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Leonardo MOZDZENSKI2
Keliny Cláudia da SILVA3
Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE
Resumo
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Trabalho apresentado no GP Publicidade e Propaganda do XVI Encontro dos Grupos de Pesquisa em Comunicação,
evento componente do XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.
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Doutorando em Comunicação do PPGCOM-UFPE | Doutor em Letras do PPGL-UFPE, email: leo_moz@yahoo.com.br
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Mestranda em Comunicação do PPGCOM-UFPE, email: kelinyclaudia@gmail.com
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Entre essas poucas empreitadas acadêmicas, cabe citar o trabalho de fôlego realizado por pesquisadores-desbravadores:
Nunan (2003), Iribure (2008), Pereira (2009), França (2012), Baggio (2013) e Leal (2016).
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Nesse ano [2013], procuramos por quarenta agências e empresas, que nos disseram
‘não’. Cada vez com uma justificativa diferente. Temos que cobrar uma posição
dessas empresas, fazer uso político do nosso consumo, exigindo uma postura de
parceria, assumindo que estão do nosso lado (citado por Bertolotto, 2013).
O conservadorismo e o preconceito das empresas ainda são tão notáveis que não as
permitem ver o que estão perdendo. No Brasil, o potencial financeiro do segmento LGBT é
estimado em US$ 133 bilhões ao ano, o equivalente a cerca de R$ 465,5 bilhões, ou 12% do
PIB (Produto Interno Bruto) nacional em 2015, conforme a Out Leadership,5 associação
internacional de empresas que desenvolve iniciativas voltadas para o público homossexual.
Nos EUA, o potencial de consumo é estimado em US$ 760 bilhões e, na Europa, chega a
US$ 873 bilhões. Ao todo, no mundo, a Out Leadership calcula que o consumidor LGBT
pode desembolsar vultosos US$ 3 trilhões para gastar ao ano – o valor do PIB da França.
A resistência à vinculação de uma marca à comunidade homoafetiva é claramente
percebida pelos organizadores das Paradas do Orgulho LBGT. Tal como relata Ferdinando
Martins, coordenador do Programa USP Diversidade:
Há receio ainda das empresas em se associarem ao público gay. Alguns anos atrás,
houve o caso de uma empresa automobilística que se comprometeu a apoiar a
Parada, mas na hora H mudou de ideia, deu o apoio financeiro, mas pediu para isso
não ser divulgado (citado por Bertolotto, 2013).
Por outro lado, esse é um público com um grande potencial de consumo e com uma
carência de produtos e de serviços direcionados às suas necessidades. Marta Dalla Chiesa,
presidente da Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (Abrat
GLS) argumenta que os “DINKs” (Double Income No Kids – dupla renda sem filhos, em
tradução livre) – como são nomeados os casais gays nos Estados Unidos – têm mesmo mais
renda do que a média da população. Para Chiesa, “normalmente esses casais não têm filhos,
e por isso têm mais disponibilidade de investir em educação e lazer” (citada por Camargo,
2013). E isso é crucial para que as empresas se interessem pelo chamado ‘pink money’.
Como afirma o economista Samy Dana, professor na Escola de Administração de
Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), “as empresas que temem esse mercado estão
bobeando e perdendo uma chance de crescer” (citado por Bertolotto, 2013). No entanto, é
importante estar atento ao lidar com o público LGBT para não reduzi-lo simplesmente a um
‘homosexualis economicus’, sem atentar para seus direitos de cidadão. “Reduzir cidadania a
consumo é algo empobrecedor, mas cidadania sem inclusão econômica, sem que o mercado
enxergue e até considere aquele segmento específico, também é empobrecedor”, assegura
Reinaldo Bulgarelli, professor de Economia da Unicamp (citado por Ferreira, 2012).
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Disponível em: http://outleadership.com/. Acesso em: 26 jun. 2016.
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Estatísticas divulgadas pela revista Exame (Sousa, 2012).
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Essas e outras publicidades voltadas para o público gay estão disponíveis aqui: http://tinyurl.com/gqj2fjz. Acesso em: 27
jun. 2016.
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Para uma discussão mais detalhada sobre essa publicidade d’O Boticário, ver Mozdzenski (2016).
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d’O Boticário? Seriam mais gráficas e explícitas, mostrando finalmente um ‘beijo gay’? Ou
será que retrocederiam, voltando a se limitar a representar casais ‘convencionais’, como um
reflexo da onda conservadora que parece ter dominado a sociedade nos últimos tempos?
No presente trabalho, trazemos para o debate três peças publicitárias veiculadas no
Dia dos Namorados, buscando abarcar a variedade de enfoques dados no que diz respeito à
diversidade dos personagens retratados e das identidades construídas. Diversidade não só
quanto à orientação sexual, como também quanto a questões sociais, econômicas, étnicas,
etc. As propagandas foram selecionadas utilizando-se como critério o recorte temporal (i.e.,
devem ter sido publicizadas em 2016) e são as seguintes: “Dia dos Namorados – Unir é
nosso destino”, da Gol Linhas Aéreas Inteligentes; “Dia dos Misturados”, da C&A; e “Dia
dos Namorados: o que é Amor”, da Westwing Casa & Decoração.9
Para fundamentarmos a discussão sobre essas peças, lançamos mão dos preceitos da
Análise Crítica do Discurso (ACD), os quais passaremos a expor no próximo item.
2. A ACD e a publicidade
A Análise Crítica do Discurso (ACD) é a denominação genérica atribuída a um
‘projeto comum’ de estudo da fala, da escrita e de outras semioses (imagem, som, música,
etc.), que propõe descrever, interpretar e divulgar como as formas de poder, a dominação e
a desigualdade social são (re)produzidas nas práticas discursivas, em seus contextos
sociopolíticos e culturais de funcionamento. Na verdade, a ACD não constitui uma escola
ou uma disciplina. Trata-se, antes, da adoção de uma postura assumidamente crítica e
politizada de investigar, identificar e expor o que está implícito ou ‘naturalizado’ nos textos
orais, escritos e multimodais, e que, de alguma maneira, produz efeitos sobre a liberdade de
pensamento e as possibilidades de ação individual dos sujeitos.
Segundo Van Dijk (2003), todo planejamento teórico mostra-se adequado sempre
que permita examinar discursivamente problemas sociais relevantes, tais como o racismo, o
sexismo, a xenofobia e outras formas de discriminação social. Na presente investigação,
iremos enfocar particularmente a construção – e o silenciamento – das identidades sociais
dos participantes dos anúncios, sobretudo no que tange à diversidade/orientação sexual e à
identidade de gênero. Para tanto, é necessário fazermos inicialmente alguns esclarecimentos
terminológicos acerca do assunto.
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As publicidades analisadas podem ser assistidas respectivamente nos seguintes links: http://tinyurl.com/gvh3e2x,
http://tinyurl.com/z8wy47d e http://tinyurl.com/ztm28qa. Acesso em: 28 jun. 2016. Optamos por não incluir o anúncio
d’O Boticário deste ano, para abarcar uma maior variedade de propostas de outros anunciantes.
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Originalmente, a sigla com maior circulação social era GLS, correspondendo a gays,
lésbicas e simpatizantes (ou suporters em inglês, isto é, ‘apoiadores’, em tradução livre). É
um termo com uma conotação mais comercial: indica os bares, boates, restaurantes, hotéis,
motéis, agências de turismo, livrarias, etc. sem restrições quanto à orientação sexual do seu
público. É permitido, portanto, que um casal gay se beije sem ser ‘convidado’ a se retirar do
recinto. Uma carte blanche para o cliente ser quem é, sem constrangimentos.
Contudo, não fazia sentido falar em ‘direitos GLS’ ou ‘políticas GLS’. Não apenas
porque o ‘S’ da sigla diz respeito a pessoas heterossexuais simpáticas à causa (e não a gays
ou lésbicas), mas também pela exclusão de outros grupos de pessoas que também sofrem
preconceito concernente à sua orientação sexual, sua identidade de gênero ou ainda outros
comportamentos desviantes da heteronormatividade e do padrão cisgênero.10
Com o gradual empoderamento de outras minorias sexuais e a sensibilização de uma
parte da sociedade preocupada com políticas públicas mais inclusivas, a sigla foi ampliada
para LGBT (ou LGBTs), com o propósito de incluir travestis, transexuais e transgêneros.
Na 1ª Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais,11
realizada em Brasília, em 2008, foi decidida a padronização dessa nomenclatura utilizada
pelos movimentos sociais e pelo governo, salientando-se, entre as suas reivindicações, a
criminalização da homo/lesbo/bi/transfobia e a garantia da cidadania para gays, lésbicas,
bissexuais, travestis e transexuais.12
E qual o papel da publicidade nesse contexto? Primeiramente, é importante ressaltar
que a mídia em geral potencializa os discursos reguladores, não apenas corroborando, como
também intensificando estereótipos acercar de gays ou de travestis, por exemplo. Por outro
lado, a mídia também pode ser utilizada como uma aliada dos movimentos sociais, ao exibir
representações positivas de homossexuais inseridos na sociedade de forma mais ‘natural’ e
menos caricata. Desse modo, as representações do público LGBT nas mídias envolvem uma
série de repertórios cognitivos (crenças, valores, visões de mundo, conhecimentos prévios,
etc.) que podem ou não estar comprometidos com o enfoque da inclusão social.
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O termo cisgênero (ou cissexual) é empregado nos estudos de gênero e sexualidade para indicar as pessoas cujo gênero
é o mesmo que o designado em seu nascimento. Ou seja, significa uma concordância entre a identidade de gênero de uma
pessoa, o seu sexo biológico e o seu comportamento/papel avaliado como socialmente aceito para esse sexo. Corresponde,
em resumo, aos indivíduos não transgênero (cf. Jesus, 2012).
11
Os anais da Conferência estão disponíveis neste link: http://tinyurl.com/hr9v7wo. Acesso em: 24 jun. 2016.
12
Algumas outras siglas também vêm sendo empregadas buscando abarcar uma maior diversidade de pessoas. É o caso de
LGBTI, para incluir intersexuais – antigamente denominados de ‘hermafroditas’ –, isto é, pessoas cujo corpo apresenta
variação de caracteres sexuais, dificultando a designação como totalmente masculino ou feminino. E também de LGBTQ,
para incluir ‘queers’, antes chamados genericamente de ‘andróginos’, sendo hoje um termo usado para incluir pessoas que
não se identificam com nenhum gênero (cf. Jesus, 2012). No presente trabalho, utilizaremos preferencialmente LGBT, por
ser o termo de maior uso corrente nas pesquisas nacionais, em documentos oficiais e por ativistas brasileiros.
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A peça da Gol “Dia das Mães – Escolha o amor” pode ser assistida neste link: http://tinyurl.com/gl65ktz. Acesso em: 29
jun. 2016.
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Por outro lado, os membros dos grupos sociais mais poderosos – e especialmente
seus líderes (as elites) – possuem acesso mais ou menos exclusivo a um ou mais tipos de
discurso público, exercendo controle total ou parcial sobre este. Assim, os professores
universitários controlam o discurso acadêmico; os jornalistas e donos de editoras, o discurso
da mídia; os juízes e advogados, o discurso jurídico; os políticos, o discurso da política; etc.
Aqueles que possuem maior controle sobre mais discursos e sobre discursos mais influentes
são também os mais poderosos, segundo Van Dijk (2008).
Dessa maneira, fica claro imaginarmos de que formas esses grupos de poder podem
operar, através do discurso publicitário, com o propósito de influenciar a formação e/ou a
publicização de certas representações sociais (sancionadas pelas elites), em detrimento de
outras. Como vimos, exercemos um controle apenas passivo sobre a mídia. Podemos mudar
o canal da televisão ou não assistir a determinados vídeos no YouTube que considerarmos
inadequados. Contudo, não temos o poder de fazer com que esses conteúdos deixem de ser
veiculados e, consequentemente, não sejam divulgados e assimilados socialmente.
Ao selecionar como protagonistas de sua narrativa apenas casais convencionais, sem
qualquer diversidade sexual, étnica, socioeconômica, etc., a Gol está sancionando uma dada
visão de mundo que privilegia exclusivamente um estrato bastante restrito da sociedade.
Não há gays, lésbicas ou trans entre os personagens. Não há negros ou outras etnias. Não há
o encontro, por exemplo, de namorados menos abastados que necessitaram dividir a sua
passagem em um número infindo de vezes para conseguir se encontrar. A realidade exibida
no anúncio é plana, monocórdia e elitizada. Algo incompreensível para quem estampou um
casal gay masculino em plena publicidade do Dias das Mães (“Escolha o amor”, 2015).
O segundo comercial analisado é o da loja de departamento C&A, cujo título é “Dia
dos Misturados”, concebido pela agência AlmapBBDO. Tendo como mote “Misture, Ouse
e Experimente”, a campanha possui como objetivo comunicacional promover a liberdade
do amor, incentivando os casais a escolher, a usar e a misturar as suas roupas conforme seu
gosto pessoal. Esse objetivo dialoga com o novo posicionamento da marca C&A, o qual
desafia o senso comum sobre a diversidade de gênero na moda (cf. Sacchitiello, 2016).
No filme publicitário, os casais entram em diversos ambientes – tais como cabine
telefônica, elevador, restaurante, quarto de hotel, etc. – e saem com suas roupas trocadas.
Para entendermos melhor a dinâmica, é válido exemplificar: um dos casais que protagoniza
a campanha troca olhares no interior de um elevador, que rapidamente se fecha. Logo em
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Esse mesmo estilo de hotel vintage e fashion foi o principal cenário da última temporada da famosa série de terror norte-
americana American Horror Story: Hotel (2015), criada por Ryan Murphy e Brad Falchuk, e estrelada pela pop star Lady
Gaga.
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Ao ser criticada por esse anúncio, a C&A afirmou em sua página no Facebook que “[...] Livre de todo e qualquer tipo de
preconceito e estereótipo, o novo filme, que celebra o Dia dos Namorados, faz um novo convite à mistura de atitudes,
cores e estampas como forma de expressão. A C&A reforça que o respeito à diversidade, inclusive de opiniões, sempre foi
um dos princípios da marca.” (Disponível em: http://tinyurl.com/hc9m62f. Acesso em: 29 jun. 2016).
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Disponível em: http://tinyurl.com/z8lxuhl. Acesso em: 29 jun. 2016.
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Conforme informações do site da Westwing. Disponível em: https://www.westwing.com.br. Acesso em: 29 jun. 2016.
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casal heterossexual (Eduarda e Adriano) e um casal composto por um homem e uma mulher
transexual (Lucas e Patrícia). Podemos perceber, portanto, explicitamente o posicionamento
da marca a favor da inclusão das relações homo/lesbo/transafetivas na sociedade.
Além disso, é interessante constatar como a narrativa publicitária desmitifica para o
público em geral, e com bastante sensibilidade, os relacionamentos homo/lesbo/transexuais,
já que é notável a semelhança das respostas entre todos os casais aos questionamentos sobre
o que é o amor e o que um(a) significa para o(a) outro(a). Em particular, é muito tocante o
discurso de Lucas e Patrícia, que revela o preconceito que enfrentaram para ficar juntos, até
mesmo a rejeição da própria família dele, por ela ser uma mulher trans – algo que seria bem
menos provável de ser vivenciado por um casal hétero cisgênero.
Por fim, a cenografia do anúncio é produzida para provocar a impressão de ser bem
familiar, pois os casais são filmados em um ambiente que remete a uma casa, um cantinho
aconchegante e íntimo. É um bate-papo na nossa sala de estar. O clima de descontração
permanece ao longo do filme, transparecendo alegria, cumplicidade e entrosamento entre os
(as) namorados(as). É importante salientar que as histórias contadas são verídicas, o que
confere ao anúncio um efeito patêmico (emocional, afetivo) mais palpável e cativante.
Seguindo-se os princípios da Análise Crítica do Discurso, é possível concluir que,
dos três comerciais sob análise, este último da Westwing é o único que realmente produz
uma representação positiva das minorias sexuais. Como já argumentamos, a publicidade –
enquanto influente produtora de sistemas simbólicos da indústria cultural – tem o poder de
cristalizar e potencializar representações sociais no imaginário social. Isso pode ser feito de
forma reducionista, reforçando estereótipos, preconceitos e convenções morais, e reiterando
meramente os padrões tradicionais da sociedade, como a heteronormatividade. Ou pode, em
contrapartida, conceder acesso discursivo aos que possuem menor voz ativa e, por isso, não
conseguem ser ouvidos em todas as esferas de prestígio social.
As representações inclusivas de gênero/sexualidades nas narrativas publicitárias são
fundamentais para proporcionar visibilidade e a construção identitária dessas minorias. De
acordo com Nunan (2003), a presença de modelos positivos na mídia, que ultrapassem os
estereótipos, constitui um caminho importante para a legitimação dos homossexuais. Dessa
maneira, é claro que uma peça como “Dia dos Namorados: o que é Amor”, da Westwing, se
revela uma iniciativa crucial de empoderamento da comunidade LGBT. Superando o receio
das empresas de rejeição ou boicote por consumidores conservadores, a Westwing mostrou
um posicionamento corajoso e transformador para o público homoafetivo e transgênero.
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Referências bibliográficas
BAGGIO, A.T. A temática homossexual na publicidade de massa para o público gay e não-gay:
conflito entre representação e estereótipo. Revista Uninter de Comunicação, Curitiba, v. 1, n. 1, p.
100-117, jun./dez. 2013.
BERTOLOTTO, R. Grandes empresas ainda têm receio de associar marca ao público gay, dizem
especialistas. UOL, São Paulo, 27 maio 2013. Disponível em: http://tinyurl.com/ht25vyu. Acesso
em: 26 jun. 2016.
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As peças publicitárias podem ser assistidas nestes links: http://tinyurl.com/gmypjez (Skol) e http://tinyurl.com/j93b9kc
(Avon).
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