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Universidade do Estado do Pará

Departamento de Filosofia e Ciências Sociais


Centro de Ciências Sociais e Educação
Campus XVII Vigia de Nazaré
Licenciatura Plena em História
Docente: Prof.ª. Ms. Ana Célia do Nascimento Morais

Elionae Almeida de Sousa


Marcio Andrey oliveira dos Reis

AS RUINAS DO ANTIGO ENGENHO DE CACAU: Os desafios no


reconhecimento como patrimônio e fonte para o ensino de história

Vigia de Nazaré
2022
Introdução

As ruinas do antigo engenho estão localizadas na comunidade quilombola de


Cacau, povoado do Município de Colares, que até a década de 1960 fazia parte do
Município de Vigia de Nazaré. Cacau é uma comunidade ribeirinha de descendentes
de povos escravizados vindos do continente africano para trabalhar nas terras de
Domingos Antônio Raiol, trata-se de uma comunidade quilombola contemporânea e
foi reconhecida como tal em 20 de novembro de 2003, localizada na margem direita
do rio Tauapará, o acesso a comunidade é pelo ramal recentemente aberto que vem
da comunidade de Juçarateua do Tupinambá recortando a campina até Cacau. Porém
os acessos mais conhecidos e utilizados são através dos portos de Guajará e Vigia
de Nazaré por manterem linhas regulares de botes que fazem a travessia.
A comunidade possui aproximadamente 150 moradores, a economia é
extrativista (agricultura e pesca).

Desenvolvimento

O texto busca valorizar o espaço das ruinas do antigo engenho, por se tratar
de um patrimônio que conta a história não só local, mais também a história de um
tempo de sofrimento passado por esses povos, numa época de escravidão e o
engenho é um local importantíssimo para a historiografia local além de contribuir para
formação e construção do país. É de suma importância a conscientização da
preservação das ruinas do engenho da comunidade de Cacau não só por seus
moradores mais também pelo poder público, seja municipal, estadual ou federal. Vale
ressaltar que não há políticas públicas de preservação que abrangem as ruinas do
antigo engenho de cacau.
Qualquer que seja a ação implementada ou o projeto proposto, sua execução
supõe o empenho em identificar e fortalecer os vínculos das comunidades
com o seu Patrimônio Cultural, incentivando a participação social em todas
as etapas da preservação dos bens. Nesse processo, cabe aos poderes
públicos exercer o papel de mediador da sociedade civil, contribuindo para a
criação de canais de interlocução que se valem, em especial, de mecanismos
de escuta e observação. (IPHAN, 2014, p.21)

O patrimônio cultural que ali está é riquíssimo de história, não só a história local
mais a história da região remetendo aos que ali foram escravizados por séculos e aos
seus algozes, como o Barão de Guajará que era detentor dessas terras.
As ruinas do engenho da comunidade quilombola de cacau nos traz um debate
transversal, que busca os feitos e lutas daquela comunidade, onde por um longo
período lutou-se para ser reconhecida como comunidade quilombola, assim como a
luta pela própria posse da terra e sobre subsistência econômica em volta a agricultura
familiar assim como a relação dessa comunidade com a fauna e a flora local, onde a
extração dos bens naturais são controladas.

Ruinas do engenho de Cacau, comunidade quilombola do Município de Colares/PA.


Fonte: http://amigosdecolares.blogspot.com/2010/05/ruinas-do-engenho-do-barao-do-guajara.html?m=1

Trabalhar as ruinas do antigo engenho no âmbito educacional, como


patrimônio, material e imaterial, busca valorizar os laços culturais do povo da
comunidade de Cacau assim como despertar e identificar o sentimento de
pertencimento e identidade local a suas raízes quilombolas.
A valorização do mesmo pode ajudar os alunos a compreenderem melhor suas
origens, criando um laço afetivo com o local, fomentando a importância da educação
patrimonial, podendo ser utilizado como um espaço de transformação do indivíduo,
como símbolo de resistência de um povo, como educação ambiental na preservação
da natureza e a relação desse povo com a cultura afro-brasileira.
No Município de Colares não há uma politica que vise a preservação das ruinas
do engenho, muito menos a utilização por parte da Secretaria de Educação do
Município de um projeto que vise não só incluir as ruinas do antigo engenho como rota
para pesquisadores ou mesmo professores da rede municipal, mais também a
inserção do ensino voltado para a educação quilombola como pede a Lei 10,639 no
"Art. 26-A, nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e
particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
Vale ressaltar que a obrigatoriedade no cumprimento desta lei reforça a
importância da cultura afro-brasileira nessas comunidades como também a
importância da valorização dos patrimônios materiais e imateriais.
Referências

______ [et al.]. Educação patrimonial: histórico, conceitos e processos. Rio de


Janeiro: IPHAN, 2014.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Cultura, Educação e Interação: observações sobre


ritos de convivência e experiências que aspiram torná-las educativas In: BRANDÃO,
Carlos Rodrigues [et al.] O difícil espelho: limites e possibilidades de uma experiência
de cultura e educação. Rio de Janeiro: IPHAN, 1996.

BRASIL. Lei nº 10.639, de 09 de janeiro de 2003;

BRASIL. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico


2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br> Acesso em: 09 novembro. 2022.

http://amigosdecolares.blogspot.com/2010/05/ruinas-do-engenho-do-barao-do-
guajara.html?m=1 . Acesso em 09 de novembro de 2022.

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