Você está na página 1de 104

Capítulo do Livro

Depósitos auríferos em distritos mineiros brasileiros


Jost H, Brod JA, Queiroz ET de (eds.)
Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) / Agência para o
Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira (ADIMB), 2001, 3-77

GEOLOGIA DO DEPÓSITO DE OURO CUIABÁ, QUADRILÁTERO


FERRÍFERO, MINAS GERAIS

LYDIA MARIA LOBATO 1 , LUIZ CLÁUDIO RIBEIRO RODRIGUES 2 , MARCOS


NATAL DE SOUZA COSTA1 , RODRIGO MARTINS1 , ERIC LEHNE1 , JAMES VIEIRA
ALVES3 , COLOMBO C. G. TASSINARI4 , FREDERICO WALLACE REIS VIEIRA5 ,
EDILBERTO ELIAS BIASI5 , ROSALINE CRISTINA FIGUEIREDO E SILVA1 , VIVIANE
CRISTINA ALVES PEREIRA1 , CARLOS MAURÍCIO NOCE1

1
Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Geociências, Campus Pampulha, Belo Horizonte, Minas Gerais, 31270.901,
lobato@dedalus.lcc.ufmg.br, mgoldgeo@aol.com, rmartins@lamil.com.br, elehne@gmx.de, rosalinecris@bol.com.br, vi.cris@mailbr.com.br,
noce@dedalus.lcc.ufmg.br
2
Fundação Educacional de Caratinga, Av. Moacyr de Mattos 49, Centro, Caratinga, Minas Gerais, 35300-047, lcrr@funec.br
3
Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear, CT2, R. Prof Mário Werneck s/n o , Campus Pampulha, 31270.010,
alvesjv@urano.cdtn.br
4
Universidade de São Paulo, Instituto de Geociências, R. do Lago 562, Cidade Universitária, Butatã, São Paulo, São Paulo,
05508.900, ccgtassi@spider.usp.br
5
Mineração Morro Velho S. A., Praça. do Mineiro 83, Nova Lima, Minas Gerais, 34000.000, frederico@mmv.com.br, eebiasi@mmv.com.br

RESUMO O depósito Cuiabá é a principal mineralização aurífera da região do Quadrilátero Ferrífero em Minas
Gerais, explorado na maior mina em operação subterrânea para ouro no Brasil. Encaixa-se em rochas arqueanas da base
do Supergrupo (greenstone belt) Rio das Velhas, ao sul do Cráton do São Francisco.
A sucessão litológica no depósito é composta por rochas metamorfisadas na fácies xisto verde, constituindo da base
para o topo: basaltos andesíticos com intercalações de filito carbonoso; formação ferrífera bandada (FFB) e chert
ferruginoso; basaltos; alternância de pelitos e vulcanoclásticas félsicas. Esse conjunto é disposto ao longo de uma dobra
tubular cujo eixo maior alarga-se com a profundidade. Como em outros depósitos da região, o depósito Cuiabá
apresenta um forte controle estrutural e a mineralização relaciona-se à alteração hidrotermal de encaixantes ricas em
ferro, especialmente FFB e chert ferruginoso e, subordinadamente, basalto.
Três estilos principais de mineralização são identificados e refletem a competência de litologias, taxas de strain, pressão
de fluido, variações na interação fluido-rocha e uma composição distintiva dos minerais-minério. Os estilos são: (i)
substituição, estruturalmente controlada, de bandas carbonáticas da FFB por sulfetos, principalmente pirita; (ii) sulfetos
disseminados em zonas de alteração hidrotermal relacionadas a zonas de cisalhamento; e (iii) veios e sistemas de
venulações de quartzo-carbonato-sulfeto auríferos, tipicamente em rochas máficas.
A alteração hidrotermal modificou as associações minerais de pico metamórfico, afetando diferentes unidades
litológicas e é consistente com todos os estilos estruturais, em todas as escalas. As associações mineralógicas resultantes
dispõem-se em padrões aproximadamente zonais que envolvem o minério. Esses padrões zonados refletem variação nas
relações fluido-rocha em condições próximas de isotermais. Associações hidrotermais em rochas máficas, contendo
actinolita±epidoto±albita metamórficos, caracterizam zonas de alteração (i) distal da clorita, (ii) intermediária do
carbonato e (iii) proximal de mica branca, rica em sulfeto. Tanto FFB como chert ferruginoso exibem nítido
bandamento composicional metamórfico, caracterizado por bandas claras, com carbonato (siderita dominante) ±
quartzo, e bandas escuras com carbonato ± matéria carbonosa. Sua alteração distingue-se por extensos halos
carbonáticos (anquerita dominante), dando lugar a rocha bandada de cor laranja, nos envelopes de zonas sulfetadas.
O ouro associa-se preferencialmente a pirita, na forma de inclusões e ao longo de fraturas e contatos de grãos, e sua
precipitação está intimamente relacionada a reações de interação fluido-rocha, por sulfetação dos carbonatos. Estudos
microtexturais sugerem que a sulfetação ocorreu em três estágios, de cedo- a tardi-tectônicos, tendo a deposição
principal do ouro ocorrido no estágio sin-tectônico. Um máximo de deposição de ouro foi simultâneo com o início do
enriquecimento em arsênio na pirita e/ou estágio incipiente de deposição de arsenopirita, o que está especialmente

1
registrado nos corpos de minério Fonte Grande Sul e Serrotinho. Esse máximo corresponde a valores decrescentes da
atividade de enxofre, aΣS, entre a faixa de equilíbrio de formação de pirrotita e arsenopirita.
Partículas de ouro associam-se de forma preferencial à pirita arsenical nos corpos de minério Fonte Grande Sul e
Serrotinho. Já nos corpos Galinheiro e Balancão, que acham-se mais fortemente deformados que os dois primeiros, a
preferência se dá pela pirita grossa. Considerando que a formação de pirita arsenical é tardia à precipitação de pirita
como um todo, indicando valores decrescentes da aΣS, é possível que em zonas mais deformadas do depósito as reações
de sulfetação não tenham ocorrido sob as aΣS características desse máximo de deposição de ouro. Sob condições de altas
taxas de deformação, taxas de reação muito altas teriam dominado, inibindo assim algumas das reações de sulfetação e
o máximo de deposição aurífera.
Inclusões fluidas aquocarbônicas, pseudosecundárias, são ricas em CH4 com pouco ou nenhum CO2. Inclusões
primárias, predominantemente aquosas e de baixa salinidade, têm fase gasosa composta unicamente por CH4, com CO2
subordinado. A presença de abundante CH4 relaciona-se à redução do fluido original a H 2 O-CO 2 , através da reação de
hidrólise 2C + 2H2O → CO2 + CH4, por interação com matéria carbonosa, que está presente em filitos adjacentes aos
corpos de minério e na própria FFB. O CO2 adicional produzido pela reação deve ter favorecido a geração dos extensos
halos de alteração carbonática, presentes no depósito. Considerando por outro lado a restrita extensão dos halos de
alteração carbonática nos filitos em contato com a FFB mineralizada, é seguro afirmar que os filitos carbonosos atuaram
como barreira física e química para o fluido hidrotermal, facilitando a concentração do ouro.
A relação pirrotita/pirita aumenta com a profundidade acompanhando o aumento da complexidade estrutural. Já que não
existe nenhuma evidência da existência de mudança nas associações minerais dos silicatos com a profundidade, o que
poderia ser compatível com uma variação das condições metamórficas, o aumento de pirrotita deve estar relacionado às
condições da alteração hidrotermal. Em zonas muito deformadas e dominadas por dobras, as charneiras, onde
predominam a pirrotita, funcionaram como locais de fluxo intenso de fluidos com relação fluido/rocha muito elevada.
Nestas condições, fluidos ricos em CH4 teriam prevalecido, não tendo sido sempre atingidas condições de aΣS de
equilíbrio de pirita.
Determinações isotópicas de enxofre e chumbo forneceram valores relativamente uniformes. Foram obtidos em grãos
de sulfeto pertencentes às mais diversas famílias e em posições estruturais variadas no depósito, inclusive em alguns
casos hospedados em veios discordantes do bandamento da FFB. Os dados de δ34S acham-se numa faixa estreita de
valores, indicando que a fonte de enxofre era isotopicamente uniforme, entre +1,4 a +5,6‰. A homogeneidade de
valores Pb-Pb sugere a contemporaneidade das famílias de sulfetos. Os resultados Pb-Pb parecem ainda implicar
derivação de chumbo por mistura entre uma fonte crustal antiga e uma do greenstone. Adicionalmente, dados isotópicos
de estrôncio, entre 0,704615 e 0,726904, apontam para uma contribuição crustal importante para a composição do
fluido mineralizador. Para o caso do depósito Cuiabá é, portanto, difícil invocar-se uma origem singenética
vulcanogênica para a mineralização aurífera.
Estudos da composição isotópica do carbono em carbonatos de basalto (entre –3,4 a –8,8‰) e da FFB Cuiabá (entre –
9,9 a –0,7‰), incluindo seus produtos de alteração, sugerem que a evolução do δ13C dos carbonatos foi determinada por
variações na razão fluido/rocha e pelo caráter relativamente redutor do fluido hidrotermal. O valor empobrecido de 13C
da anquerita da FFB pré-alteração sugere que, mesmo na FFB, esse carbonato é de origem hidrotermal. A variação
isotópica no basalto, que é de valores empobrecidos de δ13C com o aumento da intensidade da alteração, é progressiva e
sistemática, ao contrário da FFB que ocorre num intervalo relativamente amplo nas zonas intermediária e proximal. Isso
sugere que os efeitos resultantes da reação de hidrólise com matéria carbonosa, gerando mudanças na razão CH4/CO2 do
fluido hidrotermal, influenciaram o padrão de empobrecimento ou enriquecimento isotópico dos carbonatos. Os dados
de isótopos de carbono são compatíveis com dissolução de CO2 de zonas locais contendo carbonato, pré-existentes,
como rochas ultramáficas ricas em carbonato.
Dados de isótopos de oxigênio em carbonatos de basalto (entre +11,5 a +14,1‰) e da FFB (entre +12,0 a +18,1‰)
Cuiabá proporcionam estimativa da composição do fluido como compatível com valores isotópicos metamórficos. A
fO2 do fluido mineralizador foi controlada pelo tampão CO2-CH4, na faixa de fO2 log –31, assumindo-se ter havido
equilíbrio de oxi-redução nos estágios mais avançados da alteração.
Os dados Pb-Pb em sulfetos sugerem que a mineralização aurífera deve ter-se formado no Arqueano tardio, na faixa de
idade aproximada entre 2,75 e 2,7 Ga. Essa faixa de valores pode ser interpretada preliminarmente como referente à
idade da mineralização, com os diferentes episódios mineralizadores ocorrendo muito próximos no tempo geológico,
ainda dentro do Arqueano tardio. A idade modelo máxima calculada pelos dados Pb-Pb, de 2,78 Ga, é interpretada com
uma idade mínima, indicando o fechamento desse sistema isotópico em 2,67 Ga. Estas idades podem indicar derivação
de fluidos mineralizadores, crustais, concomitante com o vulcanismo félsico a 2780-2772 Ma e provável precipitação de
sulfetos e ouro entre 2,68 e 2,65 Ga. Uma idade isocrônica Sm-Nd de 2927 ± 180 Ma, obtida em metabasaltos de
diferentes graus de diferenciação e de diferentes pontos do Quadrilátero Ferrífero, indica a época do vulcanismo
basáltico. Valores de εNd pouco negativos indicam contaminação crustal, provavelmente resultante de interação com
rochas sedimentares.
Propõe-se que um episódio principal de introdução de grandes volumes de fluido hidrotermal, de origem metamórfica,
em variados tipos de rocha causou a concentração epigenética do ouro, principalmente em função das reações de
sulfetação, e alteração hidrotermal, durante os estágios tardios de deformação e metamorfismo no Arqueano. Embora o
arcabouço geotectônico do Quadrilátero Ferrífero tenha fundamental influência de eventos de deformação do
Proterozóico, nesse período geológico as rochas do greenstone belt Rio das Velhas já estavam metamorfisadas, no

2
Arqueano, e os volumes de fluido requeridos para a possante mineralização em Cuiabá, e outras similares, jamais teriam
sido produzidas por metamorfismo.

ABSTRACT The Cuiabá deposit is the main gold mineralization in the Quadrilátero Ferrífero region,
Minas Gerais, exploited in the largest Brazilian underground gold mine. It is hosted by Archean rocks of
the base of the Rio das Velhas (greenstone belt) Supergroup, in the southern São Francisco Craton.
The lithological succession at Cuiabá is composed of rocks metamorphosed in the greenschist facies,
encompassing from bottom to top: andesitic basalts with intercalated carbonaceous phyllite; banded iron
formation (BIF) and iron-rich chert; basalts; alternating pelites and volcaniclastic rocks. These are
disposed in a tubular fold which longest axis enlarges at depth. As is the case in other deposits, the Cuiabá
deposit has a strong structural control, and mineralization is related to the hydrothermal alteration of iron-
rich host rocks, especially BIF and iron-rich chert, and subordinately basalt.
Three main mineralization styles are identified and reflect the competence of rocks, strain rates, fluid pressure,
variations in fluid to rock ratios. These are: (i) structurally-controlled, sulfide replacement zones in BIF; (ii) shear-
related, disseminated sulfides in hydrothermal alteration zones; and (iii) auriferous quartz-carbonate-sulfide veins and
veinlet systems, typically in mafic rocks.
Hydrothermal alteration modified peak metamorphic minerals, affecting all lithologies and is consistent
with all structural styles, at all scales. The resultant mineral associations are displayed at roughly zoned
patterns around gold ore. These zoned patterns reflect variations in the fluid-rock ratios, under closely isothermal
conditions. Hydrothermal associations of mafic rocks, containing metamorphic actinolite±epidote±albite,
characterize zones of alteration identified as (i) distal, chlorite-dominant, (ii) intermediate, carbonate dominant, and (iii)
proximal, sulfide-rich, white-mica-dominant.
Iron-rich chert and BIF display a metamorphic compositional banding that is characterized by light-colored bands,
dominated by carbonate (mainly siderite) ± quartz, and dark-colored bands containing carbonate ± carbonaceous matter.
Their alteration is distinguished by extensive carbonate (ankerite-dominant) halos, giving place to an orange-colored,
banded rock that surrounds sulfidized portions.
Gold is associated mainly with pyrite, as inclusions and along fractures and grain borders, and was
precipitated due to fluid-rock interaction that resulted in the sulfidation of carbonates. Microtextural
studies suggest that sulfidation occurred in three stages, from early- to late-tectonic, with gold deposition
having occurred during the syn-tectonic stage. A maximum in gold deposition was simultaneous with the
incipient arsenic enrichment of pyrite and/or arsenopyrite formation, what is especially clear in the Fonte
Grande Sul and Serrotinho orebodies. This maximum corresponds to progressively decreasing sulfur
activity, aΣS, between the equilibrium conditions of pyrrhotite and arsenopyrite formation.
Gold particles are preferably associated with arsenical pyrite in the Fonte Grande Sul and Serrotinho
orebodies. In the Galinheiro and Balancão orebodies, which are more deformed than the former two, gold
is associated more clearly with coarse pyrite. Since the formation of arsenical pyrite is late in relation to
pyrite in general, indicating decreasing aΣS values, it is possible that in the more deformed zones of the
deposit sulfidation reactions did not occur under the aΣS characteristic of conditions of maximum gold
deposition. Under high deformation rates, high reaction rates would have dominated hampering the
completion of all sulfidation reactions and the conditions of maximum gold deposition.
Pseudo-secondary, aqueous-carbonic fluid inclusions are CH 4 -rich, containing little or no CO 2 . Low-
salinity, primary inclusions are predominantly aqueous, and have a vapor phase made only of CH 4 with
subordinate CO 2 . The presence of abundant CH 4 -rich inclusions is related to reduction of the original H 2 O-
CO 2 fluid interacting with carbonaceous matter, via the hydrolysis reaction 2C + 2H2O → CO2 + CH4.
Carbonaceous matter is present in phyllites adjacent to BIF, and within it. The additional CO 2 produced by
this reaction must have favored the generation of the extensive carbonate haloes present at Cuiabá. In view
of the narrowness of the carbonate alteration haloes of phyllites in contact with mineralized BIF, it is safe
to imply that the carbonaceous rocks both acted as a physical and a chemical barrier to the hydrothermal
fluid, enhancing gold concentration.
The pyrrhotite/pyrite ratio increases at depth, accompanying the increase in structural complexity. Since
there is no evidence for any other mineralogical change with depth, which could be explained by an
increase in metamorphic conditions, the increase in pyrrhotite must be associated with the hydrothermal
regime. In highly deformed zones, dominated by folds, hinge zones acted as loci for very intense fluid
flux, with very high fluid/rock ratios. Under these conditions, CH4-rich fluids must have prevailed, and the
equilibrium aΣS conditions of pyrite were not always attained.
Isotope lead and sulfur determinationare provided relatively uniform results. They were obtained in sulfide grains
belonging to diverse families and occurring in various structural sites in the deposit, in places crosscutting the
compositional banding of BIF. The δ34S results are within a narrow range, indicating that the source of sulfur was
isotopically uniform between +1.4 to +5.6‰. The homogeneity in Pb-Pb values suggests the contemporaneity of all
sulfide families. The Pb-Pb data also implicate lead derivation via mixture of an ancient crustal source and the
greenstone rocks. Additionally, strontium isotope data, between 0.704615 and 0.726904, point to an important crustal

3
contribution to the mineralizing fluid. For the Cuiabá deposit it is therefore difficult to invoke a syngenetic,
volcanogenic origin.
Carbon isotopic values of carbonates in basalt (–3.4 to –8.8‰) and the Cuiabá BIF (–9.9 to –0.7‰), including their
alteration products, suggest that their δ13C evolution was determined by variations in the fluid/rock ratios and by the
relatively reducing nature of the fluid. The depleted 13C value of ankerite of the pre-alteration BIF suggests that even in
BIF ankerite is of hydrothermal origin. The δ13C variation of basalt is progressive and systematic, with values being
more depleted with the increase in the intensity of alteration. The variation is ample in the case of BIF. This suggests
that the effects of the fluid reduction, resulting in changes in the CH4/CO2 ratio of the fluid, influenced the enrichment
and/or depletion patterns of carbon isotopes. The δ13C data are compatible with CO2 dissolution from pre-existing
carbonate-rich zones, such as ultramafic rocks.
The δ13O data of carbonates in basalt (+11.5 to +14.1‰) and the Cuiabá BIF (+12.0 to +18.1‰) allow estimation of
fluid composition to be compatible with isotopic metamorphic values. The fO 2 of the mineralizing fluid was
controlled by the CO2-CH4 buffer equilibrium at about log fO 2 of –31. Equilibrium oxi-reduction conditions
can be assumed to have occurred in the advanced alteration stages.
The Pb-Pb sulfide data suggest that the gold mineralization must have formed in late Archean times, approximately
between 2.75 and 2.7 Ga. This period is preliminarily interpreted as the mineralization age, with closely-spaced
mineralization episodes in the late Archean. The maximum model Pb-Pb age calculated at 2.78 Ga is interpreted as the
minimum age for the closure of the isotopic system around 2.67 Ga. These ages can indicate crustal derivation of
mineralizing fluids contemporaneously with the felsic volcanism at 2780-2772 Ma, and precipitation of gold-bearing
sulfides between 2.68 and 2.65 Ga. An isochronic Sm-Nd age of 2927 ± 180 Ma, obtained in metabasalts of varying
degrees of differentiation and sampled in different parts of the Quadrilátero Ferrífero, indicate the timing of basaltic
volcanism. Slightly negative εNd values indicate crustal contamination, probably due to interaction with sedimentary
rocks.
It is proposed that large volumes of metamorphic-derived, hydrothermal fluids were introduced into
different rock types during one major episode, causing epigenetic gold concentration, mainly via
sulfidation reactions, and wallrock alteration during the late stages of Archean regional deformation and
metamorphism. Although the geotectonic framework of the Quadrilátero Ferrífero region was strongly
influenced by Proterozoic deformational events, in this geological period the Rio das Velhas greenstone belt
rocks had already been metamorphosed, in the Archean, and the fluid volumes necessary to produce the
large gold mineralization at Cuiabá, and other similar deposits, could never be produced by
metamorphism.

APRESENTAÇÃO O presente trabalho descreve as atividades desenvolvidas e os resultados


obtidos ao longo de Projeto intitulado “Caracterização de depósitos auríferos em distritos mineiros
brasileiros – Área-Alvo Mina Cuiabá, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais”. O mesmo foi
financiado pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico-PADCT, com
apoio financeiro adicional do Departamento Nacional da Produção Mineral-DNPM e de diversas
empresas de mineração, através da Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria
Mineral Brasileira-ADIMB. O Projeto, aprovado pela Financiadora de Estudos e Projetos-FINEP
em abril de 1998, iniciou-se em outubro de 1998 estendendo-se até dezembro de 2000. As
investigações no depósito aurífero na Mina Cuiabá envolveram uma equipe de cerca de 20
pesquisadores coordenados pela Profa. Dra. Lydia Maria Lobato, do Departamento de Geologia,
Instituto de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A mais importante mina de ouro do Quadrilátero Ferrífero (Figura 1), Cuiabá constitui-se numa das
principais minas em operação e a maior de ouro subterrânea no Brasil. Localiza-se junto à cidade de
Sabará e é de propriedade da Mineração Morro Velho S. A. Com galerias abertas até 700 m de
profundidade (nível 11) e mapeamento em escala 1:100, o depósito Cuiabá apresenta um excelente
nível de afloramentos e de informações geológicas. Além disso, furos de sonda extensos, de até 1,5
km, e que interceptam as estruturas tectônicas em profundidade, permitem um alto grau de
confiabilidade para as interpretações. Dados de reservas medidas em setembro de 1999 indicavam 8
773 138 t, a um teor médio de 7,83 g/t de Au (Mineração Morro Velho S. A., comunicação escrita).

Figura 1. Mapa de localização do depósito Cuiabá.

A mineralização de ouro principal em Cuiabá é encaixada em formação ferrífera bandada (FFB) ±


chert ferruginoso (aqui designados simplesmente como FFB e chert) metamorfisados, de idade
arqueana, do Grupo Nova Lima, Supergrupo (greenstone belt) Rio das Velhas, no Quadrilátero

4
N
BR-062
Mina Cuiabá
70o 62o 54o 46o 38
o Sabará
BR-05 Caeté
o
ric

0o Te
le

BELO HORIZONTE Queiroz


8 o Raposos

Nova Lima
16o
Belo
Horizonte
BR-040

24o
Porto Alegre
Rio Acima
o 0 5 10 km
32
Ferrífero - QF (Figuras 2 e 3). Os corpos de minério consistem de camadas alternadas de quartzo-
carbonato, chert e sulfeto, as primeiras escurecidas por matéria carbonosa. Teores econômicos de
ouro associam-se a camadas de sulfeto (principalmente pirita), resultantes de sulfetação seletiva e
generalizada, e estruturalmente controlada, de camadas quartzo-carbonáticas. O ouro ocorre como
inclusões, em fraturas e ao longo de cristais de pirita, que é o sulfeto predominante em ≥90% em
volume. Um tipo subordinado de mineralização ocorre também associado a zonas de cisalhamento
em rocha máfica, com sulfetos disseminados e em veios de quartzo (Figura 4).

Figura 2. Mapa geológico simplificado da região do Quadrilátero Ferrífero (em Lobato et al.
2001b, modificado de Baltazar e da Silva 1996, Baltazar e Pedreira 1996). Acham-se localizadas
as áreas de amostragem (1 a 8) para o trabalho de datação geocronológica Sm-Nd. São mostradas
as associações de litofácies do Grupo Nova Lima, greenstone belt Rio das Velhas, e alguns dos
mais importantes depósitos de ouro.
Depósitos de ouro: 1 – Cuiabá; 2 – Raposos; 3 – Morro Velho; 4 – Bela Fama; 5 – Bicalho; 6 –
Esperança III; 7 – Paciência; 8 – Juca Vieira; 9 – São Bento; 10 – Córrego do Sítio; 11 – Brumal;
12 – Lamego; 13 – Santana; 14 – Engenho d' Água.

Figura 3. Mapa geológico simplificado da região entre Sabará e Caeté, mostrando a localização
dos depósitos auríferos Cuiabá e Lamego e a expressão em superfície dos mapas das dobras em
bainha que caracterizam ambos depósitos (em Lobato et al. 2001b, modificado de Zucchetti e
Baltazar 1998). Associações rochosas do Grupo Nova Lima são adaptadas de Baltazar e Pedreira
(1998).

Figura 4. Projeção em seção horizontal do mapa geológico simplificado do depósito de ouro


Cuiabá, nível 3 (desativado) da mina subterrânea, mostrando a distribuição dos corpos de minério
(i) encaixados em FFB, (ii) relacionados à disseminação de sulfetos em zonas de cisalhamento
(Galinheiro Footwall), (iii) formado por veios de quartzo-carbonato-sulfeto (Viana). Os principais
corpos em FFB ± chert ferruginoso são Fonte Grande Sul, Serrotinho, Galinheiro Extensão,
Galinheiro, Balancão e Canta Galo (adaptado de Vial 1988a, Vieira 1992 e Ribeiro-Rodrigues
1998). FFB: formação ferrífera bandada.

Anteriormente ao Projeto, estudos no depósito Cuiabá foram reportados em relatórios internos da


Mineração Morro Velho S. A. (e.g., Vial 1980, 1988a, Vieira 1992), publicações diversas na
literatura (e.g., Vieira et al. 1991a, b, Ribeiro-Rodrigues et al. 1996a, b, c) e em trabalhos de pós-
graduação (Toledo 1997, Ribeiro-Rodrigues 1998). Os mesmos constituíram a base de
conhecimento para o presente trabalho. Outros estudos também foram publicados durante o
desenvolvimento do Projeto (e.g., Toledo et al. 1998, Xavier et al. 2000).
Alguns dos resultados obtidos ao longo do desenvolvimento do Projeto foram apresentados em
palestras e workshops e sintetizados em publicações tais como anais de congressos e periódicos
nacionais e internacionais. Parte dos dados obtidos são objeto de detalhamento e discussão nos
trabalhos de Costa (2000), Lehne (2000), Martins (2000), Lehne (2001), Lobato et al. (2001a, b), e
muitas das conclusões aqui contidas advêm desses autores.

EQUIPE DE TRABALHO RELACIONADA AO PROJETO O Projeto Cuiabá foi coordenado


pela Profa. Dra. Lydia Maria Lobato (UFMG). Atuou como Vice-Coordenador o Pesquisador
Associado Dr. Luiz Claúdio Ribeiro-Rodrigues (Fundação Educacional de Caratinga; até 2000
Bolsista Recém Doutor da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais-FAPEMIG
junto à Universidade Federal de Ouro Preto-UFOP). Outros membros do Projeto foram:
‹ Pesquisadores - Colaboradores Principais: Prof. Dr. Carlos Maurício Noce (UFMG); James
Vieira Alves (Comissão Nacional de Energia Nuclear – Centro de Desenvolvimento da Tecnologia
Nuclear-CDTN, Belo Horizonte); Frederico Wallace dos Reis Vieira (geólogo da Mineração Morro
Velho S. A.-MMV).

5
43°52'30" 43°37'30"

COMPLEXO BELO
HORIZONTE
43°22'30"

4 g

NV 1 COMPLEXO g
g 5 CAETÉ
CAETÉ
SABARÁ

BELO HORIZONTE 6
g
g 12 8
g

2
3 g
NOVA 9 SANTA
LIMA BÁRBARA
5
20°00'00" 13 20°00'00"
4 11 COMPLEXO
10
g g 7 a SANTA
3 BÁRBARA
6
1 8
g
RIO ACIMA

2
LIN

g
14
EA

g
ME
NT
O
PA
CI
ÊN

a
CI
A

a g

7
g
a g
20°15'00" 20°15'00"
ITABIRITO

COMPLEXO BAÇÃO
SÃO
BARTOLOMEU
a

XO
LE OURO PRETO
MP
CO NFIM
BO

20°30'00" 20°30'00"

LEGENDA
GRUPO NOVA LIMA
1 Áreas amostradas para Sm-Nd
Supergrupo Espinhaço a g Associação ressedimentada - fácies anfibolito ( a )
1
fácies xisto verde (g ) Depósito de ouro
Grupo Itacolomi Associação vulcanoclástica Falha

Supergrupo Minas Associação clástica-química ( FFB) Falha de empurrão


Falha direcional
Associação vulcânica-química ( FFB)
SUPERGRUPO RIO DAS VELHAS (2,78 ~ 2,66 Ga) Falha normal
GRUPO MAQUINÉ Associação vulcânica máfica-ultramáfica Sinforme, antiforme

Formação Casa Forte (associação não-marinha) Supergrupo Rio das Velhas indiviso Sinforme, antiforme (invertidos)
Direção de transporte tectônico
Formação Palmital (associação litorânea) Gnaisses do embasamento - TTG
Capital, cidade

0 5 000 10 000 m
43º45’W 43º40’ W
555
5
55 50
19º50’ S 5 45

35 40
50

55 30

Cuiabá
35 35
32 50
35

45 50
60
30 Caeté
65 45 35

Sabará 35

50 30

Lamego
20

40 35 30

35 20
19º56’S
50
15 10 Juca Vieira
30

LEGENDA

Contato geológico inferido


Supergrupo Minas Escala
Outras falhas ou lineamentos 2 km
SUPERGRUPO RIO DAS VELHAS
GRUPO NOVA LIMA Falha transcorrente
Associação ressedimentada
pelito com rocha vulcanoclástica; quartzito; conglomerado Falha de empurrão

Associação vulcanoclástica Mergulho da lineação


tufo±lapilli tufo; grauvaca; pelito; conglomerado; raro andesito
Associação vulcânica-química Direção e mergulho da foliação
basalto, komatiito e vulcânicas intermediárias com filito
carbonoso, FFB±chert intercalados Depósito de ouro
Associação vulcânica máfica-ultramáfica Cidade
basalto rochas ultramáficas; FFB±chert; xisto carbonoso Norte
Estrada verdadeiro
Embasamento
‹ Pesquisadores - Estudantes: mestrandos Rodrigo Martins e Marcos Natal de Souza Costa
(UFMG); Eric Lehne (Universidade Técnica de Aachen, Alemanha); graduandos Viviane Cristina
Alves Pereira e Rosaline Cristina Figueiredo e Silva (bolsistas de iniciação científica-BICs do
CNPq, UFMG).
‹ Outros Colaboradores: Márcia Zucchetti e Orivaldo Baltazar (geólogos da Companhia de
Pesquisa de Recursos Minerais-CPRM, Belo Horizonte); Prof. Dr. Colombo C. Tassinari
(Universidade de São Paulo-USP); Edilberto Elias Biasi e Paulo de Tarso Ferreira (geólogos da
MMV); Prof. Dr. Sudaram Iyer (Universidade de Calgary, Canadá); Prof. Dr. Alcides Nóbrega Sial
(Universidade Federal de Pernambuco-UFPe); Prof. Dr. Márcio Pimentel (UnB); Prof. Dr.
Fernando Flecha Alkmin (UFOP).

APOIO LOGÍSTICO O financiamento dos custos das atividades de pesquisa foi realizado
através do PADCT-DNPM/ADIMB e outras empresas, incluindo trabalhos de campo da equipe de
trabalho (custeio de despesas de alimentação, hospedagem e combustível) e todas as despesas
referentes à confecção de lâminas delgadas e seções polidas, análises químicas, inclusões fluidas,
isótopos estáveis e radiogênicos, inclusive com obtenção de dados geocronológicos, análises
minerais por microssonda eletrônica. O projeto de pesquisa FAPEMIG CEX 93432 financiou parte
das despesas de Luiz Cláudio Ribeiro-Rodrigues.
A pesquisa contou ainda com o apoio financeiro de diversas instituições nacionais e internacionais
de fomento à pesquisa:
• Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq, através de Bolsa de
Produtividade de Pesquisa da coordenadora, duas Bolsas de Iniciação Científica e uma bolsa de
Mestrado.
• Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, através de uma Bolsa
de Mestrado e apoio à Pós-graduação.
• MMV, que colocou à disposição todo material necessário à realização dos trabalhos de campo,
bem como arquivos históricos, de rochas e lâminas, além de realizar algumas análises de metais em
amostras de minério e autorizar o acompanhamento de seus geólogos, em particular Frederico W.
Vieira, em todas as etapas necessárias.
• CPRM, que facilitou o acesso do acervo técnico disponível (literatura, mapas, coleção de
lâminas e rochas).
• UFMG e UFOP, cujas instalações foram utilizadas durante os trabalhos. Estas instituições
financiaram custos de trabalhos de escritório, de fotocópia e de fotografia. Pesquisadores destas
duas instituições participaram na orientação de alunos e realização de trabalhos de campo
conjuntos. Estudos de microscopia e microssonda eletrônica foram em parte realizados no
Laboratório de Microanálises-LMA do consórcio Departamentos de Física-Geologia-Química e
CDTN, instalado no Instituto de Ciências Exatas da UFMG.
• USP, UFPE e UFRGS, em cujos institutos de geociências foram realizadas parte das análises de
isótopos radiogêniocos, estáveis de carbono e oxigênio, bem como análises de microssonda
eletrônica.
• RWTH Aachen, cujo Instituto de Mineralogia e Geologia financiou parte das análises de
microssonda eletrônica, de fluorescência de raio X e de colorimetria de elementos leves - LECO
para determinação de carbono e enxofre dos trabalhos de E. Lehne.

METAS E MÉTODOS DE TRABALHO As metas de trabalho propostas na Área-Alvo Mina


Cuiabá foram definidas segundo os objetivos maiores do Programa PADCT/ADIMB, em
consonância com as possibilidades da equipe e os interesses da Mineração Morro Velho S. A.
(MMV). Com o resultado de parte dessas metas, o espectro de conhecimento sobre as condições
físico-químicas da mineralização foi ampliado, incluindo principalmente informações sobre
composição do fluido, temperatura e pressão, além dos dados estruturais e geocronológicos.
Os trabalhos de campo buscaram a coleta de amostras e obtenção de informações necessárias para o
cumprimento das metas propostas. No decorrer do Projeto foram realizadas aproximadamente 20

6
semanas de trabalho de campo despendidas principalmente em amostragem, descrição e
detalhamento estrutural de frentes de lavra subterrânea, níveis 4, 5, 6, 7, 8 e 11, da área-laboratório
depósito mina Cuiabá (Figura 4).
Os estudos nos níveis subterrâneos da mina Cuiabá basearam-se em mapas geológicos nas escalas
1:100 e 1:500 fornecidos pela Mineração Morro Velho S. A. Antes do início efetivo dos trabalhos
de campo foi feito o reconhecimento da área através de duas visitas técnicas, além de um workshop
com os geólogos da empresa para averiguação das questões de interesse a respeito da mineralização
aurífera Cuiabá. Os levantamento na área-laboratório concentraram-se nos corpos de minério Fonte
Grande Sul, Fonte Grande, Serrotinho, Galinheiro, Galinheiro Footwall, Balancão, Balancão
Footwall, Cantagalo (Figura 4). O estudo estrutural valeu-se do conhecimento já existente e de
detalhamento do corpo Balancão, que foi cartografado em todos os níveis abertos não lavrados (5,
6, 7, 8 e 11). Estes dados foram reforçados com dados obtidos anteriormente pela Mineração Morro
Velho S. A., por Ribeiro-Rodrigues (1998) e Ribeiro-Rodrigues et al. (1996a, b, c, 1997). A
amostragem visou complementar os acervos de amostras já existentes e disponíveis, pertencentes à
Mineração Morro Velho S. A., UFOP, UFMG, RWTH Aachen e CPRM, e a resolução de
problemas específicos.

Meta 1 - Compilação de Dados dos Depósitos O trabalho de compilação consistiu na


atualização e complemento do acervo bibliográfico referente à informações históricas, cartográficas,
mineralógicas, petrográficas, geoquímicas e geofísicas, disponíveis para o depósito em estudo e
para depósitos similares do Quadrilátero Ferrífero-QF e de outras províncias mundiais. Informações
compiladas adicionalmente incluem: dimensão dos corpos de minério, a(s) estrutura(s)
condicionante(s) da mineralização, mergulho do minério, teor (em gramas por tonelada, quando
conhecido), composição mineralógica pré-alteração (metamórfica) das rochas hospedeiras,
composição mineralógica do minério, assinatura geoquímica do minério, tipo(s) e intensidade de
alteração hidrotermal, minerais de alteração hidrotermal e referências bibliográficas.

Meta 2 - Estudos Petrográficos/Minerográficos Um total aproximado de 200 amostras foram


coletadas em exposições e furos de sondagem, tanto dos diferentes tipos de rochas resultantes de
alteração hidrotermal e encaixantes imediatas da mineralização, quanto das zonas mineralizadas.
Dessas, cerca de 90 foram selecionadas e utilizadas para estudos petrográficos, geoquímicos, de
inclusões fluidas e isotópicos. As amostras investigadas foram cortadas e laminadas no Laboratório
de Petrografia da Mineração Morro Velho S. A., em Nova Lima, sendo parte arquivada e o restante
utilizado para a confecção de lâminas delgadas e polidas, bem como seções polidas.
Amostragem sistemática direcionada, com amostras orientadas, foi realizada nos níveis 7 e 11, para
a caracterização mineralógica dos quatro principais corpos de minério da mina, Fonte Grande Sul,
Serrotinho, Galinheiro e Balancão, realização de análises químicas e estudos de inclusões fluidas e
de isótopos estáveis. O detalhamento da sulfetação no nível 11 da mina justificou-se pela variação
no comportamento do minério com a profundidade, que exibe um aumento da relação pirrotita vs
pirita. Considerando que essa mudança mineralógica tem sérias implicações para o processo de
beneficiamento de ouro, projetado para minério pirítico, esse estudo de caracterização foi
priorizado. Parte dos resultados desses estudos está consolidada em três dissertações de mestrado
(Costa 2000, Martins 2000, Lehne 2001), sendo duas defendidas na UFMG e orientadas pela
coordenadora do Projeto e a outra na Alemanha; todas foram co-orientadas por L. C. Ribeiro-
Rodrigues.
Os estudos petrográficos e minerográficos basearam-se no estudo de lâminas e seções de amostras
coletadas e dos acervos de lâminas delgadas, seções polidas e seções polidas delgadas já existentes,
descritas em Ribeiro-Rodrigues (1998). Utilizando-se microscópio de luz refletida e transmitida, os
estudos buscaram a identificação das diferentes fases bem como as texturas e estruturas associadas.
Determinações difratométricas de raios-x foram utilizadas para a caracterização mineralógica de
algumas amostras.

7
Norte verdadeiro

BALANCÃO Dom Domingos


CANTA GALO
Balancão Footwall Norte
Norte

Centro
Centro Leste
Leste
Galinheiro Footwall
31 Sul Fonte Grande
45

Oeste
Oeste 36
GALINHEIRO
Norte
Norte
45

Sul
33
41 S 64 E/34 FONTE
Leste
Leste
40 GRANDE SUL
Oeste
Oeste 34
GALINHEIRO
EXTENSÃO

Surucucu
Galinheiro
SERROTINHO
Quartz

0 50 100 150 m
VIANA
Escala

LEGENDA

Xisto pelítico intercalado com rocha vulcanoclástica Veio de quartzo com sulfeto disseminado

Basalto Zona de cisalhamento

Clorita xisto (zonas de alteração hidrotermal distal, de basalto) Mergulho do corpo de minério
Falha de empurão
Carbonato-mica branca xisto (zonas de alteração hidrotermal proximal, de basalto)
Lineação de estiramento
FFB
Foliação
Minério sulfetado
Pelito carbonoso
Meta 3 - Análises Químicas de Rochas e Minerais O financiamento do Projeto contemplou
a realização, em laboratórios comerciais, de análises químicas de rocha total do minério aurífero,
das hospedeiras e encaixantes da mineralização e das diferentes zonas de alteração hidrotermal.
Foram determinados elementos maiores, menores e traços em um total de cerca de 80 amostras e
subamostras, por absorção atômica e fluorescência de raios-x na RWTH Aachen, Alemanha e na
Mineração Morro Velho S. A., Nova Lima; por fluorescência de raios-x e ativação neutrônica e via-
úmida no ActLabs, Canadá.
Análises por microssonda eletrônica foram realizadas no Instituto de Geociências da UFRGS, em
Porto Alegre, e no Laboratório de Microanálises-LMA, UFMG, para determinação da composição
química dos grãos de ouro, sulfetos e carbonatos. Análises por microssonda eletrônica também
foram realizadas no RWTH Aachen, em silicatos de amostras de rocha metamáfica.

Meta 4 - Estudos de Inclusões Fluidas As investigações buscaram a definição e


descrição das características dos tipos de inclusões fluidas em veios e vênulas de quartzo associadas
com a FFB e rocha máfica no depósito Cuiabá, suas relações temporais e temperaturas de
aprisionamento; caracterização de inclusões fluidas em amostras de minério; determinação de
temperaturas e pressão envolvidas durante o metamorfismo e mineralização/alteração hidrotermal.
A coleta de amostras e os estudos de inclusões fluidas foram bastante criteriosos, já que a
mineralização está fortemente deformada, com remobilização de material. Foram coletadas quatorze
amostras de quartzo de veios dos níveis 5, 7 e 11, das quais foram confeccionadas lâminas polidas
em ambas as faces. As seções foram investigadas no CNEN/CDTN, em Belo Horizonte, pelo
geólogo James Alves Vieira.

Meta 5 - Estudos sobre Alteração Hidrotermal Foram realizados trabalhos de campo no


depósito Cuiabá com vistas ao conhecimento e descrição mesoscópica dos corpos de minério, das
respectivas e diferentes zonas de alteração hidrotermal e das rochas encaixantes imediatas. A
discussão e troca de informações com geólogos da empresa que atuam na mina também
contribuíram para a seleção das áreas de amostragem. Nos diversos níveis cartografados do corpo
Balancão foi realizada amostragem sistemática para estudos micro-estruturais. Dois perfis de
amostragem neste corpo (níveis 7 e 8) visaram o estudo da alteração hidrotermal de rocha máfica
encaixante. Estudos de alteração hidrotermal de rocha máfica encaixante foi tema de dissertação de
mestrado (Lehne 2001). Foi realizada coleta sistemática de amostras dos diferentes tipos de rochas
resultantes de alteração hidrotermal e encaixantes imediatas. Os corpos Fonte Grande Sul (níveis 6
e 7) e Serrotinho (nível 6) foram amostrados para estudos da alteração hidrotermal da FFB. Lâminas
e seções de rocha foram investigadas ao microscópio e selecionadas para estudos de química
mineral.

Meta 6 - Isótopos Estáveis Esses estudos envolveram determinações isotópicas de enxofre em


sulfetos e de carbono e oxigênio em carbonatos. Amostras de sulfeto foram recolhidas em pontos
semelhantes àqueles das amostragens para estudos de alteração hidrotermal e de datação Pb-Pb.
Estudos de isótopos de enxofre foram realizados na Universidade de Calgary, Canadá (Prof. S.
Iyer). Isótopos de carbono e oxigênio em carbonatos foram analisados no Laboratório de Isótopos
da UFPe, Recife (Prof. A. N. Sial). Os estudos de isótopos estáveis de carbono estão consolidados
em dissertação de mestrado (Costa 2000) e discutidos em Lobato et al. (2001a).

Meta 7 - Isótopos Radiogênicos Com base nas famílias de metabasaltos do QF, incluindo os de
Cuiabá (Zucchetti 1998), foi realizada a datação de metavulcânicas máficas pelo método isocrônico
Sm-Nd, através da cooperação com o Prof. Tassinari da USP.

8
Em cooperação com o Prof. Márcio Pimentel, do IG-UnB, estão em fase de execução
determinações geocronológicas U-Pb em zircão das sucessões vulcânicas e vulcanoclásticas da
porção superior do Grupo Nova Lima. Pelo mesmo método, grãos de titanita de alguns dos
metabasaltos estão sendo analisados na tentativa de obter-se a idade de metamorfismo.
Ainda junto com o Prof. C. Tassinari, do IG-USP, foram amostradas todas as famílias de sulfetos
(pirita e pirrotita) e carbonatos identificadas nas mais diversas situações do depósito Cuiabá, tanto
em rochas mineralizadas como não mineralizadas. Análises Pb-Pb em sulfetos foram realizadas
pelo método stepwise leaching, single phase Pb-Pb dating. Razões Sr-Sr foram determinadas em
cristais de carbonato de diferentes gerações.
Além disso, amostras de mica branca hidrotermal e anfibólio metamórfico (pré-alteração) do
depósito Cuiabá e biotita hidrotermal do depósito Morro Velho encontram-se no laboratório de
geocronologia do IG-USP para determinação isotópica pelo método Ar/Ar. Esses dados deverão
permitir a obtenção da idade da alteração hidrotermal e metamorfismo.

Meta 8 - Relação Deformação/Mineralização Todos os corpos de minério aurífero hospedados


em rochas do greenstone belt Rio das Velhas são, numa dada escala, lineares, paralelos à lineação
de estiramento e inseridos num sistema de zonas de cisalhamento rúptil-dúcteis de empurrão. Os
estudos no depósito Cuiabá focalizaram o corpo de minério Balancão. O trabalho de análise
estrutural resultou em uma monografia e uma dissertação de mestrado apresentadas na Universidade
Técnica de Aachen, ambas de Lehne (2000, 2001).

Meta 9 - Modelo Integrado e Interpretação dos Dados A integração e interpretação dos dados
geológicos, petrográficos, químicos de rocha e minério e de química mineral, termodinâmicos e
isotópicos objetiva a definição dos parâmetros e controles das mineralizações de ouro, da alteração
hidrotermal envolvida, da fonte das soluções mineralizadoras, suas composição e temperatura, e
processos e condições de deposição dos minérios. O resultado final inclui a elaboração de modelo
genético integrado para a gênese e o controle estrutural do depósito Cuiabá.

GEOLOGIA E METALOGENIA DO OURO, QUADRILÁTERO FERRÍFERO: REVISÃO

Contexto Geológico Regional O Quadrilátero Ferrífero (QF) (Figura 2) representa um terreno


granito-greenstone coberto por seqüências supracrustais proterozóicas. Em termos tectônicos, o QF
está situado na porção sul do núcleo cratônico pré-cambrianos, Cráton São Francisco (e.g., Almeida
1976).

A sua lito-estratigrafia pode ser subdividida em cinco unidades principais (Dorr 1969, Marshak e
Alkmim 1989, Alkmim e Marshak 1998). Estas incluem, da base para o topo (Figura 2), os terrenos
granito-gnáissicos de idade arqueana, com intrusões graníticas, pegmatitos e diques máficos; o
Supergrupo Rio das Velhas, constituindo uma seqüência do tipo greenstone belt do Arqueano; o
Supergrupo Minas, uma cobertura plataformal do Paleoproterozóico, contendo rochas
metassedimentares clásticas e químicas; o Grupo Itacolomi e o Supergrupo Espinhaço, ambos de
idade mesoproterozóica e compostos de rochas metassedimentares clásticas. A forma quadrangular
da região, da qual originou o nome Quadrilátero Ferrífero, é delineada pela distribuição das rochas
metassedimentares do Supergrupo Minas.

Geologia do Supergrupo Rio das Velhas A primeira divisão estratigráfica do Supergrupo Rio das
Velhas, no QF, foi proposta por Dorr et al. (1957), que definiram a Série Rio das Velhas e a
dividiram nos grupos Nova Lima e Maquiné. Posteriormente, Lockzy e Ladeira (1976) propuseram
a atual denominação de Supergrupo Rio das Velhas. A caracterização da seqüência como um
greenstone belt se deve a Almeida (1976) e Schorscher (1976).
No período de 1991-1994 a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM executou um
mapeamento na escala 1:25.000 do Supergrupo Rio das Velhas dentro dos limites definidos pelo

9
QF. Com base neste mapeamento é publicado um mapa integrado, na escala 1:100.000 (Baltazar e
da Silva 1996; Figura 2), e um texto explicativo (Zucchetti e Baltazar 1998). Apesar desses esforços
e dos levantamentos aerogeofísicos complementares na região, diversos problemas estratigráficos
ainda persistem devido à intensa deformação, alteração hidrotermal e intemperismo. Os resultados
desses trabalhos são a base essencial da descrição que se segue (parcialmente reproduzido de
Lobato et al. 2001b).
Embora fortemente modificadas por tectônica e metamorfismo, grande parte das rochas do
Supergrupo Rio das Velhas exibem estruturas e texturas originais preservadas. Assim, os termos
ígneos e sedimentares são usados ao longo do texto e o prefixo 'meta' é implícito mas omitido.

Grupo Nova Lima O Grupo Nova Lima representa a unidade inferior do Supergrupo Rio das
Velhas e é formado por rochas vulcânicas máficas e ultramáficas, rochas plutônicas subordinadas,
rochas sedimentares químicas, vulcânicas félsicas, sedimentares clásticas e vulcanoclásticas. A
partir de trabalhos de detalhe em áreas de distritos auríferos, várias divisões informais foram
propostas para o Grupo Nova Lima, tais como Ladeira (1980), Oliveira et al. (1983), Vieira e
Oliveira (1988) e Vieira (1991b). Com base no mapeamento realizado na escala 1:25.000 pela
CPRM, e no estudo integrado das rochas vulcânicas e sedimentares, Baltazar e Pedreira (1996,
1998) agruparam as rochas do Supergrupo Rio das Velhas-QF em associações de litofácies
geneticamente relacionadas, distribuídas em quatro blocos distintos (Figura 5). Essas associações
serviram de base para a divisão lito-estratigráfica proposta por Zucchetti et al. (1998).

Figura 5. Domínios lito-estruturais do greenstone belt Rio das Velhas, incluindo os blocos Nova
Lima, Caeté, Santa Bárbara e São Bartolomeu, e coluna estratigráfica idealizada das rochas do
Quadrilátero Ferrífero (em Lobato et al. 2001b, adaptado de Zucchetti e Baltazar 1998).

Associação Vulcânica Máfica-ultramáfica Esta associação é constituída por seqüências de lavas


komatiíticas e toleiíticas, com corpos intrusivos de gabros, anortositos e peridotitos, subordinados.
Intercaladas na associação ocorrem formações ferríferas bandadas (FFBs), chert, tufo máfico,
vulcanoclásticas félsicas e xisto carbonoso.
As lavas ultramáficas estão representadas por komatiitos peridotíticos com estruturas típicas de
lavas maciças, almofadadas e brechadas com textura spinifex e quench structures (Schorscher 1978,
Sichel 1983). Os peridotitos intrusivos estão representados por rochas com textura cumulática, onde
ocorre olivina substituída por serpentina.
As seqüências máficas predominam na associação e estão representadas por basaltos toleiíticos e,
em menor proporção, komatiíticos, que ocorrem na forma de lavas maciças e almofadadas (Ladeira
1980, 1981a). Os derrames estão intercalados com FFBs e chert, indicando ambiente de fundo
oceânico. Os basaltos apresentam várias texturas primárias preservadas, tais como variolítica,
amigdaloidal, branching plagioclase, subofítica e micrográfica. Os corpos intrusivos nos basaltos
são gabros, anortositos e peridotitos.

Associação Vulcanossedimentar Química-pelítica Associação formada predominantemente por


rochas vulcânicas e sedimentares químicas e clásticas, que se agrupam em dois conjuntos: um
vulcânico-químico e outro clástico-químico. O primeiro tem basaltos toleiíticos e komatiíticos
intercalados com abundantes pacotes de FFB e chert ferruginoso, com filito carbonoso subordinado.
É comum a alternância rítmica entre derrames basálticos e leitos de FFB e chert ferruginoso, com
espessuras que variam de centímetros até metros, evidenciando serem esses litotipos
contemporâneos. O segundo conjunto caracteriza-se pela alternância entre rochas sedimentares
clásticas finas e sedimentares químicas, sendo predominantemente pelitos e filitos carbonosos
intercalados com FFB e chert ferruginoso. A associação como um todo foi depositada em ambiente
de fundo oceânico.

10
SUPERGRUPO Rochas sedimentares
ESPINHAÇO clásticas, marinhas

Rochas sedimentares
GRUPO
ITACOLOMI continentais

Rochas sedimentares
SUPERGRUPO clásticas e químicas, marinhas e
MINAS continentais
~ < 2,66 Ga

GRUPO MAQUINÉ
FORMAÇÃO CASA FORTE

Rochas sedimentares
marinhas e litorâneas
RIO DAS VELHAS
SUPERGRUPO

FORMAÇÃO PALMITAL
Rochas sedimentares
continentais
a ASSOCIAÇÃO RESSEDIMENTADA
g Rochas sedimentares marinhas
NOVA LIMA

ASSOCIAÇÃO VULCANOCLÁSTICA
Rochas vulcanoclásticas
GRUPO

ASSOCIAÇÃO CLÁSTICA-
QUÍMICA
Lavas toleiíticas e komatiíticas. Basaltos
com rochas sedimentares químicas
ASSOCIAÇÃO VULCÂNICA
MÁFICA-ULTRAMÁFICA
Lavas komatiíticas e toleiíticas
~ < 2,78 Ga
COMPLEXO
DE EMBASAMENTO Embasamento gnáissico
TTG

< 3,2 Ga

NV

SUBDIVISÃO TECTÔNICA DO
SUPERGRUPO RIO DAS VELHAS - Blocos
São Bartolomeu

Nova Lima

Caeté

Santa Bárbara
Associação Vulcanoclástica Esta associação é constituída predominantemente por rochas
vulcanoclásticas félsicas, que se formaram a partir da fragmentação de lavas félsicas dacíticas.
Assim, incluem-se tanto rochas piroclásticas quanto variedades autoclásticas e mesmo epiclásticas.
A associação apresenta tufos a cristal com fragmentos de plagioclásio em cristais maclados com
formas prismáticas, angulares ou irregulares, sendo os cristais de quartzo subordinados e de
granulação mais fina. Os lapilli tufos e aglomerados contêm fragmentos de rocha e de cristal. Estes
são de plagioclásio maclado, aproximadamente prismáticos, e de quartzo arredondado exibindo
golfos de corrosão ou formas hexagonais. Os fragmentos líticos são de composição dacítica e
raramente andesítica, com textura porfirítica e fenocristais de plagioclásio e quartzo imersos numa
matriz félsica quartzo-feldspática. O tamanho dos litoclastos varia de poucos milímetros até 30
centímetros.
O vulcanismo félsico do Supergrupo Rio das Velhas está predominantemente representado por seus
produtos de fragmentação, as rochas vulcanoclásticas. Lavas félsicas têm pequena extensão, em
regiões localizadas, como lentes tectonicamente intercaladas nos derrames basálticos. São derrames
de dacito porfirítico, com amplo predomínio de fenocristais de plagioclásio e subordinados
fenocristais de hornblenda e quartzo.

Associação Ressedimentada Esta associação está posicionada no topo do Grupo Nova Lima e é a
de maior ocorrência dentro do Supergrupo Rio das Velhas-QF. A associação ressedimentada
transiciona vertical- e lateralmente para a associação vulcanoclástica, constituindo uma evolução
dos processos de fragmentação e transporte das rochas vulcânicas e vulcanoclásticas. A principal
característica da associação é a ciclicidade de camadas, com espessuras variando desde
subcentimétricas a até cerca de 50 centímetros. Cada ciclo apresenta granodecrescência, variando de
tamanho areia grossa na base até argila carbonosa no topo, com contatos bruscos entre os ciclos.
Estruturas primárias, como estratificação horizontal plano-paralela e cruzada tabular, são comuns e
localmente ocorre estrutura em chama (flame structure). A associação é interpretada como
resultante de deposição por correntes de turbidez de alta e baixa densidade, em função das
características de ciclicidade, gradação interna dos ciclos e contatos abruptos entre si. Em geral, é
possível identificar divisões de Bouma incompletas, representando turbiditos de areias proximais e
distais.
Na região sul do Supergrupo Rio das Velhas-QF, as grauvacas apresentam composição carbonática
e corpos expressivos de rochas cálcio-silicáticas associadas. Localmente, ocorre nível espesso de
conglomerado polimítico, com clastos de rocha vulcânica félsica e gradação normal e inversa. Sua
intercalação com turbiditos indica que foram depositados em águas profundas, tendo se originado
da erosão de conglomerados depositados previamente, por fluxos hiperconcentrados.

Grupo Maquiné O Grupo Maquiné é constituído pelas formações Palmital (O’Rourke, in Dorr
1969) e Casa Forte (Gair 1962) e, seguindo a divisão de litofácies adotada, correspondem às
associações litorânea e não-marinha, respectivamente.

Associação Litorânea Esta associação é constituída por três litofácies: quartzitos micáceos em
camadas centimétricas com marcas onduladas provocadas por ondas; quartzitos com estratificação
cruzada tabular tipo herring bone; quartzitos com estratificação cruzada tabular em conjuntos
alternados com espessuras centimétricas e milimétricas. As marcas onduladas indicam deposição
em água rasa, sujeita a influência de maré, com regime de fluxo bidirecional refletido nas
estratificações tipo herring bone. Os conjuntos de estratificações cruzadas tabulares de espessuras
variáveis representam tidal bundles formados pela variação quinzenal da altura das marés. Os
quartzitos com estratificação cruzada de grande porte representam ondulações eólicas e as
estratificações cruzadas tabulares podem representar terminações de dunas do tipo barcana,
provavelmente costeiras.

11
Associação Não-marinha Está representada por conglomerados polimíticos associados a
arenitos com estratificações plano-paralela e cruzadas acanalada e festonada. Esta associação é
indicativa de deposição fluvial, com os conglomerados podendo ser interpretados como barras
longitudinais, linguóides ou de preenchimento de canal. Os arenitos com estratificação plano-
paralela e associados a conglomerados são depósitos fluviais de águas rasas de topo de barra. Os
arenitos com estratos cruzados acanalados depositaram-se em águas mais profundas, em canais
fluviais, e os arenitos com laminação cruzada tabular são interpretados como barras linguóides.
Outra litofácies de grande extensão está representada por arenitos microconglomeráticos, com
estratificação granodecrescente e, comumente, tendo na base estreitas lentes de conglomerados
polimíticos. Estratificação cruzada acanalada e tangencial é estrutura relativamente comum. Esta
litofácies é interpretada como sedimentos de um sistema fluvial de rios entrelaçados (braided
plain).

EVOLUÇÃO ESTRUTURAL A evolução estrutural e tectônica do QF tem sido


discutida intensamente na literatura (e.g., Harder e Chamberlain 1915, Guimarães 1931, Barbosa
1961, Guimarães et al. 1966). Dorr (1969) interpretou as estruturas presentes como dobras reviradas
e como sendo reflexo de três orogenias principais, nas quais as rochas dos supergrupos Rio das
Velhas e Minas e as do Grupo Itacolomi e de idade pós-Itacolomi teriam participado. Os
supergrupos Rio das Velhas e Minas são considerados como empurrados para o oeste e noroeste.
Quade (1985) e Vieira e Oliveira (1988) descrevem quatro suítes de estruturas como tendo afetado
as rochas do QF. Outros estudos já propuseram uma (Belo-de-Oliveira 1986, Belo-de-Oliveira e
Vieira 1987), duas (Guimarães 1931, 1966), cinco (Tavares e Carneiro 1997) e seis (Ladeira e
Viveiros 1984) suítes de estruturas. Outras contribuições ainda incluem os trabalhos de Barbosa
(1968), Marshak e Alkmim (1989), Belo-de-Oliveira e Teixeira (1990), Marshak et al. (1992),
Chauvet et al. (1994), Chemale Jr. et al. (1994), Corrêa-Neto e Baltazar (1995), Endo (1997) e
Alkmim e Marshak (1998).
As propostas de Corrêa-Neto e Baltazar (1995) e Baltazar (1996) são preferidas nesse trabalho. Os
trabalhos de Pires (1979), Noce et al. (1992), Alkmim e Marshak (1998), com base nos conceitos de
Mosher e Helper (1988), são também utilizados. A Tabela 1 apresenta um resumo das
características das oito suítes descritas abaixo (Lobato et al. 2001b).

Tabela 1. Sumário de elementos estruturais descritos para a região do Quadrilátero Ferrífero. A


atitude das estruturas (em parênteses) corresponde à orientação principal. Compilado em Lobato
et al. (2001b), com base em: Pires (1979), Noce et al. (1992), Corrêa-Neto e Baltazar (1995),
Baltazar (1996), Alkmim e Marshak (1998), Baltazar e Zucchetti (2000).

Elementos estruturais de uma antiga deformação de compressão ocorrem apenas nas rochas do
greenstone belt Rio das Velhas e do embasamento (suíte 1, Tabela 1). Empurrões tangenciais de
NNE para SSW são caracterizados por falhas de direções ENE-WSW ou E-W e por dobras com
mergulho para S ou SSE (Rynearson et al. 1954). As dobras são recumbentes, apertadas a isoclinais
e normais ou viradas, com eixos E-W que mergulham para leste. São impostas ao acamamento
sedimentar e estruturas ígneas, localmente preservadas.
Estruturas geradas em um segundo episódio de compressão (suíte 2, Tabela 1) ocorrem em alguns
locais no QF (Baltazar e Zucchetti 2000). É o caso da região entre Caeté e Sabará e próximo a Nova
Lima e Rio Acima, onde empurrões de direção NW-SE e dobras apertadas com vergência para SW
refletem um transporte geral para SW. As falhas acompanham o trend geral do Grupo Maquiné. A
foliação característica é de caráter milonítico ou plano-axial. Embora reativado no Neoproterozóico,
o lineamento Paciência (Figura 2) foi provavelmente gerado nessa época.
Considerando as idades de zircão detrítico da Formação Moeda, base do Supergrupo Minas, a idade
mínima para o início da sedimentação Minas tem que ser mais velha que 2606±47 Ma (Machado et
al. 1996). Isso sugere um episódio de distensão crustal no final do Arqueano (suíte 3, Tabela 1),
possivelmente em um ambiente de margem continental (Renger et al. 1995, Baars 1997). A

12
SUÍTE DE NATUREZA TRANSPORTE PRINCIPAIS FEIÇÕES
ESTRUTURAS TECTÔNICO
(idade relativa)
SUÍTE 1 De compressão NNE para SSW − Falhas mergulhando ENE-WSW, dobras com vergência S ou
(Pós-complexo de SSE, recumbentes, apertadas a isoclinais, normais ou
embasamento, Pós-Rio das invertidas com eixo E-W, mergulhando moderadamente para
Velhas, Pré-Minas) leste
− Foliação plano-axial, subparalela às dobras.
− Bandamento 20-335/30-65; foliação milonítica
− Lineação mineral down-dip, lineação de estiramento em
interseção com lineação (bandamento e foliação)
SUÍTE 2 De compressão NE para SW − Falha de empurrão NW-SE, mergulhando 030 a 060
(Pós-complexo de − Dobras isoclinais a apertadas com vergência para SW
embasamento, Pós-Rio das
Velhas, Pré-Minas) Provável evento orogênico aurífero − Foliação plano-axial ou milonítica
principal − Lineação mineral e de estiramento mergulhando para 065/30
a 45º
SUÍTE 3 (Pós-Complexo De distensão ? − Intrusão magma granítico abundante, localmente diapírico,
de embasamento, Pós-Rio com assinaturas geoquímicas indicativas de anatexia crustal.
das Velhas, Pré-Minas)
SUÍTE 4 (Pós-Minas) De compressão SE para NW − Foliação (NW - NE mergulhando para E)
− Lineação mineral e de estiramento (E-W para ESE-WNW)
SUÍTE 5 De distensão ? − Arquitetura dome-keel do Quadrilátero Ferrífero
(Pós-Minas) − Levantamento de domos do embasamento com subsequente
subsidência do Supergrupo Minas
− Rotação de dobras, foliações e lineações anteriores,
orientadas NS, mergulhando verticalmente
SUÍTE 6 (Pós-Itacolomi) De distensão ? − Diques relativos à transição entre o Paleo- e o
Mesoproterozóico
SUÍTE 7 (Pós-Espinhaço) De distensão ? − Diques relativos à transição entre o Meso- e o
Neoproterozóico
SUÍTE 8 De compressão E para W − Sistemas de empurrão com vergência para W; reativação,
(Pós-Espinhaço) transposição e/ou reorientação de estruturas com vergência
para W, dobras apertadas, recumbentes, N-S
− Foliação plano-axial ou milonítica (50-130/30-60); lineações
mineral e de estiramento (90-115/15-55)
− Clivagens de crenulação e fraturas subverticais N-S e E-W,
e dobras abertas (em estágios tardios).
distensão resultante de espessamento crustal é identificada em greenstone belts do fim do Arqueano
em outras partes do mundo (e.g., Burchfiel et al. 1992), sendo caracterizada pela intrusão de
granitos de assinatura crustal (Davis e Hegner 1992). Esses podem ser exemplificados pelos plútons
de alto potássio, granitos Santa Luzia (no interior do complexo Belho Horizonte; Figura 2) e
Brumadinho (no norte do complexo Bonfim; Figura 2), datados a 2712 (Noce et al. 1998) e 2703
Ma (Machado e Carneiro 1992), respectivamente.
Uma deformação de compressão, com vergência NW, é considerada como do Paleoproterozóico por
Alkmim et al. (1994) e Alkmim e Marshak (1998). Esta teria ocorrido durante o fechamento da
bacia Minas, afetando rochas do Supergrupo Minas. Próximo a Piedade do Paraopeba, Noce et al.
(1992) indicam a existência de foliação de direção NW para NE, mergulhando para leste (suíte 4,
Tabela 1). As lineações mineral e de estiramento mergulham de E-W a ESE-WNW, sugerindo
movimento principal, mas não exclusivo, para oeste. Estruturas com orientações similares também
afetam o Supergrupo Minas.
Estruturas pós-Minas, do Paleoproterozóico (tranzamazônicas), são definidas por Marshak e
Alkmim (1989) (suíte 5, Tabela 1) como pertencentes a episódio de distensão que estabeleceu a
arquitetura do tipo domo e bacia (dome-and-keel) presente no QF, refletindo possivelmente um
segundo período de colapso orogênico (Alkmim e Marshak 1998). A deformação foi responsável
pelo alçamento dos complexos do embasamento (domos), com subsidência concomitante das rochas
do Supergrupo Minas. Dados Sm-Nd em granadas formadas por recristalização metamórfica nesse
período, em xisto do Grupo Sabará, compõe uma isócrona de 2095±65 Ma (Marshak et al. 1997).
Diques relacionados a transição do Paleo- para o Mesoproterozóico (suíte 6, Tabela 1) são a
principal evidência de um importante episódio de distensão que corresponde à abertura da bacia
Espinhaço (Silva et al. 1995). Diques também formaram-se na transição entre o Meso- ao
Neoproterozóico (suíte 7, Tabela 1), indicando o início do desenvolvimento da bacia Araçuaí
(Carneiro 1992).
Empurrões da orogenia brasiliana (suíte 8, Tabela 1) são melhor documentados no cinturão
Espinhaço, ao norte do QF. No QF, essa deformação é reconhecida ao longo da margem leste por
sistemas de empurrões com vergência oeste, dobras recumbentes N-S e uma foliação milonítica,
plano-axial. Durante esse evento, estruturas anteriores foram transpostas ou reorientadas. Clivagens
de crenulação subverticais formaram-se nos estágios finais (Zucchetti e Baltazar 1998).
Considerando os sistemas de empurrão para oeste, com dobras recumbentes N-S, fica aparente que
algumas das orientações estruturais persistiram ao longo do tempo geológico.
Noce (2000) e Lobato et al. (2001b) apresentam uma síntese dos dados geocronológicos disponíveis
para a região do QF. As idades incluem determinações para os gnaisses e migmatitos arqueanos tipo
trondjemito-tonalito-granodiorito (TTG), plútons granitóides arqueanos, diques máficos, pegmatitos
e granitóides proterozóicos, além de rochas do Supergrupo Minas e Grupo Itacolomi (Tabela 2).
Com base nestes dados, a seguinte sucessão de eventos pode ser estabelecida para o QF (Figura 6).

Figura 6. Cronologia dos eventos magmáticos e tectonometamórficos registrados na região do


Quadrilátero Ferrífero, com ênfase na evolução do greenstone belt Rio das Velhas (em Lobato et
al. 2001b).
A – Distribuição das idades U-Pb delimitando épocas de metamorfismo, intrusões ígneas e
vulcanismo. B – Tempo versus processos geológicos nas rochas do greenstone belt Rio das Velhas,
mostrando a relação entre a idade principal de mineralização sugerida para os depósitos
auríferos, sedimentação e atividade ígnea. Com base em idades U-Pb, Pb-Pb, Sm-Nd. As idades de
eventos de deformação não são fornecidas (ver referências no texto e Tabela 2).

Tabela 2. Resultados disponíveis de idades U-Pb para as rochas da região do Quadrilátero


Ferrífero (QF) (compilação em Noce 2000 e Lobato et al. 2001b).

13
A
FORMAÇÃO DE
CROSTA TTG
-Pb
Idades U
METAMORFISMO

GRANITÓIDES
INTRUSIVOS

VULCANISMO

3000 2900 2800 2700 2600 2500 2400 2300 2200 2100 2000
Ma

B
MINERALIZAÇÃO de Au

GRANITÓIDES Tipo-I Tipo-S Tipo-A (?)

SEDIMENTAÇÃO
? VULCANISMO VULCANISMO
MÁFICO FÉLSICO
? ?
MIGMATIZAÇÃO DE

ACRESÇÃO CRUSTAL TERRENOS TTG


?

3.000 2.900 2.800 2.700 2.600 Ma


1. Período principal de crescimento crustal anterior a 2,9 Ga, seguido de vários eventos tectônicos,
curtos e episódicos, entre 2860 e 2600 Ma. O primeiro ocorreu por volta de 2860 Ma e envolveu a
migmatização de terrenos TTG antigos.
2. Evolução do greenstone belt Rio das Velhas associada com eventos tectonometamórficos e
magmáticos entre 2780 e 2700 Ma, que podem ser divididos em 2 fases: (i) plutonismo cálcio-
alcalino, tonalítico a granítico, vulcanismo félsico e retrabalho de crosta TTG entre 2780-2760 Ma;
(ii) intrusão de granitos tardi- a pós-colisionais entre 2720-2700 Ma.
3. Cratonização e sedimentação em plataforma estável, seguidas de intrusão de granitos em 2600
Ma. Sedimentação plataformal de carbonatos em 2400 Ma indicando um longo período de
estabilidade tectônica.
4. Orogenia Tranzamazônica compreendendo consumo de crosta oceânica e geração de tonalitos e
trondjemitos derivados do manto, entre 2162-2124 Ma (Ávila et al. 1998, Noce et al. 1998), seguida
de intrusão de granitos sin- a tardi-colisionais, de derivação crustal, e sedimentação tipo bacia de
ante-país (foreland basin). O colapso do orógeno resultou no desenvolvimento de estruturas tipo
dome-and-keel, que é a estrutura dominante do QF (Alkmim e Marshak 1998). Idades U-Pb de
titanitas entre 2060 e 2030 definem o período desta fase final de distensão crustal.
5. Eventos pós-transamazônicos tiveram uma influência secundária na evolução tectônica do QF.

OURO NO QUADRILÁTERO FERRÍFERO O Quadrilátero Ferrífero-QF foi o mais


importante distrito aurífero brasileiro até o final dos anos de 1970. A região representa uma das
maiores províncias auríferas do mundo, acumulando uma produção histórica de mais de 1000 t de
ouro, o que eqüivale a cerca de 40% da produção total do Brasil.
Trabalhos científicos regionais sobre as mineralizações de ouro no QF incluem, entre outras,
publicações de Eschwege (1833), Henwood (1871), Gorceix (1876), Touzeau (1892), Ferrand
(1894), Scott (1903), Derby (1906), Besunsan (1929), Moraes (1935), Barbosa (1935, 1939, 1949),
Moraes e Barbosa (1939), Gair (1958, 1962), Guimarães (1970), Ferreira (1983), Vial (1983),
Vieira e Oliveira (1988), Ladeira (1988, 1991), Seixas (1988), Thorman e Ladeira (1991), Vieira
(1991a, b), Lobato e Pedrosa-Soares (1993), Schrank et al. (1996); Ribeiro-Rodrigues (1998),
Ribeiro-Rodrigues et al. (1996b, 1997), Lobato e Vieira (1998), Lobato et al. (1998), Lobato et al.
(2001a).
Como conseqüência da antiga política restritiva de acesso às minas e da escassez de afloramentos
frescos nas áreas de ocorrências auríferas, poucos trabalhos acadêmicos foram realizados sobre as
mineralizações do greenstone belt Rio das Velhas. Existem, por exemplo, apenas cinco teses de
doutorado (Camargo 1957, Tolbert 1962, Moreschi 1972, Ladeira 1980, Ribeiro-Rodrigues 1998).
A maioria dos trabalhos foi desenvolvida em depósitos isolados e conduzida por diferentes grupos
de trabalho, principalmente das Universidades Federais de Minas Gerais (UFMG), de Ouro Preto
(UFOP), de Brasília (UnB) e do Rio Grande do Sul (UFRGS) e das universidades estaduais
paulistas, São Paulo (USP), Rio Claro (UNESP) e Campinas (UNICAMP). Contudo, informações
fundamentais sobre este grupo de depósitos advêm de relatórios internos não publicados de
empresas de mineração e pesquisa, como por exemplo Mathias (1964), Ladeira (1981a, b), Vial
(1983), Biasi e Seara (1985), Vieira (1991a, b). Com base nessas informações, apresenta-se a seguir
uma síntese das características das mineralizações de ouro do QF.

Classificação dos Depósitos Levando-se em consideração a idade e natureza da(s) rocha(s)


hospedeira(s), o ouro no QF pode ser reunido em quatro grandes grupos (Ribeiro-Rodrigues 1998)
(Tabela 3), em função das encaixantes.

Tabela 3. Classificação dos tipos de depósitos auríferos do Quadrilátero Ferrífero com base na
idade e natureza da rocha hospedeira (baseado em Ribeiro-Rodrigues 1998).

Os depósitos hospedados em rochas dos complexos metamórficos constituem veios de quartzo


auríferos, discordantes das rochas granito-gnáissicas hospedeiras. Este tipo de mineralização é

14
Tipo do Rocha Depósitos Idade da Mineralização Tamanho Teor Produção
depósito hospedeira importantes mineralização (t) (g/t) (t)
(Ma)
HOSPEDADOS EM LITOTIPOS CENOZÓICOS
Supergênico Lateritos Ouro Preto, Fazendão ? Ouro livre em ? ? ?
rochas lateríticas
Aluvionar Cascalho Ouro Preto, Sabará, ? Ouro livre em > 400 ? 400
Bento Rodrigues aluviões e terraços
HOSPEDADOS EM ROCHAS SEDIMENTARES PROTEROZÓICAS
Em fraturas Formações Gongo Soco, Maquiné < 2,6 Ouro livre > 30 20-80 22
(Fm. Cauê) ferríferas Cauê, Conceição
Em zonas de Rochas Passagem de Mariana, < 2,6 Ouro em sulfetos > 70 6-14 70
cisalhamento - metassedimentares Santana
veios de quartzo
(Fm. Moeda, Fm.
Cauê,
Fm. Gandarela)
Paleoplacer (tipo Metaconglomerado Gandarela ? Ouro livre com 0,2 ? 0,2
Witwatersrand) s uraninita
(Formação Moeda)
HOSPEDADOS NO GREENSTONE BELT ARQUEANO RIO DAS VELHAS
Paleoplacer Metaconglomerado Tanque Preto >2,6 Ouro livre em ? ? ?
paleoplacers
Stratabound Formações Morro Velho, Cuiabá, < 2,7 Ouro em sulfetos > 670 8-15 540
ferríferas e cherts Raposos São Bento,
Brumal, Lamego
Zonas de Rochas Córrego do Sítio ? Ouro em sulfetos >5 2-3 3
cisalhamento metassedimentares
dúcteis (ouro
disseminado)
Vulcânicas félsicas Bela Fama, Paciência ? >1 10-13 1
e vulcanoclásticas
Vulcânicas máficas Juca Vieira, Pari, ? >5 8-10 3
Cuiabá
Zonas de Vulcânicas máficas Cuiabá (Viana), Juca? Ouro em sulfetos; >1 4 1
cisalhamento Vieira ouro livre
dúcteis - veios de
quartzo
HOSPEDADAS NO COMPLEXO METAMÓRFICOARQUEANO
Veios de quartzo Granito-gnaisses Furquim, Riberão do ? Ouro livre >1 ? ?
Carmo
pouco documentada. Referências de ocorrências existem na borda leste e sul do QF, próximo ao
município de Mariana (e.g., Baltazar e Raposo 1993) e de Senhora de Oliveira.
Os depósitos hospedados no greenstone belt arqueano Rio das Velhas podem ser subdivididos em
stratabound, dominados por substituição e relacionados à zonas de cisalhamento, e em veios de
quartzo hospedados em FFB, chert, vulcânicas ultramáficas, máficas e félsicas e rochas
sedimentares (pelitos, conglomerados e rochas vulcanoclásticas). Eles são responsáveis por 53% da
produção histórica do QF, na faixa de > 1000 t (Figura 7A; Tabelas 3 e 4) e constituem a maioria
das minas antigas, ativas ou não atualmente, tais como: Cuiabá (e.g., Vieira 1992, Toledo 1997,
Ribeiro-Rodrigues et al. 1996a, b, c, Ribeiro-Rodrigues 1998), São Bento (e.g., Martins-Pereira
1992, 1995, Pereira E. 1996), Raposos (e.g., Tolbert 1962, 1964, Godoy 1994, Junqueira 1997),
Lamego (e.g., Sales 1998), Morro Velho (e.g., Ladeira 1988), Córrego do Sítio (e.g., Takai et al.
1991), Brumal (e.g., Padilha 1992, Passos 1999) e Juca Vieira (e.g., Pereira L. 1996, Pereira e
Lobato 1998) (Figura 2).

Figura 7. A – Importância relativa da idade das rochas hospedeiras para a produção total de ouro
do Quadrilátero Ferrífero (Ribeiro-Rodrigues 1998). B, C – Importância relativa dos diferentes
tipos de depósitos auríferos hospedados em rochas do greenstone belt Rio das Velhas, região do
Quadrilátero Ferrífero, em termos de ouro contido (produção e reservas). B – 'Lapa seca', FFB ±
chert ferruginoso; C – 'Outros' em detalhe (em Lobato et al. 2001a, de dados de Ribeiro-Rodrigues
e Lobato em preparação). FFB: formação ferrífera bandada.
*: o termo 'lapa seca' refere-se a um conjunto variado de produtos hidrotermalmente alterados
(dominado por carbonato), formados a partir de diferentes rochas, entre os quais a distinção
mineralógica e textural não é sempre possível; é hospedeira do ouro no depósito Morro Velho.

Tabela 4. A – Dados estatísticos para os depósitos de ouro do Quadrilátero Ferrífero até 1999. B –
Características geológicas dos principais depósitos de ouro hospedados no Grupo Nova Lima
(fonte: Mineração Morro Velho S. A., Mineração São Bento S. A.). FFB: formação ferrífera
bandada.

As mineralizações hospedadas nas rochas sedimentares proterozóicas englobam depósitos (i)


relacionados à zonas de cisalhamento dentro de FFB tipo Lago Superior, (ii) associados à veios de
quartzo em rochas do Supergrupo Minas, (iii) localizados ao longo dos contatos entre as rochas
sedimentares dos supergrupos Minas e Rio das Velhas, (iv) hospedados em conglomerados do tipo
Witwatersrand. Estes depósitos contribuíram com 8% da produção de ouro (Figura 7A) e foram
extensivamente explotados no século XIX. Exemplos deste grupo são Passagem de Mariana (e.g.,
Hussak 1898, Fleischer e Routhier 1973, Duarte et al. 1987, Vial 1988b, Vial et al. 1988), Santana
(e.g., Lobato e Vieira 1998), Maquiné (e.g., Varajão 1995), Gongo Sôco (e.g., Cabral e Pires 1996a,
b), Pitangui (e.g., Ribeiro-Rodrigues et al. 1993), Gandarela (e.g., Minter et al. 1990) e Ouro Fino
(e.g., Garayp et al. 1991), não mostrados em mapa. Dois depósitos próximos a Itabira, reavaliados
recentemente, Conceição e Cauê (e.g., Olivo et al. 1995, 1996, 2001, Cabral e Pires 1996b), ainda
se encontram em operação.
Os depósitos em aluviões e lateritos cenozóicos, sendo os primeiros placers e paleoplacers, foram
responsáveis por aproximadamente 39% da produção de ouro do QF, explotados principalmente no
século XVIII (e.g., Eschwege 1833, Lacourt 1937a, b, Roeser et al. 1991). Em Ouro Preto foi
intensa a produção de ouro de placers, normalmente em forma de garimpos. Esta cidade herdou este
nome devido às ocorrências de ouro paladiado (porpezita), de cor escura, presente nos rios da
região.

OURO NO SUPERGRUPO RIO DAS VELHAS, QF Os depósitos hospedados nas rochas


arqueanas do Grupo Nova Lima, Supergrupo Rio das Velhas, representam um grupo particular de
depósitos, considerados como do tipo orogênicos (Groves et al. 1998, Hagemann e Cassidy 2000),
sendo caracterizados por várias feições comuns (Tabela 5). Os corpos de minério são do tipo gold

15
A

ARQUEANO PROTEROZÓICO CENOZÓICO


Produção (t Au) 545 80 400
Números de depósitos > 10 t 7 4 ?
Números de depósitos > 300 kg Au 46 23 ?
Números de depósitos ativos 4 2 ?
Maiores depósitos Morro Velho (> 470 t) Cauê (> 10 t) Ouro Preto (> 200 t)
Cuiabá (> 200 t) Conceição (> 10 t)
São Bento (> 80 t) Gongo Soco (> 13 t)
Raposos (> 100t)
Lamego (> 30t)
RESERVAS
Total de reservas (Mt) 20 ? ?
Teor (g/t) 8-11 ? ?

Depósito Litologia Estrutura hospedeira Mergulho dos


hospedeira corpos de minério
Morro FFB, vulcânicas Zona de cisalhamento direcional, dobras 95/45-33
Velho félsicas similares apertadas assimétricas
Cuiabá FFB, vulcânicas Zona de cisalhamento oblíquo, dobra tubular 116/34-22
máficas em bainha
São Bento FFB Zona de cisalhamento reversa, dobra em 135/55
bainha
Raposos FFB Zona de cisalhamento reversa 105/36-27
Lamego FFB, vulcânicas Zona de cisalhamento direcional e oblíqua, 98/30
máficas dobra em bainha ?
Faria FFB Anticlinório invertido 85/30, 95/30
A

Proterozóico
8%

Arqueano
Cenozóico 53%
39%

Outros

B Rochas
vulcanoclásticas Rochas vulcânicas máficas

Outros 20%
20%
4% Pelitos
carbonosos Rochas vulcânicas
ultramáficas
9%
20%
Pelitos
FFB + chert
ferruginoso 31%
'Lapa seca*'
49%
47%
only, mostrando distintos tipos e estilos de mineralização, bem como definidos estilos estruturais e
padrões de alteração da encaixante.
São subdivididos com base nas rochas hospedeiras (Figura 8), ocorrendo em zonas de alta
deformação associadas à alteração hidrotermal. Incluem depósitos em FFB ± chert ferruginoso
metamorfisados e em uma unidade hidrotermal conhecida como lapa seca, sendo responsáveis
respectivamente por 49% e 47% do ouro contido (Figura 7B). Rochas vulcânicas, máficas e
ultramáficas, e rochas vulcanoclásticas e sedimentares hospedam os restantes 4% (Figura 7C).

Figura 8. Importância relativa de depósitos auríferos hospedados em rochas do greenstone belt Rio
das Velhas, região do Quadrilátero Ferrífero, em termos de ouro contido (produção e reservas). As
principais feições estruturais e de alteração hidrotermal das hospedeiras são também
apresentadas. O ouro contido no depósito de Morro Velho é fornecido para as minas Grande (G) e
Velha (V). Os pits Cachorro Bravo e Rosalino fazem parte do depósito Córrego do Sítio (ver
Figura 2). A produção e reserva do depósito Cuiabá é baseada em dado de 1998, com 180 t (em
Lobato et al. 2001a, com dados de Mineração Morro Velho S. A., Mineração São Bento S. A.,
Ribeiro-Rodrigues 1998, Ribeiro-Rodrigues e Lobato em preparação). ZCs: zonas de cisalhamento
*: na legenda da Figura 7. FFB: formação ferrífera bandada.

Tabela 5. Caracterização geral dos depósitos de ouro hospedados no Grupo Nova Lima do
greenstone belt Rio das Velhas. Fonte: Mineração Mor ro Velho S. A., Tolbert (1965), Torres
(1975), Ladeira (1980, 1988), Oliveira e Vieira (1988), Souza-Filho (1991), Abreu (1995), Godoy
(1995), Pereira L. (1996). FFB: formação ferrífera bandada.

A razão ouro/prata desses depósitos no QF varia de 5/1 a 6/1. Ouro anedral é incluso em sulfetos,
ou ocorre como finos filmes preenchendo fraturas nesses minerais. Nos depósitos dominados por
pirita, há aumento na quantidade de ouro com o enriquecimento de arsênio na pirita e/ou com o
aparecimento de arsenopirita. Grãos de ouro de 50 a 120 µm são em geral encontrados na pirrotita,
com os mais finos (10 a 50 µm) inclusos na pirita. Onde incluso na arsenopirita e associado com
quartzo e carbonato, ouro é < 10 µm.

Características dos Depósitos

Controle Estrutural Nos últimos anos, inúmeros trabalhos têm demonstrado que a distribuição dos
depósitos de ouro hospedados no Grupo Nova Lima e a geometria dos corpos de minério possuem
um controle estrutural. A deformação foi um importante fator na concentração de ouro (e.g., Vieira
1991a, Scarpelli 1991, Souza-Filho e Schrank 1991, Martins-Pereira 1995, Godoy 1994, Pereira L.
1996, Ribeiro-Rodrigues et al. 1996a, c, Lobato e Vieira 1998, Vieira 2000). A Tabela 6 apresenta
um resumo de informações sobre o controle estrutural dos principais depósitos do QF.

Tabela 6. Classificação dos estilos estruturais das mineralizações de ouro no Grupo Nova Lima.
Fonte: Mineração Morro Velho S. A., Vieira (1991b), Ribeiro-Rodrigues et al. (1997).

As mineralizações no Grupo Nova Lima estão associadas a lineamentos regionais, como é o caso do
lineamento Paciência (Figura 2). São rampas de cavalgamentos oblíquas de direção NW/NE, NE/SE
ou transcorrências - falhas direcionais (ou de rampas laterais), subverticais, de direção
aproximadamente EW, sendo as maiores concentrações associadas às transcorrências. Já
concentrações menores são principalmente controladas por zonas de cisalhamento relacionadas a
falhas de empurrão (Vieira 2000, Lobato et al. 2001b). Os melhores exemplos são as minas de
Morro Velho e Raposos, onde os corpos com as maiores dimensões e teores são os de direção EW.
Dentro de um mesmo corpo pode-se notar a mudança brusca no conteúdo metálico quando o corpo
muda de direção.

16
Quadrilátero Ferrífero - depósitos de ouro do Grupo Nova Lima
Tipos de mineralização Hospedada em FFB (sulfetada), subordinadamente hospedada em rochas vulcânicas e
sedimentares
Estilos de mineralização Dominada por substituição, relacionada à zonas de cisalhamento
Prospectividade 86 kg de ouro por km2 de greenstone belt
Tamanho e teor Depósitos pequenos à médios (0,1-10 t Au), 5-15 g/t Au
Metamorfismo Associações minerais das fácies xisto-verde à anfibolito médio.
Tamanho dos corpos de Direção = 10 à 300 m; largura = 0,5 à 20 m; extensão (down-plunge) = 800 à > 3000 m
minério
Tipos de sulfetos Pirita*, pirrotita*, arsenopirita* *: com inclusões de ouro (até 120 µm)
(calcopirita*, esfalerita, galena)
CONTROLES DA MINERALIZAÇÃO
Controle litológico
• Depósitos associados principalmente com rochas ricas em ferro, tais como FFBs ricas em
carbonato e óxido e vulcânicas máficas
Controle mineralógico
• Ouro associado com sulfetos, ocorrendo em inclusões, em fraturas ou ao longo de grãos
Controle estrutural Distinta continuidade dos corpos de minério ao longo do plunge, paralelo à lineação
mineral/estiramento. Mineralização em zonas de cisalhamento.
ALTERAÇÃO HIDROTERMAL
Formações ferríferas
• Enriquecimento em sulfeto e quartzo. Camadas de sulfeto resultam de sulfetação, com
substituição de carbonato de ferro e magnetita
Metavulcânicas máficas
• Enriquecimento em sericita, carbonato, clorita e sulfeto
Rochas Metassedimentares
• Enriquecimento em carbonato, sericita e sulfeto
GEOQUÍMICA DO MINÉRIO
Associação minério-metal
• Depósitos tipo gold-only, Au (Ag, As, Cu, Zn, Pb)
Outros elementos no
minério
• Au:Ag = 1:6 (média); Baixo conteúdo de metais básicos (< 0,2 % em peso); FFB estéril: Au
(40-300 ppb), Ag (10-140 ppb)
• FFB mineralizada: Au (1-110 ppm), Ag (0,5-16 ppm)
Depósitos ativos Morro Velho, Cuiabá, São Bento, Espírito Santo (mina Raposos), Roça Grande
100

FFB 589
Cuiabá 180
Lapa seca 504

Raposos 120
Mina Morro Velho (G) 450
80

São Bento 80
Ouro contido (ton)

60

Rochas vulcânicas ultramáficas


9 Rochas vulcânicas máficas

3 Descoberto da S. Piedade

9 Rochas vulcanolásticas
50

5 Santana (Nova Lima)


30 Lamego
30 Brumal

4 Pelitos carbonosos
40
Mina Morro Velho (V)

6 Engenho d'Água
3 Cachorro Bravo
14 Pelitos
3 Juca Vieira
20

3 Rosalino
2 Cruzeiro

3 Dumbá
9
0

Lapa seca* ± rochas FFB e chert ferruginoso ± Rochas vulcânicas máficas ± Rochas vulcanoclásticas e
vulcânicas félsicas rochas vulcânicas máficas e rochas ultramáficas pelíticas carbonosas
rochas sedimentares vulcânicas e rochas
sedimentares

ESTRUTURAS
ESTRUTURAS ENCAIXANTES ESTRUTURAS
ESTRUTURAS ENCAIXANTES ENCAIXANTES
ENCAIXANTES ZCs direcionais, reversas e
ZCs oblíquas, dobra em bainha oblíquas ZCs reversas,
ZCs direcionais, dobras tubular (Cuiabá) charneiras de dobra
similares assimétricas ZCs reversas (São Bento,
apertadas Raposos)
Mergulho dos corpos de
Mergulho dos corpos de minério: Mergulho dos corpos de
Mergulho dos corpos de minério: 120/37-22 minério:
minério: 135-105/55-22 não está claro
95/45-33 ALTERAÇÃO DA
ENCAIXANTE ALTERAÇÃO DA
ALTERAÇÃO DA ALTERAÇÃO ENCAIXANTE
ENCAIXANTE DA ENCAIXANTE Clorita
Carbonato Mica branca
Carbonato Carbonato Mica branca Quartzo
Mica branca Sulfeto Sulfeto
Sulfeto Quartzo
Quartzo
A principal estrutura de controle (mergulho - plunge) é a lineação de estiramento coincidente com o
eixo de dobra (dobras de eixo “a”), que confere aos corpos formas de bastões ou fitas (razão
superior a 1/15). Ao longo do mergulho mostram torções, modificação na forma das dobras,
rompimentos e ramificações. Dobras apertadas são comuns nas áreas mineralizadas, sendo
importante controle de mineralização de vários corpos.
Os corpos de minério ocupam a porção central de zonas de cisalhamento quilométricas com
espessura que dificilmente ultrapassa os 300 m. As zonas de cisalhamento são coincidentes com as
de alteração hidrotermal e subparalelas ao bandamento composicional, o que dá uma falsa
impressão de estrutura sedimentar. As texturas indicam que a deformação foi de fato
contemporânea à alteração ao hidrotermal.

Estilos de Mineralização Três principais estilos de mineralização são identificados (e.g.,


Ribeiro-Rodrigues et al. 1997) (Tabela 6). Comumente um estilo estrutural domina. Contudo,
diferentes estilos de mineralização podem estar presentes em um único depósito (e.g., Cuiabá, Juca
Vieira).
Depósitos stratabound dominados por substituição estão associados com FFBs fácies óxido, como
em Raposos, São Bento, Urubu, e fácies carbonato como Cuiabá, Morro Velho, São Bento,
Lamego, Faria, Esperança III. Os depósitos em FFB fácies óxido são, na sua maioria, não
estratiformes, caracterizados pela ocorrência de ouro dentro ou adjacente à estruturas secundárias,
tais como veios, fraturas e zonas de cisalhamento que cortam a FFB, como é o caso de Raposos,
Pari e Urubu. Os depósitos associados à FFB fácies carbonato apresentam um caráter bandado
típico, com alternância de mesobandas (até 1 m de espessura) quartzo-carbonáticas, mesobandas de
chert e mesobandas ricas em sulfeto, sendo as últimas geradas pela sulfetação dos carbonatos, em
parte de origem hidrotermal. Esse bandamento, resultante de dobramento e cisalhamento, impõe um
aspecto aparentemente estratiforme (pseudo-estratiforme), o que levou à interpretação de origem
sedimentar para o mesmo. Este aspecto impõe uma continuidade lateral entre o que se pensava
serem porções de "fácies sulfeto" e de "fácies carbonato". Em função disso, o depósito Cuiabá, por
exemplo, é considerado por muitos autores como pertencente ao grupo dos depósitos estratiformes,
com algumas características de depósitos não estratiformes. Zonas de sulfeto maciço ocorrem nas
zonas de charneiras de dobras.
Depósitos hospedados em zonas de cisalhamento dominados por substituição são representados por
sulfetos disseminados em zonas de cisalhamento em rochas vulcânicas ricas em ferro, como nos
depósitos de Cuiabá (corpos de minério Balancão Footwall e Galinheiro Footwall), Juca Vieira e
Tinguá; em rochas sedimentares, como em Raposos, e em vulcanoclásticas, como é o caso de Bela
Fama. As zonas de cisalhamento são dúcteis a rúptil-dúcteis, em sua maioria subparalelas ao
bandamento composicional com um padrão sigmoidal, anastomosado.
Depósitos de veios de quartzo relacionados a cisalhamento são associados com remobilização de
quartzo em rochas vulcânicas e sedimentares, como ocorre nos depósitos Juca Vieira, Cuiabá (corpo
Galinheiro Quartzo, Figura 4) e Viana. Os corpos de minério são compostos por inúmeros veios de
quartzo interconectados com sulfetos disseminados. Os depósitos de veio de quartzo e hospedados
em zonas de cisalhamento representam membros finais de uma série contínua de depósitos, mas
com características mineralógicas, químicas e estruturais que justificam esta distinção. Ambos
possuem características stratabound, pois estão quase sempre confinados a um tipo litológico
específico. Desta maneira, ocorrem diversos depósitos de transição entre estes dois tipos no Grupo
Nova Lima. Por exemplo, em determinados depósitos o minério pode adquirir um aspecto de sulfeto
maciço ou aumentar a proporção de quartzo em relação a sulfetos.

Alteração Hidrotermal As associações minerais dos depósitos de ouro são compatíveis


com as condições da fácies xisto verde a fácies anfibolito médio, cujas pressões e temperaturas
metamórficas correspondem aproximadamente à transição de condições rúptil-dúcteis (e.g., Sibson
1975). Nestas condições predominam depósitos relacionados a zonas de cisalhamento, depósitos de
veios de quartzo e depósitos com padrões de substituição sobre depósitos tipo stockwork, i.e.,

17
Estilo Estrutural Depósitos importantes
Depósitos tipo stratabound, dominados por Morro Velho, Cuiabá, São Bento, Raposos,
substituição Lamego, Faria, Esperança III, Tinguá
Depósitos hospedados em zonas de Bicalho, Bela Fama, Paciência, Juca Vieira,
cisalhamento, dominados por substituição Pari, Raposos, Tinguá, Cuiabá
Depósitos de veios de quartzo relacionados à Juca Vieira, Paciência, Viana (em Cuiabá),
cisalhamento Morro Velho, Cuiabá, Bicalho

206
Depósito Amostra Descrição Pb/204Pb 207
Pb/204Pb 208
Pb/204Pb µ Th/U Idade Modelo Interpretação
(mineral) (Ma)
Hospedado em FFB (Formação Cauê, do Supergrupo Minas)
Cauê ? Minerais- 1830 Idade primária
Isócrona minério (hematita,
quartzo, ouro)
Hospedado em FFB (Grupo Nova Lima)
Cuiabá TQ83-57 Veios cortando 13,854 14,660 33,483 8,516 3,898 2409 Idade mista?
(galena) FFB
(*)
TQ82-57a 13,856 14,669 33,495 8,564 3,912 2418 Idade mista?
(galena)
Esperança TQ83-39 Veios cortando 13,626 14,598 33,301 8,637 3,951 2551 Idade mista?
III (galena) FFB
Faria TQ83-38 Veios cortando 14,112 14,867 33,809 9,202 4,014 2425 Idade mista?
(galena) FFB
São Bento ? 2650 Idade
(arsenopirita) primária ?
Hospedada em ‘lapa seca’
Bicalho TQ82-146 Veios de 13,729 14,694 33,432 9,000 3,916 2569 Idade mista?
quartzo cortando
TQ82-146a(*) 'lapa seca' 13,726 14,695 33,441 9,015 4,021 2574 Idade mista?
TQ82-147 Remobilização 13,901 14,763 33,543 9,228 3,852 2493 Idade mista?
ou recristalização
in situ
Hospedado em metavulcânicas félsicas (Grupo Nova Lima)
Bela Fama TQ82-148 Veios de 13,527 14,648 23,263 9,258 3,955 2710 Idade primária
quartzo cortando
‘lapa seca’
(remobilização ou
recristalização in
situ)
TQ83-37 Idem 14,731 14,907 34,275 8,515 3,826 1935 Remobilização
transamazônica
(*) Análises duplicadas
múltiplos conjuntos de estreitos veios de quartzo (e.g., Hodgson e MacGeehan 1982, Kerrich 1986,
Colvine et al. 1988, Groves et al. 1988).
A alteração hidrotermal associada às mineralizações auríferas é dominada por zonas externas ricas
em clorita, que passam a carbonato e, finalmente, mica branca próximo ao minério. Essas zonas
desenvolvem-se com nitidez em rochas máficas e ultramáficas. Sulfetação e silicificação
comumente acompanham zonas de alteração a carbonato e mica branca. Várias gerações ou famílias
de sulfetos podem ser definidas com base no tamanho, presença de ouro, hábito e controle estrutural
(Lobato 1998, Lobato et al. 1998).
Uma grande variedade de estruturas de cisalhamento hospedam minerais de alteração associados ao
ouro, incluindo (i) planos de falhas/zonas de cisalhamento; (ii) clivagens plano-axiais ou foliações à
dobras assimétricas; (iii) zonas de dobra e zonas entre charneiras de dobras; (iv) dobras em bainha;
(v) clivagens de fratura espaçadas; (vi) fraturas irregulares; (vii) corpos de minério brechados
(mosaico e rotacional). As feições de deformação são pervasivas em todos os depósitos nas rochas
do Grupo Nova Lima. Apesar disso, a maioria dos autores adotam o uso de So com referência ao
bandamento composicional das FFBs sulfetadas (e.g., Ladeira 1980, Vieira 1991a). Essa abordagem
tem levado ao desentendimento sobre a origem dos depósitos. O bandamento composicional,
presente nas mais diferentes litologias, é em muitos casos claramente metamórfico e/ou paralelo às
zonas de alteração hidroterma e, portanto, não tem relação com o acamamento sedimentar.

Tamanho e Teor dos Depósitos A maioria dos corpos de minério são stratabound e
apresentam dimensões variando entre 10 e 300 m ao longo da direção, 0,5 a 20 m de potência e 800
a mais de 3000 m de extensão (down-plunge). Similarmente a outros terrenos arqueanos, o QF
possui uma concentração notável de depósitos pequenos e médios (0,1 a 10 t Au) (e.g., oeste da
Austrália, Groves e Ho 1990; Província Superior, Canadá, Colvine et al. 1984, 1988; Zimbabwe,
Foster 1989). A maioria dos depósitos possui reservas inferiores à 1 tonelada, geralmente por volta
de 100 kg. Existe uma dezena de depósitos com tamanho entre 1 e 10 t, quatro entre 10 e 50 t
(Paciência, >15 t; Brumal, >30 t; Lamego, >30 t e Raposos, >40 t) e um com reservas entre 50 e
100 t (São Bento, 80 t). Dois depósitos apresentam padrão do tipo "world class" (> 100 t): Cuiabá,
com reservas medidas superiores a 200 t de ouro contido, e Morro Velho, que produziu cerca de
455 t de ouro e possui recursos de cerca de 10 t.
Os teores de ouro de minas ativas e paralisadas variam consideravelmente. A maioria dos depósitos
foi explotada em lavra subterrânea com teores de 4-15 g/t de Au. Teores mais altos, entre 20-30 g/t,
são reportados para minas antigas (e.g., Eschwege 1833, Gorceix 1876, Ferrand 1894). Nos últimos
anos algumas operações a céu aberto, de zonas intemperizadas de corpos de minério, foram lavradas
com teores de 0,5 g/t de Au. Exemplos são Córrego do Sítio e Roças Grandes, com uma média de 2-
3 g/t de Au. A Figura 8 apresenta a importância relativa dos diferentes tipos de rochas hospedeiras
no QF em termos de ouro contido (produção + reservas).

Idade das Mineralizações A(s) idade(s) das mineralizações auríferas no QF, hospedadas em
rochas do greenstone belt Rio das Velhas, é(são) controversa(s) e idades absolutas conclusivas
ainda não são disponíveis. As evidências existentes são indicativas dessas mineralizações como
epigenéticas, relacionadas a um único evento tectônico, após o pico de metamorfismo (e.g., Lobato
et al. 2001a).

Critérios Indiretos Minerais hidrotermais associados a sulfetos contendo ouro são interpretados
como tendo se desenvolvido dentro de estruturas relacionadas a incrementos de deformação
diferentes. Na ausência de dados geocronológicos seguros, a idade de depósitos de ouro hospedados
no Supergrupo Rio das Velhas foi sempre estimada relativamente às estruturas de deformação.
A evolução tectônica do QF é muito complexa e intensamente discutida na literatura (e.g., Lobato et
al. 2001a, b). Relações geológicas regionais, relações de campo e análise estrutural de detalhe
levaram a caracterização de várias fases de deformação. Porém, não existe nenhuma concordância
com respeito ao número de fases de deformação regionais, ou mesmo em escala de mina, e o exato

18
número de estruturas geradas em cada fase. A falta de dados geocronológicos precisos impede o
estabelecimento da idade de cada um das fases propostas. Além disso, orientações estruturais
persistiram e se repetiram aparentemente ao longo do tempo geológico. A interpretação sistemática
de idades de deposição de ouro, fundamentada principalmente em estruturas, tem mostrado ser
ambígua e não conclusiva. Como resultado, as mineralizações de ouro hospedadas no Grupo Nova
Lima têm sido correlacionadas a todos os eventos geotectônicos registrados no QF, variando assim
de eventos no Arqueano (Rio das Velhas) até o Neoproterozóico (Brasiliano).
Embora as evidências estruturais não sejam totalmente compreendidas, os principais lineamentos
estruturais no QF, como o Paciência (Figura 2), aos quais estão associados as mineralizações de
ouro no Grupo Nova Lima, estão interrompidos pelas unidades do Supergrupo Minas ao norte e a
sudeste, enquanto a leste eles são truncados ou reativados por falhas de empurrão de idade
brasiliana (Zucchetti e Baltazar 1998). Essas relações sugerem que os lineamentos são anteriores à
sedimentação do Supergrupo Minas, implicando em uma idade mínima Neoarqueana para as
mineralizações de ouro.
A despeito dessas evidências, Schrank et al. (1996) sugeriram que a mineralização de ouro no
depósito Cuiabá e em Passagem de Mariana (próximo a Ouro Preto) sejam contemporâneas; esta
última ocorre no contato com o Supergrupo Minas mais jovem, ao longo do contato com o
Supergrupo Rio das Velhas. Por outro lado, Ribeiro-Rodrigues (1998) relaciona estruturas que
controlam minério no depósito Cuiabá para um único evento En de deformação. O autor considerou
que este evento En era posterior à sedimentação do Supergrupo Minas. Consequentemente, este
evento corresponderia a uma orogenia paleoproterozóica (Transamazônico) ou neoproterozóica
(Brasiliano).

Dados Geocronológicos Disponíveis As principais conclusões que surgem a partir dos dados
geocronológicos estão resumidas em Lobato et al. (2001b). Os limitados dados isotópicos absolutos
existentes são idades modelo Pb-Pb e de zircão detrítico (U-Pb SHRIMP) de rochas alteradas ou
cisalhadas da sucessão vulcanossedimentar. Idades através de métodos mais robustos, como Ar-Ar e
U-Pb, ainda não foram realizadas.
Estudos de isótopos Pb-Pb podem produzir informação sobre a idade, processos de mineralização e
fonte de metal para a mineralização de ouro. Como uma premissa do modelo, considera-se que a
composição isotópica de Pb dentro da estrutura de galena e outros sulfetos não tenha mudado desde
o tempo da sua formação. Consequentemente, é assumido que estes minerais têm preservado a
relação inicial de isótopos de chumbo (McNaughton 1987, Dahl et al. 1987). No QF, idades Pb-Pb
disponíveis para galena, arsenopirita e pirita de depósitos hospedados em FFB ± chert ferruginoso e
rochas félsicas são apresentadas na Tabela 7. Em todos os depósitos, galena representa um mineral
traço ou componente secundário dos minérios. As idades modelo variam de 2,7 a 1,9 Ga.

Tabela 7. Idades radiométricas Pb-Pb disponíveis para depósitos de ouro do Quadrilátero


Ferrífero (em Lobato et al. 2001a, segundo Thorpe et al. 1984, DeWitt et al. 1996, Olivo et al.
1997). *: na legenda da Figura 7. FFB: formação ferrífera bandada.

O chumbo menos radiogênico na galena no depósito Bela Fama, hospedado em rochas félsicas
vulcânicas relacionadas à cisalhamento, produz uma idade modelo de 2710 Ma. Thorpe et al.
(1984) interpretam esta idade como sendo bastante próxima da idade verdadeira das rochas
hospedeiras. Esta seria a idade mínima de formação da mineralização de ouro. Recentes dados
geocronológicos indicam que esta idade correlaciona-se ao Evento Rio das Velhas que ocorreu
entre 2780-2703 Ma (e.g., Carneiro et al. 1994).
No depósito São Bento, idades modelo Pb-Pb de arsenopirita e pirita estão próximas de 2650 Ma.
Galenas das minas Cuiabá, Morro Velho e Esperança III produzem idades modelo para uma
evolução em um único estágio entre 2574 e 2409 Ma (DeWitt et al. 1996).
Não está claro se estes dados Pb-Pb representam verdadeiras idades modelo ou, alternativamente,
rehomogeneização isotópica. Por exemplo, aplicando-se cálculos de dois estágios a resultados

19
obtidos em galenas, eles podem ser interpretados como refletindo a recristalização delas associada
com deformação de depósitos de ouro e rochas hospedeiras e/ou remobilização e deposição, em
eventos tectônicos subseqüentes do Proterozóico (Transamazônico e Brasiliano; Thorpe et al.
1984). A galena mais radiogênica de Bela Fama indica uma idade modelo de 1935 Ma (Thorpe et
al. 1984), correlacionado ao Evento Transamazônico (2060-1900 Ma). Esta idade é correlativa à
idade de Pb-Pb de 1830 Ma (Olivo et al. 1996) para o depósito de ouro jacutinga Cauê, epigenético
com paládio associado, hospedado em FFB proterozóica. A idade de 1830 Ma é interpretada como
sendo a idade aproximada dos minérios de ouro do tipo jacutinga, que são localizados em zonas de
distensão de cisalhamento rúpteis dentro de FFBs a carbonato-magnetita ± hematita do Supergrupo
Minas, caracterizando um ambiente completamente diferente de mineralizações de ouro no
Supergrupo Rio das Velhas. A relação entre as idades 1935 e 2710 Ma pode indicar (i) derivação de
chumbo heterogêneamente isotópico da hospedeira, ou (ii) mistura de chumbo de rochas félsicas e
do fluido mineralizador. Assumindo-se um cálculo em dois estágios, com uma idade de rocha fonte
de 2710 Ma, a idade de 595 Ma é obtida, sugerindo remobilização ou mineralização durante a
Orogenia Brasiliana (750-450 Ma) (Thorpe et al. 1984).
Rutilos hidrotermais, extraídos de rocha vulcânica máfica cisalhada ao sul de Caeté exibindo
alteração típica daquelas associadas às mineralizações de ouro, formam uma única fração altamente
discordante (24%), indicando idades modelo Pb-Pb de 2580 Ma (Noce 1995). Isto sugere para a
mineralização de ouro de Caeté uma idade arqueana.

Produtividade e Prospecção de Ouro A produtividade ou intensidade de


mineralização de ouro em um greenstone belt pode ser expressa como sendo a soma da produção,
reservas medidas e prováveis, dividida pela área do greenstone (kg Au/km2).
Ainda que mais indicada para comparações entre greenstone belts de amplas áreas cratônicas, que
mostram exposições e condições de prospecção relativamente uniformes, a produtividade tem sido
usada para a comparação entre greenstone belts de diferentes crátons (Foster 1985, Groves et al.
1998, Groves e Foster 1991). A Tabela 8 apresenta informações do greenstone belt Rio das Velhas
comparadas com as de outros crátons do mundo que hospedam importantes mineralizações
auríferas. O Rio das Velhas mostra uma produção de 53 kg Au/km2, que é comparável à de outros
terrenos tipo greenstone (e.g., Barberton, África do Sul; Norseman-Wiluna, Austrália).

Tabela 8. Comparação entre o greenstone belt Rio das Velhas e greenstone belts de outros crátons
hospedeiros de mineralizações auríferas. Fonte: Gilligan e Foster (1987), Groves et al. (1987), de
Wit e Ashwall (1995, 1996). QF: Quadrilátero Ferrífero; FFB: formação ferrífera bandada.

A mineralização de ouro é espacialmente restrita quase em sua totalidade a pequenas porções do


cinturão, no QF. A produtividade desta região é extremamente alta, excedendo 118 kg Au/km2.
Minas de ouro ativas e prospectos foram descobertos como resultado de reavaliação ou campanhas
de sondagem de mineralizações já conhecidas por antigos prospectores (e.g., Cuiabá, São Bento e
Raposos). Poucos depósitos foram descobertos por campanhas geoquímicas (e.g., Córrego do Sítio).
A exploração geofísica ainda não foi largamente utilizada. No presente momento, a prospecção se
encontra numa fase recessiva e poucos depósitos estão sendo reavaliados para futura produção (e.g.,
Mina Velha, Moinho, Mata do Jambreiro).

ÁREA-LABORATÓRIO: DEPÓSITO CUIABÁ O depósito aurífero Cuiabá é explotado


em mina subterrânea, localizada a 40 km a leste da cidade de Belo Horizonte (Figuras 1, 2, 3 e 4),
nos níveis 5, 6, 7 e 8, sendo que o nível 11 (a cerca de 700 m) está em fase de desenvolvimento.
Trata-se de depósito do tipo gold-only, lode orogênico (Groves et al. 1998, Hagemann e Cassidy
2000), mesotermal, como designado por muitos autores, típico de terrenos greenstone belts
arqueano.
Embora o detalhamento geológico seja aparentemente satisfatório, para balizar os estudos
pretendidos, a interpretação das estruturas que controlam a posição dos mais diversos corpos de

20
Cráton Área Idade Produtividade de Número de depósitos
2 2
greenstone belt (*) (km ) (Ga) ouro (**) (kg Au/km ) hospedados em FFB (> 1 t)
SÃO FRANCISCO (1) 820 000 53 13
Rio das Velhas 15 500 3,0-2,7 53 13
(região do QF) 7 000 118 13
SLAVE (10) 190 000 ? ?
Yellowknife 1000 2,72-2,66 ? 1
SUPERIOR PROVINCE (35) 1 572 000 ? ?
Abitibi 115 000 2,75-2,67 43 ?
YILGARN (> 40) 10 000 000 25 32
Murchison 120 000 3,0-2,8 18 14
Norseman Wiluna 51 200 2,9-2,7 35 1
ZIMBABWE (23) 268 000 72 21
Harare-Shamva 3854 2,71-2,67 ? -
KAAPVAAL (10) 1 200 000 ? 2
Barberton 6 000 3,49-3,06 50 1
TANZANIAN (8) 500 000 ? 2
Sukumaland 20 000 2,81-2,53 1,5 2
EASTEN DHAMAR (9) 375 000 ? ?
Kolar 320 2,7 ? 1
(*): Número de greenstone belts arqueanos no cráton.
(**): Produtividade = Soma da produção de ouro, reservas medidas e prováveis por unidade de área.
minério é muito controversa. Esse fato tem sérias implicações para cada uma das metas deste
trabalho, desde a fase de amostragem até a de aplicação e interpretação dos mais variados dados
obtidos no âmbito do Projeto.
Rochas da associação vulcânica-química (Zucchetti e Baltazar 1998), do Grupo Nova Lima,
encaixam o depósito Cuiabá. Uma camada de formação ferrífera bandada, a FFB Cuiabá, pode estar
localmente mineralizada (Figura 4). Sua espessura varia de 6 a 15 m, estando entre rochas
vulcânicas máficas na base, com intercalações sedimentares, e rochas vulcânicas máficas
superiores, rochas vulcanoclásticas e sedimentares (Vial 1988a, Vieira et al. 1991b, Toledo 1997,
Ribeiro-Rodrigues 1998). As rochas sedimentares inferiores incluem bandas discretas de xisto ou
filito carbonoso e filitos pelíticos intercalados. A lapa é mais espessa (≤ 3 m), com xisto carbonoso
sobreposto por basalto.
As informações sobre o depósito Cuiabá, constantes dos itens que se seguem, são baseadas
principalmente nos trabalhos de Vial (1988a), Vieira et al. (1991b), Toledo (1997), Ribeiro-
Rodrigues (1998), Lobato et al. (1998), entre outros. Parte dos novos dados apresentados, obtidos
durante o período do Projeto, são detalhados por Lehne (2000, 2001), Costa (2000), Martins (2000),
Lobato et al. (2001a, b) e muitas das conclusões aqui contidas advêm desses autores.

Lito-estratigrafia A sucessão litológica inclui rochas metavulcânicas, metavulcanoclásticas e


metassedimentares correlacionadas com as unidades inferiores, médias e superiores do Grupo Nova
Lima, conforme proposto por Vieira e Oliveira (1988) e Vieira (1992) (Figura 9). Visando permitir
uma melhor clareza do texto, o prefixo 'meta' é geralmente omitido.

Figura 9. Lito-estratigrafia do depósito Cuiabá, mostrando as características pré- e pós-alteração


hidrotermal (com base em Vieira 1992).

As litologias incluem as vulcânicas inferiores e superiores, a FFB Cuiabá, pelitos, pelitos


carbonosos, vulcanoclásticas e diques de rochas básicas. Litologias alteradas hidrotermalmente em
escala mapeável incluem as vulcânicas inferiores alteradas a mica branca e carbonato bem como
vulcânicas superiores alteradas a clorita, mica branca e carbonato. Os protolitos destes conjuntos de
alteração são objetos de controvérsias (Vial 1983, Vieira et al. 1991b, Vieira 1992).
A espessura da seqüência original foi estimada como sendo superior a 1 km, baseando-se em
estimativas de furos de sonda verticais e horizontais. Contudo, uma vez que a área foi submetida a
intensa deformação, esta espessura pode ter sido modificada por espessamento ou afinamento
tectônico.
A unidade inferior (Figura 9) é caracterizada por mais de 400 m de espessura de vulcânicas
inferiores, intercaladas com pelitos e lentes de pelitos carbonosos. Informações sobre estas rochas
foram obtidas principalmente através dos furos de sonda e exposições de galeria nos níveis 3 e 8 da
mina Cuiabá. As rochas vulcânicas máficas estão concordantes sobre uma camada de 15 m de
formação ferrífera, a FFB Cuiabá. Tanto as vulcânicas máficas, em especial próximo ao contato
com a FFB, como a FFB estão variamente alteradas hidrotermalmente.
Sobrejacente à FFB Cuiabá, ocorrem os pelitos carbonosos e as rochas vulcânicas máficas
superiores com intercalações locais de pelitos da unidade média. O topo da unidade é composto por
rochas vulcânicas máficas superiores sem alteração e sua espessura é estimada em 150 m. A
unidade superior é constituída por pelitos, alternados com rochas vulcanoclásticas, perfazendo uma
espessura de mais de 600 m. Rochas intrusivas, representadas por diques básicos de até 30 m de
espessura, cortam todas as litologias. O contato com a unidade média é transicional e marcado pelo
aparecimento das rochas vulcanoclásticas.

Rocha Vulcânica Máfica Inferior Esta rocha ocorre no interior da estrutura do depósito
Cuiabá e é caracterizada por uma coloração verde clara, granulação fina e aspecto maciço. A
composição mineralógica principal é clinozoisita/epidoto, plagioclásio, anfibólio, clorita e quartzo.
Os aspectos texturais mais marcantes são a presença de relictos de plagioclásio substituídos por

21
clinozoisita, ocorrendo junto com cristais aciculares ou prismáticos de tremolita/actinolita, clorita e
quartzo. Vieira (1992) descreve a presença de lavas almofadadas e variolitos no nível 3 da mina,
que atualmente não pode mais ser acessado. Tanto as almofadas como os variolitos estão
deformados, mostrando comprimentos variando de 0,5 a 2,0 m e 0,2 a 2 cm, respectivamente. As
estruturas indicam uma origem submarinha paras estas rochas.

Rocha Vulcânica Máfica Superior Esta litologia possui uma distribuição areal restrita, estando
presente principalmente na parte leste da mina. Os litotipos são de cor verde escura oliva, maciços,
de granulação fina e alcançam uma espessura de 80 m. Localmente podem estar foliados e texturas
tipo almofada foram observadas próximo ao corpo Viana (Figura 4). A composição mineralógica é
similar à das rochas metavulcânicas inferiores, incluindo clorita, epidoto, plagioclásio, quartzo e
subordinadamente anfibólio. A clorita ocorre na forma de cristais subédricos intercrescidos com
plagioclásio. O epidoto forma agregados anédricos de cristais de até 300 µm, intercrescidos com
clinozoisita. Plagioclásio mostra uma textura ofítica e não possui uma orientação preferencial. Este
mineral está localmente substituído por carbonato. O quartzo é fino (< 100 µm) e comumente
associado com plagioclásio e agregados de epidoto/clinozoisita. Nas porções mais cisalhadas, o
quartzo está fortemente estirado, apresentando extinção ondulante. O anfibólio possui composição
da tremolita/actinolita e forma prismas alongados. A rocha vulcânica máfica superior, localmente
mineralizada, tem razão Fe/Mg maior que a inferior, de composição andesítica.

A Formação Ferrífera Bandada Cuiabá (FFB Cuiabá) A formação ferrífera bandada Cuiabá
(FFB Cuiabá) representa uma formação ferrífera (FF) tipo Algoma, de fácies carbonato, com
espessura variando de menos de 1 m até 15 m. A mesma inclui tanto FF stricto sensu (i.e, um
sedimento químico contendo 15% ou mais de ferro, cf. James 1954), quanto níveis de chert
ferruginoso. Na sua presente posição, a extensão lateral do horizonte de FF pode ser estimada como
superior a 1 km. A FFB Cuiabá é caracterizada por um bandamento composicional, definido pela
alternância de bandas escuras de carbonato-quartzo, contendo matéria carbonosa, com bandas
translúcidas (brancas e laranjas) contendo quartzo-carbonato e lâminas de chert. As porções
superior e inferior da FFB Cuiabá são distintas e o contato entre essas é marcado por uma camada
escura, de cerca de 15 cm, de rocha vulcânica máfica. A porção inferior, muito rica em carbonato de
ferro, é a principal hospedeira do ouro, tipicamente bandada e rica em matéria carbonosa. Já a
porção superior constitui um chert ferruginoso fortemente deformado, rico em matéria carbonosa. O
minério principal de Cuiabá é predominantemente pirítico, encaixado em FFB ± chert ferruginoso,
associado à alteração hidrotermal seletiva de bandas carbonáticas, relacionada a estruturas de
deformação lineares e via de regra associadas a dobras. Enquanto que a composição mineralógica
pré-alteração é siderita ± anquerita, quartzo e fina poeira de matéria carbonosa, os produtos de
alteração incluem extensas zonas carbonáticas e piríticas. A FFB siderítica contendo magnetita
(Prancha 1A) ocorre em poucos afloramentos no flanco sul da dobra Cuiabá, corpo Serrotinho, onde
magnetita subédrica acha-se substituída por hematita geminada (Prancha 1B), estando ambas
sobrecrescidas por pirita aurífera (Prancha 1C).

Prancha 1. Características de amostras de minério encaixado em formação ferrrífera bandada no


depósito aurífero Cuiabá. A – minério pirítico rico em magnetita do corpo de minério Serrotinho
nível 11, onde finas bandas ricas nos óxidos magnetita e hematita (bm) intercalam-se a bandas
quartzo-carbonáticas; B – do mesmo ponto no corpo Serrotinho, cristais maclados de hematita
envolvem grãos de magnetita. C – do mesmo ponto no corpo Serrotinho, magnetita reliquiar é
sobrecrescida por hematita, sendo ambas sobrecrescidas por pirita (escala: 425 μm). D – Banda
de pirita fina em matriz quartzo-carbonática.

Rochas Sedimentares Clásticas A FFB Cuiabá é quase inteiramente contornada por um


envelope de pelito carbonoso, em camada de 1 a 3 m de espessura. A rocha é composta por
moscovita, quartzo, carbonato, clorita e matéria carbonosa, sendo que o conteúdo de matéria

22
orgânica total em geral alcança 2%. Lentes deste pelito ocorrem intercaladas dentro da rocha
vulcânica máfica superior alterada e da vulcânica máfica inferior. O contato dos pelitos carbonosos
com as rochas vulcânicas é plano, bem definido e pouco deformado, estando entretanto
intensamente deformado nos contatos com a FFB Cuiabá. Feições características destas zonas são o
desenvolvimento de proeminente foliação milonítica e de veios de quartzo paralelos à foliação.
Em todas as três unidades, inferior, média e superior (Figura 9), pelitos ocorrem como lentes dentro
das rochas vulcânicas ou intercaladas com as rochas vulcanoclásticas e os pelitos carbonosos.
Constituem filitos e, quando muito deformados, xistos, tendo espessura que varia de 1 a 5 m. Em
áreas de baixa deformação, o acamamento original dos pelitos pode ser bem reconhecido e
expressa-se pela alternância milimétrica a centimétrica de lâminas de diferentes composições
mineralógicas. Os pelitos diferem dos pelitos carbonosos pelos teores mais baixos de matéria
carbonosa e maiores composições modais de carbonato. Contatos entre os litotipos são
gradacionais, com litologias variando de pelitos ricos em matéria carbonosa até folhelhos negros
típicos (> 0,5% de matéria carbonosa).

Rochas Vulcanoclásticas e Diques Rochas vulcanoclásticas de composição dacítica e riolítica


constituem as rochas mais abundantes da região do depósito Cuiabá. As litologias ocorrem
intercaladas com lentes de pelitos, formando uma seqüência de mais de 500 m de espessura. Os
litotipos variam de filitos pouco intemperizados cinza claros até filitos vermelho-amarronzados
intemperizados. Fenocristais de quartzo e plagioclásio são os componentes principais, ocorrendo em
uma matriz fina de mica branca, clorita, quartzo e carbonato. Relictos do acamamento primário
podem ser reconhecidos localmente em afloramento.
No nível 17 da mina Cuiabá, furos de sonda interceptaram diques não deformados que cortam a
seqüência de rochas vulcanoclásticas. Eles possuem uma espessura de até 30 m e direção NE-SW.
A sua composição é similar à das rochas vulcânicas máficas e a diques de diabásio e basalto da
região de Nova Lima. Idades radiométricas (U-Pb-SHRIMP) de zircões detríticos indicam uma
idade mínima de 2,74 Ga para as rochas vulcanoclásticas (Schrank e Machado 1996) dessa região.

Elementos Estruturais A estrutura dominante do depósito Cuiabá é uma megadobra


anticlinal fechada, cilíndrica em bainha, na FFB encaixante, com mergulho de 30-40o para SE
(Figura 10). Esta dobra o bandamento e é responsável pelo desenvolvimento de uma foliação e
fraturas plano-axiais. Seções yz da dobra Cuiabá indicam um formato elíptico, relativamente
regular. O cone pode ser traçado ao longo do mergulho por mais de 3000 m. Os desenvolvimentos
em profundidade vêm mostrando, através do corte dos diferentes níveis, que a dimensão SW-NE
desse cilindro aumenta (abre-se) nos níveis mais profundos, aumentando também a complexidade
estrutural dos corpos de minério, que acham-se rompidos e fortemente dobrados. O mergulho varia
de 116/35 na superfície até 116/24 a cerca de 1100 m no nível 17 (Vial 1980, Ribeiro-Rodrigues
1998).

Figura 10. Perfil simplificado ao longo da direção do eixo x do cone da dobra tubular Cuiabá
(116o) (em Ribeiro-Rodrigues 1998).

Todas as unidades estão afetadas pela foliação plano-axial, localmente milonítica (Sn = 135/45),
com proeminente lineação mineral de estiramento (Ln = 126/22-35), definida por grãos finos e
alongados de moscovita, carbonatos e sulfetos. A lineação é paralela a eixos de dobras e a
interseção entre o bandamento e a foliação plano-axial. Falhas tardias de empurrão sigmoidais, com
sentido de SE para NW, geraram dobras abertas a isoclinais (essas últimas com assimetrias em S e
Z), boudinadge e rotação da FFB ± chert ferruginoso (Toledo 1997, Ribeiro-Rodrigues 1998).
Uma evolução da deformação em quatro estágios é defendida por Vieira e Oliveira (1988) e, em
três estágios (D1, D2 and D3), por Ribeiro-Rodrigues (1998). Vieira (1992) e Toledo (1997) também
consideram que as estruturas são relacionadas à deformação progressiva para NW-W. De forma
geral, os elementos estruturais do depósito têm sido interpretados como resultantes de diferentes

23
ω = 0-4°

Superfície
N 64° W W S 64° E
35°
Nível 3 34° Z= 350 m

Limites da FFB Cuiabá

X= > 3000 m

ω Nível 11 27°

0
24º°
Nível 17
250
Y= 650-800 m
500 m
X= > 3000 m Z= 350 m
fases de deformação e essas como relacionadas a um, único e progressivo, ou mais eventos
orogênicos de compressão.
À fase D1, Toledo (1997) atribui as zonas de cisalhamento associadas a foliação milonítica e a
lineação de estiramento, caracterizada pelo estiramento de grãos de quartzo e carbonatos, sendo
interpretada como a direção do transporte tectônico. Toledo (1997) defende que na fase D2, em
regime dúctil a dúctil-rúptil, foram geradas as estruturas mais penetrativas de Cuiabá, como dobras
em todas as escalas, inclusive a dobra Cuiabá, foliação plano-axial (S2), foliação milonítica (Sm2),
lineação de estiramento mineral (Le2) e lineação de intersecção (Li2), além de fraturas plano-axiais
(F2). Aliada a estas estruturas, um sistema de empurrão associa-se a zonas de cisalhamento reversas
e direcionais. Já Ribeiro-Rodrigues (1998) caracteriza D1 pelo dobramento, boudinadge e rotação
da FFB Cuiabá, além de uma foliação milonítica, lineação de estiramento mineral; inclui nessa fase
a dobra Cuiabá, cavalgamentos com vergência noroeste e remobilizações de quartzo.
Uma importante e disputada questão no depósito relaciona-se ao bandamento composicional da
FFB ± chert ferruginoso. O mesmo é tradicionalmente descrito como equivalente ao acamamento
sedimentar e designado, de forma generalizada, como S0. Entretanto, durante o desenvolvimento do
trabalho ficou claro que não é possível afirmar-se que o bandamento represente uma feição
primária. Considerando que em especial nas zonas mineralizadas as rochas do depósito acham-se
fortemente cisalhadas, o mesmo é aqui interpretado como de origem metamórfica. Alguns autores
ainda identificam uma xistosidade paralela ao bandamento e anterior à foliação de caráter plano-
axial. Relações estruturais e de corte observadas durante o mapeamento subterrâneo indicam que o
acamamento primário foi totalmente transposto durante o metamorfismo regional.

Mineralização Aurífera A mineralização de ouro econômica é definida por corpos de minério


que atingem espessuras de poucos centímetros a cerca de 15 m e mergulho de 108 a 124/22-40,
concordantes com a lineação de estiramento. Os corpos de minério sulfetado em FFB ± chert
ferruginoso são presentes principalmente em duas situações específicas. Ocupam zonas de
cisalhamento concordantes com o bandamento composicional, tendo atitude média de N108o-
124oE/22o-40o e orientação subparalela à lineação de estiramento e ao eixo da dobra tubular que
controla a estruturação da mina. Sulfetação pervasiva também ocorre ao longo e adjacente a planos
de fraturas (F2) paralelas ao plano axial das dobras abertas e isoclinais fechadas. Tais planos podem
ser dispostos com alto ângulo em relação ao bandamento.
A mineralização é stratabound, em camadas de sulfeto da FFB, ricas em ouro, e é um produto
direto de sulfetação seletiva dos níveis de carbonato de ferro (Ribeiro-Rodrigues et al. 1996b,
Ribeiro-Rodrigues 1998) (Prancha 2). Exemplos são os corpos de minério Fonte Grande Sul e
Serrotinho (Figura 4). Fonte Grande Sul localiza-se no fechamento sudeste da dobra Cuiabá, é o
mais extenso e mais rico, sendo responsável por cerca de 40% da produção de ouro, enquanto que
Serrotinho detém cerca de 35% do ouro. As camadas de sulfeto variam em espessura de poucos
milímetros a 1 m, e podem ser subparalelas a bandadas.
O ouro também pode concentrar-se em outros locais nos corpos de minério. Zonas de sulfeto
maciço, onde o bandamento é obliterado, desenvolvem-se em charneiras de dobras isoclinais de
todos os corpos de minério hospedados em FFB. Zonas de charneira de dobras abertas isoclinais são
dominadas por pirita, enquanto que no caso de dobras apertadas, isoclinais, pirrotita desenvolve-se
em todas as escalas. Em ambos os casos, os flancos contêm pirita (Figura 11A, Prancha 3). Além
disso, pirita contendo ouro mais quartzo ± carbonatos preenchem fraturas plano-axiais na FFB, que
são contornadas por zonas de alteração a carbonato (Prancha 2A).

Figura 11. A – Desenho esquemático mostrando a concentração de pirrotita em charneira de dobra


isoclinal, depósito aurífero Cuiabá. A transição pirita/pirrotita é bem definida, sendo marcada pela
diminuição abrupta da quantidade de um dos dois minerais. Cabe salientar que tanto na porção
pirítica quanto na pirrotítica ocorrem os dois tipos de sulfetos, só que o sulfeto secundário ocorre
em quantidades muito pequenas (em Martins 2000). B – Proposta de ordem de cristalização das

24
A

10 cm

Banda sulfetada composta principalmente por pirita

Banda sulfetada composta principalmente por pirrotita

Banda quartzo-carbonática

MINERAL ESTÁGIO I ESTÁGIO II ESTÁGIO III

PIRITA

PIRROTITA

ARSENOPIRITA

CALCOPIRITA

ESFALERITA

GALENA

OURO
principais fases metálicas do minério. As partes cheias indicam os principais momentos de
formação de cada mineral.

Prancha 2. Aspecto da alteração hidrotermal da formação ferrífera bandada Cuiabá. A – fraturas


plano-axiais, contendo quartzo-carbonato-sulfetos, funcionaram como transmissoras do fluido
hidrotermal e, a partir das mesmas, estabelece o zonamento hidrotermal característico. Escala:
0,50 m B – Note como a transição das zonas escuras, ricas em carbonato com matéria carbonosa,
para as sulfetadas são sempre separadas por um halo de alteração carbonática.
Prancha 3. Características dos corpos de minério, depósito aurífero Cuiabá. A- e B- concentração
de pirrotita em charneira de dobra isoclinal, corpo Serrotinho. C- Pirita exibindo padrão
concêntrico de inclusões de carbonato, reliquiares de grãos originais dos quais o sulfeto formou-
se, além de linhas de crescimento, sugerindo estágios ou pulsos de sulfetação. D- Agregados de
pirita arsenical bordejando banda de pirita fina.

Na proximidade de zonas auríferas ricas em sulfeto, camadas de FFB siderítica contendo matéria
carbonosa foram submetidas à alteração hidrotermal que resultou na sua descoloração progressiva e
parcial (bandas brancas a laranja; Prancha 2), com desenvolvimento de abundante anquerita, ferro-
dolomita e alguma calcita. A substituição das camadas de carbonato de ferro por sulfetos,
dominantemente pirita, dá lugar ao minério bandado típico, com camadas de sulfeto alternando com
camadas de quartzo-carbonato translúcido, e escuro, e chert. Extensas áreas com sulfetação de
carbonato impõem um estilo aparente estratiforme (pseudo-estratiforme) nas porções mineralizadas
da FFB. No contato inferior da FFB com basalto xistificado, este está descolorido por intensa
alteração hidrotermal, o que facilita o reconhecimento da mineralização hospedada na FFB. A partir
desse contato, zonas de xisto a mica branca até carbonato e clorita desenvolvem-se devido ao
cisalhamento e alteração hidrotermal, sendo que os mica xistos podem conter sulfeto com ouro.
Mineralização associada a cisalhamento, em rochas vulcânicas máficas ou sedimentares, é menos
importante. Entretanto, sulfetos disseminados ocorrem ao longo de falhas de empurrão oblíquas
e/ou zonas de cisalhamento dentro delas, assim como em basalto alterado hidrotermalmente do
corpo de minério Galinheiro Footwall, que representa a lapa da FFB nesse local. As zonas de
cisalhamento são dúcteis a rúptil-dúcteis, normalmente subparalelas à foliação Sn, com um padrão
sigmoidal e espessura de 0,2-1 mm. Além da ocorrência comum deste tipo de mineralização
próximo à FFB mineralizada, corpos de minério são representados pelo Balancão Footwall e
Galinheiro Footwall (Figura 4).
Um outro estilo de mineralização consiste em veios de quartzo contendo ouro, como em clorita
xistos no corpo de minério Viana, a partir de rochs vulcânica máfica. Veio de quartzo-carbonato-
pirita, micro- a métricos e contendo ouro, são abundantes. Apresentam aspecto brechado (vein
breccia) e ocorrem comumente ao longo do contato superior da FFB mineralizada com xisto
carbonoso, onde o último mostra uma estreita banda de alteração a carbonato e sulfeto.

Caracterização Mineralógica do Minério Cuiabá A caracterização mineralógica do minério


Cuiabá descrita nesse trabalho resulta principalmente das informações contidas nas dissertações de
Costa (2000) e Martins (2000), além de Vieira (1992), Toledo (1997) e Ribeiro-Rodrigues (1998).
As mesmas focalizam os corpos de minério principais Balancão e Serrotinho e Fonte Grande Sul e
Galinheiro, respectivamente, em especial no nível 11 da mina, sendo todos encaixados em FFB
sulfetada (vide Tabela 9).

Tabela 9. Composição mineralógica dos corpos de minério do depósito aurífero Cuiabá A – Fonte
Grande Sul e B – Galinheiro. C – Resumo das características do minério nos corpos Balancão,
Fonte Grande Sul, Galinheiro e Serrotinho (Martins 2000). Py: pirita; Po: pirrotita, Apy:
arsenopirita; Cpy: calcopirita.

25
A
MINERAL % MODO DE TAMANHO HÁBITO TEXTURAS INCLUSÕES
OCORRÊNCIA OBSERVADAS
Fina Preferencialmente dispostas < 300 μm xeno- a Cataclástica, Apy, Po, Au e
agrupadas marcando o idioblástico durchbewegung, ganga
bandamento soldagem, substituição,
300 μm à 0,5
Pirita

Grossa 57,5 Marcando bandamento ou na xeno- a poiquilítica, Todos os


forma de massas (sulfeto cm idioblástico arsenização, annealing, minerais
maciço) amálgama e
Porfiroblástica Em meio as bandas de > 0,5 cm hipidio- a preenchimento de Todos os
cristais grossos idioblástico fraturas. minerais
Inclusões em Py, agregados Py, Apy, Cpy,
em charneiras de dobras, Annealing, substituição e ganga
Pirrotita 32,4 filmes anastomosados ou < 400 μm xenoblástico e preenchimento de
bolsões em veios tardios fraturas
Arsenopirita 9,1 Agregados de cristais, < 500 μm hipidio- a Cataclástica Py, Au e ganga
isolados ou como inclusões idioblástico
em Py e Po
Calcopirita 0,5 Inclusões em Py e Po < 400 μm xenoblástico ---- Po e ganga
Esfalerita 0,5 Junto à Py < 300 μm xenoblástico ---- Po e Apy
Galena Inclusões em Py < 50 μm xenoblástico ---- ----

B
MINERAL % MODO DE TAMANHO HÁBITO TEXTURAS INCLUSÕES
OCORRÊNCIA OBSERVADAS
Fina Disposta segundo < 300 μm xeno- à Cataclástica, Apy, Po, Au e
bandamento ou em meio à idioblásticos durchbewegung, ganga
cristais de Py maiores soldagem, substituição,
300 μm à 0,5
Pirita

Grossa 77,8 Marcando bandamento ou na xeno- à poiquilítica, Todos os


forma de massas (sulfeto cm idioblástico arsenização, annealing, minerais
maciço) amálgama e
Porfiroblástica Em meio as bandas de > 0,5 cm hipidio- à preenchimento de Todos os
cristais grossos idioblástico fraturas. minerais
Inclusões em Py, agregados Py, Apy, Cpy,
em charneiras de dobras, Annealing, substituição e ganga
Pirrotita 14,5 filmes anastomosados ou < 400 μm xenoblástico e preenchimento de
bolsões em veios tardios fraturas
Agregados de cristais, < 600 μm hipidio- à Zonamento Py, Au e ganga
Arsenopirita 6,2 inclusões em Py e Po ou idioblástico
como cristais isolados
Calcopirita 0,5 Inclusões em Py e Po < 400 μm xenoblástico ---- Po e ganga
Esfalerita <1 Junto à Py < 300 μm xenoblástico ---- Po e Apy
Galena Inclusões em Py < 50 μm xenoblástico ---- ----

C
Fonte Grande Sul Balancão Galinheiro Serrotinho
Minério Bandado e localmente maciço Maciço Maciço Bandado
Deformação Dobramentos e fraturas Cisalhamento dúctil e Cisalhamento dúctil Dobramentos e
boudinage e boudinage fraturas
Estilo da alteração hidrotermal Seletiva, controlada pelo Pervasiva Pervasiva Seletiva, controlada
bandamento pelo bandamento
Py 57,5 % 77,8 %
Po 32,4 % 14,5 %
Sulfetos
Apy 9,1 % 6,2 %
Cpy 0,5 % 0,5 %
Outros 0,5 % <1%
O estudo das bandas sulfetadas foi realizado em amostras de minério, através da descrição de
lâminas delgadas e seções polidas, aliada a análises por difração de raios-x, microssonda e
microscópio eletrônicos, bem como fluorescência de raios-x. Estas bandas foram classificadas de
acordo com a granulação dos sulfetos em: (1) bandas sulfetadas muito finas, com aspecto de bandas
de sulfeto maciço, (2) bandas sulfetadas médias, e (3) bandas sulfetadas grossas, essencialmente
com sulfetos recristalizados. A ordem de formação seqüencial dos sulfetos e ouro, proposta de
forma genérica, pode ser vista na Figura 11B.

Pirita Os sulfetos perfazem entre 50-90% em volume destas bandas, sendo que a pirita é o mineral
dominante, em 90-95% em volume. O restante é constituído essencialmente por quartzo e
carbonato. Nas bandas de granulação muito fina, a pirita varia entre 1-10 µm, nas bandas médias
entre 10-180 µm e, nas bandas grossas, alcança até 7 mm. Diversas famílias de pirita estão
presentes (Pranchas 1, 3 e 4).

Prancha 4. A – Pirita grossa com borda de crescimento e inclusões de pirrotita, calcopirita e


quartzo, depósito aurífero Cuiabá. B – Pirita grossa xenoblástica com inclusões de calcopirita e
hematita nas bordas. C – Inclusões arredondadas de pirrotita em pirita fina. D – Filmes de
pirrotita substituindo delgadas bandas de carbonato na formação ferrífera bandada.

Pirita Fina Forma cristais de até 300 μm, xenoblásticos a idioblásticos, formando agregados que,
em alguns locais, marcam o bandamento da FFB. Os limites dos grãos são geralmente retos,
podendo formar cubos perfeitos, ocorrendo também limites lobados e irregulares. Raras inclusões
estão presentes, sendo as mesmas de pirrotita, arsenopirita e minerais da ganga e,
subordinadamente, de grãos de ouro.

Pirita Grossa Varia entre 300 μm até 5 mm, formando cristais idioblásticos a hipidioblásticos e
menos xenoblásticos. É o principal tipo de pirita do depósito Cuiabá, geralmente compondo as
bandas sulfetadas. Os cristais são homogêneos ou zonados, com núcleos poiquiloblásticos e bordas
maciças. As inclusões mais comuns são de pirrotita, arsenopirita e ouro, ocorrendo em menor
proporção esfalerita e calcopirita. Os minerais da ganga, quartzo e carbonatos, ocorrem como
inclusões preferencialmente nos cristais poiquiloblásticos.

Pirita Porfiroblástica Forma cristais idioblásticos a hipidioblásticos com até 2 cm de tamanho.


Inclusões são comuns, predominando arsenopirita, pirrotita e minerais da ganga. Este tipo de pirita
ocorre juntamente com a pirita grossa, na forma de cristais isolados, sendo que entre os três tipos de
pirita esta é a que ocorre em menor quantidade.
Os três tipos de cristais de pirita possuem localmente pequenas variações composicionais em função
do enriquecimento em arsênio, caracterizando uma pirita arsenical (Figura 12 e Prancha 5). Esta
forma porfiroblastos euédricos com tamanho médio de 2-3 mm, porosos, e com grande volume de
inclusões de minerais de ganga (quartzo e carbonato), outros sulfetos (pirrotita, calcopirita,
arsenopirita, esfalerita e galena) e ouro.

Figura 12. A – Imagens de microscópio eletrônico de varredura em cristal de pirita parcialmente


transformado em arsenopirita. (a) Cristal de pirita arsenical com ouro, exibindo localmente
transformação completa a arsenopirita; (b) Cristal de pirita arsenical com ouro. As manchas mais
escuras, na análise (i), têm teores menores em As em relação às porções mais claras na análise (ii).
Amostra CU07FG.09A (corpo de minério Fonte Grande Sul, nível 7). B – correlação entre arsênio
e enxofre em cristais de pirita (n = 122). C, D – Distribuição da proporção de arsênio em pirita,
níveis 7 (n = 92) e 11 (n = 30) da mina subterrânea Cuiabá (Martins 2000).

Prancha 5. A – Imagem de raios-x em microscópio eletrônico de varredura, exibindo delicado


enriquecimento progressivo em arsênio na pirita (cor cinza mais escura), impondo um padrão

26
A B

Au Qz As vs S (% at.)
Cb
Py Py ars. Au
Au 6 7 ,2
Aspy Py + ars. 6 6 ,8
Py Au B 6 6 ,4
6 6 ,0
Nível 7

S
Au Cb 6 5 ,6 Nível 11
6 5 ,2
A 6 4 ,8
Qz Au
Qz + Cb 6 4 ,4
Py - ars.
(a) (b) 0 ,0 0 ,2 0 ,4 0 ,6 0 ,8 1 ,0 1 ,2 1 ,4 1 ,6
Fe Co Ni Au Cu Zn As S Ag Sb Total As
(i) 47,39 - - 0,13 0,04 0,02 0,04 54,00 - 0,02 101,64
(ii) 46,86 - 0,01 0,04 0,04 - 1,39 52,75 0,03 - 101,13
C D

Distribuição de As (% peso) em pirita do nível 11 40


35 Dis tribuição de As (% pes o) em pirita do nível 7
No. de análises

10 30
No. de análises

8 25
20
6
15
4 10
2 5
0 0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 2,2 2,4 2,6 2,8 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2

As (% peso) As (% peso)
zonado e dando lugar à sua substituição completa com formação de arsenopirita (porções mais
claras). B – Grão de ouro incluso em pirita fina. C – Inclusão polimetálica em pirita fina. D –
Grãos de ouro dendríticos inclusos ou preenchendo microcavidades na pirita grossa. Depósito
aurífero Cuiabá.

Outros Sulfetos e Ganga Pirrotita ocorre normalmente como fase secundária de bandas piríticas
(1% em volume) ou como inclusão em pirita. Intercaladas com bandas piríticas podem ocorrer
bandas onde pirrotita é o principal sulfeto, em ≥ 90% em volume, na forma de porfiroblastos
idiomórficos alongados (até 1-2 mm) e paralelos ao bandamento e, ainda, em zonas de
cisalhamento. Apesar do predomínio de pirita em Cuiabá, zonas de charneira de dobras isoclinais
apertadas quase sempre são compostas exclusivamente de pirrotita. É nítido que as regiões de
flanco são essencialmente piríticas. Na transição da charneira para os flancos, pirrotita é substituída
progressivamente por pirita. Nos níveis mais rasos da mina, a pirrotita ocorre quase que
exclusivamente no fechamento de eixos de dobras isoclinais apertadas e ao longo de seus planos
axiais (Prancha 1). A razão pirrotita/pirita aumenta com a profundidade da mina, assim como a
complexidade da deformação, sem que haja nenhuma outra mudança mineralógica aparente. No
nível 11, onde os corpos de minério mostram-se rompidos por cisalhamento e fortemente dobrados,
a pirrotita é mais comum.
Arsenopirita, em cristais idioblásticos, aparece como inclusões em pirita grossa, apresentando grãos
de até 150 µm, desenvolvendo-se às custas desse sulfeto. Calcopirita ocorre em grãos disseminados
como inclusões na pirita e, raramente, em cristais intergranulares à esta. Sua granulação pode
alcançar até 500 µm. Esfalerita ocorre normalmente como inclusões (até 100 µm) e comumente
preenchendo fraturas em grãos de pirita. Na matriz, ocorre ao redor de grãos de pirita grossa ou
junto com pirrotita, em bandas pirrotíticas. Galena ocorre como finas inclusões de até 50 µm em
pirita de granulação grossa. A presença de gersdorfita, como grãos na matriz (até 40 µm), e de
inclusões de estibinita (2 µm) em pirita foram reportadas durante a análise mineralógica do
concentrado do minério (Mintek 1980).
A composição química de pirita, pirrotita, arsenopirita, calcopirita e esfalerita foi determinada
através de análises de microssonda eletrônica. Elementos analisados incluem Fe, S, Co, Ni, As, Au,
Cu, Ag e Sb. Os sulfetos apresentam baixos valores de elementos traços, entre 0,1-0,5% em volume
no total. Os metais Au e Ag apresentam máximos de 0,07 e 0,08% em volume em pirita de
granulação grossa.
Ouro ocorre como inclusões (Prancha 5), entre grãos ou em fraturas da pirita de ambas as gerações,
ao longo dos limites de grãos minerais e próximo a bordas desse sulfeto. Os grãos de ouro são finos,
entre 3-60 µm com média aritmética de 14 µm (Figura 13), caracterizados por uma razão média
Au/Ag de 6/1. Aproximadamente 56% das partículas têm ≤ 10 µm, indicando que a média
geométrica de 8 µm reflete melhor a dimensão dos grãos de ouro. Pirita com ouro associado é
variável em tamanho, recristalizada e invariavelmente exibe parcial a completa substituição por
pirita arsenical (média 1,9% em peso As) ou arsenopirita (até 1-3% em volume). Essas variações
são interpretadas como reflexo de diferentes estágios de sulfetação (Martins 2000). Por exemplo,
pirita fina em bandas maciças e delgadas é o sulfeto mais precoce, enquanto que a pirrotita grossa
em aglomerados, que ocorre em veios de quartzo discordantes do bandamento da FFB, é
interpretada como representante dos estágios finais de sulfetação; ambas pirita e pirrotita nessas
situações têm pouco a nenhum ouro (Figura 11B). Nas fraturas, o ouro é sempre acompanhado por
esfalerita. Ouro também ocorre, mais raramente, em bandas quartzo-carbonáticas entre grãos de
quartzo e como inclusão em pirrotita, calcopirita e arsenopirita.

Figura 13. Estudos de caracterização de partículas de ouro, depósito aurífero Cuiabá níveis 7 e 11
(Costa 2000, Martins 2000). A distribuição das partículas é mostrada por faixa granulométrica (A)
e por tipo de hospedeiro (B).

27
A Por faixa granulométrica (μ)
Por

FONTE GRANDE SUL GALINHEIRO

25
40 % Pintas
20 % Pintas 35 % Peso
% Peso 30
15 25 n = 66
% % 20
n = 122
10
15

5 10
5
0 0
5 10 15 5 10
20 25 30 15 20
35 40 45 25 30
50 55 60 35 40
65 70 45

BALANCÃO SERROTINHO

35
25 30 % Pintas
% Pintas % Peso
20 25
% Peso 20
15 %
% 15 n = 169
n = 60
10 10

5 5
0
0 5
5 10 15 20 10 15
20 25
25 30 35 40 30 35
45 50 55 40 45
60 65 70 50
75 80

B Por hospedeiro
GALINHEIRO
FONTE GRANDE SUL
50 60 % Pintas
% Pintas 50
40 % Peso
% Peso 40
30 % 30
%
20 20
10
10
0
0
Py Grossa

Py Fina
Py Grossa

Py Ars.
Py Fina

Fratura
Py Ars.

Fratura

Ganga

Outros

BALANCÃO SERROTINHO
60 35
% Pintas
50 % Pintas 30
% Peso
40
% Peso 25
20
% 30 %
15
20
10
10 5
0 0
Py Grossa
Py Grossa

Py Fina

Py Fina

Py Ars.
Py Ars.

Fratura
Fratura

Ganga
Ganga
Na Figura 13 são apresentadas diversas características relacionadas à caracterização das partículas
de ouro, como por exemplo, sua distribuição por tipo de hospedeiro e faixa granulométrica (Costa
2000, Martins 2000). É notório que o ouro associa-se de forma preferencial à pirita arsenical, nos
corpos de minério Fonte Grande Sul e Serrotinho. Já nos corpos Galinheiro e Balancão, a
preferência se dá pela pirita grossa. Conforme inferido pela observação da Figura 11B, há um
máximo de deposição de ouro que é coincidente com o início do enriquecimento em arsênio na
pirita e/ou estágios iniciais de formação de arsenopirita.
Para os grãos de ouro foram analisados os elementos Au, Ag, Cu, Fe, Te, Sb, Bi, Ni e Co. Grãos
isolados de ouro são homogêneos e todos os grãos possuem mais de 6% em peso de outros metais.
Prata varia de 9 a 19% em peso, com média de 14% em peso. As concentrações de outros metais
variam de 2 a 5,5% em peso e não mostram nenhum enriquecimento associado com uma litologia
particular. Cobre, Ni, e Co estão sempre abaixo dos limites de detecção. Ferro está presente em
todos os grãos e, em especial para os de menor diâmetro, parte desta concentração pode ser
relacionada ao ferro da pirita. Máximos de 0,34% em peso de Te e 0,51% em peso de Bi são
detectados em grãos de ouro das rochas vulcânicas máficas e, de 0,21% em peso de Sb e 2,4% em
peso de Hg, em ouro do minério hospedado em FFB. Quimicamente o ouro caracteriza-se por uma
finura média de 840 (Au/Ag = 1/6) em ampla faixa de variação de 759-941.
Minerais de ganga são dominantemente carbonatos (20-30% em volume) e quartzo (10-15% em
volume). Juntamente com pirrotita, arsenopirita e calcopirita eles perfazem as inclusões mais
comuns em pirita. Identificação de carbonatos, por difração de raios-x e microssonda eletrônica,
revelou a presença de siderita, de dolomita rica em ferro e de anquerita (Figura 14). Outros minerais
de ganga são monazita, albita, rutilo, scheelita, ilmenita e leucoxênio.

Figura 14. Composição de grãos de carbonatos, com base em análises selecionadas por
microssonda eletrônica, depósito aurífero Cuiabá. Em losangos negros estão carbonatos
associados às zonas mineralizadas de formação ferrífera bandada, enquanto que os outros
símbolos correspondem aos dados em zonas distais e intermediárias à mineralização.

Sulfetos acham-se disseminados em zonas de cisalhamento mineralizadas em ouro, hospedadas em


rochas máficas. Ouro é associado a sulfetos, os quais ocorrem ao longo dos planos de cisalhamento
juntamente com mica branca e carbonatos. Enquanto as áreas cisalhadas mostram-se sulfetadas e,
portanto, mineralizadas, áreas pouco sulfetadas exibem baixos teores de ouro. Como na
mineralização hospedada em FFB, pirita é o mais abundante sulfeto (> 80% em volume). Pirrotita
(até 20% em volume), esfalerita (até 5% em volume), calcopirita (< 3% em volume) ocorrem
intercrescidas ou como inclusões em pirita. Dados de química mineral dos sulfetos mostram
concentrações similares àquelas do minério hospedado em FFB (Ribeiro-Rodrigues 1998). Minerais
de ganga incluem carbonatos, clorita, plagioclásio e mica branca.

Mineralização, Alteração Hidrotermal e Zonamento A mineralização de ouro em Cuiabá está


diretamente ligada à sulfetação hidrotermal em zonas de alta percolação de fluidos. A alteração
hidrotermal é uma importante feição associada à mineralização. Envolve a formação de associações
minerais características a partir das paragêneses metamórficas originais, pré-alteração. O filito
carbonoso é transformado em um xisto muito dobrado e cisalhado apresentando, no contato com a
FFB alterada e mineralizada, uma estreita faixa de alteração de cor clara com carbonato-quartzo-
sulfeto, contendo vênulas dos mesmos minerais. Para as rochas vulcânicas máficas, existe um
zonamento mineralógico das zonas cisalhadas e mineralizadas, em contato com a FFB sulfetada, em
direção às porções pouco alteradas de basalto.
A FFB Cuiabá, rica em siderita com matéria carbonosa, mostra um padrão mais simples de
alteração. A FFB é lateralmente convertida em zonas de alteração a carbonato translúcido, com o
desenvolvimento de halos de carbonatação separando FFB rica em carbono das zonas piríticas (e.g.,
Toledo 1997). Sulfetos substituem todos os carbonatos nas fases avançadas de alteração. Pirita é o
principal sulfeto, com pirrotita e arsenopirita subordinadas. Porém, em zonas de charneira de dobras

28
CaO Fig. 14

FeO MgO

Figure 15
isoclinais apertadas, domina a pirrotita. Assim, o zonamento na FFB caracteriza-se pela transição de
FFB pouco a não alterada, de cor preta a cinza escura, pouco a não sulfetada, para zonas de
alteração dominadas por (i) carbonato, também pouco sulfetadas; e (ii) sulfeto, contendo ouro
(Prancha 2). As variações mineralógicas estão sintetizadas na Figura 15. De maneira geral, são
essas as feições principais das três zonas reconhecidas.
- zona proximal: ocorre adjacente a fraturas plano-axiais, sendo caracterizada pela presença
marcante de sulfetos em cerca de 40 a 70% em volume. Os carbonatos, normalmente
recristalizados, variam de 20 a 50% em volume e são constituídos principalmente por anquerita,
com dolomita e siderita subordinadas, além de traços de calcita. O quartzo varia de 30 a 70% em
volume, podendo chegar a 80% devido à intensa silicificação. O sulfeto é essencialmente pirita.
Esta ocorre ao lado das fraturas, de forma maciça, obliterando o bandamento. Em porções afastadas
das fraturas, concentra-se ao longo das bandas. Alguma matéria carbonosa (< 3%) ocupa os
interstícios de agregados quartzo-carbonáticos.
- zona intermediária: caracteriza-se pela presença abundante de carbonatos (40 a 80% em
volume) conferindo à rocha uma estrutura bandada e/ou maciça de textura fina e cor
bege/alaranjada característica. Ao microscópio, o carbonato ocorre como grãos xenoblásticos
formando bandas bem definidas, ou como agregados de cristais intercrescidos com quartzo. São
anquerita e siderita com dolomita e calcita subordinadas. O quartzo ocorre recristalizado em bandas
bem definidas variando de 20 a 50% em volume. Os sulfetos constituem menos de 20% em volume.
Pirita e pirrotita ocorrem em proporções equivalentes, contudo, nas porções mais ricas em matéria
carbonosa a pirrotita constitui o sulfeto dominante. Matéria carbonosa ocorre de forma variada
como delgados níveis intercalados nas bandas quartzo-carbonáticas, ou como manchas difusas
intercrescidas nas massas de carbonato. Pode variar de 30% até 5% em volume.
- zona distal: caracteriza a FFB menos alterada, cinza-escura a preta. Apresenta estrutura maciça
ou bandada, onde se intercalam bandas brancas e negras. Quartzo e carbonato ocorrem em
proporções equivalentes, variando de 20 a 40% em volume. Os carbonatos são constituídos
principalmente por siderita e subordinadamente calcita e anquerita e traços de dolomita. A pirrotita
é o sulfeto dominante, ocorrendo raramente como filmes discretos associados aos carbonatos, não
ultrapassando mais que 5% em volume. A matéria carbonosa é encontrada principalmente nas
porções escuras da FFB, ocorrendo de forma semelhante à observada na zona intermediária, porém,
em proporções mais uniformes, variando de 5 a 20% em volume.

Figura 15. Seqüência de alteração hidrotermal da formação ferrífera bandada Cuiabá. A


composição modal de minerais é mostrada nas diferentes zonas de alteração (Ribeiro-Rodrigues
1998, Lobato et al. 2001a).

A alteração das rochas vulcânicas (Vieira 1992, Lehne 2001) está associada à percolação de fluidos
hidrotermais em zonas muito deformadas resultando no padrão zonado, com substituição dos
minerais metamórficos por minerais hidrotermais. Assim, são definidas zonas de alteração
dominadas por uma ou outra fase, designadas pelos geólogos da mina há vários anos pelos termos
em parênteses (Figura 16).
- da clorita (mbax), constituída por clorita, plagioclásio, carbonato, quartzo e titanita/ilmenita. O
carbonato predominante é a calcita;
- do carbonato (X2Cl), constituída por carbonato, quartzo, plagioclásio e mica branca. O
carbonato é anquerítico, com calcita subordinada;
- da mica branca (X2), constituída por carbonato, mica branca e quartzo. O carbonato
predominante é a anquerita. A mica branca varia de termos moscovíticos a paragoníticos.
- do sulfeto, constituída por sulfetos, carbonatos e quartzo; ouro ocorre nas zonas da mica branca
e do sulfeto.

29
Figura 16. Seqüência de alteração hidrotermal de metabasalto, localmente encaixante de ouro no
depósito Cuiabá. A seqüência de formação dos minerais é mostrada por zonas de alteração
(Ribeiro-Rodrigues 1998).

Geoquímica da Alteração Hidrotermal em FFB e Vulcânicas Máficas A composição química


de amostras analisadas nesse Projeto, assim como os resultados de Ribeiro-Rodrigues (1998) e
Lehne (2001), são utilizadas nesse trabalho. Exemplos de diagramas selecionados acham-se nas
Figuras 17 e 18. A perda ao fogo (LOI - loss of ignition) é utilizada como importante índice da
alteração hidrotermal (Figuras 17 e 18).

Figura 17. Comportamento geoquímico de formação ferrífera bandada durante a alteração


hidrotermal, com base em componentes selecionados, depósito aurífero Cuiabá (ver texto). A a D –
Perda ao fogo versus S, CO2, {Fe2O3 (Total)-(FeOx1,11)}/Fe2O3 (Total), Al2O3,; E – Concentração
de Au versus de As; F – Aranhograma normalizado a formação ferrífera bandada Algoma,
ordenado segundo os metais Sc, V, Cr, Co, Ni, Cu e Zn; G – Diagrama de elementos de terras
raras normalizado segundo PAAS Post-Archean Australian Shale.

Figura 18. Comportamento geoquímico de metabasalto durante a alteração hidrotermal, com base
em componentes selecionados, depósito aurífero Cuiabá (ver texto). A – (3K+Na)/Al versus
CO2/(Ca+Mg+Fe); B – (3K+Na)/Al versus Al2O3; C – perda ao fogo versus CO2; D – CO2 versus
Al2O3; E – Diagrama de elementos de terras raras normalizado segundo amostra de metabasalto
da população 1 (menos diferenciado) de Zucchetti (1998); F – Diagrama de elementos de terras
raras normalizado segundo amostras de metabasalto da população III (amostra de Cuiabá), de
Zucchetti (1998); G – Distribuição das amostras em relação a valores crescentes de (3K+Na)/Al;
H – Distribuição das amostras em relação a valores crescentes de perda ao fogo.

Para a FFB, nos diagramas perda ao fogo versus S, CO2, {Fe2O3 (Total)-(FeOx1,11)}/Fe2O3(Total)
e Al2O3, dois subgrupos são identificados, representando estágios de menor e maior grau de
alteração, em valores de perda ao fogo próximos a 16%. A relação envolvendo FeTotal e FeO
indica o grau de oxidação das amostras (quando essa relação é igual a 1 indica 100% de oxidação).
O diagrama de elementos de transição, com normalização feita em relação à FFB arqueana Algoma,
mostra o empobrecimento nesses elementos durante a alteração hidrotermal. Na normalização dos
elementos de terras raras, feita em relação ao Post-Archean Australian Shale - PAAS, esse
empobrecimento é nítido e irregular. No diagrama Au versus As, nota-se que amostras de valor de
Au mais baixo têm teores variados de As. A partir de valores de ouro de aproximadamente 1500
ppb, o aumento de Au é acompanhado por valores progressivamente maiores de As; essa tendência
é ainda mais nítida a partir de valores de ouro de 2500 ppb.
Para as rochas máficas, a razão (3K+Na)/Al representa o incremento de mica branca com a
intensidade da alteração. O valor de 0,5 para o grupo é tomado como o divisor das amostras mais e
menos alteradas. Também nesse caso, no diagrama Perda ao fogo versus CO2, dois subgrupos são
identificados, com menor e maior grau de alteração. Os diagramas de elementos de terras raras
estão normalizados para basaltos isentos de alteração do QF, estudados por Zucchetti (1998). O
diagrama da esquerda está normalizado para uma amostra da população de basalto menos
diferenciado de todo o grupo no QF (população I de Zucchetti 1998), enquanto que o da direita está
normalizado para um basalto do depósito Cuiabá, classificado pela autora como mais diferenciado
que o anterior e pertencente à população III (veja item sobre Estudos de Isótopos Radiogênicos,
datação Sm-Nd). Nesse último caso, o empobrecimento é menos importante que no anterior. As
curvas de valores médios dos basaltos TH1 (toleiito arqueano tipo mid-ocean-ridge) e TH2 (toleiito
moderno tipo arco de ilha) (Condie 1981) são apresentados para comparação (Figuras 18E e F).
Para as amostras de minério há uma ampla variação nos teores de SiO2 (<1-50% em peso), Fe2O3T
(ferro total expresso como Fe2O3; 2-54% em peso), CaO (0,4-23% em peso). As variações nas
concentrações de elementos maiores refletem as variações na composição modal de sulfetos,

30
Rocha
vulcânica Zonas de alteração hidrotermal
máfica menos
alterada A clorita A carbonato A sericita A sulfeto
(metabasalto) 15-100 m 1-20 m 1-15 m 0,1-2 m
Plagioclásio (albita)
Actinolita
Epidoto/clinozoisita
Clorita
Quartzo
Carbonato
(muscovita/paragonita)
Mica branca
Sulfetos
50 8500
A 7500 E
37 6500

Au (ppb)
5500
S

24 4500
3500

Au
2500
11 1500
500
0 0
0 20 40 60
40 As (ppm )
B

Amostras/FFB Algoma
30 10 F
CO 2

20 1

10 0,1

0
0,9 0,01
C
Sc V Cr Co Ni Cu Zn
{Fe 2O 3T-(FeOx1,11)}/Fe 2O 3T

)
0,7
1,0
0,5 G
Amostras/PAAS

0,4
0,1
0,2
0
2,4 D
0,01
1,6 La Ce Nd Sm Eu Tb Yb Lu
Al 2O 3

FFB pré-alteração
0,7 Alteração a carbonato
Alteração a carbonato-sulfeto
Alteração a sulfeto-carbonato
0 Alteração a sulfeto
0 7 14 21 28 35 Minério sulfetado
Perda ao fogo
A B 20 C
1,300 22,0

0,950 18,5 15
CO 2/(Ca+Mg+Fe)

Al 2O 3

CO 2
0,600 15,0 10

0,250 11,5 5
0
8,0 0
0 0,2 0,5 0,8 1,1 0 0,3 0,7 1,1 2 8 14 20
(3K+Na)/Al (3K+Na)/Al Perda ao fogo

24 D 8 E F
2

Amostras/Zucchetti (1998)
Amostras/Zucchetti (1998) População I População III - amostra Cuiabá
20
1
Al 2O 3

16
TH2
TH2
12 TH1
TH1
8 1 0,2
0 5 10 15 20 La Ce Nd Sm EuTb Yb Lu La Ce Nd Sm Eu Tb Yb Lu
CO2
G 20
H
1,40
18
1,20 16
(3K+Na)/Al

1,00 14

12
0,80
10
0,60 8

6
0,40
4
0,20 2

0,00 0

Amost ras Amost ras

SÍMBOLOS
Metabasalto Alteração a carbonato
Alteração a clorita Alteração a mica branca
Alteração a sulfeto-mica branca
quartzo e carbonatos. Valores típicos de ouro são 6-18 ppm, com máximos de 31 ppm. Localmente
os valores atingem até 100 ppm. A abundância de Ag varia entre 1 a 7 ppm. Arsênio apresenta um
máximo de 0,68% em peso e uma média de 0,23% em peso. O conteúdo de metais básicos é baixo
com as concentrações raramente excedendo 100 ppm. Médias são 90 ppm Cu, 65 ppm Zn e 42 ppm
Pb. Os valores máximos (486 ppm Cu, 4000 ppm Zn e 142 ppm Pb) são provenientes de amostras
dos corpos Serrotinho e Fonte Grande Sul. As médias de Co, Ni, Sb e W são, respectivamente, 90
ppm, 40 ppm, 9 ppm e 400 ppm. As concentrações de outros elementos traço são geralmente
próximas ou abaixo dos limites de detecção. A associação de ouro com pirita, e particularmente
com pirita rica em As, pode ser observada nas correlações entre ouro, enxofre e arsênio.

ESTUDO DE INCLUSÕES FLUIDAS Os estudos de inclusões fluidas - IFs buscaram o


mapeamento dos principais tipos de IFs contidas nos veios amostrados. As amostras analisadas são
constituídas por: (i) quartzo transparente, com início de recristalização, e quartzo totalmente
recristalizado, com aspecto leitoso. (ii) quartzo e carbonato, sendo o quartzo transparente e
fraturado, e o carbonato com uma cor creme ou branca. O quartzo apresenta abundância de IFs e o
carbonato, devido ao seu aspecto leitoso, tem a visualização das mesmas prejudicada. Os principais
tipos de IFs observados nos cristais de quartzo, à temperatura ambiente (25°C), são por ordem
decrescente de abundância: IFs bifásicas (líquido + gás) e monofásicas (líquido).

Classificação das IFs Para os estudos das IFs do depósito de ouro Cuiabá, foram coletadas
14 amostras de quartzo de veios dos níveis 5, 7, e 11 da mina subterrânea Cuiabá. Foram
confeccionadas 6 lâminas polidas em ambas as faces de diferentes amostras, conforme apontado na
Tabela 10.

Tabela 10. A – Tipos de fluidos das inclusões fluidas em cristais de quartzo e suas principais
características, depósito aurífero Cuiabá. B – Lista de amostras objeto de estudos de inclusões
fluidas, indicando as características das mesmas, depósito aurífero Cuiabá. FFB: formação
ferrífera bandada; TfCO2: temperatura de fusão do CO2; ThCO2: temperatura de homogeneização
do CO2 (com base em J.V. Alves, 2001, comunicação escrita).

IFs em Veios de Quartzo Através do mapeamento das IFs, contidas em veios de quartzo, dois
tipos de fluido são classificados, sendo um aquo-carbônico e outro aquoso (Tabela 10). O fluido
aquo-carbônico ocorre associado às IFs bifásicas classificadas como Tipos 1 e 2. Ambas são
abundantes e ocorrem em todas as amostras estudadas.
Tipo 1. As IFs aquocarbônicas Tipo 1 apresentam tamanho médio variando entre 5 a 30 μm, formas
semi-quadradas, semi-retangulares ou alongadas e relevo alto. A fase carbônica ocupa cerca de 2 a
10 % do volume da inclusão (Prancha 6). Localmente essa proporção pode chegar até 40%, como é
o caso da amostra 25NOV98/03 (Prancha 6). Essas IFs localizam-se segundo planos de inclusões de
definição variada, ou ainda de forma aleatória. As IFs Tipo 1 podem apresentar pequenas fases
sólidas amorfas de cor esverdeada, baixa birrefringência, ou uma fase sólida escura com forma de
um palito. Algumas IFs mostram evidência de estrangulamento que, localmente, pode gerar IFs
monofásicas.

Prancha 6. IFs aquocarbônicas do Tipo 1, depósito aurífero Cuiabá (com base em J.V. Alves, 2001,
comunicação escrita).

Tipo 2. As IFs aquocarbônicas Tipo 2 são maiores do que as anteriores, em até 150 μm, apresentam
formas irregulares (aspecto “estilhaçado”) e relevo alto. A fase carbônica também ocupa cerca de 2
a 10% do volume da inclusão (Prancha 7). Sua localização ocorre segundo planos de IFs ou de
forma aleatória. Uma ou outra IF desse tipo pode apresentar uma fase sólida amorfa de baixa
birrefringência, semelhante àquela observada nas IFs Tipo 1. Em algumas IFs desse tipo também
existem evidências de estrangulamento.

31
A
Tipos de fluido Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3
Composição do fluido Aquo-carbônico Aquo-carbônico Aquoso
Tamanho das inclusões 5 a 20 μm Até150 μm 3 a 30 μm
Morfologia Semi-quadradas, semi-retangulares ou Irregulares (aspecto Alongadas/arredondadas
alongadas estilhaçado) irregulares
Relevo Alto Alto Baixo
Porcentagem da fase gasosa 2 a 10% 2 a 10% 2 a 5%
Modo de Ocorrência Ora segundo planos bem definidos, ora Planos mal definidos Planos de fissuras
aleatórias ou planos mal definidos ou de forma aleatória

B
Amostras 09ABR99/01 09ABR99/04 09ABR99/02 FG07A 25NOV98/03
Corpo de Minério Galeria de acesso Galinheiro Footwall Galinheiro Fonte Grande Sul Serrotinho
Nível da mina 5 5 5 7 11
Relação com a mineralização Mineralizada Mineralizada Mineralizada Estéril Mineralizada
Encaixante Basalto Zona da sericita FFB FFB FFB
Tipos de fluido Tipos 1 e 2 Tipos 1 e 2 Tipo 1 Tipo 1 e 2 Tipos 1, 2 e 3
ThCO2 (ºC) ⎯ +1 a +20 ⎯ ⎯ ⎯
TfCO2 (ºC) ⎯ –57,4 a –58,7 ⎯ ⎯ ⎯
THtotal (ºC) +110 a +278 +262 a +278 ⎯ +110 a +278 +110 a +278
Densidade estimada (g/cm3) ⎯ 0,80 a 0,92 ⎯ ⎯ ⎯
Tfgelo ⎯ ⎯ ⎯ –0,8 a –14,0 –0,8 a –14,0
Salinidade (%NaCl) ⎯ ⎯ ⎯ 1,42 a 12,85 1,42 a 12,85
CO2 90,5 3,5 29 ausente Ausente
Composição do CH4 ausente 94,5 64 78 80
fluido (%) N2 8,5 1,5 6,5 21,5 19,5
H2S traços traços traços traços traços
Prancha 7. IFs aquocarbônicas do Tipo 2, depósito aurífero Cuiabá (com base em J.V. Alves, 2001,
comunicação escrita).

Nas porções onde o quartzo é mais transparente, as IFs são bem visíveis e comuns, e a relação entre
as IFs Tipos 1 e 2 parece indicar que essas são contemporâneas, ou seja, localizam-se num mesmo
plano de IFs (Prancha 7). Nas áreas onde ocorrem grandes concentrações de IFs Tipos 1 e 2, o
quartzo fica com aspecto sujo, podendo ocorrer junto com algumas IFs monofásicas escuras
(vazias).
Tipo 3. O fluido aquoso ocorre associado às IFs monofásicas Tipo 3. Essas IFs são menos comuns
do que as IFs dos Tipos 1 e 2. Elas apresentam tamanho médio variando entre 3 a 30 μm (podendo
chegar até 150 μm), formas alongadas irregulares, mostrando baixo relevo (Prancha 8). Algumas
IFs podem apresentar uma pequena fase gasosa, em menos de 1% do volume da inclusão. Essas IFs
localizam-se segundo planos de fissuras, e uma ou outra IF apresenta evidência de estrangulamento.

Prancha 8. IFs aquocarbônicas do Tipo 3, depósito aurífero Cuiabá (com base em J.V. Alves, 2001,
comunicação escrita).

Localmente ocorrem IFs aquosas Tipo 3, bifásicas, onde a fase gasosa ocupa cerca de 5% do
volume da inclusão. Os tamanhos variam entre 3 a 30 μm, as formas são alongadas/arredondadas, o
relevo é alto, estando localizadas segundo planos bem definidos (Prancha 8). Sua classificação,
aquocarbônica ou aquosa, é de difícil definição, e só é possível, eventualmente, durante os estudos
por resfriamento.
IFs monofásicas escuras de alto relevo ocorrem ainda próximas às bordas dos subgrãos de quartzo.
Têm formas arredondadas ou alongadas e tamanhos variando de 5 a 30 μm, sendo provavelmente
IFs vazias.

IFs no Carbonato As IFs em carbonato parecem ser primárias. Observam-se no carbonato das
amostras 09ABR99/01 (em metabasalto), FG07A (FFB) e 25NOV98/03 (FFB sulfetada)
alinhamentos retilíneos de IFs bifásicas alongadas/arredondadas, onde a fase gasosa ocupa cerca de
1 a 5% do volume da IF. São menores do que 5 μm, ocorrendo raras IFs bifásicas com forma
retangular/quadrada associada aos planos de crescimento do carbonato, com a fase vapor ocupando
cerca de 20% do volume da inclusão. Localmente ocorrem alinhamentos irregulares contendo IFs
escuras de alto relevo, que provavelmente estão vazias.

Estudos de Resfriamento e Espectroscopia MicroRaman das IFs do Quartzo

IFs Aquocarbônicas Tipos 1 e 2 Os estudos de resfriamento da fase carbônica das IFs Tipos 1 e
2, amostra 09ABR99/04 (zona de alteração a mica branca de basato), mostram que o congelamento
da fase carbônica ocorre abaixo de –100°C. Durante o retorno à temperatura ambiente, essa fase
funde-se (TfCO2) entre –57,4 e –58,7°C (Figura 19A, Tabela 10), indicando a presença de CO2 com
leve contaminação, provavelmente de CH4 e/ou N2. A espectroscopia microRaman na fase
carbônica dessas IFs confirmou a presença do CO2 (94,00%) e CH4 (3,50%), detectando também N2
(1,60%) e traços de H2S (Figura 19D).

Figura 19. Diagramas dos resultados dos estudos de inclusões fluidas (IFs) no depósito Cuiabá. A
– Dados de temperaturas de homogeneização do CO2 obtidos em IFs Tipos 1 e 2, amostra
09ABR99/04. B – Dados de temperaturas de fusão do CO2 obtidos em IFs Tipos 1 e 2, amostra
09ABR99/04. C – Temperaturas de fusão do gelo obtidas em IFs monofásicas Tipo 3, amostras
FG07A e 28NOV98/03. D – Variação dos componentes da fase carbônica das IFs aquocarbônicas
Tipos 1 e 2 do depósito Cuiabá. Valores estimados a partir das análises de microRaman (com base
em J.V. Alves, 2001, comunicação escrita).

32
10
8

Frequência
6

n=57
4
2 A
0

,5

,5

,5

,5

,5
5

5
0,

2,

4,

6,

8,
10

12

14

16

18
Tipo 2
Temperatura de homogeneização do CO2 (ºC)
Tipo 1

4 B
3
Frequência
n=7

0
5

5
4

5
-5

-5

-6

-6

-6
7,

7,

8,
-5

-5

-5

T ip o 2
T e m p e ra tu ra d e fu s ã o d o C O 2 (ºC ) T ip o 1
C

6
5
Frequência

4
n=49

3
2
1
0
D
-2
4

5
5
-1

,
1,

-8

-5

-3

-3

-2
-1

T e m p e r a t u r a d e f u s ã o d o g e lo ( º C ) T ip o 3

25NOV98/03
100 FG07A
09ABR99/02
80 09ABR99/04
09ABR99/01
60
%
40

20 09ABR99
09ABR99/0/01
09ABR99/02 4 Amostras
0 FG07A
25NOV98/0
4

3
H

2
O
C

2
N

2S
C

Componentes
H
Tanto nas IFs Tipo 1 como nas Tipo 2 dessa amostra, a temperaturas abaixo de 0°C ocorre a
nucleação de uma nova fase carbônica (vapor). A homogeneização dessa fase (ThCO2) varia entre
+
1 a +20°C (Figura 18B) e ocorre sempre na fase líquida, correspondendo a densidade variável entre
0,80 e 0,92 equivalente de CO2.
Durante os estudos de resfriamento das IFs Tipos 1 e 2, amostras 09ABR99/01, FG07A e
25NOV98/03, a fase aquosa congela entre –45 e –55°C e o gelo encobre a fase carbônica
dificultando sua visualização. Somente em algumas IFs, e a temperaturas abaixo de –140°C, é
possível observar-se a nucleação de uma bolha (vapor) dentro da fase carbônica. Essas bolhas ficam
em movimento e diminuem até o seu desaparecimento entre –137 e –87°C, evidenciando uma forte
presença de CH4 e/ou N2. Análises por microRaman confirmam a presença de CH4, N2 e traços de
H2S, e ausência de CO2. Cálculos da porcentagem relativa dos componentes na fase carbônica
dessas IFs indicam que a proporção de CH4 varia de 90,00 a 73,00%, o N2 entre 24,00 a 1,60%, o
H2S entre 1,30% a traços. O CO2 é ausente (Tabela 10, Figura 19A).
Em um único plano de inclusões, amostra 25NOV98/03, cuja fase carbônica ocupa cerca de 30 a
40% do volume da inclusão, as IFs Tipo 1 mostram o aparecimento de uma nova fase carbônica a
temperaturas abaixo de –105°C. No retorno à temperatura ambiente, essa fase aumenta de volume e
torna-se homogênea entre –105 e –91°C, indicando uma densidade menor do que a das IFs Tipo 1,
que apresentam a fase carbônica ocupando cerca de 2 a 5% do volume da inclusão. Porém, os dados
obtidos por espectroscopia microRaman indicam a mesma composição, com CH4 a 82,51%, N2 a
17,48%, além de traços de H2S e ausência de CO2 (Figura 19A).

IFs Aquosas Tipo 3 As IFs monofásicas aquosas Tipo 3 congelam entre –40 e –55°C e apresentam
temperaturas de fusão do gelo (Tfgelo) variando entre –0,8 e –14,0°C, amostras FG07A e
25NOV98/03 (Figura 19C), o que indicaria uma salinidade variável entre 1,42 e 17,79%
equivalente em peso de NaCl.
Porém, a fusão do gelo dessas IFs geralmente ocorre com o aparecimento de uma bolha (fase de
vapor), tornando-se assim inclusões bifásicas, o que é característico de fluidos meta-estáveis. Já as
IFs bifásicas aquosas Tipo 3, quando congeladas, a fase de vapor desaparece, tornando-se inclusões
monofásicas devido também à meta-estabilidade do fluido.

Estudos de Aquecimento das IFs em Quartzo Os estudos de aquecimento das IFs Tipos 1 e 2,
amostras 09ABR99/01, 09ABR99/04, FG07A e 25NOV98/03, indicam que a maioria das IFs
vazam, entre +150 e +315°C, antes de sua homogeneização total. As poucas medidas de temperatura
de homogeneização total (THtotal) variam entre +110 e +278°C e devem refletir o estrangulamento
observado nessas IFs. Somente em duas IFs Tipo 1, sem aparente evidência de estrangulamento,
foram obtidas THtotal de +262 e +278°C, devendo representar a faixa de temperatura mínima de
formação das mesmas (Tabela 10).

Estudos de Resfriamento e Espectroscopia microRaman - IFs em Carbonato O reduzido


tamanho das IFs presentes em carbonato das amostras estudadas, e a própria transparência do
mineral, dificultam a observação das mudanças de fase durante os estudos microtermométricos, o
que inviabiliza a obtenção de dados nesse mineral.
Análises por espectroscopia microRaman dessas IFs também não puderam ser realizadas devido a
uma intensa fluorescência emitida pelo carbonato.

Comentários 1. As IFs Tipos 1 e 2 são aquocarbônicas e compõem-se de uma fase aquosa salina e
uma fase carbônica, onde ocorre uma mistura de CO2 – CH4 – N2 e H2S em proporções variáveis.
Entretanto, a fase carbônica é apenas CH4, sendo o CO2 ausente em quartzo de veio em metabasalto
pouco alterado, de veio tardio com pirrotita discordante do bandamento da FFB e de veio associado
a FFB sulfetada.

33
2. De acordo com a classificação de origem de Roedder (1981), as IFs Tipos 1 e 2 podem ser
consideradas como pseudosecundárias.
3. Embora classificadas como pseudosecundárias, as IFs Tipos 1 e 2 contêm o fluido mais antigo
identificado.
4. Quanto à origem, as IFs aquosas Tipo 3 são classificadas como tipicamente secundárias. São
cronologicamente posteriores às Tipos 1 e 2, não tendo portanto nenhuma relação com a
mineralização de ouro Cuiabá.
5. Somente nas IFs Tipos 1 e 2, aquocarbônicas, em quartzo de veio em zona de alteração a mica
branca de metabasalto, é possível estimar-se a densidade da fase carbônica, que varia entre 0,80 e
0,92 equivalente de CO2.
6. Foram obtidas poucas medidas de temperatura de fusão de clatrato nas IFs aquocarbônicas Tipos
1 e 2, devido a dificuldade de visualização dos mesmos, sendo os valores entre +262 e +278°C
provavelmente representativos das temperaturas mínimas de formação das IFs.
7. Estudos experimentais envolvendo os componentes determinados nas IFs Tipos 1 e 2, H2O – CO2
– CH4 – N2 e H2S – sais, não são conhecidos, o que inviabiliza a estimativa correta da salinidade da
fase aquosa.
8. O complexo transportador do ouro foi possivelmente o H2S, já que este é detectado no fluido
aquocarbônico de todas as amostras, ainda que presente como traços.
9. Estudos de Xavier et al. (2000) indicam fluidos com CO2 entre 0 a 11,4% molar, CH4 entre 1,5 a
10,2% molar, com N2 subordinado (0 a 0,7% molar) e traços de H2S e HS–. A salinidade é calculada
entre 3 a 6% equivalente em peso de NaCl.
10. A composição das IFs aquocarbônicas é semelhante àquela de IFs associadas a mineralizações
de ouro em greenstone belts arqueanos. Assim, no depósito Cuiabá o fluido aquocarbônico deve ter
tido também um papel importante no transporte e precipitação do ouro.
11. Dados de IFs no depósito de ouro São Bento (Alves 1995), também no QF, indicam ter havido
evolução composicional do fluido aquocarbônico resultante de oxidação. As IFs cedo-mineralização
têm razão CH4/CO2 elevada, mas sua evolução dá lugar à formação de fluido de maior CO2/CH4.
Essa característica não foi registrada nas IFs aquocarbônicas de Cuiabá, não tendo sido possível
caracterizar qualquer tipo de evolução desse fluido.

ESTUDOS DE ISÓTOPOS ESTÁVEIS

Carbono e Oxigênio

Apresentação dos Resultados A caracterização isotópica foi feita com base na análise de
13 18
carbono e oxigênio, δ C e δ O, em rocha total, de 47 amostras de minério e suas encaixantes,
assim distribuídas: 23 análises em FFB incluindo seus produtos de alteração; 14 análises em basalto
hidrotermalmente alterado (das zonas de clorita a mica branca com sulfeto). A amostragem foi
efetuada através de seções transversais às zonas de alteração hidrotermal, com vistas a se obter
contrastes isotópicos entre as zonas mais e menos alteradas. As análises foram realizadas no
laboratório de isótopos estáveis da Universidade Federal de Pernambuco, sob a responsabilidade do
Prof. Alcides N. Sial. Os dados de carbono acham-se calculados segundo o padrão PDB,
Belemnitella Americana, formação Peedee do Cretáceo da Carolina do Sul. Os dados de oxigênio
acham-se calculados segundo o padrão SMOW.
A discussão que se segue é, na maior parte, retirada de Costa (2000) e Lobato et al. (2001a),
agregando, ainda, dados obtidos por Xavier et al. (2000). Os resultados acham-se apresentados nas
Tabelas 11, 12 e 13. Nas duas últimas, dados de outros depósitos no Grupo Nova Lima são
incluídos para comparação.

Tabela 11. Composição isotópica de carbono e oxigênio (± limite de detecção) em amostras de


metabasalto, corpos de minério Galinheiro Footwall e Balancão Footwall, e de formação ferrífera
bandada, corpos Fonte Grande Sul, Serrotinho e Balancão, em variados estágios de alteração

34
Amostra δ18OSMOW(‰) δ13CPDB(‰)
B
Descrição
Perfil 1 – Galinheiro Footwall, Nível 5 encaixante metabasalto
5GFW-1A 12,97 ± 0,007 –6,11 ± 0,003 zona externa de alteração a carbonato
5GFW-1B 11,85 ± 0,008 –5,69 ± 0,003 zona interna de alteração a carbonato
5GFW-1C 12,93 ± 0,055 –6,39 ± 0,014 zona de alteração a sericita
Média 12,57 –6,06
Desvio padrão 0,64 0,35
Perfil 2 – Balancão Footwall, Nível 8 encaixante FFB
2-BF8 14,15 ± 0,006 –5,51 ± 0,003 zona de alteração a sericita
3-BF8 12,57 ± 0,005 –4,93 ± 0,003 zona de alteração a carbonato
4-BF8 12,95 ± 0,005 –3,43 ± 0,004 zona de alteração a clorita
10-BF8 13,90 ± 0,006 –8,53 ± 0,002 filia carbonoso
Desvio padrão 0,82 1,08
Perfil 3 – Galinheiro Footwall, Nível 11 encaixante metabasalto
F947-1 13,18 ± 0,007 –7,38 ± 0,011 zona de alteração a sericita
F947-2 12,95 ± 0,120 –8,77 ± 0,004 zona de alteração a carbonato
F947-3 12,86 ± 0,003 –8,42 ± 0,003 zona de alteração a sericita, com sulfeto
F947-4 12,69 ± 0,004 –8,91 ± 0,003 filia carbonoso
F947-5 12,19 ± 0,015 –7,75 ± 0,007 zona de alteração a carbonato
F947-6 11,87 ± 0,012 –7,19 ± 0,004 zona de alteração a clorita
F947-7 11,49 ± 0,007 –6,33 ± 0,002 zona de alteração a clorita
F947-8 12,55 ± 0,005 –6,69 ± 0,008 zona de alteração a clorita
F947-9 12,80 ± 0,002 –6,90 ± 0,003 zona de alteração a carbonato
F947-10 13,06 ± 0,011 –7,00 ± 0,003 zona de alteração a sericita
F947-11 13,14 ± 0,012 –7,22 ± 0,003 zona de alteração a sericita, com sulfeto
Desvio padrão 0,58 0,76
Perfil 4 – Galinheiro Footwall, Nível 11 encaixante metabasalto
F948-1 13,09 ± 0,011 –7,53 ± 0,009 zona de alteração a sericita
F948-2 12,64 ± 0,012 –7,98 ± 0,005 zona de alteração a carbonato
F948-3 12,70 ± 0,001 –7,77 ± 0,004 zona de alteração a clorita
F948-4 11,96 ± 0,011 –6,25 ± 0,007 zona de alteração a clorita
F948-5 12,45 ± 0,007 –6,49 ± 0,006 zona de alteração a clorita
F948-6 12,56 ± 0,013 –6,79 ± 0,008 zona de alteração a carbonato
F948-7 13,02 ± 0,007 –6,96 ± 0,006 zona de alteração a sericita, com sulfeto
F948-8 * * Metapelito
Desvio padrão 0,38 0,66
Perfil 5 – Fonte Grande Sul, Nível 7 encaixante FFB
7FG-6A 15,38 ± 0,009 –3,62 ± 0,004 sulfetada, silicificada, ao lado de F2
7FG-6B 14,66 ± 0,014 –4,16 ± 0,008 zona de alteração a carbonato, próxima de F2
7FG-6C 15,00 ± 0,011 –3,67 ± 0,007 zona de alteração a carbonato com traços de matéria carbonosa, distante de F2
7FG-6D 13,57 ± 0,006 –5,77 ± 0,004 sulfetada, silicificada, ao lado de F2
7FG-6E 15,53 ± 0,004 –2,46 ± 0,004 zona de alteração a carbonato com quartzo e matéria carbonosa
Desvio padrão 0,78 1,20
Perfil 6 – Fonte Grande Sul, Nível 7 encaixante FFB
7FG-8A 13,59 ± 0,007 –7,27 ± 0,003 zona de alteração a carbonato com quartzo, sulfetada, ao lado de F2
7FG-8B 14,88 ± 0,006 –4,50 ± 0,006 zona de alteração a carbonato, pouco sulfetada, entre duas fraturas F2
7FG-9A 18,13 ± 0,054 –4,60 ± 0,013 sulfetada, entre fraturas F2
7FG-9B 17,83 ± 0,010 –0,69 ± 0,005 sulfetada, entre fraturas F2
7FG-10A 15,51 ± 0,013 –3,65 ± 0,004 pouco alterada, distante de F2
7FG-10B 15,90 ± 0,010 –2,19 ± 0,005 pouco alterada, distante de F2
7FG-11A 15,93 ± 0,034 –4,01 ± 0,018 sulfetada, entre fraturas F2
7FG-11B 15,59 ± 0,006 –5,62 ± 0,006 zona de alteração a carbonato, pouco sulfetada, entre fraturas F2
Desvio padrão 1,48 2,01
Perfil 7 – Serrotinho, Nível 7 encaixante FFB
7SE-1A 15,63 ± 0,014 –2,94 ± 0,009 zona de alteração a carbonato, com traços de matéria carbonosa, ao lado de F2
7SE-1B 15,96 ± 0,019 –4,16 ± 0,005 zona de alteração a carbonato, com traços de matéria carbonosa, próximo a F2
7SE-1C 14,67 ± 0,012 –4,61 ± 0,020 rica em matéria carbonosa, distante de F2
7SE-1D 16,32 ± 0,015 –2,15 ± 0,013 zona de alteração a carbonato, com mat. carbonosa, distante de F2
Desvio padrão 0,71 1,13
Perfil 7 – Serrotinho, Nível 7 encaixante FFB
1A-BF8 15,44 ± 0,012 –9,92 ± 0,002 FFB não mineralizada rica em de matéria carbonosa
1B-BF8 15,17 ± 0,008 –4,91 ± 0,003 FFB não mineralizada rica em de matéria carbonosa
AMB-B8 * *
5RB11-2 12,02 ± 0,095 –8,54 ± 0,015 FFB mineralizada rica em de matéria carbonosa
(*) não se obteve gás
hidrotermal (Costa 2000). Uma amostra de metapelito é incluída. FFB: formação ferrífera
bandada; F2: fratura plano-axiais.

Tabela 12. Resumo dos dados isotópicos de carbono para as rochas do Grupo Nova Lima,
encaixante de ouro nos depósitos Cuiabá, Morro Velho e Raposos. FFB: formação ferrífera
bandada. (Costa 2000)
ank – anquerita; cc – calcita; dol – dolomita; breu – breunnerita; sid – siderita; As = arsênio
metálico; Apy = arsenopirita; Bn = bornita; Ccp = calcopirita; Hem = hematita; Mag =
magnetita; Po = pirrotita; Py = pirita.

Tabela 13. Resumo dos dados isotópicos de oxigênio para as rochas do Grupo Nova Lima,
encaixante de ouro nos depósitos Cuiabá, Morro Velho e Raposos. FFB: formação ferrífera
bandada. (Costa 2000)

A alteração hidrotermal é uma feição comum relacionada às mineralização de ouro no depósito


Cuiabá, com implicações importantes nas composições isotópicas de carbono e oxigênio, uma vez
que o fracionamento isotópico é controlado por mudanças das condições físico-químicas dos fluidos
hidrotermais. Dois estilos de alteração são amplamente reconhecidos, estando representados pela
sulfetação da FFB e pela alteração pervasiva e zonamento das rochas vulcânicas máficas (Ribeiro-
Rodrigues 1998). A alteração é descrita em dois estágios, sendo o inicial marcado pela extensa
formação de carbonatos de ferro da FFB não mineralizada, com desaparecimento da matéria
carbonosa. No estágio seguinte, os carbonatos de ferro foram substituídos seletivamente por sulfetos
de ferro resultando no padrão pseudo-estratiforme caracterizado pela alternância de bandas de
sulfeto, chert e quartzo-carbonato (Toledo 1997, Ribeiro-Rodrigues 1998, Lobato et al. 1998).
Nas seções estudadas nos corpos Fonte Grande Sul e Serrotinho, a alteração da FFB ocorre de
forma aproximadamente zonada e simétrica em relação a sistemas de fraturas subverticais, plano-
axiais, similarmente ao apresentado na Prancha 2. Em um dos perfis amostrados, a alteração da FFB
está relacionada a um sistema de fraturas interconectadas, de maneira que os halos de alteração
estão superpostos uns aos outros impedindo o desenvolvimento de zonas individuais e simétricas.
Mesmo assim, é possível observar-se intensa sulfetação nas regiões adjacentes às fraturas. A
representação dos dados isotópicos de Cuiabá encontra-se na Figura 20.

Figura 20. A – Isótopos de carbono ao longo de três perfis de alteração da formação ferrífera
bandada Cuiabá, no corpo Fonte Grande Sul, mostrando a tendência de valores da zona pré-
alteração para o minério. B – Dados de δ18O versus δ13C em perfis de alteração em metabasalto e
formação ferrífera bandada Cuiabá. Notar a uniformidade e a correlação negativa dos dados
isotópicos no metabasalto comparados com a FFB. As setas tracejadas indicam o sentido da
alteração hidrotermal no metabasalto em direção à zona mais alterada, ou seja, de sericita. C –
Comparação dos dados isotópicos de Cuiabá com outros depósitos semelhantes no mundo. D –
Fotografia exibindo a representação das zonas de alteração hidrotermal do perfil 5, corpo de
minério Fonte Grande Sul nível 7 (vide Tabelas 11, 12 e 13). São indicadas as porções de
predominância das zonas proximais, intermediárias e distais (FFB), as primeiras ricas em sulfeto-
quartzo-carbonato e junto a fraturas plano-axiais. As intermediárias constituem halos de alteração
carbonática.

No conjunto inteiro de amostras de vulcânica máfica, corpo de minério Galinheiro Footwall, o δ13C
varia de –3,4 a –8,8‰. Ao longo de cada perfil individual, a variação isotópica é de no máximo –
2,58‰. Os valores na zona da clorita e mica branca aurífera têm em média –6,3 ± 1,3‰ e –7 ±
0,8‰, respectivamente. Um decréscimo no δ13C é sugerido particularmente pelos resultados obtidos
da zona da clorita para a da mica branca, com valores médios de δ13C em três perfis variando de (i)
–3,4 (zona da clorita) e –5,5‰ (zona da mica branca); (ii) –6,7 (clorita) e –7,2‰ (mica branca); e
(iii) –6,8 (clorita) e –7,3‰ (mica branca). Os valores de δ18O de todo o grupo variam de +11,5 a

35
δ13CPDB ‰ B

TIPO DE ROCHA
FFB Rocha vulcânica máfica Rocha Filito carbonoso
vulcânica
Zonas de alteração hidrotermal ultramáfica
DEPÓSITO Menos Carbonato Sulfeto Menos Clorita Carbonato Mica branca ± Fuchsita xisto Rico em Pobre em
(Referências) alterada alterada sulfeto mat. carb. mat. carb.
Raposos -5,0 -6,0 dol -4,2 até -0,8 cc -4,7 cc -5,4 dol -18,2
breu/dol -5,9 dol mat. carb.
(Godoy 1994) -6,0 breu +0,4 dol -4,6 dol
Cuiabá1 -2,1 até -2,2 até -2,9 até -3,4 até -4,9 até -5,5 até -7,51f -4,1 dol/cc -4,3 dol
-3,61a -5,61b -7,31c -7,81d -8,81e
(Costa 2000) um valor a -7,0 até -8,41f (zo- -8,5 até -7,7 ank
-0,7 na mica branca) -8,9
Cuiabá2 -4,9; -9,9 -8,5
(Costa 2000)
Cuiabá2 -4,5 -21,1 até -15,8
-22,6 mat. carb.
mat. carb.
Ribeiro- -16,4 até
Rodrigues -22,3
(1998) mat. carb.
Cuiabá2 -1,7 até -5,5 até
-2,1 cc -7,1 cc
(Xavier et al. -7,1 ank -6,9 até
2000) -8,1 ank
-1,9 até -6,0 até
-4,3 sid -7,6 sid
-7,1 até
-8,0 dol
Cuiabá & -20,0 até
Morro Velho2 -22,6
(Fortes et al.
1994)

1
: Faixa de valores obtidos ao longo de perfis de alteração hidrotermal. Dados obtidos de concentrados de
carbonato; 1a: principalmente siderita; ankerita e calcita subordinadas, 1b: principalmente ankerita e siderita;
dolomita e calcita subordinadas, 1c: principalmente ankerita; dolomita e siderita subordinadas; rara calcita.
1d
: principalmente ankerita e calcita subordinada, 1e: principalmente ankerita e calcita subordinada.
1f
: principalmente ankerita; 2: Valores obtidos em amostras isoladas.
mat. carb.: matéria carbonosa

δ18OSMOW ‰
TIPO DE ROCHA
FFB Rocha vulcânica máfica
Zonas de alteração hidrotermal Filito carbonoso
DEPÓSITO Menos Carbonato Sulfeto Clorita Carbonato Mica branca ± sulfeto Rico em Pobre em
(Referências) alterada mat. carb. mat. carb.
Cuiabá1 +12,0 até +14,7 até +13,6 até +11,5 até +11,9 até +12,9 até +14,21f (zona +13,9 +12,7
+16,31a +16,31b +18,11c +14,11d +13,01e mica branca) mat. carb mat. carb
(Costa 2000) +12,9 a té +13,11f
Cuiabá2 +15,2; +15,4 +12,0
(Costa 2000)
Cuiabá2 +13,7 até +14,4 cc
+14,8 cc
(Xavier et al. +13,2 ank +11,7 até
2000) +14,1 ank
+12,8 até +10,6 até
+16,0 sid +14,8 sid
+12,6 até
+15,2 dol

1
: Faixa de valores obtidos ao longo de perfis de alteração hidrotermal. Dados obtidos de concentrados de
carbonato; 1a: principalmente siderita; ankerita e calcita subordinadas, 1b: principalmente ankerita e siderita;
dolomita e calcita subordinadas, 1c: principalmente ankerita; dolomita e siderita subordinadas; rara calcita.
1d
: principalmente ankerita e calcita subordinada, 1e: principalmente ankerita e calcita subordinada.
1f
: principalmente ankerita; 2: Valores obtidos em amostras isoladas
mat. carb.: matéria carbonosa
0,00
A
-1,00

-2,00

-3,00
δ13 CPDB

-4,00
Pré-alteração
-5,00

-6,00

-7,00 7FG/bl.10
7SE
-8,00 7FG/bl.11
FFB não mineralizada
-9,00

19
B
18 Campo de Campo de FFB
metabasalto
17

16 Perfil 2
Perfil 3
15
δ18O

zona distal Perfil 4


zona de sericitização Perfil 5
14 FFB pouco alterada
Perfil 6
13 Perfil 7
12
zona de cloritização
11

10
-8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0

δ13CPDB

39
C
34 Carbonatos
marinhos
29
Espilitos
δ 18O SMOW

24 arqueanos
19
Variação de todos os dados
14 conhecidos
9 Média da variação de
4 todos os dados
-11 -9 -7 -5 -3 -1 1 3 FFB
Filito carbonoso
δ 13C PDB Basaltos
+14,1‰. As médias de δ18O são +12,3 ± 0,5‰ e +13,2 ± 0,4‰, respectivamente nas zonas da
clorita e mica branca-sulfeto, sugerindo um leve aumento de valores.
Na FFB e seus produtos de alteração, os valores de δ13C variam de –9,9 a –0,7‰. A maioria dos
valores nas zonas distais têm média de –2,6 ± 0,7‰, enquanto que nas zonas proximais a maioria
têm média de –4,9 ± 2,0‰. Embora um decréscimo seja aparente (i) ao longo dos perfis de
alteração, algumas amostras das zonas a carbonato±sulfeto são relativamente enriquecidas, com
δ13C ≤ –0,7‰, o que é similar aos valores da FFB pré-alteração; (ii) fora dos perfis amostrados, a
FFB pré-alteração tem valores empobrecidos em até –9,9‰. Apesar disso, é possível deduzir-se ter
havido empobrecimento a partir dos valores obtidos em dois perfis, com média de –3,1‰ e –2,9‰,
para a FFB pré-alteração, e de –4,7‰ e –5,3‰ (–4,1‰ se o valor de –0,7‰ for incluído no cálculo)
para a zona dos sulfetos. Na FFB pré-alteração, os dados de Xavier et al. (2000) mostram ser as
médias de δ13C de siderita e calcita, respectivamente, de –3,3‰ e –1,9‰. Na zona do sulfeto, a
média de δ13C para siderita é –6,9‰, para anquerita é –7,4‰ e um valor para calcita é –7,0‰. O
valor empobrecido de 13C da anquerita, de –7,1‰, sugere que mesmo na FFB pré-alteração esse
carbonato deve ser de origem hidrotermal. Os valores de δ18O da FFB e seus produtos
mineralizados variam de +12,0 a +18,1‰.
O δ13C das amostras de filito carbonoso, que ocorre como lentes intercaladas em basalto (F947-4 e
10-BF7), apresentam valores isotópicos semelhantes aos encontrados para o basalto. Embora
obtidos em locais distintos (Balancão Footwall, Nível 8 e Galinheiro Footwall, Nível 11), os valores
são semelhantes e representam os resultados mais negativos encontrados em todas amostras, sendo
tipicamente correspondentes a valores de carbono orgânico.

Comportamento Isotópico do Carbono O δ13C de carbonatos


hidrotermais varia em função da temperatura, Eh e pH durante a precipitação, bem como da
composição isotópica do carbono total do fluido hidrotermal, ou seja, δ13CΣC (Ohmoto e Rye 1979).
O δ13C do CO2, e dos carbonatos dele derivados, é fortemente dependente da razão CH4/CO2 do
fluido. Kerrich (1990) menciona a importância do CH4 nos processos de interação fluido/rocha e
McNaughton et al. (1990) sugerem que mesmo uma pequena redução do CO2 do fluido implicaria
em significativa mudança do δ13C, produzindo carbonatos de composição isotópica variada,
possivelmente similar à FFB Cuiabá.
Fluidos a CO2-H2O podem ser parcialmente reduzidos ao atravessarem rochas com matéria
carbonosa (rica em 12C e pobre em 13C), com conseqüente formação de CH4. Dessa forma, o
potencial de oxidação do fluido é tamponado para valores mais baixos, aumentando a proporção das
espécies de carbono reduzido (CH4) em relação às oxidadas (H2CO3, HCO3-, CO3=) (Kerrich 1990).
Devido ao grande fracionamento do 13C entre CH4 e CO2 coexistentes, o δ13C do CO2 do fluido
hidrotermal evoluído, e portanto dos carbonatos dele derivados, torna-se fortemente dependente da
razão CH4/CO2 (McNaughton et al. 1990). O processo resulta na formação de carbonatos tanto
enriquecidos como empobrecidos em 13C.
O fracionamento de CO2-grafita (essa com δ13C típico a –26‰) a 500oC é –22‰ e, a 300oC, é –
12‰ (Bottinga 1969), de tal forma que o δ13C do CO2 hidrotermal resultante poderia ser tamponado
a –15‰. Assim, o empobrecimento do δ13C dos carbonatos hidrotermais refletiria a contribuição
significativa de 12C do carbono biogênico. A dimensão do empobrecimento do δ13C hidrotermal, ou
seja, das variações negativas do δ13CΣc devido à reação com matéria carbonosa empobrecida em
13
C, é limitada entretanto pela capacidade do fluido hidrotermal de oxidar matéria carbonosa
(Kerrich 1990), ou seja, do seu potencial de oxi-redução.
Portanto, a interação de fluidos aquosos a CO2 com rochas grafitosas pode de fato induzir o
empobrecimento de 13C dos carbonatos precipitados. Por exemplo, no depósito aurífero arqueano
Kerr-Addison, Canadá, carbonatos hidrotermais próximos a rochas grafitosas são sistematicamente
mais leves por cerca de 1‰ em relação à seus equivalentes em rochas não contendo grafita. Esta
tendência tem sido interpretada como refletindo a cessão de CO2 biogênico, isotopicamente mais

36
leve, para o fluido hidrotermal em função da oxidação de matéria carbonosa (Kishida e Kerrich
1987).
Em relação aos dados isotópicos de Cuiabá verifica-se que:
1. A composição isotópica de carbono apresenta padrão de enriquecimento ou empobrecimento
distinto para o basalto e para a FFB e seus respectivos produtos de alteração (Figura 20). Enquanto
que no basalto os valores de δ13C entre as zonas de alteração a clorita e mica branca seguem uma
correlação negativa, na FFB as variações entre as zonas proximais e distais são irregulares e não
obedecem um padrão aparentemente definido. Esse comportamento é também registrado para o
caso do δ18O.
2. As faixas de variação de δ13C, respectivamente –0,7 a –8,5‰ (FFB) e –5,5 a –8,4‰ (rocha
vulcânica máfica), são semelhantes aos dados de outros depósitos auríferos de greenstone belts
arqueanos no mundo (de Ronde et al. 1997). Essa variação relativamente pequena de valores de
δ13C e δ18O, em ambos basalto e FFB, sugere uma composição isotópica relativamente homogênea
para o fluido hidrotermal.
3. No basalto:
- O empobrecimento em δ13C é progressivo com o aumento da intensidade da alteração hidrotermal,
ocorrendo em valores uniformes e que variam num intervalo bastante restrito, sendo similares aos
valores obtidos em outros depósitos auríferos orogênicos no mundo (Figura 21).
- O empobrecimento progressivo em δ13C e enriquecimento discreto de δ18O, com aumento da
intensidade da alteração hidrotermal, podem refletir interação com um mesmo fluido hidrotermal
em variadas razões fluido/rocha. Indicam ainda que os carbonatos precipitaram do fluido
hidrotermal em condições próximas do equilíbrio e sem variações drásticas de temperatura (Golding
et al. 1990).

Figura 21. Valores médios de δ13C de diferentes reservatórios e estilos de alteração associados aos
depósitos de ouro do Bloco Yilgarn, Austrália (modificado de McNaughton et al. 1990).

4. Na FFB:
- Num mesmo perfil de aumento da intensidade de alteração da FFB, o empobrecimento em δ13C
em direção às zonas de sulfeto não é sistemático, ocorrendo intervalos com enriquecimento. Como
apontado abaixo, isso pode ser interpretado como resultante da redução do fluido aquocarbônico
(H2O-CO2) infiltrante por reação com matéria carbonosa da FFB, isto é, a reação de hidrólise (1) 2C
+ 2H2O = CO2 + CH4.
- Os intervalos de variação isotópica da FFB são mais amplos e irregularmente distribuídos que os
do basalto, principalmente nas zonas mais alteradas e sujeitas à maior interação com o fluido
hidrotermal. Na zona proximal da FFB, o δ13C apresenta valores bem distintos, como é o caso das
amostras 7FG-6A e 7SE-1A em comparação com 7FG-6D e 7FG-8A. Na zona distal, menos sujeita
à ação do fluido, os valores são mais uniformes, como indicado pelas amostras 7FG-6E, 7FG-10A,
7FG-10B e 7SE-1D. Assumindo-se um único tipo de fluido, essa irregularidade de valores
isotópicos é interpretada como reflexo de modificações experimentadas pelo fluido hidrotermal, que
adapta a composição durante sua evolução e interação com as rochas encaixantes.
- Se todos os outros fatores forem considerados constantes, a interação do fluido original (contendo
CO2) com matéria carbonosa da FFB, resultando na sua redução, poderia de fato explicar o
empobrecimento parcial de 13C de alguns carbonatos (–9,9 e –7,1‰) da FFB alterada em Cuiabá. O
CO2 evoluído da reação com carbono biogênico é isotopicamente mais leve e sua cessão para o
fluido teria permitido a formação de carbonatos pobres em 13C.
- Por outro lado, alguns valores isotópicos são muito ricos em 13C para se afirmar que o carbono
utilizado para produzir carbonato hidrotermal tenha sido derivado apenas da troca de equilíbrio
isotópico com matéria carbonosa das encaixantes. Esses valores refletem a faixa típica de –2 a +3‰
dos carbonatos marinhos arqueanos (McNaughton et al. 1990).
- Se o δ13CΣC do fluido hidrotermal é considerado constante, durante a reação (e conseqüente
redução) do fluido com matéria carbonosa, há imediata diminuição da razão CO2/CH4. Isso
37
Figura 20D

Fratura
Zona Interm

Zona Interm
Zona
proximal

Zona Interm Zona 6c


proximal
Zona Interm
Fratura
6a
6b
6d
BIF 6e
Zona Interm

Figura 21

δ13C
resultaria em enriquecimento de δ13C nas espécies de carbono oxidadas (Ohmoto e Rye 1979,
Colvine 1989), com H2CO3 aparente sendo aumentado em +2 a +4‰, dependendo da extensão da
redução. Dessa forma, essa reação produz CO2 enriquecido em δ13C que seria responsável pela
geração dos carbonatos enriquecidos em δ13C, na mesma proporção, nas zonas auríferas. Por
exemplo, na Província Timmins (Canadá), dolomitos de depósitos próximos a rochas sedimentares
grafitosas são +1 a +2‰ mais ricos em 13C que seus equivalentes em rochas não grafitosas (Fyon et
al. 1983).
- A composição isotópica resultante final depende da competição entre as tendências de
enriquecimento e empobrecimento causadas, respectivamente, pela redução do fluido e pelo
equilíbrio parcial com material empobrecido em 13C, como matéria carbonosa (Kerrich 1990).

Comportamento Isotópico do Oxigênio - A extensão em que um sistema é dominado pelo


fluido pode ser avaliada em função das associações minerais presentes nos minerais de alteração.
Assim, reações metassomáticas em que os reagentes são completamente consumidos indicariam
infiltração de grandes volumes de fluido a partir de uma fonte externa. Nestas condições, as
composições química e mineralógica da rocha tendem a se adaptar à composição do fluido
infiltrante, resultando para as rochas máficas e ultramáficas na formação de associações de alteração
simples e homogêneas contendo carbonato, albita e quartzo, o que indica condições de equilíbrio
entre fluidos menos evoluídos e estes minerais (Kishida e Kerrich 1987). Esse é o caso em Cuiabá,
com substituição dos minerais metamórficos por minerais hidrotermais e formação de quartzo,
albita, carbonato e mica branca como produto final da alteração, indicando, portanto, grande aporte
de fluidos ao sistema.
1. A variação do δ18O no basalto, entre +11,49 e +14,15‰, sobrepõe-se à variação de +12,02 a
+18,13‰ da FFB, embora nesta última o fracionamento isotópico seja relativamente maior.
Conforme já apontado, esses resultados indicam que na FFB os carbonatos equilibraram com
fluidos modificados isotopicamente por sua interação com rochas carbonosas.
2. A uniformidade do δ18O no basalto, por cerca de 420 m entre os níveis 5 e 11 do corpo
Galinheiro Footwall, indica um sistema largamente dominado pelo fluido no sítio de deposição,
temperaturas uniformes e um reservatório de oxigênio isotopicamente homogêneo (cf. Kerrich
1990, Golding et al. 1990).
- Os dados isotópicos têm implicações importantes com respeito ao aumento do minério pirrotítico
nos níveis mais profundos da mina que, entretanto para alguns autores, estaria relacionado com um
possível aumento de temperatura (caso dos depósitos Morro Velho e São Bento). A consistência e
extensão dos dados isotópicos de oxigênio sugerem regimes térmicos uniformes e ausência de
zonamento vertical ao longo dos condutos hidrotermais, indicando que a alteração ocorreu sem
mudanças drásticas de temperatura. Portanto, é provável que o aumento da pirrotita em
profundidade esteja relacionado mais à modificações nas propriedades intrínsecas do fluido
hidrotermal, conforme proposição de Lobato et al. (1998).
3. Outro aspecto importante a ser avaliado é o enriquecimento isotópico sistemático de oxigênio em
direção às zonas mais alteradas, isto é, +11,49‰ na zona da clorita e +14,15‰ na zona da mica
branca. O δ18O médio das rochas vulcânicas sujeitas à alteração submarinha é +10,2‰, não sendo
observadas variações isotópicas significativas com o aumento do grau metamórfico devido à
reações de perda de CO2 (Golding et al. 1990, Groves et al. 1988). Assim, é possível que os valores
mais empobrecidos do δ18O em Cuiabá, na zona da clorita, reflita a herança isotópica do basalto
pré-alteração hidrotermal. O enriquecimento em direção à zona da mica branca estaria relacionado à
razões fluido/rocha mais elevadas e à presença dominante de anquerita nesta zona. O
enriquecimento em 18O nos carbonatos é dependente da massa do cation bivalente de modo que a
ordem de enriquecimento seria provavelmente dolomita > anquerita > calcita.
4. Se o valor de +15‰ é tido como média representativa dos valores de δ13O dos carbonatos
hidrotermais associados com a mineralização da FFB Cuiabá, uma faixa de valores de δ18O do
fluido de +9 a +10‰ é obtida, usando-se os dados de fracionamento dolomita-água, calcita-água e
siderita-água de Matthews e Katz (1977) e Carothers et al. (1988). Assumindo-se uma temperatura
38
de 300oC, essa faixa de valores de δ18O está de acordo com a de fluidos metamórficos hidrotermais
(Taylor 1987).

Enxofre As análises foram realizadas no laboratório de isótopos estáveis da Universidade de


Calgary, sob a responsabilidade do Prof. Sudaram Iyer.
Dados de isótopos de enxofre, δ34S, obtidos em sulfetos do minério do depósito Cuiabá variam de
+1,4 a +5,6‰ (Tabela 14, Figura 22), coincidente com a maioria dos dados publicados em outros
depósitos similares no mundo, na faixa de +0 a +9‰, ou tipicamente +1 a +5‰ (e.g., Groves e
Foster 1993). Os dados são similares a valores de depósitos do tipo lode e de rochas máficas
hospedeiras de mineralização de ouro no Yilgarn Block, Austrália (McNaughton et al. 1990).

Figura 22. A – Faixa de valores dos dados de isótopos de enxofre para diferentes gerações de
sulfeto do depósito Cuiabá (Tabela 14) e sua comparação com outros depósitos orogênicos
semelhantes do mundo. B – Valores dos dados de isótopos de enxofre de diversos depósitos
orogênicos de ouro em outras partes do mundo. FFB: formação ferrífera bandada (McNaughton et
al. 1990)

Tabela 14. Dados de isótopos de enxofre em diversas famílias de sulfetos, depósito aurífero Cuiabá
(dados de S. Iyer, resultados inéditos, comunicação escrita).

A composição isotópica de enxofre de minerais hidrotermais que contêm esse elemento é


controlada pela composição isotópica de enxofre de fluidos hidrotermais, pela temperatura, fO2 e
pH.
Os dados obtidos em Cuiabá acham-se numa faixa estreita de valores, indicam fO2 abaixo do
tampão ∑SO2-H2S (Ohmoto e Rye 1979) e que a fonte de enxofre era isotopicamente uniforme,
entre +1,4 a +5,6‰. Assumindo um estado de oxidação relativamente constante durante toda a
alteração hidrotermal, os sulfetos teriam precipitado a partir do fluido hidrotermal em resposta a
incrementos na atividade do enxofre. Valores negativos de δ34S, não encontrados em Cuiabá, são
interpretados como reflexo de oxidação significativa de fluidos (ver McCuaig e Kerrich 1998).
Enxofre da faixa de valores em Cuiabá pode ser derivado tanto diretamente de magmas, ou
indiretamente pela dissolução e/ou perda de enxofre de sulfetos magmáticos primários ou de
enxofre da crosta (Golding et al. 1990). Existem depósitos que são sistematicamente enriquecidos,
enquanto outros são empobrecidos, relativamente à principal população dos dados para os depósitos
de ouro orogênicos. Os dados de δ34S também sugerem uma fonte externa ao reservatório para o
fluido hidrotermal.

ESTUDOS DE ISÓTOPOS RADIOGÊNICOS Dados geocronológicos, em rochas que podem


hospedar mineralizações auríferas, existem apenas para metavulcânicas do Grupo Nova Lima. São
duas amostras de rocha vulcânica félsica, datadas pelo método U-Pb convencional em zircão, e que
apontam uma idade de 2772 ± 6 Ma. Outras idades disponíveis até hoje relacionam-se ainda aos
metagranitóides. Por outro lado, são raros os dados geocronológicos que permitem definir a(s)
idade(s) de mineralização aurífera no Grupo Nova Lima do QF. São também raros os dados de
isótopos radiogênicos que permitam inferir o reservatório do qual originou o fluido hidrotermal
responsável pela deposição do ouro (ver revisão em Noce 2000, Lobato et al. 2001a, b).

Sistemas Pb-Pb e Sr-Sr Amostragem para fins de análises isotópicas de Pb-Pb, Rb-Sr e Sr-Sr
foi realizada em Cuiabá, com coleta de sulfetos (pirita e pirrotita) e carbonatos de todas as gerações
relacionadas à diferentes fases de deformação a que foram submetidas a FFB. Os minerais
encontravam-se em porções concordantes com o bandamento ou associadas a fraturas discordantes
(5).

39
Isótopos de enxofre
6
Py de grã grossa

5 Py em flanco de
dobra

Py com Po
4 Po em zona de Po de
A
S sulfetos
charneira veio tardio

3 Po w ith Py
34

2
Py de grã fina

0
6

Py (sericite zone MB)


Py (chlorite MB)
Py (metapelite)
5 Py (C-rich phyllite)

Py (coarse, massive sulphide)


Py
Py (coarse, massive sulphide)

YellowKnife
4
Py (coarse-grained next to 01)
Py (fine-grained)
S Sulphide

Py
Recrystalised Po+Py

B 3
Py (in fold limb)
Po (in hinge zone)
Py (coarse, massive sulfide)
34

Po (qtz vein breccia)


δ

Py (fine-grained, in ring layer)


2 Py (coarse, massive sulphide)
Py (associated with Po)
Po (with Py)
Py (coarse-grained)
Py (next to D2 fracture in BIF)
1 Py (fold limb)
Py (fine-grained)
Po (concentrate)
Py (fine-grained)

34
δ S
-20 -10 0 10 20
C
Py /Po
CANADA
Red Lake
Yellowknife

AUSTRALIA Py
Kambalda
Mt.
Mt. Charlotte

Py / Po
CUIABÁ
CUIABÁ
D
Província Tipo de rocha δ34Ssulfetos (‰ CDT) Mediana
Depósito Média ± σ (n)

Murchinson
Watertank Hill Veios de quartzo +2,9±1,1 (6) +3,3
BIF proximal +3,2±0,5 (14) +3,2
Veios de quartzo +2,4±0,9 (4) +2,4
Morning Star Alteração proximal +1,9±0,8 (5) +2,2

Norseman-Wiluna
Princess Royal Lode a biotita +2,2±0,5 (4) +2,2
Hunt +5,8±1,9 (3) +5,0
Lake View Lodes grandes -5,8±2,2 (34) -5,5
Lodes pequenos -5,5±1,6 (11) -5,5
Lodes pequenos -1,8±3,2 (4) -2,5
Lodes pequenos +2,4±1,8 (2) +2,4
North Kalgurli Lodes principal -5,0±2,0 (12) -5,1
Lodes de alto mergulho -5,6±3,5 (6) -5,7
Lodes planos -3,4±4,6 (22) -4,7
Mount Charlotte Alteração proximal -2,7±1,1 (9) +3,0

Mediana δ34S de cerca de +2‰ CDT


No. de No. da Amostra Mineral Analisado e Posição Quantidade δ34S Desvio
ordem Aproximada (mg) (‰) (‰)
1 CU7FG-01 Pirita (grã fina) 1900 4,79 0,028
2 CU7FG-02 Pirita (grã grossa) 275 4,80 0,024
3 CU7FG-07 (área 3) Pirrotita (em veio discordante e 640 4,10 0,096
tardio de quartzo)
4 CU7FG-06A (área 8) Pirita 165 3,49 0,009
5 CU7FG-05A (área 9) Pirita 20 3,28 0,030
6 CU7FG-08 Pirita 1150 3,79 0,053
(internível 6-7)
7 Am3-B8 (Balancão N8) Pirita (X1) 540 4,42 0,078
8 CU7FG-03 (área 5) Pirita (X2) 330 3,37 0,055
9 CU5GFW-01 Pirita (zona da sericita) 380 3,36 0,067
10 CU11B-05A Pirita (em filito carbonoso) 415 4,92 0,157
4,74 0,091
11 CU11SE-08 Pirita 67 4,66 0,100
12 R6-S-12 Pirita (sulfeto maciço) 1800 5,59 0,099
13 CU11B-03 Pirita (sulfeto maciço) 140 4,36 0,282
4,35 0,049
14 R5-B-11.2 Pirita (grã grossa) 48 3,55 0,073
15 R5-B-11.2 Pirita (grã fina) 1900 2,03 0,036
16 CU11S-04A Pirrotita (zona de charneira) 560 4,44 0,080
17 CU11S-04B Pirita 140 4,52 0,074
18 CU7FG-08 Pirita (grã grossa) 48 5,04 0,047
19 LC-01 Pirita (grã fina) 198+ 1,48 0,335
1,37 0,072
20 CU7FG-04 Pirita (grã grossa) 97 3,70 0,032
21 CU7FG-05B Pirita 73 3,67 0,132
3,51 0,049
22 CU7FG-05B Pirrotita 224 3,56 0,100
Tabela 15. Amostras selecionadas de sulfetos, para datação Pb-Pb, e de carbonatos para
determinação de isótopos Sr-Sr, depósito de ouro Cuiabá. FFB: formação ferrífera bandada.

Foram executadas 15 análises isotópicas de chumbo em várias famílias de sulfetos, na forma de


concentrados de pirita, provenientes de mineralização em diversos estilos. As amostras foram
analisadas pelo método Pb-Pb convencional de amostra total e pelo procedimento stepwise leaching
(lixiviação por etapas). Dez análises foram realizadas em produtos lixiviados, para verificação de
possíveis heterogeneidades isotópicas, sendo as demais análises feitas em amostra total.
Os resultados obtidos indicam, para todas as amostras, composições isotópicas de chumbo bastante
homogêneas, com valores variáveis para 206Pb/204Pb [13,592-13,807], 207Pb/204Pb [14,686-14,850] e
208
Pb/204Pb [33,308-33,725] (Tabela 16). A homogeneidade nos valores isotópicos não permitiu a
construção de diagramas isocrônicos Pb-Pb (Figura 23A e B). O 207Pb ou 206Pb são entendidos
como derivados radiogênicos de urânio. Estes teores baixos indicam que os sulfetos podem ter tido
conteúdos de urânio muito baixos.

Figura 23. A – Distribuição dos resultados Pb/Pb, das amostras de sulfeto do depósito de ouro
Cuiabá, em um diagrama 206Pb/204Pb vs 207Pb/204Pb. Notar que os pontos acham-se em faixa
estreita demais para permitir o estabelecimento de idade isocrônica. B – Detalhe de A. C – Idade
modelo Pb-Pb em piritas de diversas famílias do depósito Cuiabá. D – Disposição dos dados Pb-
Pb na curva 'plumbotectônica', mostrando que as amostras de sulfeto localizam-se junto à curva da
crosta superior (dados e diagramas de C.C. Tassinari, resultados inéditos, comunicação escrita).

Tabela 16. Resultados de isótopos Pb-Pb obtidos no CPGeo–IG–USP, em diferentes lixívias (L1,
L3, etc.) de amostras de formação ferrífera bandada sulfetadas do depósito Cuiabá (dados e
diagramas de C.C. Tassinari, resultados inéditos, comunicação escrita, 2001).

Os dados Pb-Pb da pirita situam-se sobre a curva de evolução isotópica de chumbo de Stacey e
Kramers (1975), dentro do intervalo de tempo 2,78-2,67 Ga, o que pode ser tentativa- e
preliminarmente interpretado como sugestivo de mineralização nessa faixa de idade (Figura 23C).
Sendo assim, a mineralização epigenética em veios discordantes teria formado-se, provavelmente,
pouco tempo após a formação da mineralização primária, ambas no Arqueano tardio.
O posicionamento dos pontos analíticos Pb-Pb no diagrama uranogênico do modelo
‘plumbotectônico' (Figura 23D) indica uma fonte claramente vinculada a crosta continental superior
para o chumbo incorporado nas piritas, o que concorda plenamente com os elevados valores
calculados de μ para estes minerais entre 9,94 e 11,01. Valores elevados de μ, em comparação aos
depósitos de sulfeto maciço vulcanogênicos, são comuns nos depósitos orogênicos de ouro.
Do mesmo modo que os dados Pb-Pb, os dados isotópicos Rb-Sr obtidos a partir de produtos
lixiviados de piritas não possibilitam a definição de uma isócrona por falta de alinhamento. Pode-se
especular que a dispersão pode ser devida a atuação de um evento geológico posterior, isto porque
alguns pontos indicam uma tendência, no diagrama isocrônico, para uma reta com inclinação
relativa a idade de 700 Ma.
A pirita grossa em banda de FFB, de menor razão 87Sr/86Sr (0,707909), tem 0,14 ppm de rubídio e
3,01 ppm de estrôncio. Esse baixo conteúdo em Rb é compatível com a baixa razão isotópica, que
assim reflete a razão inicial de estrôncio para a mineralização. A razão 0,707909 é relativamente
alta para fluidos arqueanos, indicando fonte do estrôncio dos fluidos mineralizadores a partir de
rochas da crosta continental superior. Outros sulfetos, por dissolução total, têm razões 87Sr/86Sr
entre 0,716-0,717 e 0,726. Carbonatos mostram valores entre 0,7135 e 0,7150. Razões 87Sr/86Sr
muito elevadas sugerem que essas amostras teriam maior conteúdo de rubídio, justificando o
incremento da razão isotópica de estrôncio, ou que teriam sido recristalizadas em evento mais
jovem que 2,7 Ga (ver Tabela 17 e Figura 24).

40
N° da Amostra Tipo Corpo de Minério - Descrição
Nível
1 CU7B-3-G.1 Carbonato Balancão N7 Banda de carbonato em sigmóide balizado por filito
carbonoso. Calcita de veio ou FFB recristalizada(?)
Fonte Grande Sul N7 Pirita crescida a partir de fraturas, com quartzo adentrando
o bandamento da FFB. Tem alguma pirrotita.
2 CU7FGS-8-G.2 Pirita média a
grossa
CU7FGS-5-G.3 Pirita finíssima Fonte Grande Sul N7 FFB sulfetada com nível de pirita muito fina.
3
Fonte Grande Sul N7 FFB sulfetada com bandamento pronunciado, composto
por bandas de pirita muito fina e pirita grossa, bandas
4 CU7FGS-5-G.4 Pirita próxima à quartzosas e bandas escuras (matéria carbonosa?).
canal
Pirrotita e pirita Fonte Grande Sul N7 FFB sulfetada dobrada, aonde a pirrotita está localizada
em dobra preferencialmente na região de charneira e a pirita nos
5 CU7FGS-8-G.5 flancos.
Carbonatos Fonte Grande Sul N7 Carbonatos na FFB não mineralizada, associados a níveis
de chert ferruginoso.
6 CU7FGS-8-G.6

Fonte Grande Sul N7 Em amostra com menor grau de alteração que a anterior;
carbonatos retirados do bandamento da FFB não
7 7FGS-8-G.7 Carbonatos e mineralizada. Sulfeto para Pb-Pb.
Sulfeto
CU7B-3-G-01:
CU: Cuiabá; 7: Nível 7; B: amostra do Corpo Balancão; 3: área do corpo; G: geocronologia; 1: amostra 1

No. campo Pb208/Pb20 Erro Pb207/Pb20 Erro Pb208/Pb20 Erro T µ


4 4 4
(2s) (2s) (2s) (Ma)
7FGS-8-G2-A 13,642 0,004 14,735 0,004 33,427 0,005 2770 10,44
7FGS-8-G2-A L1 13,726 0,010 14,787 0,010 33,583 0,011 --- ---
7FGS-8-G2-A L12 13,624 0,007 14,694 0,007 33,308 0,007 --- ---
7FGS-8-G2-A L3 13,592 0,020 14,686 0,019 33,361 0,022 --- ---
7FGS-8-G2-A L4 13,624 0,005 14,713 0,005 33,539 0,006 --- ---
7FGS-8-G2-A L5 13,663 0,006 14,757 0,006 33,498 0,006 --- ---
7FGS-8-G2-B 13,807 0,008 14,820 0,008 33,632 0,009 2722 10,62
7FGS-8-G2-B L1 13,780 0,003 14,805 0,003 33,607 0,003 --- ---
7FGS-8-G2-B L2 13,752 0,008 14,765 0,007 33,504 0,008 --- ---
7FGS-8-G2-B L3 13,731 0,009 14,726 0,008 33,453 0,009 --- ---
7FGS-8-G2-B L4 13,773 0,009 14,755 0,008 33,289 0,009 --- ---
7FGS-8-G2-B L5 13,768 0,015 14,752 0,016 33,459 0,022 --- ---
7FGS-5-G3 13,745 0,005 14,750 0,005 33,491 0,005 2676 9,94
7FGS-5-G4 13,676 0,006 14,742 0,006 33,457 0,006 2742 10,29
7FGS-8-G5 13,757 0,125 14,850 0,080 33,425 0,085 2778 11,01
18
A
17

16
14,85

207Pb/204Pb
14,8

14,75

14,7

14,65

15
13,55 13,65 13,75 13,85
206Pb/204Pb
207Pb/204Pb

14

13

12

11

10

8 10 12 14 16 18 20

206Pb/204Pb

B
14,85

14,8
Pb/204Pb

14,75
207

14,7

14,65

13,55 13,6 13,65 13,7 13,75 13,8 13,85

206
Pb/204Pb
16,0
C

0
15,6 1000
Pb/204Pb

15,2 2000

2,78 a 2,67 Ga
207

14,8

14,4
3000

14,0
12 13 14 15 16 17 18 19
206 204
Pb/ Pb

16
16
16 D

2,7-2,75 Ga
Crosta
Crosta
Crosta
15,5
15,5 Superior
Superior
Superior
15,5 Orógeno
Orógeno
Orógeno
Manto
Manto
Manto
Crosta
CrostaInferior
Crosta Inferior
Inferior
15
15
207Pb/204Pb

15

14,5
14,5
14,5

14
14
14
13
13
13 14
14
14 15
15
15 16
16
16 17
17
17 18
18
18 19
19
19 20
20
20
206
206 204
Pb/204
206Pb/ 204Pb
Pb/ Pb Pb
Figura 24. Razões 87Sr/86Sr em carbonatos e sulfetos do depósito aurífero Cuiabá (dados de C.C.
Tassinari, resultados inéditos, comunicação escrita, 2001).

Tabela 17. Resultados de isótopos Sr-Sr obtidos no CPGeo–IG–USP. FFB: formação ferrífera
bandada (dados de C.C. Tassinari, resultados inéditos, comunicação escrita).

As razões 87Sr/86Sr de depósitos de ouro arqueanos variam na faixa de 0,70018 a 0,72284. Em


alguns depósitos, os minerais de alteração têm razões mais radiogênicas do que as do manto
contemporâneo ou mesmo das litologias encaixantes. Isso indica que o 87Sr/86Sr do fluido
hidrotermal deve ter sido derivado de fontes externas às rochas do greenstone belt, isto é, crosta
mais antiga, indicando um sistema hidrotermal de escala crustal com influxo de fluido de níveis
crustais profundos (McCuaig e Kerrich 1998).

Sistema Sm-Nd Estudos geoquímicos de basaltos do Grupo Nova Lima por


Zucchetti (1998) e Zucchetti et al. (2000) contemplam espécimes pouco a não afetados por
alteração hidrotermal, amostrados em oito (8) áreas de ocorrência (designadas áreas 1 a 8) no
interior do QF (Figura 2). São na maior parte actinolita xistos, com raros exemplos de clorita xistos.
Com base em análises de elementos maiores e traços, os actinolita xistos dividem-se em toleiitos e
toleiitos magnesianos. Através dos padrões de elementos de terras raras, as amostras são
subdivididas em cinco populações geoquímicas (I-V). A população I é formada por toleiitos
magnesianos e representa os termos mais primitivos de todo o conjunto. As populações II, III, IV e
V são termos progressivamente mais diferenciados, evoluídos a partir de composições como
aquelas da população I, com baixos conteúdos de elementos compatíveis e, proporcionalmente,
maiores teores de elementos incompatíveis.
Dez amostras provenientes de diversas áreas do QF (Figura 2) foram encaminhadas ao laboratório
da USP e correspondem ao espectro completo de diferenciação (populações I a V). Dessas, somente
sete amostras exibem razões isotópicas passíveis de uso em diagrama isocrônico (Figura 25). As
amostras são as seguintes:
MZ-41 A36 Æ área 1 (a sudoeste de Nova Lima). População I.
MZ-22A A36 Æ área 3 (região de Nova Lima). População II.
MZ-31 A36 Æ área 2 (bem ao sul de Nova Lima). População I.
MZ-39 A36 Æ área 8 (a leste do Sinclinório Gandarela). População III.
LM-00 A36 Æ área 6 (depósito Juca Vieira). População II.
MZ-11A A36 Æ área 8 (a leste do Sinclinório Gandarela). População IV.
MZ-35B A36 Æ área 2 (bem ao sul de Nova Lima). População IV.
A idade obtida, 2927 ± 180 Ma, indica a época do vulcanismo basáltico no QF. Os valores de εNd
pouco negativos (Tabela 18) indicam contaminação crustal durante a ascensão dos magmas
basálticos, provavelmente por terem atravessado rochas sedimentares (Figura 25).

Figura 25. Isócrona Sm-Nd, mostrando lista das amostras analisadas. Amostras ordenadas
segundo razões isotópicas decrescentes (dados e diagramas de C.C. Tassinari, resultados inéditos,
comunicação escrita, 2001).

Tabela 18. Dados Sm-Nd em amostras selecionadas de metabasaltos do Quadrilátero Ferrífero.


Para cada amostra, indica-se a população (Pop.) a que pertence, com base nos estudos de
Zucchetti (1998). Ver texto (dados de C.C. Tassinari, resultados inéditos, comunicação escrita). N.
Lima: Nova Lima.

Sistema Ar-Ar Encontram-se nos laboratórios de geocronologia da USP


concentrados de cristais de anfibólio pré-alteração, de basalto, e micas da associação de alteração
hidrotermal. Os dados obtidos para o anfibólio poderão indicar a idade do metamorfismo, pré-

41
0,730000 0.726904
Py
0,725000
Cb
0,720000
Sr/ Sr
86

0,715000
87

0,710000

0,705000
0.704615

0,700000

Amostras
0,5127
Age = 2927 ± 180 Ma
143 144
Initial Nd/ Nd = 0,50876 ± 0,00021
0,5125
MSWD = 4,4

0,5123
Nd/144Nd

0,5121

0,5119
143

0,5117

0,5115

0,5113
0,13 0,15 0,17 0,19 0,21
147
Sm/144Nd

No. Campo Descrição

MZ-41 A36 área 1, SW de Nova Lima, População I

MZ-22A A36 área 3, região Nova Lima, População II

MZ-31 A36 área 2, bem ao sul Nova Lima, População I

MZ-39 A36 área 8, leste Sinclinal Gandarela, População III

LM-00 A36 área 6, depósito Juca Vieira, População II

MZ-11A A36 área 8, leste Sinclinório Gandarela, População IV

MZ-35B A36 área 2, bem ao sul Nova Lima, População IV


No. Campo Rb87/Sr86 Sr87/Sr87 No. Campo Sr87/Sr92
(X) (Y) Pirita 7FGS-8-G2 L3 0,704615
7FGS-8-G2 0,1304 0,707767 Pirita 7FGS-8-G2 L2 0,705171
7FGS-8-G2 L1 0,0032 0,706251 Pirita 7FGS-8-G2 L1 0,706251
7FGS-8-G2 L2 0,1605 0,705171 Pirita 7FGS-8-G2 L4 0,706983
7FGS-8-G2 L3 0,7043 0,704615 Pirita 7FGS-8-G2 L5 0,707254
7FGS-8-G2 L4 0,1014 0,706983 Pirita 7FGS-8-G2 0,707767
Redepositado 0,713935 Pirita 7FGS-5-G4 0,716607
7FGS-5-G3 0,726904 Pirita 7FGS-8-G5 0,717846
7FGS-5-G4 0,716607 Pirita 7FGS-5-G3 0,726904
7FGS-8-G5 0,717846 FFB com pouco Au Carbonato 7FGS-8G7 0,713540
FFB sem alteração Carbonato 7FGS-8G6 0,713830
FFB com Au Carbonato 7B-3G1 0,715096
Redepositado 0,713935

Nd (ppm) 147Sm/ ε Nd
143
SPS No. Campo Descrição Material Sm Erro Nd/ Erro fSm/Nd
144 144
(ppm) Nd Nd (2.9Ga)
1862 MZ-31 A36 área 2, bem ao sul N rocha total 1,196 4,256 0,1700 0,0006 0,512068 0,000014 -0,14 -1,23
Lima, Pop. I (RT)
1708 MZ-41 A36 área 1, SW de N RT 1,235 3,892 0,1920 0,0006 0,512474 0,000013 -0,02 -1,45
Lima, Pop. I
1863 MZ-22A A36 área 3, região N RT 1,801 6,101 0,1785 0,0006 0,512219 0,000011 -0,09 -1,46
Lima, Pop. II
1710 LM-00 A36 área 6, depósito Juca RT 1,847 7,050 0,1584 0,0005 0,511839 0,000010 -0,19 -1,42
Vieira, Pop. II
1711 MZ-39 A36 área 8, E Sinclinório RT 4,041 14,466 0,1689 0,0006 0,511991 0,000017 -0,14 -2,34
Gandarela, Pop. III
1713 MZ-11A A36 área 8, E Sinclinório RT 4,680 18,619 0,1520 0,0006 0,511703 0,000010 -0,23 -1,70
Gandarela, Pop. IV
1715 MZ-24 A36 área 3, região N RT 1,933 8,166 0,1431 0,0005 0,511526 0,000014 -0,27 -1,88
Lima, Pop. V
1714 MZ-35B A36 área 2, bem ao sul N RT 6,727 26,801 0,1518 0,0005 0,511538 0,000013 -0,23 -4,84
Lima, Pop. IV
alteração, enquanto que os nas micas podem indicar a idade da alteração hidrotermal associada à
deposição de ouro. No depósitos Cuiabá, foram três amostras.
Amostra - BCA – 73-2. Nível 3 – corpo de minério Viana. Amostra de basalto andesítico, verde
escuro, de aspecto maciço, e de carbonato-quartzo-mica branca xisto (X2), cinza clara a bege
localmente com pirita.
Amostra CA 947-10. Nível 11, furo horizontal. Amostra de basalto alterado para separação de mica
branca muita fina.
Amostra BCA-GF-1. Nível 5, furo horizontal, corpo Galinheiro Footwall. Amostra de basalto
alterado, da zona mineralizada, com pirita, para separação de mica branca muita fina.
No depósito Morro Velho, junto a Nova Lima (Figura 2), foram coletadas as amostras MV – 1135-1
e MV – 1135-2. Ambas foram retiradas da zona de alteração carbonática ('lapa seca') do depósito,
sendo cinza a castanha clara, e apresentando fraca mineralização com sulfeto. Filmes micáceos
(mica branca e biotita) estão presentes. Ocorrem intercalações de carbonato-quartzo-biotita xisto
com tonalidade castanha.

Sistema U-Pb

Em Zircão Foi realizada amostragem de rochas vulcânicas do Grupo Nova Lima para datação
pelo método U-Pb, em zircão, no laboratório de geocronologia da UnB.
Foram coletadas cinco amostras de rochas vulcânicas e vulcanoclásticas do Grupo Nova Lima,
unidades Ouro Fino (basal), Ribeirão Vermelho e Catarina Mendes. Processada a preparação das
amostras, apenas duas continham zircão com qualidade para serem analisados. Ambas pertencem à
unidade Ribeirão Vermelho (designação segundo Zucchetti e Baltazar 1998). Os resultados ainda
não estavam disponíveis no fechamento do presente trabalho.
Amostra S-144: Rocha vulcanoclástica félsica, com matriz quartzo-feldspática, exibindo cristais
grossos de feldspato. Apresenta níveis com fragmentos líticos de rocha vulcânica porfirítica, de
provável composição dacítica. Foi amostrada a porção sem fragmentos líticos. Esta rocha é
interpretada como uma grauvaca vulcanogênica, ou seja, produto da sedimentação de rocha
vulcanoclástica. Entretanto, possui zircões arredondados de aspecto detrítico, sugerindo
contribuição de outras fontes. Foi separada uma família de zircão composta por prismas curtos e
com arestas bem definidas, possivelmente derivados da fração vulcânica da rocha.
Amostra MZ-53: Rocha vulcânica dacítica, com matriz quartzo-feldspática e fenocristais de
feldspato, de aspecto maciço. Os zircões são bastante homogêneos, constituindo prismas curtos e
vermelhos. Alguns exibem zonamento magmático.

Em Titanita Separados de titanita de duas amostras de basalto acham-se no laboratório da UnB,


para análise pelo método U-Pb objetivando obtenção de idade metamórfica.

MODELO TRIDIMENSIONAL A análise estrutural de detalhe do corpo Balancão, nos níveis 5,


6, 7, 8 e 11, visando a modelagem 3D de falhas de empurrão, a explicação da relação genética da
geometria dos corpos de minério com os processos de deformação e o entendimento da geometria
em forma de charuto dos corpos de minério aurífero em diferentes escalas, revelaram uma íntima
associação entre deformação e mineralização, tendo sido objeto do trabalho de Lehne (2000).
As falhas formaram-se em regime rúptil-dúctil, são do tipo oblique-slip, possuindo caráter
anastomosado e formando uma série de splays. Estas não se concentram em um determinado nível
estratigráfico, ou entre diferentes tipos litológicos, e cortam indiscriminadamente todas as unidades.
Não existe uma constância da intensidade de deformação e mineralização nos diferentes níveis. O
corpo de minério apresenta feições estruturais variáveis e diferentes tipologias de minério nos níveis
estudados. No nível 6, por exemplo, o minério está pouco deformado, apresenta-se espesso e mostra
um bandamento definido. Enquanto isso, no nível 7, o corpo encontra-se intensamente deformado,
com pequenas espessuras.

42
A modelagem com o software DATAMINE revela uma relação entre falhas D1 e zonas mais ricas
em minério. Os dados indicam que a mineralização está relacionada com empurrões mais antigos da
Fase 1, estirada, com boudinadge causada por empurrões mais tardios/posteriores da Fase 2. A
geometria em charuto dos corpos (Figura 10) foi gerada pelo fluxo canalizado de fluidos
mineralizadores e deposição de ouro ao longo de estruturas particulares. Estas estruturas
representam uma combinação de zonas de cisalhamento e dobras. O modelo de formação proposto
para o QF é apresentado na Figura 26. Na Figura 27, apresenta-se o modelo proposto para as
mineralizações auríferas em terrenos greenstone belts em geral.

Figura 26. Proposta de modelo estrutural integrado para as mineralizações de ouro hospedadas no
Supergrupo Rio das Velhas, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais (em Ribeiro-Rodrigues 2000).

Figura 27. Representação esquemática do modelo de substituição metamórfica para mineralização


de ouro hospedada no greenstone belt Rio das Velhas, Quadrilátero Ferrífero (em Lobato et al.
2001a; modificado de Groves e Phillips 1987).

Discussões Os dados e evidências coletadas nesse trabalho, e em outros já realizados no depósito


de ouro Cuiabá, apontam uma gênese epigenética para a mineralização, com fluxo canalizado de
fluido mineralizador de origem metamórfica, ao longo de zonas de cisalhamento dúcteis a rúptil-
dúcteis, e deposição de ouro na interseção destas falhas com megadobras.
O depósito Cuiabá, hospedado em rochas do greenstone belt Rio das Velhas, é semelhante a
depósitos de ouro orogênicos de idade neoarqueana de províncias auríferas similares ao QF, em
termos de elementos de minério, alteração hidrotermal e composição do fluido mineralizador. Em
todo o mundo, a idade neoarqueana de 2,65 Ga foi o principal período de concentração de ouro nos
greenstone belts do Arqueano, estando registrada na Província Superior, Craton do Zimbabwe e
Yilgarn Block (Groves e Foster 1993). A investigação de depósitos nestas regiões mostra
claramente que as melhores províncias de ouro ocorrem dentro de sucessões vulcanossedimentares
que envolvem subducção e acresção. A evolução geotectônica dos terrenos indica que este período
representa a fase final de estabilização de vários crátons em todo o mundo.
O conhecimento geológico acumulado é adequado para se estabelecer as principais características
para mineralização de ouro no depósito Cuiabá. Qualquer modelo genético integrado para o
depósito tem que contemplar as seguintes observações e interpretações:
1. As mineralizações em rochas do Grupo Nova Lima do QF são, de forma geral, relacionadas a
lineamentos e estruturas de escala regional. Englobam rampas oblíquas e falhas de empurrão de
direção NW mergulhando para NE, ou de direção NE mergulhando para SE, e falhas transcorrentes
de direção aproximada EW, sendo que as últimas encaixam as maiores concentrações de ouro.
Cuiabá tem localização singular no QF, em uma faixa de rochas vulcanossedimentares entre os
complexos Belo Horizonte e Caeté (Figuras 2 e 3). Nessa faixa ocorrem prospectos e
mineralizações caracterizados por estruturação tubular. É possível que durante o evento de
empurrão que gerou as mineralizações, com movimentos direcionais e dobras associados, o
conjunto tenha rotacionado devido aos aparatos rígidos dos dois complexos gnáissicos, gerando
assim as estruturas em tubo típicas daquela região.
2. O depósito Cuiabá tem controle estrutural, estando a mineralização relacionada com empurrões
mais antigos da Fase 1, e que foi estirada, com boudinadge causada por empurrões tardios/
posteriores da Fase 2. Os corpos de minério são alongados, paralelos à lineação mineral e à
interseções estruturais. Corpos de minério de alto teor situam-se adjacentes à falhas, zonas de
cisalhamento e/ou ocorrem em estruturas subsidiárias e associadas com dobras. Fraturas plano-
axiais da dobra Cuiabá são particularmente nítidas no corpo Fonte Grande Sul, tendo servido como
acesso do fluido hidrotermal.
3. Em condições de fácies xisto verde, a geometria de corpos de minério reflete aquelas de rochas
encaixantes que se comportaram de uma maneira dúctil e rúptil durante a alteração hidrotermal
associada a deformação. Rochas vulcânicas, sedimentares e vulcanoclásticas comportam-se de uma

43
WNW ESE
CORPO DE MINÉRIO (ORE SHOOT)
Deformação

Cuiabá, Raposos,
Morro Velho FOLIAÇÃO
PLANO AXIAL

São Bento
FORMAÇÃO FERRÍFERA
BANDADA (FFB)
Pressão
Temperatura

ZONA DE CISALHAMENTO FLUIDOS LINEAÇÃO MINERAL/


DE ESTIRAMENTO
// CHARNEIRA DE DOBRAS
ZONA DE CISALHAMENTO (S60-80E/20-45)
PRINCIPAL

Filito
Rochas
Filito pelítico ásticas carbonoso
vulcanocl

Substituição de
minérios de Au
Filito pelítico
FFB fácies óxido, carbonato

Rocha máfica não mineralizada


rica em Fe
H2O-CO2

Falha de
segunda-ordem Zona de cisalhamento
no greenstone principal

Depósitos
Sucessão de veios Au
Greenstone belt Successão
H2O-CO2
Greenstone belt
H2O-CO2
maneira dúctil, enquanto FFB e chert ferruginoso são mais propensos a deformação rúptil. Porém, o
desenvolvimento de pirrotita em FFB aumenta sua ductibilidade notavelmente, tal que o
cisalhamento é uma característica comum nestes corpos de minério. Por isto, em zonas dominadas
por pirrotita na FFB, o controle estrutural é mais evidente. O minério bandado e maciço é mais
comum nos depósitos dominados por pirita, como é o caso de Cuiabá.
4. A alteração hidrotermal associada à mineralização de ouro superimpõe-se às associações
minerais de pico metamórfico. A alteração afeta diferentes unidades litológicas e é consistente com
todos os estilos estruturais, em todas as escalas. Alteração forma associações mineralógicas
dispostas em padrões aproximadamente zonais que envolvem minério de ouro. Ambas as
associações metamórficas e de alteração hidrotermal são compatíveis com condições metamórficas
principalmente de fácies xisto verde.
5. No Grupo Nova Lima, são reconhecidos três estilos principais de mineralização aurífera, tanto
em escala de distrito, como em escala de mina. Eles refletem a competência de litologias, taxas de
strain, pressão de fluido, variações na interação fluido-rocha e uma composição distintiva dos
minerais-minério. Os estilos são: (i) substituição de sulfetos estruturalmente controlados em FFB;
(ii) sulfetos disseminados em zonas de alteração hidrotermal relacionadas a zonas de cisalhamento;
e (iii) veios e sistemas de venulações de quartzo-carbonato-sulfeto auríferos (típico de rochas
máficas). Todos esses estilos aparecem em Cuiabá, com domínio do primeiro tipo.
6. Associações minerais hidrotermais são distintas para diferentes tipos de rochas, em todos os
depósitos. Em rochas máficas, como é o caso do corpo Galinheiro Footwall no depósito Cuiabá
(Figuras 4 e 16), zonas da clorita (externa ou distal), carbonato (intermediária) e mica branca/albita
(interna ou proximal) desenvolvem-se na proximidade do minério. Sulfetação e silicificação são
características de zonas de alteração internas. Já a alteração em FFB e chert ferruginoso é
caracterizada por extensa carbonatação nos envelopes de zonas sulfetadas (Figura 15). Rochas
pelíticas contêm zonas de alteração discretas. Os tipos e abundância de minerais de alteração,
inclusive carbonato, micas e sulfetos, também variam de acordo com a hospedeira. Assim, a
alteração reflete a rocha original e a composição do fluido, bem como a evolução composicional
dos mesmos devido a sua interação com a hospedeira em zonas de canalização de fluidos. O padrão
zonal reflete variação das relações fluido-rocha em condições próximas de isotermais.
7. Estudos de inclusões fluidas em depósitos de ouro do QF (São Bento, Raposos e Cuiabá) têm
indicado fluidos a H2O-CO2-H2S com presença de CH4 em valores bem acima dos usuais,
atestando, portanto, seu caráter redutor; valores algo elevados de salinidade indicam seu caráter
levemente alcalino (Godoy 1994, Alves 1995, Toledo et al. 1998). Os estudos realizados no
depósito Cuiabá indicam que inclusões pseudosecundárias são ricas em CH4 com pouco ou nenhum
CO2. Toledo et al. (1998) mencionam inclusões do tipo primárias, predominantemente aquosas com
uma fase gasosa composta unicamente por CH4, com CO2 subordinado, de baixa salinidade. A
elevada proporção de CH4 parece relacionar-se à hidrólise de matéria carbonosa e conseqüente
redução da fO2 do fluido.
8. A presença de abundantes inclusões fluidas ricas em CH4 deve ser, portanto, relacionada com a
redução do fluido original composto por H2O-CO2 através de interação com matéria carbonosa,
presente na própria FFB e em filitos adjacentes. Tudo indica que CH4 foi incorporado ao fluido
hidrotermal através da redução do fluido, alcançada pela reação de hidrólise (Lobato e Vieira 1998,
Xavier et al. 2000): (1) 2C + 2H2O → CO2 + CH4.
Isso facilitou a geração de extensos halos de alteração carbonática (Prancha 2), já que a reação
produz também CO2 adicional, resultando no aumento das frações molares (XCO2 e XCH4) de ambos
os gases.
Já a evolução da razão CO2/CH4 do fluido, de baixa para elevada, que é identificada nas inclusões
fluidas no depósito São Bento, por exemplo (Alves 1995), poderia ser explicada pela reação: (2)
CH4 + 2O2 → CO2 + 2H2O.
9. Características mineralógicas da alteração em rocha máfica, com formação de clorita Î
carbonato Î mica branca Î sulfetos, sugerem variações na relação de H2O/CO2 do fluido

44
mineralizador aquocarbônico, contendo enxofre, com a progressão da alteração hidrotermal (Figura
28).

Figura 28. Evolução da alteração hidrotermal em rocha máfica do depósito de ouro Cuiabá, com
indicação da mudança na razão H2O/CO2 em relação aos estágios de alteração.

No estágio incipiente clorítico, H2O é fixada na rocha gerando diminuição na relação H2O/CO2 e
alteração carbonática, através do grande consumo do CO2, causando o aumento relativo das
atividades de enxofre, potássio e sódio, dando lugar à formação de mica branca e sulfetos.
As reações de formação de mica branca potássica/sódica e albita, nos estágios avançados de
alteração, refletem razões relativamente estáveis de K/Cl e Na/Cl e, assim, sugerem que a alteração
ocorreu em pH próximo do neutro. O desaparecimento de epidoto metamórfico (Figura 16), fase
com Fe3+, indica um fluido de baixo poder de oxi-redução.
10. Características mineralógicas da alteração na FFB Cuiabá, com formação de carbonato e
sulfetos, sugerem fluido de alta atividade de CO2.
11. A fO2 do fluido mineralizador foi controlada pelo tampão CO2-CH4, na faixa de –31 log de fO2,
e é estabelecida considerando-se os campos apresentados na Figura 29 e:
(i) que matéria carbonosa na FFB Cuiabá desaparece parcial- a completamente, dando lugar aos
envelopes carbonáticos (Prancha 2), sugerindo condições próximas dos valores de saturação de
grafita;
(ii) a variação na razão CO2/CH4 das inclusões fluidas, sugerindo ter havido discretas variações na
ƒO2, provavelmente influenciadas pela reação com matéria orgânica;
(iii) que os dados de δ34S indicam valores de fO2 abaixo do tampão ∑SO2-H2S.
Assumindo assim condições de oxi-redução relativamente constantes durante toda a alteração
hidrotermal, os sulfetos pirita ± pirita arsenical ± arsenopirita ± pirrotita teriam precipitado a partir
do fluido hidrotermal em resposta a variações na atividade do enxofre, aΣS (Figura 29).

Figura 29. Diagrama logƒO2 versus aΣS, a 350°C, 2 kb e ΣSO4 = 103aSO42-. Áreas pontilhadas são
as prováveis condições de ƒO2 e aΣS para depósitos de ouro típicos da fácies sub-anfibolito. Limites
de estabilidade dos óxidos e sulfetos de ferro são mostrados como linhas grossas e contínuas: as
linhas delgadas e contínuas mostram os limites dos campos de reação para as fases de Cu e As e,
as pontilhadas, para os carbonatos (em XCO2 = 0,25). Linhas grossas pontilhadas marcam os
importantes tampões aquosos de oxi-redução. As condições dos fluidos dos depósitos tipo lode-
gold, da fácies xisto verde, são limitadas pela associação pirita ± pirrotita ± arsenopirita ±
siderita, cujos resultados de inclusões fluidas sugerem CO2/CH4 ≥ 1.0. Fluidos associados com
depósitos orogênicos de ouro no Quadrilátero Ferrífero, descritos por Lobato et al. (1998) e
Lobato et al. (2001a), pertencem a esse grupo. Condições dos depósitos 'oxidados’ da fácies xisto
verde são limitadas pela estabilidade de pirrotita-calcopirita ± hematita ± magnetita, que junto
com evidências isotópicas sugerem que o conteúdo em espécies combinadas de sulfato excedem as
de sulfeto. Retirada de Mikucki e Ridley (1993).
Abreviaturas comuns: ank – anquerita; cc – calcita; dol – dolomita; breu – breunnerita; sid –
siderita.

12. É significativo que as feições mineralógicas de alteração, que acompanham a mineralização de


ouro, estejam sempre associadas com praticamente todos os estilos estruturais. Isto confirma a
noção de um único evento progressivo de deformação, ao invés de repetidos, temporalmente
distantes, pulsos de fluidos hidrotermais.
13. Filitos carbonosos ocorrem como rochas adjacentes a FFB. Ainda que os filitos mostrem
estreitas zonas de alteração a carbonato e sulfeto ao longo do contato com a FFB sulfetada, a
infiltração de fluido nessa rocha foi muito limitada. Essas unidades impermeáveis parecem ter tido
papel determinante na localização da deposição de ouro, atuando como barreira química e física.

45
ROCHAS MÁFICAS

ESTÁGIOS DEALTERAÇÃO VEIOS

INCIPIENTE INTERMEDIÁRIO AVANÇADO

BA
C O2 IX CARBONATO
O/ A
H
H 2
O/
TA
2
ACTINOLITA CO
A L 2

ALBITA
EPIDOTO SULFETOS

CLORITA QUARTZO
ALBITA MICABRANCA

-26

-27 2
SO 4
H2S
-28

XCO =.25 Mag


2

-29 Sd
fO2

Bn Ma g

-30
CC p
l og

Bn
CCp

Py

-31
CO 2
CH 4
Py A

-32
Ap y
s

350°C
2 kb
Sd

-33
Po

-5 -4 -3 -2 -1 0 1

log a S S
Como postulado por Ho et al. (1985) e Ho (1987), CH4 é característico de, e restrito a, inclusões
fluidas em veios adjacentes ou em proximidade com rochas sedimentares carbonosas.
14. Considerando o papel das rochas carbonosas, definindo locais propícios a deposição de ouro,
não só no QF mas também em outras províncias (e.g., Phillips et al. 1996), o 'mapeamento' dos
veios que contêm inclusões fluidas ricas em CH4 é potencialmente importante em exploração de
depósitos de ouro. Inclusões aquosas com relações CO2/CH4 altas e baixas provavelmente
representam estados de oxidação acima ou abaixo da grafita, respectivamente. Resultados
semelhantes são informados por Cox et al. (1995), sugerindo que esta variação ou pode ter sido o
resultado de reação incompleta com a encaixante, ou de mistura de fluidos. Os autores indicam que
os fluidos aquosos mais ricos em CO2 podem representar fluidos de fontes profundas e que teriam
reagido menos.
15. O tamponamento de CO2 parece ter ocorrido através de sua difusão e fixação, com formação de
extensos halos de alteração a carbonato. Por outro lado, a mistura de fluidos reduzidos com fluidos
auríferos, de maior poder de oxi-redução, pode ter induzido o tamponamento de CH4 através de
reações como (3) 4HAu(HS)2 + CH4 + O2 → 4Au + CO2 + 8H2S (Phillips et al. 1996). A resultante
final é a diminuição das frações molares de CO2 e CH4, XCO2 e XCH4, o que indiretamente teria
causado um aumento relativo de aΣS, facilitando a formação de pirita (ver Figura 29).
16. Em zonas deformadas, que foram submetidas à elevadas razões fluido-rocha, como as zonas de
charneira de dobras isoclinais apertadas, o consumo de CO2 por precipitação de carbonato deve ter
sido inibido e condições de aΣS favoráveis à formação de pirrotita prevaleceram (ver Figura 29).
Zonas de charneira são locais comuns para fluxo intenso de fluidos, sendo caracterizadas por
relações fluido/rocha muito altas (e.g., Cox et al. 1987, 1991). Nestas condições, fluidos ricos em
CH4 devem ter dominado, não tendo sido atingidas condições de equilíbrio de pirita.
17. A relação de pirrotita/pirita aumenta em profundidade acompanhando um aumento da
complexidade estrutural. Já que não existe nenhuma evidência da existência de mudança nas
associações minerais dos silicatos com a profundidade, o que poderia ser compatível com uma
variação de temperatura, o aumento de pirrotita deve ter sido resultado de processo semelhante ao
que ocorreu nas zonas de charneira de dobras, isto é, relacionado às condições da alteração
hidrotermal. As variações mineralógicas, como observado no depósito Cuiabá, também são
controladas por sítios estruturais específicos.
34
18. Os dados de δ S acham-se numa faixa estreita de valores, indicando que a fonte de enxofre era
isotopicamente uniforme, entre +1,4 a +5,6‰.
19. Considerando que os grãos de sulfeto analisados para Pb-Pb pertencem às mais diversas
gerações de sulfetos, em variadas situações no depósito, inclusive em alguns casos hospedados em
veios discordantes do bandamento da FFB, a homogeneidade de valores Pb-Pb sugere que todas
essas famílias de sulfeto devem ter-se formado numa mesma época.
20. Os dados Pb-Pb ainda sugerem que a mineralização aurífera deve ter-se formado no Arqueano
tardio, na faixa de idade aproximada entre 2,75 e 2,7 Ga. Essa faixa de valores pode ser interpretada
preliminarmente como referente à idade da mineralização, com os diferentes episódios
mineralizadores ocorrendo muito próximos no tempo geológico, ainda dentro do Arqueano tardio.
21. A interpretação de dados de isótopos de chumbo em sulfetos não é contundente. Os dados
parecem implicar derivação de chumbo por mistura entre uma fonte crustal antiga e uma do
greenstone belt.
22. Uma fonte crustal para o fluido e os componentes do minério é corroborada pelas composições
isotópicas 87Sr/86Sr dos carbonatos que, assim como os sulfetos analisados, são associados tanto à
mineralização no bandamento da FFB, como às concentrações discordantes de sulfeto aurífero em
FFB e fraturas. Para o depósito Cuiabá é, portanto, difícil invocar-se uma origem singenética
vulcanogênica para a mineralização. Uma fonte crustal é de fato possível porque um embasamento
siálico antigo é indicado para o Supergrupo Rio das Velhas através de zircões mais velhos que 3,5
Ga. Por outro lado, zircões podem ser xenocristais com origem na crosta profunda ou manto
superior, sugerindo uma litosfera antiga. Os fluidos responsáveis pela mineralização devem ter sido
derivados pela remobilização de metais a partir de rochas da crosta continental superior.

46
23. A idade Pb-Pb modelo máxima é 2,78 Ga, obtida de dados em sulfetos, com uma idade mínima
indicando o fechamento desse sistema isotópico em 2,67 Ga. Estas idades podem indicar derivação
crustal de fluidos mineralizadores concomitante com o vulcanismo félsico a 2780-2772 Ma e
provável precipitação de sulfetos e ouro entre 2,68 e 2,65 Ga.
24. Estudos da composição isotópica do carbono tanto em basalto com na FFB Cuiabá indicam que:
(i) os valores isotópicos sistematicamente mais negativos em direção às zonas mais alteradas do
basalto sugerem que a evolução do δ13C dos carbonatos foi determinada por variações na razão
fluido/rocha e pelo caráter relativamente redutor do fluido hidrotermal. De fato, como proposto por
Lobato et al. (1998), as associações minerais dos estágios mais avançados da alteração hidrotermal
indicam reações metassomáticas tamponadas pelo fluido. O fracionamento isotópico na zona da
mica branca (+0,38‰), inferior ao observado na zona da clorita (+0,79‰), também sugere ajustes
isotópicos da rocha hospedeira às condições do fluido. Neste caso, a uniformidade do δ13C entre os
níveis 5 e 11 da mina, por cerca de 450 m, indica fluido com razões CH4/CO2 já fixadas e portanto
em condições próximas do equilíbrio.
(ii) os valores de δ13C dos carbonatos da zona distal da FFB, entre –2,19 a –3,65‰, são próximos
do δ13C dos carbonatos marinhos arqueanos, indicando que nestas zonas houve trocas isotópicas do
fluido residual com carbonatos mais ricos em 13C da FFB pouco alterada.
(iii) o valor empobrecido em 13C da anquerita em FFB considerada pré-alteração, de –7,1‰, sugere
que mesmo na FFB aparentemente não alterada esse carbonato é de origem hidrotermal.
(iv) as variações do δ13C de carbonatos da FFB, de forma não sistemática e num intervalo
relativamente amplo nas zonas intermediária e proximal, de –0,69 a –7,27‰, sugerem a competição
dos efeitos de enriquecimento ou empobrecimento causados por variações da fO2 em função de
mudanças na razão CH4/CO2 do fluido hidrotermal e pela adição de CO2 produzido pela hidrólise
de matéria carbonosa.
13
25. Segundo Ohmoto e Rye (1979), a dependência do δ C em relação à fO2 é função da abundância
de CH4. Assim, em sistemas com elevada fO2, onde o CH4 é praticamente desprezível, o δ13C
independe dos valores de fO2. Entretanto, onde H2CO3(ap) e CH4 estão presentes em proporções
significativas, ou seja, em baixos valores de fO2 e pH, o δ13C é fortemente dependente da fO2, não
dependendo do pH. Desta forma, a presença de filito carbonoso em horizontes descontínuos
intercalados em basalto, margeando a FFB ou em zonas de cisalhamento nela contidas (cf. Vieira
1992), além da presença de matéria carbonosa na FFB, foram fatores determinantes para a evolução
da composição isotópica dos carbonatos hidrotermais dos corpos estudados.
26. Dados de isótopos de carbono são, assim, compatíveis com dissolução de CO2 de zonas locais
ricas em carbonato, pré-existentes, como rochas ultramáficas carbonatadas (e.g., Ho et al. 1990). Os
valores mais enriquecidos de δ13C de carbonatos, de FFB menos alterada para zonas de minério,
mostram que a assinatura de δ13C de carbonato associada ao ouro não é herdada de uma única fonte.
Isto tem implicações importantes para a exploração, considerando que, apesar de teores muito
baixos ou inexistentes, FFBs com siderita-anquerita formam halos de carbonatação de até 5 m ao
redor de FFB, fortemente alterada e mineralizada. A FFB com siderita-anquerita normalmente não é
considerada como FFB alterada.
27. Dados de isótopos de oxigênio em carbonato proporcionam estimativa da composição do fluido
como compatível com valores metamórficos.
28. Enquanto os componentes químicos S, CO2, As, S, K e Au são adicionados durante a alteração,
SiO2 permanece constante ou é retirada, sugerindo venulação de quartzo contemporâneo com a
alteração, derivada de precipitação direta de sílica. Desde que CO2 combina-se com Fe, Ca, Mg e
Mn, liberados por reações em fases progressivas de alteração, o índice de saturação
CO2/(Ca+Fe2++Mg+Mn) pode ser útil para monitorar o grau de alteração.
29. Estudos microtexturais indicam um máximo de deposição de ouro simultâneo com o início do
enriquecimento de arsênio na pirita e/ou estágios iniciais de formação de arsenopirita, devido a
reações de interação fluido-rocha (sulfetação). Isso é especialmente detectado nos corpos de
minério Fonte Grande Sul e Serrotinho (ver Figura 13). Da observação da Figura 29, fica claro que
esse máximo corresponde a valores decrescentes da aΣS e maiores que a faixa de equilíbrio de
47
formação de pirrotita, assumindo-se, como já apontado, um equilíbrio de oxi-redução nos estágios
mais avançados da alteração (ver Lobato et al. 1998). De fato, a associação de ouro com pirrotita é
muito menos comum.
30. Partículas de ouro associam-se de forma preferencial à pirita arsenical nos corpos de minério
Fonte Grande Sul e Serrotinho. Já nos corpos Galinheiro e Balancão, que acham-se mais fortemente
deformados que os dois primeiros, a preferência se dá pela pirita grossa. Considerando que a
formação de pirita arsenical é tardia à precipitação de pirita como um todo, indicando valores
decrescentes da aΣS (Figura 29), é possível que minérios em zonas mais deformadas não tenham
atingido esse máximo de deposição aurífera, uma vez que sob condições de altas taxas de
deformação a sulfetação progrediu em altas taxas de reação.

MODELO GENÉTICO INTEGRADO

Outros depósitos no mundo Os depósitos auríferos epigenéticos e orogênicos, mesotermais – lode-


type, de classe mundial (world-class) do Grupo Nova Lima, Supergrupo Rio das Velhas, são
similares aos tardi-arqueanos de outros greenstone belts no mundo. Nesses, as seqüências mais
favoráveis são as vulcanossedimentares envolvidas em episódios de subducção e acresção. Algumas
sucessões plataformais em bacias de ante-país submetidas a tectônica de compressão (colisional)
podem também conter ouro.
Dentre as várias feições semelhantes às observadas em depósitos de ouro do Arqueano,
interpretados como de origem epigenética-metamórfica (e.g., Groves e Foster 1991), para os
depósitos no Grupo Nova Lima citam-se:
(1) o ouro está associado com rochas ricas em ferro;
(2) o depósito apresenta um forte controle estrutural;
(3) a mineralização possui caráter epigenético, tendo a sulfetação como principal processo de
deposição do ouro;
(4) o minério apresenta uma assinatura geoquímica consistente com a associação de metais Au-Ag-
As-Sb-W e baixos teores de metais básicos, o que é compatível com fluidos epigenéticos
metamórficos.
Levantamentos realizados indicam que as mineralizações parecem ter-se formado tardiamente à
evolução estrutural das encaixantes arqueanas. Em todo o mundo o final do Arqueano, por volta de
2,65 Ga, é o principal período de deposição aurífera, enquanto que o Paleoproterozóico é apenas
importante. Já os eventos orogênicos que envolveram o retrabalho de crosta mais antiga, ou seja as
faixas móveis do Brasiliano, raramente produzem ainda que depósitos pequenos.
Um número significativo de modelos (ver discussão em Herrington et al. 1997, Robert e Poulsen
1997) têm sido propostos para os depósitos arqueanos tipo lode. A maioria dos depósitos é
classificado na categoria de orogênico (Groves et al. 1998). Alguns autores enfatizam uma fonte
profunda para o ouro e os fluidos (de Ronde et al. 1997), e a deposição de ouro como um continuum
em diferentes níveis crustais (e.g., Colvine 1989, Cameron 1993, Groves et al. 1998). Existe um
grande debate acerca da origem desses fluidos mineralizadores, se magmáticos (Spooner 1991) ou
metamórficos (Kerrich e Cassidy 1994).
No QF, a idade do principal evento mineralizador, ou alternativamente eventos, ainda não está bem
estabelecida. Entretanto, estudos existentes sobre a evolução estrutural do QF têm sugerido que o
arcabouço dominante do terreno reflete episódios orogênicos do Transamazônico e Brasiliano, o
que tem levado alguns autores a sugerir que a mineralização seja do Proterozóico (e.g., Belo-de-
Oliveira e Teixeira 1987, Scarpelli 1991).
Tal hipótese, naturalmente, esbarra com a própria vocação e característica metalogenética aurífera
das rochas do Grupo Nova Lima. Depósitos auríferos possantes, epigenéticos do tipo lode-gold,
conforme os do QF, demandam para sua formação volumes excepcionais de fluidos gerados durante
o fechamento da bacia greenstone e seus componentes plutônicos de arco e vulcanossedimentares
formadores de um greenstone belt típico, independentemente do grau metamórfico característico de
suas rochas. No Transamazônico e Brasiliano o greenstone belt Rio das Velhas no QF já estava

48
metamorfisado, por força da orogênese arqueana, e os volumes de fluido requeridos para as
mineralizações em questão jamais teriam sido produzidos.

Proposta de modelo As evidências apresentadas neste trabalho indicam que as mineralizações de


ouro hospedadas no Grupo Nova Lima do QF ocorreram nas fases tardias da evolução do
greenstone belt Rio das Velhas, tendo portanto uma idade neoarqueana. A evolução do greenstone
esteve associada com um importante episódio tectonometamórfico e magmático entre 2780-2700
Ma.
A mineralização em Cuiabá é certamente (i) mais velha que a idade máxima para o início da
sedimentação do Supergrupo Minas (2606 ± 47 Ma), (ii) provavelmente contemporânea ou mais
velha que as idades modelo Pb-Pb mínimas no depósito São Bento (2650 Ma) e no depósito Cuiabá
(2670 Ma), (iii) posterior ao vulcanismo félsico a 2780-2772 Ma e ao vulcanismo máfico a 2927 ±
180 Ma. A idade de rochas vulcânicas félsicas de Piedade do Paraopeba (2772 ± 6 Ma) coincide
com o mais jovem episódio metamórfico registrado no Complexo de Bonfim (2772 Ma). Além
disso, plutons graníticos fortemente foliados, que intrudem o Complexo Belo Horizonte, têm idade
entre 2712+5/-4 e 2698±18 Ma (Lobato et al. 2001b).
Desde que a mineralização é entendida como sendo tardi- a pós-tectônica, idades modelo Pb-Pb
entre 2670 e 2650 Ma são compatíveis com idades inferidas para a mineralização de ouro. Os
dados, ainda que escassos, indicam que a mineralização de ouro se formou entre 2698 e 2650 Ma,
mais provavelmente por volta de 2670 Ma.
Os depósitos de ouro tipo lode do QF mostram uma grande similaridade com depósitos orogênicos
de outras províncias mundiais, especialmente com aqueles das fácies metamórficas xisto verde e
subanfibolito (e.g., McCuaig e Kerrich 1998, Groves et al. 2000). Assim como nesses casos, o
modelo integrado para as mineralizações do Supergrupo Rio das Velhas, QF, é entendido como
relacionado à uma gênese epigenética para as mesmas, com fluxo canalizado de fluidos
mineralizadores metamórficos e deposição de ouro ao longo de estruturas particulares (Figuras 26 e
27). O modelo epigenético é resultado de aquecimento litosférico alto e intenso fluxo de fluidos nas
fases finais de deformação regional e metamorfismo do greenstone belt Rio das Velhas. Essas
estruturas representam uma combinação de zonas de cisalhamento e dobras, durante um único
evento tectonometamórfico de fácies xisto verde a anfibolito baixo. Tal modelo aplica-se
claramente ao depósito Cuiabá.
O depósito Cuiabá está encaixado em rochas competentes, ricas em ferro, como FFB, chert
ferruginoso e basalto de alto ferro (toleiítico). Estruturalmente, a mineralização situa-se próximo à
falhas/zonas de cisalhamento, ligadas a estruturas regionais (Figuras 2 e 3) e localiza-se na
interseção de estruturas subsidiárias relacionadas à deformação cisalhante com megadobras
isoclinais. Assim, o desenvolvimento de zonas de sulfeto maciço, ou seja de mineralização de alto
teor, corresponde a zonas de charneira de dobras interceptadas por zonas de intenso cisalhamento.
Os corpos de minério são alongados, formando ore shoots paralelos à lineação mineral/de
estiramento e a interseções estruturais, normalmente entre o bandamento composicional e a foliação
principal. Zonas de cisalhamento rúptil-dúcteis são os tipos mais importantes de estruturas
hospedeiras. Elas ocorrem comumente subparalelas ao bandamento composicional, dentro de uma
camada ou ao longo de contatos litológicos. A magnitude de deformação aumenta com a
profundidade dos depósitos. As dobras encontram-se internamente redobradas, exibindo eixo
paralelo à lineação mineral de estiramento (Lmin = S 60-80 E / 20-45 SE) e uma foliação plano-
axial, que está presente em todo o QF. Os corpos apresentam uma consistente continuidade ao
longo do mergulho (> 3000 m) em relação à sua direção (2-20 m) e à sua potência (até 15 m), feição
esta que só pode ser explicada pela introdução de ouro durante a fase de deformação que gerou a
trama linear.
O controle estrutural das mineralização de ouro, a natureza zonal da alteração hidrotermal em zonas
de cisalhamento e fraturas e evidências estruturais e texturais indicam que o ouro em Cuiabá
relaciona-se à fluxo canalizado e concentrado de fluidos durante a deformação, provavelmente

49
durante um único ou principal episódio de introdução hidrotermal de fluidos em diferentes tipos de
rocha, causando a concentração de ouro e alteração das encaixantes, após sua formação.
A migração de fluidos teria ocorrido paralelamente à direção de transporte tectônico regional, hoje
evidenciada por Lmin. Inclusões fluidas, dados de isótopos estáveis e cálculos termodinâmicos
sugerem que o ouro foi transportado como complexos reduzidos de enxofre em fluidos de H2O-
CO2-CH4 de baixa salinidade, densidade moderada, relativamente reduzidos, com pH próximo do
neutro. Estes dados combinados sugerem que os fluidos são compatíveis com fluidos crustais
metamórficos. Além disso, a íntima associação do ouro com sulfetos, combinado com dados
experimentais de transporte de ouro entre 150-500°C (e.g., Hayashi e Ohmoto 1991, Seward 1984,
1991, Benning e Seward 1996), indicam que os complexos reduzidos de enxofre, como por
exemplo [Au(HS2- e Au (HS)O], foram o principal mecanismo de transporte de ouro.
Como todos os tipos de rocha no QF, e também no depósito Cuiabá, hospedam concentrações
sulfetadas auríferas, qualquer tentativa de relacionar o ouro geneticamente com a formação de sua
hospedeira resulta em interpretações genéticas complexas. A presença de depósitos de ouro em
diferentes rochas hospedeiras pressupõe uma variedade de processos de deposição do ouro. Isto é
consistente com estudos experimentais (e.g., Seward 1984), que mostram que a estabilidade de
complexos de enxofre-ouro é afetada por diversas reações de oxi-redução, por temperatura e por
flutuações de pH.
A associação preferencial de depósitos de ouro com rochas ricas em ferro (principalmente FFB) e a
forte relação do ouro com sulfetos de ferro sugerem que a sulfetação de rochas hospedeiras foi o
principal mecanismo de deposição de ouro no QF, incluindo Cuiabá. A sulfetação induziu a
instabilidade de complexos de ouro, com diminuição subseqüente da atividade de enxofre e
precipitação de ouro. A redução do fluido, através de interação com matéria carbonosa, influenciou
o equilíbrio de oxi-redução, aumentando a precipitação de ouro.
Estudos de transporte de ouro em fluidos hidrotermais junto com arsênio, e sua precipitação em
associação com sulfetos (e.g., Cathelineau et al. 1988, Möller e Kersten 1994), calculam a
temperatura, ƒO2, aΣS, pH e composição fluida em diferentes fases da atividade hidrotermal. A
associação de sulfetos indica ƒO2 perto do limite fixado para a arsenopirita-pirita, ou não muito
distante do equilíbrio de pirrotita-arsenopirita-pirita (Figura 29). A precipitação de ouro resultou da
desestabilização de complexos de sulfeto ou de tioarseniatos contendo As-Au. A precipitação
simultânea de ouro nativo e arsenopirita podem ser resultado de oxidação, aumento de pH, ou uma
diminuição na atividade das espécies de enxofre, especialmente H2S (Cathelineau et al. 1988,
Arehart et al. 1993), o que é indicado para Cuiabá, conforme apontado no item 29 acima.
A deposição de ouro está intimamente ligada à alteração hidrotermal, mais especificamente à
sulfetação, que causa a desestabilização dos complexos de ouro devido a um decréscimo da
atividade de enxofre, aΣS.
Tudo indica que a mineralização em Cuiabá ocorreu após o pico de metamorfismo, em períodos
tardi-orogênicos de regime estrutural, quando a taxa de espessamento tectônico era reduzida,
embora erosão pós-orogênica não dominasse. Dados de pressão ou temperatura não estão
disponíveis para as condições de pico metamórfico e, desta forma, nenhuma conclusão precisa pode
ser feita para o soerguimento, erosão e taxas de resfriamento associados ao ciclo orogênico do final
do Arqueano.
Existe um consenso na literatura mundial de que depósitos não estratiformes hospedados em FFB
são epigenéticos e produto de sulfetação de FFB (e.g., Kerswill 1993). No QF, evidências
apresentadas em diversos trabalhos em depósitos aparentemente estratiformes, hospedados em FFB,
suportam, de forma conclusiva, uma origem epigenética para as mineralizações (e.g., Vieira 1991b,
Martins-Pereira 1995, Toledo 1997, Ribeiro-Rodrigues 1998).

Outras hipóteses A gênese do ouro no QF é fonte de controvérsias, sendo que diferentes


processos são propostos para explicar a origem das mineralizações. As controvérsias envolvem
principalmente os debates sobre uma origem epigenética versus origem singenética e de uma
formação sintectônica versus remobilização.

50
Ladeira (1980, 1991) defende uma gênese singenética para os depósitos de ouro hospedados em
FFB e chert ferruginoso do QF, através de processos vulcânicos exalativos, combinado com uma
gênese epigenética associada a zonas de cisalhamento para os depósitos hospedados em rochas
vulcânicas. Segundo Vieira (1988, 1991b, 1992) e Scarpelli (1991), as mineralizações seriam
epigenéticas e sintectônicas. Vieira (1991a) admite uma mineralização arqueana com remobilizadas
no Proterozóico, enquanto Scarpelli (1991) postula a mineralização em um único evento do
Proterozóico.
Especialmente com relação às mineralizações em FFB, a questão crucial no QF, como na maioria
dos exemplos mundiais dos depósitos de ouro hospedados em FFB, é saber se o ouro foi distribuído
singeneticamente e subseqüentemente concentrado por hidrotermalismo e metamorfismo, ou se foi
transportado diretamente de uma fonte primária e depositado em estruturas favoráveis. Para estes
depósitos são apontados os modelos genéticos
1. singenético (e.g., Anhauesser 1976, Fripp 1976, Saager et al. 1987);
2. singenético com remobilização (e.g., Rye e Rye 1974, Oberthür et al. 1990, Hutchinson 1993,
Kühn 1994, Kerswill 1993);
3. singenético-metamórfico (e.g., Kerrich e Fryer 1979, Groves et al. 1998);
4. epigenético-magmático (e.g., Tyler 1937, Borg 1994);
5. epigenético-sin-tectônico (e.g., Phillips et al. 1984, Groves et al. 1998, Lhotka e Nesbitt 1988,
Bullis et al. 1994, 1996, Vielreicher et al. 1994).

COMENTÁRIOS FINAIS O trabalho de compilação e interpretação de dados propiciou a


sistematização e a classificação da mineralização de Cuiabá, bem como o reconhecimento de suas
principais características. Dentre os detalhes do modelo e questões pendentes a serem resolvidas
destacam-se:
¾ a determinação da idade relativa das mineralização de ouro e do evento tectônico associado,
através da conjugação dos dados metalogenéticos e os estudos geocronológicos. A mineralização é
epigenética e gerada em um único evento do Arqueano;
¾ a confirmação da origem metamórfica dos fluidos através de estudos adicionais de inclusões
fluidas e isótopos estáveis;
¾ refinamento e confirmação dos padrões de alteração hidrotermal e de mudanças mineralógicas
até então observados.
Com a sua finalização, o Projeto contribui significativamente para o avanço no conhecimento desse
e de outros depósitos e mineralizações auríferas do QF, promovendo uma síntese dos dados
disponíveis e do conhecimento até então adquirido para as mineralizações de ouro do greenstone
belt Rio das Velhas. Os levantamentos fornecem um importante suporte para o desenvolvimento de
modelos genéticos e prospectivos, os quais são fundamentais para exploração de novos depósitos de
ouro em áreas deformadas, como é o caso do QF.
Sob o ponto de vista exploratório, não se deve perder de vista que a formação do grande número de
depósitos de ouro no QF deve-se a uma conjunção de fatores químicos e físicos, incluindo grande
volume de fluidos gerados por hidrotermalismo (fluidos metamórficos), elevada solubilidade de
ouro e um mecanismo de precipitação de ouro efetivo (sulfetação).
No Grupo Nova Lima, as mineralizações mostram distintos controles litológico-mineralógicos e
estrutural. A distribuição de ouro relaciona-se à composição química das rochas e, em menor
extensão, à magnitude de deformação. A precipitação de ouro está direta- e principalmente
relacionada, na grande maioria dos depósitos, à formação de pirita em litologias ricas em ferro,
especialmente na transição do seu enriquecimento em arsênio (FFB e vulcânicas máficas). Em
conseqüência, o teor de ouro relaciona-se à abundância de sulfetos.
Os principais critérios a serem abordados na avaliação da sucessão vulcanossedimentar do Grupo
Nova Lima parecem ser a combinação do ambiente geológico, litologias encaixantes ricas em ferro,
estruturas favoráveis (zonas de cisalhamento dúcteis e rúptil-dúcteis) e litologias impermeáveis
(rochas carbonosas) no contato com a mineralização. É importante destacar que zonas de

51
cisalhamento mineralizadas não se manifestam necessariamente como lineamentos na superfície e,
portanto, devem ser definidas cuidadosamente por mapeamento.
Padrões de alteração das rochas vulcânicas podem ser usados com indicadores do potencial mineral
de áreas-alvo ou para a identificação de possíveis zonas mineralizadas, que normalmente são
menores que os halos de alteração. Variações devido a alteração hidrotermal expressam-se nas
mudanças de proporções modais de minerais. Zonas de alteração próximas ao minério são
dominadas por paragêneses minerais contendo mica branca, calcita e sulfetos e, zonas de alteração
intermediárias e distais, por calcita e clorita. O tipo litológico é a variável mais importante
controlando o tipo de alteração. Cabe lembrar que alteração hidrotermal é um indicativo de
passagem de fluido, mas nem sempre é um processo relacionado com mineralização de ouro.
Áreas-alvo com significativo potencial aurífero no QF são prospectos hospedados em zonas de
cisalhamento dentro de rochas vulcânicas e sedimentares clásticas e vulcanoclásticas. Por exemplo,
os valores anômalos de ouro em zonas de cisalhamento nas rochas encaixantes alteradas de
depósitos hospedados em FFB (e.g., Cuiabá) abrem a possibilidade de exploração de depósitos de
baixo teor com operações à céu aberto. Neste contexto, incluem-se também as rochas do Grupo
Sabará, que até o presente momento foram pouco prospectadas.
A qualidade e o sucesso da exploração mineral dependem da qualidade da informação geológica.
Como principal e inicial método de exploração, não existe um substituto para o mapeamento de
detalhe, com ênfase para a análise estrutural. O mapeamento deve considerar as feições e
características acima mencionadas. Devido à conhecida extensão dos corpos de minério, a
exploração geofísica pode também ser uma ferramenta bastante útil para detectar corpos
desconhecidos em profundidade.

AGRADECIMENTOS
A viabilidade dos trabalhos na mina Cuiabá, a obtenção dos dados e resultados analíticos, sua
consolidação em relatórios, dissertações e publicações, resulta do esforço coletivo de muitos
indivíduos a quem agradecemos sinceramente.
Mineração Morro Velho S. A.: agradecimentos especiais ao colega e amigo geólogo Frederico W.
Vieira; ainda agradecemos ao engenheiro João Alberto Vieira, geólogos Edilberto Biasi, Paulo de
Tarso, além de toda a equipe técnica, especialmente Carlos Taciano e Geraldo Guilherme. Todos
esses indivíduos nos estenderam valioso apoio, sem o qual nosso trabalho não teria sido possível.
Estudantes: mestrandos Eric Lehne, Marcos Natal Costa, Rodrigo Martins. Bolsistas de Iniciação
Científica Viviane Cristina Alves Pereira, Rosaline Cristina Figueiredo e Silva e Luciana de
Azevedo Costa.
Profs. Alcides Nóbrega Sial, Carlos Maurício Noce, Colombo C. Tassinari, Fernando Flecha de
Alkmim, Márcio Pimentel, Sudaram Iyer.
Geólogos James Vieira Alves, Márcia Zucchetti, Orivaldo Baltazar, Kazuo Fuzikawa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Abreu G.C. 1995. Geologia e metalogênese do ouro da mina do Pari, NE do Quadrilátero Ferrífero-MG. Inst. de
Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Dissertação de Mestrado, 163 p.
Alkmim F.F. & Marshak S. 1998. Trans-Amazonian orogeny in the southern São Francisco craton region, Minas
Gerais, Brazil: evidence for Paleoproterozoic collision and collapse in the Quadrilátero Ferrífero. Precambrian
Research, 90: 29-58
Alkmim F.F., Jordt-Evangelista H., Marshak S., Brueckner H. 1994. Manifestações do evento Trans-Amazônico no
Quadrilátero Ferrífero, MG. In: SBG, Congr. Bras. Geol., 38, Porto Alegre, Anais, 1: 75-76
Almeida F.F.M. 1976. O cráton do São Francisco. Rev. Bras. Geociências, 7: 349-364
Alves J.V. 1995. Estudo de inclusões fluidas em veios de quartzo da mina de ouro de São Bento, Santa Bárbara, MG.
Inst. de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Dissertação de Mestrado, 99 p.
Anhauesser C.R. 1976. The nature and distribution of Archaean gold mineralization in southern Africa. Mineral and
Science Enginneering, 8(1): 46-80

52
Arehart G.B., Chryssoulis, Kesler S.E. 1993. Gold and arsenic in iron sulfides from sediment-hosted disseminated gold
deposits: implications for depositional processes. Economic Geology, 88: 171-185
Ávila C.A., Valença J.G., Moura C., Ribeiro A., Paciullo F. 1998. Idades 207Pb/206Pb em zircões de corpos
metaplutônicos da região de São João Del Rey, borda sul do cráton São Francisco, Minas Gerais. In: SBG, Congr.
Bras. Geol., 40, Belo Horizonte, Resumos, p. 34
Baars F.J. 1997. The São Francisco craton. In: M.J. de Wit & L.D. Ashwal (eds) Greenstone belts. (Oxford Monograph
on Geology and Geophys 35), Oxford, Grã Bretanha, Clarendon Press, p. 529-557
Baltazar O.F. 1996. Geologia Estrutural. In: M. Zucchetti & O.F. Baltazar (organizadores). Projeto Rio das Velhas:
Texto Explicativo do Mapa Geológico Integrado, escala 1:100.000, Belo Horizonte, DNPM/CPRM, 49-53
Baltazar O.F. & Silva S.L. da 1996. Projeto Rio das Velhas: Texto Explicativo do Mapa Geológico Integrado, escala
1:100.000, Belo Horizonte, DNPM/CPRM, 121 p.
Baltazar O.F. & Pedreira A.J. 1996. Associações Litofaciológicas. In: M. Zucchetti & O.F. Baltazar (organizadores).
Projeto Rio das Velhas: Texto Explicativo do Mapa Geológico Integrado, escala 1:100.000, Belo Horizonte,
DNPM/CPRM, 43-48
Baltazar O.F. & Pedreira A.J. 1998. Associações de litofácies. In: M. Zucchetti & O.F. Baltazar (organizadores).
Projeto Rio das Velhas: Texto Explicativo do Mapa Geológico Integrado, escala 1:100.000, 2 ed. Belo Horizonte,
DNPM/CPRM, 43-47
Baltazar O.F. & Raposo F.O. 1993. Mariana–Folha SF.23-X-B-I, Estado de Minas Gerais. In: Programa levantamentos
geológicos básicos do Brasil, CPRM, Belo Horizonte, 183 p.
Baltazar O.F. & Zucchetti M. 2000. Rio das Velhas greenstone belt structural evolution, Quadrilátero Ferrífero, Minas
Gerais, Brazil. In: 31st International Geological Congress, Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais, Rio de
Janeiro, Resumos, CD-ROM
Barbosa A.L.M. 1961. Tectônica do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais. In: Semana Estudos Geológicos e
Econômicos do Quadrilátero Ferrífero, 1, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, Anais, 49-52
Barbosa A.L.M. 1968. Contribuições recentes à geologia do Quadrilátero Ferrífero. Inst. de Geociências, Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 44 p.
Barbosa O. 1935. Estudo de amostras da região aurífera de Caeté-Santa Bárbara. Departamento Nacional da Produção
Mineral, Relatório, 478, 40 p.
Barbosa O. 1939. Petrologia da região aurífera de Caeté e Santa Bárbara. Rio de Janeiro, DNPM-DFPM, 153-186
(Boletim 38)
Barbosa O. 1949. Contribuição à geologia do centro de Minas Gerais. Mineração e Metalurgia, 14(79): 3-19
Belo-de-Oliveira O.A. 1986. As falhas de empurrão e suas implicações na estratigrafia e metalogênese do Quadrilátero
Ferrífero. In: SBG, Congr. Bras. Geol., 34, Goiânia, Anais, p. 5-15
Belo-de-Oliveira O.A. & Vieira M.B.H. 1987. Aspectos da deformação dúctil e progressiva no Quadrilátero Ferrífero.
In: SBG, Simp. Geol. de Minas Gerais, 4, Belo Horizonte, Anais, p. 237-253
Belo-de-Oliveira O.A. & Teixeira W. 1990. Evidências de uma tectônica tangencial proterozóica no Quadrilátero
Ferrífero. In: SBG, Congr. Bras. Geol., 36, Recife, Anais, 6: 2589-2604
Benning L.G. & Seward T.M. 1996. Hydrosulphide complexing of Au (I) in hydrothermal solutions from 150-400°C
and 500-1500 bar. Geoch. Cosmoch. Acta, 60(11): 1849-1871
Besunsan A.J. 1929. Auriferous jacutinga deposits. Transaction Institute of Mining and Metallurgy, London, 38: 450-
483
Biasi E.E. & Seara J.R.M. 1985. Mapa Geológico com trabalhos executados, escala 1:25.000, na área entre Rio Acima
e a Serra do Curral. Relatório inédito, Mineração Morro Velho S. A., Nova Lima
Borg G. 1994. The Geita gold deposit in NW Tanzania-geology, ore petrology, geochemistry and timing of events.
Geol. Jb., D100: 545-595
Bottinga Y. 1969. Calculated fractionation factors for carbon and hydrogen isotope exchange in the system calcite-
carbon dioxide-graphite-methane-hydrogen-water vapor. Geochim. Cosmochim. Acta, 33: 49-64
Bullis H.R., Hureau R.A., Penner B.D. 1994. Distribution of gold and sulfides at Lupin, Northwest Territories.
Economic Geology, 89: 1217-1227
Bullis H.R., Hureau R.A., Penner B.D. 1996. Distribution of gold and sulfides at Lupin, Northwest Territories - a
discussion., Economic Geology, 91: 964-966
Burchfiel B.C., Ahiliang C., Hodges K.V., Yuping L., Royden L.H., Changrong D., Jiene X. 1992. The south Tibetan
detachment system. Himalayan orogen: extension contemporaneous with and parallel to shortening in a collisional
moutain belt. Geol. Soc. American Special Paper, 269, 41 p.
Cabral R.C. & Pires F.R. 1996a. On the metallogenesis of gold in the Lower Proterozoic Itabira Iron-Formation,
Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. In: Gold Deposits of South America Symposium, Congr. Bras. Geol., 39,
Salvador, Anais, 7: 237-240
Cabral R.C. & Pires F.R. 1996b. Palladium-bearing gold deposit hosted by Proterozoic Lake Superior-type iron-
formation at the Cauê iron mine, Itabira District, southern São Francisco craton. Geologic and structural controls - a
discussion. Economic Geology, 91: 2370-2372
Camargo W.G.R.O. 1957. A jazida de ouro de Morro Velho, Minas Gerais (contribuição ao conhecimento da gênese).
Inst. de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Tese de Livre Docência, 108 p.

53
Cameron E.M. 1993. Precambrian gold: perspectives from the top and bottom of shear zones. Canadian Mineralogist,
31: 917-944
Carneiro M.A. 1992. O complexo metamórfico Bonfim setentrional: evolução geológica de um segmento arqueano de
crosta continental. Inst. de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Tese de Doutorado, 232 p.
Carneiro M.A., Teixeira W., Machado N. 1994. Geological evolution of a sialic fragment from the Quadrilátero
Ferrífero in eastern-central Brazil, based on U-Pb, Sm-Nd, Rb-Sr and K-Ar isotopic constraints. In:
Geowissenschaftliches Lateinamerika- Kolloquium, 14, Tübingen, Terra Nostra, 2: 12-13
Carothers W.W., Adami L.H., Rosenbauer R.J 1988. Experimental oxygen isotope fractionation between siderite-water
and phosphoric acid liberated CO2-siderite. Geochim. Cosmochim. Acta, 52: 2445-2450
Cathelineau M., Boiron M.R., Holliger P., Marion P., Denis M. 1988. Gold in arsenopyrites: crystal chemistry, location
and state, physical and chemical conditions of deposition. In: R.R. Keays, W.R.H. Ramsay, D.I. Groves (eds) The
Geology of Gold Deposits The Perspective in 1988. Econ. Geol. Monograph 6, The Economic Geology Publishing
Co, p. 328-341
Chauvet A., Dussin I.A., Faure M., Charvet J. 1994. Mineralização aurífera de idade proterozóica superior e evolução
estrutural do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, Brasil. Rev. Bras. Geociências, 24(3): 150-159
Chemale Jr. F., Babinski M., Van Schumus W.R. 1993. U/Pb dating of granitic-gneissic rocks from the Belo Horizonte
and Bonfim complexes, Quadrilátero Ferrífero (Brazil). Relatório inédito para o CNPq e National Sci. Foundation
(projeto ‘São Francisco Craton Margin Transect), 16 p.
Chemale Jr. F., Rosière C.A., Endo I. 1994. The tectonic evolution of the Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, Brazil.
Precambrian Research, 65: 25-54
Colvine A.C. 1989. An empirical model for the formation of Archean gold deposits: products of final cratonization of
the Superior Province, Canada. In: R.R.Keays, W.R.H. Ramsay, D.I. Groves (eds) The geology of gold deposits: the
perspective in 1988. Econ. Geol. Monograph 6, The Economic Geology Publishing Co, p. 37-53
Colvine A.C., Fyon A.J., Heather K.B., Marmont S., Smith P.M., Troop D.G. 1988. Archaean Lode Gold Deposits in
Ontario. Toronto, Canadá, Ontario. Geol. Surv., 136 p. (Miscellaneous Paper 139)
Colvine A.C., Andrews A.J., Cherry M.E., Durocher M.E., Fyon A.J., Lavigne M.J., MacDonald A.J., Marmont S.,
Poulsen K.H., Springer J.S., Troop D.G. 1984. An Integrated Model for the Origin of Archaean Lode Gold Deposits,
Ontario. Geol Surv, 98 p. (Open File Report 5524)
Condie K.C. 1981. Archaean Greenstone Belts. Amsterdam, Elsevier, 433 p.
Corrêa-Neto A.V. & Baltazar O.F. 1995. Compartimentação estrutural do greenstone belt Rio das Velhas no interior do
Quadrilátero Ferrífero (MG). In: SBG, Simp. Nacional de Estudos Tectônicos, 5, Porto Alegre, Resumo expandido, p.
15-17
Costa M.N.S. 2000. Estudos dos isótopos de carbono e oxigênio e caracterização petrográfica do minério da mina
Cuiabá. Inst. de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Dissertação de Mestrado, 135
p.
Cox S.F., Etheridge M.A., Wall V.J. 1987. The role of fluids in syntectonic mass transport and the localization of
metamorphic vein-type ore deposits. In: B. Marshall & L.B. Gilligan (eds) Mechanical and chemical (re)mobilization
of metalliferous mineralization. Ore Geol. Reviews, 2: 65-86
Cox S.F., Wall V.J., Etheridge M.A., Potter T.F. 1991. Deformational and metamorphic processes in the formation of
mesothermal vein-hosted gold deposits–examples from the Lachlan Fold Belt in central Victoria, Australia. Ore
Geol. Reviews, 6: 391-423
Cox S.F., Sun S.S., Etheridge M.A., Wall V.J., Potter T.F. 1995. Structural and geochemical controls on the
development of turbidite-hosted gold quartz vein deposits, Wattle Gully Mine, Central Victoria, Australia. Economic
Geology, 90: 1722-1746
Dahl N., McNaughton N.J., Groves D.I. 1987. A lead-isotope study of sulphides associated with gold mineralization in
selected deposits from the Archaean Eastern Goldfields of Western Australia. Perth, Geology Dept. & Univ. Ext,
Univ. of Australia, Publication 11, p. 189-201
Davis W.J. & Hegner E. 1992. Neodymium isotope evidence for the tectonic assembly of Late Archean crust in the
Slave province, northwest Canada. Contrib. Mineral. Petrol., 111: 493-504
De Ronde C.E.J., Der Channer D.M., Spooner E.T.C. 1997. Archaean fluids. In: M.J. de Wit & L.D. Ashwal (eds)
Greenstone Belts. Oxford, England, Clarendon Press., p. 309-335
De Wit M.J. & Ashwal L.D. 1995. Greenstone belts: what are they?. South African J. Geol., 98(4): 505-520
De Wit M.J. & Aswall L.D. 1996. Greenstone Belts. Oxford, Oxford Univ. Press., 400 p.
Derby O.A. 1906. The Serra do Espinhaço, Brazil. J. Geol , 14(3): 374-401
DeWitt Ed, Thorman C.H., Landis G.P., Zartman R.E. 1996. A progress report on the age and origin of gold deposits
hosted by iron-formation in the Belo Horizonte area, Minas Gerais, Brazil. In: SBG, Congr. Bras. Geol., 39,
Salvador, Resumo expandidos, 7: 199-202
Dorr II J.V. 1969. Physiographic, stratigraphic and structural development of the Quadrilátero Ferrífero, Minas
Gerais. U.S. Geological Survey Professional Paper. 614-A, 110 p.
Dorr II J.V., Gair J.E., Pomerene J.B., Rynearson G.A. 1957. Revisão da estratigrafia pré-cambriana do Quadrilátero
Ferrífero: Brasil. DNPM-DFPM, Rio de Janeiro, 31 p. (Avulso 81)
Duarte B.P., Soares G.F., Marcal R.A. 1987. Estratigrafia e paragênese do minério aurífero da Mina de Passagem,
Mariana, MG. In: SBG, Simp. Geologia de Minas Gerais, 4, Belo Horizonte, Volume 7: 391-405

54
Endo I. 1997. Regimes tectônicos do Arqueano e Proterozóico no interior da placa sanfranciscana: Quadrilátero
Ferrífero e áreas adjacentes, Minas Gerais. Inst. de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Tese de
Doutorado, 243 p.
Eschwege W.L. 1833. Pluto Brasiliensis. Verlag G. Reimer, Berlin, 622 p
Ferrand M.P. 1894. L’or a Minas Geraes, Brésil. Imprensa Oficial do Estado de Minas Geraes, 1: 163 p.
Ferreira C.M. 1983. Vulcanismo ácido no Quadrilátero Ferrífero e sua relação com algumas ocorrências e/ou depósitos
minerais. In: SBG/ Núcleo Minas Gerais, Simp. Geol. Minas Gerais, 2, Belo Horizonte, Resumo Expandido, 3: 128-
133
Fleischer R. & Routhier P. 1973. The consanguineous origin of a tourmaline-bearing gold deposit: Passagem de
Mariana, Brazil. Economic Geology, 68(1): 11-22
Foster R.P. 1985. Major controls of Archaean gold mineralization in Zimbabwe. Trans. Geol. Soc. South Afr., 88: 109-
133
Foster R.P. 1989. Archaean gold mineralization in Zimbabwe: implications for metallogenesis and exploration.
Economic Geology Monograph 6, The Economic Geology Publishing Co, 54-70
Frip. R.E.P. 1976. Stratabound gold deposits in Archaean banded iron-formation, Rhodesia. Economic Geology 71: 58-
75
Fyon J.A., Crocket J.H., Schwarcz H.P. 1983. The Carshaw and Malga iron formation-hosted gold deposits of the
Timmins area. In: A.C. Colvine (ed) Geology of gold deposits in Ontario, Ontario. Geological Survey Miscellaneous
Paper, 987-110
Gair J.E. 1958. Age of gold mineralization in the Morro Velho and Raposos mines, Minas Gerais. Soc. Bras. Geol., São
Paulo, 7: 39-45
Gair J.E. 1962. Geology and ore deposit of the Nova Lima and Rio Acima quadrangles, Minas Gerais, Brazil. U.S.
Geological Survey Professional Paper. 341-A, 67 p.
Garayp E., Minter W.E.L., Renger F.E., Siegers A. 1991. Moeda placer god deposits in the Ouro Fino syncline,
Quadrilátero Ferrífero, Brazil. In: E.A. Ladeira (ed) Brazil Gold’91 The economics, geology, geochemistry and
genesis of gold deposits. Rotterdam, The Netherlands, A.A. Balkema, p. 601-608
Gilligan J.M. & Foster R.P. 1987. Gold mineralization in iron-formation: The importance of contrasting modes of
deformation at the Lennox Mine, Zimbabwe. African Mining, Inst. Mining Metallurgy, London, p. 127-138
Godoy M.A.M. 1995. Caracterização mineralógica do minério, concentrado e rejeito da flotação da mina São Bento
(MG). Inst. de Geociências, Universidade de Brasília, Brasília, Dissertação de Mestrado, 204 p.
Godoy M.L.S. 1994. Evolução tectono-metamórfica da mineralização aurífera de Raposos (MG). Inst. de Geociências
e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, Dissertação de Mestrado, 98 p.
Goldfarb R.J., Groves D.I., Gardoll S. 2001. Orogenic gold and geologic time: a global synthesisOre Geol. Reviews,
18(1-2): 1-75
Golding S.D., Clark M.E., Keele R.A., Wilson A.F., Keays R.R. 1990. Geochemistry of Archaean epigenetic gold
deposits in the Eastern Goldfields Province, Western Australia. Perth, Geology Dept. & Univ. Ext, Univ. of
Australia, Publication 23, p. 141-176
Gorceix H. 1876. Les explorations de L’ or dans la province de Minas Gerais, Brésil. Paris. Soc Geogr, 12 (Bulletin 6)
Groves D.I. & Foster R.P. 1991. Archaean lode gold deposits. In: R.P. Foster (ed) Gold Metallogeny and Exploration.
London, Black and Son Ltd., p. 63-103
Groves D.I. & Foster R.P. 1993. Archean lode gold deposits. In: R.P. Foster (ed) Gold metallogeny and exploration.
New York, USA, Chapman & Hall, p. 63-103
Groves D.I. & Ho S.E. 1990. Archaean gold deposits in the Yilgarn Block, Western Australia. In: F.E. Hughes (ed)
Economic Geology of Australia and Papua/New Guinea. Australasian Inst. Mining and Metallurgy, Melbourne, 539-
553
Groves D.I. & Phillips G.N. 1987. The genesis and tectonic control on Archaean gold deposits of the western Australian
shield–a metamorphic replacement model. Ore Geol. Reviews, 2: 287-322
Groves D.I., Goldfarb R.J, Gebre-Mariam M., Hagemann S.G., Robert F. 1998. Orogenic gold deposits: a proposed
classification in the context of their crustal distribution and relationship to other gold deposit types. Ore Geol.
Reviews, 13: 7-27
Groves D.I., Phillips G.N., Ho S.E., Houstoun S.M., Standing C.A. 1987. Craton-scale distribution of Archaean
greenstone gold deposits: predictive capacity of the metamorphic model. Economic Geology, 82: 2045-2058.
Groves D.I., Ho S.E., McNaughton N.J., Mueller A.G., Perring C.S., Rock N.M.S., Skwarnecki M.S. 1988. Genetic
models for Archaean lode gold deposits in Western Australia. Perth, Geology Dept. & Univ. Ext, Univ. of Australia,
Publication, 12, p. 1-22
Groves D.I., Goldfarb R.J, Knox-Robinsona C.M., Ojalac J., Gardolla S., Yun G.Y., Holyland P. 2000. Late-kinematic
timing of orogenic gold deposits and significance for computer-based exploration techniques with emphasis on the
Yilgarn Block, Western Australia. Ore Geol. Reviews, 17(1-2): 1-38
Guimarães D. 1931. Contribuição à geologia do Estado de Minas Gerais. Departamento Nacional Produção Mineral,
Rio de Janeiro, p. 1-36 (Boletim 55)
Guimarães D. 1966. Contribuição ao estudo do polimetamorfismo da Série Minas. DNPM/DFPM, Rio de Janeiro, 54 p.
(Boletim 90)

55
Guimarães D. 1970. Arqueogênese do ouro na região central de Minas Gerais. DNPM/DFPM, Rio de Janeiro, 51 p.
(Boletim 139)
Guimarães D., Melo S.M.G., Melo E.A.V. 1966. O complexo Bação. Instituto de Geologia da Escola de Minas–
Universidade Federal Ouro Preto, Ouro Preto, p. 1-12 (Boletim 2/1)
Hagemann S.G, Cassidy K.F. 2000. Archean orogenic lode gold deposits. In: S.G. Hagemann & P.E Brown (eds) Gold
in 2000 (Reviews in Economic Geology 13) Society of Economic Geologista, p. 9-68
Harder E.C. & Chamberlin R.T. 1915. The geology of central Minas Gerais, Brazil. Jour. Geol., 23: 341-378
Hayashi K. & Ohmoto H. 1991. Solubility of gold in NaCl- and H2S-bering solutions at 250-350°C. Geochim
Cosmochim Acta, 55: 2111-2126
Henwood W.J. 1871. Observations on metalliferous deposits on the gold mines of Minas Geraes in Brazil. Royal Geol.
Soc. Cornwall, 8(1), p. 168-370
Herrington R.J., Evans D.M., Buchanan D.L. 1997. Metallogenic aspects. In: M.J.de Wit & L.D. Ashwal (eds)
Greenstone belts. (Oxford Monograph on Geol and Geophys 35), Oxford, Grã Bretanha, Clarendon Press, p. 177-219
Ho S.E. 1987. Fluid inclusions: their potential as an exploration tool for Archaean gold deposits. In: S.E. Ho & D.I.
Groves (eds) Recent advances in understanding Precambrian gold deposits. Perth, Geology Dept. & Univ. Ext, Univ.
of Australia, Publication 11, p. 239-263
Ho S.E., Groves D.I., Phillips G.N. 1985. Fluid inclusions as indicators of the nature and source of ore fluids and ore
depositional conditions for Archaean gold deposits of the Yilgam Block, Western Australia. Transactions Geol Soc
South Africa, 88: 149-158
Ho S.E., Groves D.I., Phillips G.N. 1990. Fluid inclusions in quartz veins associated with Archaean gold mineralization:
clues to ore fluids and ore depositional conditions and significance to exploration. In: H.K. Herbert & S.E. Ho (eds)
Stable isotopes and fluid processes in mineralization. Perth, Geology Dept. & Univ. Ext, Univ. of Australia,
Publication 23, p. 35-50
Hodgson C.J. & MacGeehan J. 1982. A review of the geological characteristics of 'Gold Only' deposits in the Superior
Province of the Canadian Shield. In: Geology of Canadian Gold Deposits. Canadian Inst. of Mining and Metallurgy,
24: 211-228 (Special Volume)
Hussak E. 1898. Der goldführende, kiesige Quarzlagergang von Passagem in Minas Gerais, Brasilien. Zeitschr Prakt
Geolog., 4: 345-347
Hutchinson R.W. 1993. A multi-stage, multi-process genetic hypothesis for greenstone-hosted gold lodes. Ore Geol.
Reviews, 8: 349-382
James H.L. 1954. Sedimentary facies of iron-formation. Economic Geology, 49: 235-293
Junqueira P.A. 1997. Geologia do depósito de ouro da Mina de Raposos, Quadrilátero Ferrífero, com ênfase na
alteração hidrotermal. Inst. Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Dissertação de
Mestrado, 84 p.
Kerrich R. 1986. Archaean lode deposits of Canada, Part 1: characteristics of the hydrotherrnal systems and models of
origin. Economic Geology Research Unit, Univ. Witwatersrand, Inform Circ 183, 34 p.
Kerrich R. 1990. Carbon-isotope systematics of ArcheanAu-Ag vein deposits in the Superior Province. Canadian
Journal Earth Science, 27: 40-56
Kerrich R. & Cassidy K.F. 1994. Temporal relationship of lode gold mineralization to accretion, magmatism,
metamorphism and deformation–Archean to present: a review. Ore Geol. Reviews, 9: 263-310
Kerrich R. & Fryer B.J. 1979. Archaean precious metal hydrothermal systems, Dome Mine, Abitibi greenstone belt. II.
REE and oxygen isotope relations. Canadian Journal Earth Science, 16: 440-458
Kerswill J.A. 1993. Models of iron-formation-hosted gold deposits. In: R.V. Kirkham, W.D. Siclair, R.I. Thorpe, J.M.
Duke. Mineral Deposit Modeling. (Spec Pap 40) Geol Assoc Canada, St. John's, Canada, p. 171-199
Kishida A. & Kerrich R. 1987. Hydrothermal alteration zoning and gold concentration at the Kerr-Addison lode gold
deposit, Kirkland Lake, Ontario. Economic Geology, 82: 649-690
Kühn S.K. 1994. The Geita gold-mine, Tanzania- metallogenesis of a gold-sulfide mineralization in an Archaean iron-
formation. Free Univ. Berlin, Berlin, Alemanha, Tese de doutorado, 180 p.
Lacourt F. 1937a. Jazidas auríferas de Ouro Preto e Marianna, Estado de Minas Geraes. I - Minas de Passagem, Morro
de Santana e Morro do Fraga. Mineração e Metalurgia, Maio-Junho, 1937, p. 3-6
Lacourt F. 1937b. Jazidas auríferas de Ouro Preto e Marianna, Estado de Minas Geraes. II - Minas de Santo Antônio,
Camargos, Maquiné, Taquara, Queimada, Sumidouro, Furquim, Gibrão, Ouro Preto, Antônio Pereira, Tapera, Ajuda,
Lavras Novas, Venda do Campo, Falcão, Morro do Bule e Pinheiros. Mineração e Metalurgia, Julho-agosto, 1937, p.
87-95
Ladeira E.A. 1980. Metallogenesis of gold at the Morro Velho mine, and in the Nova Lima district, Quadrilátero
Ferrífero, Minas Gerais, Brazil. Dept. of Geol, University of Western Ontario, London, Canada, Tese de Doutorado,
272 p.
Ladeira E. A. 1981a. Observações geológicas em áreas de interesse mineral da Mineração Morro Velho S. A., nos
Supergrupos Rio das Velhas e Minas, Minas Gerais. Relatório inédito, Mineração Morro Velho S. A., Nova Lima, 25
p.
Ladeira E.A. 1981b. Observações microscópicas em luz refletida e transmitida sobre o modo de ocorrência de ouro em
amostras de minério sulfetado aurífero e de filito grafitoso encaixante da Mina de Cuiabá. Relatório inédito,
Mineração Morro Velho S. A., Nova Lima, 11 p.

56
Ladeira E.A. 1988. Metalogenia dos depósitos de ouro do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. In: C. Schobenhaus-
Filho & C.E.S. Coelho (eds) Metais básicos não ferrosos, ouro e alumínio. (Principais depósitos minerais do Brasil
3) Departamento Nacional Produção Mineral/Companhia Vale Rio Doce, Brasília, p. 301-375
Ladeira E.A. 1991. Genesis of gold in Quadrilátero Ferrífero: a remarkable case of permanency, recycling and
inheritance–a tribute to Djalma Guimarães, Pierre Routhier and Hans Ramberg. In: E.A. Ladeira (ed) Brazil Gold‘91
The economics, geology, geochemistry and genesis of gold deposits. Rotterdam, The Netherlands, A.A. Balkema, p.
11-30
Ladeira E.A. & Viveiros J.F.M. 1984. Hipótese sobre a estruturação do Quadrilátero Ferrífero com base nos dados
disponíveis. SBG, Belo Horizonte, p. 1-14 (Boletim Especial 4)
Lehne E. 2000. Struktur und Geometrie des Balancao Erzkörpers, Cuiaba Mine. Aachen University of Technology,
Aachen, Germany, Diplomkartierung, 131p.
Lehne E. 2001. Petrographie und Geochemie alterierter mafischer Metavulkanite der Cuiaba Mine. Aachen University
of Technology, Aachen, Germany, Diplomarbeit, 125p.
Lhotka P.G. & Nesbitt, B.E. 1988. Geology of unmineralized and gold-bearing iron formation, Contwoyto Lake - Point
Lake region, Northwest Territories, Canada. Canadian Journal Earth Science, p. 46-64.
Lobato L.M. 1998. Estilos e controles da alteração hidrotermal em depósitos lode-gold associados a BIFs do Grupo
Nova Lima do Quadrilátero Ferrífero, MG. In: SBG, Congr. Bras. Geol., 41, Belo Horizonte, Anais, p. 136
Lobato L.M. & Pedrosa-Soares A.C. 1993. Síntese dos recursos minerais do cráton São Francisco e Faixas Marginais
em Minas Gerais. Geonomos, 1(1): 51-64
Lobato L.M. & Vieira F.W.R. 1998. Styles of hydrothermal alteration and gold mineralization associated with the Nova
Lima Group of the Quadrilátero Ferrífero: Part II, the Archean mesothermal gold-bearing hydrothermal system. Rev.
Bras. Geociências, 28(3): 355-366
Lobato L.M., Vieira F.W.R., Ribeiro-Rodrigues L.C., Pereira L.M.M., Menezes M., Junqueira P.A., Martins-Pereira
S.L.M. 1998. Styles of hydrothermal alteration and gold mineralization associated with the Nova Lima Group of the
Quadrilátero Ferrífero: Part I, description of selected gold deposits. Rev. Bras. Geociências, 28(3): 339-354
Lobato L.M., Ribeiro-Rodrigues L.C., Vieira F.W.R. 2001a. Brazil's premier gold province: Part II: geology and
genesis of gold deposits in the Archaean Rio das Velhas greenstone belt, Quadrilátero Ferrífero. Mineralium
Deposita 36(3/4): 249-277
Lobato L.M., Ribeiro-Rodrigues L.C., Zucchetti M., Noce C.M., Baltazar O.F., da Silva L.C., Pinto C.P. 2001b. Brazil's
premier gold province. Part I: the tectonic, magmatic and structural setting of the Archaean Rio das Velhas
greenstone belt, Quadrilátero Ferrífero. Mineralium Deposita 36(3/4): 228-248
Lockzy L. de & Ladeira, E.A. 1976. Geologia Estrutural e Introdução à Geotectônica. São Paulo, Edgar Blucher
Ltda./CNPQ. 528 p.
Machado N. & Carneiro M.A. 1992. U-Pb evidence of late Archean tectono-thermal activity in the southern São
Francisco shield, Brazil. Canadian Journal Earth Science, 29: 2341-2346
Machado N., Noce C.M., Ladeira E.A., Belo-de-Oliveira O.A. 1992. U-Pb geochronology of Archean magmatism and
Proterozoic metamorphism in the Quadrilátero Ferrífero, southern São Francisco craton, Brazil. Geol. Soc. American
Bulletin, 104: 1221-1227
Machado N., Schrank A., Noce C.M., Gauthier G. 1996. Ages of detrital zircon from Archean-Paleoproterozoic
sequences: implications for greenstone belt setting and evolution of a Transamazonian foreland basin in Quadrilátero
Ferrífero, southeast Brazil. Earth Planet. Sci. Letter, 141: 259-276
Marshak S., Alkmim F.F. 1989. Proterozoic contraction/extension tectonics of the southern São Francisco region,
Minas Gerais, Brazil. Tectonics, 8(3): 555-571
Marshak S., Alkmim F.F., Jordt Evangelista H. 1992. Proterozoic crustal extension and the generation of dome-and-
keel structure in an Archean granite-greenstone terrane. Nature, 357: 491-493
Marshak S., Tinkham D., Alkmim F., Brueckner H., Bornhorst T. 1997. Dome-and-keel provinces formed during
Paleoproterozoic orogenic collapse-core complexes, diapirs, or neither?: examples from the Quadrilátero Ferrífero
and the Penokean Orogen. Geology, 25(5): 415-418
Martins-Pereira S.L.M. 1992. Geologia do depósito aurífero de São Bento, Santa Bárbara, Quadrilátero Ferrífero,
Minas Gerais. Inst. de Geociências, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Seminário de
qualificação, 47 p.
Martins-Pereira S.L.M. 1995. Controles litoestruturais da mineralização aurífera no distrito de Santa Bárbara,
Quadrilátero Ferrífero, MG: mina São Bento. Inst. de Geociências, Universidade Federal Minas Gerais, Belo
Horizonte, Dissertação de Mestrado, 158 p.
Martins R. 2000. Caracterização petrográfica e geoquímica mineral do minério da mina de ouro Cuiabá, Quadrilátero
Ferrífero, Minas Gerais. Inst. de Geociências, Universidade Federal Minas Gerais, Belo Horizonte, Dissertação de
Mestrado, 125 p.
Matthews A. & Katz A. 1977. Oxygen isotope fractionation during the dolomitisation of calcium carbonate. Geochim.
et Cosmochim. Acta, 41: 1431-1438
Mathias D.L. 1964. Review on the Outside Gold Properties of the St. John del Rey Mining Co. Relatório inédito, St.
John del Rey Mining Co. Ltd., Mineração Morro Velho S. A., Nova Lima, 142 p.
McCuaig T.C. & Kerrich R. 1998. P-T-t-deformation-fluid characteristics of lode gold deposits: evidence from
alteration systematics. Ore Geol. Reviews,12: 381-453

57
McNaughton & N.J. 1987. Lead-isotope systematics for Archaean sulphide studies. Perth, Geology Dept. & Univ. Ext,
Univ. of Australia, Publication 11, p. 181-188
McNaughton N.J., Barley M.E., Cassidy K.F., Golding S.D., Groves D.I., Ho S.E., Hronsky J.M.A., Sang J.H., Turner
J.V. 1990. Carbon isotope studies. In: S.E. Ho, D.I. Groves, J.M. Bennett (eds) Gold deposits of the Archaean
Yilgarn Block, Western Australia: nature, genesis and exploration guides. Perth, Geology Dept. & Univ. Ext, Univ.
of Australia, Publication 20, p. 246-251
Mikucki E.J. & Ridley J.R. 1993. The hydrothermal fluids of Archaean lode-gold deposits at different metamorphic
grades: compositional constraints from ore and wallrock alteration assemblages. Mineralium Deposita, 28(6): 469-
481
Mintek 1980. Characterization of the Cuiabá concentrate. Relatório inédito, Mineração Morro Velho S. A., Nova
Lima, 7 p.
Minter W.E.L., Renger F.E., Siegers A. 1990. Early Proterozoic gold placers of the Moeda Formation within the
Gandarela syncline, Minas Gerais, Brazil. Economic Geology, 85(5): 943-951
Möller P. & Kersten G. 1994. Electrochemical accumulation of visible gold on pyrite and arsenopyrite surfaces.
Mineralium Deposita, 29: 404-413
Moraes L.J. 1935. Notas preliminares sobre algumas jazidas metaliferas de Caeté e Santa Bárbara, Minas Gerais.
Relatório inédito 583, DNPM, Belo Horizonte, 10 p.
Moraes L.J. & Barbosa O. 1939. Ouro no centro de Minas Gerais. Rio de Janeiro, DNPM/DFPM, 197 p. (Bulletin 38)
Moreschi J.B. 1972. Geologia da mina de ouro de Faria, Minas Gerais. Inst. de Geociências, Universidade São Paulo,
Paulo, Tese de Doutorado, 115 p.
Mosher S. & Helper M. 1988. Interpretation of poly-deformed terranes. In: S. Marshak & G. Mitra (eds) Basic Methods
of Structural Geology Englewood Cliffs. New Jersey, p. 361-384
Noce C.M. 1995. Geocronologia dos eventos magmáticos, sedimentares e metamórficos na região do Quadrilátero
Ferrífero, Minas Gerais. Inst. de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Tese de Doutorado, 129 p.
Noce C.M. 2000. Geochronology of the Quadrilátero Ferrífero: a review. Geonomos-Revista de Geociências, VII(1,2):
15-23
Noce C.M., Machado N., Carneiro M.A. 1992. 600 Ma of polyphase Archean evolution of southern São Francisco
craton, Brazil. EOS Trans-Actions, 73: p. 14
Noce C.M., Machado N., Teixeira W. 1998. U-Pb geochronology of gneisses and granitoids in the Quadrilátero
Ferrífero (southern São Francisco craton): age constraints for Archean and Paleoproterozoic magmatism and
metamorphism. Rev. Bras. Geociências, 28(1): 95-102
O’Rourke J.E. 1957. The stratigraphy of metamorphic rocks of the Rio de Pedras and Gandarela quadrangles, Minas
Gerais, Brazil. Universidade de Wisconsin, EUA, Tese de Doutorado, 106 p.
Oberthür T., Saager R., Tomschi H.P. 1990. Geological, mineralogical and chemical aspects of Archean banded iron
formation-hosted gold deposits: some examples from southern Africa. Mineralium Deposita, 25: 125-135
Ohmoto H. & Rye R.O. 1979. Isotopes of sulfur and carbon. In: H.L. Barnes (ed) Geochemistry of hydrotermal ore
deposits (2nd ed). Wiley, New York, USA, p. 509-567
Oliveira G.A.I., Clemente P.L.C., Vial D.S. 1983. Excursão à mina de ouro de Morro Velho. In: SBG, Simp. Geol.
Minas Gerais, 2, Belo Horizonte, p. 497-505
Oliveira E.A. 1999. Geologia, petrografia e geoquímica do maciço granitóide de Cachoeira da Prata. Inst. Geociências,
Universidade Federal de Minas Gerais, Dissertação de Mestrado, 80 p.
Olivo G.R., Gauthier M., Gariépy C., Carignan J. 1996. Trans-Amazonian tectonism and Au-Pd mineralization at the
Cauê mine, Itabira district, Brazil: Pb isotopic evidence. South American Journal Earth Science, 9: 273-279
Olivo G.R., Gauthier M., Williams-Jones A.E., Levesque M. 2001. The Au-Pd Mineralization at the Conceição Iron
Mine, Itabira District, Southern São Francisco Craton, Brazil: An Example of a Jacutinga-Type Deposit. Economic
Geology, 96: 61-74
Olivo G.R., Gauthier M., Bardoux M., Leão de Sá M., Fonseca J.TF., Santana F.C. 1995. Palladian-bearing gold deposit
hosted by Proterozoic Lake Superior-type iron-formation at the Cauê iron mine, Itabira District, southern São
Francisco craton. Geologic and structural controls. Economic Geology, 90: 118-134
Padilha J.L. 1992. Projeto ouro Caeté para a mina Roça Grande 111, Rio Doce Geologia e Mineração S/A. Relatório
inédito para o DNPM, 8163, p. 13-73
Passos R.V. 1999. Caracterização da geometria das zonas de alteração hidrotermal-estudo do caso no depósito aurífero
de Brumal, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. Inst. Geociências, Universidade Estadual de Campinas, Campinas,
Dissertação de Mestrado
Pereira E.L.S. 1996. Controles e evolução da mineralização aurífera da Mina de São Bento, greenstone belt Rio das
Velhas, MG. Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, Dissertação de Mestrado
Pereira L.M.M. 1996. Estudo da alteração hidrotermal do corpo SE-2, nível 5 da mina de ouro de Juca Vieira,
Quadrilátero Ferrífero, MG. Inst. de Geociências, Universidade Federal Minas Gerais, Belo Horizonte, Dissertação
de Mestrado, 204 p.
Pereira L.M.M. & Lobato L.M. 1998. Geologia do Corpo SE, Nível 5 da Mina de Ouro Juca Vieira. In: SBG, Congr.
Bras. Geol., 40, Belo Horizonte, Resumo, 138 p.
Phillips G.N., Groves D.I., Kerrich R. 1996. Factors in the formation of the giant Kalgoorlie gold deposit. Ore Geol.
Reviews, 10: 295-317

58
Phillips G.N., Groves D.I., Martyn J.E. 1984. An epigenetic origin for Archean banded iron-formation-hosted gold
deposits. Economic Geology, 79(1): 162-171
Pires F.R.M. 1979. Structural geology and stratigraphy at the junction of the serra do Curral anticline and the Moeda
syncline, Quadrilátero Ferífero, Minas Gerais, Brazil. University of Michigan, Ann Arbor, EUA, Tese de
Doutorado, 220 p.
Quade H. 1985. Deformation patterns of the Pre-cambrian Iron Quadrangle, Brazil. In: Internat. Conference on Tectonic
and Structural Processes. Rijksuniversiteit Utrecht, Utrecht, The Netherlands, Resumo, p. 113-114
Renger F.E., Noce C.M., Romano A.W., Machado N. 1995. Sedimentary evolution of the Minas Supergroup: 500 Ma
of geological record in the Quadrilátero Ferrífero of Minas Gerais, Brazil. In: Internat. Conference on Tectonics &
Metallogeny of Early/Mid Precambrian Orogenic Belts. Bureau des Congrès de la Ecole Polytechinique de Montréal,
Montreal, Canada, Resumo, p. 114
Ribeiro-Rodrigues L.C. 1998. Gold in Archaean banded iron-formation of the Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais,
Brazil-the Cuiabá mine. (Augustinus Verlag, Aachener Geowissenschaftliche Beiträge Band 27) Aachen University
of Technology, Aachen, Alemanha, Tese de doutorado, 264 p.
Ribeiro-Rodrigues L.C. 2000. Gênese e controle tectônico das mineralizações de ouro hospedadas no greenstone belt
Rio das Velhas, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais.. Relatório final de bolsa recém-doutor. Projeto FAPEMIG
CEX-1787/98. 176 p.
Ribeiro-Rodrigues L.C., Jost H., Chemale Jr. F. 1993. Posicionamento estratigráfico dos quartzitos da Serra do Caraça.
In: SBG/ Núcleo Minas Gerais, Simp. Geol. de Minas Gerais, 7, Simp. Nacional de Estudos Tectônicos, 4, Belo
Horizonte, Boletim, 12: p. 34-38
Ribeiro-Rodrigues L.C., Friedrich G., Vieira F.W.R., Chemale Jr F., Oliveira C.G. 1997. Structural styles of
greenstone-hosted gold deposits in the Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, Brazil). In: SBG, Simp. Nacional
Estudos Tectônicos, 6, Brasília, Resumos Expandidos, p. 363-366
Ribeiro-Rodrigues L.C., Friedrich G., Chemale Jr F., Oliveira C.G., Carmo V.E.F., Vieira F.W.R. 1996a. Structural
evolution of the Archaean BIF-hosted Cuiabá Gold Mine area, Iron Quadrangle, Brazil: implications for the genesis
and controls of the gold mineralization (Resumo). In: Geowissenschaftliches Lateinamerika-Kolloquium, 15,
Hamburg, Terra Nostra, 8: p. 117
Ribeiro-Rodrigues L.C., Friedrich G., Oliveira C.G., Vieira F.W.R., Biasi E.E., Callegari L.A. 1996c. The BIF-hosted
Cuiabá Gold Deposit, Iron Quadrangle, Minas Gerais, Brazil: characteristics, controls and genesis. In: Gold Deposits
of South America Symposium, Congr. Bras. Geol., 39, Salvador, Anais, 7: 224-228
Ribeiro-Rodrigues L.C., Friedrich G., Oliveira C.G., Vieira F.W.R., Callegari L.A., Biasi E.E. 1996b. Ore textures and
structures of the Archean banded iron formation Cuiabá gold deposit, Iron Quadrangle, Minas Gerais, Brazil.
Zeitbladt Geol und Paläont, I(7-8): 627-642
Robert F. & Poulsen K.H. 1997. World-class Archaean gold deposits in Canada: an overview. Aust. Journal Earth
Science, 44: 329-351
Roedder E. 1981. Origin of fluid inclusions and changes that occur after trapping. In: L.S. Hollister & M.L. Crawford
(eds) Fluid Inclusions: aplications to Petrology. (Short course 6) Mineral. Assoc. Canada, Ottawa, Canada, p. 101-
137
Roeser H., Schuermann K., Tobschall H.J. 1991. The black palladium gold of the Iron Quadrangle, Minas Gerais,
Brazil. In: E.A. Ladeira (ed) Brazil Gold’91.A.A. Balkema, Roterdam, p. 411-413.
Romano A.W., Bertrand J.M., Michard A., Zimmermann J.L. 1991. Tectonique tangentielle et décrochements d’âge
Protérozoïque inférieur (orogenèse transamazonienne, environ 2000 Ma) au Nord du “Quadrilátère Ferrifère” (Minas
Gerais, Brésil). Comptes Rendus de l’Académie des Sciences de Paris, 313: 1195-1200
Rye D.M. & Rye R.O. 1974. Homestake gold mine, South Dakota: I - Stable isotope studies. Economic Geology, 69:
293-317.
Rynearson G.A., Pomerene J.B., Dorr J.V.N. II 1954. Contato basal da Série Minas na parte ocidental do Quadrilátero
Ferrífero, Minas Gerais Brasil. Departamento Nacional Produção Mineral–Divisão de Geologia Mineral, Rio de
Janeiro, p. 1-18 (Avulso 34)
Sales M. 1998. The geological setting of the Lamego iron-formation-hosted gold deposit, Quadrilátero Ferrífero
district, Minas Gerais, Brazil. Univ. de Queens, Hamilton, Canadá, Dissertação de Mestrado, 182 p.
Saager R., Oberthür T., Tomschi H.P. 1987. Geochemistry and mineralogy of banded iron-formation-hosted gold
mineralization in the Gwanda greenstone belt, Zimbabwe. Economic Geology, 82: 2017-2032
Scarpelli W. 1991. Aspects of gold mineralization in the Iron Quadrangle, Brazil. In: E.A. Ladeira (ed) Brazil Gold’91
The economics, geology, geochemistry and genesis of gold deposits. Rotterdam, The Netherlands, A.A. Balkema, p.
151-157
Schorscher H.D. 1976. Polimetamorfismo do Pré-Cambriano na região de Itabira, Minas Gerais). In: SBG, Congr.
Bras. Geol., 29, Belo Horizonte, Resumos Expandidos, p. 194-195
Schorscher H.D. 1978. Komatiítos na estrutura “greenstone belt” Série Rio das Velhas, Quadrilátero Ferrífero, Minas
Gerais, Brasil. In: SBG, Congr. Bras. Geol., 30, Recife, Resumos Expandidos, p. 292-293
Scott H.K. 1903. The Gold-Field of the State of Minas Geraes, Brazil. Trans. Amer. Instit. Min. Engineers, 33: 406-445
Schrank A. & Machado N. 1996. Idades U-Pb em monazitas e zircões das minas de Morro Velho e Passagem de
Mariana- Quadrilátero Ferrífero(MG). In: SBG, Congr. Bras. Geol., 39, Salvador, Resumos Expandidos, 6: 470-472

59
Schrank A., Oliveira F.R., Toledo C.B., Abreu F.R. 1996. The nature of hydrodynamic gold deposits related to
Archaean Rio das Velhas greenstone belt and overlying Palaeoproterozoic Minas Basin. In: SBG, Symp. on
Archaean Terranes of the South American Platform., Brasília, Resumos Expandidos, p. 17-18
Seixas L.A.R. 1988. Geologia e metalotectos de ouro de uma fração do lineamento Congonhas, MG. Inst. de
Geociências, Universidade de Brasília, Brasília, Dissertação de Mestrado, 116 p.
Seward T.M. 1984. The transport and deposition of gold in hydrothermal systems. In: R.P. Foster (ed) Gold’82:
Geology, geochemistry and genesis of gold deposits. A.A. Balkema. Rotterdam, The Netherlands, p. 165-181
Seward T.M. 1991. The hydrothermal geochemistry of gold. In: R.P. Foster (ed) Gold Metallogeny and Exploration.
London, Black and Son Ltd, p. 37-62
Sibson R.H. 1975. Fault rocks and fault mechanisms. J. Geol. Soc. London, 133: 191-213
Sichel S.E. 1983. Geologia das rochas pré-cambrianas da região de Barão de Cocais e geoquímica preliminar dos
komatiitos do Supergrupo Rio das Velhas, Quadrilátero Ferrífero, MG. Inst. de Geociências, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Dissertação de Mestrado, 232 p.
Silva A.M., Chemale Jr. F., Heaman L. 1995. The Ibirité gabbro and the Borrachudos granite–the rift-related
magmatism of Mesoproterozoic age in the Quadrilátero Ferrífero (MG). In: SBG, Simp. Geol. Minas Gerais, 8, Belo
Horizonte, Resumos Expandidos, p. 89-90
Spooner E.T.C. 1991. The magmatic model for the origin of Archean Au-quartz vein ore systems: assessment of the
evidence. In: E.A. Ladeira (ed) Brazil Gold ’91 The economics, geology, geochemistry and genesis of gold deposits.
Rotterdam, The Netherlands, A.A Balkema, p. 313-318
Souza-Filho C.R. 1991. Metalogênese do ouro em zona de cisalhamento. área Tinguá, “Greenstone Belt” Rio das
Velhas, MG. Inst. de Geociências, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, Dissertação de Mestrado, 254 p
Souza-Filho C.R. & Schrank A. 1991. Litho-structural control, geometry and geothermometry of Tinguá gold
mineralization, Rio das Velhas greenstone belt. In: E.A. Ladeira (ed) Brazil Gold’91. Roterdam,A.A. Balkema, 319-
327.
Stacey J.S. & Kramers J.D. 1975. Approximation of terrestrial lead isotope evolution by a two-stage model. Earth and
Planetary Science Letters, 26: 207-221
Takai V., Pinto L.C., Duquini Jr. J. 1991. Córrego do Sítio gold deposit. In: E.A. Ladeira (ed) Brazil Gold ’91.
Rotterdam, A.A. Balkema, p. 811-816
Tavares P. & Carneiro M.A. 1997. Evolução tectônica do Supergrupo Rio das Velhas na região de Caeté, Quadrilátero
Ferrífero, MG. In: SBG, Simp. Geol. Minas Gerais, 14, Belo Horizonte, Resumos Expandidos, p. 79-80
Taylor B.E. 1987. Stable isotope geochemistry of ore-forming fluids. In: T.K. Kyser (ed) Stable isotope geochemistry of
low temperature fluids. (Short course 13) Mineral Assoc Canada, Ottawa, Canada, p. 337-445
Thorman C.H. & Ladeira E.A. 1991. Introduction to a workshop on gold deposits related to grenstone belts in Brazil,
Belo Horizonte, 1986. In: C.H Thorman, E.A. Ladeira, D.C. Schnabel (eds) Gold Deposits related to greenstone belts
in Brazil - deposit modeling workshop, US Geological Survey, A1-A22 (Bulletin 1980-A)
Thorpe R.I., Cumming G.L., Krstic D. 1984. Lead isotope evidence regarding age of gold deposits in the Nova Lima
district, Minas Gerais, Brazil. Rev. Bras. Geociências, 14(3): 147-152
Tolbert G.E. 1962. Structure and ore deposits of the Raposos Mine, Minas Gerais, Brazil. Univ. de Harvard,
Cambridge, EUA, Tese de doutorado, 137 p.
Tolbert G.E. 1964. Geology of the Raposos mine, Minas Gerais, Brazil. Economic Geology, 59: 775-798
Toledo C.L.B. 1997. Controle estrutural da mineralização aurífera na mina de Cuiabá, setor noroeste do greenstone
belt Rio das Velhas, Quadrilátero Ferrífero. Inst. de Geociências, Universidade Estadual Campinas, Campinas,
Dissertação de Mestrado, 166 p.
Toledo C.L.B., Xavier R.P., Schrank A., Vieira F.W.R., La Rosa M.T., Silva D. 1998. The fluid-carbonaceous matter
interaction and the deposition of gold at the Cuiabá Mine, SE Brazil. In: SBG, Congr. Bras. Geol., 40, Belo
Horizonte, Resumo, 177 p.
Torres A.G. 1975. Geologia da mina de ouro da Bela Fama, Nova Lima, Minas Gerais. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Dissertação de Mestrado, 87 p.
Touzeau E.M. 1892. Gold mining in Brazil. Trans. Fed. Inst. Min. Engineers, 4: 219-232
Tyler W.H. 1937. The south-west Mwanza Goldfield, Tanganyka. Min. Magazine, 56: 137-145
Varajão C.A.C. 1995. Evolution Supergene de L’or Riche en Palladium de la Mine de Maquiné, Quadrilatere Ferrifere,
Minas Gerais, Brésil. Univ. Aix-Marseille, França, Tese de doutorado, 215 p.
Vial D.S. 1980b. Mapeamento geológico do nível 3 da mina de Cuiabá. Relatório inédito, Mineração Morro Velho S.
A., Nova Lima, 21 p.
Vial D.S. 1983. Depósitos auríferos no Quadrilátero Ferrífero e no Distrito de Nova Lima. Relatório inédito,
Mineração Morro Velho S. A., Nova Lima, 34 p.
Vial D.S. 1988a. Mina de ouro de Cuiabá, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. In: C. Schobenhaus-Filho & C.E.S.
Coelho (eds) Metais básicos não ferrosos, ouro e alumínio. (Principais depósitos minerais do Brasil 3) Departamento
Nacional Produção Mineral/Companhia Vale Rio Doce, Brasília, p. 413-419
Vial D.S. 1988b. Mina de ouro da Passagem, Mariana, Minas Gerais. In: C. Schobenhaus & C.E.S. Coelho (eds)
Principais depósitos minerais do Brasil, metais básicos não ferrosos, ouro e alumínio, 3: 3421-430.

60
Vial D.S., Fuzikawa R., Castro E.P.G., Vieira M.M.H. 1988. The sulphide-tourmaline-quartz-vein gold deposit of
Passagem de Mariana, Minas Gerais, Brazil. In: Bicentennial Gold’88, ext. abstr. oral program. Compiled by ªD.T.
Goode & L.I. Bosma, Geol. Soc. Australia abstract series, 22: 30-35
Vieira F.W.R. 1988. Processos epigenéticos da formação dos depósitos auríferos e zonas de alteração hidrotermal do
Grupo Nova Lima, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. In: SBG, Congr. Bras. Geol., 35, Belém, 1: 76-86
Vieira F.W.R. 1991a. Gênese das mineralizações auríferas do Setor W do "Greenstone belt" Rio das Velhas, MG. In:
Simp Internacional de Geologia do Grupo AMSA, 1, Nova Lima, Relatório inédito, Mineração Morro Velho S. A.,
Nova Lima, 17 p.
Vieira F.W.R. 1991b. Textures and processes of hydrothermal alteration and mineralization in the Nova Lima Group,
Minas Gerais, Brazil. In: E.A. Ladeira (eds) Brazil Gold ‘91 The economics, geology, geochemistry and genesis of
gold deposits. Rotterdam, The Netherlands, A.A. Balkema, p. 319-325
Vieira F.W.R. 1992. Geologia da Mina de Cuiabá, Níveis 03 e 04. Relatório inédito, Mineração Morro Velho S. A.,
Nova Lima, 23 p.
Vieira F.W.R. 2000. Geologia estrutural relativa às mineralizações auríferas do Grupo Nova Lima. Relatório inédito,
Mineração Morro Velho S. A., Nova Lima, 6 p.
Vieira F.W.R. & Oliveira G.I. 1988. Geologia do distrito aurífero de Nova Lima, Minas Gerais. In: C. Schobenhaus-
Filho & C.E.S. Coelho (eds) Metais básicos não ferrosos, ouro e alumínio. (Principais depósitos minerais do Brasil
3) Departamento Nacional Produção Mineral/Companhia Vale Rio Doce, Brasília, p. 377-391
Vieira F.W.R., Biasi E.E., Lisboa L.H.A. 1991a. Geology of and excursion to the Morro Velho and Cuiabá mines. In:
R. Fleischer, J.H. Grossi-Sad, K. Fuzikawa, E.A. Ladeira (eds) Field and mine trip to the Quadrilátero Ferrífero,
Minas Gerais, Brazil. (Field guidebook of Brazil Gold’91 The economics, geology, geochemistry and genesis of gold
deposits). Departamento Nacional Produção Mineral, p. 87-99
Vieira F.W.R., Corbani-Filho M., Fonseca J.T., Pereira A., Oliveira G.A.I., Clemente P.L.C. 1991b. Excursion to the
Cuiabá gold mine, Minas Gerais, Brazil. In: C.H. Thorman, E.A Ladeira, D.C. Schnabel (eds) Gold deposits related
to greenstone belts in Brazil–deposit modeling workshop. (Part A-Excursions Bulletin 1980-A) US Geological
Survey, Reston, USA, p. A75-A86
Vielreicher R.M., Groves D.I., Ridley J.R., Mc Naughton N.J. 1994. A replacement origin for the BIF-hosted gold
deposit at Mt. Morgans, Yilgarn Block, W.A., Ore Geol. Reviews, 9: 325-347
Xavier R.P., Toledo C.L.B., Taylor B.E., Schrank A. 2000. Fluid evolution and gold deposition at the Cuiabá mine, SE
Brazil: fluid inclusions ans stable isotope geochemistry of carbonates. Rev. Bras. Geociências, 30(2): 337-341
Zucchetti M. 1998. Geoquímica dos metabasaltos do Grupo Nova Lima, Supergrupo Rio das Velhas, Quadrilátero
Ferrífero, Minas Gerais. Inst. de Geociências, Universidade Federal Minas Gerais, Belo Horizonte, Dissertação de
Mestrado, 124 p.
Zucchetti M. & Baltazar O.F. (eds) 1998. Projeto Rio das Velhas–Texto explicativo do mapa geológico integrado,
escala 1:100.000, 2 ed. Belo Horizonte, DNPM/CPRM, 121 p.
Zucchetti M., Baltazar O.F., Raposo F.O. 1998. Estratigrafia. In: M. Zucchetti & O.F. Baltazar (eds) Projeto Rio das
Velhas–Texto explicativo do mapa geológico integrado, escala 1:100.000, 2 ed. Belo Horizonte, DNPM/CPRM, 13-
42
Zucchetti M., Lobato L.M., Baars F.J. 2000. Genetically diverse basalt geochemical signatures developed in the Rio das
Velhas Greenstone belt, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, Brazil. Rev. Bras. Geociências, 30(3): 397-402

61

Você também pode gostar