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Libras

Intermediário
&
Avançado
30 HORAS
INSTRUTORA: ANA FRANCISCA SILVA

Libras Avançada
UNIDADE I

IDENTIDADE SURDA

Segundo A Autora Gladis Perlin: “As diferentes identidades Surdas são


bastante complexas, diversificadas. Isto pode ser constatado nesta divisão por
identidades onde se tem ocasião para identificar outras muitas identidades
Surdas, ex: Surdos filhos de pais Surdos; Surdos que não tem nenhum contato
com Surdo, Surdos que nasceram na cidade, ou que tiveram contato com
Língua de Sinais desde a infância etc... Como dissemos a identidade Surda não
é estável, está em contínua mudança. Os Surdos não podem ser um grupo de
identidade homogênea. Há que se respeitarem as diferentes identidades.

As Diferentes Identidades Surdas:

1. Identidade política

Trata-se de uma identidade fortemente marcada pela política Surda. São


mais presentes em Surdos que pertencem à comunidade Surda e apresentam
características culturais como sejam:

● Possuem a experiência visual que determina formas


de comportamento, cultura, língua, etc.;
● Carregam consigo a Língua de Sinais. Usam Sinais sempre, pois
é sua forma de expressão. Eles têm o costume bastante presente
que os diferencia dos ouvintes e que caracteriza a diferença
Surda: a

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captação da mensagem é visual e não auditiva. O envio de
mensagens não usa o aparelho fonador, usa as mãos;
● Aceitam-se como Surdos, sabem que são Surdos e assumem
um comportamento de pessoas Surdas, Entram facilmente na
política com identidade Surda, onde impera a diferença:
necessidade de interpretes, de educação diferenciada, de Língua
de Sinais, etc.;
● Passam aos outros Surdos sua cultura, sua forma de ser diferente;
● Assumem uma posição de resistência;
● Assumem uma posição que avança em busca de delineação
da identidade cultural;
● Assimilam pouco, ou não conseguem assimilar a ordem da
língua falada, tem dificuldade de entendê-la;
● Decodificam todas as mensagens recebidas em Língua de Sinais;
● A escrita obedece à estrutura da Língua de Sinais, pode igualar-
se a língua escrita, com reservas;
● Tem suas comunidades, associações, e/ou órgãos representativos
e compartilham entre si suas dificuldades, aspirações, utopias;
● Usam tecnologia diferenciada: legenda e Sinais na TV,
telefone especial, campainha luminosa;
● Tem uma diferente forma de relacionar-se com as pessoas
e mesmo com animais;

Esta identidade assume características bastante diferenciadas é


preciso lembrar aqui que, por exemplo, a identidade Surda genealógica
traz sinais vividos e provados durante gerações, por exemplo, na Itália há
uma família de Surdos de mais de 40 gerações; os filhos de pais Surdos;
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os Surdos que nasceram Surdos têm família ouvinte e entraram em
contato com a comunidade Surda já em idade adulta.

2. Identidades Surdas Hibridas

Ou seja, os Surdos que nasceram ouvintes e com o tempo alguma


doença, acidente, etc. os deixaram Surdos:

· Dependendo da idade em que a surdez chegou, conhecem a


estrutura do português falado decodifica a mensagem em português e o envio
ou a captação da mensagem vez ou outra é na forma da língua oral;

● Usam língua oral ou Língua de Sinais para captar a


mensagem. Esta identidade também é bastante diferenciada,
alguns não usam mais a língua oral e outros usam Sinais sempre;
● Assumem um comportamento de pessoas Surdas, ex: política
da identidade Surda usa tecnologia para Surdos...;
● Convivem pacificamente com as comunidades Surdas;
● Assimilam um pouco mais que os outros Surdos, ou
não conseguem assimilar a ordem da língua falada, tem
dificuldade de entendê-la;
● A escrita obedece à estrutura da Língua de Sinais, pode igualar-
se a língua escrita, com reservas;
● Participam das comunidades, associações, e/ou
órgãos representativos e compartilham com as identidades
Surdas suas dificuldades, políticas, aspirações e utopias;

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● Aceitam-se como Surdos, sabem que são Surdos,
exigem intérpretes, legenda e Sinais na TV, telefone especial,
campainha luminosa;
● Também tem uma diferente forma de relacionar-se com as
pessoas e mesmo com animais.

3. Identidades Surdas Flutuantes

Os Surdos que não têm contato com a comunidade Surda. Ou


Surdos que viveram na inclusão ou que tiveram contato da surdez como
preconceito ou desconhecimento social. São outra categoria de Surdos, visto de
não contarem com os benefícios da cultura Surda. Eles também têm algumas
características particulares.

● Seguem a representação da identidade ouvinte;


● Estão em dependência no mundo dos ouvintes, seguem os
seus princípios, respeitam-nos, colocam-nos acima dos
princípios da comunidade Surda, às vezes competem com os
ouvintes, pois que são induzidos no modelo da identidade ouvinte;
● Não participam da comunidade Surda, associações e
lutas políticas;
● Desconhecem ou rejeitam a presença do interprete de Língua
de Sinais;
● Orgulham-se de saber falar “corretamente”;
● Demonstram resistências a Língua de Sinais e a cultura
Surda visto que isto, para eles, representa estereotipo;

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● Não conseguiram identificarem-se como Surdos, sentem-
se inferiores aos ouvintes; isto pode causar muitas vezes
depressão, fuga, suicídio, acusação aos outros Surdos,
competição com os ouvintes, há alguns que vivem na angustia
no desejo continuo de serem ouvintes;
● São vitimas da ideologia oralista, da inclusão, da educação
clinica, do preconceito e do preconceito da surdez;
● São Surdos. Quer ouçam algum som, quer não ouçam,
persistem em usar aparelhos auriculares, não usam tecnologia dos
Surdos;
● Estas identidades Surdas flutuantes também apresentam
divisões; por exemplo, aqueles que têm contato com a
comunidade Surda, mas rejeitam-na, os que jamais tiveram
contato, etc....

4. Identidades Surdas Embaraçadas

As identidades Surdas embaraçadas são outros tipos que podemos


encontrar diante da representação estereotipada da surdez ou desconhecimento
da surdez como questão cultural.

● Esta identidade não consegue captar a representação da


identidade Surda, nem da identidade ouvinte como fazem os
flutuantes;
● Sua comunicação é por alguns Sinais incompreensíveis às vezes;
● Não tem condição de dizer onde moram, seu nome, sua
idade, etc...
● Não tem condições de usar Língua de Sinais, não lhe foi
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ensinada, nem teve contato com a mesma;
● São pessoas vistas como incapacitadas;

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● Neste ponto, ouvintes determinam seus comportamentos, vida
e aprendizados;
● É uma situação de deficiência, de incapacidade, de inércia,
de revolta;
● Existem casos de aprisionamento de Surdos na família, seja
pelo estereotipo ou pelo preconceito, fazendo com que alguns
Surdos se tornem embaraçados

5. Identidades Surdas de Transição

Estão presentes na situação dos Surdos que devido a sua


condição social viveram em ambientes sem contato com a identidade Surda ou
que se afastaram da identidade Surda.

● Vivem no memento de transito entre uma identidade para outra;


● Se a aquisição da cultura Surda não se da na
infância, normalmente a maioria dos Surdos precisa passar
por este momento de transição, visto que grande parte deles são
filhos de pais ouvintes;
● No momento em que esses Surdos conseguem contato com
a comunidade Surda, a situação muda e eles passam
pela des-ouvintização, ou seja, rejeição da representação da
identidade ouvinte;
● Embora passando por essa des-ouvintização, os Surdos ficam
com seqüelas da representação, o que fica evidenciado em
sua identidade em construção;

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● Há uma passagem da comunicação visual/oral para a
comunicação visual/sinalizada;
● Para os Surdos em transição para a representação ouvinte, ou
seja, a identidade flutuante se da o contrario.

6. Identidades Surdas de Diáspora

As Identidades de Diáspora divergem das identidades de transição.


Estão presentes entre os Surdos que passam de um pais a outro ou, inclusive
passam de um Estado brasileiro a outro, ou ainda de um grupo Surdo a outro.
Ela pode ser identificada como o Surdo carioca, o Surdo brasileiro, o Surdo
norte-americano. É uma identidade muito presente e marcada.

7. Identidades Intermediarias

O que vai determinar a identidade Surda é sempre a experiência


visual. Neste caso, em vista desta característica diferente distinguimos a
identidade ouvinte da identidade Surda. Temos também a identidade
intermediaria. Geralmente esta identidade é identificada como sendo Surda.
Essas pessoas têm outra identidade, pois tem uma característica que não lhes
permite a identidade Surda isto é a sua captação de mensagens não é totalmente
na experiência visual que determina a identidade Surda.

● Apresentam alguma porcentagem de surdez, mas levam uma vida


de ouvintes;
● Para estes são de importância os aparelhos de audição, de
aumento de som;

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● Assume importância para eles o treinamento do oral, o resgate
dos restos auditivos;
● Busca de amplificadores de som...;
● Não uso de intérpretes de cultura Surda, de Língua de Sinais
etc. (alguns adoram Língua de Sinais por hobby);
● Quando presente na comunidade Surda, geralmente se
posiciona contra o uso de intérpretes ou considera o Surdo
como menos dotado e não entende a necessidade de Língua
de Sinais de intérpretes;
● Tem dificuldade de encontrar sua identidade visto que não é
Surdo nem ouvinte. Ele vive como pêndulo, ora entre Surdos,
ora entre ouvintes, daí seu conflito com esta diferença.

CULTURA SURDA

O jeito de o sujeito surdo entender o mundo e modificá-lo a fim de


torná-lo acessível e habitável ajustando-o com suas percepções visuais, que
contribuem para a definição das identidades surdas. [...] Isso significa que
abrange a língua, as idéias, as crenças, os costumes e os hábitos do povo surdo.
(STROBEL, curitibana, 2009, p.27)

POVO SURDO

São os surdos.

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LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais

LIBRAS, ou Língua Brasileira de Sinais, é a língua materna dos surdos


brasileiros e, como tal, poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela
comunicação com essa comunidade. É independente da Língua Portuguesa. Possui
gramática própria

Foi na década de 60 que as línguas de sinais foram estudadas e analisadas,


passando então a ocupar um status de língua. É uma língua viva e autônoma,

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reconhecida pela lingüística. Os estudos em indivíduos surdos demonstram que a
Língua de Sinais apresenta uma organização neural semelhante à língua oral, ou
seja, que esta se organiza no cérebro da mesma maneira que as línguas faladas. A
Língua de Sinais apresenta, por ser uma língua, um período crítico precoce para sua
aquisição, considerando-se que a forma de comunicação natural é aquela para o qual
o sujeito está mais bem preparado, levando-se em conta a noção de conforto
estabelecido diante de qualquer tipo de aquisição na tenra idade.

UNIDADE II

EDUCAÇÃO DE SURDOS

RETROSPECTIVA HISTÓRICA

A idéia da incapacidade perpetuou-se por longos anos. Nos países


mediterrâneos uma lei romana chegava a proibir a herança de fortunas familiares por
esses que não podiam falar. Havia povos que sacrificavam pessoas devido a sua
deficiência e os surdos eram grandes alvos. Algumas famílias mais abastadas
contratavam professores que prestavam seus serviços em casa.

Aristóteles considerava os surdos incapazes de ter participação social e de


viverem em comunidade, incapaz, um ser sem pensamento: “é impossível
argumentar sem a habilidade para ouvir”-Aristóteles

No final do século XV não havia escolas especializadas para surdos;


Pessoas ouvintes tentaram ensinar aos surdos:

● Giralamo Cardamo, um italiano que utilizava sinais e


linguagem escrita;

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● Pedro Ponce de Léon (1520 – 1584), um monge beneditino
espanhol que utilizava, além de sinais, treinamento da voz e leitura
dos lábios.
● Samuel Heinicke (Alemanha);
● Alexandre Gran Bell (Canadá e EUA);
● Abbé Charles Michel de I‟Epeé(França); ênfase na experiência
visual.

Congresso Mundial de Professores de Surdos (Milão – Itália)1880:


Surdos excluídos das votações; Os surdos seriam educados pelo met. Oral puro;
Surdos oralizados provam a eficácia do método; Fim da figura do professor
Surdo; Proibição da Língua de Sinais.

Em 1855, o professor francês Hernest Huet (surdo e partidário de I‟Epée, que


usava o Método Combinado) veio para o Brasil, a convite de D. Pedro II, para fundar
a primeira escola para meninos surdos de nosso país: Imperial Instituto de Surdos
Mudos, hoje, Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), mantido pelo
governo federal, e que atende, em seu Colégio de Aplicação, crianças, jovens e
adultos surdos, de ambos os sexos.

● PRINCIPAIS ABORDAGENS NA EDUCAÇÃO DE SURDOS

○ Oralismo – visão clínico-terapêutica, busca a normalização da pessoa


surda.

○ Comunicação total – instauração da nova ordem diante do fracasso do


Oralismo. Usa sinais, leitura orofacial e uso do alfabeto digital.

○ Bilingüismo – rompe-se com o modelo clínico-terapêutico. Enfoque


social, cultural e político. Contrapões-se ao modelo oralista. Canal
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visogestual. Contrapõe-se a Comunicação Total. Língua de Sinais L1,
Português escrito – L2.

UNIDADE III

LEGISLAÇÕES SOBRE LÍNGUA DE SINAIS

● LEI Nº 10.436 de 24/04/2002


● LEI No 10.098, DE 19 DE DEZEMBRO
DE 2000
● DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE
DEZEMBRO DE 2005
● LEI Nº 12.319, DE 1º DE SETEMBRO
DE 2010.

UNIDADE IV

ASPECTOS LINGUÍSTICOS DA LIBRAS

VARIAÇÕES LINGÜÍSTICAS

Na maioria do mundo, há, pelo menos, uma língua de sinais usada


amplamente na comunidade surda de cada país, diferente daquela da língua falada

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utilizada na mesma área geográfica.

Além disso, dentro de um mesmo país há as variações regionais.


A LIBRAS apresenta dialetos regionais, salientando assim, uma vez mais,
o seu caráter de língua natural.

• VARIAÇÃO REGIONAL: representa as variações de sinais de uma


região para outra, no mesmo país.

Ex.: VERDE
Rio de Janeiro São Paulo Curitiba

MAS
Rio de Janeiro São Paulo Curitiba

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• VARIAÇÃO SOCIAL: refere-se à variações na configuração das
mãos e/ou no movimento, não modificando o sentido do sinal.
Ex.:
AJUDAR

CONVERSAR

AVIÃO

SEMANA

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MUDANÇAS HISTÓRICAS: com o passar do tempo, um sinal pode sofrer
alterações decorrentes dos costumes da geração que o utiliza.

Ex.: AZUL
1º 2º 3º

BRANCO
1º 2º 3º

UNIDADE V

ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE

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A modalidade gestual-visual-espacial pela qual a LIBRAS é produzida e
percebida pelos surdos leva, muitas vezes, as pessoas a pensarem que todos os sinais
são o “desenho” no ar do referente que representam.
É claro que, por decorrência de sua natureza rial stica, a realização de um
sinal pode ser motivada pelas características do dado da realidade a que se refere, mas
isso não é uma regra. A grande maioria dos sinais da LIBRAS são arbitrários, não
mantendo relação de semelhança alguma com seu referente.
Vejamos alguns exemplos entre os sinais icônicos e arbitrários.

SINAIS ICÔNICOS

Uma foto é icônica porque reproduz a imagem do referente, isto é, a pessoa


ou coisa fotografada. Assim também são alguns sinais da LIBRAS, gestos que fazem
alusão à imagem do seu significado.

Ex.:
TELEFONE BORBOLETA

Isso não significa que os sinais icônicos são iguais em todas as línguas.

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Cada sociedade capta facetas diferentes do mesmo referente, representadas
através de seus próprios sinais, convencionalmente, (FERREIRA BRITO, 1993)
conforme os exemplos abaixo:
ÁRVORE
LIBRAS – representa o tronco usando o antebraço e a mão aberta, as folhas
em movimento.
LSC (Língua de Sinais Chinesa) – representa apenas o tronco da árvore
com as duas mãos (os dedos, indicador e polegar, ficam abertos e curvos).

ÁRVORE

LIBRAS LSC

CASA
LIBRAS ASL

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UNIDADE VI

FONÉTICA NA LIBRAS

OS PARÂMETROS DA LIBRAS: O PROCESSO DE FORMAÇÃO DE


SINAIS

A LIBRAS têm sua estrutura gramatical organizada a partir de alguns


parâmetros que estruturam sua formação nos
diferentes níveis linguísticos.

a) configuração da mão (CM)


b) ponto de articulação (PA)
c) movimento (M)
d) orientação (O)
e) expressão facial e corporal (EFC)

a) Configuração da mão (CM): é a forma que a mão assume durante a

realização de um sinal. Pelas pesquisas linguísticas, foi comprovado que na LIBRAS


existem 43 configurações das mãos (Quadro I), sendo que o alfabeto manual utiliza
apenas 26 destas para representar as letras.
Ex.:

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TELEFONE BRANCO

CM [Y] CM [B]

b) Ponto de articulação (PA): é o lugar do corpo onde será


realizado o sinal.

Ex.: LARANJA APRENDER

c) Movimento (M): é o deslocamento da mão no espaço, durante a


realização do sinal. Ex.:

GALINHA HOMEM

TIPOS DE MOVIMENTOS

Orientação das mãos: direção da palma da mão durante a execução do


movimento;

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Expressão facial e corporal: podem traduzir alegria, tristeza, raiva, amor,
encantamento, etc., dando mais sentido à LIBRAS e, em alguns casos, determinando
o significado de um sinal. Ex.:

UNIDADE VIII

SISTEMA PRONOMINAL

Pronomes pessoais: a LIBRAS possui um sistema pronominal para representar as


seguintes pessoas do discurso:

● Primeira pessoa : Singular:/EU – apontar para o peito do enunciador (a


pessoa que fala

● Segunda pessoa Singular: VOCÊ – apontar para o


interlocutor

Dual: VOCÊ – 2
Trial: VOCÊ – 3
Quatrial: VOCÊ – 4

Plural: VOCÊ – GRUPO VOCÊ – TODO

Terceira pessoa

Singular: ELE – apontar para uma pessoa que não está na conversa ou
para um lugar convencional.

Dual: ELE – 2
Trial: ELE – 3

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Quatrial: ELE – 4

Plural:
ELE – GRUPO ELE – TODO

b) Pronomes demonstrativos: na LIBRAS os pronomes demonstrativos e


os
advérbios de lugar tem o mesmo sinal, sendo diferenciados no contexto.

c) Pronomes possessivos: também não possuem marca para gênero e estão


relacionados às pessoas do discurso e não à coisa possuída, como acontece em
Português:

EU: MEU IRMÃO ( CM [5] batendo no peito do emissor)

VOCÊ: TEU AMIGO ( CM [K] movimento em direção à pessoa referida)

ELE / ELA: SEU NAMORADO (CM [K] movimento em direção à pessoa


Observação: para os possessivos no dual, rial, quadrial e plural (grupo)
são usados os pronomes pessoais correspondentes.

d) Pronomes interrogativos: os pronomes interrogativos QUE,


QUEM e ONDE se caracterizam, essencialmente, pela expressão facial
interrogativa feita simultaneamente ao pronome.
QUE / QUEM: usados no início da frase. (CM [Bo].
QUEM: com o sentido de quem é e quem é são mais usados no final da
frase.

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QUANDO: a pergunta com quando está relacionada a um advérbio de tempo
(hoje, amanhã,
ontem) ou a um dia de semana específico.

Ex.:
ELE VIAJAR RIO QUANDO-PASSADO (interrogação)

ELE VIAJAR RIO QUANDO-FUTURO (interrogação)

EU CONVIDAR VOCÊ VIR MINHA ESCOLA. VOCÊ PODER D-I-A


(interrogação).

Para se referir às horas aponta-se para o pulso e relaciona-se o numeral para a


quantidade desejada.

Ex.: CURSO COMEÇAR QUE-HORAS AQUI


(interrogação)
Resposta: CURSO COMEÇAR HORAS DUAS.

Para se referir a tempo gasto na realização de uma atividade, sinaliza-se um


círculo ao redor do rosto, seguido da expressão facial adequada.

Ex.: VIAJAR RIO-DE-JANEIRO QUANTAS-

HORAS (interrogação)

UNIDADE IX

USO DOS PQ??

POR QUE / PORQUE

Como não há diferença entre ambos, o contexto é que sugere, Através das expressões
faciais e corporais, quando estão sendo usados em frases interrogativas ou explicativas.

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UNIDADE XX
TIPOS DE VERBOS

VERBOS NÃO DIRECIONAIS: verbos que não possuem marca de


concordância. Quando se faz uma frase é como se eles ficassem no infinitivo. Os
verbos não direcionais aparecem em duas subclasses:
- Ancorados no corpo como: pensar, entender, gostar,
duvidar, odiar, saber; e verbos de ação, como: conversar, pagar,
falar.

EU GOSTAR LER

- Verbos que incorporam o objeto:

Ex.: COMER
COMER-MAÇÃ
COMER-BOLACHA
COMER-PIPOCA
CORTAR-TESOURA
CORTAR-CABELO
CORTAR-UNHA
CORTAR-PAPEL
CORTAR-FACA
CORTAR-CORPO – “operar”
CORTAR-FATIA
TOMAR /BEBER
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TOMAR-CAFÉ
TOMAR-ÁGUA
BEBER-PINGA / BEBER-CACHAÇA

VERBOS DIRECIONAIS – verbos que possuem marca de


concordância. A direção do movimento, marca no ponto inicial o sujeito e no
final o objeto.

c) EU AVISAR VOCÊ

• Verbos Espaciais

Os verbos espaciais são verbos que têm afixos locativos. Estes verbos sempre estã o
relacionados à existência de um lugar no discurso. Exemplos de verbos espaciais são

Entretanto há um grupo de verbos onde o formato de um dos argumentos


modifica a configuração da mão na realização daquele sinal. Um exemplo é o verbo

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andar, pois em libras conforme o que estiver andando a configuração de mão será
diferente.

AR-PESSOA /

ANDAR-ANIMAL-DE-PATAS

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Verbos Manuais

Agora vamos conhecer um pouco mais sobre um outro grupo especial de


verbos da libras, são os Verbos Manuais. Esse é um grupo restrito de verbos e o seu
significado só é definido dentro do contexto discursivo. A configuração de mão
desses verbos é sempre em A ou em S e representam ações onde uma pessoa está
segurando algo.

PASSAR-ROUPA.

PINTAR-PAREDE-ROLO.

UNIDADE XI
TIPOS DE FRASES

Para produzirmos uma frase em LIBRAS nas formas afirmativa, exclamativa,

interrogativa, negativa ou imperativa é necessário estarmos atentos às expressões


faciais e corporais a serem realizadas, simultaneamente, às mesmas.
-Afirmativa: a expressão facial é neutra.

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-Interrogativa: sobrancelhas franzidas e um ligeiro movimento da cabeça,
inclinando-se para cima.
-Exclamativa: sobrancelhas levantadas e um ligeiro movimento da cabeça
inclinando-se para cima e para baixo.
-Forma negativa: a negação pode ser feita através de três processos:

a) incorporando-se um sinal de negação diferente do afirmativo:

e) realizando-se um movimento negativo com a cabeça,


simultaneamente à ação que está sendo negada.

NÃO-CONHECER NÃO-PROMETER

f) acrescida do sinal NÃO (com o dedo indicador) à frase afirmativa.

NÃO COMER

Observação: em algumas ocasiões podem ser utilizados dois tipos de


negação ao mesmo tempo.

NÃO-PODER

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-Imperativa: Saia! Cala a boca! Vá embora!

NOÇÕES TEMPORAIS

Quando se deseja especificar as noções temporais, acrescentamos sinais que


informam o tempo presente, passado ou futuro, dentro da sintaxe da LIBRAS. Ex.:

Presente
(agora / hoje)

LIBRAS – HOJE EU-IR CASA MULHER^BENÇÃO MEU


Português – “Hoje vou à casa da minha mãe”

LIBRAS – AGORA EU EMBORA


Português – “Eu vou embora agora.”

Passado
(Ontem / Há muito tempo / Passou / Já)

LIBRAS – DELE HOMEM^IRMÃO VENDER CARRO JÁ


Português – “O irmão dele vendeu o carro.”

LIBRAS- ONTEM EU-IR CASA MEU MULHER^BENÇÃO


Português- “Ontem, eu fui à casa da minha mãe.”

Futuro

(amanhã / futuro / depois / próximo)

LIBRAS – EU ESTUDAR AMANHÃ


Português – “Amanhã irei estudar”
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LIBRAS – PRÓXIMA QUINTA-FEIRA EU ESTUDAR
Português – “Estudarei na quinta-feira que vem”

LIBRAS – DEPOIS EU ESTUDAR


Português – “Depois irei estudar”

LIBRAS- FUTURO EU ESTUDAR FACULDADE MATEMÁTICA


Português – “Um dia farei faculdade de matemática”

UNIDADE XII

CLASSIFICADORES (CL)

Os classificadores na LIBRAS são marcadores de concordância de gênero


para pessoas, animais ou coisas. São muito importantes, pois ajudam construir sua
estrutura sintática, através de recursos corporais que possibilitam relações gramaticais
altamente abstratas.
Muitos classificadores são icônicos em seu significado pela semelhança entre
a sua forma ou tamanho do objeto a ser referido. Às vezes o Cl refere-se ao objeto ou
ser como um todo, outras refere-se apenas a uma parte ou característica do ser.
(FERREIRA BRITO, 1995)

Ex.:
LIBRAS – CARRO BATER POSTE
Cl Verbo em Cl movimento
Português – “O carro bateu no poste.”

LIBRAS – PRATOS-EMPILHADOS
Cl Verbo em localização
Português – “Os pratos estão empilhados”

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Tipos de classificadores
g) Quanto à forma e tamanho dos seres (tipos de objetos):

Cl[B] – para superfícies planas, lisas ou onduladas (telhados,


papel,bandeja, porta, parede, rua, mesa, etc.) ou qualquer superfície em relação à
qual se pode localizar um objeto (em cima, embaixo, à direita, à esquerda,
etc.); para veículos como ônibus, carro, trem, caminhão, etc.;

Cl [B] – pé dentro de um sapato, bandeja, prato, livro,


espelho, papel,
etc.;

Cl[V] – para pessoas (uma pessoa andando, duas pessoas andando


juntas, pessoas paradas). A orientação da palma da mão é, também, um
componente importante, pois pode diferenciar o sentido do sinal a depender da
direção para onde estiver voltada em relação ao corpo;

Cl [54] – pessoas (quatro pessoas andando juntas, pessoas em fila),


árvores, postes;

Cl: [Y] – pessoas gordas, veículos aéreos (avião, helicóptero),


objetos altos e largos, de forma irregular (jarra, pote, peças decorativas,
bomba de gasolina, lata de óleo, gancho de telefone, bule de café ou chá, sapato de
salto alto, ferro, chifre de touro ou vaca);

Cl: [C] – objetos cilíndricos e grossos (copos, vasos);

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Cl: [G] – descreve com a extremidade do indicador, com as duas mãos, objetos ou
locais (quadrado, redondo, retângulo, etc.) fios ou tiras (alças de bolsas)

localiza com a ponta do indicador, cidades, locais e outros referentes (buraco


pequeno);

- o indicador representa objetos longos e finos (pessoa, poste, prego);

Cl: [F] – com a mão direita: objetos cilíndricos, planos e pequenos


(botões, moedas, medalha, gota de água);
- com as duas mãos: objetos cilíndricos longos (cano fino, cadeira de
ferro ou metal, etc.).

Observação: as expressões faciais têm importância fundamental na


realização dos classificadores, pois intensificam seu significado.

- bochechas infladas e olhos bem abertos para coisas grandes ou


grossas.

UNIDADE XIII

SINAIS COMPOSTOS

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Ex.:

Simples: CAFÉ, AMIGO, CONHECER


Composto: “zebra”: CAVALO^LISTRAS
“açougueiro”: HOMEM^VENDER^CARNE
“faqueiro”: CAIXA^GUARDAR^COLHER^FACA^GARFO

i) Sinais compostos com formatos: há execução de um sinal convencional


com acréscimo de outro sinal na “forma” do objeto que se quer especificar. Ex.:
retângulo
RETÂNGULO^TELEGRAMA “bilhete de telegrama”
RETÂNGULO^CONSTRUÇÃO “tijolo”
RETÂNGULO^DINHEIRO “cédula”
RETÂNGULO^CARTA “envelope”
RETÂNGULO^ÔNIBUS “passagem de ônibus”

j) Sinais compostos por categorias: para classificar um sinal por


categoria ou por grupo, acrescentamos à palavra-núcleo o sinal VARIADOS.
Ex.:
MAÇÃ^VARIADOS “frutas”
CARRO^VARIADOS “meios de transportes”
COR^VARIADOS “colorido”
COMER^VARIADOS „alimentos”
LEÃO^VARIADOS “animais”

UNIDADE IV
ADJETIVOS

São sinais que se apresentam na forma neutra, não havendo, portanto, nem
marca para gênero (masculino e feminino) e nem para número(singular e plural).
Geralmente, aparecem na frase após o substantivo que qualificam.

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Ex.: GATO PEQUENO COR BRANCO ESPERTO

UNIDADE XV

NUMERAIS E QUANTIFICAÇÃO

A LIBRAS apresenta diferentes formas de sinalizar os numerais, a depender


da situação:

- cardinais: até 10, representações diferentes para quantidades e


cardinais; a partir de 11 são idênticos.

Ordinais possuem movimento enquanto que os cardinais não possuem. Os


ordinais do 1 º ao 4 º têm movimentos para cima e para baixo e os ordinais do 5 º até
o 9 º têm movimentos para os lados. A partir do numeral dez não há mais diferenças.

- Valores monetários, pesos e medidas: para representar valores monetários


de 1 até 9, usa-se o sinal do numeral correspondente ao valor, incorporando a este o
sinal VÍRGULA ou, também, após o sinal do numeral correspondente acrescenta-se o
sinal de R-S “ real” . Para os valores de 1.000 até 9.000 usa - se a incorporação do
sinal VÍRGULA ou PONTO.

UNIDADE XVI

FORMAS DE PLURAL

Há plural na LIBRAS no uso repetido de sinais ou indicando a quantidade.

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Ex.: MUITO-ANO (quantidade), MUITO-ANO(duração),DOIS-DIA,
TRÊSDIA, QUATRO-DIA, TODO-DIA,DOIS-SEMANA, TRÊS-SEMANA, DOIS-
MÊS, ...

Classificadores possuem plural.

Ex.: "Pessoas em fila."

"As pessoas sentam em círculo."

UNIDADE XVIII

INTENSIFICADORES E ADVÉRBIOS DE MODO

Utiliza-se a repetição exagerada para intensificar o significado do sinal.

Ex.:

COMER – COMER - COMER “Comer sem parar.”

FUMAR – FUMAR - FUMAR “Fumar sem parar.”

FALAR – FALAR - FALAR “Falar sem parar.”

- Advérbios de modo:
MUITO: utilizado como intensificador em LIBRAS e expresso através

das expressões facial e corporal ou de uma modificação no movimento do sinal.

RÁPIDO: para estabelecer um modo rápido de se realizar a ação, há uma


repetição do sinal da ação e a incorporação de um movimento acelerado.

Advérbios de tempo: (frequência)

N-U-N-C-A: sinal soletrado;

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FREQUENTE e FREQUENTEMENTE: mesma configuração de mão [L],
mas para a segunda ideia o sinal é feito repetidamente.

SEMPRE “continuar” e MESMO: mesma configuração de mão [V], mas no


primeiro há um movimento para frente do emissor.

Advérbios de tempo: (frequência)

UNIDADE XIX

POLISSEMIA

Há sinais que denotam vários significados apesar de apresentarem uma única


forma na LIBRAS.

Ex:.

OCUPADO/PROIBIDO/NÃO PODER CADEIRA /SENTAR


AÇÚCAR / DOCE /GUARDANAPO

UNIDADE XX

GÍRIA

É utilizada em LIBRAS, porém não pode ser traduzida para o português, pois
o sinal a ser utilizado varia de acordo com o contexto em que ocorre.

Ex.:

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Não tem dono; fico com ele. Conseguir

namorado. (rápido)

Problema meu.

Eu progredi.

Estou com sono, é o violino tocando (desinteresse total com relação à


palestra, aulas, etc.)

Que estranho, esquisito, não sabia disto.

Simples, vulgar.

Vou ignorar isto, não farei isto, preguiça de fazer.

Terei que aguentar, paciência.

UNIDADE XIX

ESTRUTURA SINTÁTICA

A LIBRAS não pode ser estudada tendo como base a Língua Portuguesa,
porque ela tem gramática diferenciada, independente da língua oral. A ordem dos
sinais na construção de um enunciado obedece a regras próprias que refletem a forma
de o surdo processar suas ideias, com base em sua percepção visual espacial da
realidade. Vejamos alguns exemplos que demonstram exatamente essa independência
sintática do português:

Exemplo 1: LIBRAS: EU IR CASA. (verbo direcional)


Português : " Eu irei para casa. " para - não se usa em LIBRAS, porque está
incorporado ao verbo.

Exemplo 2: LIBRAS: FLOR EU-DAR MULHER^BENÇÃO (verbo


direcional)
Português: "Eu dei a flor para a mamãe."

Exemplo 3: LIBRAS: PORQUE ISTO (expressão facial de interrogação)


Português: "Para que serve isto?"
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Exemplo 4: LIBRAS: IDADE VOCÊ (expressão facial de interrogação)
Português: “Quantos anos você tem?”
Há alguns casos de omissão de verbos na LIBRAS:

Exemplo 5: LIBRAS: CINEMA O-P-I-A-N-O MUITO-BOM


Português: “O filme O Piano é maravilhoso!”

Exemplo 6: LIBRAS: PORQUE PESSOA FELIZ-PULAR


Português: "... porque as pessoas estão felizes demais!"

Exemplo 7: LIBRAS: PASSADO COMEÇAR FÉRIAS EU VONTADE...


DEPRESSA VIAJAR

NÃO ENXERGAR VOCÊ (= Eu não vi você)

CASA, EU IR. (tópico comentário)

EU CASA.

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