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PSICOLOGIA: CARACTERÍSTICAS DA
PROFISSÃO
Tabela I
Distribuição dos Psicólogos segundo o número de ocupações concomitantes
que exerceram após o término do curso
Tabela II
Distribuição dos Psicólogos segundo o número de
Ocupações que Exercem Atualmente
Os dados das tabelas acima têm que ser considerados para se poder
oferecer um quadro bastante claro de desenvolvimento da profissão, de modo que
nas tabelas subseqüentes estaremos sempre lidando com todas as experiências
profissionais dos psicólogos, isto é, com o número de ocupações concomitantes
mantidas pelos profissionais, e não com o número de psicólogos que mantêm
as ocupações. Assim, nas tabelas III e IV os números indicam as experiências
profissionais dos psicólogos segundo as áreas de trabalho já definidas.
Psicologia: Características da Profissão 147
Tabela III
Número de primeiras experiências profissionais dos Psicólogos distribuídas
segundo as Áreas de Trabalho
ÁREAS DE TRABALHO
Tot.
FACULDADE DE FILOSOFIA, Ensino Clínica Industrial Escolar de
CIÊNCIAS E Ativ.
LETRAS
São Bento
32 45 8 17 102
N = 60
“Sedes Sapientiae”
10 39 6 9 64
N = 36
Tabela IV
Número de Atividades Atuais dos Psicólogos Distribuídas
segundo as áreas de trabalho
FACULDADE DE FILOSOFIA
ÁREAS CIÊNCIAS E LETRAS
TOTAL
DE Sedes
São Bento USP (N = 158)
TRABALHO Sapientiae
(N = 58) (N = 66)
(N = 34)
Ensino 24 9 30 63
Clínica 42 40 43 125
Industrial 7 12 12 31
Escolar 13 9 5 27
Tabela V
Número das primeiras experiências profissionais e atividades atuais dos
psicólogos na área do ensino
ENSINO SUPERIOR
Ensino
Cursos de Formação Outros Cursos de Nível Outros
de Psicólogos Superiores Médio
Primeira
experiência 46 16 6 11
Profissional
Atividade 46 12 1 4
Atual
Tabela VI
Número de atividades atuais dos psicólogos na área de Psicologia Clínica,
distribuídas segundo o local de trabalho
LOCAL DE TRABALHO
FACULDADES DE
FILOSOFIA, CIÊNCIAS Clínicas e TOT.
Serviços Outros
E LETRAS Consultórios
Públicos Serviços
Particulares
São Bento
28 10 4 42
“Sedes Sapientiae”
35 2 3 40
Universidade de São
32 10 1 43
Paulo
TOTAL 95 22 8 125
Tabela VII
Número das primeiras experiências de trabalho e das atividades atuais dos
psicólogos na área da Psicologia Clínica, por local de trabalho
Clínicas e
Serviços Outros Total das
LOCAL DE TRABALHO Consultórios
Públicos Serviços Ativ.
Particulares
Primeira
75 37 18 130
Experiência
Profissional
95 22 8 125
Atividade Atual
Psicologia: Características da Profissão 151
Tabela VIII
Número de primeiras experiências profissionais e atividades atuais dos
psicólogos, na área da Psicologia Industrial, por local de trabalho
“Institutos”
Assessoria a
Empresas de Outros Total
empresas
Psicotécnica
Primeira
Experiência 15 - 1 5
21
Profissional
Atividade 15 12 3 1
31
Atual
A tabela VIII deixa bem claro que o aumento das atividades atuais dos
psicólogos, na área industrial, em relação ao número das primeiras experiências,
tem a ver, apenas, com a instituição recente dos exames psicotécnicos para
motoristas. Sem entrarmos no problema do valor desses exames para uma
seleção adequada dos motoristas, uma popularização da imagem de “aplicador
de testes”, do ponto de vista do psicólogo, talvez não seja benéfica, nem a curto
nem a longo prazo. Se considerarmos ainda o caráter rotineiro de aplicação e
avaliação sempre das mesmas provas, pode-se compreender que esse tipo de
trabalho nada possui de estimulante. Entretanto, se as experiências profissionais
dos psicólogos, na área do trabalho, aumentaram tão consideravelmente, a
explicação deve residir no fato de que os Institutos de Psicotécnica representam
uma abertura para o trabalho profissional autônomo.
152 Escritos sobre a profissão de psicólogo no Brasil
Tabela 9
Número de primeiras experiências profissionais e atividades atuais do
psicólogo, na área da Psicologia Escolar, por local de trabalho
Primeira 29 5 34
experiência
Atividade atual 21 6 27
3 Veja-se, a respeito da evolução da Psicologia Escolar nos Estados Unidos, Newland (1962),
Super (1957) e Jones (1963). Assim, o School Psychologist, que originariamente lidava com
os problemas de diagnóstico e reeducação dos deficientes, e os Vocational Counselors
ou Guidance Counselors, ligados aos problemas do trabalho, viram, nesse processo, suas
funções perderem os limites precisos e seus objetivos se unificarem em torno das crianças
e adolescentes normais. Super (1957) sugere que os termos predominantes, conselor e
counseling, representam uma síntese dos diversos serviços prestados pelos psicólogos nas
escolas. Encontramos a mesma concepção ampla do termo counseling em Krumboltz e
Thoresen (1969). Mesmo na França, onde a evolução dos serviços é mais lenta por ser mais
rigidamente fixada na legislação federal, também as funções dos Psychologues Scolaires e dos
Conseilleurs d’Orientation tendem a se sobrepor e a perder os limites que as caracterizavam.
Veja-se, a respeito, um relatório dos especialistas franceses em Binop (1962), bem como as
definições mais tradicionais de Zazzo (1953), Gal (1946), e Lefèvre (1949).
160 Escritos sobre a profissão de psicólogo no Brasil
Conclusão
Acreditamos que pelo fato da Psicologia ser uma profissão mais ou
menos recente entre nós, e pelo fato, já apontado, da indefinição que cerca
as funções do psicólogo na sociedade, os cursos não têm oferecido modelos
novos e estimulantes de atuação para o psicólogo, trazendo aos alunos uma
idéia inadequada das suas funções sociais. A limitada extensão de serviços que
o psicólogo presta à comunidade é, parcialmente, uma decorrência das funções
também limitadas que ele se atribui. Dada a virtual inexistência de serviços
clínicos públicos e gratuitos, nem mesmo a orientação clínica, predominante na
Psicologia, pode ter ampla difusão e chegar a ser socialmente significante, pois
a clínica e o consultório particulares são economicamente seletivos, destinados
a atender a uma escassa minoria, dotada de recursos. Nesse contexto cabe, e
é justa, a crítica de A. Benkö (1970) acusando a psicologia no Brasil de se ter
transformado numa “atividade de luxo”, ou, em outras palavras, numa atividade
supérflua.
A formulação e manutenção da imagem de um profissional “de luxo”,
transmite certos conteúdos ideológicos residuais, que não podem deixar de ser
apontados. Esses conteúdos são, basicamente, de duas ordens: implicam uma
concepção da Psicologia alheia às instituições sociais, devotada ao estudo do
comportamento humano em si e por si; implicam um modelo de atuação para
o psicólogo devotado à melhoria individual em si e por si. É inegável, contudo,
que o modo de vida do homem moderno é o modo de vida mais coletivo que a
história da humanidade já conheceu. As tensões e conflitos que caracterizam a
nossa época são vividos por sociedades inteiras. Os problemas psicológicos com
162 Escritos sobre a profissão de psicólogo no Brasil
Bibliografia
BENKO, A. “Como se tem feito e como deverá ser feito o treinamento do Psicólogo
Clínico?” Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada, 22 (2) : 21-35, 1970.
BINOP. “Intégration dês Jeunes dans um Monde em Évolution Technique et
Économique Accélérée”. Binop, nº spécial, 123-44, 1962.
CABRAL, A. “A Psicologia no Brasil”. Boletim CXIX nº 3 da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, 9-47, 1950.
GAL, R. L’Orientation Scolaire. Paris, Press Universitaires de France, 1946.
JONES, A. J. Principles of Guidance. New York, McGraw-Hill, 1963.
KRUMBOLTZ, J, D. e Thorensen, C. E. (eds.) Behavioral Counseling: Cases and
Techniques. New York, Holt, Rinehart and Winston, 1969.
LEFÈVRE. Le Professeur Psychologue. Paris, Press Universitaires de France, 1949.
LOURENÇO FILHO, M. B. O Teste ABC. São Paulo, Ed. Melhoramentos, 1957.
MELLO, S. L. Psicologia e Profissão em São Paulo. Ed. Ática, S.P., 1975.
MYERS, G. E. Principles and Techniques of Vocational Guidance. New York,
McGraw-Hill, 1941.
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