P, na direção r. Na verdade,
apenas uma parcela da força gravitacional (Px) contribui para o movimento, a outra
parte (Py) é equilibrada com a força normal N, na direção y.

FIGURA 25 – O BLOCO DESCE UMA SUPERFÍCIE INCLINADA NUM ÂNGULO θ EM RELAÇÃO À


DIREÇÃO X

FONTE: A autora

Agora observe a figura a seguir. Na figura (a) o vetor força gravitacional


P foi decomposto em suas componentes Px e Py. No quadro encontramos seus
respectivos valores numéricos. À direita (b), aproximamos o bloco a um ponto
material e representamos as forças que atuam sobre ele, na direção x e y. No quadro
encontramos a força resultante em cada uma das direções. Notem que a equação
na direção y foi igualada a zero, pois o bloco não se move nesta direção (Py = N).

FIGURA 26 – (A) DECOMPOSIÇÃO VETORIAL DE P. (B) EQUAÇÕES DE MOVIMENTO NA


DIREÇÃO X E Y
(a) (b)

FONTE: A autora

38
TÓPICO 3 | O MOVIMENTO DOS CORPOS

Vejamos um exemplo:

A mola da figura anterior varia seu comprimento de 12 cm para 17 cm


quando penduramos em sua extremidade um corpo de peso 10 N. (a) Qual a
constante elástica da mola, em N/m? (b) Qual o comprimento dessa mola, quando
ela sustentar em equilíbrio um corpo de peso 20 N?

Solução:

a) A deformação ocorrida na mola vale:


  
x = l − l 0 = 17 - 12 = 5 cm = 0,05 m.

Pelo fato do bloco A estar em equilíbrio, vem:

b) Como o peso do corpo B é o dobro do peso de A, a mola terá sua


deformação duplicada (de 5 cm para 10 cm). Logo, o comprimento da mola,
quando esta sustenta o corpo B, será:

NOTA

Caro(a) acadêmico(a)! Para aprofundar seus conhecimentos sugerimos a obra:


HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de Física: mecânica. Rio de
Janeiro: LTC, 2008.

39
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico vimos que:

 Existem duas maneiras de olhar para um corpo, como um ponto material


(dimensões desprezíveis) ou como um corpo extenso e rígido (dimensões
consideráveis).

 As três leis de Newton são: princípio de inércia - nada muda seu estado de
movimento ou de repouso, a não ser que atue uma força resultante não nula.
Segundo princípio, ou princípio fundamental - uma força resultante não nula
produz aceleração. Terceiro princípio, toda ação produz reação, ou seja, se uma
força está sendo aplicada aparece outra força que atua no sentido oposto.

 Define-se através de expressões algébricas as seguintes grandezas: deslocamento,


velocidade, aceleração, segunda lei de Newton, força gravitacional, força de
atrito, força elástica.

40
AUTOATIVIDADE

1 A velocidade do corpo varia de 6m/s para 15m/s em 3s. Qual


a sua aceleração média?

2 Um motoqueiro percorre com sua moto uma distância de


350 km com velocidade escalar média de 100 km/h. Quanto
tempo, em segundos, gastou o motoqueiro para percorrer
este percurso?

3 O que é uma força resultante? Qual é a formulação


matemática da segunda lei de Newton? Em que ocasião o
lado direito dessa equação é igual a zero?

4 Um bloco A homogêneo, de massa igual a 3,0 kg, é colocado


sobre um bloco B, também homogêneo, de massa igual a
6,0 kg, que por sua vez é colocado sobre o bloco C, o qual
se apoia sobre uma superfície horizontal, como mostrado
na figura a seguir. Sabendo-se que o sistema permanece em repouso,
calcule o módulo da força que o bloco C exerce sobre o bloco B, em
Newtons. Utilize g = 10 m/s2.

5 Dado o esquema da figura a seguir, onde m = 5 kg, encontre


(utilize g = 10 m/s2):

41
a) As forças resultantes na direção x e y.
b) Encontre o módulo da força N da reação de apoio.
c) Sabendo que o corpo se move com uma aceleração de 2 m/s2 e que o
coeficiente de atrito cinético é 0,5, determine o módulo da força F.

6 (Unesp 2005) A figura ilustra um bloco A, de massa mA = 2,0 kg,


atado a um bloco B, de massa mB = 1,0 kg, por um fio inextensível
de massa desprezível. O coeficiente de atrito cinético entre
cada bloco e a mesa é µC. Uma força F = 18,0N é aplicada ao
bloco B, fazendo com que ambos se desloquem com velocidade constante.
Considerando g = 10,0 m/s2, calcule: a) o coeficiente de atrito µC; b) a tração
T no fio.

7 Escreva a função horária das posições nos seguintes casos


e diga se o movimento é MRU ou MRUV: (Observe os
exemplos a, b e c).

a) Posição inicial igual a zero (saiu da origem), velocidade constante igual


a 6 m/s.
R.: X = 6t MRU
b) Posição inicial igual a 2 m, velocidade constante igual a 8 m/s.
R.: X = 2 + 8t MRU
c) Posição inicial igual a zero (saiu da origem), velocidade inicial igual a
zero (partiu do repouso) e aceleração constante igual a 6 m/s2.
R.: X = 3t2 MRUV
d) Posição inicial igual a zero, velocidade inicial igual a 3 m/s e aceleração
constante igual a -2 m/s2.
e) Posição inicial igual a zero (saiu da origem), velocidade constante igual
a -12 m/s.
f) Posição inicial igual a -2 m, velocidade constante igual a -8 m/s.
g) Posição inicial igual a zero (saiu da origem), velocidade inicial igual a -3
m/s e aceleração constante igual a 6 m/s2.
h) Posição inicial igual a 6 m, velocidade inicial zero (partiu do repouso) e
aceleração constante igual a 2 m/s2.
i) Posição inicial igual a 8 m, velocidade inicial 8 m/s e aceleração constante
igual a zero (aceleração nula).
j) Queda Livre. Posição inicial igual a zero (saiu da origem), velocidade
inicial zero (partiu do repouso) e aceleração constante igual a -9,8 m/s2.

42
8 Durante uma tempestade, um indivíduo vê um relâmpago
e ouve o som do trovão 4 segundos depois. Determine a
distância que separa o indivíduo do local do relâmpago, dada
a velocidade do som no ar constante e igual a 340 m/s.

9 A velocidade de um automóvel é reduzida de 108 km/h para


36 km/h em 4,0s. Determine a aceleração escalar média, em
(km/h)/s e m/s2, e classifique o movimento do automóvel.

10 Um bloco de massa 7 kg é arrastado ao longo de um plano


inclinado sem atrito, conforme a figura. Para que o bloco
adquira uma aceleração de 5 m/s2 para cima, qual deverá ser a
intensidade de F? (Dados: sen θ = 0,8; cos θ = 0,6; g = 10 m/s2).

11 Para empurrar uma van ao longo de um gramado, com


velocidade constante, você deve exercer uma força constante.
Relacione este fato com a primeira lei de Newton, que
estabelece que movimento com velocidade constante indica
ausência de força.

12 Qual é a força resultante sobre um objeto de 20 N em queda


quando ele se depara com 4 N de resistência do ar? E com 10
N de resistência do ar? Quanto teria que ser essa força oposta
para que ele caísse com velocidade constante?

13 Dado o esquema a seguir, determine:

a) a aceleração do sistema;
b) a intensidade da força aplicada pelo corpo A sobre C,
considerando a inexistência de atrito.

43
14 Seja um sistema conforme o da figura a seguir, o coeficiente
de atrito do piso é de 0,1. Determine:

a) a aceleração do sistema;
b) a tração no fio.

15 Submete-se um corpo de massa igual a 5000 kg à ação de


uma força constante que, a partir do repouso, imprime-lhe
a velocidade de 72 km/h, ao fim de 40 segundos. Determine:

a) a intensidade da força;
b) o espaço percorrido.

16 Qual o valor em newtons da força média necessária para


fazer parar, num percurso de 20 m, um automóvel de 1,5 x
103 kg a uma velocidade de 72 km/h?

44
UNIDADE 1
TÓPICO 4

TRABALHO E ENERGIA MECÂNICA

1 INTRODUÇÃO

Grandes deslocamentos de massas na natureza provocam grandes


acidentes. Na figura que segue, vemos à esquerda um furacão arrastando consigo
enormes quantidades de matéria, ao centro um abalo sísmico provocando a
ruptura de um viaduto, e à direita ondas gigantescas invadindo uma cidade. Em
todos os casos temos uma força resultante não nula atuando sobre uma porção
da matéria, produzindo nela um deslocamento. O produto escalar entre a força
resultante e o deslocamento sofrido, denominamos trabalho W. O trabalho sempre
pode ser associado a uma forma de energia. Uma variação de energia mecânica
∆E diferente de zero pode gerar trabalho. Estudaremos nesse tópico a energia
mecânica E associada à configuração (energia potencial EP) e ao movimento
(energia cinética EC).

FIGURA 27 – CATÁSTROFES PROVOCADAS POR GRANDES DESLOCAMENTOS DE MASSA

FONTE: Disponível em: <http://weblogs.clarin.com/conexiones/archives/000754.html>. Acesso


em: 29 mar. 2007.

45
UNIDADE 1 | MECÂNICA

2 TRABALHO
Vamos partir da afirmação de que o trabalho resultante sobre um corpo é
devido à contribuição do trabalho de cada uma das forças que atuam sobre ele,
na direção do deslocamento. Podemos utilizar o esquema da figura a seguir como
exemplo. Sobre o bloco atua uma força F formando um ângulo θ com a direção
horizontal (direção do deslocamento, ∆S), e outra força se impondo ao movimento,
a força de atrito A (no sentido contrário). O trabalho da força resultante é, então,
o trabalho da força aplicada F menos o trabalho da força de atrito A, que age no
sentido contrário. Assim, escrevemos W = F∆x cosθ - A∆x.

FIGURA 28 – BLOCO PERCORRE O DESLOCAMENTO

FONTE: A autora

Agora vamos encontrar o trabalho realizado por uma força para erguer o
bloco do chão, na figura que segue, até uma altura ∆y = y. A força de tração T puxa
o bloco verticalmente para cima, mas a força peso P exerce uma força no sentido
oposto, o trabalho total pode ser escrito como, W = T∆y - P∆y. Na (b) o bloco está
caindo, vamos encontrar o trabalho da força gravitacional para trazê-lo da altura y
até o chão. O deslocamento e a força resultante estão no mesmo sentido. Assim, W
= P∆y. A unidade da grandeza trabalho W é Joule (J).

FIGURA 29 – (a) BLOCO SENDO ERGUIDO. (b) BLOCO CAINDO

FONTE: A autora

Podemos, então, definir o trabalho W como sendo o produto da força F


com o deslocamento d, tomando ambos na mesma direção,

Sendo W em joules (J), F em newtons (N) e d em metros (m).


46
TÓPICO 4 | TRABALHO E ENERGIA MECÂNICA

E
IMPORTANT

Calculamos o trabalho utilizando sempre a força na direção do deslocamento.


Por isso podemos generalizar trabalho como sendo, W = Fcosθ.d, onde d é o deslocamento. Se
F e d estão na mesma direção, o sistema está realizando trabalho (+W → W > 0). Se F e d estão
em sentidos opostos, estamos realizando trabalho sobre o sistema (-W → W < 0).

A potência P (não confundir com o P de peso) é a relação entre a energia e


o tempo,

3 POTÊNCIA E RENDIMENTO
Ainda sobre o ato de elevar um bloco de y1 = 0 até a altura y2 = y na figura
24 (a), podemos afirmar que quanto menor for o tempo gasto, maior foi o esforço
empregado. Portanto, podemos dizer que a relação entre a energia e o tempo dá
uma nova grandeza física, a potência. Como no nosso caso a energia que estamos
estudando é o trabalho:

W
P=
H
∆t
é a expressão da potência P. A unidade de medida utilizada para a potência
é o watt (W). Não confunda W de Watt da unidade com W de trabalho da grandeza.
Por exemplo, você diz: O trabalho realizado é de 6 Joules (W = 6J), ou a potência é
de 40 watt (P = 40W).

Conhecendo o valor da força aplicada e a velocidade do corpo, podemos


determinar uma potência instantânea fazendo, P = Fv.

Um dispositivo que realiza trabalho recebe energia por unidade de tempo


(a potência fornecida PF) e utiliza uma certa potência útil (PU). Sabemos que
devido a fatores resistivos, como o atrito, parte da potência fornecida PF não é
transformada em potência útil PU e é perdida como potência dissipada PD. Pelo
princípio de conservação de energia, que abordaremos em seguida, tudo o que é
fornecido é gasto:

Potência Fornecida = Potência Útil + Potência Dissipada

PF = PU + PD .

47
UNIDADE 1 | MECÂNICA

O rendimento é o aproveitamento de energia fornecida que pode ser


expresso como a relação entre a potência útil e a potência fornecida,

Em termos da energia útil, o trabalho W e a energia E, fornecida ao sistema.


Podemos escrever o rendimento como segue,

O rendimento é adimensional, possui valores entre 0 e 1, pode ser


multiplicado por 100% para expressar o valor em porcentagem.

Exemplo 1: O coração humano é uma bomba potente e extremamente


confiável. A cada dia ele recebe e descarrega cerca de 7.500 litros de sangue.
Suponha que o trabalho realizado pelo coração seja igual ao trabalho necessário
para elevar essa quantidade de sangue até uma altura média de 1,63 metros. A
densidade do sangue é igual a 1,05 x 103 kg/m3. Responda:

a) Qual é o trabalho realizado pelo coração em um dia?


b) Qual a potência de saída em watts? (YOUNG; FREEDMANN, 2010)

Solução: A densidade de um corpo é igual à massa do corpo dividida pelo


volume do corpo,

Assim,

O peso P de um corpo é o produto da massa m com a aceleração da


gravidade g = 9,8 m/s2. Portanto,
48
TÓPICO 4 | TRABALHO E ENERGIA MECÂNICA

O trabalho do coração para elevar 7,7 x 104 de sangue à altura de 1,63 metros
é igual a,

A potência pode ser encontrada como segue,

Exemplo 2: Em casa, segundo uma máquina, recebe 2000J de energia e


aproveita 1500J. Qual é o rendimento dessa máquina?

Solução:

trata-se de um valor entre 0 e 1, podendo ser expresso em porcentagem


quando o resultado é multiplicado por 100%.

49
UNIDADE 1 | MECÂNICA

4 ENERGIA MECÂNICA

Energia é uma quantidade física que pode ser convertida em trabalho.


Existem inúmeras formas de energia que podem ser transferidas de uma forma
para a outra, como, por exemplo, a energia elétrica, que é convertida em calor no
ferro de passar ou no chuveiro, assim como a energia potencial da água de uma
represa é convertida em energia elétrica. Poderíamos dizer que o aspecto mais
importante da energia é a sua transformação.

Aqui discutiremos a energia associada ao movimento e à posição dos


corpos, e veremos como uma pode se transformar na outra por meio da lei de
conservação. Mais tarde, nas próximas unidades, as energias associadas ao calor, à
eletricidade, à luz e ao som serão abordadas.

4.1 ENERGIA CINÉTICA

A energia cinética (EP) está associada ao movimento do corpo, se o corpo se


desloca a uma velocidade v diferente de zero, escrevemos

Onde m é a massa do corpo e EC a sua energia cinética.

FIGURA 30 – UM CORPO SE DESLOCA DO PONTO A ATÉ O PONTO B DEVIDO A


UMA FORÇA QUE O ACELERA

FONTE: A autora

Agora observe a figura 30, a variação da energia cinética ∆EC de um corpo


é medida pelo trabalho W realizado no deslocamento de A até B,

W = ECB – ECA = ∆EC

Esse enunciado é conhecido como teorema da energia cinética.


50
TÓPICO 4 | TRABALHO E ENERGIA MECÂNICA

Exemplo 1: Um corpo de 10 kg parte do repouso sob ação de uma força


constante paralela à trajetória e 5s depois atinge 15 m/s. Determine sua energia
cinética no instante 5s e o trabalho da força, suponha única, que atua no corpo no
intervalo de 0 a 5s.

Solução: A energia cinética no instante t = 5s é:

Pelo teorema,

W = ECB – ECA
W = 1125 – 0 = 1125J

Onde a unidade J significa joules.

4.2 ENERGIA POTENCIAL


A energia potencial (EP) está associada à posição que o corpo ocupa em
relação a outro, como, por exemplo, a energia associada a um corpo mantido a
certa altura da superfície terrestre ou um corpo na extremidade de uma mola
esticada. Veremos cada um dos casos a seguir.

4.2.1 Energia Potencial Gravitacional


Quando levantamos uma pedra, por exemplo, até uma altura h a partir
do solo, estamos aumentando a distância de separação entre a pedra e o centro
da Terra. Esse posicionamento dá uma nova configuração ao sistema pedra-Terra.
E, como no levantamento da pedra houve a realização de um trabalho, o sistema
pedra-Terra armazena essa energia na forma de energia potencial gravitacional,
(CARRON; GUIMARÃES, 1999)

EP = mgh

Onde m é a massa, g a aceleração da gravidade (g = 9,8 m/s2) e h a altura


até o solo.

Exemplo 2: Um corpo de massa de 5,0 kg é elevado do solo a um ponto


situado a 3,0 m de altura. Determine o aumento da energia potencial do corpo.
51
UNIDADE 1 | MECÂNICA

Solução:

Observe que 1 J = 1 kgm2/s2.

4.2.2 Energia Potencial Elástica


Ao produzirmos uma deformação em um corpo elástico, realizamos um
trabalho que é armazenado no corpo na forma de energia potencial elástica. No
caso específico de uma mola de constante elástica k, que sofre uma deformação x,
a energia potencial elástica é dada por, (CARRON; GUIMARÃES, 1999)

Exemplo 3: Uma mola, cuja constante elástica é 500 N/m, é usada para
colocar um bloco em movimento. Se a mola está comprimida de 10 cm, qual é a
energia máxima que ela pode fornecer ao bloco?

Solução: A máxima energia que a mola pode fornecer ao bloco corresponde


à energia potencial elástica armazenada na mola, devido à compressão sofrida pela
mesma. Assim temos,

Onde 1 N = 1 kg m/s2, o que permite encontrar novamente a unidade correta na


resposta.

4.2.3 Energia Mecânica Total


Denominamos de energia mecânica total (EM) a soma das energias cinética
e potencial que um corpo possui,

EM = EP + EC

52
TÓPICO 4 | TRABALHO E ENERGIA MECÂNICA

Onde a parcela EP inclui a energia potencial gravitacional e a energia


potencial elástica.

4.3 CONSERVAÇÃO DE ENERGIA


Num sistema conservativo, em que não há dissipação de energia entre as
posições A e B por forças como a resistência do ar ou o atrito, a energia mecânica
total permanece constante,

EPB + ECB = EPA + ECA

Isto é,

EMB = EMA
EMB – EMA = 0

Que pode ser escrito como,

∆E = 0

ou seja, a variação de energia é nula.

Exemplo 4: Um ponto material de massa 5 kg é abandonado de uma altura


de 45 m num local onde g = 10 m/s2. Calcule a velocidade do corpo ao atingir o solo.

Solução: Desprezando a resistência do ar, o sistema é conservativo; logo,


a energia potencial do ponto material em A (no alto) vai diminuindo até se
transformar totalmente em energia cinética no ponto B (no solo).

Substituindo por zero, a altura do corpo no solo e a velocidade do corpo na


altura máxima,

Simplificando as massas nos dois termos,

53
UNIDADE 1 | MECÂNICA

A conservação de energia torna-se especialmente útil em problemas onde o


cálculo do trabalho seria muito complicado devido à trajetória que o corpo executa.
Para o cálculo do balanço de energia basta saber a posição inicial (ponto A) e final
(ponto B) do corpo.

NOTA

Caro(a) acadêmico(a)! Para aprofundar seus conhecimentos sugerimos a obra:


HEWITT, Paul G. Fundamentos de Física Conceitual. São Paulo: Bookman, 2009.

54
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico você viu que:

 Definimos o trabalho de uma força resultante na direção do movimento.


Encontramos uma expressão para a potência e outra para o rendimento.

 Existem dois tipos de energia mecânica, a energia cinética (associada ao


movimento) e a energia potencial (associada à configuração do sistema).
Encontramos uma expressão para a conservação de energia e aplicamos em
problemas cuja resolução seria difícil por meio da aplicação das leis de Newton.

55
AUTOATIVIDADE

1 Sobre um bloco atuam as forças indicadas na figura a seguir,


onde F vale 100N, as quais o deslocam 2 m ao longo do plano
horizontal. Analise as afirmações:

I- O trabalho realizado pela força de atrito A é positivo.


II- O trabalho realizado pela força F vale 200J.
III- O trabalho realizado pela força peso P é diferente de zero.
IV- O trabalho realizado pela força normal N é nulo.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
c) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
d) ( ) As sentenças II e IV estão corretas.
e) ( ) As sentenças III e IV estão corretas.

2 Que grandeza é definida pela relação entre a energia e o


tempo?

3 Toda a potência fornecida é transformada em potência útil?


Por quê?

4 Um automóvel de 1.200 kg de massa, movimentando-


se, aumenta sua velocidade de 10 m/s a 40 m/s em 5s.
Determine a potência média do motor do automóvel em W
e em cv. (1cv = 735W)

5 Uma bibliotecária apanha um livro do chão e o deposita numa


prateleira a 2,0 m de altura do solo. Sabendo que o peso do livro
vale 5,0N e desconsiderando o seu tamanho, qual o mínimo
trabalho, em joules, realizado pela bibliotecária nessa operação?

56
6 Calcule a energia cinética de um corpo de massa 8 kg no
instante em que sua velocidade é 72 km/h.

7 Um corpo de 20 kg está localizado a 6 m de altura em relação ao


solo. Dado g = 9,8 m/s2, calcule a sua energia potencial.

8 Um corpo de massa 0,5 kg é lançado do solo verticalmente


para cima com velocidade de 12 m/s. Desprezando a
resistência do ar e adotando g = 10 m/s2, calcule a altura
máxima, em relação ao solo, que o ponto material alcança.

9 Calcule a velocidade de um corpo liberado do repouso no


ponto A (no alto) ao alcançar o ponto B (no solo). Utilize g =
10 m/s2.

10 Um corpo parte do repouso no ponto A e passa pelo ponto B.


Sabendo que h vale 10 m e r vale 4 m, encontre a velocidade
do corpo no ponto B. Utilize g = 10 m/s2.

57
58
UNIDADE 1
TÓPICO 5

FLUIDOS

1 INTRODUÇÃO
Até agora estudamos o movimento e o repouso dos sólidos, mas o que
acontece com os gases e os líquidos? Vamos encerrar esse assunto de mecânica
falando um pouco sobre o comportamento de líquidos e gases, para isso vamos
incluí-los numa única definição, os corpos fluidos.

2 DENSIDADE E PRESSÃO

2.1 DENSIDADE

Volumes iguais de substâncias diferentes apresentam massas diferentes.


Por exemplo, a massa de 1 cm3 de alumínio é igual a 2,7 g, e a de 1 cm3 de ferro é
igual a 7,8 g. Dizemos que o ferro é mais denso (ou “mais pesado”) que o alumínio.
(UENO, 2005)

Podemos calcular a densidade de qualquer corpo dividindo a sua massa


pelo seu volume. Essa relação é conhecida como densidade absoluta ou massa
específica,

Onde m é a massa, V o volume do corpo e d a densidade.

59
UNIDADE 1 | MECÂNICA

2.2 PRESSÃO

Para compreender o que é pressão, vamos considerar o exemplo (UENO,


2005):

José e Alice, de pesos iguais, passeiam em uma praia. Se o pé de Alice for


menor que o de José, ela afundará mais na areia que ele, embora seus pesos sejam
iguais, por causa da diferença das áreas de contato dos pés com o chão.

A razão entre a força F exercida pelo corpo perpendicularmente sobre uma


superfície A de contato desse corpo com a superfície é denominada pressão,

Assim, o pé de Alice exerce mais pressão sobre a areia do que o pé de José.

2.2.1 Pressão atmosférica


Em torno da Terra existe uma camada de ar que denominamos atmosfera,
cuja altura é de aproximadamente 18 km. Essa massa de ar exerce pressão sobre os
corpos no seu interior, denominamos essa pressão de pressão atmosférica.

O valor da pressão atmosférica num ponto próximo ao nível do mar é,

Patm = 1,01 ⋅ 105 N / m2

A unidade N/m2 também pode ser denominada de pascal (Pa). Também é


válido, para as pressões, unidades em atmosferas (atm), sendo que 1 atm = 1,01 x
105 Pa.

2.2.2 Pressão hidrostática


A pressão em um líquido varia com a profundidade. Um mergulhador
sente maior pressão à medida que aumenta a profundidade, um submarino pode
ser destruído pela pressão da água. (UENO, 2005).

60
TÓPICO 5 | FLUIDOS

A pressão de um ponto sob uma coluna de líquido é,

p = hdg

Se a superfície do líquido está exposta à atmosfera, a pressão total no ponto
considerado se torna,

p = patm + hdg

Onde patm é a pressão atmosférica, h a altura da coluna de líquido acima


do ponto, d a densidade do líquido e g a aceleração da gravidade, g = 9,8 m/s2. A
expressão citada traduz o Teorema de Stevin:

“A pressão em um ponto situado à profundidade h no interior de um


líquido em equilíbrio é dada pela pressão na superfície, exercida pelo ar (patm),
chamada pressão atmosférica, mais a pressão exercida pela coluna de líquido
situada acima do ponto e expressa pelo produto hdg”. (TOLEDO; RAMALHO;
NICOLAU, 1991).

Exemplo 1: Determine a pressão suportada por um corpo situado a 12 m


abaixo da superfície da água do mar. Dados d = 1,03 g/cm3.

Solução: É mais conveniente converter a densidade para o sistema de


unidade compatível com os outros dados,

Agora podemos calcular a pressão total sofrida pelo corpo,

p = 1,01 ⋅ 105 N / m2 + (12m)(1,03 ⋅ 103 kg / m3)(9,8m / s2)


p = 1,01 ⋅ 105 N / m2 + 121128kgm / s2 m2
p = 1,01 ⋅ 105 N / m2 + 1,21 ⋅ 105 N / m2
p = 2,22 ⋅ 105 N / m2

Onde utilizamos o fato de que 1 N = 1 kgm/s2.

61
UNIDADE 1 | MECÂNICA

3 PRINCÍPIO DE PASCAL

Segundo Blaise Pascal (TOLEDO; RAMALHO; NICOLAU, 1991), “Os


acréscimos de pressão sofridos por um ponto de um líquido em equilíbrio são
transmitidos integralmente a todos os pontos do líquido e das paredes do recipiente
onde este está contido”.

Esse enunciado é conhecido como a lei de Pascal. Os elevadores hidráulicos


se baseiam nessa lei, figura 31. O princípio também é empregado no freio hidráulico
de um automóvel, onde a pressão exercida pelo motorista no pedal se transmite
até as rodas através do óleo.

FIGURA 31 – ELEVADORES HIDRÁULICOS

FONTE: A autora

A pressão em A1 é igual em A2 logo,

p1 = p2

Da definição de pressão, podemos escrever

Assim, podemos concluir que as forças são diretamente proporcionais às


áreas dos êmbolos.

Exemplo: O elevador de um posto de automóveis é acionado através de


um cilindro de área 3 x 10-5 m2. O automóvel a ser elevado tem massa 3 x 103 kg e
está sobre o êmbolo de área 6 x 10-3 m2. Sendo a aceleração da gravidade g = 10m/
s2, determine (TOLEDO; RAMALHO; NICOLAU, 1991):

a) A intensidade mínima da força que deve ser aplicada no êmbolo menor


para elevar o automóvel.

Solução: As intensidades das forças nos dois êmbolos são diretamente


proporcionais às respectivas áreas. A força F2 é o peso do automóvel,

62
TÓPICO 5 | FLUIDOS

b) O deslocamento que teoricamente deve ter o êmbolo menor para elevar


de 10 cm o automóvel.

Solução: O volume V deslocado do recipiente menor passa para o recipiente


maior.
FIGURA 32 – ELEVADORES HIDRÁULICOS

FONTE: A autora

Sendo d1 e d2 os deslocamentos respectivos dos dois êmbolos, podemos


escrever,

V1 = V2
d1A1 = d2A2

Sendo d2 = 10 cm = 0,1 m, temos

d1(3 ⋅ 10–5 m2) = (0,1m)(6 ⋅ 10–3 m2)


d1 = 20m

Observação: Este seria o deslocamento teórico que o êmbolo menor deveria


sofrer. Na prática, no entanto, através de válvulas, esse deslocamento é subdividido
em vários deslocamentos menores e sucessivos.

4 PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES
Segundo o cientista grego Arquimedes (TOLEDO; RAMALHO; NICOLAU,
1991), “Todo corpo sólido mergulhado num fluido recebe uma força vertical e para
cima de intensidade igual ao peso do fluido deslocado”.

63
UNIDADE 1 | MECÂNICA

Assim, a intensidade do empuxo é dada por,

E = Pfluido

Onde Pfluido é o peso do fluido. Como o peso pode ser calculado pelo produto
da massa do fluido (mfluido) com a aceleração da gravidade (g), podemos escrever,

E = mfluido ⋅ g

Como a massa do fluido é o produto da densidade do fluido (dfluido) com o


volume do fluido deslocado (V fluido), encontramos

E = dfluido ⋅ Vfluido ⋅ g

O volume do fluido deslocado é o volume imerso do corpo.

Exemplo 3: Um balão de hidrogênio de peso igual a 400 N está preso a um


fio, em equilíbrio estático vertical. Seu volume é 50 m3. (TOLEDO; RAMALHO;
NICOLAU, 1991).

a) Determine o empuxo exercido pelo ar sobre o balão, considerando que a


densidade do ar é igual a 1,2 kg/m3. Adote g = 10m/s2.

Solução: No balão em equilíbrio atuam o seu peso P = 400 N, a tração T e o


empuxo E devido ao ar.

FIGURA 33 – EMPUXO

FONTE: A autora

O empuxo é igual ao peso do ar deslocado. O volume do ar deslocado é


igual ao próprio volume do balão, 50 m3.

E = dfluido ⋅ Vfluido ⋅ g
E = (1,2kg / m3) ⋅ (50m3) ⋅ (10m / s2)
E = 600 N
64
TÓPICO 5 | FLUIDOS

b) Determine a tração no fio que sustém o balão.

Solução: Como o balão está em equilíbrio, portanto, a resultante das forças


é igual a zero. Daí, P e T equilibrarem E.

T+P=E
T + 400N = 600N
T = 200N

5 HIDRODINÂMICA

A hidrodinâmica é a parte da mecânica que estuda a dinâmica dos líquidos,


aplicada na determinação de pressão e velocidade dos líquidos em escoamento, em
projetos de construção de hélices de navios e aviões, asas de avião, carros e rotores
de turbinas hidráulicas, e na determinação de formas de aviões, navios e carros de
modo a diminuir a resistência do meio, como o ar e a água. (UENO, 2005).

Consideremos um tubo que sofre um aumento na área como na figura a


seguir.

FIGURA 34 – HIDRODINÂMICA

FONTE: Disponível em: <http://tstsenai349.blogspot.com/2010/11/hidrodinamica-


hidrodinamica-estuda-os.html>. Acesso em: 16 fev. 2011.

Num dado intervalo de tempo ∆t, o volume que entra na área A1 é o mesmo
que sai na área A2. Assim,

∆V1 = ∆V2

O volume de fluido é o produto da área A com o deslocamento d = v x ∆t,


onde v é a velocidade do fluido escoando. Desse modo, a expressão anterior se
torna,
65
UNIDADE 1 | MECÂNICA

A1 ⋅ v1 ⋅ ∆t = A2 ⋅ v2 ⋅ ∆t

que fornece,

A1 ⋅ v1 = A2 ⋅ v2

Essa equação é denominada equação da continuidade. Ela nos informa


que, na parte mais estreita do tubo, a velocidade é maior. A quantidade Q = A x v
é a vazão do fluido.

Exemplo 4: A vazão de saída da água de uma torneira é 6 L/s, constante. Se


o bocal da torneira é circular, com área de 2 cm2, determine:

a) A velocidade de saída da água da torneira:

Solução:

b) Em quanto tempo essa torneira enche uma caixa de 180 L?

Solução:

66
TÓPICO 5 | FLUIDOS

LEITURA COMPLEMENTAR

ARTIGO SCIENTIFIC AMERICAN (VAZAMENTO DE ATMOSFERAS


PLANETÁRIAS)

Por David C. Catling e Kelvin J. Zahnle

Uma das características mais marcantes do Sistema Solar é a grande variedade


de atmosferas planetárias. Terra e Vênus são comparáveis em tamanho e massa, mas
ainda assim a superfície de Vênus atinge espantosos 460 ºC sob um oceano de dióxido
de carbono com peso equivalente a um quilômetro de água. Calisto e Titã – satélites
de Júpiter e Saturno, ambos com tamanho semelhante ao de um planeta – são quase
do mesmo tamanho, mas Titã tem uma atmosfera rica em nitrogênio mais espessa
que a Terra, enquanto Calisto praticamente não tem atmosfera. O que justifica esses
extremos? Se soubéssemos poderíamos tentar explicar por que a Terra é cheia de vida
enquanto os outros planetas e satélites do Sistema Solar, aparentemente, não. Saber
como as atmosferas evoluem é essencial para determinar os exoplanetas habitáveis.

Um planeta pode adquirir uma camada de gases de muitas maneiras: os gases


podem fluir do interior planetário, o planeta pode capturar materiais voláteis de
cometas e asteroides que o atingem, ou a gravidade pode ser intensa o suficiente para
atrair os gases do meio interplanetário. Agora, os cientistas começaram a perceber que
o escape dos gases tem um papel tão importante quanto a sua aquisição. Embora a
atmosfera terrestre possa parecer tão permanente quanto as rochas, ela gradualmente
perde gases para o espaço. A taxa de perda, atualmente, muito pequena, apenas cerca
de 3 kg de hidrogênio e 50 g de hélio (os dois gases mais leves) por segundo, mas
mesmo essas pequenas taxas podem ser significantes em escalas de tempo geológicas.
E, no passado, elas podem ter sido muito maiores. Como escreveu Benjamin Franklin
“um pequeno furo pode afundar um grande navio”. As atmosferas do planeta terrestre
e dos satélites dos planetas do Sistema Solar são como as ruínas dos castelos medievais
– resquícios de riqueza sujeitos a histórias de saques e decadência.

Reconhecer a importância do escape atmosférico pode mudar nossa perspectiva


sobre o Sistema Solar. Por décadas, cientistas ponderam por que Marte tem uma
atmosfera tão fina, mas agora nos perguntamos: por que ele ainda tem atmosfera?

A diferença entre Titã e Calisto é consequência de Calisto ter perdido atmosfera


ou devido a Titã ter nascido num local com mais gases que rochas? A atmosfera de
Titã era mais espessa que hoje? Como Vênus mantém firmemente o seu nitrogênio e
dióxido de carbono embora perca completamente sua água? O escape de hidrogênio
ajudou a fixar o estágio para o aparecimento de vida complexa na Terra? Isso fará da
Terra outro Vênus?

Quando o Calor está Ligado

Uma espaçonave que alcança a velocidade de escape está se movendo rápido


o suficiente para vencer a gravidade. O mesmo é válido para átomos e moléculas.

67
UNIDADE 1 | MECÂNICA

No escape térmico, os gases ficam quentes o suficiente para isso. Em processos não
térmicos, reações químicas ou entre partículas carregadas atiram átomos e moléculas.
E um terceiro processo, o choque de asteroides e cometas lança gases para o espaço.

O escape térmico é, de muitas maneiras, o mais comum e simples dos três


processos. Todos os corpos do Sistema Solar são aquecidos pelo Sol. Eles se livram
desse calor de duas maneiras: ao emitir radiação infravermelha e ao perder matéria.
Em corpos de vida longa como a Terra, o primeiro processo prevalece; para outros,
como os cometas, a perda de matéria domina. Mesmo um corpo do tamanho da Terra
pode aquecer rapidamente se a absorção e radiação estiverem fora de equilíbrio, e
sua atmosfera – que tipicamente tem massa muito pequena quando comparada com
o restante do planeta – pode se perder num instante cósmico. O Sistema Solar está
repleto de corpos sem atmosfera, e o escape térmico parece ser o responsável por isso.
Corpos sem atmosfera são aqueles onde o aquecimento solar excede certo limite que
depende da força da gravidade do corpo em questão.

O escape térmico ocorre de duas maneiras. Na primeira, chamada de escape


Jeans (em homenagem a James Jeans, astrônomo inglês que descreveu o processo
no início do século XX), o ar literalmente evapora, átomo por átomo, molécula por
molécula, no topo da atmosfera. Em baixas altitudes, as colisões confinam as partículas,
mas acima de certa altura, conhecida como exobase (camada inferior da exosfera), que
na Terra é cerca de 500 km acima da superfície, o ar é tão tênue que as partículas do gás
raramente colidem. Nada impede as partículas com velocidade suficiente de escapar
para o espaço.

A temperatura da exobase da terra oscila, mas é, tipicamente, 1 mul kelvins, o


que implica que os átomos de hidrogênio têm velocidade média típica de 5 km/s. Essa
velocidade é menor que a velocidade de escape da Terra nessa altura (10,8 km/s), mas
a média esconde um grande intervalo de velocidades, de modo que uma fração de
hidrogênio que lá se encontra dispõe de velocidade suficiente para vencer a gravidade
planetária. Essa perda de partículas da extremidade mais energética da distribuição de
velocidades explica entre 10% e 40% da taxa de perda atual de hidrogênio da Terra. O
escape Jeans também explica parcialmente por que a Lua não dispõe de atmosfera. Os
gases liberados da superfície lunar facilmente escapam para o espaço.

Um segundo tipo de escape térmico é mais dramático. Enquanto o escape Jeans


ocorre quando um gás evapora molécula a molécula, o ar, quando aquecido, também
pode fluir em grande quantidade. A atmosfera superior absorve luz ultravioleta,
esquentando e se expandindo, deslocando o ar para cima. Conforme o ar sobe, acelera-
se suavemente até a velocidade do som e então atinge a velocidade de escape. Essa
forma de escape térmico é conhecida como escape hidrodinâmico ou, de maneira mais
chamativa, vento planetário – por analogia com o vento solar, ou o fluxo de partículas
carregadas, liberadas da atmosfera solar no espaço interplanetário.

FONTE: CATLING David C.; ZAHNLE Kelvin J. Vazamento de atmosferas planetárias. Scientific
American Brasil, ano 7 n. 85, p. 46-53, jun. 2009.

68
RESUMO DO TÓPICO 5
Nesse tópico, você viu que:

• É fácil calcular a pressão, a densidade dos corpos e a massa específica das


substâncias.

• Existe diferença entre pressão atmosférica e pressão hidrostática. É possível


calcular a pressão total ou pressão absoluta de um corpo mergulhado num
líquido utilizando o teorema de Stevin.

• É possível determinar grandezas importantes utilizando a definição do princípio


de Pascal e do Princípio de Arquimedes (Empuxo).

• A análise da vazão de fluidos através de dutos ou canos é feito através dos


conceitos da hidrodinâmica.

69
AUTOATIVIDADE

1 Uma joia de prata homogênea e maciça tem massa de 200 g e


ocupa um volume de 20 cm3. Determine a densidade da joia
e a massa específica da prata.

2 Um mergulhador se encontra a 20 m de profundidade, na


água do mar cuja densidade é 1030 kg/m3. Sendo g = 10 m/s2
e 1 atm = 105 N/m2, calcule a pressão que atua nele.

3 Para encher uma caixa d´água de 100 L, usando uma


mangueira, demora-se 4min. Calcule a vazão da água nessa
mangueira.

4 Um oceanógrafo construiu um aparelho para medir profundidades


no mar. Sabe-se que o aparelho suporta uma pressão até 2 x 106 N/
m2. Qual a máxima profundidade que o aparelho pode medir? São
dados: pressão atmosférica patm= 105 N/m2; massa específica 1030
kg/m3; aceleração da gravidade 9,8 m/s2.

5 Uma prensa hidráulica eleva um corpo de 4000 N sobre o


êmbolo maior, de 1600 m2 de área, quando uma força de 80 N
aplicada no êmbolo menor. Calcule a área do êmbolo menor.

6 Um balão para estudo atmosférico tem massa 50 kg (incluindo


o gás), volume de 110 m3 e está preso à terra por meio de uma
corda. Na ausência de vento, a corda permanece esticada e
vertical. Considerando a densidade do ar igual a 1,3 kg/m3 e
g = 10 m/s2, calcule a intensidade da tração sobre a corda.

7 Submerso em um lago, um mergulhador constata que a


pressão absoluta no medidor que se encontra no seu pulso
corresponde a 1,6 x 105 N/m2. Um barômetro indica ser a
pressão atmosférica local 1,0 x 105 N/m2. Considere a massa
específica da água como sendo 103 kg/m3, e a aceleração da gravidade 10 m/
s2. Em relação à superfície, o mergulhador encontra-se a que profundidade?

70
TURO S
ESTUDOS FU

Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final da primeira unidade, onde tratamos


de assuntos relacionados à energia mecânica. Na próxima unidade veremos outra forma de
energia, o calor.

ATENCAO

Agora você desenvolverá uma atividade laboratorial da disciplina de Física Geral,


retirada do Manual de Atividades Laboratoriais e didático-pedagógicas de Ciências Biológicas.

PRÁTICA - CÁLCULO DE DENSIDADE DE CORPOS

1 INTRODUÇÃO

ATENCAO

O grupo de acadêmicos que realizar esta prática deverá trazer uma calculadora
científica e barbante.

A densidade de um corpo (d) é a razão entre a massa (m) de uma porção da


substância e o volume (V) que ele realmente ocupa. Por exemplo, para determinar
a densidade de um avião, dividimos a sua massa pelo volume envolvido por sua
superfície externa. Então, a densidade do avião informa qual é a massa existente, em
média, em cada unidade de volume. A densidade dos materiais é um importante
parâmetro para a construção de barcos, navios, aviões entre outras estruturas.

É importante destacar que o conteúdo desta prática se relaciona com outras


disciplinas do curso, como Química Geral.

Lembre-se de que, além do seu professor-tutor, coordenador e articulador


do polo de apoio presencial, você também pode contar com o apoio de supervisores
de disciplinas e dos professores-tutores internos.

Boa prática!

71
E
IMPORTANT

Todas as práticas são realizadas em grupo, portanto gerencie seu tempo para que
essa prática seja realizada em um único encontro presencial.

Lembre-se de que o laboratório é um lugar perigoso, então respeite o roteiro da prática para
que não ocorra nenhum acidente.

2 OBJETIVO
O objetivo desta prática é:

- calcular a densidade de corpos de provas sólidos de alumínio por dois métodos.

3 MATERIAIS
- 1 balança digital;

- 1 corpo de prova de alumínio com comprimento de 2 cm e espessura de 2 cm;

- 1 corpo de prova de alumínio com comprimento de 4 cm e espessura de 2 cm;

- 1 corpo de prova de alumínio com comprimento de 6 cm e espessura de 2 cm;

- 2 m de barbante;

- 1 paquímetro de metal;

- 1 proveta de vidro de 250 mL.

4 PROCEDIMENTO

4.1 DETERMINAR A DENSIDADE DE UM SÓLIDO


DE FORMA REGULAR ATRAVÉS DAS SUAS DIMENSÕES

ATENCAO

Antes de iniciar a atividade, leia a Unidade 1, Tópico 5, do Caderno de Estudos de


Física Geral.

72
1 - Meça com o paquímetro as dimensões dos corpos de prova e anote-os na tabela do
Quadro 1.

2 - Meça as massas dos corpos de prova, com o auxílio da balança digital, e anote
os valores no Quadro 1.

QUADRO 1 – PREENCHIMENTOS DE DADOS

Corpo de Área da base Altura V


m (g)
prova (cm 2)
(cm) (cm3)
01
02
03
FONTE: Os autores

4.2 DETERMINAR A DENSIDADE DE UM CORPO


SÓLIDO ATRAVÉS DO SEU VOLUME DESLOCADO EM ÁGUA

1 - Amarre um barbante em cada corpo de prova, para poder mergulhá-lo na proveta


e retirá-lo.

2 - Meça a massa dos corpos de prova, com auxílio da balança digital, e anote no
Quadro 2.

3 - Coloque na proveta 150 mL de água.

4 - Mergulhe completamente o corpo de prova 1 no interior do líquido e anote o


volume final indicado na proveta no Quadro 2.

5 - Anote o volume do corpo de prova 1.

6 - Repita os procedimentos 3 e 4 para os corpos de prova 2 e 3.

QUADRO 2 – PREENCHIMENTO DE DADOS


Corpo de
m(g) Vfinal(cm3) Vcorpo(cm3)
prova
01
02
03
FONTE: Os autores

73
5 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Após a realização da prática, responda aos questionamentos a seguir e os


adicione ao relatório da atividade prática.

1 - Com os dados do Quadro 1, construa um gráfico (m x V).

2 - Através do Gráfico construído na questão anterior, determine a inclinação da


reta e especifique qual o significado físico do valor encontrado.

3 - Se comparar o valor calculado no item 2 com o valor tabelado, qual é o erro


percentual? Em caso de haver diferença, justifique.

4 - Com os dados da tabela do Quadro 2, construa um Gráfico (m x V) e determine


a inclinação da reta.

5 - Ao compararmos o valor calculado na questão 4 com o valor tabelado, qual é o


erro percentual? Em caso de haver diferença, justifique.

REFERÊNCIAS

FROEHLICH, M. L. Física geral: caderno de estudos. Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2011.

______. Física instrumental: caderno de estudos. Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2008.

HALLIDAY D.; RESNICK, R.; KRANE, K. S. Física 3. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos,
2004.

ATENCAO

Esta prática foi retirada da obra:


BERNARDI, C. Prática - Cálculo de densidade dos corpos. IN: GIRARDI, Carla Giovana et al.
Manual de atividades laboratoriais e didático-pedagógicas de ciências biológicas. Indaial:
Grupo UNIASSELVI, 2012, p. 29-32.

74
UNIDADE 2

TEMPERATURA, CALOR E
ELETRICIDADE

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir desta unidade você será capaz de:

• conceituar temperatura, energia térmica, calor e equilíbrio térmico;

• entender o funcionamento do termômetro, citar os principais tipos e fazer


conversões entre as escalas termométricas;

• definir as formas de propagação de calor;

• enunciar os princípios das trocas de calor, bem como desenvolver cálculos


associados ao balanço de energia;

• estudar os princípios relacionados à eletrostática e definir força elétrica;

• estabelecer o campo elétrico e definir potencial elétrico.

PLANO DE ESTUDOS
A segunda unidade está dividida em cinco tópicos, havendo no final de cada
tópico uma atividade que ajudará você a fixar mais as ideias apresentadas.

TÓPICO 1 – TERMOMETRIA

TÓPICO 2 – PROPAGAÇÃO DE CALOR

TÓPICO 3 – TROCAS DE CALOR

TÓPICO 4 – ELETROSTÁTICA E LEI DE COULOMB

TÓPICO 5 – CAMPO ELÉTRICO E POTENCIAL ELÉTRICO

75
76
UNIDADE 2
TÓPICO 1

TERMOMETRIA

1 INTRODUÇÃO

Praticamente tudo o que conhecemos é composto de pequenas partículas,


que chamamos de átomos. Nos sólidos essas partículas são mais ou menos fixas,
vibrando bem próximas a suas posições de equilíbrio. Enquanto que num gás
elas estão mais soltas, possibilitando moverem-se livremente no espaço, como,
por exemplo, a fumaça do vulcão da figura seguinte, exceto pelos choques com
as outras partículas que desviam constantemente a sua rota. Chamamos esses
movimentos de agitação das partículas e associamos o aumento dessa agitação ao
aumento da temperatura T.

FIGURA 35 – VULCÃO

FONTE: Disponível em: <http://www.avo.alaska.edu/images/dbimages/1142123337_1_8.


jpg>. Acesso em: 2 abr. 2007.

77
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

A energia térmica de um corpo, portanto, está associada à energia cinética


dos átomos que o compõem. Definimos como calor Q uma forma de energia em
trânsito que sempre aparece quando existe uma diferença de temperatura entre
os corpos. A agitação é transferida do corpo com maior temperatura para o corpo
de menor temperatura, até que os dois igualem a temperatura, alcançando o
equilíbrio térmico.

FIGURA 36 – ESQUEMA DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR COM DIFERENÇA DE


TEMPERATURA


FONTE: A autora

2 LEI ZERO DA TERMODINÂMICA

A medição da temperatura é uma consequência da lei zero da termodinâmica.


Ela afirma que todo corpo possui uma propriedade chamada de temperatura, e se
dois ou mais corpos estão em equilíbrio térmico, suas temperaturas são iguais.

FIGURA 37 – AUSÊNCIA DE CALOR SENDO TRANSFERIDA QUANDO NÃO HÁ



DIFERENÇA DE TEMPERATURA, CARACTERIZANDO ESTADO DE EQUILÍBRIO

TÉRMICO

FONTE: A autora

DICAS

Para saber mais sobre condutores e isolantes térmicos visite o seguinte site:
<http://penta3.ufrgs.br/CESTA/fisica/calor/condutoreseisolantes.html>.

3 ESCALAS TERMOMÉTRICAS

Para medir a temperatura do corpo não podemos medir diretamente


o movimento das partículas, temos que utilizar um artifício que nos possibilite
enxergar o movimento indiretamente.

78
TÓPICO 1 | TERMOMETRIA

Para tanto, observamos o comportamento de algumas substâncias cujas


variáveis mudam com a mudança da temperatura, como o volume, a pressão,
a cor, a resistividade e outras. Essas substâncias são chamadas de substâncias
termométricas e são empregadas em termômetros que servem para medir a
temperatura do corpo em que estão em contato.

Devido às diversas formas de medição da temperatura, surgiram diversos


critérios de numeração. No final do século XVII eram conhecidas 35 escalas
termométricas. Atualmente utilizam-se apenas três escalas, a Celsius, a Fahrenheit
e a Kelvin.

Escala Celsius - a escala Celsius está graduada entre valores de 0 a 100,


sendo o primeiro o ponto de fusão da água e o segundo o seu ponto de ebulição
(pontos fixos). Sob pressão de 1 atm (atmosfera, 1 atm = 105 N/m2).

Escala Fahrenheit - sob pressão atmosférica de 1 atm, possui o valor de 32


F para o ponto de fusão do gelo e 212 0F para o ponto de ebulição da água.
0

Escala Kelvin - Kelvin propôs uma teoria em que a temperatura zero (zero
absoluto, 0 K) seria a temperatura na qual todas as partículas que compõem o
corpo estariam em repouso, ou seja, a agitação delas seria nula. Por isso, criou
uma escala com zero absoluto igual a 0 K = -273 0C, adotou o mesmo número de
divisões da escala Celsius. Em condições atmosféricas normais (1 atm) o valor 273
K corresponde ao ponto de fusão da água e 373 K ao ponto de ebulição. A escala
kelvin, também conhecida como escala absoluta, não possui valores negativos
para a temperatura. Zero é o limite inferior desta escala.

Na figura a seguir, vemos um termômetro que contém as escalas Celsius e


Fahrenheit. O bulbo contém mercúrio. Quando a temperatura aumenta a coluna
de mercúrio sobe, indicando à direita a temperatura em Fahrenheit e à esquerda a
temperatura em Celsius.

FIGURA 38 – TERMÔMETRO QUE CONTÉM AS ESCALAS CELSIUS E


FAHRENHEIT

FONTE: Pires, Afonso e Chaves (2006, p. 102)

79
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

4 CONVERSÃO DE ESCALAS
Vamos supor que você esteja se preparando para viajar para Londres e
soube que a temperatura nos últimos dias estava 50 0F. Você precisa adequar as
roupas que vai levar à temperatura de lá. Para saber que temperatura corresponde
na escala Celsius, você precisa fazer uma conversão entre as duas escalas. Vejamos
como podemos fazer isso utilizando o teorema de Tales.

FIGURA 39 – O TEOREMA DE TALES SE BASEIA NA IGUALDADE ENTRE


RETAS PARALELAS

FONTE: A autora

4.1 FAHRENHEIT E CELSIUS

FIGURA 40 – ESQUEMA COMPARATIVO ENTRE AS ESCALAS DE oF E DE oC

FONTE: A autora

Note que na figura anterior as duas escalas possuem um número diferente


de divisões entre os pontos fixos. A escala Fahrenheit possui 180 divisões entre
o ponto de fusão (32 0F e 0 0C) e o de ebulição (212 0F e 100 0C) e a escala Celsius
possui 100 divisões entre estes dois pontos. Comparando os dois pontos fixos das
escalas podemos traçar retas paralelas e aplicar o teorema de Tales.

80
TÓPICO 1 | TERMOMETRIA

Vamos ao exemplo! Veja como encontrar o valor correspondente da escala


Celsius para 50 0F.

4.2 FAHRENHEIT E KELVIN


As escalas de Fahrenheit e de Kelvin, figura a seguir, possuem divisões
de 180 e 100, como acontecia no caso anterior. Por isso, procedemos da mesma
maneira que antes. Utilizando novamente o teorema encontramos que

FIGURA 41 – ESQUEMA COMPARATIVO ENTRE AS ESCALAS DE oF


E DE K

FONTE: A autora
FONTE: A autora

4.3 CELSIUS E KELVIN

As escalas Celsius e Kelvin, representadas na figura a seguir, possuem o


mesmo número de divisões, assim a diferença entre as duas escalas é um valor
constante e vale 273. A conversão entre as duas escalas se torna

81
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

FIGURA 42 – ESQUEMA COMPARATIVO ENTRE AS ESCALAS DE oC E DE


K

FONTE: A autora

Podemos calcular também as variações de temperatura utilizando a


seguinte fórmula:

Vamos ao exemplo! Vamos calcular a variação na escala Fahrenheit de um


corpo que sofreu uma variação de 60 0C na escala Celsius:

82
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu que:

 Existeuma grandeza associada à agitação das partículas que compõem o corpo,


a temperatura.

 Definimos a lei zero da termodinâmica.

 Definimos as escalas Celsius, Fahrenheit e Kelvin.

 Mostramos como proceder nas transformações de escalas termométricas e nas


transformações de variações de temperatura.

83
AUTOATIVIDADE

1 Defina a lei zero da termodinâmica.

2 Qualquer indicação na escala absoluta de temperatura é:

a) ( ) Sempre superior ao zero absoluto.


b) ( ) Sempre igual ao zero absoluto.
c) ( ) Nunca superior ao zero absoluto.
d) ( ) Sempre inferior ao zero absoluto.

3 Converta as seguintes temperaturas:

a) 37 0C para 0F.
b) 37 0C para K.
c) 68 0F para 0C.

4 Sêmen bovino para inseminação artificial é conservado em


nitrogênio líquido que, à pressão normal, tem temperatura
de 88 K. Calcule essa temperatura em:

a) graus Celsius (0C)


b) graus Fahrenheit (0F)

5 A temperatura, cuja indicação na escala Fahrenheit é 4 vezes


maior que a da escala Celsius, é:

a) ( ) 14,5 0C
b) ( ) 16,5 0C
c) ( ) 31,0 0C
d) ( ) 20,8 0C

6 Em um termômetro de mercúrio, a propriedade termométrica


é o comprimento y da coluna de mercúrio. O esquema a
seguir representa a relação entre os valores de y em cm e a
temperatura t em graus Celsius. Utilize:

84
Para esse termômetro, a temperatura t na escala Celsius e o valor de
y em cm satisfazem a seguinte função termométrica:
a) ( ) t = 5y
b) ( ) t = 5y + 15
c) ( ) t = y + 25
d) ( ) t = 60y – 40

7 Um pesquisador ao realizar um ensaio, verifica uma


certa temperatura obtida na escala Kelvin, que é igual ao
correspondente valor na escala Fahrenheit acrescida de 100
unidades. Esta temperatura na escala Celsius é:

a) 50 0C
b) 10 0C
c) 85 0C
d) 12 0C

8 A temperatura mais baixa registrada certo dia, num posto


meteorológico instalado no continente antártico, foi de x 0C.
Se o termômetro utilizado fosse graduado segundo a escala
Fahrenheit, a leitura registrada teria sido oito unidades mais
baixa. Determine a temperatura mínima registrada no mencionado posto
meteorológico, no dia considerado.

9 Ao medir a temperatura de um gás, verificou-se que a leitura


era a mesma, tanto na escala Celsius como na Fahrenheit.
Qual era essa temperatura?

85
86
UNIDADE 2 TÓPICO 2

PROPAGAÇÃO DE CALOR

1 INTRODUÇÃO
Quantas vezes você acordou cedinho e se aconchegou ainda mais debaixo
das cobertas antes de se levantar? Ou quantas vezes você teve vontade de se aninhar
perto de uma lareira quentinha numa noite de tempestade no inverno? Quantas
vezes, em pleno verão, você desejou se atirar numa piscina refrescante? Ou sentir
o vento acariciando os seus cabelos num passeio de lancha? Tudo isso se relaciona
aos princípios de propagação de calor, onde percebemos o fato indiscutível de que
corpos quentes esfriam ao transferirem calor para corpos frios, que por sua vez se
aquecem até ambos atingirem a mesma temperatura.

Então o fluxo cessa e os corpos entram em estado de equilíbrio térmico,


obedecendo a uma lei fundamental discutida no tópico anterior, a lei zero da
termodinâmica.

No entanto, o que vem a ser calor? Percebemos que ele ocorre na variação
da temperatura dos corpos e, segundo os princípios da termodinâmica, que
abordaremos mais adiante, pode ser convertido em trabalho. Na verdade o calor
Q é a energia térmica que se transfere de um corpo para o outro e só tem sentido
falar em calor se existe essa diferença de temperatura.

Na figura seguinte vemos uma fogueira transferindo calor para as mãos


de uma pessoa. Nesse exemplo, a transferência ocorre devido a um processo
conhecido como irradiação.

FIGURA 43 – IRRADIAÇÃO DE CALOR

FONTE: Disponível em: <http://br.geocities.com/saladefisica8/termologia/


irradiacao.htm>. Acesso em: 16 jul. 2007.

87
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

A fogueira possui temperatura maior que a temperatura do ambiente, por


isso o calor se propaga dela para o ambiente. O sentido natural de propagação
é sempre do corpo de maior temperatura para o de menor temperatura, mas o
processo pode ser invertido mediante o trabalho de uma máquina térmica.

NOTA

Neste tópico estudaremos os processos de propagação de calor, conhecidos


como irradiação, condução e convecção.

2 IRRADIAÇÃO

Na figura anterior vemos dois corpos com temperaturas diferentes. Sabemos


que eles tendem ao equilíbrio térmico, mesmo que entre eles não haja nenhum
meio material. Apesar do vácuo entre o Sol e a Terra, ele continua transmitindo seu
calor para ela. Esse processo de transmissão de calor é conhecido como irradiação,
uma forma de transmissão que se dá através de ondas eletromagnéticas.

3 CONDUÇÃO

Diferentes átomos se ligam entre si resultando em moléculas que formam


diferentes tipos de matéria. Essas moléculas possuem energia interna, seus átomos
estão ligados por forças relacionadas à energia potencial e vibram em suas posições,
tendo assim uma energia cinética associada. Em líquidos e gases essas moléculas
não possuem posições fixas, elas se encontram em constante movimento, podendo
ainda aumentar a velocidade com o aumento de choques entre elas.

O aumento da energia cinética, associada às moléculas, gera um efeito


macroscópico que conhecemos como aumento de temperatura. Na condução
a propagação de calor se dá devido a uma diferença de temperatura na matéria
sendo transferida por colisões entre as moléculas vizinhas, percorrendo todo o
corpo até que o equilíbrio térmico se estabeleça.

88
TÓPICO 2 | PROPAGAÇÃO DE CALOR

4 CONVECÇÃO
A convecção é um movimento de massas de fluido, trocando de posição
entre si. Observamos o fato de que não tem sentido falar em convecção no vácuo
ou em um sólido, isto é, convecção só ocorre nos fluidos. Vamos considerar uma
sala na qual se liga um aquecedor elétrico em sua parte inferior. O ar em torno do
aquecedor se aquece e sobe, pois ficou menos denso que o restante. Com isto, o ar
frio desce, ocupando a posição do ar quente que subiu. Chamamos de convecção
a esse movimento de massas de fluido e de correntes de convecção às correntes de
fluido formadas nesse processo.

LEITURA COMPLEMENTAR

A ENERGIA DO SOL EM MOVIMENTO

Vivemos mergulhados em um oceano de ar. É esquisito pensar dessa


maneira? Isso porque o ar é transparente e diáfano; quase não notamos a sua
presença. Porém, basta que esteja ventando para nos lembrarmos disso. Mas por
que ocorrem os ventos?

O Sol não aquece a Terra de modo uniforme, isto é, o aquecimento não é o


mesmo em todos os lugares. Algumas regiões recebem mais calor do que outras.
Se nosso planeta fosse plano, com sua superfície voltada diretamente para o Sol,
seria aquecido por igual. Mas a Terra lembra uma bola, não é? Bem, veja como sua
forma esférica é responsável pelo aquecimento desigual.

Faça um experimento simples, usando uma lanterna e uma laranja. Ilumine


a laranja com a lanterna.

O primeiro efeito notado é que apenas metade da laranja recebe luz. A


outra fica na sombra. Isso também acontece com a Terra: metade dela é iluminada
(temos o dia); a outra fica escura (temos a noite).

Além do dia e da noite, em sua laranja você pode notar que mesmo a face
iluminada não é uniforme: há regiões mais claras e outras menos.

Observe a posição da lanterna em relação à laranja e perceba como ela


define essas regiões. A região mais clara é a dirigida diretamente para a lanterna,
aquela que recebe mais luz. Já a região próxima à borda entre o “dia” e a “noite”
é menos clara, porque não recebe luz diretamente da lanterna. Nessa área a luz
passa “de raspão” e seu efeito “iluminador” é menor.

89
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

Com a Terra ocorre o mesmo. Uma região recebe luz do Sol com maior
intensidade, ficando mais quente por causa disso. O ar quente é mais “leve” e sobe,
deixando um espaço que é preenchido com o ar proveniente das regiões mais frias.
Essa é a razão dos grandes movimentos de ar em nosso planeta.

Mas esse é o efeito global e envolve o planeta todo. O mesmo pode ocorrer
em uma região menor. Por exemplo, uma grande nuvem pode cobrir o Sol, evitando
que o solo seja aquecido. Na região vizinha, fora da nuvem, há o aquecimento do
solo e do ar, que por isso sobe. O espaço vazio é então preenchido pelo ar que vem
da região que está nublada. Dessa forma, criam-se correntes locais de ventos, que
batem portas, secam roupas nos varais, empinam pipas no céu...

FONTE: BERTOLDI, J. R.; VASCONCELLOS, O. G. Ciência e sociedade. Rio de Janeiro: Scipione,


2001. p. 228 (volume 5).

90
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico você viu que:

 Existem diferentes princípios de propagação de calor.

 Três são os processos de transferência de calor: irradiação, condução e convecção.

 Na irradiação o calor se propaga mesmo que não haja matéria, ou seja, pode se
propagar no vácuo.

 Na condução a propagação se dá principalmente em sólidos, como, por exemplo,


a extremidade de uma barra de ferro no fogo onde a outra extremidade é
aquecida depois que o calor é transferido de partícula para partícula até alcançá-
la.

 Na convecção a transferência ocorre em camadas de matéria que se deslocam


ocupando o lugar umas das outras.

91
AUTOATIVIDADE

1 A cada uma das situações descritas (coluna da direita),


associe o principal processo de transferência de energia
(coluna da esquerda) envolvido:

a. Irradiação ( ) A água dentro de uma chaleira.


b. Condução ( ) O metal da panela.
c. Convecção ( ) A luz de uma lâmpada incandescente.

2 No inverno usamos roupas de lã baseados no fato de a lã:

a) ( ) Ser uma fonte de calor.


b) ( ) Ser um bom condutor de calor.
c) ( ) Ser um bom absorvente de calor.
d) ( ) Impedir que o calor do corpo se propague para o meio exterior.
e) ( ) Impedir que o frio penetre através dela até nosso corpo.

3 Descreva cada um dos processos de transferência de calor.

4 A figura a seguir está representada por uma caixa totalmente


fechada, cujas paredes não permitem a passagem de calor.
Nesta caixa estão suspensos, presos por cabos isolantes
térmicos, e sem tocar qualquer superfície da caixa, dois
corpos, A e B, sendo, inicialmente, a temperatura de A maior do que a
de B. Após algum tempo, verifica-se que A e B atingiram o equilíbrio
térmico. Sobre tal situação, é correto afirmar que a transferência de calor
entre A e B não se deu:

92
a) ( ) Por condução, mas ocorreu por convecção e irradiação.
b) ( ) Nem por condução, nem por irradiação.
c) ( ) Nem por convecção, nem por irradiação.
d) ( ) Nem por condução, nem por convecção.

5 Considere três fenômenos simples do nosso cotidiano:

I- Circulação de ar em geladeiras.
II- Aquecimento de uma barra de ferro.
III- Variação da temperatura do corpo humano no banho de sol.

Associe, nesta mesma ordem, o principal tipo de transferência de calor que


ocorre nestes fenômenos:
a) ( ) Convecção, condução, irradiação.
b) ( ) Convecção, irradiação, condução.
c) ( ) Condução, irradiação, convecção.
d) ( ) Irradiação, convecção, condução.

6 Uma pessoa que se encontra perto de uma fogueira recebe calor


principalmente por:

a) ( ) Convecção.
b) ( ) Convecção de carbono.
c) ( ) Condução.
d) ( ) Irradiação.

7 No interior de uma geladeira, a temperatura é


aproximadamente a mesma em todos os pontos graças
à circulação do ar. O processo de transferência de energia
causado por essa circulação de ar é chamado de:

a) ( ) Radiação.
b) ( ) Convecção.
c) ( ) Condução.
d) ( ) Compressão.

93
8 Em uma área da praia, uma brisa marítima é consequência
da diferença no tempo de aquecimento do solo e da água. Na
areia que se aquece mais rapidamente, o ar fica mais quente
e sobe, deixando uma área de baixa pressão e provocando
o deslocamento do ar da superfície que está mais fria, a água do mar.
Durante a noite, ocorre um processo inverso: como a água leva mais
tempo para esquentar (de dia), mas também leva mais tempo para esfriar
(à noite), o fenômeno noturno (brisa terrestre) pode ser explicado da
seguinte maneira:

a) ( ) O ar que está sobre a água se aquece mais; ao subir, deixa uma área
de baixa pressão, causando um deslocamento de ar do continente para o
mar.
b) ( ) O ar mais quente desce e se desloca do continente para a água, a
qual não conseguiu reter calor durante o dia.
c) ( ) O ar que está sobre o mar se esfria e dissolve-se na água; forma-se,
assim, um centro de baixa pressão, que atrai o ar quente do continente.
d) ( ) O ar sobre o solo, mais quente, é deslocado para o mar, equilibrando
a baixa temperatura do ar que está sobre o mar.

9 Há deslocamento de matéria no fenômeno da propagação de


calor por convecção?

10 Por que o congelador deve situar-se na parte superior de um


refrigerador?

94
UNIDADE 2
TÓPICO 3

TROCAS DE CALOR

1 INTRODUÇÃO

Vamos supor que eu quero elevar a temperatura de certa quantidade de


água. Para tanto, vou colocá-la numa panela e depois sobre a boca acesa de um
fogão. Estarei então transferindo o calor da chama para o metal da panela e da
panela para a água, por condução. Além disso, a água é um fluido, então, também
vão ocorrer correntes de convecção entre as camadas frias e quentes. Sem contar
na irradiação da própria chama. Enfim, é fato que a minha água vai ficar com
uma temperatura mais alta. Mas o que acontece com a matéria nessa transferência
de energia? E qual é a quantidade de energia que eu tenho que transferir para
que a matéria mude de fase, como, por exemplo, na evaporação da água? Vamos
procurar responder a essas perguntas agora!

2 QUANTIDADE DE CALOR E CALOR ESPECÍFICO


Para elevar a temperatura de um 1 0C de 1 g de água é necessário acrescentar
1 cal de energia. Quanto mais água eu quero para elevar a temperatura, mais calorias
eu tenho que fornecer. Caloria (cal) é a unidade da quantidade de energia ou do
calor fornecido ao sistema para que ele eleve a sua temperatura ou mude de fase.
Cada substância precisa de mais ou de menos calor para elevar a sua temperatura
de uma mesma quantidade; por exemplo, precisamos transferir menos calor para
uma barra de ferro do que para a água com a mesma quantidade de massa. Esse
calor é chamado de calor específico e é uma propriedade de cada substância. O
calor específico da água é de 1 cal/g0C, mas o calor específico do ferro é igual a 0,11
cal/g0C. O calor específico de um material depende de algum modo da temperatura
inicial e do intervalo de temperatura (SEARS; ZEMANSKY, 2006, p. 114).

95
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

Assim, podemos definir o calor específico c como, , onde Q é a


quantidade de calor sensível necessária para elevar a temperatura de uma dada
massa m da substância e ∆T é a diferença entre as temperaturas final e inicial do
corpo.

Podemos definir ainda uma capacidade térmica C para cada corpo, de tal
maneira que um corpo com massa maior possua uma capacidade maior de receber
calor, C = mc. E entre corpos com a mesma massa, mas de substâncias diferentes,
tem capacidade maior o corpo que possuir o maior calor específico. Na tabela 5
estão os valores numéricos dos calores específicos de algumas substâncias.

A quantidade de calor Q pode ser de duas espécies. O calor necessário para


elevar a temperatura ou o calor para mudar o estado da matéria. Se o calor estiver
provocando uma variação de temperatura na matéria, chamamos a “quantidade
de calor sensível” e podemos encontrar seu valor numérico através da equação
Q = mc . Se o calor estiver provocando uma mudança de fase da matéria, então
o chamamos de “quantidade de calor latente” e pode ser calculada através da
equação Q = mL, onde L é o calor latente da substância. A quantidade latente pode
ser positiva ou negativa, conforme o corpo receba ou ceda calor. Os calores latentes
nas mudanças de fase da água são apresentados na tabela a seguir:

TABELA 8 – VALOR NUMÉRICO DOS CALORES DA ÁGUA


Tipo de calor latente nas transformações da Valor numérico Temperatura (0C) da
água (cal/g) substância
Calor latente de fusão do gelo LF 80 00C

Calor latente de solidificação da água LS - 80 00C

Calor latente de vaporização da água LV 540 1000C


Calor latente de condensação do vapor LC - 540 1000C

FONTE: Halliday; Resnick; Walker (2002)

TABELA 9 – CALORES ESPECÍFICOS

Substância Calor específico (cal/g0C)


água 1,00
alumínio 0,251
chumbo 0,0305
cobre 0,0923
ferro 0,11
latão 0,092
vidro 0,20
FONTE: Halliday; Resnick; Walker (2002)

96
TÓPICO 3 | TROCAS DE CALOR

FIGURA 44 – GRÁFICO DA TEMPERATURA

FONTE: Sears; Zemansky (2006, p. 118)

Veja a curva da temperatura, pelo tempo de uma amostra de água que


estava inicialmente na fase sólida (gelo). Na figura observamos o gelo de -25 0C
(ponto a) recebe calor sensível até atingir a temperatura de 0 0C (ponto b) onde,
então, a temperatura não varia mais. Mas a substância ainda recebe calor, o calor
latente, que agora é utilizado para transformar gelo com 0 0C em água com 0 0C
(ponto c). A temperatura começa a variar de novo a partir do ponto c até o ponto
d, o calor sensível transforma água com 0 0C em água com 100 0C. Do ponto d até o
ponto e o calor latente transforma água com 100 0C em vapor com 100 0C. No ponto
e o calor sensível eleva a temperatura do vapor.

3 CONSERVAÇÃO DE ENERGIA
Para estudar as trocas de calor na matéria nós vamos considerar um sistema
formado por um conjunto de corpos com temperaturas diferentes. Vamos dizer
que esse sistema é isolado (não troca calor com as vizinhanças) e fechado (não tem
massa saindo nem entrando), então vamos medir suas temperaturas antes e depois
do sistema entrar em equilíbrio térmico e vamos compará-lo ao calor disponível
no sistema. As experiências comprovam uma grande lei física já exposta neste
caderno, a conservação de energia.

Podemos sempre somar todos os calores recebidos e cedidos em um


sistema fechado que teremos sempre o mesmo resultado. Vamos imaginar um
copo com água em temperatura ambiente e um cubo de gelo a 0 0C. Aparecem
dois fatos na nossa cabeça: o gelo vai derreter e a água vai ficar mais fria. Ou seja,
97
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

acontecem duas coisas diferentes com a água. Na primeira uma mudança de fase, e
na segunda uma variação de temperatura. Se nós tratarmos a água no copo e o gelo
como um sistema fechado e isolado, veremos que a energia disponível no início do
processo é igual à energia no final do processo. E isso é óbvio, já que a energia não
pode ser criada nem destruída.

Assim, podemos escrever uma equação básica para as trocas de calor, em


que somamos todos os calores cedidos e recebidos de todos os corpos e igualamos
a zero,

4 PRINCÍPIOS DA CALORIMETRIA
Com as definições estudadas, verificamos que podem ser resumidas em
três princípios básicos das trocas de calor.

Num sistema isolado, isto é, sem trocas de calor com as vizinhanças, a


quantidade de calor que um corpo recebe, em módulo, é igual à quantidade de
calor que o outro corpo cede.

Quando corpos inicialmente a temperaturas diferentes trocam calor


entre si, num sistema isolado, observamos que alguns perdem enquanto outros
recebem calor, de tal maneira que, decorrido um certo tempo, todos ficam com a
mesma temperatura, chamada temperatura de equilíbrio térmico. Este princípio é
conhecido como lei zero da termodinâmica.

Quando corpos trocam calor entre si, num sistema isolado, a soma das
quantidades de calor que alguns cedem é igual, em módulo, à soma das quantidades
de calor que os restantes recebem, de tal maneira que a soma total das quantidades
de calor é igual a zero, Q1 + Q2 + ... + Qn = 0.

4.1 CALORÍMETRO
Instrumento que serve para medir a quantidade de calor, é constituído por
um recipiente onde se coloca água e que é isolado do ambiente exterior por uma
tampa que o fecha perfeitamente. Possui também um termômetro que assinala a
temperatura da água no seu interior. Para obter boas medidas é preciso tornar a
temperatura da água do calorímetro homogênea, antes de anotar a indicação do
termômetro. Utiliza-se o agitador, que é uma pequena haste de vidro ou metal
colocado dentro do calorímetro.

Quando efetuamos os cálculos das trocas de calor devemos levar em


conta a energia que é transferida para o calorímetro (o recipiente, o agitador e
98
TÓPICO 3 | TROCAS DE CALOR

o termômetro). O ideal seria que o aparelho não trocasse nenhum calor com o
ambiente. Na prática, porém, isso não acontece. O isolamento do calorímetro que
contém a água apenas reduz essa troca ao mínimo. Para medir essa quantidade
de calor cedida ao calorímetro, adicionamos a ele uma quantidade conhecida de
calor de uma determinada massa de água e esperamos equilíbrio térmico. Assim,
fica fácil calcular através dessa quantidade a capacidade térmica C do calorímetro.

Para compreender melhor, vejamos alguns exemplos.

Exemplo 1: Um bloco de ferro com massa de 600 g está a uma temperatura


de 20 0C. O calor específico do ferro é igual a 0,114 cal/g0C.
a) Qual a quantidade de calor que o bloco deve receber para que sua temperatura
passe de 20 0C a 70 0C?

(70 0C – 20 ºC)
Q = 3420 cal

b) Qual a quantidade de calor que o bloco deve ceder para que sua temperatura varie
de 20 0C a -5 0C?

Exemplo 2: Um bloco de gelo de massa 800 g encontra-se a 0 0C. Determine


a quantidade de calor que se deve fornecer a essa massa para que ela se transforme
totalmente em água a 0 0C. Dado: Lf = 80 cal/g.
Q = mLf
Q = 800g • 80cal / g
Q = 64000cal
Q = 64kcal

Exemplo 3: Um bloco de alumínio de 500 g está a uma temperatura de


80 0C. Determine a massa de gelo a 0 0C que é preciso colocar em contato com o
alumínio para se obter um sistema alumínio-água a 0 0C. Dados calor específico do
alumínio = 0,21 cal/g0C, calor latente de fusão do gelo = 80 cal/g.

99
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

Exemplo 4: O calor específico de certa areia seca vale 0,20 cal/ g. oC.
a) Para que 20g dessa areia sofra elevação de 10 oC em sua temperatura, quanto de
calor é necessário que a areia receba?
b) Qual é a capacidade térmica de 50 g de areia?
c) Ao sofrer abaixamento de 2 oC em sua temperatura, cada kg de areia libera
quanta energia?

Solução:

a)

Exemplo 5: Energia é transferida a uma taxa de 10W para um recipiente de


hélio líquido a partir de um aquecedor elétrico imerso. Nesta proporção, quanto
tempo leva para evaporar 1kg de hélio líquido? (SERWAY; JEWETT, 2005, p. 597).

Solução: O ponto de ebulição do hélio é bastante baixo, 4,2 K (cerca de -269 0C), e
um calor de vaporização de 2,09.104 J/kg (cerca de 5cal/g). Sabendo que potência é
energia sobre tempo (voltar ao item 3, no tópico 4 da unidade 1), encontramos que:

Exemplo 6: Um objeto de massa 80 g a 920 oC é colocado dentro de 400 g de água a


20oC. A temperatura de equilíbrio é 30 oC, e o objeto e a água trocam calor somente
entre si. Calcule o calor específico do objeto. O calor específico da água é 1 cal/ g.
o
C.

Solução: Considerando a equação das trocas de calor, encontramos que:

Substituindo os valores das massas, das temperaturas e do calor específico


da água, podemos determinar o calor específico do objeto.

100
TÓPICO 3 | TROCAS DE CALOR

/g ºC

Onde ∆T é igual à temperatura final menos a temperatura inicial. Observando


que a temperatura de equilíbrio é a temperatura final do objeto e da água.

5 TERMODINÂMICA
A termodinâmica estuda os sistemas termodinâmicos, demonstrando as
relações entre trabalho, calor e energia interna.

As máquinas térmicas são sistemas termodinâmicos que trocam calor e


trabalho com o meio externo. Algumas delas, como os motores de automóveis,
recebem calor de uma fonte quente, e uma parte desse calor é convertido em
trabalho mecânico. Outras máquinas térmicas, como os refrigeradores, por
exemplo, retiram calor de uma fonte fria (congelador) e, à custa de um trabalho
mecânico sendo realizado pelo compressor, transferem-no para o meio externo.
(CARRON; GUIMARÃES, 2003)

5.1 TRABALHO DE UM GÁS


Na Unidade 1 definimos o trabalho mecânico W como sendo o produto
entre a força F e o deslocamento d,

W=F∙d

Desse modo, d pode ser o deslocamento de um êmbolo no cilindro, contendo


um gás que se expande devido à presença de uma fonte de calor, conforme a
próxima figura.

A pressão p sobre o êmbolo, num processo isobárico, é dada pela razão


entre a força F exercida sobre o êmbolo de sua área A,

que nos fornece o resultado,

F=p∙A
101
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

FIGURA 45 – UM GÁS SE EXPANDINDO NUM CILINDRO COM


ÊMBOLO MÓVEL DEVIDO O AUMENTO DE TEMPERATURA

FONTE: A autora

Substituindo esse resultado na expressão para o trabalho W, encontramos

W=p∙A∙d

Por outro lado, o volume do gás no cilindro varia conforme o deslocamento


do êmbolo. O produto entre a área A e o deslocamento d do êmbolo fornece a
variação de volume ∆V,

∆V = A ∙ d

Assim podemos escrever a seguinte expressão para o trabalho


termodinâmico,

W = p ∙ ∆V

No sistema internacional, a pressão é dada em N/m2 e a variação de volume


em m3, sendo o trabalho em J. Pode-se utilizar também a unidade atm (atmosfera)
para a pressão e L (litros) para o volume, nesse caso a relação para a unidade em
Joules fica sendo, 100 J = 1 atmL.

O gás pode tanto se expandir quanto se comprimir. No caso da expansão,


o gás transfere energia para o meio externo e o trabalho realizado é positivo;
enquanto que na compressão, o gás recebe energia do meio externo e o trabalho é
negativo.

102
TÓPICO 3 | TROCAS DE CALOR

FIGURA 46 – TRABALHO DE UM GÁS NUMA TRANSFORMAÇÃO


QUALQUER

FONTE: A autora

O trabalho W de um gás também pode ser determinado através de um


diagrama p x V, conforme próxima figura, encontrando a área abaixo da curva
representada no gráfico.

Exemplo 7: O diagrama da figura a seguir mostra a transformação de uma


massa gasosa. Determine o trabalho realizado pelo gás.

FIGURA 47 – DIAGRAMA EXPANSÃO DE UM GÁS

FONTE: A autora

Solução: A área é numericamente igual ao trabalho, logo:

5.2 ENERGIA INTERNA


A energia interna U de um gás ideal monoatômico é a soma das energias
cinéticas médias de todas as moléculas e está associada diretamente a sua
temperatura absoluta. Consequentemente, não havendo variação de temperatura,
não há variação de energia interna. Mesmo que haja variação da pressão ou do
volume, se não houver a variação da temperatura, a energia interna permanece
constante.
103
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

5.3 PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA

A variação sofrida pela energia interna (∆U) de um gás é exatamente o


saldo entre a energia que o gás recebeu (ou cedeu) na forma de calor (Q) e a que o
gás recebeu (ou cedeu) na forma de trabalho W. (CARRON; GUIMARÃES, 2003)

Essa é a primeira lei da termodinâmica e se aplica ao princípio de


conservação de energia. Ela exprime uma correlação entre o trabalho W realizado,
a quantidade de calor Q trocado e a energia interna ∆U associada ao sistema,

∆U = Q – W

TABELA 10 – CONVENÇÕES DE SINAIS

CALOR
Q>0 O gás recebe calor do meio externo.
Q<0 O gás cede calor ao meio externo.
Q=0 O gás não troca calor com meio externo.
TRABALHO
W>0 O gás realiza trabalho. Expansão.
W<0 O trabalho é realizado sobre o gás. Compressão.
W=0 Não há trabalho sendo realizado. Volume constante.
ENERGIA INTERNA
∆U > 0 A energia interna aumenta. A temperatura aumenta.
∆U < 0 A energia interna diminui. A temperatura diminui.
∆U = 0 A energia interna do gás é constante.
FONTE: Carron e Guimarães (2003)

Na tabela a seguir encontramos a aplicação da primeira lei em algumas


transformações gasosas.

TABELA 11 – TRANSFORMAÇÕES GASOSAS

Tipo de transformação Consideração 1 Consideração 2 Primeira Lei


Transformação isotérmica Variável T constante p 1V 1 = p 2V 2 Q=W

Transformação isométrica Variável V constante ∆U = Q

104
TÓPICO 3 | TROCAS DE CALOR

Transformação isobárica Variável p constante ∆U = Q – W

Não há troca de Q com


Transformação adiabática Q=0 ∆U = – W
o meio externo
Transformação cíclica Variável U constante ∆U = 0 Q=W
FONTE: Carron e Guimarães (2003)

Exemplo 8: (CARRON; GUIMARÃES, 2003) Um gás monoatômico ideal


sofre a transformação cíclica, conforme figura a seguir.

FIGURA 48 – DIAGRAMA DE UM GÁS SOFRENDO UM PROCESSO CÍCLICO

FONTE: Autora

a) Dê o nome de cada transformação (AB, BC e CA) e explique o que acontece com


a pressão, o volume e a temperatura em cada transformação.

b) Explique, para cada transformação, se o trabalho, a quantidade de calor e a


variação de energia interna são positivos, negativos ou nulos.

Solução:
A transformação AB é isobárica. A pressão é constante e, de acordo com o gráfico,

o volume aumenta (VB > VA). Sendo a temperatura também aumenta


(TB > TA).

O volume é constante e, de acordo com o gráfico, a pressão diminui (pC < pB). Sendo

. A transformação CA é isotérmica, pois, de acordo com o gráfico,


temos: pC VC = pA VA.. A temperatura é constante, a pressão e o volume diminui.

105
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

b) Na transformação AB, o volume e a temperatura aumentam. Portanto, o


trabalho e a variação de energia interna são positivos. Com base na primeira lei
da termodinâmica, concluímos que a quantidade de calor também é positiva e
maior que o trabalho. Na transformação BC, não há variação de volume. Assim,
W = 0 e Q = U. Como a temperatura diminui, a variação da energia interna e a
quantidade de calor são negativas. Na transformação CA, sendo a temperatura
constante, a variação da energia interna é nula. O trabalho é negativo, pois o
volume diminui. Portanto, a quantidade de calor também é negativa, pois
Q = W.

5.4 SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA


A segunda lei da termodinâmica estabelece as condições em que a
transformação de calor em trabalho é possível, completando, dessa forma, a
primeira lei que apenas trata da equivalência entre calor e trabalho.

5.4.1 Máquina térmica

As máquinas térmicas são dispositivos em que há troca de energia na forma


de calor e também há troca de energia com o meio externo na forma de trabalho, em
um processo cíclico. Esses dispositivos têm a finalidade de obter energia mecânica
a partir de trocas de calor, ou obter troca de calor a partir do fornecimento de
energia mecânica. (CARRON; GUIMARÃES, 2003)

As máquinas térmicas funcionam seguindo, basicamente, o mesmo


esquema, conforme segue:

FIGURA 49 – ESQUEMA DE MÁQUINA TÉRMICA QUENTE

FONTE: A autora

Uma máquina térmica (motor) funciona graças ao calor que provém da


queima de combustível, mas nem todo o calor é aproveitado na realização e trabalho.
Isso quer dizer que, se a máquina recebe uma quantidade de calor Q1, ela perde a
quantidade Q2, e a diferença Q1 - Q2 é aproveitada na forma de trabalho (por exemplo,
para movimentar os pistões do motor). (UENO, 2005)

106
TÓPICO 3 | TROCAS DE CALOR

Isso nos leva ao enunciado da segunda lei da termodinâmica.

“É impossível construir uma máquina térmica que, operando em ciclo,


transforme em trabalho todo o calor recebido da fonte.” (BONJORNO, 2001)

A geladeira é chamada de máquina térmica invertida ou simplesmente de


máquina fria, porque ela opera no sentido oposto, conforme figura a seguir, com a
realização de trabalho pelo compressor, uma quantidade Q2 é retirada da fonte fria
(interior da geladeira) e a quantidade de calor Q1 é lançada para a fonte quente (o
ambiente onde a geladeira está.

FIGURA 50 – ESQUEMA DE MÁQUINA TÉRMICA FRIA

FONTE: Autora

O rendimento η de uma máquina é a razão entre o trabalho realizado e a

quantidade de calor recebida, que se desdobra em .

Com W = Q1 – Q2. O rendimento é um valor entre 0 e 1, podendo ser expresso


como porcentagem, multiplicando o resultado por 100. Por exemplo, o rendimento
de 0,5 pode ser expresso como sendo 50%.

5.4.2 Máquina de Carnot


De acordo com a segunda lei, nenhuma máquina térmica pode ter eficiência
de 100%. Qual é a eficiência máxima que uma dada máquina pode ter, a partir de
um reservatório quente, a uma temperatura T1 e de um reservatório frio a uma
temperatura T2? Essa pergunta foi respondida em 1824 pelo engenheiro francês
Sadi Carnot (1696-1832), que desenvolveu uma máquina hipotética ideal que
fornece a eficiência máxima permitida pela segunda lei. O ciclo dessa máquina é
conhecido como ciclo de Carnot. (YOUNG; FREEDMAN, 2010)
107
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

FIGURA 51 – CICLO DE CARNOT

FONTE: Autora

O ciclo de Carnot, figura anterior, é caracterizado por duas transformações


isotérmicas (T1 e T2 constantes) de A para B e de C para D, e duas transformações
adiabáticas, de B para C e de D para A.

O rendimento depende apenas das temperaturas das fontes quente e fria

pela relação, sendo as quantidades de calor trocadas com as fontes

proporcional às temperaturas, escrevemos também, .

Exemplo 9: Uma máquina térmica de Carnot recebe de uma fonte quente


1000 cal por ciclo. Sendo as temperaturas das fontes quente e fria, respectivamente,
127 0C e 427 0C, determine:

a) o rendimento da máquina;
b) o trabalho, em joules, realizado pela máquina em cada ciclo;
c) a quantidade de calor, em joules, rejeitada para a fonte fria. Usar 1 cal = 4,2 J.

Solução:
a) Dados:
T1 = 427 + 273 = 700K
T2 = 127 + 273 = 400K
Q1 = 1000 cal = 1000 x 4,2 = 4200 J

O rendimento da máquina é dado por:

108
TÓPICO 3 | TROCAS DE CALOR

b) O trabalho realizado em cada ciclo:

c) A quantidade de calor rejeitada para a fonte fria é dada por:


W = Q1 – Q2
1806 = 4200 – Q2
Q2 = 2394 J

NOTA

Caro(a) acadêmico(a)! Para aprofundar seus conhecimentos sugerimos a obra:


RESNICK, Robert; HALLIDAY, David; KRANE, Kenneth S. Fisica 2. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

109
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você viu que:

 Podemosusar o calor para elevar a temperatura de um corpo ou para fazê-lo


mudar de fase.

 Há duas formas de calor, o calor sensível e o calor latente, um responsável pelo


aumento da temperatura, Q = cm∆T , e o outro responsável pela mudança de
fase, Q = mL .

 Ocalor específico, , é uma propriedade da substância. Ele pode ser


entendido
como o responsável por fazer com que tenhamos que fornecer o dobro
de calor para elevar a temperatura de duas xícaras de chá do que forneceríamos
para uma xícara apenas.

 Acapacidade térmica de um corpo está relacionada ao seu calor específico e à


sua massa. Quanto maior a massa de um corpo em relação a outro da mesma
substância, maior a sua capacidade de absorver calor.

 Lembrando da lei de conservação de energia, podemos aplicar esse


princípio nas trocas de calor e encontramos a equação das somas de calor

 Osprincípios da termodinâmica determinam o funcionamento das máquinas


térmicas.

110
AUTOATIVIDADE

1 Diga, com suas palavras, o que você entende por “estado de


equilíbrio térmico” e o que isso tem a ver com a lei zero?

2 Todos os calores são iguais? Quero dizer, o calor absorvido


por uma substância para elevar a sua temperatura é o mesmo
que ela absorve para mudar de fase?

3 Um corpo de massa 200 g a 50 ºC, feito de um material


desconhecido, é mergulhado em 50 g de água a 90 ºC. O
equilíbrio térmico se estabelece a 60 ºC. Sendo 1 cal/g. ºC
o calor específico da água, e admitindo só haver trocas de
calor entre o corpo e a água, determine o calor específico do material
desconhecido.

4 O alumínio tem calor específico 0,20 cal/g. ºC e a água


1 cal/g. ºC. Um corpo de alumínio, de massa 10 g e à
temperatura de 80 ºC, é colocado em 10 g de água à
temperatura de 20 ºC. Considerando que só há trocas
de calor entre o alumínio e a água, determine a temperatura final de
equilíbrio térmico.

5 Sabendo que 1 cal = 4,18 J:

a) transforme 30 kcal em joule;


b) transforme 8000 J em caloria.

6 Um frasco contém 30 g de água a 0 0C. Em seu interior é


colocado um objeto de 60 g de alumínio a 90 0C. Os calores
específicos da água e do alumínio são respectivamente 1,0
cal/g0C e 0,10 cal/g0C. Supondo não haver trocas de calor com
o frasco e com o meio ambiente, qual será a temperatura de equilíbrio
desta mistura?

7 Quantas calorias alimentares um atleta deve ingerir


diariamente, sabendo-se que em suas atividades consome
1,5 kW? Dados: 1 caloria alimentar = 1 kcal, 1 cal = 4,18 J.

111
8 Ache a quantidade de calor que devemos retirar de uma
massa de 500 g de água líquida a 0 0C para que ela se
transforme em gelo a 0 0C. Dado Lf = -80 cal/g.

9 Quanta água a 25 0C é preciso verter sobre 200 g de gelo a -10


0
C a fim de se obter água a 8 0C? Dados: calor específico do
gelo = 0,5 cal/g0C, calor específico da água = 1,0 cal/g0C, calor
latente = 80 cal/g.

10 O fenômeno “El Niño”, que causa anomalias climáticas nas


Américas e na Oceania, consiste no aumento da temperatura
das águas superficiais do Oceano Pacífico.

a) Suponha que o aumento de temperatura associado ao “El Niño” seja


de 2 0C em uma camada da superfície do oceano 1.500 km de largura,
5.000 km de comprimento e 10 m de profundidade. Considere o calor
específico da água do oceano como sendo 4.000 J/kg0C e a densidade da
água do oceano 1.000 kg/m3. Qual a energia necessária para provocar esse
aumento de temperatura?
b) Atualmente o Brasil é capaz de gerar energia elétrica a uma taxa
aproximada de 60 GW (6,0 x 1010 W). Se toda essa potência fosse usada
para aquecer a mesma quantidade de água, quanto tempo seria necessário
para provocar o aumento de temperatura de 2 0C?

11 Em um processo, sob pressão constante de 3,0 x 105 N/m2,


um gás aumenta seu volume de 9 x 10-6 m3 para 13 x 10-6 m3.
Calcule o trabalho realizado pelo gás.

12 Um sistema termodinâmico realiza o ciclo ABCA representado


a seguir. Calcule o trabalho realizado pelo ciclo.

112
13 Um sistema termodinâmico, ao passar de um estado inicial
para um estado final, tem 300 J de trabalho realizado sobre
ele, liberando 90 cal. Usando a primeira lei da termodinâmica
e considerando que uma caloria é 4,18 J, indique o valor, com
os respectivos sinais, das seguintes grandezas:

W = _____________
Q = _____________
∆U = _____________

14 Você projeta uma máquina de Carnot que funciona entre as


temperaturas de 600 K e 300 K e realiza 250 J de trabalho em
cada ciclo.

a) Calcule a eficiência de sua máquina.


b) Calcule a quantidade de calor descartada durante a compressão isotérmica
a 400 K.

15 Uma determinada máquina térmica deve operar em ciclos


entre as temperaturas de 30 0C e 230 0C. Em cada ciclo ela
recebe 1.000 cal da fonte quente. Qual é o máximo de trabalho
que a máquina pode fornecer por ciclo ao exterior?

113
114
UNIDADE 2 TÓPICO 4

ELETROSTÁTICA E LEI DE COULOMB

1 INTRODUÇÃO

Sabemos que a energia do Sol chega até nós na forma de luz, e que falar
de energia é sempre empolgante, pois ela assume várias formas. A luz pode ficar
armazenada nas plantas e ser transferida para os animais na forma de alimento.
Pode se transformar em calor, criando gradientes de temperatura que irão provocar
correntes de convecção na atmosfera e nos oceanos. Fazer a água evaporar,
concentrando-se em nuvens que alimentam os mananciais terrestres. Armazenar-
se em fósseis por milhões de anos para alimentar usinas que a transformam em
energia elétrica, que por sua vez pode transformar-se novamente em luz, quando
acende uma lâmpada na nossa casa.

Nesse caderno apresentamos vários tipos de energia, só para lembrar:


energia potencial, energia cinética, trabalho, calor, eletricidade e luz. Na Unidade
1 vimos os três primeiros, na Unidade 2 vimos calor e agora vamos ver eletricidade.
Deixaremos a luz para a última unidade, onde falaremos também de ondas e
finalizamos com vislumbre da física moderna.

2 PROPRIEDADES ELÉTRICAS DA MATÉRIA

Matéria é capaz de atrair matéria (prova: o solo atrai o corpo que você
larga de certa altura). Um mesmo tipo de matéria é capaz de se agregar de formas
distintas (prova: a água pode ser líquida, sólida ou gasosa). A matéria pode dar
choque (prova: se você arrastar seus pés durante algum tempo sobre um carpete
e depois tocar em uma maçaneta metálica recebe uma pequena descarga elétrica).
A matéria não pode desaparecer sem aparecer em outro lugar, ou seja, ela não
pode ser destruída. Ela também não aparece do nada, ou seja, também não pode
ser criada. A quantidade total de matéria no universo desde o famoso Big Bang até
agora é a mesma e assim será para sempre. Para que ocorra uma transformação na
matéria ela precisa ser estimulada por uma força que nós também podemos chamar
de interação. Assim, podemos dizer que as interações provocam mudanças.

Queremos dividir a matéria em suas partes fundamentais e isolar um


pedacinho que contenha todas as suas propriedades. Esse pedacinho nós

115
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

costumamos chamar de átomo. Todo mundo sabe que um átomo tem elétrons,
prótons e nêutrons. Que os prótons possuem cargas positivas, e os nêutrons
possuem cargas neutras e estão concentrados num núcleo. Já os elétrons possuem
cargas negativas, se movem em órbitas ao redor desse núcleo. Talvez o que nem
todo mundo sabe ainda é que existe uma força de atração das partículas no núcleo
que supera a força de repulsão entre as cargas positivas dos prótons, mas que só
tem efeito para distâncias da ordem do raio do núcleo e que somente devido a ela
o núcleo consegue se manter estável. E que uma vez perdida essa estabilidade,
a matéria pode liberar uma assombrosa quantidade de energia, conhecida como
energia nuclear. Mas isso não vem ao caso por enquanto, vamos nos ater um pouco
à força que repele partículas com mesmo sinal de carga elétrica e atrai cargas de
sinais contrários, base da teoria elétrica.

O cientista James Maxwell conseguiu reunir em 4 equações básicas toda


a teoria que descreve todo o comportamento das manifestações da matéria nas
interações eletromagnéticas, provando que o magnetismo não é senão mais um
aspecto da eletricidade. Voltaremos a esse assunto mais tarde, agora queremos
olhar para os aspectos das interações de cargas elétricas.

A matéria em seu estado natural é neutra, possuindo o mesmo número


de cargas positivas e negativas, isso se deve ao fato dos átomos terem o mesmo
número de prótons e elétrons. No entanto, podem ocorrer migrações dos elétrons
de um átomo para o outro, causando um excesso de prótons do átomo que cedeu
elétrons e um excesso de elétrons no átomo que os recebeu. Esse desequilíbrio gera
uma carga líquida Q que pode ser facilmente determinada.

O módulo da carga elementar é de 1,6 x 10-19 C (onde C se lê Coulomb),


caso seja do próton o sinal permanece positivo. Em se tratando do elétron, o sinal
se torna negativo, observe a seguir.

Para o próton: e = 1,6 ∙ 10–19 C e para o elétron: e = –1,6 ∙ 10–19 C. Qualquer


carga líquida (em excesso) é sempre um múltiplo da unidade fundamental. A
expressão a seguir exprime o aspecto da quantização de carga Q.

Q = ne n = 1,2,3,4,5,...(inteiros positivos)

116
TÓPICO 4 | ELETROSTÁTICA E LEI DE COULOMB

3 CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS SEGUNDO SUAS


PROPRIEDADES ELÉTRICAS
De acordo com o modelo atômico aceito, os elétrons estão distribuídos em
orbitais ao redor do núcleo, em níveis de acordo com a sua energia. As ligações
químicas se constituem quando elétrons da última camada migram para a camada
externa de outro átomo ou é compartilhado por ele. Em alguns átomos os elétrons
das camadas internas criam uma blindagem e o elétron da camada externa fica
fracamente ligado ao núcleo. Estes elétrons são conhecidos como elétrons livres e
podem se movimentar facilmente de um átomo para outro.

FIGURA 52 – ÁTOMO DE COBRE

FONTE: A autora

NOTA

Na figura você pode observar um átomo de cobre, esquematizado com 29


prótons no núcleo, 2 elétrons na primeira camada, 8 na segunda, 18 na terceira e 1 elétron na
última camada.

Na figura acima vemos a distribuição eletrônica do átomo de cobre, nesse


caso o elétron mais externo está sofrendo a blindagem de 28 elétrons e assim se
torna livre com grande facilidade. Todos os metais possuem uma distribuição
eletrônica semelhante à do cobre, possuindo tais elétrons livres, por isso nós os
chamamos de condutores eletrônicos. Existem também os condutores iônicos,
onde as cargas elétricas podem se mover através dos íons livres, como nas soluções
de água e ácido ou água e sal.

117
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

Quando as substâncias não possuem esses elétrons ou íons livres que


permitem a fácil movimentação das cargas, nós as chamamos de dielétricos ou
isolantes. Na prática, não existe condutor ou isolante perfeito, existe uma graduação
entre eles. Assim podemos dizer que: os condutores eletrônicos são condutores de
primeira classe, os condutores iônicos são de segunda classe e os isolantes são
péssimos condutores. Embora com certa dificuldade, pode haver movimentação
de cargas através do ar úmido e do corpo humano, por isso podemos considerá-los
condutores médios.

ATENCAO

O movimento dos elétrons ao longo de um condutor é chamado de corrente


elétrica. A corrente contínua ocorre quando há um fluxo constante de elétrons pelo condutor.
Enquanto que a corrente alternada tem um fluxo de média zero, embora este valor nulo não
ocorra todo tempo. Neste último caso, o fluxo de elétrons muda de direção continuamente.
Para saber mais sobre condutores e isolantes acesse: <http://br.geocities.com/saladefisica6/
eletrodinamica/condutoresisolantes.htm>.

4 PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO
Quando um corpo com mesmo número de cargas positivas e negativas
(corpo neutro) adquire uma quantidade extra de carga ou a perde, nós dizemos
que o corpo se encontra carregado (eletrizado), e possui uma quantidade de
carga líquida Q = ne. “Tirando elétrons de um corpo neutro ele ficará carregado
positivamente” (+Q). “Colocando elétrons em um corpo neutro ele ficará carregado
negativamente” (-Q). Existem várias maneiras de tornar um corpo carregado,
vejamos quais são elas.

4.1 ELETRIZAÇÃO POR ATRITO


Também conhecida como triboeletrização, ocorre sempre que dois corpos
de materiais diferentes são atritados entre si. Se você atritar uma régua de plástico
com uma flanela de algodão, alguns dos elétrons da flanela de algodão vão parar na
régua de plástico, um se torna negativamente carregado e o outro positivamente.
Se forem isolados podem permanecer assim indefinidamente. Por outro lado, se
substituirmos a régua de plástico por uma barra de vidro, os elétrons migram
do vidro para a flanela, deixando-a agora negativamente carregada. Utilizando
o eletroscópio (aparelho capaz de detectar cargas elétricas) podemos ordenar os
processos de ganho e perda de elétrons dos corpos do seguinte modo:

VIDRO – LÃ – SEDA – ALGODÃO – ÂMBAR – EBONITE – COBRE – PLÁSTICO


→ perde elétrons → ganha elétrons

118
TÓPICO 4 | ELETROSTÁTICA E LEI DE COULOMB

Assim, atritando quaisquer duas substâncias da série triboelétrica citada


acima, a da esquerda fica positiva (perde elétrons) e a da direita negativa (ganha
elétrons). Resta acrescentar que a carga ganha por um material na eletrização por
atrito é sempre igual à carga perdida pelo outro corpo, respeitando o princípio de
conservação.

Exemplo 1: um bastão de vidro foi atritado com seda. Observando a série


triboelétrica do texto, responda: a) Qual o sinal da carga adquirida pelo vidro?
b) Se houver troca de 2.108 elétrons entre o vidro e a seda, determine a sua carga
adquirida por esses corpos no SI.

Solução:

a) Como o vidro está à esquerda da seda na série triboelétrica, ele adquire carga
positiva.
b) A carga adquirida é múltiplo inteiro da carga elementar e. Assim, a carga
adquirida pelo vidro é:

QV = ne = 2.108 . 1,6.10-19 = 3,2 . 10-11 C.


E a carga adquirida pela seda é:
QS = ne = 2.108 . (-1,6.10-19) = -3,2 . 10-11 C.

4.2 ELETRIZAÇÃO POR CONTATO


Ocorre entre condutores quando pelo menos um deles já se encontra
eletrizado. Na figura a seguir, temos um corpo A neutro (QA = 0) e outro eletrizado
positivamente, o corpo B (QB = +Q). Quando colocamos os dois corpos em contato
ocorre uma redistribuição de cargas na superfície dos dois corpos. Elétrons do
corpo A migram para o corpo B até que se estabeleça o equilíbrio eletrostático,
então cessa o fluxo de cargas. Os dois corpos chegam ao mesmo potencial elétrico;
semelhantemente ao que ocorre quando corpos atingem a mesma temperatura,
nesse caso entrando em equilíbrio térmico. Observe que os dois corpos não ficam
com a mesma quantidade de carga após o equilíbrio, a não ser que os dois corpos
possuam igualdade de formas e de dimensões.

FIGURA 53 – COLOCAMOS DOIS CORPOS A (NEUTRO) E B (ELETRIZADO


POSITIVAMENTE) EM CONTATO

FONTE: A autora

119
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

NOTA

Os elétrons do condutor inicialmente neutro passam para o condutor com falta


de elétrons, tal que, após o equilíbrio eletrostático, a soma algébrica dos corpos continue a
mesma.

Exemplo 2: duas pequenas esferas condutoras idênticas estão eletrizadas


com cargas 5q e –3q, respectivamente. Após o contato entre as esferas, elas estão
eletrizadas com quantas cargas?

Solução: como as duas esferas são idênticas (mesma forma e mesmas


dimensões), podemos concluir que a passagem de elétrons cessa quando as duas
estiverem com carga líquida igual. As três cargas negativas do corpo negativo
fluem para o corpo positivo, deixando-o neutro. O corpo positivo continua com
um excesso de cargas positivas (duas cargas) recebendo mais um elétron, restando
apenas uma carga no outro corpo quando os dois corpos alcançam o mesmo
potencial. Portanto, cada esfera fica com uma carga positiva q.

4.3 ELETRIZAÇÃO POR INDUÇÃO


FIGURA 54 – ILUSTRAÇÃO DE ELETRIZAÇÃO POR INDUÇÃO

FONTE: A autora

NOTA

Vamos entender melhor a figura? Observe que a régua de plástico (a) se encontra
eletrizada negativamente e o papel neutro. Quando a régua é aproximada dos pedaços de
papel, estes são atraídos por ela. Na figura (b) temos a vista ampliada do papel polarizado
atraído pela régua.

120
TÓPICO 4 | ELETROSTÁTICA E LEI DE COULOMB

Imagine um corpo carregado negativamente (régua) e outro neutro (papel


picado), como da figura anterior.  Ambos estão muito afastados um do outro. Ao
aproximarmos os dois corpos ocorre a polarização das moléculas do corpo neutro. A
consequência disto é que as moléculas do corpo tendem a se alinhar, com seus polos
positivos para um lado, e com seus polos negativos para o outro, como na figura (b).

O fenômeno é conhecido como indução eletrostática, sendo o corpo previamente


eletrizado o indutor e o outro o induzido. Quando o condutor for afastado de um
corpo induzido, as cargas induzidas voltam à sua situação inicial. Como poderíamos
evitar isso? Será que podemos eletrizar um corpo por meio de uma indução? Vejamos
isso na próxima seção.

4.4 LIGAÇÃO À TERRA


Como vimos, quando o condutor é afastado do corpo induzido, as cargas
induzidas voltam à sua situação inicial. No entanto, se o induzido for ligado à Terra
na presença do indutor (conforme esquema da figura a seguir), ocorrerá um fluxo de
elétrons da Terra para o induzido, atraídos pela carga positiva do indutor, situação
(a). E se ainda na presença do indutor a ligação com a Terra for cortada, o induzido se
tornará um condutor eletrizado (b). Quando o indutor é afastado, figura (c), a carga
líquida se redistribui em toda a superfície do induzido, que agora também se tornou
um condutor, eletrizado com sinal oposto do indutor (negativamente).

A Terra tem a capacidade de descarregar qualquer corpo eletrizado, pelo fato


de ser praticamente neutra e ter dimensões muito grandes. Na verdade, qualquer
corpo bem maior que o corpo eletrizado pode fazer o papel da Terra, é o que ocorre
com o chassi dos veículos à combustão interna.

FIGURA 55 – LIGAÇÃO À TERRA


(a) (b) (c)

FONTE: Anjos; Arruda (1993)

NOTA

ENTENDA MELHOR A FIGURA. Em (a) temos um fio que liga o corpo induzido e a
Terra.Os elétrons da Terra são atraídos pelo indutor através do induzido. Em (b) o fio é rompido
e a migração dos elétrons cessa. Em (c), ao serem afastados, o induzido continua eletrizado.

121
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

E
IMPORTANT

Frequentemente a carga elétrica dos corpos é muito menor do que 1 Coulomb.


Assim usamos submúltiplos. Os mais usados são:

5 LEI DE COULOMB
FIGURA 56 – BALANÇA DE TORÇÃO

FONTE: A autora

NOTA

Na figura indica-se que ao aproximarmos as duas esferas ou aumentarmos a


carga de alguma, ocorre uma torção no fio que é medida pelo ângulo anotado no mostrador.

A figura anterior mostra o esquema de uma balança de torção, utilizada


para medir a força gravitacional ou a força elétrica entre os corpos. Analisando duas
partículas eletrizadas ou cargas puntiformes, uma na extremidade da barra giratória
e a outra numa região próxima a ela, verifica-se que a força elétrica entre elas é na
direção da reta que as une, age à distância (por meio de um campo) e é diretamente
proporcional à quantidade de carga de cada partícula e inversamente proporcional ao
quadrado da distância. Assim, encontramos que a força elétrica é dada por
122
TÓPICO 4 | ELETROSTÁTICA E LEI DE COULOMB

(lei de Coulomb)

Onde k é uma constante de proporcionalidade, q1 e q2 são as cargas puntiformes


e d é a distância entre elas. Observe a figura que segue:

FIGURA 57 – DUAS CARGAS PUNTIFORMES Q1 E Q2 SEPARADAS PELA


DISTÂNCIA D, ATRAÍDAS PELA FORÇA F ENTRE ELAS

FONTE: A autora

No vácuo a constante eletrostática vale K0 = 1/4πε0 = 9 . 109 Nm2/C2 onde


ε0 = 8,85 . 10 –12 C2/ Nm2 é a constante dielétrica do meio.

Exemplo: duas cargas puntiformes estão no vácuo, separadas por uma


distância d = 4,0 cm. Sabendo que seus valores são Q1 = - 6,0 . 10-6 C e Q2 = + 8,0 .
10-6 C, determine as características das forças entre elas.

Solução: como as cargas têm sinais opostos, as forças entre elas são de
atração. Pela Lei da Ação e Reação, essas forças têm a mesma intensidade |F| - a
qual é dada pela Lei de Coulomb:

DICAS

Quer ler mais sobre o assunto? Acesse:


• <http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod01/m_s01.html>. ou
•<http://conecte.arqui-aju.com.br/aulas/Fisica/Eletrizacao_coulomb/Eletrizacao_Lei_Coulomb.
htm>.

123
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico você viu que:

 A matéria possui certas propriedades elétricas.

 Cargas elétricas de mesmo sinal se repelem e cargas de sinais opostos se atraem.

 Apesar da matéria ser neutra no seu estado natural, pode ser eletrizada, criando
no corpo uma quantidade líquida diferente de zero, e esta quantidade de carga
é um múltiplo do módulo da carga elementar.

 No processo de eletrização por atrito os elétrons são arrancados de um corpo,


gerando um excesso de carga negativa neste, e um excesso de carga positiva no
outro. Onde no processo de eletrização por condução um corpo transfere parte
da sua carga líquida para o outro, ficando os dois com cargas líquidas de mesmo
sinal. Onde no processo de eletrização por indução ocorre uma redistribuição
das posições atômicas sem que ocorra de fato uma migração de elétrons.

 Há outra lei de conservação, nesta é constante a soma algébrica das cargas


elétricas de um sistema isolado. Esta lei é conhecida como o Princípio da
Conservação das Cargas Elétricas.

 Classificamos os corpos em duas classes: condutores e isolantes (dielétricos).

 A força elétrica tem módulo diretamente proporcional às cargas, e inversamente


proporcional ao quadrado da distância.

124
AUTOATIVIDADE

1 Por que podemos dizer que a carga elétrica é quantizada?

2 Por que a carga elétrica em seu estado natural é nula?

3 Qual o enunciado do princípio de atração e repulsão entre


cargas elétricas?

4 Como é possível a estabilidade do núcleo do átomo, se cargas


de mesmo sinal repelem-se mutuamente?

5 O que afirma o princípio de conservação das cargas elétricas?

6 O que se entende por elétron livre?

7 Atrita-se um bastão de vidro com um pano de lã, inicialmente


neutros. Como fica a distribuição das cargas nos dois corpos,
e os seus sinais são iguais ou opostos?

8 Em 1990 transcorreu o cinquentenário da descoberta dos


“chuveiros penetrantes” nos raios cósmicos, uma contribuição
da física brasileira que alcançou repercussão internacional
[O Estado de S. Paulo, 21/10/90, p. 30]. No estudo dos raios
cósmicos são observadas partículas chamadas píons. Considere um píon
com carga elétrica +e desintegrando-se (isto é: dividindo-se) em duas outras
partículas: um múon com carga elétrica +e e um neutrino. De acordo com o
princípio de conservação da carga, o neutrino deverá ter carga elétrica:
a) +e. b) –e. c) +2e. d) –2e. e) nula.

125
9 Duas cargas elétricas puntiformes de 6 x 10-5 C e 4 x 10-5 C, no
vácuo, estão separadas entre si por uma distância de 6 cm.
Calcule a intensidade da força de repulsão entre elas.

10 Uma pequena esfera de chumbo de massa igual a 10,0 g


possui excesso de elétrons com uma carga líquida igual a
-4,8 x 10-9 C. Calcule o número de elétrons em excesso sobre
a esfera.

126
UNIDADE 2
TÓPICO 5

CAMPO ELÉTRICO E POTENCIAL ELÉTRICO

1 INTRODUÇÃO

Chamamos de campo elétrico uma região de influência onde qualquer


carga teste q fica sob a ação da força elétrica gerada pela carga Q. Denominamos
ainda de superfície equipotencial (de nível) um lugar geométrico no interior desse
campo, em que os pontos que formam essa superfície possuem o mesmo potencial
elétrico. Assim, se deslocamos a carga teste q sobre essa superfície, não realizamos
nenhum trabalho. Veremos nesse tópico as definições dessas grandezas.

2 CAMPO ELÉTRICO

Agora vamos imaginar uma região no espaço ao redor de uma carga


eletrizada Q como da figura (a), apresentada a seguir. Sempre podemos escolher
um ponto P qualquer onde calculamos o campo elétrico gerado por essa carga.
Colocando uma carga de prova diferente de cada vez (q1, q2, q3,...), figura (b),
chegamos à conclusão de que F1/q1 = F2/q2 = F3/q3 = ...
= constante; por isso podemos

dizer que o campo elétrico E é dado por, , onde F é a


força elétrica que a carga eletrizada Q exerce sobre uma carga de prova
qualquer q0. No SI o campo elétrico tem como unidade o Newton/Coulomb (N/C).

127
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

FIGURA 58 – (a) REGIÃO NO ESPAÇO (CAMPO ELÉTRICO) SOB A INFLUÊNCIA DA PRESENÇA DE


UMA CARGA ELÉTRICA Q. (b) COLOCAMOS SUCESSIVAS CARGAS DE PROVA NO PONTO P

FONTE: A autora

Podemos encontrar uma expressão para o módulo do campo elétrico


substituindo a força elétrica, F = k0|Q||q0|/d2, na expressão anterior

Observação: Se a carga q é positiva, o campo elétrico E e a força elétrica F


têm o mesmo sentido. Se a carga for negativa, o campo E e a força F têm sentidos
opostos.
FIGURA 59 – O VETOR CAMPO ELÉTRICO É SEMPRE TANGENTE À LINHA DE FORÇA

FONTE: A autora

NOTA

Nesta figura estão representados três vetores campo elétrico em posições


diferentes sobre a linha de força.

O sinal da carga Q geradora do campo elétrico determina se o campo é de


atração ou repulsão para a carga teste q positiva. Este fato é ilustrado pelas linhas
de força que saem da carga positiva e entram na negativa, como podemos observar
na próxima figura. É importante saber que as linhas de força de um campo elétrico
nunca se cortam.

128
TÓPICO 5 | CAMPO ELÉTRICO E POTENCIAL ELÉTRICO

FIGURA 60 – (a) LINHAS DE FORÇA SAINDO DE UMA CARGA ELETRIZADA POSITIVAMENTE E (b)
LINHAS ENTRANDO NA CARGA NEGATIVA

FONTE: A autora

Podemos calcular o campo resultante de uma distribuição de cargas, como o


da figura a seguir, utilizando as propriedades da adição de vetores somando todas
as atribuições de cada um dos campos gerados pelas partículas naquele ponto.
Assim, para várias cargas puntiformes, encontramos que o campo resultante no
ponto P é ER = E1 + E2 + E3 + ... + EN.

FIGURA 61 – DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS PUNTIFORMES COM OS CAMPOS DAS


CARGAS NO PONTO P

FONTE: A autora

NOTA

Você pode encontrar mais algumas informações nos sites: <http://br.geocities.


com/saladefisica3/laboratorio/campoeletrico/campoeletrico.htm>.
<http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod02/m_s01.html>.

129
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

3 POTENCIAL ELÉTRICO
Se abandonarmos um corpo de prova no ponto P, este acelera em direção
à carga ganhando velocidade e consequentemente energia cinética. Portanto, se
segurarmos a carga nesse local, sem soltá-la para que adquira energia cinética,
estamos dando a ela certa energia potencial. As experiências mostram que a carga
q1 adquire energia potencial U1, a carga q2 adquire energia potencial U2 e assim
sucessivamente, de modo que a razão entre a energia adquirida e o valor da carga
permanece constante. U1/q1 = U2/q2 = U3/q3 = ... = constante. Assim, define-se uma
nova grandeza escalar, o potencial elétrico V,

(1)

A unidade no SI de potencial elétrico é o volt (1 volt = 1 joule/1 coulomb).

ATENCAO

Evidenciar erro comum. Não confundir o V de potencial elétrico com o V de volt


da sua unidade.

Numa distribuição de cargas puntiformes, o potencial elétrico total é a


soma algébrica dos potenciais devidos a cada partícula, VT = V1 + V2 + V3 + ... + VN.

O campo elétrico é um campo conservativo e a força elétrica é uma força


conservativa, de forma que o trabalho da força F de levar a partícula q desde o
ponto A até o B de um campo elétrico é dada pela variação da energia potencial
entre esses pontos, independente do caminho escolhido para trazê-lo. Observe a
figura a seguir:

FIGURA 62 – DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS PUNTIFORMES COM OS CAMPOS


DAS CARGAS NO PONTO P

FONTE: A autora

130
TÓPICO 5 | CAMPO ELÉTRICO E POTENCIAL ELÉTRICO

NOTA

Observe que na figura o campo resultante é a soma vetorial de todos os campos


gerados pela distribuição.

Assim podemos escrever que

WAB = UA - UB. (2)

Substituindo UA = qVA e UB = qVB da equação (1) na (2) encontramos

WAB = q(VA - VB). (3)

FIGURA 63 – DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS PUNTIFORMES COM OS CAMPOS


DAS CARGAS NO PONTO P

FONTE: A autora

NOTA

Observe que o campo resultante é a soma vetorial de todos os campos gerados


pela distribuição.

Agora, vamos mover uma carga de prova desde o infinito ∞ (potencial


nulo, VB = 0) até as proximidades da carga eletrizada Q (potencial no ponto A igual
a VA). A diferença de potencial é então,

VAB = VA – VB. (4)

131
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

Da equação (3) temos que (VA - VB) = WAB /q. Substituindo na equação (4),
produz

VAB(∞) = VA – VB = WAB(∞)/q

como VB no infinito é zero, vem que

Por outro lado, da Unidade 1 sabemos que trabalho é força vezes


deslocamento (W = F.d), substituindo F pela força elétrica (F = k|Q||q|/d2)
encontramos finalmente que

(5)

UNI

A energia potencial é calculada pela integração da força em relação à distância,


Assim, a energia potencial elétrica

é dada pela expressão

Exemplo 1: Uma partícula eletrizada com carga q = 5 µC é colocada no ponto


A de um campo elétrico e se observa que ela fica sujeita a uma força horizontal
para a direita de módulo 50 N e adquire uma energia potencial elétrica de 20 J.
Pedem-se: (a) as características do vetor E no ponto A; (b) o valor do potencial
elétrico no mesmo ponto.

Solução: (a) Se a força é horizontal e para a direita e a carga de prova é


positiva, o vetor campo elétrico também é horizontal e para a direita. O módulo
do vetor E será:

TURO S
ESTUDOS FU

|E| lê-se módulo do vetor E. Significa extrair o valor positivo de um número, de


modo que se tenho, por exemplo, |-2| é na verdade igual a √(-2)2 =
√ [(-2).(-2)] = √4 = 2.

132
TÓPICO 5 | CAMPO ELÉTRICO E POTENCIAL ELÉTRICO

FIGURA 64 – CARGA Q POSITIVA NO PONTO A IMERSA NO CAMPO


ELÉTRICO E, SOBRE A AÇÃO DE UMA FORÇA F NA MESMA DIREÇÃO E
NO MESMO SENTIDO DO CAMPO

FONTE: A autora

(b) O potencial será dado por:

Exemplo 2: Uma carga elétrica q = 2 µC é deslocada de um ponto A para


outro ponto B de um campo elétrico. Se o trabalho realizado pela força é WAB = 4.10-
4
J, calcule a diferença de potencial entre os pontos A e B.

Solução: Da equação (3) para o trabalho, temos

UNI

Não se esqueça de que µ = 10-6. Veja a minha dica na seção “ligação à Terra”, no
Tópico 4 desta unidade.

Exemplo 3: Em relação ao exemplo anterior, qual será o potencial no ponto


A, sabendo-se que VB = -50 V?

Solução: Sabendo do exemplo anterior que (VA - VB) = 200 V, temos que
VA – (-50) = 200 → VA + 50 = 200 → VA = 150V.

133
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

4 FLUXO E SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS


FIGURA 65 – SUPERFÍCIE EQUIPOTENCIAL

FONTE: A autora

Sempre podemos encontrar uma região no espaço (uma superfície


imaginária) na qual o valor campo elétrico é constante. Chamamos de superfície
de nível ou equipotencial a superfície formada por todos os pontos de mesmo
potencial. A propriedade mais importante da superfície de nível é que as linhas
de força que a atravessam são perpendiculares. Observe a superfície da figura
anterior, veja como as linhas de força fazem um ângulo de 900 com a direção da
área da superfície.

FIGURA 66 – SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS ESFÉRICAS ENVOLVENDO A


CARGA POSITIVA

FONTE: A autora
NOTA

Para bem compreender a figura, observe que todos os pontos sobre a superfície
da esfera imaginária possuem o mesmo potencial.

134
TÓPICO 5 | CAMPO ELÉTRICO E POTENCIAL ELÉTRICO

Agora, olhe para as superfícies esféricas que envolvem a carga elétrica


positiva da figura anterior. As linhas de força que a atravessam são as mesmas,
mas próximo da carga elas estão mais próximas e o campo é mais forte. A primeira
esfera está mais próxima da carga e o fluxo do campo é mais denso, por isso o
potencial V1 é maior que o da próxima superfície, com potencial V2. A superfície
esférica 3, de potencial V3, está mais afastada e o campo é mais fraco. Assim, é
correto afirmar que V1 > V2 > V3.

5 CAMPO ELÉTRICO UNIFORME


FIGURA 67 – CAMPO ELÉTRICO UNIFORME

FONTE: A autora

NOTA

Na figura, que representa um campo elétrico uniforme, vemos que as superfícies


de nível são superfícies planas. Em qualquer região, no interior das placas carregadas, o campo
e tem o mesmo valor.

As linhas de força, representadas na figura, estão espaçadas uniformemente


na região entre as placas. Nessa situação, as superfícies equipotenciais são
superfícies planas, paralelas entre si. Em qualquer ponto sobre qualquer superfície
de nível a força elétrica é a mesma e o campo é conservativo. Isto nos dá mais uma
possibilidade de calcular o trabalho da força elétrica para deslocar uma pequena
carga de prova q colocada no interior desse campo. A primeira é utilizar a equação
(3) da seção anterior, WAB = q (VA - VB). A outra é usar a definição de trabalho no
tópico 4 da Unidade 1, W = F.d.cosθ. Observe a figura que segue:

135
UNIDADE 2 | TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE

FIGURA 68 – PARTÍCULA DE CARGA Q SOBRE O DESLOCAMENTO


DE A ATÉ B DEVIDO À AÇÃO DA FORÇA ELÉTRICA F. VEJA QUE X =
D.COSθ0

FONTE: A autora

O trabalho da força elétrica para trazer uma partícula do ponto A até o


ponto B é, portanto,
W = F.d. cosθ = F.x.
Da definição de campo elétrico, no Tópico 2 desta unidade, E = F/q,
encontramos
W = E.q.x.
Igualando ao trabalho da equação (3) temos que E.q.x = q(VA - VB),
produzindo
E.x = VA - VB. (6)

Assim, a diferença de potencial (ddp = VA - VB) entre dois pontos de um


campo elétrico uniforme é igual ao produto do módulo do campo pela distância
entre as superfícies de nível que passam pelos dois pontos [6]. Daí que surgiu o
fato de também utilizarmos a unidade V/m (volt/metro) ao invés de N/C (Newton/
Coulomb) para o campo elétrico.

Exemplo 4: Uma partícula eletrizada positivamente, com carga q = 3 . 10


–15
C, é lançada em um campo elétrico uniforme de 2 . 10 3 N/C de intensidade,
descrevendo o movimento representado na figura 49. (a) Qual a intensidade da
força que atua sobre a partícula no interior do campo elétrico? (b) Qual a variação
da energia potencial da partícula entre os pontos A e B?
FIGURA 69 – PARTÍCULA SE DESLOCANDO ATRAVÉS DO CAMPO

FONTE: A autora

136
TÓPICO 5 | CAMPO ELÉTRICO E POTENCIAL ELÉTRICO

Solução: (a) Da definição de campo elétrico,

(b) A distância entre as superfícies equipotenciais que passam por A e B


vale x = 4 cm e VA < VB. VA é menor que VB porque a carga positiva deveria estar
se alinhando ao campo. Perceba que o deslocamento da carga está seguindo um
sentido oposto ao da linha de força, isso seria natural se a carga fosse negativa. Da
equação (6),

E.x = VA - VB → ( 2 . 10 3 ).( 4 . 10 -2 ) = VA - VB → 8 . 10 1 = VA - VB → VB – VA
= -80 V.

Agora temos que calcular a variação da energia potencial,

137
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico você viu que:

 Todo corpo carregado gera uma ação à distância, isso quer dizer que ele cria um
campo ao seu redor que é detectado através da força que surge com a presença
de uma carga teste. Nós chamamos esse campo de campo elétrico, e utilizamos
uma expressão matemática para defini-lo, .

 Uma carga se move nesse campo tal qual uma partícula sujeita ao campo
gravitacional, ou seja, tem uma energia potencial associada. Através dessa
energia potencial chegamos a uma expressão para o potencial, .

 Calculamos o trabalho da força elétrica para trazer uma carga de um ponto A


até um ponto B, no interior do campo, WAB = q(VA - VB).

 Definimos uma superfície imaginária, na qual todos os pontos sobre ela possuem
o mesmo potencial V. Através da superfície equipotencial passam linhas de força
(fluxo do campo); quanto mais próximas, mais intenso é o campo elétrico nessa
região.

 Mostramos uma situação em que temos um campo elétrico uniforme e


encontramos uma expressão que dá a diferença de potencial ddp em volt por
metro, E.x = VA - VB.

138
AUTOATIVIDADE

1 Como se define o vetor campo elétrico? Qual é a sua unidade


de medida no SI?

2 O que representa a concentração maior ou menor de linhas


de força?

3 Como se define potencial elétrico? Qual a sua unidade no SI?

4 O que é uma superfície equipotencial?

5 Uma partícula, eletrizada com carga q = 5 µC, é colocada


num ponto A de um campo elétrico e se observa que ela fica
sujeita a uma força horizontal para a direita de módulo 50N e
adquire uma energia potencial elétrica de 20 J. Pedem-se: (a)
As características do vetor E no ponto A; (b) o valor do potencial elétrico
no mesmo ponto.

6 Considere uma partícula eletrizada com carga Q = -8 µC,


no vácuo, gerando um campo elétrico ao seu redor. Num
ponto situado a 10 cm dessa carga determine: (a) o valor do
potencial elétrico; (b) o módulo do vetor campo elétrico.

7 Pode-se afirmar que as linhas de força de um campo elétrico:

a) ( ) Cortam-se em um ponto.
b) ( ) Cortam-se, no mínimo, em dois pontos.
c) ( ) São sempre paralelas.
d) ( ) Nunca se cortam.

139
8 Calcule o módulo do campo elétrico de uma carga puntiforme
q = 8,0 nC em um ponto do ponto situado a uma distância de
1,0 m da carga.

9 Um próton é colocado em um campo elétrico uniforme de 5


x 103 N/C. Calcule:

a) o módulo da força elétrica sofrida pelo próton;


b) a aceleração do próton;
c) a velocidade escalar do próton após 1,0µs no campo, supondo que ele parta
do repouso.

10 Duas cargas pontuais, qA = 10µC e qB = -4µC, estão distantes


40 cm uma da outra. O potencial eletrostático, em kV, no
ponto médio entre as cargas é:

a) ( ) 630
b) ( ) 580
c) ( ) 360
d) ( ) 270

140
UNIDADE 3

ELETROMAGNETISMO, ÓTICA,
ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES
TECNOLÓGICAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir desta unidade você será capaz de:

• definir corrente elétrica e resistência, efetuar cálculos relacionados a essas


grandezas;

• conhecer o conceito de magnetismo e sua importância para o avanço da


tecnologia;

• relacionar corrente elétrica com campo magnético;

• definir força magnética;

• estudar o comportamento da luz através da ótica geométrica, reconhecer


sua importância para a sociedade, além de estudar os seus princípios bási-
cos;

• empregar o conceito de onda para o estudo da acústica.

PLANO DE ESTUDOS
A terceira unidade está dividida em cinco tópicos. No final de cada tópico
você encontrará atividades que o(a) ajudarão a compreender as ideias apre-
sentadas.

TÓPICO 1 – CORRENTE ELÉTRICA E RESISTÊNCIA

TÓPICO 2 – MAGNETISMO

TÓPICO 3 – ÓTICA

TÓPICO 4 – ACÚSTICA

TÓPICO 5 – RELATIVIDADE E MECÂNICA QUÂNTICA

141
142
UNIDADE 3
TÓPICO 1

CORRENTE ELÉTRICA E RESISTÊNCIA

1 INTRODUÇÃO

Como já vimos, a agitação térmica está ligada à oscilação das partículas


que compõem um corpo. Com as cargas livres acontece o mesmo. Apesar do
movimento ser desordenado, ao estabelecermos um campo elétrico na região
das cargas, aparece um movimento numa direção preferencial se sobrepondo ao
primeiro. O fluxo dessas partículas portadoras de carga elétrica é denominado
corrente elétrica. A oposição desse movimento, fornecida pelo corpo, é conhecido
como resistência elétrica.

Num chuveiro, numa estufa, num secador de cabelos ou num ferro de


passar roupas, o calor é produzido pela corrente que atravessa um fio metálico
(condutor). Nesse caso, a energia elétrica é transformada em energia térmica. Isso
ocorre devido aos constantes choques dos elétrons contra os átomos do condutor,
fazendo com que a energia cinética, média de oscilação dos átomos, aumente.
Assim, aumenta a temperatura no condutor e, consequentemente, tudo o que
estiver em contato com ele.

2 CORRENTE ELÉTRICA

FIGURA 70 – INTERIOR DE UM FIO DE COBRE, COM ELÉTRONS LIVRES


SALTANDO DE UM ÁTOMO PARA OUTRO SEM NENHUMA DIREÇÃO
DEFINIDA

FONTE: A autora

143
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

Um fio de cobre possui cerca de 1022 átomos por centímetro cúbico, isso
quer dizer que tem aproximadamente 1022 elétrons livres por cm3. Esses elétrons
ficam saltando de um átomo para outro sem qualquer movimento ordenado. No
entanto, se estabelecemos um campo elétrico no interior do condutor (o fio de
cobre), forçamos um movimento numa direção preferencial. Observe a figura a
seguir:

FIGURA 71 – UM CAMPO FOI ESTABELECIDO DEVIDO À DIFERENÇA DE


POTENCIAL NOS TERMINAIS DA PILHA, OS ELÉTRONS SE ALINHAM AO CAMPO
E SEGUEM PARA O POLO POSITIVO DA PILHA

FONTE: A autora

Chamamos de corrente elétrica o movimento preferencial das cargas


elétricas através de um condutor. O sentido convencional da corrente i não é o
sentido do movimento dos elétrons, como poderia se pensar, é o mesmo do vetor
campo elétrico. Portanto, oposto ao movimento dos elétrons. A intensidade da
corrente é a quantidade de carga que atravessa a seção transversal por unidade
de tempo. Assim, se num intervalo de tempo ∆t passa através da seção uma
quantidade de carga Q, a intensidade de corrente i é

No SI a unidade de corrente elétrica é o ampère (A), onde 1 A = 1 C / 1 s. Ou


seja, um ampère é igual a um coulomb dividido por um segundo.

Exemplo 1: Através de um fio de cobre passam 12,5 . 1019 elétrons num


intervalo de tempo de 10 s. Sendo a carga elétrica elementar e = 1,6 . 10 –19 C,
determine: (a) a quantidade total de carga que atravessa a seção em 10 s; (b) a
intensidade da corrente através desse condutor.

Solução: (a) da expressão de quantização de carga, temos

Q = n.e = 12,5 . 1019. 1,6 . 10 –19 = 20 C.


144
TÓPICO 1 | CORRENTE ELÉTRICA E RESISTÊNCIA

(b) Da definição de corrente,

Exemplo 2: Um dispositivo eletrônico é ligado em uma bateria de 9 V, sendo


percorrido por uma corrente de 5mA. Qual será a energia elétrica consumida após
uma hora?

Solução: Da definição de corrente

Onde transformamos 1 h em 3600 s e substituímos m (mili) por 10-3.

Para encontrarmos a energia consumida calculamos o trabalho pela


equação (3) do tópico anterior,

WAB = Q(VA - VB) = 18 . 9 = 162 J.

3 RESISTÊNCIA ELÉTRICA E CONDUTÂNCIA


Quando elétrons livres são forçados a percorrer um condutor sob efeito de
um campo estabelecido, devido à diferença de potencial nos terminais, ocorrem
interações entre esses elétrons e as demais partículas atômicas, aumentando a
agitação dos átomos que compõem o condutor. Em consequência disso, ocorre um
aumento na temperatura do condutor. Isso significa que ocorre uma conversão
de energia elétrica em energia térmica (fenômeno conhecido também por “efeito
joule”). A maior ou menor dificuldade de movimentação, na direção do campo,
encontrada pelos elétrons, constitui a resistência elétrica R do condutor. As
experiências mostram que a resistência depende da temperatura, do material e das
dimensões do condutor.
FIGURA 72 – FIO CONDUTOR

FONTE: A autora

145
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

NOTA

Na figura anterior vemos a representação de um fio condutor de comprimento


L, percorrido por uma corrente i que passa pela seção transversal a, devido ao campo E
estabelecido por causa da tensão ∆V = VA - VB.

3.1 PRIMEIRA LEI DE OHm


As experiências também mostram que quando uma diferença de
potencial ∆V é aplicada ao condutor da figura, mantido à temperatura constante,
a corrente observada é proporcional à voltagem aplicada. Sendo a constante de
proporcionalidade igual a R, assim podemos escrever

(lei de Ohm)

A unidade da resistência elétrica no SI é o ohm Ω.

Para muitos materiais, experiências mostram que a resistência é constante


para grande parte das voltagens aplicadas. Por isso chamamos de dispositivos
ôhmicos os materiais que obedecem à lei de Ohm. Mas esta não é uma lei
fundamental na natureza. Alguns materiais não a obedecem, estes materiais são
chamados de dispositivos não ôhmicos. O diodo (age como uma válvula de sentido
único para a corrente) e a maioria dos dispositivos eletrônicos modernos, tais como
transistores, são dispositivos não ôhmicos (SERWAY; JEWETT, 2005).

3.2 SEGUNDA LEI DE OHm

As grandezas físicas que influenciam na resistência podem ser relacionadas


através da expressão

Onde R é a resistência, ρ a resistividade do material, L o comprimento e A a


seção transversal do condutor. O inverso da resistividade, σ=1/ρ, é a condutividade
do material.

A resistividade varia linearmente com a temperatura (dentro de certos


limites) segundo a equação

146
TÓPICO 1 | CORRENTE ELÉTRICA E RESISTÊNCIA

ρ = ρ0[1 + α(θ - θ0)],

sendo ρ0 a resistividade à temperatura padrão θ0, e α o coeficiente de


temperatura (semelhante ao coeficiente de dilatação térmica da Unidade 2). Veja
a tabela a seguir, para valores de ρ e α de alguns materiais à temperatura de 200C.

TABELA 12 – VALORES DE ρ E α DE ALGUNS MATERIAIS À TEMPERATURA DE 200C [6]


Material Resistividade (10 –8 Ω.m) Coeficiente de temperatura (10 –3 0C –1)

Grafite 2000 a 10000 -8 a -2

Níquel-cromo 110 0,17

Cobre 1,70 4,0

Prata 1,59 4,0

FONTE: A autora

Podemos definir o inverso da resistência elétrica R como a condutância G


do condutor, G = 1/R. Dada em unidades de siemes (S), que é 1/ohm.

Exemplo 2: Um fio condutor de cobre apresenta 2,0 m de comprimento e


5,0 mm2 de área de seção transversal. Consultando a tabela, responda: (a) Qual a
resistividade do cobre? (b) Qual a resistência desse fio condutor? (c) Qual é a tensão
elétrica nos terminais desse fio condutor, se ele é percorrido por uma corrente de
10 A?

Solução: Convertendo a área para m2, obtemos A = 5,0 mm2 = 5,0 . 10 –6 m2.
a) A resistividade pode ser tirada diretamente da tabela 1: ρ = 1,70 . 10 –8

Ω.m.
b) Da segunda definição de R,

c) Da primeira definição de R,

147
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

Exemplo 3: Em relação ao fio condutor do exercício anterior, explique o


que ocorreria com o valor de sua resistência se a tensão elétrica fosse triplicada
(mantidas as mesmas condições).

Solução: A resistência permaneceria a mesma, pois ela depende apenas da


resistividade, do comprimento e da área da seção transversal. Triplicando a tensão,
apenas a intensidade da corrente também triplicaria, de acordo com a lei de Ohm.

148
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico você viu que:

 Sempre que estabelecemos uma diferença de potencial entre os terminais de


um condutor, geramos um movimento de cargas numa direção preferencial que
chamamos de corrente elétrica. Sendo esta a quantidade de carga que passa
pela seção transversal durante o intervalo de tempo ∆T, ou seja, a corrente é
dada por .

 Os átomos do condutor oferecem certa resistência à passagem de elétrons livres.


Chamamos essa resistência de resistência elétrica, definida por .

 Quando, num dispositivo, em certa temperatura constante, a corrente obedece à


lei de Ohm, dizemos que o dispositivo é ôhmico e utilizamos a equação .

149
AUTOATIVIDADE

1 O que é corrente elétrica?

2 Qual é o sentido convencional da corrente elétrica?

3 Em um chuveiro com a chave ligada na posição inverno


passam por segundo na secção transversal da resistência,
por onde circula a água, 12,5 . 1019  elétrons. Determine a
intensidade da corrente elétrica na resistência sabendo que
o valor absoluto da carga do elétron é e = 1,6.10 -19 C.

4 Um fio condutor de certo material tem resistência elétrica


de 50 Ω. Qual será a resistência de outro fio de mesmo
comprimento e material, mas com o dobro do raio do
primeiro?

5 (a) Usando os valores na tabela, apresentada na seção 3 deste


tópico, determine a resistência elétrica de um fio de níquel-
cromo de 0,50 m de comprimento e 2,0 mm2 de área de seção
transversal a 20 0C. (b) Qual a condutância desse fio?

6 Os gráficos representam a tensão em função da intensidade


da corrente para dois condutores, A e B.

150
a) Qual desses condutores é ôhmico?
b) Qual é a resistência elétrica de cada condutor para uma tensão de 40 V?
c) É possível determinar a resistência elétrica dos condutores para uma
tensão de 60 V? Justifique.

7 O gráfico V x i (diferença de potencial x intensidade de


corrente elétrica) foi obtido com um condutor ôhmico,
mantendo-se a temperatura constante. A quantidade de
carga elétrica que atravessa a seção reta desse condutor, em
6,0s, quando estiver submetido à diferença de potencial de 40 V, será de
quanto?

8 Ao consertar uma tomada, uma pessoa toca um dos fios da


rede elétrica com uma mão e outro fio com a outra mão. A
ddp da rede é V = 220 V e a corrente através do corpo é i = 4
x 10-3 A. Determine a resistência elétrica da pessoa.

9 Um fio de secção circular, comprimento L e diâmetro D,


possui resistência R. Outro fio de mesmo material possui
comprimento 4 L e diâmetro D/4. Qual é a sua resistência R?

151
152
UNIDADE 3
TÓPICO 2

MAGNETISMO

1 INTRODUÇÃO

De Magnete, Magneticisque Corporibust, de Magno Magnete Tellure (sobre


os ímãs, os corpos magnéticos e o grande imã terrestre), é o título do livro cuja
capa aparece na figura a seguir. Nesse trabalho, Gilbert descreve os aspectos sobre
os fenômenos magnéticos e propõe que o centro da Terra seja um grande ímã.
Tanto que o campo magnético gerado por esse ímã orienta a agulha imantada da
bússola. Esse tratado foi de suma importância para a navegação e serviu de base
para trabalhos de outros cientistas, como Newton, Halley, Gauss e Oersted.

FIGURA 73 – CAPA DO LIVRO DE MAGNETE

FONTE: Disponível em: <www.new-science-theory.com>. Acesso em: 16


jul. 2007.

153
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

NOTA

No ano 1600, no reinado de Elizabeth I, podia-se apreciar, em Londres, as obras de


Shakespeare e ao mesmo tempo ver a população sendo dizimada pela peste bubônica. Nesta
mesma época, um físico e médico inglês, William Gilbert, publicou um tratado de magnetismo
conhecido como De Magnete.

Quatrocentos anos depois continuam surgindo aplicações do magnetismo,


como o estudo e a fabricação de materiais magnéticos e nanoestruturas. Para
fabricar esses materiais é necessário manipular objetos do tamanho de átomos
da ordem de 1 até 100 nanômetros. Tem por finalidade criar materiais para
dispositivos e sistemas com propriedades que permitem funções específicas.
Observe os exemplos de nanoestruturas na figura.

FIGURA 74 – NANOESTRUTURAS

FONTE: Disponível em: <www.terra.com.br/istoe/ciencia/143007.htm> Acesso em: 16 jul. 2007.

NOTA

Manipulando átomos, os laboratórios da IBM constroem obras de arte com ferro


sobre cobre mostrando a revolucionária produção de novos materiais no século
XXI. Explorando a geometria e as possibilidades da disposição atômica em círculo, retângulo e
estádio. O ideograma chinês, terceira figura da esquerda para a direita, é a menor palavra escrita
e significa átomo. A última figura mostra um boneco formado por moléculas de carbono.

Esta tecnologia está produzindo um impacto nas indústrias de saúde


e energia, uma vez que se tornou possível manipular átomos a partir de robôs
controlados por computador. Esta tecnologia está sendo adaptada para ser
empregada em cirurgias minimamente invasivas ou à distância. No setor de
energia já se emprega a nanoengenharia para produzir nanoenergia.

Atualmente a nanotecnologia apresenta a maior oportunidade para o


desenvolvimento econômico e sustentável de muitos países; estimativas feitas por
estudiosos da área de energia apontam para um valor de um trilhão de dólares
para a indústria nanotecnológica em 2015.
154
TÓPICO 2 | MAGNETISMO

Na figura a seguir fizemos uma analogia entre dois eventos bem distantes
no tempo e que significaram um grande avanço para a humanidade.
FIGURA 75 – DOS DESENHOS DE LEONARDO DA VINCI ÀS NANO-ENGRENAGENS

FONTE: JORNAL MUNDO FÍSICO. Disponível em: <http://www.mundofisico.joinville.


udesc.br/index.php?idSecao=102&idSubSecao=&idTexto=81>. Acesso em: 16 jul. 2008

2 POLOS MAGNÉTICOS E CAMPO MAGNÉTICO


Os ímãs possuem a propriedade de atrair materiais e apresentam duas
regiões distintas, denominadas polos, que possuem o nome de polo norte e polo
sul. Note a figura que segue. Polos magnéticos de mesmo nome se repelem e de
nomes contrários se atraem.

FIGURA 76 – CAMPO MAGNÉTICO

FONTE: Disponível em: <http://www.cienciahoy.org.ar/ln/hoy85/magnetismo.htm>. Acesso em:


16 jul. 2007.

NOTA

Na figura vemos um ímã à direita, gerando um campo magnético que atrai


pequenas partículas. À esquerda, ímãs sendo aproximados pelos polos de nomes iguais e pelos
polos de nomes diferentes.

155
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

Nós já tínhamos discutido a importância das equações de Maxwell para


o eletromagnetismo. Pois bem, nesse estudo sugerimos a íntima ligação dos
campos magnético e elétrico. Veja a experiência de Oersted (figura a seguir). Esse
físico notou, em uma de suas experiências sobre eletricidade, que um condutor
percorrido por uma corrente elétrica muda a orientação da agulha de uma bússola
próximo dele. Isso significa que o movimento dos elétrons da corrente elétrica gera
um campo magnético nas proximidades dele.

FIGURA 77 – EXPERIÊNCIA DE OERSTED

FONTE: Disponível em: <http://www.pixii.com/apparatus.htm>. Acesso em: 16 jul. 2007.

NOTA

Na figura vemos Oersted demonstrando a sua experiência sobre o campo


magnético de um fio condutor conduzindo uma corrente elétrica.

Por outro lado, as experiências de Lenz mostram que o inverso também é


verdadeiro, a variação de um campo magnético próximo a um fio condutor gera
corrente elétrica. Embora campos magnéticos e elétricos sejam associados, existe
uma diferença primordial entre cargas elétricas e polos magnéticos. Podemos
isolar cargas elétricas positivas e negativas, porém o mesmo não acontece com os
polos magnéticos; é impossível separar polo norte e polo sul. Ao dividir um ímã
em duas partes podemos observar que cada parte conterá um novo polo norte e
um novo polo sul. E assim sucessivamente, por mais divisões que efetuamos.

Denominamos campo magnético a região ao redor do ímã e o representamos


através de linhas imaginárias fechadas que saem do polo norte e entram no

156
TÓPICO 2 | MAGNETISMO

polo sul. Na figura a seguir mostramos as linhas de campo de dois ímãs criados
industrialmente e o campo magnético devido ao interior da Terra.

FIGURA 78 – LINHAS DE CAMPO MAGNÉTICO

FONTE: Disponível em: <http://www.mundofisico.joinville.udesc.br/index.


php?idSecao=8&idSubSecao =&idTexto=217>. Acesso em: 16 jul. 2007.

NOTA

Que tal fazer uma experiência com linhas de campo? Faça o seguinte: coloque
uma folha de papel sobre um ímã e jogue sobre ela limalha de ferro. Você poderá observar que
os pedacinhos de ferro ficam orientados conforme as linhas de campo criadas pelo ímã.

3 CAMPO MAGNÉTICO CRIADO POR UM CONDUTOR


RETILÍNEO
Os estudos de Ampére estabelecem uma regra para determinar o campo
magnético criado por uma corrente elétrica conhecida como a regra da mão direita.
FIGURA 79 – REGRA DA MÃO DIREITA

FONTE: Disponível em: <http://br.geocities.com/saladefisica3/laboratorio/


maodireita/maodireita.htm>. Acesso em: 16 jul. 2007.

157
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

Observando a figura podemos imaginar um fio condutor sendo envolvido


pelos dedos da mão direita. A direção e o sentido da corrente são os mesmos do
polegar, enquanto que a direção e o sentido do campo são iguais aos dos outros
dedos. Na figura a seguir vemos um condutor no plano do papel e a representação
dos campos saindo e entrando na página.

A intensidade do campo magnético pode ser segundo a seguinte relação,


,

onde k é a constante de proporcionalidade e r a distância do ponto


considerado até o fio condutor. A unidade do campo magnético é o tesla (T).

FIGURA 80 – REPRESENTAÇÃO DO CAMPO MAGNÉTICO NO PLANO DO PAPEL

(vetor indução entrando na folha)


FONTE: A autora

E
IMPORTANT

A constante de proporcionalidade k depende do meio em que o condutor está


imerso e pode ser encontrada através de , sendo a permeabilidade magnética do meio.

Exemplo 1: O condutor retilíneo da figura anterior é percorrido por uma


corrente de intensidade 2 A. Determine a intensidade e o sentido do vetor indução
magnética num ponto P, localizado a 10 cm do condutor. Considere o meio como
sendo o vácuo e utilize .

158
TÓPICO 2 | MAGNETISMO

FIGURA 81 – FIO SENDO PERCORRIDO POR UMA CORRENTE I

FONTE: A autora

Solução:

Importante: acima de um determinado valor de temperatura os condutores


perdem as suas propriedades ferromagnéticas. A temperatura de ponto Curie é
uma constante que depende do material. A tabela a seguir mostra esses valores
para alguns materiais.
TABELA 13 – TEMPERATURA DE CURIE DO FERRO, DO COBALTO E
DO NÍQUEL
Material Ponto Curie
Ferro 11310C

Cobalto 7700C

Níquel 3580C

FONTE: CLINTON, Marcico Ramos; BONJORNO, José Roberto. Temas de


Física: eletricidade - Introdução à física moderna. São Paulo: FTD, 1946. p. 537,
v.3.

4 FORÇA MAGNÉTICA
A carga elétrica, quando está na presença de um campo magnético,
sofre a ação de uma força magnética conhecida como a força de Lorentz. Uma
característica

importante dessa força é ser perpendicular ao plano formado pelos
vetores B (campo magnético) e ν →
(velocidade da carga elétrica). Utilizando a regra

da mão direita nós podemos dar o sentido da força magnética Fm com o polegar,

orientando o indicador no sentido do campo B e o dedo médio no sentido da

velocidade ν. Olhe a ilustração dos vetores B→ , ν e Fm na figura a seguir.

159
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

FIGURA 82 – REGRA DA MÃO DIREITA

FONTE: A autora


A intensidade da força magnética Fm é dada pela expressão,

,

onde q é a carga elétrica e é o ângulo entre →
v e B.

Exemplo 2: uma partícula elétrica de 5µC desloca-se com velocidade de


1000m/s, formando um ângulo de 300 com um campo magnético uniforme de
intensidade 8.104T. Qual a intensidade da força magnética?

Solução:

O estudo da eletricidade e do magnetismo não termina aqui, vimos apenas


uma ponta do iceberg. No próximo tópico iniciamos o estudo da luz.

4.1 FORÇA MAGNÉTICA SOBRE UM CONDUTOR RETILÍNEO


FIGURA 83 – CONDUTOR RETILÍNEO

FONTE: Disponível em: <http://osfundamentosdafisica.blogspot.com/2010/10/cursos-


do-blog_12.html>. Acesso em: 12 abr. 2011.

160
TÓPICO 2 | MAGNETISMO

Vamos considerar um condutor retilíneo de comprimento l, imerso num


campo magnético uniforme B. Sendo i a intensidade de corrente elétrica que passa
por esse condutor e θ o ângulo entre B e i.

A resultante das forças de Lorentz que age sobre cada carga da corrente
elétrica tem intensidade dada pela expressão,

Fm = BilsenӨ

Tendo direção perpendicular a B e a i e o sentido dado pela regra da mão


direita.

Exemplo 3: Um condutor reto de 30 cm de comprimento, percorrido por


uma corrente de intensidade 3 A, é colocado perpendicularmente a um campo
magnético uniforme de intensidade 6 x 10-3 T. Determine a intensidade da força
que o campo exerce sobre o condutor.

Solução:

Fm = BilsenӨ
Fm = 6 • 10-3 • 3 •0,3 • sen90º
Fm = 0,0054N

161
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que:

 A nanotecnologia representa um grande avanço para a ciência.

 Os ímãs possuem dois polos de diferentes nomes. O polo norte e o polo sul.
Frisamos o fato de que se aproximamos polos iguais, sentimos uma força de
repulsão e de polos diferentes uma força de atração, semelhantemente ao que
acontece com as cargas elétricas.

 Apesar de ter um comportamento que lembra o da carga elétrica, os polos dos


ímãs são inseparáveis, diferentemente do que acontece com as cargas positiva e
negativa.
→ →
 Definimos o campo magnético B e a força magnética Fm e mostramos uma forma
→ →
de encontrar as direções e os sentidos dos vetores Fm, →
v e B utilizando a regra da
mão direita.

162
AUTOATIVIDADE

1 De que maneira o magnetismo contribui para o nosso


desenvolvimento?

2 Como você caracteriza um ímã?

3 Um fio condutor retilíneo e muito longo é percorrido por


uma corrente de intensidade 2,0 A. Qual a intensidade do
campo magnético do fio a 50 cm?

4 Uma partícula elétrica de -3µC desloca-se com velocidade


de 500 m/s, formando um ângulo de 600 com um campo
magnético uniforme de intensidade 104T. Qual é a intensidade
da força magnética que atua sobre a partícula?

5 Um corpúsculo, carregado com 300µC, penetra em um


campo magnético uniforme com velocidade de 60 m/s, na
direção perpendicular às suas linhas de indução. Sabendo
que a intensidade da força que age sobre esse corpúsculo é
de 1,6 mN, quanto vale a intensidade do vetor indução magnética?

6 Um condutor retilíneo de 160 cm de comprimento é disposto


perpendicularmente às linhas de indução de um campo
magnético uniforme de intensidade 8 x 10-3 T. Calcule a
intensidade de corrente que passa pelo condutor, sabendo
que a força magnética que age sobre ele tem módulo de 3,2 x 10-2 N.

7 Um condutor reto de 40 cm de comprimento, percorrido


por uma corrente de intensidade 3 A, é colocado
perpendicularmente a um campo magnético uniforme de
intensidade 8 x 10-3 T. Determine a intensidade da força que
o campo exerce sobre o condutor.

163
8 Uma partícula de carga 8 x 10-18 C e massa 4 x 10-26 kg
penetra, ortogonalmente, numa região de campo magnético
uniforme de intensidade 2 x 10-3 T, com velocidade de 2 x
105 m/s. Determine o raio da órbita descrita pela partícula.

164
UNIDADE 3
TÓPICO 3

ÓTICA

1 INTRODUÇÃO
Numa entrevista, o diretor da rede do Emergia, Clemente Quero, utilizou
a seguinte frase para descrever a capacidade das fibras óticas: “Um único cabo de
fibra ótica pode transmitir o conteúdo dos 4 milhões de livros da Biblioteca do
Congresso dos Estados Unidos, de Washington a Lima, em menos de um minuto.
Se fosse utilizado um modem de 56 k conectado a uma linha telefônica comum, a
transmissão só seria realizada em 81 anos” (apud CSF, 2008). Mas o que é a fibra
ótica, além desses cabinhos brilhantes que estão entre os dedos da mão que aparece
na figura a seguir? Trata-se de um filamento com capacidade de transmitir luz. É
lançado um feixe de luz numa das extremidades da fibra e esse feixe percorre a
fibra até chegar na outra extremidade através de sucessivas reflexões. A luz, por
sua vez, é uma onda eletromagnética que carrega consigo informações que podem
ser decodificadas.

FIGURA 84 – CABOS DE FIBRA ÓTICA

FONTE: Disponível em: <http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/fisica/


fibra-optica.php>. Acesso em: 16 jul. 2007.

Porém, a luz é somente uma das formas de radiação eletromagnética. Há


outros tipos de radiação com o qual nos deparamos diariamente, tais como os
raios X, os raios gama, o infravermelho, o ultravioleta, as ondas de rádio. Devido à
sua natureza ondulatória, as radiações são determinadas pelas suas frequências e,
consequentemente, pelos seus comprimentos de onda. Nesse tópico abordaremos
os estudos relacionados ao comportamento da luz.

165
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

2 TRAJETÓRIA DA LUZ
Na figura que segue, à esquerda, a luz branca entra no prisma e se
dispersa quando sai, se dividindo nas outras cores do espectro visível. Podemos
compreender isso se pensarmos na luz como uma onda. Observe o esquema no
centro da figura. A onda é constituída por uma oscilação periódica no espaço.
Essa oscilação é uma perturbação que se propaga através de um meio. Quando a
luz muda de um meio menos denso para outro mais denso, a sua velocidade de
propagação varia com o comprimento de onda de cada cor. Porém, mesmo que
a luz branca possa se dispersar em outras cores do espectro, ela não perde sua
característica de se propagar em linha reta em meios homogêneos e transparentes.

FIGURA 85 – DECOMPOSIÇÃO DA LUZ BRANCA

FONTE: Disponível em: <http://www.mardecoral.com.br/octopi/hqi.htm>. Acesso em: 16 jul.


2007.

NOTA

No lado esquerdo da figura a luz branca incide sobre uma das faces de um prisma
e é dispersa na face que a luz volta a sair. No centro, esquema ilustrativo dos comprimentos
de onda de cada cor.

Desse modo tornou-se natural representar o raio de luz como um segmento


de reta orientado. O conjunto de raios luminosos é chamado de feixe de luz e é
representado por vários segmentos de reta orientados.

166
TÓPICO 3 | ÓTICA

2.1 FONTES DE LUZ

FIGURA 86 – ECLIPSE DA LUA

FONTE: Disponível em: <http://www.silvestre.eng.br/astronomia/criancas/


eclipselua/>. Acesso em: 22 fev. 2008.

Para que possamos ver um objeto é necessário que ele irradie alguma luz
até nossos olhos. Essa luz pode ser própria ou simplesmente o reflexo de alguma
luz incidindo sobre ele. Esses corpos emitindo luz são denominados fontes de luz
e podem ser de dois tipos. Fontes primárias, que fornecem a própria luz, ou fontes
secundárias, que fornecem a luz proveniente da reflexão sobre a sua superfície.
Na figura acima temos o exemplo de uma fonte primária, o Sol, e uma fonte
secundária, a Terra.

2.2 PRINCÍPIOS DA ÓTICA GEOMÉTRICA


Os conhecimentos adquiridos com o estudo da ótica geométrica tornaram
possível a construção de instrumentos óticos, tais como telescópio, luneta,
binóculo, microscópio, máquina fotográfica e outros. Esses princípios baseiam-se
nas observações de que:

 a trajetória da luz é retilínea nos meios homogêneos, isotrópicos e transparentes


(Princípio de propagação em linha reta);

 a trajetória não se modifica na presença de outro feixe de luz (Princípio da


independência dos raios luminosos);

 a trajetória independe do sentido da propagação (Princípio da reversibilidade


dos raios luminosos).

Observe os raios da luz do Sol sobre a Terra produzindo regiões de sombra


e penumbra:

167
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

FIGURA 87 – A GEOMETRIA DE UM ECLIPSE LUNAR

FONTE: Disponível em: <http://www.observatorio.ufmg.br/pas59.htm>. Acesso


em: 22 fev. 2008.

3 PROPRIEDADES DA LUZ
A luz viaja com velocidade de c = 3.108 m/s em linha reta. Quando refletida
ou refratada, sofre um desvio, continuando em seguida a trajetória retilínea. Essa
propriedade da luz implica em algumas leis que facilitam a sua observação e
aplicação em instrumentos óticos.

3.1 REFLEXÃO
FIGURA 88 – ÂNGULO - RAIO INCIDENTE, ´ - RAIO REFLETIDO E ´´ -
RAIO REFRATADO, TODOS COM A RETA NORMAL

FONTE: Disponível em: <http://physicsact.wordpress.com/2007/11/29/


optica-de-raios/>. Acesso em: 22 fev. 2008.

Ao incidirmos luz sobre a superfície de separação entre dois meios n e n´,


parte da luz retorna ao meio de origem e a outra parte entra no segundo meio.
Quando estudamos a luz que é refletida pela superfície precisamos ter em mente
duas leis importantes.
168
TÓPICO 3 | ÓTICA

A primeira lei nos diz que a reta normal, o raio incidente 1 e o raio refletido
2 estão no mesmo plano. A segunda lei afirma que o ângulo de incidência é igual
ao ângulo de reflexão ´, ou seja = ´.

3.2 REFRAÇÃO
Note o raio 3, na figura anterior, parte da luz atravessou o meio n´ mudando
de direção, φ´´. A refração depende do meio que o raio atravessa. Também depende
do ângulo de incidência. Os raios que incidem perpendicularmente ao meio não
sofrem refração. Raios que incidem próximo à normal sofrem pequeno desvio, e
este aumenta à medida que o ângulo de incidência aumenta. A maior ou menor
refração depende do comprimento de onda. Os comprimentos de onda maiores
(vermelho) sofrem menor desvio que os comprimentos menores (azul), para um
mesmo ângulo de incidência.

Podemos relacionar as velocidades dos raios nos dois meios com os


respectivos ângulos através da seguinte expressão,

3.3 ÍNDICE DE REFRAÇÃO

Dependendo do meio onde se propaga, a luz apresenta diferentes


velocidades.Denominamos índice de refração n a propriedade que caracteriza
esse meio. Para obter o índice de refração absoluto do meio devemos dividir a
velocidade da luz no vácuo c pela velocidade v nesse meio, . Como n e v são
inversamente proporcionais, podemos

escrever a seguinte expressão, . Assim podemos redefinir a expressão


obtida no item 3.2 como

3.4 REFLEXÃO TOTAL


Quando a luz é refratada ao passar de um meio mais refringente n2
para outro menos refringente n1 existe uma situação em que o raio refratado é
paralelo à superfície (ângulo limite ). Aumentando um pouco mais o ângulo de
incidência, o raio refratado desaparece e toda a luz é refletida.

169
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

FIGURA 89 – RAIO PASSA DE UM MEIO MAIS REFRINGENTE PARA UM MEIO MENOS


REFRINGENTE E É REFRATADO PARALELAMENTE À SUPERFÍCIE DE INCIDÊNCIA

FONTE: A autora

Com n2 > n1 podemos encontrar o ângulo limite entre a refração e a reflexão


através da seguinte expressão, .

O fenômeno de reflexão total é aplicado na comunicação quando a luz


atravessa a fibra ótica sem que haja muita perda de energia ou interferência.

TURO S
ESTUDOS FU

Existem outros fenômenos que estão associados às propriedades da luz, tais


como difração e interferência, mas eles não são explicados através da ótica geométrica. Esses
fenômenos são abordados na teoria ondulatória da luz. No próximo tópico introduziremos o
conceito de onda ao abordarmos o som. A teoria ondulatória é bastante complexa, e embora
seja relevante para a nossa cultura, não temos espaço para acrescentá-la aqui. Esperamos
que, no futuro, o(a) acadêmico(a) tenha a oportunidade de estudá-la, pois é de fato muito
emocionante.

3.5 DIFRAÇÃO
Devido ao comportamento onda-partícula da luz, é possível analisar a luz
sob o ponto de vista da teoria ondulatória além da ótica geométrica estudada nas
seções anteriores. Na teoria ondulatória destacamos o fenômeno de difração da luz
quando encontra um obstáculo ou atravessa um orifício, como o da figura a seguir.

170
TÓPICO 3 | ÓTICA

FIGURA 90 – FENÔMENO DE DIFRAÇÃO OBSERVADO QUANDO A LUZ PASSA POR


UMA FENDA

FONTE: Disponível em: <http://alfaconnection.net/pag_avsf/ond0402.htm>. Acesso


em: 12 abr. 2011.

A luz proveniente da fenda se divide em duas novas fontes, F1 e F2, que


produzem ondas que interferem formando uma imagem constituída por franjas
claras e escuras formadas pela difração. A fotografia da figura a seguir mostra a
difração da luz monocromática numa fenda.

FIGURA 91 – FOTOGRAFIA DA LUZ NUMA FENDA

FONTE: Disponível em: <http://alfaconnection.net/pag_avsf/ond0402.htm>.


Acesso em: 12 abr. 2011.

171
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico você viu que:

 Discutimos a importância do estudo da luz em instrumentos óticos e sistemas


de informação e a contribuição desses avanços para a humanidade.

 Observamos o fato da luz ser uma onda que pertence ao espectro eletromagnético.

 Notamos que em meios homogêneos e transparentes a luz se propaga em linha


reta. Dividimos as fontes de luz em primárias e secundárias.

 Falamos de três princípios da ótica geométrica: princípio de propagação em


linha reta, princípio da independência dos raios luminosos e princípio da
reversibilidade dos raios luminosos.

 Estudamos as propriedades de reflexão e refração da luz.

 Definimos o índice de refração do meio e o ângulo limite para reflexão total.

172
AUTOATIVIDADE

1 Qual a importância do estudo da luz para a humanidade?

2 O que é possível afirmar a respeito da trajetória da luz?

3 Explique e exemplifique fontes primárias e fontes secundárias.

4 Enuncie os princípios da ótica geométrica.

5 Qual é a velocidade da luz?

6 Um feixe de luz monocromático, ao atravessar um meio,


possui velocidade de 2.108 m/s. Considerando a velocidade
que a luz tem no vácuo igual a 3.108 m/s, determine o
índice de refração do meio.

7 Explique o fenômeno de difração da luz.

8 Qual é a velocidade da luz em um diamante com índice de


refração igual a 2,42?

173
9 Ache a altura h indicada na figura.

174
UNIDADE 3
TÓPICO 4

ACÚSTICA

1 INTRODUÇÃO

FIGURA 92 – MP3 PLAYER

FONTE: Disponível em: <https://images-na.ssl-images-amazon.


com/images/G/01/electronics/detail-page/sansa-e200-angle.
jpg>. Acesso em: 22 fev. 2008.

O MP3 player, além de tocar qualquer arquivo de som, tem microfone


e uma função que mostra as letras das músicas. E o relógio da figura a seguir
é um celular GSM equipado com uma câmera de 1.3 megapixels e que funciona
como MP3 player, toca vídeos no formato MP4, faz filmagens, tira fotos e pode
navegar pela internet. Você pode até não achar importante ter um equipamento
desses, mas a sua existência é no mínimo surpreendente. Tente se transportar para
algumas décadas atrás e imagine o que acharia uma pessoa normal daquela época
se você demonstrasse os atributos do seu relógio do século XXI. Estamos vivendo
um grande momento histórico! A tecnologia que nós temos a nosso dispor é
poderosíssima, precisamos concentrar toda a nossa inteligência e responsabilidade
para não desaparecermos num piscar de olhos.

175
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

FIGURA 93 – RELÓGIO GSM

FONTE: Disponível em: <https://ae01.alicdn.com/kf/HTB10hbXPpXX


XXaMXpXXq6xXFXXXM/2017-Aplus-GV18-Smart-font-b-watch-b-font-
font-b-phone-b-font-font-b.jpg>. Acesso em: 26 jul. 2017.

Para obter os avanços do nosso século foi preciso o esforço de muitos


cientistas que aplicaram os conhecimentos abordados principalmente em
eletromagnetismo, ótica e acústica. Agora, vamos finalizar nossa discussão de
física geral estudando um pouco de acústica, desvendar alguns segredos do som e
descobrir que leis o governam.

2 ONDAS SONORAS
Temos falado de ondas ao longo desse texto: ondas eletromagnéticas, ondas
de luz, e agora queremos falar de ondas sonoras. Para tanto, torna-se indispensável
conhecer essa grandeza que chamamos de onda. A onda da figura a seguir é uma
perturbação periódica que se desloca no espaço-tempo. O comprimento de onda
λ caracteriza a oscilação espacial e a frequência f caracteriza a periodicidade do
movimento. Essas duas grandezas estão relacionadas à velocidade de propagação
da onda v através da equação . A unidade de medida da frequência no
Sistema Internacional é o hertz (Hz).

FIGURA 94 – ONDA

FONTE: A autora

176
TÓPICO 4 | ACÚSTICA

O som é uma onda que se propaga nos sólidos, líquidos e gases e sua
frequência é detectada pelo sistema auditivo devido à pressão que causa sobre o
tímpano. A velocidade do som no ar, a uma temperatura de 200C, é de 344m/s, na
água aproximadamente 1500m/s e nos sólidos tem valores próximos de 3000m/s.
Os sons são usados de diferentes maneiras, para comunicação através da fala,
para transformação em expressões de arte, como a música, e informações sobre o
ambiente através do sonar, infrassom e ultrassom.

3 EFEITO DOPPLER
Quando um carro passa por nós buzinando, a frequência do som diminui
à medida que o carro se afasta. Este fenômeno foi descrito pela primeira vez por
Christian Doppler, no século XIX, e por isso recebeu o nome de efeito doppler.
Quando existe um movimento relativo entre a fonte e o ouvinte, a frequência do
som percebido é diferente da frequência emitida.

Vamos analisar dois casos distintos. Para tanto, vamos supor que a
propagação se dá através do ar e que as direções das velocidades são ao longo da
linha reta que une o ouvinte e a fonte. Observe a figura a seguir. A fonte sonora é
o carro, o ouvinte que está se afastando (observador 1) detecta um som com uma
frequência menor que a emitida pela fonte. O ouvinte que está se aproximando da
fonte (observador 2) detecta um som com uma frequência maior que a da fonte.

FIGURA 95 – DIFERENÇAS NA DETECÇÃO DO SOM

FONTE: Disponível em: <http://www.numaboa.com.br/coreto/tutor/fenomenos.


php>. Acesso em: 22 fev. 2008.

177
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

NOTA

A escolha dos sinais na fórmula é positivo no sentido do observador para a


fonte. Assim, o sentido do observador 1 até o carro é para a direita e o observador 2 é da direita
para a esquerda. Sempre que o sentido da velocidade do ouvinte ou da fonte for contrário a
essa convenção empregamos o sinal negativo para f0 ou vF.

Utilizando os conceitos de velocidade relativa e teoria ondulatória,


encontramos uma expressão matemática para o estudo deste fenômeno,

onde f0 é a frequência da onda que o ouvinte percebe, f F é a frequência emitida


pela fonte, vs é a velocidade do som no meio, v0 é a velocidade com que o ouvinte
se move e vF é a velocidade com que a fonte se move. O sinal positivo sempre é do
observador em direção à fonte.

Exemplo: Uma jovem encontra-se num carro com os vidros totalmente


abertos. Sabendo que um carro de bombeiros com a sirene ligada emite uma onda
com frequência de 2700Hz, determine a frequência do som que a moça escuta nos
seguintes casos: a) Quando o carro de bombeiros está parado e o carro da jovem
se aproxima com velocidade de 50m/s. b) Quando os dois estão em movimento e
se aproximando um do outro em sentidos opostos, ambos com 30m/s. Considere a
velocidade do som no ar igual a 300m/s.

a) b)

4 RESSONÂNCIA, ECO E REVERBERAÇÃO


Quando ondas atingem um corpo que possui a mesma frequência natural
de vibração que essas ondas, o corpo começa a oscilar junto com as ondas,
caracterizando o fenômeno de ressonância. Se uma nota musical emitida por
um instrumento musical tiver a mesma frequência que uma das preferências de
vibração de um copo de cristal, ambos vibram juntos, aumentando o estado de
agitação das moléculas do copo, podendo fazer com que ele trinque. A marcha

178
TÓPICO 4 | ACÚSTICA

regular de um pelotão de soldados próxima de umas das frequências naturais de


vibração de uma ponte pode rompê-la, por atingir uma amplitude muito elevada.

O reflexo do som devido ao choque da onda em um obstáculo é chamado


de eco. O ouvido humano só consegue distinguir esse som se o intervalo de tempo
entre a emissão e a recepção for superior a 0,1 segundo. Se o obstáculo estiver a
menos de 17 m não percebemos a diferença entre o som que emitimos e o que
recebemos. Os ecos são úteis em sistemas de radar e sonar, mas são completamente
indesejáveis em sistemas telefônicos.

Quando o intervalo de tempo for inferior a 0,1 segundo o som detectado


pelo ouvido humano é semelhante a um prolongamento do som emitido; esse
efeito é chamado de reverberação. Para evitá-lo, as casas de espetáculos revestem as
paredes e o chão de materiais acarpetados, que absorvem parte do som e impedem
a reflexão indesejada nesses ambientes.

5 DIFRAÇÃO, INTERFERÊNCIA E BATIMENTOS


As ondas têm a capacidade de contornar os obstáculos. Observa-se que
a onda, ao contornar um obstáculo, faz uma curva que pode ser exemplificada
com o caso da figura a seguir. O obstáculo possui um orifício no centro. A onda
que o atravessa não se propaga apenas entre as extremidades da passagem, como
poderia se pensar. Na verdade, o que acontece é que o orifício funciona como uma
fonte puntiforme, produzindo ondas circulares.
FIGURA 96 – ONDA INCIDINDO SOBRE UM OBSTÁCULO COM UM ORIFÍCIO NO
MEIO

FONTE: A autora

Esse fenômeno pode ser explicado pelo princípio de Huygens, onde o ponto
de uma dada frente de onda age como se fosse uma fonte puntiforme de ondas.
A nova frente de onda, num instante posterior, é determinada pela superfície
179
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

envoltória de todas estas ondículas esféricas emitidas por estas fontes puntiformes
que se propagaram durante esse intervalo de tempo. Uma frente de onda, se
propagando para a direita, com a localização de alguns pontos que funcionam
como fontes puntiformes secundárias que criam frentes de onda secundárias que
se somam para formar uma nova frente de onda.
FIGURA 97 – FRENTE DE ONDA SE PROPAGANDO PARA A DIREITA

FONTE: Disponível em:<http://efisica.if.usp.br/otica/universitario/difracao/


huygens/>. Acesso em: 22 fev. 2008.

Chamamos de interferência quando duas ou mais ondas de fontes diferentes


vibram juntas, ou seja, quando estão em “fase”. Nessas ocasiões notamos que em
determinadas direções as duas ondas se somam interferindo construtivamente,
e em outras direções interferem destrutivamente. Olhe para a figura que segue.
Podemos ver que as frentes de ondas são intercaladas com lugares claros e escuros
que denominamos de máximos e mínimos.
FIGURA 98 – FRENTES DE ONDA GERADAS POR DUAS FONTES
DISTINTAS

FONTE: Disponível em: <http://euclides.if.usp.br/~ewout/ensino/


fge1189/000164.html>. Acesso em: 22 fev. 2008.
180
TÓPICO 4 | ACÚSTICA

Agora, observe a figura a seguir. Representamos duas ondas progressivas


com o mesmo comprimento de onda, a mesma frequência e a mesma amplitude
se propagando em sentidos opostos (curvas em cinza). E uma onda estacionária
formada pela superposição das duas (curva em preto). No primeiro caso, instante
T/16, a amplitude da onda estacionária é maior do que das duas outras. No
segundo caso, instante 4T/16, as duas ondas cinzas estão completamente defasadas
e resultam numa amplitude igual a zero. O ponto onde o deslocamento resultante
é igual a zero chama-se nó, e o ponto onde o deslocamento é máximo chama-se
ventre. A distância entre dois nós adjacentes é de meio comprimento de onda (
/2).

FIGURA 99 – ONDAS PROGRESSIVAS E PONTOS DE INTERFERÊNCIAS

FONTE: A autora

NOTA

À esquerda da figura vemos duas ondas progressivas, com mesmo comprimento


de onda, frequência e amplitude, se propagando em sentidos opostos (curvas em cinza), onda
estacionária formada pela superposição das duas (curva em preto). À direita aparecem os
pontos de interferência destrutiva (nós) e os pontos de interferência construtiva (ventres).

UNI

T é o período, intervalo de tempo em que a posição de um ponto da onda se

repete. O período é o inverso da frequência,

181
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

FIGURA 100 – A E B MOSTRAM OS PERFIS DE ONDA DE DOIS DIAPASÕES; C MOSTRA A


VARIAÇÃO DA INTENSIDADE DO SOM QUANDO AMBOS SÃO ACIONADOS CONJUNTAMENTE

FONTE: Disponível em: <http://www4.prossiga.br/Lopes/prodcien/fisicanaescola/


cap23-3.htm>. Acesso em: 15 jul. 2007.

O aumento e decréscimo em intensidade, causado pela interferência de


ondas com o mesmo comprimento de onda e frequências ligeiramente diferentes,
é o que chamamos de batimentos. O número de batimentos por segundo é igual à
diferença na frequência e no caso de ondas sonoras produz um som pulsante.

6 QUALIDADES FISIOLÓGICAS
O ouvido humano tem capacidade de distinguir três qualidades distintas
no som, a altura, o timbre e a intensidade.

A altura do som permite ao ouvido distinguir entre um som agudo ou


grave. Observe as ondas apresentadas na figura a seguir. Um som agudo é um
som alto com frequência alta. O som grave é um som baixo e de frequência baixa.
O som mais agudo audível pelo ouvido humano é de aproximadamente 20000Hz.
E o som mais grave é de aproximadamente 20Hz.
FIGURA 101 – FREQUÊNCIA DAS VIBRAÇÕES DE UMA PARTÍCULA DO CAMPO
ONDULATÓRIO (MEIO)

FONTE: Disponível em: <http://www.algosobre.com.br/fisica/acustica.


html>. Acesso em: 22 fev. 2008.

182
TÓPICO 4 | ACÚSTICA

A intensidade permite ao ouvido distinguir entre um som fraco, de pequena


intensidade, e um som forte, de grande intensidade. Observe a figura a seguir: o
som forte está relacionado a uma amplitude de onda maior (deslocamento s). A
pressão sobre o tímpano é que permite ao ouvido comparar um som forte com
um som fraco. A taxa temporal média de energia transportada por unidade de
área define a intensidade e é dada em W/m2 (watt por metro quadrado). O ouvido
humano é sensível a um intervalo de intensidade muito grande, por isso se adota
uma escala logarítmica para as intensidades, o nível sonoro é dado então em
decibéis (dB). Veja: na tabela a seguir os valores típicos de algumas fontes sonoras.

FIGURA 102 – AMPLITUDE DAS VIBRAÇÕES DE UMA PARTÍCULA DO


CAMPO ONDULATÓRIO (MEIO)

FONTE: Disponível em: <http://www.algosobre.com.br/fisica/


acustica.html>. Acesso em: 15 nov 2007

Na tabela a seguir, observe valores típicos de intensidades sonoras de algumas fontes.

TABELA 14 – NÍVEL DE INTENSIDADE SONORA DE DIVERSAS FONTES (VALORES TÍPICOS)

Fonte ou descrição do som Nível de intensidade sonora, Intensidade (W/m2)


(dB)
Limiar da dor 120 1
Máquina de rebitar 95 3,2.10-3
Trem em um elevado 90 10-3
Tráfego pesado 70 10-5
Conversa comum 65 3,2.10-6
Automóvel silencioso 50 10-7
Rádio com volume baixo 40 10-8
Sussurro médio 20 10-10
Ruído de folhas 10 10-11
Limiar da audição a 0 10-12
1000Hz
FONTE: Sears e Zemansky (2006, p. 296)

O timbre caracteriza sons com a mesma frequência, mas provenientes de


instrumentos musicais diferentes. Note a diferença entre o padrão da onda de uma
flauta e de uma trombeta, na figura a seguir.
183
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

FIGURA 103 – ONDAS SONORAS GERADAS POR DOIS INSTRUMENTOS MUSICAIS DIFERENTES

FONTE: Disponível em: <http://www.algosobre.com.br/fisica/acustica.html>. Acesso


em: 14 nov. 2007.

7 INSTRUMENTOS MUSICAIS
Os instrumentos musicais são utilizados para produzir sons que provocam
sensações agradáveis aos nossos ouvidos. Esses sons executados com o propósito
de nos entreter são chamados de sons musicais.

FIGURA 104 – ONDAS DE SOM DE DUAS FONTES DIFERENTES

FONTE: Disponível em: <http://www.algosobre.com.br/fisica/acustica.html>. Acesso


em: 12 jul. 2007.

Observe o padrão das duas ondas que aparecem na figura. Notamos um


movimento harmônico na primeira onda, enquanto que na segunda o movimento
é completamente irregular, apesar de oscilatório. Quanto ao efeito sobre o ouvido,
os sons podem ser classificados como sons musicais ou ruídos. Embora esta
classificação não possa ser tomada a rigor, pois há quem ache o rock’n rol um ruído,
enquanto há outros que se deixam enlevar por esse som. O fato é que uma corda
rigidamente fixa nas duas extremidades pode produzir música.

Segundo os autores Sears e Zemansky (2006, p. 269), quando você puxa


a corda de uma guitarra, uma onda se propaga na corda. Esta onda se
reflete sucessivamente nas duas extremidades, produzindo-se uma onda
estacionária. Esta onda estacionária dá origem a uma onda sonora que
se propaga no ar, com a frequência determinada pelas propriedades da
corda. É por esta razão que os instrumentos com as duas extremidades
fixas são muito úteis para produzir música.

184
TÓPICO 4 | ACÚSTICA

Em cada extremidade da corda há um nó, por isso o comprimento da corda


é sempre um múltiplo de λ/2. Quando todas as partículas de um sistema oscilante
se movem senoidalmente com a mesma frequência temos um modo normal. A
onda estacionária cujo comprimento é igual a λ/2 possui um só ventre e é chamado
de frequência fundamental e constitui o primeiro modo normal. O segundo modo
normal aparece quando o comprimento da corda é igual a 2λ/2, constituindo o
segundo harmônico. Com 3λ/2 temos o terceiro harmônico e assim sucessivamente
aumentamos os modos normais sempre que aumentamos uma unidade no fator
λ/2 do comprimento da corda.

Tubos fechados e abertos podem produzir ondas estacionárias através de


variações de pressão do ar. Esses instrumentos musicais são conhecidos como
tubos sonoros. Membranas, placas e hastes vibrantes também podem produzir
ondas sonoras e constituem instrumentos tais como tambores, címbalos, diapasões
e triângulos. Em suma, um som musical é a superposição de ondas sonoras
periódicas ou aproximadamente periódicas, que podem ser compostas por uma
única onda harmônica ou por várias ondas harmônicas, como mostramos na figura
a seguir.

FIGURA 105 – ONDAS DE TRÊS FONTES DIFERENTES E A SUPERPOSIÇÃO DAS MESMAS

FONTE: Disponível em: <http://www.algosobre.com.br/fisica/acustica.html>. Acesso


em: 26 fev. 2008.

185
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

LEITURA COMPLEMENTAR

Emissoras declaram guerra das freqUências

Em 1926, a NBC (National Broadcasting Company) iniciou a transmissão


de programas de Nova York para os Estados Unidos, por circuitos telefônicos,
propalando sua intenção de “ganhar dinheiro”. No ano seguinte já havia 7 milhões
de aparelhos de rádio nos Estados Unidos. A proliferação de estações criou uma
guerra no ar, com as frequências se superpondo umas às outras. Houve confusão
até 1934, quando as frequências foram regulamentadas.

A radiodifusão é um assunto apaixonante e poderia encher volumes inteiros


de relatos. Especialmente quando começaram a aparecer os cantores de sucesso
popular e o rádio transformou-se num acessório indispensável aos automóveis. Ao
som das grandes orquestras, a voz dos cantores românticos ou mesmo dos grupos
ancestrais do rock, se podia literalmente viajar com as ondas de rádio. No Brasil, a
primeira emissão radiofônica foi feita em 7 de setembro de 1922, no centenário da
Independência.

A primeira emissora de rádio brasileira foi a Rádio Sociedade do Rio de


Janeiro, fundada por Henrique Morize e Edgar Roquette Pinto, em 20 de abril de
1928, com sede na Academia Brasileira de Ciências. O vasto território brasileiro era
um cenário especial para o rádio. Emissoras prenderam a respiração de milhões
de pessoas com suas novelas radiofônicas. Os concursos de Rainha do Rádio, nos
anos 50, eram um assunto de que ninguém ficava de fora.

Como aconteceu com a telefonia, os sinais de rádio também passaram a


ser retransmitidos por satélite. No Brasil e em outros lugares, o antigo poder das
estações, que transmitiam para todo o país e era um símbolo de unidade nacional,
foi sendo lentamente corroído. Agora qualquer estação que tenha um número
suficientemente alto de ouvintes é transmitida por satélite. Um certo refinamento,
que caracteriza os primeiros tempos do rádio, então um veículo nobre de
comunicação, foi perdido. No final do século XX, a radiodifusão passa por um
processo de busca de identidade, repartindo seu público com a televisão.

FONTE: Bertoldi; Vasconcelos (2001, p. 95)

186
RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico você viu que:

 Estudamos as grandezas relacionadas às ondas, tais como comprimento de


onda, frequência e velocidade de propagação.

 Verificamos o efeito Doppler.

 Conceituamos onda, eco, ressonância e reverberação.

 Definimos as propriedades fisiológicas do som e conceituamos difração,


interferência e batimentos.

 Mostramos a utilização dos instrumentos musicais como fontes sonoras.

187
AUTOATIVIDADE

1 Quando você anda em um velho ônibus urbano é fácil


perceber que, dependendo da frequência de giro do motor,
diferentes componentes do ônibus entram em vibração.
O fenômeno físico que está sendo produzido nesse caso é
conhecido como:

a) ( ) Eco.
b) ( ) Dispersão.
c) ( ) Refração.
d) ( ) Ressonância.

2 O radar é um dos equipamentos utilizados para controlar a


velocidade dos veículos nas estradas. Ele é fixado no chão
e emite um feixe de microondas que incide sobre o veículo
e, em parte, é refletido para o aparelho. O radar mede a
diferença entre a frequência do feixe emitido e a do feixe refletido. A
partir dessa diferença de frequências é possível medir a velocidade do
automóvel. O que fundamenta o uso do radar para essa finalidade é o(a):

a) ( ) Lei da refração.
b) ( ) Lei da reflexão.
c) ( ) Efeito Doppler.
d) ( ) Efeito fotoelétrico.

3 O alarme de um automóvel está emitindo som de uma


determinada frequência. Para um observador que se
aproxima rapidamente desse automóvel, esse som parece
ser de ____________ frequência. Ao afastar-se, o mesmo
observador perceberá um som de ____________ frequência.

a) ( ) maior – igual.
b) ( ) maior – menor.
c) ( ) igual – igual.
d) ( ) menor – maior.

4 Defina as qualidades fisiológicas do som.

188
5 Uma fonte sonora que emite um som de frequência 550Hz
se aproxima de um observador em repouso, com velocidade
de 20 m/s. Sendo a velocidade do ar de 340 m/s, calcule a
frequência recebida pelo observador.

6 Um automóvel, movendo-se a 30 m/s, passa próximo a uma


pessoa parada junto ao meio-fio. A buzina do carro está
emitindo uma nota de frequência 3,0 kHz. O ar está parado
e a velocidade do som em relação a ele é 340 m/s. Que
frequência o observador ouvirá:

a) Quando o carro estiver se aproximando?


b) Quando o carro estiver se afastando?

189
190
UNIDADE 3
TÓPICO 5

RELATIVIDADE E MECÂNICA
QUÂNTICA

1 INTRODUÇÃO
O estudo do movimento como forma de compreender os fenômenos naturais
vem desde a Grécia Antiga. Aristóteles propôs a ideia de que as coisas entravam em
movimento devido à atração de cada substância pelo seu lugar natural. Como os
movimentos observados no universo não se opunham às hipóteses de Aristóteles,
suas ideias foram aceitam durante quase 2000 anos. Após esse período, Galileu
Galilei, com seus experimentos, conseguiu demonstrar que a filosofia natural de
Aristóteles estava errada. 100 anos depois, Isaac Newton conseguiu generalizar
as experiências de Galileu em suas leis do movimento. A experimentação
desencadeou uma miríade de descobertas importantes relacionadas em teorias
físicas para explicá-las. No século XX essas teorias foram complementadas por
Maxwell, Carnot e outros com as leis do eletromagnetismo e da termodinâmica.

No entanto, nesse mesmo século, Lorde Kelvin apontou duas nuvens no


horizonte da física: a incapacidade de descrever o espectro de radiação emitido
pelo corpo negro que não estavam de acordo com as leis da termodinâmica e os
resultados inexplicáveis do experimento de Michelson-Morley, contrariando a
relatividade newtoniana, além de que o efeito fotelétrico e os espectros dos átomos
não podiam ser explicados pela teoria eletromagnética. A chave para esses e outros
enigmas surgiram com a teoria da relatividade e a mecânica quântica (TIPLER;
LLEWELLYN, 2006).

2 TEORIA DA RELATIVIDADE

A teoria da relatividade restrita, também chamada de relatividade especial,


foi apresentada por Albert Einstein em 1905 e compara os referenciais inerciais
(com velocidade constante) em movimento relativo. Dez anos depois, essa teoria
foi generalizada para referenciais não inerciais (com aceleração), sendo chamada
de teoria da relatividade geral.

191
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

A relatividade restrita possui dois postulados:

1. PRIMEIRO POSTULADO: as leis da física são as mesmas em todos os referenciais


inerciais.

2. SEGUNDO POSTULADO: a velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor


qualquer que seja o referencial da fonte.

2.1 TRANSFORMAÇÃO DE LORENTZ


Na figura a seguir, temos dois referenciais inerciais, o referencial S em
repouso e o referencial S’ se movendo com velocidade v em relação ao referencial
S. Segundo Galileu, as relações entre os dois referenciais são:

FIGURA 106 – DOIS REFERENCIAIS INERCIAIS. O REFERENCIAL S’ ESTÁ SE MOVENDO


COM VELOCIDADE V EM RELAÇÃO AO REFERENCIAL S

FONTE: A autora

Com os postulados da relatividade foi possível deduzir as transformações


corretas que relacionam os dois referenciais,

192
TÓPICO 5 | RELATIVIDADE E MECÂNICA QUÂNTICA

Essas relações são conhecidas como transformação de Lorentz e γ é o fator


de Lorentz,

E c é a velocidade da luz, c = 2,998 x 108 m/s.

2.2 SIMULTANEIDADE, DILATAÇÃO DO


TEMPO E CONTRAÇÃO DA DISTÂNCIA
As consequências das equações de Lorentz são que dois eventos simultâneos
no referencial S’ não serão simultâneos no referencial S, o intervalo de tempo no
referencial S será,

Quando dois eventos ocorrem no mesmo local do referencial S’, o intervalo


de tempo ∆t’ pode ser medido com o mesmo relógio, assim o intervalo de tempo
medido é o intervalo de tempo próprio ∆t0 e a equação para a dilatação do tempo
será,

Quando um corpo se encontra em movimento, ele sofre uma contração


na direção do movimento em relação ao tamanho que tem quando medido em
repouso. Imagine uma régua se movendo no referencial S: vamos considerar ∆x
como sendo o comprimento L da régua no referencial S; então, temos a seguinte
equação para a contração da distância,

Exemplo 1:

Uma espaçonave foi enviada da Terra para uma base terrestre no planeta
P1407, e na lua desse planeta se instalou um destacamento de reptulianos, uma
raça de alienígenas que não nutrem grande simpatia pelos terráqueos. Quando a
nave está passando pelo planeta e pela lua em uma trajetória retilínea, detecta uma
emissão de micro-ondas proveniente da base reptuliana e, em seguida, 1,10s mais
tarde, uma explosão na base terrestre acontece a 4,00 x 108 m de distância da base
193
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

reptuliana, no referencial da nave. Tudo leva a crer que os reptulianos atacaram


os humanos, de modo que os tripulantes da nave se preparam para bombardear
a base reptuliana. (a) A velocidade da nave em relação ao planeta e sua lua é
0,980c. Determine a distância e o intervalo de tempo entre a emissão e a explosão
no referencial do sistema planeta-lua (e, portanto, no referencial dos ocupantes
das bases). (b) O que significa o sinal negativo de ∆t’? (c) A emissão causou a
explosão, a explosão causou a emissão ou os dois eventos não estão relacionados?
(HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2003).

Solução:

FIGURA 107 – UM PLANETA E SUA LUA SE MOVENDO PARA A DIREITA NO


REFERENCIAL S’ E UMA ESPAÇONAVE NO REFERENCIAL S

FONTE: A autora

a)

b) O sinal negativo significa que t’em>t’ex, ou seja, que no referencial planeta-lua, a


emissão aconteceu 1,04s depois da explosão e não 1,10s antes da explosão, como
no referencial da nave.
194
TÓPICO 5 | RELATIVIDADE E MECÂNICA QUÂNTICA

c) Os dois eventos ocorreram em ordem diferente nos dois referenciais. Se houvesse


uma relação causalidade entre dois eventos, algum tipo de informação teria
que viajar do local onde aconteceu um dos eventos (o evento causador) até o
local onde aconteceu o outro evento (o evento causado pelo primeiro). Vamos
verificar com que velocidade esta informação teria que viajar. No referencial da
nave, esta velocidade

Uma velocidade que não pode existir na prática, já que é maior que a
velocidade da luz.

3 MECÂNICA QUÂNTICA

A Mecânica Quântica explica as propriedades dos átomos e das moléculas


de modo diferente do que da Mecânica Clássica. Enquanto a mecânica clássica é
capaz de descrever a trajetória de uma partícula, a mecânica quântica apenas pode
dar uma probabilidade do elétron estar num ponto ou no outro do espaço.

A passagem da física clássica para a física moderna ampliou o elenco de


fenômenos que podem ser compreendidos e descritos. Essa extensão se assemelha
a uma superposição de “camadas de conhecimento”. Cada camada tem suas leis,
que são mais amplas e gerais que as da anterior. Nesse sentido, a Física Clássica
constitui o estado mais interno, circundando pelas camadas relativísticas e
quânticas. (AMALDI, 1995)

A física moderna tornou possível responder a várias perguntas a respeito


das partículas atômicas, levando à construção dos dispositivos microeletrônicos
entre outros avanços como nas áreas de astronomia, química e bioquímica.

3.1 A QUANTIZAÇÃO DA MATÉRIA


A mecânica quântica estuda principalmente as propriedades do mundo
microscópico. As grandezas físicas normalmente são encontradas em múltiplos
de uma quantidade elementar, fundamental, quando isso acontece dizemos que
essa grandeza física é quantizada. Essa quantidade elementar é denominada de
quantum e no plural, quanta.

Einstein em 1905 propôs a quantização da luz e chamou o quantum de luz


de fóton e afirmou que a menor quantidade de energia que uma onda de luz pode
possuir é a energia de um único fóton,

195
UNIDADE 3 | ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS

E = hf

Onde E é a energia do fóton, f a frequência da onda e h é a constante de


Planck, e vale h = 6,63 x 10-34J.s = 4,14 x 10-15eV.s

Einstein propôs que sempre que a luz é absorvida ou retida por um corpo,
esta absorção ou emissão ocorre nos átomos do corpo. Quando um fóton de
frequência f é absorvido por um átomo, a energia hf do fóton é transferida da luz
para o átomo. Este evento de absorção implica a aniquilação de um fóton. Quando
um fóton de frequência f é emitido por um átomo, uma energia hf é transferida
do átomo para a luz. Esse evento de emissão implica a criação de um fóton.
(HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2003).

3.2 O EFEITO FOTELÉTRICO


Os metais, quando banhados por energia radiante, emitem elétrons. Esse
fato é conhecido como efeito fotelétrico. Cada elétron ligado a um metal interage
com o núcleo por uma força atrativa; é preciso fornecer a ele uma quantidade
mínima de energia para que ele possa ser extraído, essa energia mínima necessária
é conhecida como função trabalho W e depende do tipo de material que está sendo
utilizado. Assim, se a energia do fóton incidente superar a energia da função
trabalho, o elétron adquire uma energia cinética.

Assim, os átomos de um corpo podem emitir ou absorver fótons. Essa


energia pode ser expressa como,

E = hf – W

Exemplo 2:

Um feixe de luz, de certa frequência, incide sobre uma placa metálica


arrancando elétrons. a) O que acontece com a energia cinética dos elétrons
arrancados da placa se aumentarmos a intensidade da luz incidente? E se
aumentarmos a frequência da luz incidente? b) Sabendo-se que a função trabalho
do metal da placa é 4,3 eV, determine a frequência mínima da luz que consegue
arrancar elétrons. Dados: 1eV = 1,6 x 10-19J. (CARRON; GUIMARÃES, 2003).

Solução:

a) Aumentando-se a intensidade da luz incidente, a energia cinética não se altera.


Quando se aumenta a frequência da luz, porém, a energia cinética aumenta. b)
Se a energia do fóton incidente é igual à função trabalho, a energia cinética do
elétron extraído é nula,

196
TÓPICO 5 | RELATIVIDADE E MECÂNICA QUÂNTICA

E = hf – W
0 = 6,6 • 10-34 • f – 4,3 • 1,6 • 10-19
f =1,042 • 1015 ~= 1015 hz

O efeito fotelétrico é apenas um exemplo de aplicação de uma das ideias


abordadas na física moderna, mas a teoria quântica é muito mais ampla e envolve
discussões de matemática superior que escapam ao propósito desse livro.

NOTA

Caro(a) acadêmico(a)! Para aprofundar seus conhecimentos sugerimos as obras:


PESSOA JR., Osvaldo. Conceito de Física Quântica - v. 1. São Paulo: Livraria da Física, 2005.
ORZEL, Chad. Como Ensinar Física ao Seu Cachorro: uma visão bem-humorada da física
moderna. São Paulo: CAMPUS, 2010.

197
RESUMO DO TÓPICO 5

Neste tópico você viu que:

• As teorias da mecânica quântica e da relatividade completam a teoria clássica


da física. Tais teorias possibilitaram o avanço da tecnologia e o aparecimento
de dispositivos fotossensíveis e eletrônicos através do estudo das propriedades
físicas das partículas elementares.

• As equações de Lorentz permitem relacionar diferentes referências e estudar


fenômenos, como a simultaneidade, a dilação do tempo e a contração do espaço.

• A luz é quantizada e a quantidade mínima de energia em uma onda de luz é a


energia de um único fóton E = hf. Onde E é a energia do fóton, f a frequência da
onda e h é a constante de Planck e vale h = 6,63 x 10-34J.s.

• Os átomos de um corpo podem emitir ou absorver fótons. Essa energia pode ser
expressa como, E = hf – W. Onde W é a função trabalho, energia necessária para
extrair o elétron.

198
AUTOATIVIDADE

1 Uma barra rígida de 2 m de largura é medida por dois


observadores: o primeiro em repouso e o segundo se
movendo numa direção paralela à barra. A que velocidade
deve-se deslocar o segundo observador para ver a barra
contraída de 2 mm? E de 100 cm?

2 Determine as dimensões e a forma de uma placa quadrada


de 1 m2 que se move afastando-se de um observador numa
direção paralela à sua base, com velocidade de 0,9c.

3 Um feixe de luz, de certa frequência, incide sobre uma placa


metálica arrancando elétrons. Sabendo-se que a função trabalho
do metal da placa é 8,6 eV, determine a frequência mínima da
luz que consegue arrancar elétrons. Dados: 1 eV = 1,6 x 10-19J.

4 Determine a função trabalho do sódio, sabendo 14


que a
frequência mínima para ejetar elétrons é de 5,5 x 10 Hz.

5 As funções trabalho do potássio e do césio são 2,25 e 2,14 eV,


respectivamente. Como o efeito fotelétrico será observado
em alguns destes elementos (a) com uma luz incidente cujo
comprimento de onda é 565 nm? (b) Com uma luz incidente
cujo comprimento de onda é 518 nm?

6 Determine a energia cinética máxima dos elétrons ejetados


de certo material, se a função trabalho do material
15
é 4,6 eV e
a frequência da radiação incidente é 6,0 x 10 Hz.

7 Necessita-se escolher um elemento para uma célula fotelétrica


que funcione com luz visível. Quais dos elementos a seguir
são apropriados. Alumínio (W = 4,2 eV), tungstênio (W = 4,5
eV), bário (W = 2,5 eV) e o lítio (W = 2,3 eV)?

199
200
REFERÊNCIAS
AMALDI, Ugo. Imagens da física: as ideias e as experiências do pêndulo aos
quarks. São Paulo: Scipione, 1997.

ANJOS, I; ARRUDA, M. Física na escola atual: eletricidade e ondulatória. São


Paulo: Atual, 1993.

BERTOLDI, O. G.; VASCONCELOS, J. R. Ciência e sociedade. São Paulo:


Scipioni, 2001.

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______. Física: volume único. São Paulo: Moderna, 1999.

CSF. Colégio São Francisco. Disponível em: <http://www.colegiosaofrancisco.


com.br/alfa/fisica/fibra-optica.php>. Acesso em: 16 jan. 2008.

FREEDMAN, R. A. et al. Física III: eletromagnetismo. 10. ed. São Paulo: Addison
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HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física:


mecânica. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

______. Fundamentos de física – óptica e física moderna. Rio de Janeiro: LTC, 2003.
v. 4.

______. Fundamentos de física: eletromagnetismo. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC,


2002. v. 3.

______. Fundamentos de física: gravitação, ondas e termodinâmica. Rio de


Janeiro: LTC, 2002. v. 2.

HERSKOWICZ, G; SCOLFARO, V; RAMALHO, F. Elementos da física. São


Paulo: Moderna, 1986. v. 2.

HEWITT, Paul G. Fundamentos de física conceitual. São Paulo: Bookman, 2009.

ORZEL, Chad. Como ensinar física ao seu cachorro: uma visão bem-humorada
da física moderna. São Paulo: CAMPUS, 2010.

PESSOA JR., Osvaldo. Conceito de física quântica. São Paulo: Livraria da Física,
2005. v. 1.

201
PIRES, D. P. L.; AFONSO, J. C.; CHAVES, F. A. B. A termometria nos séculos XIX
e XX. Revista Brasileira de Ensino de Física, São Paulo, V. 28, n. 1, 2005.

RESNICK, Robert; HALLIDAY, David; KRANE, Kenneth S. Fisica 2. Rio de


Janeiro: LTC, 2006.

SÁNCHEZ, R. D.; ZYSLER, R. D. Magnetismo de sistemas nanoscópicos, algunas


aplicaciones. Revista Ciencia Hoy en Linea, Bariloche: Instituto Balseiro y Centro
Atómico Bariloche - Comisión Nacional de Energía Atómica, v. 15, n. 85, Feb./
Mar. 2005.

SEARS, F; ZEMANSKY, M. W. Física II: termodinâmica e ondas. 10. ed. São


Paulo: Pearson Brasil, 2006.

SERWAY, R; JEWETT, J. Princípios de física. São Paulo: Pioneira Thomson


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TIPLER, Paul A.; LLEWELLYN, Ralph A. Física moderna. Rio de Janeiro: LTC,
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TOLEDO; RAMALHO; NICOLAU. Os fundamentos da física – mecânica. São


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UENO, Paulo. Física. São Paulo: Ática, 2005.

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ANOTAÇÕES

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