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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE DIREITO
GRADUAÇÃO EM DIREITO
DISCIPLINA: PESQUISA JURÍDICA
DOCENTE: JOSÉ GERALDO DE SOUSA JÚNIOR
DISCENTE: ALESSANDRA OLIVEIRA BARBOSA
autora, estes asseguram maior valor à positivação das leis, atribuindo maior valor à
previsibilidade.
Segundo Celia Amorós (1995, p. 223), conforme citada por Táboas (2017, p. 341),
apesar de participarem ativamente de todo o processo, as mulheres ainda eram consideradas “el
tercer Estado del tercer Estado” - fazendo menção ao sistema de estratificação social, composto
por primeiro estado (clero), segundo estado (nobreza) e terceiro estado (burguesia e servos),
aonde, segundo Amorós, as mulheres estavam no nível social mais inferior -, não sendo
“consideradas sujeitas de direitos” (TÁBOAS, 2017, p. 341).
É papel, portanto, dos métodos jurídicos feministas, descobrir as lutas das mulheres,
eliminando toda “a repressão e silenciamento” (TÁBOAS, 2017, p. 342) “presentes ao longo
das construções jurídicas modernas” (TÁBOAS, 2017, p. 342). Para isso, torna-se cabível a
proposta metodológica de Katherine Bartlett, que trata, primeiramente da pergunta pela mulher,
ou seja, questiona-se em que lugar estão as mulheres em comparação aos homens, objetivando-
se revelar todas as desigualdades de gênero. Para deixar mais evidente essa situação, Táboas
apresenta o desenrolar da legislação até a aprovação da Lei 13.104, que trata do “feminícidio
como circunstância qualificadora do crime de homicídio” (TÁBOAS, 2017, p. 343). Percebe-
se, para tanto, o total desconhecimento da realidade das mulheres por parte da legislação, visto
que antes da lei do feminícidio entrar em vigor, o inciso II da antiga lei, trazia a condição de
“motivo fútil” para classificar homicídio qualificado. Seria, como levantado por Táboas, essa a
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visão do legislativo no que diz respeito a violência doméstica sofrida por milhares de mulheres
todos os dias em nosso país? Ou ainda aplicar sob o parágrafo 1º, dando ao agressor a
oportunidade de diminuição de pena, pois encaixa-se em um suposto “domínio de violenta
emoção”? São questões como essa que encaminham para o segundo âmbito proposto por
Bartlett: a razão prática feminista.
Esta razão prática busca dentro dos casos concretos, explicações e fundamentos para
E por fim, como que num processo, o terceiro âmbito baseia-se na formação de
consciência. Táboas faz um apelo às mulheres que já sofreram algum tipo violência, a
pronunciarem-se e compartilhar suas experiências a fim de estabelecer debates a esse respeito.
Segundo ela, esse tipo de atitude abre portas para a formação de consciência do campo jurídico,
influenciando em suas decisões.
Consoante a isso, entendo o papel desses métodos jurídicos feministas no cotidiano das
mulheres como a oportunidade para se estabelecer um pensamento mais igualitário no âmbito
jurídico, visto a grande desigualdade existente. Para isso, faz-se necessário reconhecer o valor
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e o papel da mulher nas grandes produções teóricas, entendendo que esse papel de submissão,
que por tanto tempo lhes foi empregado, não cabe mais, dando à elas mais liberdade,
emancipação e autonomia para se colocarem frente ao mundo. Ísis Táboas apresentou um
método que gera um processo de conhecimento do real lugar da mulher dentro da sociedade e
do Direito, não mais submissa e escondida, mas agora reconhecida como produtora de seus
trabalhos e ideias, à frente da batalha que todos os dias lhe é imposta, combatendo as
dificuldades que surgem.