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UFRJ - ESCOLA POLITÉCNICA Disciplina : Materiais de Construção I

Apostila Aspectos Gerais dos Materiais de Construção - Revisão 2

Apostila:
ASPECTOS GERAIS DOS
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Professor: JORGE SANTOS

Janeiro de 2018
UFRJ - ESCOLA POLITÉCNICA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I
Disciplina:
Apostila: ASPECTOS GERAIS DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO.Rev2

CONTEÚDO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 3

2 REQUISITOS DOS MATERIAIS PARA A ENGENHARIA ..................................... 8

3 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS ...................................................................... 9


3.1 CONCEITUAÇÃO ................................................................................................................................ 9

3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS PROPRIEDADES ................................................................................................. 9

3.3 PRINCIPAIS CONCEITOS .................................................................................................................. 10

3.4 PROPRIEDADES FÍSICAS .................................................................................................................. 11


3.4.1 Massa específica aparente (MEA) ........................................................................................... 12
3.4.2 Massa específica real (MER) ................................................................................................... 12
3.4.3 Densidade aparente do material (DA) ...................................................................................... 12
3.4.4 Densidade real do material (DR) .............................................................................................. 13
3.4.5 Coeficiente de vazios (CV) ou porosidade ............................................................................... 13
3.4.6 Coeficiente de compacidade (CC) ou compacidade ................................................................ 13
3.4.7 Umidade (h) .............................................................................................................................. 14
3.4.8 Absorção (a) ............................................................................................................................. 14
3.4.9 Permeabilidade (CP) ................................................................................................................ 14
3.5 PROPRIEDADES MECÂNICAS ................................................................................................... 14
3.5.1 Conceituação ........................................................................................................................... 14
3.5.2 Principais propriedades ............................................................................................................ 19

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1 INTRODUÇÃO
São normalmente materiais sólidos ou solidificados. Podem ser divididos em quatro
grupos:

1.1) Cerâmicos;

1.2) Metálicos;

1.3) Orgânicos;

1.4) Compósitos.

Esta classificação é feita considerando-se as diferentes formas de ligação inter-


atômicas dos materiais. Esta classificação, entretanto não deve ser rígida, pois há
materiais cuja natureza é intermediária entre cerâmicos e orgânicos como, por
exemplo, as siliconas. Por outro lado existem os intermediários entre os metálicos e
cerâmicos (certos condutores) e os que como a grafita não se encaixam
perfeitamente em nenhum dos três.

De forma generalizada, englobando as principais características dos quatro grupos,


pode-se conceituar e classificar as principais propriedades destes materiais:

1.1 Materiais cerâmicos


São rochas ou minerais argilosos ou são compostos por tais minerais.

exemplo: areia, pedra calcária, vidro, tijolo, cimento, gesso, reboco, argamassa,etc...

São normalmente materiais extraídos do solo, com ou sem posterior processo de


beneficiamento.

São relativamente baratos se comparados com os metálicos e orgânicos.

Apresentam as seguintes propriedades genéricas:

1.1.1 Físicas

a) maus condutores de calor;

b) maus condutores de eletricidade (dielétricos);

c) resistem a altas temperaturas (refratários);

d) massa especifica média compreendida entre 1,5 e 4,5 kg/dm3.

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1.1.2 Mecânicas

a) resistência à compressão alta (estática);

b) muito duros (dureza);

c) frágeis;

d) duráveis.

1.1.3 Químicas

a) grande estabilidade química;

b) dificilmente atacáveis pelos ácidos.

Como desvantagens dos materiais cerâmicos pode-se ressaltar o considerável peso


por unidade de volume, a sua fragilidade (quebradiços) e a certa restrição de serem
aplicados somente em esforços à compressão.

1.2 Materiais metálicos


São extraídos dos minérios naturais geralmente óxido ou sulfetos de metais.

exemplos: aço, cobre, alumínio, etc...

São normalmente mais caros que os cerâmicos pois são extraídos dos minérios
através de complexos processos de fusão.

Apresentam as seguintes propriedades genéricas:

1.2.1 Físicas

a) bons condutores de calor;

b) bons condutores de eletricidade;

c) elevada massa específica (exceção do Mg e Al).

1.2.2 Mecânicas

a) resistência à tração elevada;

b) resistência à compressão;

c) elasticidade;

d) ductilidade;

e) maleabilidade.

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1.2.3 Químicas

a) suscetíveis à corrosão.

Como grande desvantagem para este grupo de materiais ressalta-se o processo de


corrosão que os mesmos sofrem nas condições atmosféricas, fazendo com que os
metais voltem ao seu estado original de mineral.

exemplo:

ferro ou aço oxidado(enferrujado) = Fe2O3 (minério de ferro hematita).

alumínio oxidado = Al2O3 (constituinte do minério bauxita).

1.3 Materiais orgânicos


São materiais sintéticos, cada vez mais numerosos, quimicamente baseados no
carbono.

exemplos: betumes, madeira, papel, plástico, borracha, etc...

Apresentam as seguintes principais propriedades genéricas:

1.3.1 Físicas

a) maus condutores de calor;

b) maus condutores de eletricidade;

c) baixa massa específica.

1.3.2 Mecânicas

a) baixa resistência à tração (em geral);

b) plasticidade elevada (deforma-se com facilidade a baixas temperaturas);

c) muito dúctil (algumas borrachas podem alongar-se até 10 vezes o seu


comprimento inicial) obs.: os elastômeros apresentam grande elasticidade e
pequena plasticidade.

1.3.3 Químicas

a) combustíveis;

b) sujeitos a deterioração ao ar e sal.

Como grande desvantagem dos materiais orgânicos ressalta-se o fato de em


temperaturas altas (acima da ambiente) não suportarem cargas expressivas.

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1.4 Materiais compósitos


São compostos por dois ou mais materiais distintos. Suas propriedades são diferentes
dos materiais que lhe deram origem.

Material multifásico possuindo proporções consideráveis de cada uma das fases,


visando melhor combinação de propriedades.

A madeira é exemplo de compósito natural.

È composta pelas fibras de celulose que são flexíveis e resistentes e pela resina de
lignina mais rígida que mantém as fibras unidas promovendo as propriedades da
madeira.

Os compósitos são constituídos por uma matriz e por um material de reforço. Por
exemplo, no caso do concreto que é um material compósito muito utilizado na
construção civil, a matriz é a pasta de cimento e o reforço é formado pelo agregado
miúdo e o agregado graúdo.

Os compósitos plásticos são compostos por matriz polimérica e fibra(s) de reforço. A


matriz polimérica é constituída de resinas termofixas (Isoftálica, epóxi, éster vinílica,
fenólica, acrílica). As fibras de reforço podem ser de carbono, de aramida, de vidro,
etc.

O compósitos são classificados conforme o processo produtivo em: particulado


(constituído por partículas), fibroso (constituído por fibras) e laminado (constituído por
lâminas).

Como exemplo de aplicação os compósitos podem ser citadas as fibras de carbono


utilizadas para o reforço de estruturas de concreto armado. Podem também ser
citadas as fibras naturais e as metálicas aplicadas no reforço de concreto.

1.4.1 Propriedades dos compósitos

As propriedades dos materiais compósitos dependem dos materiais que o constituem


e também do grau de interligação entre os mesmos através da interface.

Dependendo do material compósito podem ser utilizados como materiais constituintes


da matriz, os metálicos, os cerâmicos e os poliméricos:

a) Compósitos de matriz metálica

As matrizes metálicas são ligas metálicas leves formadas a base de alumínio,


magnésio e titânio. Como material de reforço são utilizadas partículas de alumina
(Al2O3) e de carboneto de silício (SiC); fibras de grafite, de alumina e de carboneto de
silício; filamentos de boro e de carboneto de silício

b) Compósitos de matriz cerâmica

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As matrizes cerâmicas apresentam elevada dureza, baixa resistência à tração, baixa


resistência ao impacto mecânico, baixa resistência ao impacto térmico. As fibras de
vidro, de carbono e de carboneto de silício utilizadas são adicionadas antes da
sinterização (é o processo de aglutinação de partículas sólidas por aquecimento em
temperaturas abaixo da temperatura de fusão.).

c) Compósitos de matriz polimérica

As matrizes poliméricas suportam as fibras, as lâminas ou folhas e conferem ao


compósito a resistência à compressão e absorção das deformações. Já as fibras
conferem ao compósito maior resistência ao impacto (tenacidade).

As matrizes poliméricas podem ser elastoméricas, termoendurecíveis e


termoplásticas. O material de reforço pode ser fibras de vidro e de carbono.

As matrizes elastoméricas são constituídas de partículas coloidais (material filler) que


estabelecem a ligação com as cadeias poliméricas.

As matrizes termoendurecíveis são constituídas de resinas (epoxidicas, polimidas,


fenol-formaldeidos, uréia-formaldeido, melamina-formaldeido) na forma de reagentes
ou pré-polímeros que após serem adicionadas a mistura são curadas

As matrizes termoplásticas podem ser de poliamidas, de polipropileno e de


policarbonato.

1.4.2 Exemplo de aplicações

Plásticos reforçados com fibras, exemplos: reservatórios, piscinas, telhas, banheiras,


tanques, pias, bancadas para cozinha, cubas, assentos sanitários, pisos e lajotas,
tampas de galerias, sanitários portáteis, quiosques, guaritas, perfis pultrudados,
fachadas (placas ACM material composto de alumínio ou alucobond), etc.

1.4.3 Vantagens e desvantagens

Conforme já mencionado em relação as propriedades dos materiais compósitos,


também as suas vantagens e desvantagens dependem dos materiais que o
constituem.

De forma geral como vantagens dos materiais compósitos, pode-se citar sua alta
rigidez e resistência em relação ao seu peso, alta resistência à corrosão, baixa
expansão térmica, bom comportamento à fadiga, facilidade de transporte, baixo
consumo de energia no processo de fabricação.

Uma desvantagem é a dificuldade de aderência da matriz com a fibra em função das


duas serem sólidas e não apresentarem superfícies regulares provocando pontos da
superfície sem contato e por conseguinte vulnerabilidades na interligação.

Considerando as fibras mais utilizadas como reforço dos materiais compósitos pode-
se considerar como vantagens e desvantagens as seguintes:

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Tipo de fibra Vantagens Desvantagens

Fibra de vidro - Elevada resistência à tração e - Módulo de elasticidade reduzido.


compressão.
- Elevada massa específica.
- Baixo custo em relação às outras
fibras. - Sensibilidade à abrasão.

- Elevada resistência química e elevada - Sensibilidade a temperaturas


resistência ao fogo. elevadas.

- Boas propriedades de isolamento - Baixa resistência à fadiga.


acústico, térmico e elétrico.

Fibra de aramida - Baixa massa específica. - Baixas resistência à compressão.


- Elevada resistência à tração. - Degradação lenta sob luz
- Elevada resistência ao impacto. - Elevada absorção de umidade.
- Baixa condutividade elétrica. - Má adesão às resinas.
- Elevada resistência química com - Custo relativamente elevado.
exceção a ácidos e bases concentrados.
- Elevada durabilidade.
- Elevada resistência à abrasão.
- Boa resistência ao fogo com
capacidade de autoextinção.
- Excelente comportamento sob
temperaturas elevadas de serviço.
Fibras de carbono - Elevada resistência à tração. - Reduzida resistência ao impacto.
- Elevado módulo de elasticidade - Elevada condutibilidade térmica.
longitudinal.
- Fratura frágil.
- Baixa massa específica.
- Baixa deformação antes da
- Elevada condutibilidade elétrica. fratura.
- Elevada estabilidade dimensional. - Baixa resistência à compressão.
- Baixo coeficiente de dilatação térmica. - Custo elevado.
- Bom comportamento a elevadas
temperaturas de serviço.
- Inércia química exceto em ambientes
fortemente oxidantes.

2 REQUISITOS DOS MATERIAIS PARA A ENGENHARIA


Para a seleção e uso dos materiais o engenheiro terá basicamente que considerar as
seguintes condições e aspectos:

CONDIÇÕES ASPECTOS

Técnicas:  trabalhabilidade (aplicabilidade e funcionamento)

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(qualidade, prazo e risco)  durabilidade [resistência satisfatória aos agentes


que o solicitam:

- mecânicos (esforços estáticos e dinâmicos);

- físicos (água, calor, luz, etc.);

- químicos (ácidos, sais);

- biológicos (microorganismos, insetos, etc.).

 impacto no meio ambiente.

Econômico-Financeiras:  custo de obtenção, fabricação e transporte.

(custo)  custo de utilização ou aplicação.

 custo de conservação.

A eficácia de um material aplicado a engenharia, resulta da ponderação simultânea


de todos esses aspectos e condições.

3 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

3.1 Conceituação
Entende-se por propriedades de um material as qualidades que o caracterizam e o
distinguem, sendo o conhecimento destas propriedades uma condição necessária
para se poder avaliar o seu comportamento na prática.

Por exemplo, o material “pedra” apresenta dois comportamentos devido a propriedade


de possuir uma baixa porosidade:

 É um material de elevada resistência aos esforços de compressão;

 É um material com baixo coeficiente de absorção de som.

Portanto, o material “pedra” é um material de boa qualidade quando utilizado como


suporte de forças de compressão e de má qualidade se utilizado como absorvente de
som.

3.2 Classificação das propriedades


CLASSE CONCEITUAÇÃO PROPRIEDADES
 dimensões;
FÍSICAS A propriedade relacionada com a estrutura
 forma;
dos cristais (em estado sólido) ou da parte
amorfa (estado líquido ou gasoso).  massa específica;
 porosidade;

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 umidade;
 microestrutura;
 macroestrutura.
 resistência:
MECÂNICAS A propriedade relacionada com o
- tração;
comportamento do material quando sujeito
- compressão;
a um carregamento ou solicitação.
- flexão;
- cisalhamento;
- impacto;
- desgaste;
 tenacidade;
 elasticidade;
 plasticidade;
 rigidez;
 ductilidade;
 dureza.
 acidez;
QUÍMICAS A propriedade relacionada com os
 alcalinidade;
constituintes do material e suas alterações.
 resistência a corrosão;
 composição.
 calor específico;
TÉRMICAS A propriedade relacionada com o
 condutividade.
comportamento do material quando sujeito
a transferência de calor de um para outro
meio.
 contração;
FÍSICO  dilatação.
QUÍMICAS
 permeabilidade magnética;
ELÉTRICAS A propriedade relacionada com o
 ação galvânica.
comportamento do material quando sujeito
a transferência de cargas elétricas sob a
ação de uma diferença de potencial.
 transmissão da luz;
ÓTICAS Relacionada com os fenômenos de
 reflexão da luz.
produção, transmissão e detecção de
radiação eletromagnética.
 transmissão de som;
ACÚSTICAS  reflexão de som.

3.3 Principais Conceitos


Rigidez - A rigidez está relacionada com o módulo de elasticidade, de forma que
quanto maior for o módulo de elasticidade, mais rígido será o material, ou seja, quanto
menos deformações elásticas mais rígido é o material e vice-versa.

Ductilidade - É a propriedade dos materiais de sofrerem grandes deformações


plásticas. Pode-se avaliar a ductilidade através do alongamento referido a uma
medida ou pela estricção da seção transversal, sendo mais dúctil o material que
apresenta maior alongamento permanente ou maior estiraço. É a propriedade
relacionada à capacidade do metal de transformar-se em fio, mediante esforços de
tração.
Maleabilidade - É a propriedade relacionada à capacidade do metal de transformar-
se em lâminas por esforços de compressão. Um material é maleável quando sob ação
do laminador ou do martelo da forja, não sofre rupturas ou fortes alterações na
estrutura.
Tenacidade - É a propriedade dos materiais sofrerem grandes deformações na
ruptura (deformações elástica e plástica). O material tenaz entra em ruptura após dar

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indícios de seu colapso. A tenacidade é medida pela área total do diagrama tensão x
deformação.

Fragilidade - É a propriedade dos materiais sofrerem pequenas deformações na


ruptura. O material frágil entra em colapso sem dar indícios de sua ruptura.

Viscosidade - É a resistência oposta por um fluido à deformação, sob a ação de uma


força. Quanto maior a viscosidade, maior a energia empregada para vencer esta
resistência. Os fluidos não possuem estrutura rígida (tomam a forma dos recipientes
que os contêm), por isso não apresentam propriedades mecânicas relevantes e o
estudo de suas deformações restringe-se ao da viscosidade.

Dureza - É a propriedade dos materiais resistirem à penetração. Sendo assim se um


material “A” penetra ou arranha a superfície de outro material “B” . Diz-se que “A” é
mais duro que “B” e vice-versa.

Fadiga - É a propriedade dos materiais resistirem à solicitação cíclica. O exemplo


típico é o do arame que se consegue romper simplesmente torcendo-o para um e
outro lado repetidas vezes. A causa desta ruptura é a desagregação progressiva da
coesão entre os cristais do material, que vai diminuindo a seção resistente, até o
colapso, ainda que os valores dessas tensões sejam inferiores ao limite de resistência
do material.

Resiliência - É a propriedade dos materiais resistirem ao impacto (choque)


Caracteriza a fragilidade, propriedade que deve ser levada em conta para os materiais
que devem resistir a choques.
Fluência - Fenômeno pelo qual os materiais tendem a sofrer deformações plásticas
quando submetidos por longos períodos a tensões constantes, porém inferiores ao
limite de resistência normal do material. Pode ser ativada pela temperatura (sua
ocorrência é comum a temperaturas elevadas), e se manifesta com o passar do
tempo. Esta deformação produz fissuras no material e pode levar à ruptura. À
temperatura ambiente, a deformação de certos materiais, como os metais por
exemplo, é muito pequena, a não ser que a carga adquira uma tal intensidade que se
aproxime da tensão de ruptura.

3.4 Propriedades Físicas


Para se falar nas propriedades físicas dos materiais de construção cabe conceituar
massa, peso e densidade de forma uniformizar os conceitos e facilitar o seu estudo:
Massa: É a quantidade de matéria contida num corpo. É constante para um
mesmo corpo em qualquer situação segundo o enfoque da mecânica
clássica.
Peso: É a força com que a massa é atraída para o centro da terra.
Densidade: É a relação entre a massa de um corpo e a massa de igual volume de
água destilada a 4 graus celsius e pressão nula (vácuo).

Cabe ainda esclarecer que um material é constituído por uma parte sólida e por uma
parte vazia (que em geral, é preenchida por água e ar). Assim o volume total será:

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V = Vs+Vv onde: V = volume total sendo: Vv = Var+Vag

Vs = volume sólido onde: Var = volume ar

Vv= volume vazio Vag = volume água

teremos: V = Vs+Var+Vag

caso o material esteja completamente seco, teremos: V = Vs+Var

Por outro lado a massa total é constituída pela massa da parte sólida e pela massa da
parte vazia. Assim teremos:

M = Ms+Mv onde : M= massa total sendo: Mv = Mar+Mag

Ms = massa sólido onde: Mar = massa ar

Mv = massa vazio Mag = massa água

teremos: M = Ms+Mar+Mag

Caso o material esteja completamente seco e considerando a massa do ar


desprezível, teremos: M = Ms

Podemos agora então estudar as seguintes propriedades físicas dos materiais:

3.4.1 Massa específica aparente (MEA)

É a relação que indica a massa total por volume total, sendo representada
matematicamente por:

MEA = M / V para o material seco, teremos: MEA = Ms / V

3.4.2 Massa específica real (MER)

É a relação que indica a massa sólida por volume de sólido, sendo representada
matematicamente por:

MER = Ms / Vs

3.4.3 Densidade aparente do material (DA)

É a relação que indica a MEA do material por ME da água (considerada igual a 1,0
kg/dm3).

DA = MEA material / ME água

DA = MEA material / 1,0 kg/dm3

DA = MEA material.

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3.4.4 Densidade real do material (DR)

É a relação que indica a MER do material por ME da água (considerada igual a 1,0
kg/dm3)

DR = MER material / ME água

DR = MER material / 1,0 kg/dm3

DR = MER material

Podemos concluir que:

a) A densidade aparente ou real é numericamente igual a massa específica aparente


ou real respectivamente.

b) A densidade aparente ou real é adimensional, e a massa específica é dimensional.

c) A densidade aparente indica quanto uma unidade de volume total de material é


mais pesada ou mais leve do que a mesma unidade de volume em água. (exemplo:
a DA da pedra é igual a 2,50, isto quer dizer que 1 dm3 de pedra é 2,5 vezes mais
pesado do que 1dm3 de água)

d) A densidade real indica quanto uma unidade de volume sólido de material é mais
pesada ou mais leve do que a mesma unidade de volume em água. (exemplo: a
DR da cortiça é inferior a 1,0, isto quer dizer que seu volume sólido é mais leve do
que a água)

3.4.5 Coeficiente de vazios (CV) ou porosidade

Indica a relação quantidade de vazios existente no volume total de um material seco,


sendo representado matematicamente por:

CV = Vv / V

fazendo: Vv = V - Vs teremos: CV = (V - Vs) / V e CV = 1 - Vs / V

fazendo: V = M / MEA e Vs = Ms / MER

teremos: Vs / V = Ms / MER x MEA / M e Vs / V = MEA / MER M = Ms)

assim: CV = 1 - MEA / MER

3.4.6 Coeficiente de compacidade (CC) ou compacidade

Indica a relação quantidade de sólidos existente no volume total de um material seco,


sendo representado matematicamente por:

CC = Vs / V

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fazendo: Vs = V - Vv teremos: CC = (V - Vv) / V

assim: CC = 1 - Vv / V

3.4.7 Umidade (h)

Indica a relação entre o peso de um material envolvido por água na superfície e nos
vazios por peso de um material seco.

h = (Pa - Ps)/ Ps x 100

3.4.8 Absorção (a)

Indica relação entre o peso de um material envolvido por água na superfície e nos
vazios por peso de um material seco.

a = (Pa / Ps) x 100

3.4.9 Permeabilidade (CP)

É a propriedade de deixar-se atravessar por gases ou líquidos. A água pode


atravessar um corpo poroso por capilaridade, por pressão ou ambas
simultaneamente. A permeabilidade depende das dimensões e da disposição dos
canais que atravessam o material. São em geral comparativos, em virtude de erros
que podem resultar da evaporação na superfície e por ser a viscosidade da água
variável com a temperatura.

CP = Va / S x 100 onde: Va = volume água em cm3 que atravessa o cp durante


1 hora

S = seção do cp em contato com a água

3.5 PROPRIEDADES MECÂNICAS

3.5.1 Conceituação

As propriedades mecânicas se associam a habilidade do material para suportar


esforços mecânicos. Para se estabelecer parâmetros comparativos entre as
propriedades e os seus efeitos em trabalho conceituaremos a seguir alguns termos de
uso mais comum:

a) Tensão

É a força por unidade de seção transversal, expressa em kgf /cm2 ou Mpa (1 Mpa =
10 kgf/cm2). Considerando-se a seção inicial (medida antes de colocá-lo em carga).

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As tensões normalmente determinadas para os materiais de engenharia são: limite de


escoamento e limite de resistência.

LE - Limite de Escoamento

É a tensão de trabalho do material ou tensão admissível.

Ao atingir o LE o material sofre considerável alongamento sem acréscimo de carga


(para o aço doce algumas vezes mais do que 1 %) que pode ser acompanhado por
queda súbita do valor da carga (o ponteiro do indicador da máquina de tração
estaciona bruscamente e recua). Registra-se dois limites um superior e um inferior,
sendo considerado o inferior.

Há materiais que não apresentam o LE definido, requerendo a confecção de gráficos


com auxilio de extensômetros e limite convencional de escoamento definido em
norma.

Para projetos, a tensão máxima é, normalmente mantida abaixo do limite de


proporcionalidade, porque somente até ai não haverá deformação permanente, caso
as cargas sejam aplicadas e depois removidas. Para permitir sobrecargas acidentais,
bem como para levar em conta imprecisões na construção e possíveis
desconhecimentos de algumas variáveis na análise da estrutura, normalmente
emprega-se um coeficiente de segurança, escolhendo-se uma tensão admissível, ou
tensão de projeto, abaixo do limite de proporcionalidade. Por exemplo, em estruturas
de aço, uma tensão admissível de 14 Kgf/cm é muitas vezes usada, para os aços
que tem o limite de escoamento igual a 23,10 Kgf/cm2, o que um coeficiente de
segurança igual a 1,65.

A escolha do coeficiente de segurança adequado depende do tipo de material e das


condições de serviço, ou seja, sobrecargas estáticas ou dinâmicas. Tem-se então:

adm = tensão de escoamento/coeficiente de segurança.

LR - Limite de Resistência

É a tensão máxima de resistência suportada pelo material. Além desta tensão o


alongamento do material continua, havendo porém diminuição da carga, até ocorrer a
ruptura.

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LR Ruptura

LE
Carga

Deformação

b) Alongamento

É a deformação sofrida pelo material quando submetido a uma carga.

Expresso em:
 cm de deformação por cada cm de comprimento original
 % do comprimento original

A0 - A
ε=
A0

ε = estricção

c) Alongamento elástico

Ocorre durante a aplicação da carga e desaparece se esta é suprimida. Há


proporcionalidade entre cargas e deformações.

Lei de Hooke =E=T:ε onde:

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E = deformação elástica unitária


ε = módulo de elasticidade ou Young
T = tensão
Há alguns materiais que apresentam a elasticidade não linear, ou seja, não existe
proporcionalidade entre cargas e deformações.

Exemplo: a borracha apresenta um alongamento igual a 700 %, permanecendo


elástico até níveis de deformação elevados.

d) Módulo de elasticidade

É a relação entre o esforço que se aplica e a deformação elástica que resulta. Tem
certa relação com a rigidez do material.

Se expressa por compressão ou tração em kgf/cm2.

e) Deformação plástica

É a deformação permanente que se verifica em um material, submetido a uma tensão


que excede o limite elástico. A deformação plástica é resultado das mudanças
permanentes de átomos dentro do material.

f) Ductilidade

é a quantidade de deformação plástica no ponto de ruptura. Seu valor poderá ser


expresso em alongamento.

Outra medida da ductilidade é a redução da área em um ponto de ruptura (estricção):

redução de área = (área original - área final) / área original

Quanto mais dúctil maior será a redução da área.

A deformação elástica é proporcional à


quantidade de tensão.

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σ
A deformação plástica que se segue à
deformação elástica inicial, não é
reversível.

g) Relações tensão-deformação

σ
LR
Material frágil, sem deformação plástica,
rompem com pouca ou nenhuma fluência.
Exemplo: ferro fundido, concreto,
porcelana, bronze, vidro, etc.
σ ε

LR Ruptura

Material dúctil com ponto de escoamento


LE
definido.
Exemplo: aço de baixo carbono, etc.
Carga

Deformação

σ
LE
Material dúctil sem ponto de escoamento
definido.
Exemplo: alumínio, aço trefilado, etc.
0,2 % ε

Todo material dúctil tem um limite elástico ou limite de proporcionalidade.

Devido à seção transversal dos materiais dúcteis reduzir antes da ruptura, a


resistência de ruptura poderá ser menor do que a resistência de tensão.

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h) Rigidez

Está relacionada com o módulo de elasticidade do material que será tanto mais rígido
quanto maior o módulo.

Se dois materiais forem submetidos ao mesmo tipo de solicitação, para um


determinado valor desta, deformar-se-á mais aquele que possuir menor valor de
módulo de elasticidade.

3.5.2 Principais propriedades

Uniformizada a linguagem passaremos a discorrer sobre as principais propriedades


mecânicas.

Podemos entender como propriedades mecânicas, aquelas pertinentes ao


deslocamento das estruturas dos materiais no estado sólido.

Para o estudo das propriedades mecânicas não consideraremos os fluidos, por estes
não possuírem estrutura rígida (tomam a forma dos recipientes que os contêm) e por
isso não apresentam propriedades mecânicas relevantes.

O estudo das deformações dos fluidos se restringem ao da viscosidade que é a


resistência oposta pelo próprio fluido durante seu deslocamento (medida do seu atrito
interno).

Os sólidos, por possuírem estrutura rígida, apresentam relevantes propriedades


mecânicas, as quais estudaremos a seguir:

3.5.2.1 Resistência

É a capacidade de o material suportar tensões até ocorrer ruptura do mesmo ou


surgirem trincas ou deformações condenatórias da sua continuidade em serviço.

Coesão - é a propriedade dos sólidos resistirem à fragmentação ou ruptura com ou


sem escoamento. A coesão é medida em função da magnitude das forças exteriores
aplicadas.

Explicação do fenômeno:

Nos sólidos, os átomos são mantidos em posições relativas fixas por um sistema
equilibrado de forças de atração e repulsão.

O átomo é constituído de um núcleo onde se encontra a matéria (prótons e nêutrons)


e elétrons que gravitam em suas órbitas ao redor do núcleo.

Uma parcela resultante das forças de atração e repulsão destina-se a impedir colisões
entre os núcleos e os respectivos elétrons e outra parcela, de valor muito menor,
responsável por mantê-los em equilíbrio (coesos) quando uma solicitação exterior
tende a romper o sólido.

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Importância da resistência:

A resistência é a primeira propriedade considerada nos projetos de engenharia,


embora não seja a única. Outras são necessárias para caracterizar o material e
possibilitar o dimensionamento e seleção para o uso.

Assim por exemplo quando desejamos construir uma mola a propriedade mais
importante passa a ser a elasticidade.

Tipos de tensões:

As tensões mais correntemente utilizadas nos projetos de engenharia são as


seguintes:

a) tração

Alongamento em suas dimensões no sentido da aplicação da tensão.

b) compressão

Encurtamento de suas dimensões no sentido da aplicação da tensão.

c) cisalhamento

Deslocamento entre as seções da peça, forçando o corte sem que ocorra


deslocamento angular.

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D) flexão

Encurtamento na parte superior e alongamento na parte inferior da peça havendo


simultaneamente tensão de compressão e tensão de tração.

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