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“Desde então e ao longo de sua história, a fotografia foi marcada por polêmicas ligadas aos
seus usos e funções.” p.2
“No entanto, entre o sujeito que olha e a imagem que elabora há muito mais que os olhos
podem ver. A fotografia - para além da sua gênese automática, ultrapassando a idéia de
analogon da realidade - é uma elaboração do vivido, o resultado de um ato de investimento de
sentido, ou ainda uma leitura do real realizada mediante o recurso a uma série de regras que
envolvem, inclusive, o controle de um determinado saber de ordem técnica.” p.3
“Desde a sua descoberta até os dias de hoje a fotografia vem acompanhando o mundo
contemporâneo, registrando sua história numa linguagem de imagens. Uma história múltipla,
constituída por grandes e pequenos eventos, por personalidades mundiais e por gente
anônima, por lugares distantes e exóticos e pela intimidade doméstica, pelas sensibilidades
coletivas e pelas ideologias oficiais.” p.5
“Novos temas passaram a fazer parte do elenco de objetos do historiador, dentre eles a vida
privada, o quotidiano, as relações interpessoais, etc. Uma micro-história que, para ser
narrada, não necessita perder a dimensão macro, à dimensão social, totalizadora das relações
sociais. Neste contexto, há uma história social da família, da criança, do casamento, da morte
etc.” p.6
“Tais preocupações, associadas a uma perspectiva sociológica que distingue, entre outros
aspectos, a importância em considerar a dimensão de classe da produção simbólica, bem
como o papel da ideologia, na composição de mensagens socialmente significativas, e da
hegemonia como processo de disputa social que se estende à produção da imagem.” p.7
“Tal perspectiva remete ao circuito social da fotografia nos diferentes períodos de sua
história, incluindo-se , nesta categoria, todo o processo de produção, circulação e consumo
das imagens fotográficas. Só assim será possível restabelecer as condições de emissão e
recepção da mensagem fotográfica, bem como as tensões sociais que envolveram a sua
elaboração. Desta maneira, texto e contexto estarão contemplados.” p.8
“Tais regras não são geradas espontaneamente; na verdade, resultam de uma disputa pelo
significado adequado às representações culturais. Sendo assim, sua aplicação por parte dos
leitores/destinatários envolve, também, a situação de recepção dos textos visuais.” p.9
“Historicamente, a fotografia compõe, juntamente com outros tipos de texto de caráter verbal
e não-verbal, a textualidade de uma determinada época. Tal idéia implica a noção de
intertextualidade para a compreensão ampla das maneiras de ser e agir de um determinado
contexto histórico [...]” p.10
“A fotografia deve ser considerada como produto cultural, fruto de trabalho social de
produção sígnica. Neste sentido, toda a produção da mensagem fotográfica está associada aos
meios técnicos de produção cultural. [...] O primeiro passo é entender que, numa dada
sociedade, coexistem e se articulam múltiplos códigos e níveis de codificação, que fornecem
significado ao universo cultural dessa mesma sociedade. Os códigos são elaborados na
prática social e não podem nunca ser vistos como entidades históricas.” p.11
“Toda a imagem é histórica. O marco de sua produção e o momento da sua execução estão
indefectivelmente decalcados nas superfícies da foto, do quadro, da escultura, da fachada do
edifício.” p. 15