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Lara Jansiski Motta, Carolina Cardoso Guedes, Sálua Haidar Reda, Sandra Kalil Bussadori, Kristianne Santos
Porta Fernandes, Manoela Domingues Martins
Vacinas anticárie: uma revisão do estágio atual
ConScientiae Saúde, núm. 5, 2006, pp. 97-107,
Universidade Nove de Julho
Brasil
ConScientiae Saúde,
ISSN (Versão impressa): 1677-1028
conscientiaesaude@uninove.br
Universidade Nove de Julho
Brasil
Como citar este artigo Fascículo completo Mais informações do artigo Site da revista
www.redalyc.org
Projeto acadêmico não lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto
Vacinas anticárie:
uma revisão do estágio atual
Lara Jansiski Motta
Unimes. Santos – SP [Brasil]
larajmotta@terra.com.br
Editorial
Sálua Haidar Reda
UBC. Mogi das Cruzes – SP [Brasil]
saluareda@msn.com
Entrevista
Uninove. São Paulo – SP [Brasil]
kristianneporta@terra.com.br
Artigos
para os autores
Instruções
Editorial
para a busca de uma vacina anticárie, citando significativa de cáries − queda de 42%.
quatro importantes linhas de pesquisa: 1) ten- Moro e Lehner (1990) resumiram os prin-
tativas de induzir a imunidade, por meio de cipais estudos apresentados durante um con-
injeção de bactérias inativadas, que resultaram gresso, no qual discutiram as vacinas contra
em uma imunização duradoura e eficiente, sem cárie. As pesquisas estavam direcionadas para
reações cruzadas com o tecido cardíaco huma- clonagem e seqüenciamento de proteínas an-
no; 2) implantação bucal de cepas artificiais de tigênicas e para aplicação desses peptídeos,
Entrevista
S. mutans, inativadas ou não, ou de proteínas de recombinantes e sintéticos, além da criação de
superfície, que dão bons resultados em símios, anticorpos monoclonais que evitam a coloni-
assim como a imunização passiva com a pro- zação dos S. mutans, ou seja, a adesão dessas
dução de anticorpos monoclonais; 3) estudos bactérias ao biofilme. As principais proteínas
com bactérias inativadas e extratos celulares antigênicas estudadas foram as de superfície
ribossomais, que provocam o aumento da pro- da bactéria, inoculadas em galinhas, cujos anti-
dução de IgA; 4) estudos com frações protéicas corpos seriam transferidos para a gema do ovo,
do S. mutans, que isolaram importantes antíge- tornando-o um produto imune, constituindo,
Artigos
nos. Entre as vias de administração, Gombos, assim, a imunização passiva. Tais proteínas
Serpico e Gaeta (1980) deram preferência à via bacterianas também poderiam ser inoculadas
oral, alegando maior praticidade e segurança, em macacos e humanos – a imunização ativa
e concluíram que a vacina seria um “auxiliar – e ser combinadas ou não a toxinas da cólera B
preventivo” em alguns locais, e uma “medida (em inglês cholera toxin B [CTB]), para aumentar
para os autores
preventiva”, em outros. a reatividade do hospedeiro, ou aos peptídeos
Instruções
Mosci e Marconi (1989) salientam a im- sintéticos para a imunização via nasal. Outro
portância dada ao sistema imune mucoso, ao método utilizado nos estudos revisados por
tecido linfóide presente nas tonsilas palati- Moro e Lehner (1990) foi a administração de
nas e nas glândulas salivares e à IgA especí- cápsulas contendo bactérias de S. mutans mor-
fica. Eles consideram a IgA conveniente, não tas, para indução da imunização ativa por via
apenas por ser secretada na cavidade bucal e gastrintestinal. Também salientaram o uso de
em razão de sua especificidade, mas também lipossomos como sistemas de administração
por ser capaz de aderir a superfície dentária à de antígenos e a necessidade de mais estudos
mucosa. Entre os estudos consultados, Mosci sobre a imunidade da mucosa, especialmente
e Marconi (1989) ressaltam a importância da em relação a uma resposta prolongada do an-
identificação das proteínas de superfície do S. ticorpo IgA.
mutans e das pesquisas, bem ou mal-sucedi- Childers, Zhang e Michalek (1994) investi-
das, sobre a imunização de animais por meio garam a eficácia do sistema de distribuição por
dessas proteínas, e justificam as dificuldades meio de lipossomos desidratados na indução
Editorial
Com o objetivo de estudar a relação en- não apenas sobre vacinas baseadas em meca-
tre o sistema imune secretor e as cáries den- nismos de adesão do S. mutans e/ou proteínas
tais, Naspitz e colaboradores (1999) avaliaram de superfície, mas também sobre a necessidade
49 crianças de 3 a 5 anos de idade, com denti- de definir uma idade ideal para tomá-las – que
ção decídua, classificadas em três grupos, da acreditam seja o período que antecede à erup-
seguinte forma: sem cárie (grupo I), uma ou ção dentária. Em relação à imunização passi-
duas superfícies com lesões de cárie (grupo va, consideram que sua vantagem é reduzir a
Entrevista
II) e muitas cáries (grupo III). Constatou-se possibilidade de reações cruzadas, apontando
baixa incidência de S. mutans no grupo I em como desvantagem a diminuição do volume
relação aos grupos II e III. A IgA secretada necessário de produção de anticorpos mono-
anti-S. mutans e os níveis de IgA, IgG e IgM clonais no leite bovino e nas plantas transgê-
não foram, significativamente, diferentes nos nicas, bem como a incorporação de anticorpos
grupos. A análise enzimática mostrou que al- sintéticos em enxaguatórios, cremes dentais
guns anticorpos foram reconhecidos na saliva. ou alimentos.
Concluíram que mais estudos seriam necessá- Para avaliar a efetividade de uma baixa
Artigos
rios para determinar o possível efeito da rea- dose solúvel ou um preparo de lipossomos
tividade para esse antígeno, na colonização S. rico em GTF na indução de respostas imunes
mutans, nessa faixa etária. da mucosa após a imunização intranasal, Li e
Balakrishnan, Simmonds e Tagg Junior colaboradores (2003) imunizaram 12 adultos
(2000) discutiram os novos métodos para a eli- pelo período de sete dias, por via intranasal,
para os autores
minação de bactérias cariogênicas da cavidade com 62,5 microgramas (μg) de solução de GTF
Instruções
bucal, entre os quais as vacinas. Existem três ou L-GTF. Aumento na resposta de IgA sali-
abordagens no desenvolvimento de vacinas var anti-GTF (p < 0,03) foi visto no L-GTF, mas
anticárie: oral, sistêmica e imunização passi- não no grupo de solução de GTF. Um aumen-
va. Estudos com a imunização sistêmica resul- to significante (p < 0,05) na média da ativi-
taram em anticorpos IgG com reação cruzada dade específica do anticorpo da IgA também
dos tecidos do coração e do fígado, excluindo o foi constatado na secreção nasal em ambos os
uso desse tipo de preparação em estudos com grupos. Embora as respostas à secreção nasal
humanos. A administração oral, por sua vez, tenham sido mais altas com L-GTF, ela não foi,
gerou uma resposta mediada por anticorpos significativamente, diferente da observada no
IgA, presente nas secreções, e não desenvolveu grupo GTF. O grupo imunizado com E-GTF
resposta por anticorpos do soro, minimizando mostrou uma resposta sérica de IgG maior que
os riscos de danos a outros tecidos do corpo. a do grupo imunizado com L-GTF no 90º dia
Os experimentos com imunização passiva tam- (p < 0,05). Esses resultados indicam que pouco
bém foram muito promissores e, em geral, re- mais de 62,5 μg de GTF, quando administrados
Editorial
Para Tenovuo e Aaltonen (1991), os níveis
Há outras diferenças nos papéis poten-
de IgM no soro não parecem relacionados aos
ciais das duas subclasses de IgA. Os antígenos
índices de cárie verificados nas crianças, ocor-
protéicos e carboidratos estimulam, predomi-
rendo uma associação mais freqüente da titu-
nantemente, resposta de IgA1, enquanto os li- lação com lactobacilos do que com S. mutans. A
pídeos induzem, primariamente, os anticorpos IgG e os índices de cárie também não apresen-
IgA2. Isso é importante, pois a vacina contra tam vínculo; parecem participar da prevenção
Entrevista
cárie poderia ser mais eficaz se anticorpos IgA2 à colonização do dente por S. mutans, e sua pre-
fossem produzidos, contornando a neutraliza- sença nos infantes estaria inversamente relacio-
ção dos anticorpos IgA1 pelas proteases na sali- nada à atividade de cárie materna.
va (GREGORY, 1994). Há receio de que a proteína “M” da su-
Bactérias mortas provaram ser mais efeti- perfície de certos estreptococos provoque uma
vas na imunização bucal do que os fragmentos reação imune contra o tecido cardíaco. No en-
de antígenos bacterianos na indução de respos- tanto, segundo Ma (1999), não está claro que os
antígenos de S. mutans provoquem tal reação.
Artigos
tas imunes salivares. Essas bactérias induzem
respostas do sistema imune secretor maiores Balakrishnan, Simmonds e Tagg Junior (2000)
do que os fragmentos de antígeno, porque as também observaram a mesma preocupação em
placas de Peyer, no sistema imune comum da relação à IgG.
mucosa, são mais eficientes na captação e no A imunização passiva é outra abordagem
processamento de célula bacteriana. Por outro de vacina contra cárie que oferece muitos bene-
para os autores
fícios. Animais alimentados com leite contendo
lado, fragmentos de antígenos em determina-
Instruções
anticorpos de vacas imunizadas têm, significa-
dos adjuvantes solúveis induzem, oralmente,
tivamente, menos lesões cariosas do que os con-
níveis locais de IgA salivar maiores do que a
troles que se alimentam de leite sem os anticor-
administração de bactérias mortas (GREGORY,
pos. Além disso, anticorpos específicos anti-S.
1994).
mutans de gema de ovo de galinhas imunizadas
Estudos fornecem evidências de que os
demonstraram boa proteção contra cárie indu-
adjuvantes solúveis são efetivos para aumentar zida por S. mutans. Essas abordagens sugerem
as respostas de IgA aos antígenos do S. mutans, a inclusão de anticorpos do leite bovino ou da
desde que sejam administrados por via oral, o gema de ovo em vários alimentos (MICHALEK;
que leva à maior proteção contra cáries dentá- CHILDERS, 1990; GREGORY, 1994; CIRINO;
rias (GREGORY, 1994). O método apresentado SCANTLEBURY, 1998; BALAKRISHNAN;
consiste na administração de cápsulas contendo SIMMONDS; TAGG JUNIOR, 2000; MIRANDA
bactérias de S. mutans mortas para indução da et al., 2001; GIACHINI; PIERLEONI, 2002;
imunização por via gastrintestinal. KOGA et al., 2002).
Editorial
e, segundo, há muito mais crianças sem cáries Key words: Dental carie. Prevention.
(GREGORY, 1994; NASPITZ et al., 1999). Vaccines.
Gombos, Serpico e Gaeta (1980),
Balakrishnan, Simmonds e Tagg Junior (2000) e
Simmonds, Tompkins e George (2000) afirmam
que a indústria farmacêutica ainda não teria Referências
Entrevista
interesse na produção de uma vacina anticárie,
em razão de os lucros serem pequenos se com-
BALAKRISHNAN, M., SIMMONDS, R. S.; TAGG
parados com o risco de efeitos colaterais e de
JUNIOR. Dental caries is a preventable infectious disease.
ações legais. Por outro lado, Gombos, Serpico
e Gaeta (1980) concluem que a vacina seria um Australian Dental Journal, Sydney, v. 45, n. 4, p. 235-245,
Artigos
O custo das vacinas contra as doenças que BAYONA-GONZÁLEZ, A.; LOPEZ-CAMARA, V.;
acometem a cavidade bucal não deve ser julgado GOMEZ-CASTELLANOS, A. Prevención de caries por
isoladamente, e sim comparado aos gastos com
lactobacilos (resultados finales de un ensayo clinico sobre
medidas preventivas e aos tratamentos curati-
caries dental con latobacilos muertos [estreptococos y
vos atuais. A cárie tem um custo socioeconômi-
para os autores
lactobacilos] por via oral). Práctica Odontológica, Ciudad de
co elevado, ao deslocar, por exemplo, a popu-
Instruções
lação economicamente ativa para tratamentos México, v. 11, n. 7, p. 37-39; 42-43; 45-46, 1990.
As propostas de introduzir novas va- mutans streptococci. Journal of the California Dental
cinas contra doenças em seres humanos Association, Sacramento, v. 31, n. 2, p. 135-138, 2003.
sempre esbarram em aspectos éticos e po- Disponível em: <http://www.cdafoundation.org/journal/
lítico-econômicos (BAYONA-GONZÁLEZ;
jour0203/berkowitz.htm>. Acesso em: 30 nov. 2006.
LOPEZ-CAMARA; GOMEZ-CASTELLANOS,
1990; MANDEL, 1996). No caso das vacinas an-
BOWEN, W. H. Vaccine against dental caries: a personal
ticárie, a principal questão é o fator risco-bene-
view. Journal of Dental Research, Chicago, v. 75, n. 8, p.
fício, pois existem experimentos que mostram
reação imune cruzada com o tecido cardíaco 1530-1533, 1996. Disponível em: <http://jdr.iadrjournals.
induces salivary immunoglobulin A2 antibody responses. implication in dental root caries and endocarditis.
Biochemical and Biophysical Research Communications,
Oral Microbiology and Immunology, Copenhaguen, v. 9, n. 3,
Reading, v. 343; n. 3, p. 787-792, 2006.
p. 146-153, 1994.
reprint/81/1/48.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2006. Chicago, v. 127, n. 10, p. 1.477-1.488, 1996.
Editorial
SIMMONDS, R. S.; TOMPKINS, G. R.; GEORGE, R. J.
Dental caries and the microbial ecology of dental plaque:
a review of recent advances. The New Zealand Dental
Journal, Dunedin, v. 96, n. 424, p. 44-9, 2000.
Entrevista
Artigos
para os autores
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