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Universidade do Estado do Pará

Departamento de Filosofia e Ciências Sociais


Centro de Ciências Sociais e Educação
Campus XVII Vigia de Nazaré
Licenciatura Plena em História

Enoque Barros Barbosa Brito


Silvano Coelho Campos

CINE MONARK: Cotidiano do cinema na cidade de Vigia (1964 – 1985).

Vigia de Nazaré
2022
Enoque Barros Barbosa Brito
Silvano Coelho Campos

CINE MONARK: Cotidiano do cinema na cidade de Vigia (1964 – 1985).

Pré-projeto de pesquisa apresentado ao curso de


Licenciatura Plena em História da Universidade do
Estado do Pará.
Área de Concentração: Cidade de Vigia
Orientador: Andrea Pastana

Vigia de Nazaré
2022
SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO...........................................................................................
2.JUSTIFICATIVA.........................................................................................
3.OBJETIVO..................................................................................................
3.1. Objetivos Específicos..............................................................................
4. PROBLEMÁTICA......................................................................................
5. QUESTÕES NORTEADORAS..................................................................
6. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.....................................................................
7. METODOLOGIA........................................................................................
8. CRONOGRAMA........................................................................................
9. REFERÊNCIAS.........................................................................................
INTRODUÇÃO
Vigia de Nazaré, cidade localizada no nordeste paraense as margens do rio
Guajará Mirim, a aproximadamente 100 km da capital paraense, tem como principal
atividade econômica a pesca. Por se tratar de uma cidade Amazonida, a cultura está
intrinsecamente ligada às raízes indígenas. Porém com a mistura da cultura europeia e
africana, os costumes foram se moldando conforme essas ligações ao longo da sua
história.
<(RETIRAR? Colocar a localização geográfica da cidade >refenciar na nota de
rodapé> pode ser o site da prefeitura) A população vigiense tem seus vínculos na
Religião católica e nos seus patrimônios culturais, entre os quais muitos ligam-se ao lazer,
à sociabilidade do povo. Muitos empreendimentos surgiram como recinto para propiciar
a diversão na cidade. Um desses lugares que servia como local de entretenimento à
população era o Cine Monark.
Este projeto intitulado, CINE MONARK: Cotidiano do cinema na cidade de Vigia
(1964 – 1985), vem na perspectiva de pesquisar a importância do Cine Monark à
sociedade vigiense. A priori o cinema foi construído por volta da década de 1960 para servir
como uma opção de lazer e sociabilidade aos cidadãos vigienses. Ressaltando que os
anos que servirão de baliza à pesquisa é o período de funcionamento do cinema, ou seja,
1964 (mil novecentos e sessenta e quatro) trata-se do ano em que o local começou a
funcionar no município, já o ano de 1985 (mil novecentos e oitenta e cinco) refere-se ao
ano que o estabelecimento encerrou as suas atividades.1 O local foi além da mera
exibição de fitas cinematográficas que certamente tiveram grande importância para o
devido funcionamento. Destaca-se também outras finalidades do estabelecimento que
serviu como palco para outras apresentações culturais, como por exemplo, show de
ilusionismo,cordões de pássaros, Bois-bumbás e shows de cantores. Segundo o escritor
e historiador Paulo Cordeiro no jornal “O Cínco de Agosto”2, em 1964, surgiu o cinema

1
Ressalta-se que essas datas ainda são estipuladas pelos pesquisadores com base em algumas
entrevistas realizadas e pelo jornal: Os cinemas da Vigia. O Cinco de Agosto, Vigia de Nazaré – Pará, p.
04, outubro de 2010. Essas datas poderão ser alteradas no decorrer da pesquisa.
2
Obra pesquisada: Os cinemas da Vigia. O Cinco de Agosto, Vigia de Nazaré – Pará, p. 04, outubro de
2010.
em Vigia: “o Mine Monark”, que é o objeto desta pesquisa. O empreendimento funcionava
na esquina da atual Av. Dr. Marcionilo Alves com Barão de Guajará. Era propriedade de
José Sousa Silva (conhecido por “Castanhal”).

A escolha do tema da pesquisa pode ser explicada pela inquietação dos


pesquisadores em relação ao desconhecimento, por parte dos jovens moradores do
município de Vigia, do cinema em si e da relação cotidiana que os seus
frequentadores mantinham com o mesmo. Daí o interesse dos pesquisadores em
pesquisar o cinema no período em qual funcionou, mas tendo como cerne da
pesquisa o seu cotidiano.

Alguns que compuseram parte da história do Cine Monark: Srº José Sousa Silva
85 anos, (conhecido por “Castanhal”), foi quem construiu o cinema, Srº Arlindo 76
anos, trabalhou desde faxineiro até chegar ao posto de gerente do cinema, Srº Luiz
Gonzaga 66 anos, era o locutor do cinema, fazia chamadas quando chegavam novos
filmes e trabalhava com o som do cinema, Srº Edilson Manssum 66 anos, ex dono do
cinema, trabalhou como porteiro e também participou de apresentações teatrais no
palco do cinema, Srº Juraci 77 anos, (cobrinha),se apresentou como participante de
um Boi-Bumbá.

Conforme entrevista com o Srº Arlindo, Gonzaga e Edilson3, os mesmos


afirmaram que o único meio de divulgação que o cine disponibilizava era a
publicidade do próprio cinema e quem fazia essa divulgação era o locutor (Gonzaga)
que trabalhava no mesmo, essas divulgações eram feitas assim que chegavam novos
filmes e também quando iriam começar uma sessão, a música que tocava para esses
anúncios era Velho Oeste (faroeste) Banda ”Bang-Bang Italiana”4, quando a

3SOUZA, A. P. De: depoimento. [07 de setembro, 2021]. Entrevista concedida a Enoque Barros Barbosa
Brito e Silvano Coelho Campos.
SILVA, L. G. S: depoimento. [14 de setembro, 2021]. Entrevista concedida a Enoque Barros Barbosa
Brito e Silvano Coelho Campos.
MANSSUM, E. L: depoimento. [30 de novembro, 2021]. Entrevista concedida a Enoque Barros Barbosa
Brito.

4A música pode ser encontrada no endereço: https://www.youtube.com/watch?v=XZ9BYXXg2MY


<Acesso em 14 de fev de 2022>
publicidade começava a tocar essa música a população já sabia que havia chegado
novos filmes ou que já iria começar uma nova sessão.

JUSTIFICATIVA

A memória da infância de um dos pesquisadores que chegou a frequentar a


sala do cinema e falta de conhecimento entre os jovens do século XXI, desse
importante espaço de lazer e entretenimento da sociedade vigiense de outrora, nos
levou a investigar os motivos que ocasionaram o fechamento do mesmo e reconstituir
a memória dos personagens que fizeram parte da história desse cinema, para que
gerações futuras tenham conhecimento e que novos pesquisadores possam fazer
suas contribuições para melhoria da pesquisa.

Vale ressaltar, a pesquisa que será desenvolvida está contida no campo da


temática História e Cultura, fazendo um paralelo entre Cinema e História, concebendo e
trazendo à luz novos elementos de estudo no campo historiográfico, deixando de lado as
velhas práticas Positivistas da História.
[...] a história tradicional oferece uma visão de cima, no sentido de que tem
sempre se concentrado nos grandes feitos dos grandes homens,
estadistas, generais ou ocasionalmente eclesiásticos. Ao resto da
humanidade foi destinado um papel secundário no drama da história [...]
(BURKE, 1992, p. 12).

Em oposição a História Tradicional, ressalta-se que este trabalho vai valorar os


sujeitos simples do cotidiano da cidade de Vigia que mantinham relação com o cinema,
isto é possível graças à novas práticas pensadas pelos historiadores a qual ficou
conhecida como Escola dos Annales a partir de 1929, neste sentido, o presente trabalho
é pioneiro no que diz respeito ao estudo do cinema da Vigia, desse modo se justifica,
pois, tenta resgatar e trazer à tona elementos da cultura, sociabilidade e historiografia
local que outrora fizeram parte do costume e do lazer do povo vigiense. Nesse sentido, a
pesquisa é de suma importância à cidade e memória dos seus cidadãos pelo fato de
intervir no ostracismo ao qual o cinema vem sofrendo. Interferindo dessa forma, o
trabalho pretende resgatar parte da memória no que tange ao cinema.

OBJETIVOS
➢ Analisar as contribuições do Cine Monark para o cotidiano na cidade de Vigia.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
➢ Desvelar os eventos que ocorriam no Cine Monark e a relação do cotidiano dos
vigienses;
➢ Compreender os motivos que levaram o fim do Cine Monark e seus
desdobramentos para o cotidiano dos moradores;
➢ Reconstituir o passado do cinema afim de evidenciar a importância dele à época
como espaço cultural e à memória dos vigienses;
PROBLEMÁTICA
Como o cinema que funcionou na cidade contribuiu para âmbitos de sociabilidade
e entretenimento aos cidadãos vigienses?
QUESTÕES NORTEADORAS

Por que os jovens desconhecem a existência do cinema


outrora?

O cinema recebia algum tipo de interferência política?

Os ex-funcionários e ex-frequentadores guardam recordações sobre o espaço?


Quais os motivos à construção e anos depois o encerramento das
atividades?

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Para o desenvolvimento da pesquisa é necessário que o pesquisador tenha


suporte teórico, isto é que faça o levantamento da bibliografia sobre o tema a ser
pesquisado. Lógico, que é inevitável uma boa compreensão da Teoria da História para
sustentar as bases da pesquisa. Nesse sentido, é preciso saber para que serve a
História. Segundo a historiadora Loiva Felix:

[...] ela contribui para formar pessoas cujas opiniões sejam mais livres,
que sejam capazes de submeter informações com que são
bombardeadas a uma análise lúcidas, mais capazes de agir com
conhecimento da causa, menos enredados nas malhas de uma ideologia
(FÉLIX, 1998.p.63).

A palavra História é de origem indo-europeia e tem como significado o verbo ver.


Em grego e em latim possui um significado mais amplo tomando um sentido que
relaciona a raiz da palavra história a ideia, pensamento. Segundo Félix, a história é
construída a partir do olhar do historiador, podendo este tornar um objeto velho em uma
nova história a partir da utilização de novos procedimentos (técnicas, métodos e suporte
documentais) e novos pressupostos (tema e teoria).

Neste sentido a história é sempre um dado novo. A memória é a matéria-prima


da construção histórica, que sendo manuseada pelo historiador, transforma-a em
história-conhecimento, moldando-a a seu tempo, por isso, o historiador tem que se
desviar do olhar positivista e compreender a história a partir de um processo sempre em
construção.

Para a construção de uma história faz-se necessário elaborar um objetivo no qual se


deseja seguir para alcançar um determinado fim, nessa perspectiva torna-se necessário
elaborar um projeto de pesquisa. A autora Loiva Félix apresenta três etapas básicas
como subsídios: o que pesquisar? Por Que Pesquisar? E como Pesquisa?

Para fazer História é necessário um referencial teórico pelo qual o pesquisador


irá guiar-se nas investigações sobre o assunto de seu interesse. Teoria é uma palavra
de origem indo – europeia e está ligado ao ver e ao pensar. Em seu sentido geral,
theorein = (ver) significa refletir, examinar, observar e meditar, formulando a partir daí
uma construção abstrata que se chama de conceito. É nesse sentido de formulação e
compreensão de conceitos que se assenta a organização e construção da história.

Para o desenvolvimento da pesquisa é crucial entender o período histórico o qual será


pesquisado. Pois, este é um episódio da história do país marcado por violações dos
direitos humanos, perseguições políticas e censura. Como fala Marcos Napolitano:

Entre uma e outra data, 1964 e 1985, o Brasil passou por um turbilhão de
acontecimentos que, em grande parte, nos definem até hoje e ainda
provocam muito debate. A economia cresceu, alçando o país ao oitavo PIB
mundial. Mas, igualmente, cresceram a desigualdade e a violência social,
alimentadas em boa parte pela violência do Estado. A vida cultural passou
por um processo de mercantilização, o que não impediu o florescimento de
uma rica cultura de esquerda, crítica ao regime. Os movimentos sociais,
vigiados e reprimidos conforme a lógica da “segurança nacional”, não
desapareceram. Muito pelo contrário, tornaram-se mais diversos e
complexos, expressão de uma sociedade que não ficou completamente
passiva diante do autoritarismo (NAPOLITANO, 2014, p. 10-11).
Conforme o autor citado, no período a ser pesquisado o Brasil foi palco de algumas
dicotomias como por exemplo, o crescimento da economia do país e em oposição a esse
fato a disparada da desigualdade social. Por conseguinte, é nesse contexto que o Cine
Monark, objeto da pesquisa, está envolto.

Além de ser importante à preservação da memória, no caso específico da pesquisa


que se pretende desenvolver, a História Oral pode ajudar na preservação e rememoração
dos fatos que ajudam a compor o significado do objeto de estudo, que no caso trata-se
do Cine Monark à cultura da Vigia de outrora.

Além das abordagens da História Oral, é imprescindível a leitura de artigos de


autores que pesquisam o cinema no Brasil, e em especial no estado do Pará.
Compreender as origens e os contextos socioeconômicos nos quais surgiram as
primeiras salas de exibição de fitas cinematográficas é demasiado pertinente para
averiguar as origens, isto é, os fatos que antecederam o cinema alvo da pesquisa.

Antes de entender o percurso da construção das salas de cinema no Brasil, é


preciso compreender o que seria o cinema. Para Jean-Claude Bernardet (2007),
professor da Escola de Comunicações e Artes da USP, o Cinema pode ser pensado a
partir dos rituais que o precedem, como por exemplo, o gosto individual ou coletivo para
os múltiplos espetáculos e publicidades em torno das produções cinematográficas. Ao
trajeto feito desde as produtoras de filmes às exibições nas salas. Não se deve esquecer
dos processos de adaptação de filmes, assim como as censuras impostas em vários
lugares e em diferentes épocas.

A partir da ideia sobre cinema, cabe ressaltar a implantação da salas de cinema,


ou seja, como foram se multiplicando ao longo do século XX pelo Brasil. Na Amazônia,
fontes históricas mostram que as primeiras fitas exibidas em terras paraenses Petit
(2010), foi no dia 10 de novembro de 1911, no qual algumas personalidades influentes
como: jornalistas e políticos de Belém foram convidados a assistir no Teatro Odeon, na
Praça Justo Chermont, a exibição dos três primeiros documentários de Ramon Baños que
orgulhosamente os filmou na capital paraense5. Algumas considerações sobreo estatuto
do cinema são essenciais à análise do itinerário histórico dos cinemas na sociedade:

Isso também diz respeito ao estatuto do cinema na sociedade do início


doséculo XX. Herdeiro de suas origens, por um lado, ele foi considerado
como uma maquina de vanguarda pelos sábios e técnicos. Via-se nele o
instrumento registrador do movimento e de tudo aquilo que olho não pode
reter. Por outro lado, o filme era completamente ignorado enquanto
objetocultural. Produzido por uma maquina, como a fotografia, ele não
poderia ser uma obra de arte ou um documento. É significativo que os
cine-jornaisjamais tenham tido outro autor reconhecido além da empresa
que o produziu [...] produzida assim, órfã, a imagem é perfeita para se
prostituir para o povo. Para a sociedade cultivada e para os notáveis, o
cinema é umespetáculo de pátrias (FERRO, 1992, p. 71).

Nota-se então posteriormente o sucesso das salas de cinema aonde iam sendo
construídos, pois o cinema “encantava” a todos. No que tange ao objeto da pesquisa,
esse mesmo sentimento também estava presente nos telespectadores do Cine Monark,
conforme mostra o resultado de algumas entrevistas que já foram realizadas. Neste
sentido:

O cinema permitia o contato com eventos que não se pôde testemunhar,


com pessoas que não se conhecia, estabelecia a possibilidade de
contato com o novo, o outro, o diferente ou de ver com outros olhos o
que era familiar. Sobre a tela surgia uma nova maneira de olhar o mundo
e se reconhecer nele (LUCAS, 2015, p. 20).

No cinema da cidade de Vigia, os telespectadores se mantinham informados a


respeito de certos eventos, principalmente os esportivos, por meio do Cine Jornais que
eram exibidos na tela do Cine Monark. As notícias sobre o resultado de partidas de
futebol que ocorriam em outros estados brasileiros, eram informadas à população
vigiense pelas telas do cinema. Portando, o autor citado acima colabora ao defender as
possibilidades do cinema ao levar informação, ao conhecimento de novos dados, ou
seja, daquilo que ocorria em outros lugares, mas que sem a presença do cinema
certamente não chegaria ao conhecimento das pessoas que em sua maioria conhecia
apenas a realidade do seu município.

5
No artigo publicado na revista: O olho da história, o autor explora as origens do cinema em
terras paraenses.
Por conseguinte, o espaço que outrora abrigou o cinema na cidade, ficou
internalizado na memória dos seus frequentadores mais assíduos e dos seus antigos
funcionários. Assim sendo, a relevância do Cine Monark como um espaço de memória
merece ser debatida, mas para isso é extremamente importante o debate teórico com o
historiador da Escola dos Annales, Jacques Le Goff:

A memória é um elemento essencial do que se costuma chamar


identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades
fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje, na febre e na
angústia. Mas a memória coletiva é não somente uma conquista é
também um instrumento e um objeto de poder. São as sociedades cuja
memória social é sobretudo oral ou que estão em vias de constituir uma
memória coletiva escrita que melhor permitem compreender esta luta
pela dominação da recordação e da tradição, esta manifestação da
memória (LE GOFF, 2013, p.435, destaque do autor).

Neste trabalho pretende-se pesquisar o Cinema para reconstituir os fatos e


lembranças por meio do conceito de Memória defendido por Jacques Le Goff. Para o
historiador dos Annales, os indivíduos que formam uma determinada sociedade tem na
Memória o cerne para todos os elementos à vida social.

Nesse sentido, a memória enquanto um elemento que nutre e gera aquilo


delimitado como identidade, ou seja, o que torna um indivíduo ou um coletivo ser ou agir
de uma determinada forma está diretamente ligada às seleções conscientes ou
inconscientes da própria memória.

METODOLOGIA

À realização da pesquisa tem como recurso principal o levantamento de


dados por meio da análise do tipo qualitativo, juntamente com a consulta de
bibliografia referente ao tema a ser desenvolvido que usará as abordagens da
História Oral representado por Verena Alberti (2005); a bibliográfica; e a imagética
(fotografias e cartazes de cinema).

Neste sentido, o desenvolvimento da pesquisa ocorrerá por meio de leitura de


livros, artigos e periódicos que discutem sobre a História do cinema, Cultural, local e
História Oral.
A colheita de dados à pesquisa ocorrerá por meio de entrevistas, com antigos
funcionários,ex-proprietários e frequentadores do cinema, com a ajuda de questionários
que serão escritos levando em consideração alguns fatos como: a) relação do
entrevistado com o cinema, b) frequência de comparecimento ao local. As entrevistas
ocorrerão nos lares dos nossos entrevistados, reduzindo certos desconfortos que
poderão ocorrer podendo (ou não) significar perdas aos objetivos do trabalho, pois:

[...] Se a entrevista for feita na casa do entrevistado ou em seu local de


trabalho, deve-se escolher um ambiente que reúna boas condições para
sua gravação: de preferência um cômodo reservado, ao qual outras
pessoas não tenham acesso durante a entrevista, o mais silencioso
possível e, se for viável, com uma mesa em torno da qual entrevistado e
entrevistadores possam se instalar confortavelmente (ALBERTI, 2005, p.
107).

Nesse sentido, para o desenvolvimento da pesquisa existem muitos desafios a


serem enfrentados, e para isso é extremamente importante e necessário o debate
teórico de obras sobre as abordagens da História Oral, como por exemplo, José Carlos
Sebe Bom Meihy, Marieta de Moraes Ferreira, entre outros autores.

Por conseguinte, a entrevista torna-se o principal motor de condução desta


pesquisa, pois conforme evidencia o autor:

[...] é a manifestação do que se convencionou chamar de documentação


oral, ou seja, suporte material derivado de linguagem verbal expressa para
esse fim. A documentação oral quando apreendida por meio de gravações
eletrônicas feitas com o proposito de registro torna-se fonte oral. A história
oral é uma parte do conjunto de fontes orais e sua manifestação mais
conhecida é a entrevista (MEIHY; HOLANDA, 2015, p. 14).
Desse modo, em concordância com os autores acima, após a execução e
transcrição das entrevistas, elas irão se transformar em fontes orais relevantes à
pesquisa. Pois como diria Paul Thompson:

[...] a história oral pode dar grande contribuição para o resgate da memória
nacional, mostrando-se um método bastante promissor para a realização
de pesquisa em diferentes áreas. É preciso preservar a memória física e
espacial, como também descobrir e valorizar a memória do homem. A
memória de um pode ser a memória de muitos, possibilitando a evidência
dos fatos coletivos (THOMPSON, 1992: 17).

Como diria Ecléa Bossi (1998): “a memória transcende o próprio indivíduo, ou


seja, demonstra aspectos da família, das instituições, dos grupos de convívio, da classe
social, etc. Desta forma, indagar os entrevistados sobre as suas reminiscências acerca
do cinema é fundamental pois carregam consigo particularidades que nenhum
documento escrito consegue registrar.

Realizados as entrevistas e devidamente armazenadas em arquivos digitais,


ocorrerá a transcrição de todos os depoimentos obtidos ao longo do período destinado
à ação da pesquisa, pois como Verena Alberti diz:

Aderir a relatos e depoimentos na construção ou reconstrução de


acontecimentos e conjunturas não é uma prática recente. Por muito
tempo,se utilizava desse recurso na construção de narrativas históricas.
Após serdesvalorizada no século XIX, a história oral perde espaço para
a história positivista, é somente nos meados do século XX que ela retorna
com força e potencial nos estudos dos acontecimentos e conjunturas
sociais (ALBERTI, 2005, p. 19).

Nota-se a importância das entrevistas como uma prática transformadora e


inclusiva do sujeito histórico que por muito tempo foi desvalorizado pela História
Tradicional, no entanto, nesta pesquisa o recurso será amplamente utilizado como
método de pesquisa, o que dará visibilidade aos personagens do dia a dia do cinema
afim de reconstituir o passado do local objeto da pesquisa.
Posteriormente, com as entrevistas armazenadas e transcrevidas e com o resultado das
visitas feitas ao cartório da cidade, os pesquisadores irão começar o processo de escrita
do trabalho sempre observando os fatos descritos pelos entrevistados, isto é, se tem
relevância aos objetivos do trabalho.
Nas fontes orais e documentais será observado os dados coletados, ou seja, se
estão em paralelo aos objetivos da pesquisa. Serão utilizados apenas subsídios
contundentes para o trabalho.
Também pretende-se averiguar a possibilidade da existência de documentos no
cartório da cidade de Vigia. Planeja-se analisar outras fontes, se possível, como recorte
de jornais que ao acaso noticiaram algum evento ocorrido nas dependências do cinema.
CRONOGRAMA

JAN MAR MAIO JUL SET NOV


ABR
ATIVIDADES FEV JUN AGO OUT DEZ

INÍCIO DO PROJETO
X

COLETA DE FONTES
X

ESCRITA TEXTUAL

REDAÇÃO FINAL

ENTREGA DO PROJETO
Depois do nome REFERÊNCIA colocar FONTES>link do Youtube da música -- As
entrevista citadas no pré-projeto – depois vem a Bibliografia que é a referencia colocada
abaixo)
REFERÊNCIA
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Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=XZ9BYXXg2MY <Acesso em 14 de fev de 2022>

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