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O MODELO DA ESCOLA DA ESCOLHA E A PARTE DIVERSIFICADA

I – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
O Modelo da Escola da Escolha oferece um conjunto de Metodologias Pedagógicas e
de Gestão, sustentadas em princípios e conceitos que objetivam transformar a escola
num ambiente onde a criança, o adolescente e o jovem construam um Projeto para a
sua vida. O objetivo é o Projeto de Vida construído pelos jovens no âmbito da escola
desde que transformada a partir da introdução desse conjunto de princípios e
conceitos que são postos em prática no contexto do Modelo Pedagógico por meio das
Metodologias de Êxito e Práticas Educativas.

a) Por que a ênfase numa parte diversificada?


 porque reconhecemos que apenas o Núcleo Comum não é suficiente para
assegurar a ampliação do repertório cultural, intelectual e moral dos
estudantes, além do conjunto de outras competências e habilidades
fundamentais para a construção do seu Projeto de Vida;
 porque assumimos a necessidade de oferecer espaços e tempos para que o
estudante possa empreender esforços na perspectiva de atuar diante da sua
própria aprendizagem (porque para formar alguém autônomo, solidário e
competente, é preciso reconceitualizar a prática pedagógica e tratá-lo como
sendo fonte de iniciativa, liberdade e compromisso);
 porque a parte diversificada existe na perspectiva do aprofundamento,
enriquecimento e diversificação, como preconizado na própria LDB e sustenta,
portanto, a integralização curricular pretendida no Modelo.

b) O que são as Metodologias de Êxito?


São componentes curriculares da parte diversificada do currículo e estão sujeitas,
portanto, ao que lhes cabe legalmente, ou seja, não reprova, mas contabiliza a
frequência. Para o ICE isso é o que menos importa. Importa que elas (as metodologias)
cumpram os seus objetivos pois são estrategicamente pensadas para apoiar a
formação de competências fundamentais para a construção do PV do estudante. No
entanto temos algumas recomendações sobre como trata-las no âmbito do sistema de
avaliação vigente nas respectivas Secretarias de Educação.

c) A Distribuição da parte Diversificada no Horário Escolar: a parte diversificada do


currículo não deve ser distribuída de maneira concentrada em apenas um período do
dia (seja manhã ou tarde). Na Escola da Escolha o currículo se desenvolve de maneira
equilibrada com todos os seus componentes distribuídos ao longo do dia, sem
prevalência de um sobre o outro, nem de períodos. No entanto, recomendamos
fortemente que as aulas da parte diversificada não devam ser dispostas nos extremos
do horário (primeiras aulas ou últimas aulas do dia.
d) O Diário de Classe/Caderneta do Professor e a Parte Diversificada: não há Diário de
Classe específico para a parte diversificada para registro de frequência e outras
anotações como registro das aulas etc, podendo ser usado aquele que já existe na
própria Secretaria de Educação, fazendo adequações caso os professores julguem
necessário.
Julgamos como muito importante que através das experiências das próprias escolas, a
Equipe de Implantação conheça o que os professores fizeram enquanto registros e
solicitem sugestões de composição do que poderá vir a ser o diário de classe da
Escolas do Programa após o segundo ano de implantação. Isso é importante tendo em
vista que os Diários de Classe poderão ser personalizados de acordo com a experiência
vivida e aprendida pelos professores nas suas salas de aula.
No entanto, o ICE encaminhará para as Secretarias os mecanismos de registros para os
comportamentos observáveis quanto ao Estudo Orientado e Projeto de Vida.

II - ALGUMAS ESPECIFICIDADES

a) ESTUDO ORIENTADO: objetiva levar o estudante ao autodidatismo, à autonomia, à


capacidade de auto-organização, de responsabilidade pessoal e de tudo o que vem
inerente a isto.
É oferecido inicialmente por meio de um conjunto de 6 aulas que deverão orientar os
estudantes sobre procedimentos básicos para organização pessoal e preparação para
estudar. Encerrado esse curto ciclo, os tempos disponíveis devem ser destinados para
a realização dos estudos coletivos ou individuais, atendimentos dos compromissos
acadêmicos prescritos pelos professores e etc.

Como avaliar?
Não tem atribuição de notas ou conceitos, mas de frequência e verificação de
desenvolvimento de habilidades por meio de comportamentos observáveis quanto à
autonomia, autorregulação, compromisso, iniciativa, capacidade de concluir o que
inicia, resolutividade, espírito colaborativo, autodidatismo, responsabilidade pessoal e
social, etc.
Especialmente no 1º semestre, alguns tempos do Estudo Orientado podem ser
utilizados para favorecer a estratégia do Nivelamento das Aprendizagens dos
estudantes em virtude dos resultados da Avaliação Diagnóstica realizada no início do
ano.

Distribuição no horário semanal: dispor, se possível de 2 horários comuns (ou ao


menos 1 horário comum) para as turmas da mesma série para possibilitar as dinâmicas
propostas para o nivelamento das aprendizagens.

b) PROJETO DE VIDA: objetiva oferecer ao estudante a oportunidade de desenvolver


através de um processo lógico e estruturado aquilo que transforma o seu sonho em
plano com objetivos, metas etc.
É oferecido aos estudantes por meio de um conjunto de aulas durante todo os anos do
Ensino Fundamental que deverão leva-los a um processo de reflexões e definições em
torno de diversos temas.
Como avaliar?
Não tem atribuição de nota, mas de frequência e verificação de comportamentos
observáveis quanto ao investimento do quanto cada estudante está efetivamente
dedicando a essa construção cotidianamente, bem como ao desenvolvimento de
habilidades como autoconhecimento, autonomia, autorregulação, compromisso,
iniciativa, planejamento, resolutividade, responsabilidade pessoal e social, etc.
Distribuição no horário semanal: Devem ser dispostas 2 aulas sequenciadas
(geminadas) por semana.

c) DISCIPLINAS ELETIVAS: objetiva enriquecer, ampliar, diversificar temas, conteúdos,


áreas que o Núcleo Comum não consegue realizar no cotidiano escolar tendo como
eixo metodológico a interdisciplinaridade e sempre gerando um produto final.

É semestral e oferecida na perspectiva de ampliação do repertório cultural do


estudante, da sua capacidade de decidir, de conviver/planejar, decidir em grupo etc.
 As Eletivas são oferecidas a partir de um cardápio oferecido pelos professores
onde os estudantes também são ouvidos;
 Elas são elaboradas em torno de temas, conteúdos, assuntos relativos às áreas
e disciplinas da BNC, com enfoque interdisciplinar;
 São oferecidas tantas quantas forem possíveis as combinações entre os
professores e a quantidade de estudantes a serem atendidos;
 São semestrais e têm caráter essencialmente prático’
 Deve haver uma culminância no final de cada semestre, onde os estudantes e
professores apresentam seus produtos finais;
 O horário das Eletivas é o mesmo para todas as séries/turmas, permitindo que
estudantes de séries/turmas diferentes possam escolher a mesma Eletiva e
participar em função do seu interesse.

Um exemplo: uma Eletiva que reúne os professores de Filosofia, Historia e Ciências


que propõe um debate entre Newton, Einstein e outros sobre os dilemas éticos diante
da fruição dos avanços da ciência na vida contemporânea.

Como avaliar?
Tem controle de frequência. Mas, quanto à atribuição de notas, temos feito a seguinte
ponderação com as Secretarias de Educação:
Como objetivamos cada vez mais e mais assegurar a plenitude da integralização entre
as Eletivas e o Núcleo Comum, entendemos que o desenvolvimento dos estudantes
nas Eletivas deva ser considerado para efeito da avaliação daquelas disciplinas com as
quais aquela Eletiva está mais diretamente ligada. Ou seja, que o desempenho do
estudante na Eletiva durante o semestre deva influenciar o resultado da avaliação das
disciplinas X ou Y.

Um exemplo: os professores de Matemática e de Arte ao lerem os resultados da


avaliação diagnóstica realizada no início do ano, observam que os estudantes que
acabaram de entrar no 1º ano não estudaram geometria no Ensino Fundamental. Eles
decidem oferecer uma Eletiva chamada “Um mundo que cabe na palma da minha
mão”, onde oferecerão estudos sobre medidas, formas, proporcionalidade etc e os
estudantes elaborarão como produto final as maquetes dos ambientes nos quais
vivem, estudam, se divertem etc.
O desempenho dos estudantes nesta Eletiva deverá ser considerado em Matemática e
em Arte.

Outro exemplo: Numa Eletiva de Cinema serão estudados os princípios da óptica física
e geométrica, da estética da imagem e da linguagem por meio da elaboração de curta
metragens e dos estudos das imagens 3D. O desempenho nesta Eletiva deve ser
considerado em Física, Arte e Português (ou outra língua).

Sobre o quanto esse desempenho deve ser considerado, essa deve ser uma discussão
no âmbito da própria Secretaria e deve estar alinhado ao sistema de avaliação vigente.

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