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HISTÓRIA E TECNOLOGIA: a Modelagem da Informação da Construção no

Projeto de Preservação do Quilombo de Santa Rita do Bracuí - Angra dos Reis/


RJ.

GAVINA, SAMANTA.1 ; NEMER, LUCIANA.2

RESUMO
O artigo apresenta pesquisa sobre a comunidade quilombola de Santa Rita de Bracuí, em Angra dos
Reis, no Rio de Janeiro. Este estudo destaca a importância do local e relata como a municipalidade
tem tratado o processo de degradação e a sua notável revitalização. O projeto vem se desenvolvendo a
partir da utilização da metodologia Building Information Modelling (BIM) para representação e
manutenção da técnica construtiva e cultural do quilombo. A justificativa destaca o quanto os
quilombos têm importância na história brasileira, como símbolos de resistência e de que forma as
novas tecnologias podem impactar nas técnicas construtivas, trazendo benefícios. A metodologia se
amparou em pesquisa bibliográfica e material previamente publicado (livros e artigos) e visitas à
comunidade, informações advindas de jornais locais e sites de turismo. A conclusão vincula todas as
questões apresentadas, reforçando a importância de preservar e proteger o patrimônio histórico.

Palavras-chave: História; Tecnologia; Quilombos; Preservação Cultural; BIM.

1
UFF – PPGAU – Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo. samantagavina@gmail.com
2
UFF – PPGAU – Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo e TAR – Departamento de Arquitetura.
luciananemerdiniz@gmail.com
1. Introdução
A importância histórica e cultural dos Quilombolas inicia no passado quando o espaço do
Quilombo se formou como local de resistência à escravidão e luta pela liberdade, uma vez que eram
formados por escravos fugidos do sistema escravagista. Essas comunidades formadas no Brasil
durante o período colonial, por africanos feudatários e seus descendentes. Esses agrupamentos
também eram conhecidos como mocambos.
Segundo a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais
Quilombolas (CONAQ) o termo quilombola é originário do idioma africano quimbuco e remete a
ideia de “sociedade formada por jovens guerreiros que pertenciam a grupos étnicos desenraizados de
suas comunidades”. Importante considerar que o Território Remanescente de Comunidade
Quilombola é uma conquista da comunidade afrodescendente no Brasil, originária da resistência ao
modelo escravagista imposto pelas lideranças, no Brasil Colônia. Alguns grupos foram formados por
meio de terras provenientes de “heranças, doações, pagamentos em troca de serviços prestados ou
compra de terras, durante a vigência do sistema escravocrata após sua abolição” (CONAQ, s.d).
Na Constituição Federal Brasileira de 1988 observa-se o destaque ao sentido de preservação
histórica e cultural dos diferentes povos que compõem a sociedade, através da obrigatoriedade aos
municípios protegerem e preservarem seus bens culturais. Em seu artigo 126, se tem:
Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais
se incluem: [...] V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. (Brasil, 1988: 126).

Assim: “Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências


históricas dos antigos quilombos”. (Brasil, 1988: 127).
Cerca de meio século antes da constituição, a Carta de Atenas foi precursora na exposição dos
princípios gerais e das doutrinas concernentes à proteção dos monumentos. Pelo documento, foi
consagrado o direito de coletividade em relação à propriedade privada. (IPHAN, s.d.:1).
Estudos de Maia (2023), publicado no site oficial da Agência Icatu informam que atualmente
existem 6.023 territórios quilombolas no Brasil. “Estima-se que existam 1,1 milhão de residentes”
(Maia, 2023). Conforme o autor, apenas 8% dos agrupamentos quilombolas estão identificados pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Acrescenta-se o fato que os quilombos formam bens culturais de natureza material e imaterial
que dizem respeito a práticas e domínios do legado da vida da comunidade.
Desta forma, as cidades se organizaram através de seus planos diretores estabelecendo
diretrizes e estratégias para a defesa do acervo e memória cultural considerando as terras

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remanescentes das comunidades dos quilombos como propriedade dos mesmos tendo em vista os
títulos emitidos pelo Estado. (Brasil, 1988: 160).
Pela visão cultural do movimento, Buscácio (2005: 22) declara que os quilombos representam
a identidade negra afro-brasileira. Como meio de reconhecer e valorizar a "cultura negra brasileira"
(Buscácio, 2005: 56) inspirada na experiência histórica da escravidão colonial e na memória
construída, vários setores públicos e privados na área de Arquitetura, passaram a gerir, com objetivo
de preservar as idoneidades tradicionais.
Por consequência, “pensar na Arquitetura como um fenômeno cultural, implica em uma
consideração sistêmica dos fatos arquitetônicos, em que elementos de ordem material e imaterial
encontram-se articulados” (Ibipiana et al 2022: 2).

2. Angra dos Reis e o Quilombo de Santa Rita do Bracuí


A cidade de Angra dos Reis, situada no estado do Rio de Janeiro teve início da sua povoação
ainda no século XVI. Conforme Espinheira (1941):
Uma expedição portuguesa comandada por Gonçalo Coelho, chegou, em 6 de
janeiro de 1502, a uma baía ou angra que a todos encantou. Batizaram-na, então, de
Angra dos Reis, em homenagem à visita dos Três Reis Magos ao menino Jesus, que
é comemorada nesse dia. A vila ali construída recebeu inicialmente o nome de Vila
dos Três Santos Reis, depois Vila de Angra dos Reis e finalmente Angra dos Reis.

A região era habitada por indígenas (Tamoio/Tupinambá) e havia abundância de recursos


naturais e exuberante paisagem que atraíram os colonizadores, enquanto a localização geográfica
atraiu piratas de várias nacionalidades (IPHAN, 2023).
O município (fundado em 28 de março de 1835) entrou em um período de
decadência econômica após a ligação ferroviária entre São Paulo e o Rio de Janeiro,
que levou a diminuição da utilização de seu porto. De forma complementar, a
libertação dos escravos, em 1888, retirou a mão de obra que garantia o
desenvolvimento das plantações de café. (IPHAN, 2023).

No período que antecedeu a abolição da escravatura, numa região lindeira ao Rio Bracuí e à
noroeste do que se conhece hoje como o Centro da cidade, se formou o Quilombo de Santa Rita do
Bracuí.
Segundo FIOCRUZ (2012) por volta de 1877, o Comendador José Joaquim de Souza Breves,
legou a seus ex-escravos cerca de 260 alqueires da chamada Fazenda Santa Rita do Bracuhy, no
município.
No entanto, no século passado, cerca de 100 anos depois, a especulação imobiliária levou os
descendentes dos antigos escravos do Comendador José Breves a começaram a ser pressionados pela
Bracuhy Administração, Participações e Empreendimentos Ltda. a deixar o local.
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Acrescenta FIOCRUZ (2012) que o processo de grilagem daquelas terras que culminou com a
expulsão de algumas famílias dos ex-escravos da região através do represamento da água que serve à
comunidade ao uso de homens armados para ameaçar os moradores.
O reconhecimento como remanescente de quilombos de Santa Rita do Bracuí, ocorreu em
1999, realizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). (FIOCRUZ,
2012). Tal procedimento tinha como objetivo garantir a posse coletiva das terras.
A área possui 616 hectares, onde vivem 129 famílias descendentes de africanos
escravizados para o trabalho na cafeicultura, realizado no século XIX [...] O
Quilombo teve a declaração de reconhecimento de suas terras concedida pelo
(INCRA) no corrente ano. (EBC, 2023).

Atualmente, no espaço quilombola da comunidade de Santa Rita de Bracuí, os recursos


utilizados nas edificações são oriundos da natureza, sendo encontrados em abundância. São eles:
tijolos de adobe para a construção das paredes, cobertura de folhas de palmeira com a finalidade de
fornecer revestimento dos telhados evitando as intempéries das chuvas e do calor e a construção com
vigas de madeira que proporciona a sustentação das edificações.
Atualmente, no espaço quilombola da comunidade de Santa Rita de Bracuí, os recursos
utilizados nas edificações são oriundos da natureza, sendo encontrados em abundância. Mendonça et
al. (2017, p. 346 -347) ressaltam o quanto o Quilombo do Bracuí, se tornou um turismo de memória,
que vive a realidade do lugar. Para os autores, a proposta do Bracuí tem um conceito a gestão
comunitária e a valorização dos saberes local criando um “turismo de base comunitária de memória”,
que não é um teatro, e está sempre revelando as lutas pela conquista da titulação da terra quilombola.
Há seis anos o artigo de Mendonça et al. (2017, p. 347 - 348) definia o turismo no local como
meio para buscar o fortalecimento da história dos descendentes de negros escravos do Bracuí, que
estavam: num processo de reconhecimento e de autoconhecimento como quilombolas, na espera pela
titulação em fase final e na luta para a criação de uma escola Quilombola.
O reconhecimento da titulação das terras ocorreu recentemente, como já informado e, pelo
que será exposto a seguir, verifica-se que é chegado o momento da criação do espaço almejado pelos
quilombolas.
A figura 1, a seguir, apresenta: a localização da área da comunidade, junto ao Rio Bracuhy e a
antiga construção (sede do quilombo).

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Figura 1: Localização e antiga sede. Fonte: Prefeitura Municipal de Angra dos Reis, 2023.

O registro fotográfico serviu como referência para o projeto do novo quilombo, cujo programa
arquitetônico irá atender de forma atualizada e inclusiva a população quilombola residente na área,
bem como melhor integrá-la ao município.

3. O Projeto para o Quilombo de Santa Rita do Bracuí e o BIM


A secretaria do Desenvolvimento Social e Promoção da Cidadania - Prefeitura de Angra dos
Reis, em parceria com a Coordenação Técnica das Comunidades Tradicionais, tem acompanhado as
atividades conscientização no Quilombo Santa Rita do Bracuí.
Hoje em Angra dos Reis, no território quilombola, vivem aproximadamente 260 pessoas e a
comunidade é aberta para receber os visitantes que desejem conhecer um pouco mais da história do
local. (PMAR, 2023).
Para melhor abrigar os quilombolas e acolher os visitantes o governo municipal, após
diagnóstico e consultas à comunidade, através da Secretaria de Educação Juventude e Inovação e com
a consultoria técnica da ARQHOS, deu início ao Projeto de Construção de Cultura e Escola da nova
sede do Quilombo.
Na Planta de Situação já é possível verificar que foi necessária a inclusão de uma segunda
edificação, conectada à primeira, para abrigar o programa de necessidades. Entre ambas uma praça
servirá como elemento integrador. Pelo desenho é possível observar duas entradas (principal e
serviço) que ajudarão a organizar o fluxo de pessoas.

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Figura 2: Planta de situação. Fonte: Prefeitura Municipal de Angra dos Reis, 2023.

No terreno, de cerca de 3.500,00 m², utilizada uma taxa de ocupação de 30% (trinta por cento)
foi estabelecido que o bloco anexo da educação abrigará: cinco salas de aulas com 20 lugares cada,
dois banheiros e refeitório para 24 pessoas e a infraestrutura para seu funcionamento (cozinha,
despensa, lixos, DML, recepção e lavagem e vestiário). Todos ambientes se voltam para o pátio
coberto, seguindo a lógica da edificação principal.

Figura 3: Planta do prédio principal. Fonte: Prefeitura Municipal de Angra dos Reis, 2023.

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A construção que será erguida em substituição à antiga, como se pode observar pela figura 3,
contempla o acervo principal e a área de convivência. De forma octogonal, abriga os seguintes
ambientes: secretaria, direção, biblioteca, sala de informática, sala de recursos, auditório com 25
lugares, sala de professores (as), almoxarifado, DML, lixos e sanitários.
Ao mesmo tempo que a planta e a volumetria do conjunto foram sendo desenvolvidas e
apresentadas à comunidade, também os materiais foram sendo especificados.
Como pelo decreto nº 10.306, de 2 de abril de 2020 (Brasil, 2020), foi estabelecida a utilização
da metodologia / tecnologia Building Information Modelling (BIM) na execução direta ou indireta de
obras e serviços de engenharia realizados por instituições públicas federais, também a Prefeitura de
Angra dos Reis a adotou.
O referido decreto determinou recomendou quatro diretrizes. São elas: (1)
elaboração de modelos para a arquitetura e engenharia (arquitetura, estrutura,
hidráulica, aquecimento, ventilação e ar condicionado e elétrica); (2)
compatibilização e detecção de interferências físicas e funcionais entre as diversas
disciplinas do modelo BIM; (3) extração de quantitativos e (4) geração de
documentação gráfica extraída dos modelos (Brasil, 2020).

No Brasil, existem algumas iniciativas exitosas com a aplicação do BIM, considerando esta
preservação do legado histórico, cultural e do método construtivo. O Hotel dos Quilombolas, em
Pernambuco (Orbitz, 2023) é uma construção que reúne recursos naturais e sistema BIM para
controle de execução, o que traz uma proposta para o turismo sustentável. Assim também a Casa de
Cultura e Escola Bracuí também conta com a inovação proporcionada pelo BIM, integrando
elementos da cultura afrodescendente e elencando diversos benefícios, como: maior eficiência na
obra, melhor acompanhamento do projeto, redução de erros e desperdícios, bem como maior
segurança e qualidade no processo construtivo.
A Modelagem da Informação da Construção é um método construtivo virtual, que oferece
mais precisão de dados, em uma edificação.
"[...] definimos BIM como um conceito que se expressa a partir de Tecnologia de
modelagem e um conjunto associado de processos para produzir, comunicar e
analisar modelos de construção." (Eastman et al, 2014)

O BIM não é somente um modelo 3D para visualização do espaço projetado, é composto por
um banco de dados que permite agregar informações, aumentar a produtividade e racionalizar o
processo construtivo (Crespo e Russel, 2007, p. 2). Ao aplicar o BIM para armazenar os dados da
técnica de construção ancestral, é possível documentar de forma precisa e detalhada os métodos e
materiais utilizados. Essas informações podem incluir detalhes como o tipo de materiais empregados,
as técnicas de construção utilizadas, as dimensões e características dos elementos construtivos, entre

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outros. A figura 4, a seguir, enfatiza a valorização da especificação dos materiais no projeto a partir da
perspectiva “explodida”.
Uma das principais vantagens do uso do BIM é a capacidade de armazenar informações em
um formato digital padronizado, que pode ser facilmente consultado e atualizado ao longo do tempo.
Isso facilita a preservação dos dados e permite que sejam acessados e compartilhados por
profissionais da área de construção, pesquisadores e outros especialistas interessados.
Além disso, o BIM também oferece a possibilidade de simular e visualizar digitalmente os
procedimentos construtivos. Isso permite que os profissionais compreendam melhor como esses
métodos eram aplicados e identifiquem possíveis problemas ou desafios relacionados à preservação e
restauração de construções antigas. Outra vantagem importante do uso do BIM é a capacidade de
criar um registro histórico preciso das metodologias aplicadas e mantidas ao longo do tempo. Isso é
especialmente relevante para construções que possuem valor histórico ou cultural, pois permite que
sejam preservadas e transmitidas para as futuras gerações.

Figura 4: Materiais construtivos. Fonte: Prefeitura Municipal de Angra dos Reis, 2023.

Neste sentido, Castelhano (2013) destaca a contribuição dos profissionais com a iniciativa,
uma vez que favorece um trabalho colaborativo e em tempo real.
O uso do BIM tampouco se limita ao projeto. Sendo uma ferramenta colaborativa,
ele permite que os profissionais com diferentes funções trabalhem no mesmo projeto
em diferentes fases. Ele reduz sensivelmente o tempo gasto em cada projeto ao
mesmo tempo em que melhora o nível de detalhamento e proximidade com a
realidade (Castelhano, 2013, p. 22).
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A adoção do BIM também se alinha aos três principais aspectos de produção da contratação
enxuta – transformação, fluxo e gestão de valor. Foram identificadas 56 interações entre os princípios
do lean construction com as funcionalidades BIM, como eliminação de desperdício e entregas rápidas
(Arayici et al 2011 apud Felisberto, 2014, p. 70).
Ainda de acordo com Felisberto (2014), a modelagem BIM vem sendo utilizada em projetos
de construção em todo o mundo, integrando usuários e fomentando a aprendizagem inicial,
percebendo o poder de modelagem ao mesmo tempo em que geram dados mais complexos e
detalhados, “permitindo apoiar os seus diversos processos vinculados, como projeto, fabricação e
contratação” (Solihin e Eastman, 2015, p. 69 apud Felisberto, 2014, p. 71).
Outro ponto importante é que essa Modelagem da Informação da Construção congrega
diversas áreas do conhecimento, tais como Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação,
permitindo a ideação do modelo virtual da edificação, “no qual se avalia com procedência as soluções
construtivas adotadas, recursos necessários, tempo de execução e qualidade do projeto” (Pereira e
ChirolI, 2022, p. 3) e desta maneira, contribuindo para o desenvolvimento sustentável.
Um dos principais benefícios elencados pelos autores é que a tecnologia BIM não se restringe
às análises em papel impresso e documentação gráfica, e com essa funcionalidade permite uma
comunicação assertiva entre os vários setores da construção. Para eles, as ferramentas impressas são
passíveis de equívocos e no software há possibilidade de reunir diversos elementos gráficos, em um
só arquivo. Acrescenta-se que o software Autodesk Revit 2021 proporciona a modelagem da
edificação, simulação, conferência e eventual edição dos modelos usados, assim como o Autodesk
Navisworks Manage 2021, a fim de compatibilizar e extrair as referências pertinentes ao estudo.
O modelo BIM da AutoDesk possui recursos de coordenação da informação entre
colaboradores em ambiente de rede extranet, o que exige um planejamento nas regras de acesso aos
dados e busca de padronização para evitar conflitos de comunicação (Crespo e Ruschel, 2007, p. 4).
A tecnologia BIM chegou ao Brasil em meados dos anos 2000, mas destaca-se em diversos
países, por seu potencial de melhorias e por imprimir uma melhor qualidade no setor construtivo
realçando, assim, o aumento da produtividade, qualidade dos projetos, confiabilidade dos dados,
possibilidade de realização de análises, entre outros recursos (Gomez, 2022).
Para Gonçalves (2022), o aparato tecnológico favoreceu a precisão documental do patrimônio
arquitetônico, destacando-se: o escaneamento a laser, a fotogrametria digital e o BIM. “O
levantamento tridimensional constitui uma potente tecnologia para registro de edificações e sítios
históricos, resultando em nuvens de pontos com precisão dimensional milimétrica” (Dezen-Kempter
et al, 2015 apud GONÇALVES, 2022, p. 8).

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Silva e Nemer (2022, p. 83) citam Sousa e Figueiredo (2019) relatando que a vantagem da
utilização do BIM encontra-se na tomada de decisão, que pode acontecer anteriormente a execução
do projeto. “As ferramentas utilizadas permitem comparar o impacto entre os projetos
complementares de forma simultânea e otimizar os usos energéticos da edificação” (Sousa e
Figueiredo, 2019 apud Silva e Nemer, 2022, p. 83).
Em termos práticos, a era BIM é caracterizada por modelos tridimensionais da informação,
integrando as áreas, com a valorização das representações em 2D pertencentes à documentação
inicial. As representações passam a ser consistentes, pois derivam de um mesmo modelo, como
exemplifica a figura 5: perspectiva do Conjunto Casa de Cultura e Escola Bracuí.

Figura 5: Perspectiva do Conjunto. Fonte: Prefeitura Municipal de Angra dos Reis, 2023.

Nesse contexto, infere-se que o BIM proporciona uma avaliação integrada do


empreendimento, acessando múltiplas dimensões simultaneamente e congregando uma quantidade
rica de desdobramentos, ao mesmo tempo em que avalia as influências sociais, ambientais,
econômicas, culturais, entre outras. “Apesar da importância do tema sustentabilidade, muitas
empresas de construção ainda não adotaram tais práticas pela busca de soluções para os problemas
gerados por suas atividades” (Mattana e Librelotto, 2017 apud Maciel, 2021, p. 13).
Essa metodologia caracteriza-se como forte aliada no processo de projeto integrado e
modelagem, favorecendo a execução de projetos sustentáveis principalmente por suas características
como a modelagem paramétrica, que facilita a geração de modificações rapidamente, facilitando o
desenvolvimento de simulações que permitem a análise de diferentes propostas de projeto. Outra
característica é a interoperabilidade que propicia uma melhor colaboração entre os envolvidos, de

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modo que se torna mais fácil o refinamento do projeto na busca da sustentabilidade (Giesta, Neto e
Costa, 2017 apud Maciel, 2021, p. 13).
Os estudos de Oliveira, Mussi e Engerroff (2020, p. 23) tratam da preservação do patrimônio
histórico e suas relações com o planejamento e desenvolvimento urbano. Os autores fomentam a
discussão sobre a importância de zelar pelas construções patrimoniais para as cidades e como essa
articulação relaciona-se com as questões do progresso. “Quanto mais velho um prédio, mais histórias
carrega em sua fachada e mais sua arquitetura dialoga com o tempo que já passou, ou seja, mais
histórias ele tem e pode contar”.
Um percurso que transpassa pelos aspectos culturais e históricos. Oliveira, Mussi e Engerroff
(2020, p. 23) descrevem que o patrimônio arquitetônico são bens que representam referência para os
habitantes de determinada localidade, e com isso, exerce grande importância no cotidiano dos
indivíduos. “Muitas vezes, por mais que estejam escondidos ou que passem despercebidos pela
maioria das pessoas, estão associados a memória coletiva ou individual”. Neste sentido, os
especialistas acreditam que a manutenção das informações auxilie no resgate e manutenção da cultura
e educação local.
O patrimônio arquitetônico merece salvaguarda pois faz parte da memória coletiva
urbana da cidade, haja visto, que o espaço urbano é um ambiente socialmente
produzido e faz associações diretas sobre a trajetória das transformações do lugar –
de onde e para onde a cidade expandiu-se e o porquê das ações realizadas no cenário
da cidade (Oliveira, MUSSI e Engerroff, 2020, p. 23).

Diante dos argumentos apresentados, acredita-se que o futuro da preservação cultural do


patrimônio construtivo quilombola depende do apoio às comunidades remanescentes, assim como da
conscientização e engajamento da sociedade como um todo. Logo, se torna fundamental que a
valorização das técnicas construtivas quilombolas seja incentivada e disseminada, para que essa
herança cultural, educacional, social permaneça sendo transmitida às futuras gerações: um esforço
coletivo de conscientização, de conhecimento dos métodos construtivos, de honra a sabedoria
ancestral e de prestígio à autoestima e identidade do povo quilombola.
Desta forma, “pensar na Arquitetura como um fenômeno cultural, implica em uma
consideração sistêmica dos fatos arquitetônicos, em que elementos de ordem material e imaterial
encontram-se articulados” (Ibipiana et al, 2022, p. 2).
Preservar é essencial para o entendimento do que nossos antepassados pensavam e
como viam o mundo, pois a arquitetura, vista como arte e patrimônio, é o reflexo dos
nossos pensamentos, sentimentos e demais subjetividades (Oliveira, Mussi e
Engerroff, 2020, p. 24).

Oliveira e Callai (2018, p. 143) comentam que o patrimônio arquitetônico é fruto de um


movimento coletivo, protagonizado por diversos grupos e de grande importância para os sujeitos em
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sociedade, uma vez que acolhe as memórias associadas à coletividade, sua historicidade e elementos
urbanos e do desenvolvimento local. “É manter vivas as marcas da história, assegurando a
possibilidade de que as gerações futuras tomem conhecimento das manifestações produzidas
socialmente ao longo do tempo”.

4. Conclusão
Ao olhar para o projeto que será implantado para a comunidade quilombola em Angra dos
Reis se verifica o quanto os investimentos em infraestruturas comunitárias e políticas públicas que
valorizem as suas tradições culturais são necessários. Além disso, é crucial aumentar a consciência da
sociedade sobre a importância de preservar estas áreas com suas culturas, educação, valores e
costumes, esses, são pilares estruturais para a promoção de uma sociedade mais justa e igualitária no
Brasil.
Na pesquisa, por meio da bibliografia consultada e com o objetivo de compreender as
contribuições que a metodologia BIM pode impactar nas técnicas construtivas dos quilombos, foi
possível identificar que a combinação da tecnologia com as práticas tradicionais proporciona
soluções eficientes, duráveis e compatíveis com a preservação cultural e arquitetônica. Um método
que valoriza as memórias, os costumes, os valores e as emoções dos povos nativos, bem como o
sentimento de pertencimento e manutenção do valor subjetivo do agrupamento e do território.
O uso da realidade aumentada, por sua vez, contribuiu para a visualização prévia do projeto a
ser desenvolvido. Outro recurso foi a visualização das informações em tempo real, por diversos
profissionais envolvidos na iniciativa, o que favoreceu a troca de percepções e análises mais
elaboradas. Nesta visão, conclui-se que o BIM foi e é uma ferramenta eficaz e importante para o
resgate da história da formação do Quilombo de Santa Rita de Bracuí, preservando e valorizando as
técnicas construtivas desenvolvidas pela cultura dos quilombos, mantendo as tradições vivas e
valorizadas, ao mesmo tempo em que contribui para um futuro melhor e mais sustentável.

5. Referências bibliográficas
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2016.

BRASIL. Estabelece a utilização do Building Information Modelling na execução direta ou


indireta de obras e serviços de engenharia realizada pelos órgãos e pelas entidades da
administração pública federal, no âmbito da Estratégia Nacional de Disseminação do

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