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KRIEG INTIMAÇÃO

Quanto tempo a Sra Carter estava parada no sofá, encarando aqueles escritos alemães da carta, relendo e relendo para ter certeza do
que dizia. Não é possível. Os sons ao redor não eram capazes de tirar sua atenção daquela carta, apenas quando seu marido tocou-a
seus olhou se levantaram do papel.

— Ah!

— Calma! — disse ele, retirando rapidamente a mão — O que você está fazendo, querida? — perguntou, colocando um cobertor sobre
os ombros dela.

— Por Deus.. — Lorelai murmurou, passando as mãos frias rapidamente pelo rosto, recompondo-se do susto. — Eu acabei de receber
uma carta.. Acho que é do seu interesse também. — disse, entregando a carta para o marido.

Richard franziu as sobrancelhas e coçou a cabeça enquanto lia em voz alta as únicas palavras que entendia – Lorelai... filhos... minha
casa... o que isso significa, amor? — perguntou a sua esposa completamente confuso.

— Significa que acabamos de receber uma intimação do meu pai para passarmos o natal na casa dele na Alemanha. — ela respondeu
enquanto pegava a carta de volta.

— O que? — ele franziu ainda mais a testa, se isso fosse possível.

— É literalmente um “ou vocês vem passar o natal na Alemanha comigo ou eu aparecerei na casa de vocês com toda a família”. — Lori
contou. — Acha que é uma boa hora para executarmos aquele plano de fugir para uma ilha deserta com as crianças?

Richie parecia pensativo. — Acho. Eu arrumo as coisas no carro e você pega as crianças? — sorriu gentilmente, tentando quebrar o
clima pesado do cômodo. Sabia que não fariam isso.

Lori deu uma risadinha, logo voltando a sua feição de antes.

— Agora sério. O que nós vamos fazer? Para ser sincera, não quero nenhuma dessas opções.

— Muito menos eu, querida. Mas nós realmente temos uma escolha? — perguntou tentando ser compreensivo.

— Eu já disse, temos a escolha de irmos até lá ou do meu pai vir até aqui. Ambas absurdas, eu sei.

— Acho melhor irmos para lá, afinal, as crianças nunca conheceram a Alemanha.

Lori franziu o cenho. — Certo, mas por que alguém iria querer conhecer a Alemanha?

— Hum, não sei, só não quero aquele homem na minha casa, sinceramente — disse sincero, fazendo uma careta.

— Richard! — ela o repreendeu. — Sei que vocês tiveram seus pequenos conflitos no passado, mas ele ainda é meu pai.

Ele torceu o nariz. — Então não vejo problema em irmos para lá.

— Que coisa mais bizarra.. — ela murmura. — Fazem 20 anos que não piso na Alemanha, nunca pensei que um dia voltaria para lá..
Tudo bem _mesmo_ por você?

Richie deu de ombros, o pior já havia passado e dessa vez ela não estaria sozinha, ele ia garantir isso. Afinal, _o que poderia dar
errado?_

— Nós precisamos falar com as crianças? Sobre.. Você sabe. — ela obviamente não referia-se a todas as crianças, no máximo a Edward
e Oliver.

— Provavelmente. Sim. Mas acho que você deveria contar, é a sua história. Posso contar histórinhas de fantasia ou assistir algo com as
crianças menores enquanto você conta. O que você acha? — ele perguntou, apertando seu ombro gentilmente para lhe dar força.

— Seria bom.. seria muito bom, obrigada. — Lori sorri de forma triste para ele. — Vou acabar logo com isso, pode chamar o Eddie e o
Olie até o escritório por favor? Eu vou estar esperando lá.
— Claro, querida. — beijou-a na testa e saiu para chamar os meninos, assim que chegou ao batente da porta deles — Meninos, sua mãe
está chamando vocês, é um assunto sério — ele cruzou os braços.

Realmente era um assunto sério, porém tudo que os jovens pensavam era se estavam encrencados. Antes fosse apenas isso.

— Sentem-se meninos, por favor. — Lorelai disse assim que os filhos adentraram no escritório.

— Estamos encrencados, mamãe? — perguntou o mais novo apreensivo.

— Se estivermos, é culpa do Oliver — Edward disse, apontando para seu irmão ao lado.

— Não. — Lori negou, rindo da expressão que o garoto fez diante a acusação do irmão. — Vocês não estão encrencados. Para ser
sincera, quem está encrencada sou eu.

Ambos os meninos franziram a testa, mas sentaram-se e ouviram com muita atenção o que sua mãe estava dizendo.

— Vejam bem, meninos. — a mulher começou, pensando em um jeito decente de terminar. — Seu pai e eu estivemos conversando e
decidimos que todos nós iremos viajar no feriado de natal. O que vocês acham?

— Incrível! — o mais novo gritou animadamente.

— Gosto muito! 'Pra onde iríamos, mãe? — perguntou o mais velho com um sorriso, eles realmente gostavam de viajar.

— Para Berlin, na Alemanha. — a mulher discretamente apertava seus dedos uns nos outros. — Vamos passar essas festividades junto
ao seu avô. O meu pai.

— O vovô? Seu pai?! — Edward repetiu completamente confuso, eles nunca tinham visto o avô materno.

— Parece legal! Como ele é, mamãe? — Oliver perguntou.

— Essa é exatamente a questão, querido. — Lori começa, em um suspiro. — Vejam, eu quero que qualquer coisa que vocês ouçam aqui
seja apenas absolvida do jeito certo, não quero vocês desrespeitando ninguém e muito menos tendo ideias erradas sobre mim. Tudo
bem?

— Tudo bem — eles disseram em uníssono e ficaram quietos até ela terminar.

A mulher suspirou, não estava acreditando que realmente iria falar sobre _isso_ com seus filhos.

— Meninos, vou direto ao ponto. — ela disse de uma vez. — Durante a segunda guerra mundial, seu avô era um soldado nazista e
obtinha verdadeiro repúdio e nojo de judeus. O que era uma grande hipocrisia, pois ele adotou como filha uma garota que tinha como
pai biológico um judeu, e sabia bem disso. Que no caso sou eu. Não é um assunto agradável e mto menos aceitável, mas ainda há fotos
ou até pequenos resquícios.

“A minha adolescência e o final da minha infância são coisas muito dolorosas, passei quase dois anos da minha vida em um campo de
concentração nazista, mas isso é algo que está no passado.”

“Vocês já são dois rapazes e acredito que precisem saber disso.”

O olhar que ficou gravado no rosto dos meninos era de total descrença, eles não faziam ideia que seu avô era nazista e que sua mãe
havia passado por tudo isso, sozinha. Eles engoliram em seco e tentaram digerir tudo rapidamente.

— Hum — foi tudo o que saiu da boca do menor.

Edward pegou a mão de sua mãe — E como a senhora está agora?

Lorelai pôs a outra mão em cima da de Edward, que menino encantador.

— Agora eu estou bem, querido. Como lhes disse, tudo isso faz parte de um doloroso passado, mas hoje eu estou mais do que bem.
— Mas se é doloroso, por que vamos lá, mamãe? — dessa vez foi Oliver que perguntou.

— Há coisas no passado que, mesmo sendo terríveis, conseguimos superar por pessoas que amamos. A mamãe ama o vovô, ama muito
e quer vê-lo outra vez. — ela explicou, como se os meninos fossem duas crianças pequenas. — Somos uma família, apesar de tudo, não
é?

— É — disseram em uníssono novamente e foram até a mãe para abraçá-la.

— Sinto muito que isso tenha acontecido com a senhora — disse o mais novo no pescoço de Lorelai.

A mulher sorriu, sentindo-se verdadeiramente realizada.

— Obrigada por serem dois homenzinhos agora, meninos.

Lorelai estava com Violet no colo enquanto ajudava Richie a saber os nomes das ruas.

— Tem certeza que eu posso ir? Você não conhece nada daqui.

— Eu me viro, está tudo bem — disse Richard, abrindo os braços para pegar Violet de Lorelai.

— Aqui, é só entregar ao taxi que ele te leva para a casa do meu pai. — ela diz, entregando um pequeno papel com dizeres em alemão
para o marido. — Tchau, crianças. Mamãe vê vocês mais tarde.

— Tchau, mamãe — as seis crianças responderam em uníssono e Richie rapidamente beijou Lorelai e pegou as crianças.

— Boa sorte, amor. — sussurou para ela — Vamos crianças!

A mulher acenou para eles e virou-se, indo para algum taxi que aguardava na beira da calçada. Voltar a falar alemão era algo intrigante,
Lori sentia-se esquisita.

— Estão reconstruindo bem após a guerra? — ela perguntou a taxi.

— Sim senhora — murmurou o taxista para ela.

— Isso é bom. — ela diz, olhando pela janela. — Da última vez que estive aqui, a arquitetura ainda estava sendo refeita.

— Aham — Foi tudo o que o motorista do taxi respondeu.

Lori percebeu que o motorista não estava muito para conversas, então apenas se calou e voltou a olhar para a janela.

— Com licença, é aqui o jantar de natal dos Hoffman? — em alto e bom tom a mulher chegou em uma das salas do grande casarão
alemão, onde pôde ver um tenente aposentado.

O homem de meia-idade sorriu de orelha a orelha e caminhou até Lorelai para abraçá-la.

— Filha! Estava com saudades.

— Oi, papai. — Lori se deixou relaxar os ombros, como uma criança aliviada naquele abraço. — Eu também estava com saudades. Como
o senhor está? A aposentadoria tem lhe feito bem.

Klaus desvencilhou-se do abraço — Não precisa ser gentil, minha filha, sei que engordei alguns quilinhos desde a última vez que nos
vimos. Mas eu estou muito bem, e você? Onde estão as crianças? E seu marido, Ronald? — ele perguntou com um sorriso no rosto.

— Richard. Ele e as crianças estão almoçando em um restaurante não muito longe daqui, concordamos que seria melhor eu vir na
frente, mas logo logo estarão aqui. — ela garantiu, com um sorrisinho no rosto. — Todos estamos muito felizes em vir, as crianças pela
viagem principalmente, James está a cinco dias repetindo “mamãe, quando iremos viajar?” mesmo eu lhe dando todos os detalhes de
horário, local e tudo mais.

O homem bateu palminhas de animação como uma criança — Estou ansioso para conhecê-los. E você, querida? Já comeu alguma
coisa?

Lorelai riu. — Não, eu sou uma hipocrita que estou entupindo meus filhos de comida a casa 20 minutos para que não sintam fome mas
em compensação esqueço de comer.

Klaus balançou a cabeça em desaprovação — Venha, tem muita comida na cozinha — ele chamou com a mão e se dirigiu para a cozinha.

Aquilo era algo intrigante, ambos tinham tantos assuntos para conversar que sequer notaram que já havia se passado mais de 1 hora
quando uma empregada passou para atender a porta.

— Acho que o Richard e as crianças chegaram.

— Graças a Deus! Pensei que nunca chegariam.

— Vamos, vamos recebê-los. — ela disse com um sorrisinho, levantando-se e seguindo para a sala de estar.

Lorelai sorriu para sua família, indo até o marido. — Vocês demoraram. — ela beijou Richard, sendo agarrada nas pernas por James e
tendo que pegar a pequena Violet, que esticava seus bracinhos a chamando. Ficar longe da mãe por 1 hora causava tantas saudades
assim?

Quando as crianças entraram, Richard simplesmente ignorou a existência de Klaus à sua frente e continuou a se dirigir a Lorelai — O
trânsito estava cheio, não sabia que também havia engarrafamentos enormes na Alemanha

— Claro que há, existem engarrafamentos no mundo inteiro, principalmente em época de natal. — ela riu, olhando para a garotinha em
seu colo. — E você, meu amor? Como foi o almoço com o papai e os seus irmãozinhos?

— Foi muito bom, mamãe. Tinha uma moça passeando com um cachorrinho muito fofinho em frente ao restaurante — disse a garotinha,
sorrindo para a mãe.

— Sério? Um cachorrinho muito fofinho? — A esse ponto, a empregada já havia fechado a porta e, se não fosse por Lori e Violet, todos
estariam em silêncio.

— Mamãe. — James cutucou a perna da mais velha. — Esse é o vovô? — o menino de apenas 7 anos encarava Klaus.

— Oh, sim, esse é o vovô. — ela confirmou com um sorrisinho. — Obrigada pela iniciativa, querido. Pessoal, esse é Klaus Hoffman, meu
pai e seu avô. — ela disse, logo mudando para seu idioma original, Alemão. — Papai, essa é minha família.

— Olá, crianças. Como vocês estão? — para quem ficou o tempo todo calado, Klaus parecia muito tímido ao falar com as crianças,
afinal, fazia muitos anos que não via a maioria delas pessoalmente.

Diante do silêncio das crianças, Lori notou que a comunicação entre seus filhos Ingleses e seu pai Alemão seria um tanto complicada.

— Criança, digam “_Hallo, Oma_”. — a mais velha disse.

_Hallo, Oma_ as crianças repetiram, alguns de forma embaralhada.

— Eles não falam alemão, desculpe. — ela diz a Niklaus.

O mais velho sorriu para eles — _Hallo Kinder_ — respondeu em alemão às crianças, embora soubesse que elas não entenderiam —
Tudo bem, querida. Eu sei o básico de inglês.

— Não vai adiantar, esses pestinhas falam muito rápido. Nem eu mesma entendo as vezes. — ela brincou. — O senhor lembra do meu
marido?

— H-Hum sim, sim. _Ronald_. — ele perguntou ao homem ao lado de Lorelai, que o vinha ignorando desde que entrou em sua casa.

— Richard. — a mulher o corrigiu.


O citado Richard apenas virou-se para as filhas gêmeas, falando algo sobre seus broches de cabelo, ignorando - ou tentando ignorar -
completamente a situação.

Klaus limpou a garganta, tentando chamar a atenção de Richard de volta para ele, o que funcionou. No entanto, a carranca de Richie
não era boa.

— Então, Ronald, olá. Já faz um tempo desde a última vez que conversamos. — ele falou sério com os braços cruzados e insistindo em
falar o nome dele errado.

— Amor, avise para ele que eu não falo essa língua. — disse o Sr Carter, não mudando a expressão.

— Ele disse “olá”, Richard.

— Olá de volta. — ele respondeu.

Lorelai revirou os olhos. — Ele disse “olá” também, papai, perguntou como vai sua saúde.

— _Hurensohn_ — Klaus murmurou e virou-se para Lori com uma grande carranca no rosto — Diga a ele que estou ótimo. E como ele
está? — o senhor deu a Richard um sorriso terrivelmente forçado.

Lorelai torceu o rosto, aquilo já a estava aborrecendo. — Diga a ele _Mir geht es sehr gut, danke, Sir._ — ela mandou Richard.

Embora hesitasse e não soubesse o que significava, Richard falou — _Mir geht es sehr gut, danke, Sir._

Ela suspirou. — Papai, acho que estamos enrolando um pouco. — Lori disse. — Não quero parecer mal educada, mas estamos todos
cansados, o senhor pode mostrar onde vamos ficar, por favor?

Assim, o Sr. Hoffman levou-os escada acima para mostrar às crianças todos os quartos. E quando cada criança se estabelecia em seu
devido quarto, o último à ser mostrado seria o mais especial. Principalmente para Lorelai.

— Aqui. Este será o quarto de vocês, está igual como você o deixara. Nunca tive coragem de mexê-lo — disse para Lori enquanto abria
a porta do quarto.

— Obrigada, papai. — Lori o beijou na bochecha. — Vamos descansar e descemos assim que o resto da família chegar.

— Estarei no meu escritório. — disse ele — Como nos velhos tempos. — sorriu para ela, mas fechou a cara para Richard antes de sair do
quarto e começar a descer as escadas.

Lori sorriu, logo indo se sentar na cama e encarou o marido, sorrindo.

— É o meu quarto desde que eu tinha 3 anos. — ela disse, como uma criança feliz. — O que achou?

— Aterrorizante. — disse ele, franzindo o nariz enquanto olhava em volta com horror.

— Como aterrorizante? — ela disse, ainda com um olhar encantado. — Minhas bonecas são adoráveis. Eu passava o dia inteiro
brincando com elas, eram minhas únicas amigas enquanto meu pai trabalhava.

— Isso é triste. Elas são horrendas, Lori. Como você conseguia dormir a noite?! — perguntou incrédulo

— Da mesma forma que nós dois vamos dormir pelos próximos 15 dias. Fechando os olhos e dormindo.

— Nem pensar! — exclamou — Eu não vou dormir no mesmo quarto que essas bonecas! — Richie alertou defensivamente, aquelas
bonecas realmente o assustavam.

— Richard, pelo amor de Deus! — a mulher o repreendeu. — Eu dormi com elas por anos e nunca puxaram uma faca ou tentaram me
estrangular.

— Porque elas são suas! — exclamou em voz alta — E se me acharem estranho e me puxarem à noite?! OU PIOR! Me matar. Não vou
dormir aqui! — bateu o pé como uma criança mimada com medo de algo.
— Oh, meu amor, não se preocupe. — Lori disse, levantando-se e tocando o rosto e cabelos do marido enquanto forçava a voz de bebê
que normalmente usava com Violet, tentando conter de forma insistente a risada. — Eu vou conversar com elas e tenho certeza que vão
se comportar e não irão machucar você. Não é, meninas? — a mulher perguntou, olhando para as bonecas em volta deles.

Quando ela disse isso, o bico de Richard ficou ainda maior — Está de brincadeira?! Então vá dormir sozinha, você e suas bonecas
horrendas!

Lori riu um pouco mais alto do que sua cabeça planejou.

— Hallo Oma. — a família estava começando a chegar e Lorelai cumprimentava a Sra Martha Hoffman, em uma tentativa ridícula de
ignorar todo e qualquer outro parente que tentasse falar com ela.

— Hallo mein lieber, wie geht es dir? — perguntou a senhora já de idade em alemão, abraçando rapidamente a neta.

— Mir geht es gut, es ist erstaunlich, dich zu sehen — a mulher depositou um beijinho na bochecha da mais velha quando uma pessoa
em miniatura apareceu. — Oi, meu amor. — ela sorriu para a pequena Violet. — Está tudo bem?

— Eu _quelo_ suquinho mamãe, suquinho! — pediu para ela enquanto puxava um pouco a blusa de Lorelai.

— Você quer suquinho. — a mulher repetiu, como se repetisse para si mesma uma tarefa importante que precisava fazer. —
Entschuldigung, Oma. — ela pediu licença para a mais velha e se afastou com Violet no colo, o que resultou em quase esbarrar em
alguém. — Desculpe, eu.. — disse em alemão. Lori notou quem era. — Oscar. Olá.

O homem conhecido como o primo incoveniente da Sra. Carter, à olhou de cima a baixo e sorriu pretensioso — Lorelai, que surpresa em
revê-la.

— Por que a surpresa? — seu tom de voz era tão educado que uma pitada de arrogância era reconhecida. — Esta é a casa do meu pai.

— Claro, mas eu não esperava sua ilustre presença. Afinal, você não faz parte da família, Lorelai. — disse à provocando, logo notando a
criança pequena em seus braços.

— Para ser sincera, eu faço sim. — sem apertar, Lorelai trouxe Violet para mais próximo dela. — Não fui apenas convidada, mas sim
intimada a vir pelo meu pai, mas se você se incomoda, reclame com ele.

Frank mordeu a mandíbula com força e deu a ela um olhar mortal, mas logo suavizou novamente e deu a ela aquele sorriso presunçoso
e arrogante. — Vejo que trouxe seus filhos também. E aparentemente não ganharam nada do pai... quer dizer, só a parte de serem
_ingleses_ — disse com desdém, enfatizando o “ingleses”.

— Está enganado. Meus filhos são quase todos uma mistura perfeita entre mim e o meu marido. Os mais velhos estão querendo fazer
aula de alemão. — Lorelai dizia, seu tom tão arrogante quanto. — Sabe como é, as pessoas bilíngue tem muito mais oportunidades de
serem alguém na vida, diferente de muitos ignorantes que se prendem a origens idiotas e isso as limita de ver a diversidade do mundo.
Ingleses querendo aprender alemão, quem diria? Algo respeitável.

O olhar arrogante do Sr. Hoffman e a mandíbula cerrada ainda mais, se possível, dizia mais do que mil palavras — Lorelai, Lorelai…
Sabe que você e aqueles pestinhas _sangue-ruim_ nunca farão parte desta família de verdade! — não foi uma pergunta, mas sim uma
afirmação, ele esbarrou no ombro dela de propósito e foi embora.

“Conte até 10, Lorelai” ela pensou, logo olhando para a garotinha em seu colo. — Agora sim, vamos pegar seu suquinho. — disse com
um sorriso meigo e se pondo a andar, contando até 10 silenciosamente.

Aparentemente o exercício de respiração e paciência deu certo, pois Lori estava sentada civilização entre Klaus e Richard na mesa de
jantar.

— Você quer que eu traduza a oração ou está tudo bem? — ela sussurrou para o marido.
— Está tudo bem, acho que consigo acompanhar. — disse ele, imitando o que o resto da família estava fazendo.

Lorelai sabia bem que Richard não conseguiu acompanhar, mas iria deixar seu ego intacto naquele momento.

A Sra Carter passava as batatas para uma de suas tias quando uma voz chata e inconveniente - em sua sincera opinião - começou a
‘opinar’ bem a sua frente na mesa.

— Às vezes me pergunto por que todos os judeus não foram exterminados em nossos campos de trabalho, e ainda permitirem que
transmitissem seus genes podres para crianças. Entendem o que quero dizer? Lorelai? — olhou para ela provocando novamente, Frank
estava realmente testando a paciência da mulher.

— Hum? — com um olhar sínico, a mulher que cortava tranquilamente um pedaço de brócolis murmurou. — Você falou comigo?
Desculpe, não estava ouvindo.

— Não precisa mentir Lorelai, todos nós sabemos que você e essas... crianças — olhou para eles com nojo e voltou a se dirigir para a
mulher a sua frente — nem deveriam estar aqui. Que deveria ter morrido anos atrás e não sujar mais ainda seu _sangue de barata_,
concorda comigo? — sorriu maliciosamente.

Não demorou sequer dois segundos para que Frank sentisse algo pesado acertando seu rosto e Richard notar que ocasionalmente o
prato a sua frente que estava com um pouco de molho, havia desaparecido.

— Hurensohn!

O homem loiro que a havia insultado antes agora estava com o rosto ensanguentado e com as roupas molhadas de molho que restava
no prato, agora quebrado no chão. Lorelai tinha uma pontaria muito boa para certas coisas.

— Du Schlampe! — Frank exclamou enquanto se levantava da cadeira, usando as mãos para estancar o sangue que escorria de seu
nariz.

O olhar espantado - e alguns bravos - de todos ali caíram sobre a Sra. Carter, que definitivamente não estava em seu momento mais
calmo de todos.

— Was? Willst du ein Foto? — questionou com impaciência.

Assim, Frank deixou a casa com seu nariz sangrando e juntamente com o resto de sua família, que estavam extremamente zangados
com a atitude da Sra. Carter. E quando o loiro finalmente saiu da casa, Lorelai poderia jurar que o ouviu a xingar de todos os
xingamentos em alemão possíveis, mas ela não poderia se importar menos.

A mulher de olhos azuis estaria contando uma enorme mentira se dissesse em algum momento que aquilo não lhe causou uma
indescritível satisfação.

— .. Então foi apenas o reflexo de eu agarrar o seu prato e joga-lo na direção dele. — Lori se divertia enquanto explicava seu grande
feito ao marido em seu encantador quarto cheio de bonecas após o jantar.

O casal de repente ouve a porta do quarto se abrir em um estrondo, era Klaus. Depois de tantos anos, ele nunca aprendera a bater na
porta.

— Lorelai. Quero falar com você. — o ex-sargento mandou, olhando ao redor da sala e depois encarando Richard, mesmo Lorelai agora
já adulta, ele sempre veria ela como sua menininha que gostava de bonecas de porcelana.

“Deus, Lorelai?” Por um breve momento a mulher sentiu medo, até lembrar-se que tinha 38 anos e não poderia ser corrigida como uma
criança, certo?

— Sim, papai? — ela olhou para o homem parado a porta, Richard ainda parecia confuso por ele não ter batido na maldita porta.

— Quero falar com você... a sós. Vá para o meu escritório imediatamente. — ordenou novamente, deu uma última olhada no homem
confuso sentado na cama e saiu do quarto em direção ao escritório.

Lorelai mordeu os lábios e encarou o marido. — Ele disse que quer conversar a sós e me mandou ir para o escritório imediatamente. —
explicou, com uma expressão pensativa. — Acha que eu vou apanhar ou ficar de castigo por mal comportamento?
Richard fez uma careta — O que? Por que ficaria, Lori? Você é uma adulta agora.

— Oh, tente dizer isso a ele que quem irá apanhar é você. — em um ato de encenação bastante ridículo, a Sra. Carter pegou uma
almofada da cama, começando a bater nela com uma das mãos, como um pai dando palmadas em uma criança. — “Nunca. Mais.
Repita. Isso! Nunca. Mais. Repita. Isso! Seu. Moleque!”. — ela brincou.

O homem ao seu lado soltou uma risada sincera e gentilmente segurou os braços de Lorelai. — Vai ficar tudo bem, querida. Não se
preocupe! Ele não fará nada, você não fez nada de errado. Tecnicamente. — segurou a risada ao se lembrar da cena de horas atrás.

— Tecnicamente? — a mulher fez uma careta, logo rindo.

Lori não se demorou muito antes de seguir para o escritório; ela se sentia com 10 anos caminhando até uma bela bronca.

— Com licença. — ela pediu, abrindo de leve a porta.

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