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PREFEITURA DE ALEGRETE

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL


SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO
SEÇÃO DE LEGISLAÇÃO

LEI Nº. 5.908, DE 17 DE JANEIRO DE 2018.

Dispõe sobre a regularização de edificações


implementadas em desacordo com a Legislação
específica e dá outras providências.

A PREFEITA MUNICIPAL
Faz saber, em cumprimento ao disposto no artigo 101, inciso IV da Lei Orgânica Municipal, que
a Câmara Municipal aprovou e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Fica o Poder Executivo Municipal autorizado a regularizar as edificações construídas em


desacordo com a legislação municipal que disciplina o ordenamento do Uso e da Ocupação do
Solo, e do Código de Obras e Edificações, ou sem a aprovação e o licenciamento do projeto,
mediante expediente específico, taxas e contrapartida financeira e que apresentem condições
mínimas de:
a) segurança de uso;
b) estabilidade;
c) higiene;
d) habitabilidade.
§ 1º Para efeito do que trata o caput deste artigo, as características construtivas relativas às
condições mínimas serão determinadas através de laudo técnico pericial elaborado por
profissional da área, contratado pelo requerente.
§ 2º O Executivo Municipal poderá exigir obras de adequação para garantir as condições
mínimas referidas, bem como, obras de acessibilidade, conforme normas pertinentes.

Art. 2° As seguintes construções serão regularizáveis, desde que situadas em logradouros


públicos oficializados pelo Município, considerando-se:
I - construção irregular: aquela cuja licença foi expedida pelo Município, porém, executada total
ou parcialmente em desacordo com o projeto aprovado;
II - construção clandestina - obra feita sem prévia aprovação do projeto ou sem alvará de licença;
III - construção clandestina parcial: aquela correspondente à ampliação de construção legalmente
autorizada, porém, sem licença do Município.

Art. 3° São passíveis de regularização somente as edificações que apresentarem as seguintes


irregularidades:
I - taxa de ocupação - TO;

“DOE ÓRGÃOS, DOE SANGUE: SALVE VIDAS.”


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II - índice de aproveitamento - IA.


Parágrafo único. Nos casos de regularização em que a municipalidade entenda que poderá gerar
grande impacto negativo urbanístico local, deverá encaminhar para análise do Conselho do Plano
Diretor.

Art. 4° Não serão passíveis de regularização, para os efeitos desta Lei Complementar, as
edificações que:
I - apresentarem irregularidades não previstas no art. 2º desta Lei;
II - construções que tenham ultrapassados os limites do terreno;
III - estejam localizadas em logradouros ou terrenos públicos;
IV - estejam localizados em faixas não edificáveis junto a lagos, rios, córregos, faixas de
escoamento de águas pluviais, galerias, canalizações, faixa de domínio de ferrovias e rodovias,
estaduais ou federais linhas de transmissão de energia de alta tensão, APP (Área de Preservação
Permanente), bem como nas vias públicas municipais que contenham essa restrição e/ou situadas
em áreas de risco a critério da Defesa Civil;
V - que desatendam o direito de vizinhança de que trata o Código Civil Brasileiro;
VI - que possuam irregularidades causadas por usos desconformes com a Lei Municipal de
Zoneamento e por desconformidade com a legislação federal e/ou estadual.
Parágrafo único. Todas as obras irregulares que, por suas características construtivas resultem
comprometimento da estrutura restante e/ou ofereçam risco aos imóveis e logradouros
confrontantes, não serão e não poderão ser objeto de adequações ou ampliações.

Art. 5° As regularizações das construções localizadas em vias não oficializadas, loteamentos ou


desmembramentos não aprovados pelo Poder Público Municipal, dependerão de prévia
regularização do parcelamento do solo, observada a legislação vigente.

Art. 6° A regularização da edificação não dispensa o interessado do cumprimento das demais


exigências previstas no Plano Diretor do Município de Alegrete quanto à atividade exercida no
imóvel.

CAPÍTULO II
DO PROCESSO DE REGULARIZAÇÃO

Art. 7° A regularização das construções de que trata esta Lei dependerá, além de atender ao
disposto na legislação federal, estadual e municipal, e aos procedimentos administrativos para
aprovação de projetos e licenciamento de obras do Município de Alegrete, da apresentação pelo
proprietário do imóvel dos seguintes documentos:
a) Documentação exigida no art. 33 da Lei nº 1.334/79 - código de obras
b) Licença Ambiental (para residência unifamiliar apenas uma declaração do proprietário e
técnico de que não existe impedimento ambiental);

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c) Certidão junto ao Cartório de Registro de Imóveis ou outro documento hábil que


comprove a propriedade ou a posse do imóvel sob o qual foi realizada a construção a ser
regularizada;
d) Certidão de Numeração;
e) Certidão de Nome de Rua e Bairro;
f) Certidão de Localização e Confrontações;
g) Certidão de Zoneamento Urbano quando atividades não residenciais unifamiliar;
h) Laudo Técnico expedido por profissional habilitado, atestando que a edificação atende
aos requisitos de segurança de uso, estabilidade, higiene, habitabilidade, acessibilidade;
i) Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) ou Registro de Responsabilidade Técnica
(RRT) de laudo técnico (regularização) da edificação;
j) Alvará de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (APPCI) ou Plano de Prevenção e
Proteção Contra Incêndio (PPCI) aprovado ou Certificado de aprovação, quando a
destinação do imóvel não for residencial unifamiliar;
k) Laudo de Acessibilidade elaborado pelo responsável técnico acompanhado de ART ou
RRT, atestando que a edificação atende as condições mínimas da legislação sobre o
assunto, para edificações construídas anteriormente à edição das normas de
acessibilidade;
Parágrafo único. Toda a documentação deverá ser apresentada atualizada e entregue em 03
vias acondicionada em pastas individualizadas.

CAPÍTULO III
DA CONTRAPARTIDA FINANCEIRA

Art. 8° Nas edificações irregulares, que obedecem aos índices urbanísticos estabelecidos pelo
Plano Diretor, o valor da contrapartida financeira a ser pago, será o somatório das taxas
estabelecidas para os procedimentos de aprovação de projeto, licenciamento para construção e
carta de habite-se (o calculo tem por base o Código Tributário Municipal na Unidade de
Referência do Município de Alegrete - URMA), recaindo sobre a área objeto de regularização,
sendo que esta taxa de aprovação de projeto será multiplicada duas vezes.
Parágrafo único. As edificações com menos de 70 m² (setenta metros quadrados) estão isentas do
pagamento da contrapartida financeira de que trata esta Lei.

Art. 9° Nas edificações irregulares que não obedecerem aos índices urbanísticos estabelecidos
pelo Plano Diretor, com relação à Taxa de Ocupação (TO) e o índice de aproveitamento, ao valor
da contrapartida financeira a ser pago no deferimento do processo, será o estabelecido no art. 6º
para a área que obedece aos índices e será acrescido:
I - Tratando-se de edificações que extrapolam a taxa de ocupação (TO) máxima permitida para a
zona em que se situa, considerando o limite máximo permitido de até 55% sobre a TO
permissível. E em nenhum caso poderá ser aceito a TO maior que 90%. O cálculo considerará a
área que ultrapassa a TO, medida pela projeção da edificação por pavimento e multiplicada pelo
nº de pavimentos cuja projeção também ultrapasse esta taxa. Sendo as:
a) Nas habitações unifamiliares de:
 0,10 (dez décimos) URMA por m² sobre a área que excede os índices em até 100m²;
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 0,15 (quinze décimos) URMA por m² sobre a área que excede os índices em mais de
100m² e até 200m²;
 0,30 (trinta décimos) URMA por m² sobre a área que excede os índices em mais de
200m².
b) Nas habitações coletivas de:
 0,40 (quarenta décimos) URMA por m² sobre a área que excede os índices em até 200m²;
 0,70 (setenta décimos) URMA por m² sobre a área que excede os índices em mais de
200m².
c) Nas edificações não residenciais de:
 0,60 (sessenta décimos) URMA por m² sobre a área que excede os índices em até 100m²;
0,70 (setenta décimos) URMA por m² sobre a área que excede os índices em mais de
100m² e até 200m²;
 0,90 (noventa décimos) URMA por m² sobre a área que excede os índices em mais de
200 m².
d) Nas edificações que exigirem áreas destinadas a guarda de veículos e que atenderem os
padrões exigidos no Anexo 8 do Plano Diretor, o cálculo da área considerada será a metade do
ultrapassado na TO.

II - Tratando-se de edificações que extrapolam o Índice de Aproveitamento (IA) permitido para a


zona em que se situa, o limite máximo permitido será 3,5 (três e meio). Sendo as:
a) Nas edificações de habitações coletivas e não residenciais de:
 1,15 (um e quinze décimos) URMA por m² sobre a área que excede os índices.

§1º O valor referente à compensação obedece às previsões legais quanto a reajuste, juros e
multas previsto na legislação competente.
§2º Nos casos de infrações em mais de um item especificado neste artigo, as compensações serão
calculadas de forma cumulativa.
§3º Os recursos provenientes das compensações instituídas pela presente Lei deverão ser
utilizados obrigatoriamente para melhoria da infraestrutura urbana, melhoria ambiental, política
habitacional de interesse social, instrumentalização dos setores e capacitação dos servidores que
trabalham com questões urbanísticas.
§4º O plano de aplicação dos recursos decorrentes das compensações será encaminhado pelo
Poder Executivo e aprovado pelo Conselho Municipal do Plano Diretor, de acordo com a
destinação prevista no §3º deste artigo.
§5º Fica vedada a utilização dos recursos provenientes das compensações previstas nesta Lei em
finalidade diversa daquelas previstas no §3º deste artigo.

CAPÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

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Art. 10. A regularização de edificação decorrente desta Lei não implica o


reconhecimento de direitos quanto ao uso irregular, ou à permanência de atividades irregulares
porventura instaladas no imóvel.

Art. 11. Permitida a regularização, será emitida, pelo órgão competente do Poder Executivo
Municipal, a respectiva Carta de Habitação ou Certidão de Regularização, desde que quitada à
contrapartida financeira, o pagamento das taxas, impostos e multas.

Art. 12. A regularização de que trata esta Lei não implica no reconhecimento pelo Município
do direito de propriedade.

Art. 13º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Centro Administrativo Municipal, em Alegrete, 17 de janeiro de 2018.

Cleni Paz da Silva


Prefeita de Alegrete

Registre-se e publique-se:

Carlos Renato de Lima Costa


Secretário de Administração

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