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Capítulõ 6
lJ'rauma dê 'Tór~
1. Objetivos
Os objetivos deste capítulo são:
a) Conhecer a anatomia e fisiologia do sistema respiratório;
b) Reconhecer a necessidade de diagnosticar precocemente as lesões do tórax que podem
comprometer a vida do traumatizado;
c) Conhecer as técnicas das manobras invasivas que visam a estabilização das condições
vitais do traumatizado, bem como suas indicações, contra-indicações e complicações;
d) Conhecer e tcr habilidades para prcparar o material indicado para realização destas
manobras, bem como auxiliar nas mesmas.
2. Introdução
Os traumatismos torácicos representam a :principal causa de mortes, diretas em
traumatizados. Cerca de 85% das vítimas de trauma de tórax podem ser tratadas com
sucesso através de procedimentos clínicos como analgesia, fisioterapia respiratória e
ventilação adequada ou procedimentos cirúrgicos como a drenagem torácica. A
toracotomia na sala de urgência lica restrita a 15% dos casos.
3. Anatomia
Didática e funcionalmente o sistema respiratório se divide em duas partes: porção
de condução e porção de respiração, conforme visto no capítulo de abordagem das vIas
aéreas.
A caixa tOl·úcica é formada anteriormente pelo osso esterno, que se divide em
manúbrio, corpo e apendice xitoide; por 12 pares de costelas, sendo que as sete primeiras
são fixadas ao esterno pelas cartilagens costais e posteriormente com a vértebra torácica
correspondente (costelas verçladeiras); as cartilagens do 8°. 9° e 10° pares de costelas
unem-se umas às .outras e após, na cartilagem do r par (costelas falsas); e os dois últimos
pares não se ligam ao esterno. fixam-se apenas as vértebras torácicas posteriormente
(costelas 1lutuantes). como mostra a figura 6.1.
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!\l.JST·- 111<1110"r<lS .. 1l'Cl/lçadas de' Si/flor/c ar) Ji'(//lII/{! c Urgêl/cia (',"'dio\'l/SCllfar 20! i
Ineisura
_ _ supra-estemal
Cartilagem
costal
(hi3lina)
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Laringe
Traquéia
Cavidadc l'lcllral----j'h
Bronquíolo Esq.
Bronquíolo Terminal Bronquíolo Terminal Esq.
Dialragma
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- Região mamál'Ía (5) - região compreendida entre o terceiro e o sexto arco costal, e
lateralmente limitada pelas linhas axilar anterior e estemal;
- Região infral11al11ária (6) - limitada pelo sexto arco costal até o rebordo costal e
lateralmente essa região vai até a linha axilar anterior.
b. Face Lateral do Tórax: as linhas verticais que compreen~em essa face são: linha axilar
anterior, média e posterior, delimitando as seguintes
regiões (fig, 6.4):
- Região Axilar (7) - limitada lateralmente pela linha
axilar posterior e anterior, superiormente pelo côncavo
axilar e abaixo pela linha que passa pela sexta
articulação costal;
- Região infra-axilar (8) - limitada lateralmente pela
linha axilar posterior e anterior, superiormente pela Fig,6.4
sexta articulação costal e inferiormente pelo rebordo costal.
c) Face Postedor do Tórax: existem duas linhas verticais denominadas vertebrais (corre
sobre as vértebras) e escapular (passa pela borda interna da escápula de ambos os lados), e
ainda duas linhas horizontais, uma passa pela borda superior e outra pela inferior,
delimitando as regiões:
- Região supra-escapular (9) - acima e lateralmente é limitada pela borda superior do
trapézio, inferiormente pela linha da borda superior da escápula e internamente pela linha
vertebral;
- Região escapular (10) - coberta pela escápula;
- Região illter-escapulovertebral (11) - compreendida
pelo espaço entre a linha vertebral e a linha escapular, e
limitada inferior e superiormente pelas linhas horizontais ~ '3 9 91_
Fig,6.5
,f
4. Fisiologia
O pulmão é o órgão que mantém o maior contato com o meio ambiente, cerca de 90
vezes mais do que a pele. Sua área de superfície alveolar chega a 90 m2 , com uma rede
capilar de 70 ni, sendo o único órgão que recebe todo o sangue bombeado do coração, via
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ventrículo direito e artéria pulmonar. O ar e o sangue ficam em contato íntimo, separados
por uma membrana de 0,5/1 de espessura, e são mais de 10.000 litros de ar que entram e
saem dos pulmões diariamente.
O ar entra e sai dos pulmões devido às diferenças alternadas de pressão geradas
pela contração e relaxamento dos músculos respiratórios. A complacência pulmonar e a
tensão superíicial dos alvéolos influenciam no esforço respiratório e na velocidade do
fluxo de ar.
Momentos antes da fase inspiratória, a pressão no interior dos pulmões é de
760mmI-Ig ou de latm. Para que o ar possa entrar nos pulmões é necessário que a pressão
dentro dos alvéolos diminua, para isso aumenta-se o volume dos pulh1ões.
A pressão de um gás dentro de um recipiente fechado é inversamente proporcional
ao volume do recipiente. Assim, quanto maior for o volume do recipiente, menor será a
pressão do gás dentro deste.
O diafragma. principal músculo dã inspiração, forma o assoalho da cavidade
torácica, e sua contração aumenta a dimensão vertical da caixa torácica. É inervado pelos
nervos frênicos, que emergem dos níveis cervicais de C3, C4 e C5. Com o aumento da
cavidade torácica, há um aumento da cavidade pleural, o que diminui ainda mais a pressão
intra-pelural, que já é negativa. Como o espaço intra-pleural é virtual, à medida que a
pleura parietal é puxada para fora pela caixa torácica, a pleura visceral acompanha o
movimento. Esta pleura está intimamente ligada aos pulmões, assim há uma expansão
destes, aumentando a diferença entre a pressão atmosférica e a dos alvéolos. Como o ar flui
de uma região de alta pressão para uma região de baixa pressão, ele entra nos pulmões.
Durante inspirações forçadas, músculos acessórios participam do aumento da
cavidade torácica, como os intercostais, o estcrnocleidomastoidco, os escalenos e o peitoral
maJor.
A expiração é um processo passivo, que ocorre quando a pressão nos pulmões é
maior que a pressão atmosférica; a parede torácica e os pulmões tendem a retornar às suas
posições iniciais. Durante a expiração forçada, músculos da parede abdominal e torácica
participam nesta fase.
Outros fatores influem na ventilação pulmonar:
- tensão superfichll do líquido alveolar: uma fina camada de liquido alveolar recobre a
face lumii1al dos alvéolos e exerce uma força conhecida como tensão superficial, que nos
pulmões levam os alvéolos a assumirem o menor diâmetro possível, sem colabarem;
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- complacência pulmonar: retere-se ao esforço necessário para estirar os pulmões e a
parede torácica. Alta complacência significa facilidade para expansão, ao contrário de
baixa complacência que exige maior esforço para inflar;
- resistência da via aérea: o t1uxo de ar é igual à diferença de pressão entre os alvéolos e
a atmosfera dividido pela resistência. As paredes das vi~s aéreas, principalmente os
bronquíolos, fornecem resistência à passagem de ar. Durante a inspiração as paredes dos
bronquíolos são puxadas para fora, em todas as direções, dilatam-se, diminuindo assim a
resistência. Vias aéreas de maiores calibres têm menos resistência, processo contrário
ocorre na expiração, onde o diâmetro dos bronquíolos diminui e a resistência aumenta.
A resistência aumentada das vias aéreas é a marca registrada da asma ou da doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) - enlisema ou bronquite crônica.
Em repouso, o adulto respira, em média, 12 vezes por minuto, com cada inspiração
e expiração movimentando cerca de 500ml de ar para dentro e para fora dos pulmões. As
trocas de oxigênio (0 2) e dióxido de carbono (C0 2 ) entre o ar dos alvéolos e sangue
pulmonar acontecem por difusão. Cerca de 98,5% de O2 é transportado em combinação
química com a hemoglobina, dentro dos glóbulos vermelhos. O restante, 1,5% é
transportado dissolvido pelo plasma. O CO2 é transportado sob três formas principais:
dissolvido (7%); compostos carbaminos (23%), combinados com a globina da
hemoglobina (como carbaminoemoglobina); e sob a forma de bicarbonato, que chega aos
alvéolos e é exalado. Ao mesmo tempo o O2 inalado difunde-se a partir dos alvéolos para
as células sangüíneas velmelhas, fixando-se na hemoglobina.
O centro respiratório é responsável pelo ritmo básico da respiração, pela
coordenação entre a inspiração e a expiração. As respirações podem sofre influência de
diversos fatores como: níveis de O2, CO2 e 1-f+.
O padrão da respiração pode ser alterado voluntariamente, pode-se até mesmo parar
de respirar por um curto período de tempo. Porém, este período é limitado pelo aumento de
CO 2 e H+ no sangue, que estimulam a área inspiratória e impulsos nervosos são enviados
para os nervos frênicos e intercostais, recomeçando a respiração mesmo contra a vontade.
No seio carotídeo e no arco aórtico, existem quimiorreceptores periféricos, que
também respondem à queda de O2 • Os quimiorreceptores centrais, localizados no bulbo,
parte central do sistema nervoso, também são estimulados pelo aumento da PC02 (pressão
parcial de CO2), porém respondem mais rapidamente que os periféricos, já que o aumento
de C02 é maior no líquido cefalorraquidiano (LCR) do que no sangue, porque o LCR
contém menos tampões que o sangue.
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MAST - A!al/oh/,(/.\' A I'ullç'adas de S/lf.'o,.,e UII Trcllll/lil e U/'p'(Jnc;lI C,lI'd;m'uscwa/' 2011
encontradas ao exame flsico devem ser descritas seguindo a orientação das linhas que
determinam as regiões do tórax, como já descrito, evitando-se a utilização de termos
confusos. A pesquisa do mecanismo de trauma pode alertar para a possibilidade de lesões
torácicas e precede o exame físico que, por sua vez deve ser realizado segundo a
seqüência:
a) Inspeção:
a.l) pesquisar: escoriações, abrasões, cicatrizes, afundamentos (sinal de fratura de arcos
costais), hematomas, assimetria na expansão torácica durante a inspiração (pneumotórax
ou hemotórax), perfurações, traumatopnéia (pneumbtórax aberto), objetos impactados,
dispnéia e taquipnéia (FR fisiológica: entre 16 e 20 movimentos respiratórios por minuto) e
e,üisema subcutâneo (pneumotórax hipertensivo ou trauma de traquéia). Durante a
inspeção do tórax deve ser realizada também a inspeção do pescoço a procura de jugulares
dilatadas (pneumotórax hipertensivo ou tamponamento cardíaco);
a.2) Formato do Tórax: o tórax normal conserva uma relação de 2:1 entre o diâmetro
ântero-posterior e látero-Iateral, sendo o último duas vezes maior que o primeiro. Algumas
doenças podem alterar esta relação e sugerir doenças pré-existentes que devem ser
detectadas durante a avaliação primária, como:
- Formato Globoso: a relação entre os diâmetros é de 1:1 e pode sugerir doenças crônicas
obstrutivas como DPOC. asma e bronquiectasia. Pode ainda estar relacionado a alterações
degeneratiyas, próprias do envelhecimento;
- Tórax em peito de pombo: definido por uma proeminência do esterno que pode ser
congênita ou adquirida. Na forma congênita a alteração se pronuncia com o
desenvolvimento da criança. A causa mais freqüente da fomla adquirida (50% dos doentes)
se deve ao aumento do ventrículo direito, mas também pode ser causado por asma"grave
persistente na infância;
- Tórax em peito escavado: o tórax se deprime permitindo que os arcos costais anteriores
se projetem mais que o esterno, porém não traz nenhuma repercussão clínica;
Cifoescoliose: determinada pela curvatura torácica lateralmente (escoliose),
posteriormente (cifose) ou uma combinação das duas alterações (cifoescoliose). Pode ser
significativo de doenças como: neurofibromatose, distrofia muscular, seqüela de
poliomielite.
b) Palpação:
b.I) pcsquisnr: dor, creptação (sugere fratura de arcos costais), enfisema subcutâneo (pode
evidenciar pneumotórax e trauma de traquéia):
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1\/.-/.\7"- ,lful/o/>r(/s Avunç(/dos de S'l!purtc ,/f) 7i'tl/lllla t' I !rghiciu CardiOl'(/Scu/ar:!O!!
Fig.6.6
- lobo médio: as mãos do examinador deverão alcançar o côncavo axilar até a linha axilar
posterior. Neste caso a prega cutânea aparece entre os polegares ao nível da linha médio
esternal, que deverá se desfazer simetricamente com a respiração profunda (fig. 6.7);
Fig.6.7
- lobos inferiores: a expansibilidade dos lobos inferiores é quase que exclusivamente
lateral. O examinador posiciona as mãos no tórax posterior atingindo o côncavo axilar até a
linha axilar anterior e a prega cutânea deverá aparecer na linha vertebral, e desfeita
simetricamente com a inspiração profunda. Esta manobra poderá ser abolida na avaliação
do traumatizado pela necessidade de manter o paciente sentado.
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l\IAST - Mal70hras Al'ançl1dl1s de Supor/e ([() 1',.01111/(/ e Urgência Cal'diOl'lIsculal' l011
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6. Fisiopatologia
O tórax abriga os órgãos centrais da respiração e circulação, funções vitais
responsáveis pela captação e transpOlie de oxigênio e representa 18% da superfície
corporal, em posição proeminente, razão pela qual é alvo fácil nas colisões
automobilísticas e agressões.
A hipóxia, a hipercabia e a acidose são resultados freqüentes do trauma torácico.'
a) hipóxia: resulta em uma inadequada ofelia de oxigênio aos tecidos e pode ser causada
pela obstrução das vias aéreas; por alterações na relação ventilação / perfusão pulmonar
como na contusão, hematoma, colapso alveolar, dentre outras; por alterações pressóricas
intratorácicas como no pneumotórax hipertensivo e pneul1lotórax abelio e pela
hipovolemia;
b) hipercabia: resulta de ventilação inadequada secundária às alterações pressóricas
intratorácicas e de queda do nível de consciência;
c) acidose metabólica resultante de hipoperfusão tecidual.
7. Avaliação Inicial
A avaliação inicial do traumatizado deve estar centrada na sistemática do protocolo
proposto ABCDE:
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ALlST -- Manohras .. II'onçodas de ,','lI/)()rle 00 Tral//IIa c Urgencia Cardim'osclI/a/' 20//
a) vias aéreas: na avaliação das vias aéreas deve-se identificar, rapidamente os sinais
sugestivos de obstrução e realizar as manobras para manter a sua penneabilidade. Em
algumas circunstâncias, a respiração e a permeabilidade de vias aéreas podem estar
comprometidas por lesões traumáticas de tórax, como fraturas e luxações da articulação
esterno-clavicular, podendo dificultar a intubação pela compressão da traquéia, muitas
vezes exigindo sua redução;
b) respiração e ventilação: através da história do trauma e da clúlÍca do paciente deve-se
pesquisar os sinais sugestivos de lesões que comprometam a ventilação. Para isso o
pescoço e o tórax do paciente devem ser expostos para se efetuar o exame fisico de tórax;
c) circulação: considerar neste item os sinais sugestivos de rupovolenlÍa que
conseqüentemente comprometam a ventilação e podem estar associados às lesões em tórax.
Importante lembrar que quando o paciente tem um choque llÍpovolêmico associado, as
jugulares podem não estar distendidas na presença de tamponamento cardíaco,
pneumotórax hipertensivo ou lesão traumática diafragmática. Além da reposição volêmica
e da identificação does) ponto(s) de sangramento(s), neste momento deve-se avaliar e
monitorar a função cardíaca, principalmente quando há evidência ou suspeita de
traumatismo em tórax.
Na avaliação inicial é fundamental identificar as Cll1CO condições capazes de
produzir choque e óbito precoce, a saber:
- pneumotórax hipertensivo;
- pneumotórax aberto;
- hemotórax maciço;
- ruptura de aorta; e
- tamponamento cardíaco.
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"':181'- Mal7"hras Al'<llIçadlls de S'ufJortc (/O 7h1l!lIlo e Ur,í!.ólé'Ía Curdio1'</scufar 2()f1
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Insuficiência Respiratória
Trauma de
Tórax ~
e / ou J HIPÓXIA
J
colapso hemodinâmico
a) Pneumotórax Hipertensivo
É caracterizado pelo acúmulo progressivo de ar no espaço existente entre a pleura
visceral e parietal, em conseqüência de lesão pleural que cria uma válvula de mão única,
fàzendo com que a pressão nesta cavidade se torne cada vez mais positiva em relação à
atmosfera, produzindo o colapso do tecido pulmonar (figura 6.10). A persistência dessa
condição leva ao desvio do mediastino para o lado contra lateral, prejudicando o retorno
venoso, levando à instabilidade hemodinâmica. As causas mais comuns para esta
anormalidade são: traumática, espontânea e iatrogênica. A causa iatrogênica pode ser
representada pela ventilação mecânica inadequada ao produzir um barotrauma ou
transformar um pneumotórax pequeno em hipeliensivo por aumento da pressão alveolar.
Outra situação iatrogênica é a perfuração pleural através da cateterização de uma veia
central.
Entre os efeitos orgânicos, pode-se relacionar:
- acúmulo de ar no espaço intrapleural: desvio da traquéia para o lado contra lateral ao
pneumotórax e compressão do pulmão oposto, causando hipoventilação;
- desvio do mediastino: pode provocar angulação da junção cavo-atrial determinando
distensão da veia jugular e diminuição do retorno venoso com conseqüente diminuição do
débito cardíaco e hipotensão aIierial;
- agitação;
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MAST - 11 IUllo!Jrlls A paliçadas de Suporte ao 7Í'c1/!/I/(/ e Ul'géllcia Curdiol'(/scular 2011
- taquicardia;
- dispnéia;
- timpanismo;
- ausência de murmúrio vesicular;
- cianose - pode aparecer mais tardiamente; e
- enfisema subcutâneo: resultante do extravasamento de
ar do pulmão lesado.
A pesqmsa de sinais sugestivos do Fig. 6.10
p11eumotórax hipertensivo deve estar fundamentada
no exame físico:
Inspeção pesquisar escoriações, hematomas, afundamentos, assimetria na
expansibilidade torácica, objetos impactados, perfurações, presença de jugulares
distendidas;
- Palpação - pesquisar dor, crepitação, enfisema subcutâneo;
- Percussão - verificar a presença de timpanismo;
- Ausculta - pesquisar a diminuição ou ausência de murmúrio vesicular.
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MAST - Manobras Avançadas de Suporte ao Trauma e Urgênciu C(/rdiovascular 20!l
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MAST - A!uno/Jrus A l'l/llçadas de SlIporte C/o 7i"OIlIl/(/ e Urgência Cardiu\·'usclI!ar lO 11
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MAST - Jl!ol1uhrus A l'alli,'adas de SUf!orte ao TrL/IIl1/a e Urgência CardiovlIscII!ar :!.O 11
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.,
-,-
e) Tamponamento Cardíaco
O saco pericárdico é uma estrutura fibrosa inelástica e não supOlia o acúmulo de
grande volume agudamente no seu interior. Assim, um pequeno acúmulo de sangue neste
espaço pode ser suficiente para restringir o débito cardíaco, caracterizando o
tamponamento cardíaco, que se traduz clinicamente por choque obstrutivo.
Freqüentemente é causado por lesões penetrantes no tórax, porém pode ser causado
também por trauma contuso.
A definição diagnóstica pode ser feita pelo exame físico adequado do paciente,
através das etapas:
- Inspeção - lesões perfurantes na porção tóraco-abdominal, sinais sugestivos de alteração
hemodinâmica (cor da pele e sudorese), dilatação das veias jugulares por elevação da
pressão venosa central (porém este sinal pode estar ausente na presença de choque
hipovolêmico concomitante);
- Ausculta - hipofonese de bulhas cardíacas;
- Caracterizar a Tríade de Beck - hipotensão atierial, abafamento de bulhas cardíacas e
estase jugulat·.
O tamponamento cardíaco pode ser confundido com pneumotórax hipertensivo e a
diferenciação diagnóstica é feita através do exatne físico, que compreende: timpanismo e
diminuição ou ausência de murmúrio vesicular - pneumotórax hipertensivo; bulhas
cardíacas hipofonéticas e murmúrio vesicular normal- tamponamento cardíaco.
O tratamento imediato visa a reposição volêmica e a descompressão do saco
pericárdico para liberação da função cardíaca, através da pericardiocentese. Realizada pela
introdução de uma agulha em um ângulo de 45° na região sub-xifóidea em direção do
ângulo escapular esquerdo, até o espaço pericárdico. Para "realização deste procedimento é
indispensável a monitorização cardíaca para detecção de possíveis alterações de COlTente
miocárdica e arritmias induzidas pela agulha. Pericardiocentese (figura 6.14 e 6.15)
promove um alívio temporário dos sinais e sintomas, mas a terapêutica definitiva objetiva a
adoção de medidas cirúrgicas para a correção da lesão (toracotomia).
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MAST - Mal/obras Avançadas de Suporte (lO TraufIla e Urgéllcia Cardiol'asclI!ar 20! /
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MA,','T J!(//whrils ,·!nlllradas de S/lpur/c (f o 7h/11I/1a e Urgencia ClIrdiu\"Oscu!ar lO' ,
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lvJAST - Manobras Avançadas de Suporte ao Trauma e Urgência Cardiovascular 2011
São lesões raras que provocam importante obstrução em vias aéreas e dispnéia.
Eratura de Os sinais evidentes destas lesões são: rouquidão, enfisema subcutâneo e
Laringe creptação durante a palpação. Este é o único caso em que a traqueostomia está
indicada na sala de trauma.
Estas lesões são muito importantes pelo alto índice de mortalidade. Um grande
número de vítimas morrem na cena do acidente. Entre os que chegam no
hospital, a mortalidade atinge 30%, por apresentar lesões associadas como
Trauma de pneumotórax hipertensivo, com desvio do mediastino. Os sinais sugestivos são:
Brônquio hemoptise, enfisema subcutâneo, dificuldade respiratória, sinais de
hipoventilação e hipóxia. A intubação traqueal, quando indicada, pode estar
dificultada pela distorção anatômica secundária aos hematomas. O paciente
deve sofrer intervenção cirúrgica de urgência.
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