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Os Caminhos do Professor Coordenador

Claudio Roberto Ribeiro Junior


Votorantim, 2015
É preciso profissionalizar cada vez mais o papel deste importante ator nos proces-
sos educacionais para que ele atue de fato mobilizando o grupo para a melhoria
das práticas pedagógicas na escola. O que acontece em muitos casos é que o pro-
fessor coordenador não consegue organizar sua rotina de modo a focar nas ações
pedagógicas e prioritárias e acaba se perdendo no dia a dia da escola, envolvido
principalmente em problemas de indisciplina, como comenta a especialista em Edu-
cação Infantil e Séries Iniciais, Lidiane Cristina da Silva.
“Quase 90% dos profissionais que hoje assumem a função de Professor Coordenador
nas escolas vieram das salas de aula, mas não têm formação para uma coordenação
pedagógica, que exige mais do que conhecimentos didáticos e metodológicos.” É o
que argumenta Silvana Tamassia.

“As faculdades de Pedagogia precisam formar futuros professores, diretores e coor-


denadores, sendo necessário o desenvolvimento de um currículo que possa aten-
der todas as demandas desses futuros profissionais, porém a extensão dessa ne-
cessidade não cabe ou não está organizada de modo que seja possível ser detalha-
da e aprofundada nos anos do curso de Pedagogia e isto acaba dificultando um a-
profundamento nos estudos e, consequentemente, na formação deste profissional.”

Além disso, os professores coordenadores precisam desenvolver um papel de líder


para que possam atuar de forma eficiente com seu grupo. Precisam ainda conhecer
estratégias formativas para que possam desempenhar seu papel de formador do
grupo de professores que acompanha. Nesse ponto, ter passado pela sala de aula
ajuda os professores coordenadores a contribuírem com a prática pedagógica do-
cente.
O professor coordenador precisa parar de ser o profissional que somente “apaga
incêndios” nas escolas. O principal desafio do professor coordenador é conseguir
lidar com as dificuldades do dia a dia, mas também pensar em ações de longo prazo
que possam agir na raiz do problema da instituição.

Precisamos desenvolver alternativas para que a função pedagógica


tenha a função de prevenção, desenvolvendo projetos para este fim e
que estes estejam em consonância com as reais necessidades da
escola atual, pois só assim poderemos alcançar níveis educativos
cada vez melhores, visando uma educação básica de qualidade.

Para isso, pode formar sua equipe para lidar com situações emergen-
ciais e também na gestão de sala de aula, ajudando a criar dentro de
sala de aula um ambiente mais favorável para a aprendizagem dos
alunos “que, com o decorrer do tempo, certamente irá contribuir para a
diminuição dos casos de indisciplina”, conforme explica Tamassia.

“Neste ponto, destacamos também a importância da parceria entre coordenador e


diretor escolar. É importante que o diretor também veja no coordenador este agente
de formação na escola, organizando pequenas ações do dia a dia entre os compo-
nentes da equipe, de modo que este possa desenvolver o seu papel pedagógico e
formativo.”

Nesta coliderança, ambos assumem o papel de líderes da aprendizagem na escola


e o compromisso de colocar em prática o projeto político-pedagógico, sempre com
foco no aprendizado dos alunos.
O QUE É ATPC?
É uma Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo,
Coletivo a ser desenvolvida na unidade
escolar, pelos professores e o Professores Coordenadores Pedagógicos.

Qual é a sua finalidade das ATPC?


Para estimular o desenvolvimento das atividades coletivas da unidade escolar.
Articular os diversos segmentos da escola para a construção e implementação do
seu trabalho pedagógico.
· Fortalecer a unidade escolar como instância privilegiada do aperfeiçoamento de seu
projeto pedagógico.
· (Re)planejar e avaliar as atividades de sala de aula, tendo em vista as diretrizes
comuns que a escola pretende imprimir ao processo ensino-aprendizagem.
Quais são os objetivos das ATPC?
I. Construir e implementar o projeto pedagógico da escola;
II. articular as ações educacionais desenvolvidas pelos diferentes segmentos da es-
cola, visando a melhoria do processo ensino-aprendizagem;
III. identificar as alternativas pedagógicas que concorrem para a redução dos índices
de evasão e repetência;
IV. possibilitar a reflexão sobre a prática docente;
V. favorecer o intercâmbio de experiências;
VI. promover o aperfeiçoamento individual e coletivo dos educadores;
VII. acompanhar e avaliar, de forma sistemática, o processo ensino-aprendizagem.

Como devem ser as ATPC na escola?


As ATPCs devem ser:

I.planejadas pelo conjunto dos professores, sob a orientação do diretor e do pro-


fessor coordenador de forma a:

a) identificar o conjunto de características, necessidades e expectativas da comuni-


dade escolar;
b) apontar e priorizar os problemas educacionais a serem enfrentados;
c) levantar os recursos materiais e humanos disponíveis que possam subsidiar a dis-
cussão e a solução dos problemas;
d) propor alternativas de enfrentamento dos problemas levantados;
e) propor um cronograma para a implementação, acompanhamento e avaliação das
alternativas selecionadas.

II. sistematicamente registradas pela equipe de professores e coordenação, com o


objetivo de orientar o grupo quanto ao replanejamento e à continuidade do trabalho.

III. realizadas:

•a) na própria unidade escolar, e preferencialmente, durante duas horas consecuti-


vas e;

•b) eventualmente, no Núcleo Pedagógico ou num outro espaço educacional, pre-


viamente definido, através da utilização de parte ou do total de horas previstas
para o mês em curso.
Como devem ser programadas as
atividades das ATPC?
Tendo em vista a organicidade do currículo do ensino fundamental e médio, as ativi-
dades devem ser programadas, através de reuniões:
I. entre professores de uma série, ciclo, área ou disciplina;
II. entre professores de todas as séries e/ou componentes curriculares.

Quantas ATPC eu, professor, devo participar semanalmente?


AULAS ATRIBUIDAS EM SALA QUANTIDADE DE ATPC A REALIZAR

Até 4 aulas 1 ATPC


de 5 a 27 aulas 2 ATPC
Acima de 28 aulas 3 ATPC

Quem faz o que na ATPC?

Diretor
- Organizar o horário e o espaço para as reuniões;
- Criar uma pauta;
- Estabelecer junto aos professores coordenadores diretrizes e metas gerais de for-
mação;
- Delegar parte das tarefas administrativas a técnicos da secretaria para poder se de-
dicar mais às questões pedagógicas;
- Orientar os professores Coordenadores e discutir os resultados das reuniões de
ATPC.

Professores Coordenadores
- Manter cronograma e pauta estabelecidos;
- Oferecer apoio individual aos professores;
- Conduzir pessoalmente as reuniões;
- Colocar limites aos assuntos discutidos para não perder o foco;
- Avaliar materiais e cursos de apoio necessários ao trabalho pedagógico;
- Encaminhar uma síntese do trabalho desenvolvido na ATPC para debate junto ao
diretor.
As diretrizes da aula coletiva

- Debate exclusivamente pedagógico;


- Professores desenvolvem o trabalho com orientação do coordenador pedagógico;
- Duração de duas a três horas, dependendo da quantidade de aulas ministradas;
- Estimular a interdisciplinaridade e a troca de experiências;
- Espaço para docentes colocarem os problemas enfrentados e encontrar soluções a
partir do grupo;
- Discussão de competências e habilidades da prática docente;
- Horário para estudo e formação coletiva;
- Momento de planejamento e avaliação.

Compete ao professor coordenador


pedagógico
•Oferecer apoio individual aos professores;

•Manter cronograma e pauta estabelecidos;

•Conduzir pessoalmente as reuniões;

•Colocar limites aos assuntos discutidos para não perder o foco;

•Avaliar materiais e cursos de apoio necessários ao trabalho pedagógico;

•Encaminhar uma síntese do trabalho desenvolvido no ATPC para debate junto


ao diretor.
O QUE FAVORECE A ATUAÇÃO DO
PROFESSOR COORDENADOR NO
CUMPRIMENTO DA SUA FUNÇÃO?
●Administrar o tempo sistematizando a agenda de trabalho;

●Estudar e conhecer os referenciais teóricos que sustentam a sua função e atua-


ção;

●Estabelecer rotinas, ocupando o seu espaço na escola (objeto de feedback / retro-


alimentação na reunião semanal de gestores);

●Ser referência junto à equipe que coordena;

Boas pautas para as reuniões pedagógicas

Uma pauta estruturada ajuda a planejar o tempo e é uma aprendizagem para o


coordenador.

O segredo para fazer reuniões cada vez mais eficientes é planejá-las com cuidado,
prevendo todos os momentos - inclusive os de intervenção dos participantes. E a
melhor maneira de fazer isso é elaborando uma boa pauta, que nada mais é do que
um roteiro no qual devem constar os objetivos, os conteúdos que serão tratados, as
estratégias propostas e os materiais necessários.

A pauta evidencia a atuação do coordenador pedagógico na formação continuada


docente. O arquivo desses registros é imprescindível na construção da memória
coletiva da instituição e certamente vai servir de referência para os próximos for-
madores que ali vierem a atuar e também para outras escolas da rede. Dessa forma,
o trabalho dos profissionais mais experientes vai auxiliando na formação dos inici-
antes.
Como registrar as reuniões de ATPC?

No planejamento, na organização e na condução das HTPCs, é importante:

• considerar as demandas dos professores frente às metas e prioridades da escola;

• elaborar previamente a pauta de cada reunião, definida a partir das contribuições


dos participantes;

• dividir entre os participantes as tarefas inerentes às reuniões (registro, escolha de


textos, organização dos estudos;

• planejar formas de avaliação das reuniões pelo coletivo dos participantes;

• prever formas de registro (ata, caderno, diário de bordo, e outras) das discussões,
avanços, dificuldades detectadas, ações e intervenções propostas e decisões
tomadas;

• organizar as ações de formação continuada com conteúdos voltados às metas da


escola e à melhoria do desempenho dos alunos, com apoio da equipe de su-
pervisão e núcleo pedagógico da DE.
Enviar antecipadamente aos professores:
Da mesma forma que o PC estuda ao produzir a pauta, o professor também estuda de
forma prévia ao receber a pauta. É importante que o professor leia os textos recomen-
dados, veja os vídeos a serem analisados. Já mobilize seu cognitivo para as ações do
ATPC.

Escolha cuidadosa do conteúdo:


O conteúdo a ser estudado precisa ser contextualizado, ter significado ao meio esco-
lar e atender as necessidades da escola. Pode derivar de apontamentos feitos em sa-
la de aula, de reuniões anteriores, de indicadores previamente levantados como AAP.

- Clareza quanto ao objeto de ensino em questão:

O objeto de ensino precisa ser claro, precisa estar bem definido para não tornar a for-
mação muito abstrata. Não podem ser de difícil compreensão, precisa estar visível na
descrição da pauta.

- Antecipação das possíveis dúvidas e utilização de estraté-


gias adequadas.

É importante prever algumas possíveis dúvidas e questionamentos sobre o que será


apresentado, o estudo da pauta viabiliza esse preparo, em alguns momentos essas
dúvidas até podem fazer parte de provocações já previstas.
Quando nossa prática torna-se obsoleta...

Ser formador é oferecer a teoria e as condições para aprimorar a prática.


É reunir opiniões e concepções da equipe em torno de um projeto peda-
gógico. É fazer com que os professores consigam ver além dos hábitos e
conceitos adquiridos com a experiência e a formação inicial, por meio da
sistematização do que ocorre em sala de aula. "Ao se tornar um forma-
dor, dominando as estratégias e o conhecimento didático, o coordenador
assume sua responsabilidade e seu papel decisivo para a aprendizagem
dos alunos", finaliza Regina Scarpa.

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