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Bom dia a todos! Hoje vamos falar do poema "D.

Sebastião, Rei de Portugal", de


Fernando Pessoa. Este poema pertence à obra "Mensagem", na 1ª parte, na
secção III, "As Quinas". Este poema é sobre D. Sebastião, como dá para
concluir pelo título. D. Sebastião foi um rei de Portugal que ficou conhecido por
ter desaparecido na Batalha de Alcácer Quibir, a 4 de agosto de 1578. O seu
cognome era "O Desejado", porque o povo desejava o seu regresso,
acreditando que este voltaria numa manhã de nevoeiro num cavalo branco. 

poema:

Louco, sim, louco, porque quis grandeza


Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
 
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?

D. Sebastião teve uma grande importância para a pátria, imortalizando-se por ter
lutado pelas suas ambições e por ter tomado a decisão de avançar para a
conquista de África. Começa por afirmar que a loucura era necessária para a
sua grandeza, mas que eventualmente isso o levou à morte. ---- Assim, ficou o
"ser que houve" que foi o seu corpo, mas existe algo que o transcende, ou seja,
a sua dimensão mítica e o ideal que ele representa continuam a viver ---- aqui é
revelado o caráter messiânico do poema e da obra em si, onde D. Sebastião é
visto como um símbolo de esperança e de uma força anímica que perdura na
memória coletiva, mesmo após a sua morte física. ---- Logo após isto, o sujeito
poético apela aos destinatários que "tomem" a sua loucura, que persigam com o
sonho de devolver a glória à pátria e com o espírito ---- um espiríto que vive em
todos nós, demonstrando que nunca foi preciso um salvador, um messias. ----
Segue para dizer que a loucura é o traço característico do homem, aquilo que o
distingue da "besta sadia", ou seja, de alguém sem ambição e que se contenta
com pouco. ---- Esta loucura deveria ser usada como força motora de ação para
reconstruir o país, mas abandonando o conceito tradicional de pátria e
avançando para uma noção linguística e cultural de nação (aquela necessária
para a construção do V Império). 

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