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ESTRATÉGIA DE ACÇÃO PARA MELHORIA DO CONHECIMENTO NA

IMPORTÂNCIA DO PLANEAMENTO FAMILIAR DOS HOMENS DA CIDADE DE


QUELIMANE

Luís Armando Simbine1

Email: 709180314@ucm.ac.mz

Universidade Católica de Moçambique

Delegação de Quelimane

Curso de Mestrado em Saúde Pública

Módulo de Estratégias de Acção e Planeamento em Saúde

Resumo
Planejamento Familiar é um conjunto de acções que auxiliam homens e mulheres a planear a chegada dos filhos,
e também a prevenir gravidez não planejada. Todas as pessoas possuem o direito de decidir se terão ou não
filhos, e o Estado tem o dever de oferecer acesso a recursos informativos, educacionais, técnicos e científicos
que assegurem a prática do planejamento familiar. Com a Organização Mundial da Saúde, mais de 120 milhões
de mulheres em todo mundo desejam evitar a gravidez. Por isso, a lei do Planeamento Familiar foi desenvolvida
pelo Governo Moçambicano, com intuito de orientar e conscientizar a respeito da gravidez e da instituição
familiar.

Desde 1998, Moçambique possui medidas que auxiliam no planeamento familiar, como a distribuição gratuita
de métodos anticoncepcionais. Já em 2007, foi criada a Política Nacional de Planeamento Familiar, que incluiu a
distribuição de camisinhas, e a venda de anticoncepcionais, além de expandir as acções educativas sobre a saúde
sexual e a saúde reprodutiva. Pois, em 2009, o Ministério da Saúde reforçou a política de planeamento e ampliou
o acesso aos métodos contraceptivos, disponibilizando mais de oito tipos de métodos nos postos de saúde e
hospitais públicos. O método contraceptivo que se baseia fundamentalmente em planos comportamentais e
acções preventivas do casal, onde, cada vez mais há o incentivo à prevenção e à educação para os adolescentes,
pois, é fundamental uma orientação desde o início das relações pessoais e sexuais.

Palavras Chaves: Estratégias, Planeamento familiar, conhecimento, envolvimento do homem.

1
Técnico em enfermagem Geral pelo instituto de Ciências de Maputo e Licenciado em Psicologia Social e
Comunitária pela Universidade Eduardo Mondlane.
Abstract

Family planning is a set of actions that help men and women to plan for the arrival of children, and also to
prevent unplanned pregnancy. All people have the right to decide whether or not to have children, and the State
has the duty to provide access to informational, educational, technical, and scientific resources that ensure the
practice of family planning. According to the World Health Organization, more than 120 million women around
the world wish to avoid pregnancy. Therefore, the Family Planning Law was developed by the Mozambican
government, aiming to guide and raise awareness about pregnancy and the family institution.

Since 1998, Mozambique has had measures that assist in family planning, such as free distribution of
contraceptive methods. Already in 2007, the National Family Planning Policy was created, which included the
distribution of condoms, and the sale of contraceptives, in addition to expanding educational activities on sexual
health and reproductive health. For, in 2009, the Ministry of Health reinforced the planning policy and expanded
access to contraceptive methods, making more than eight types of methods available at health clinics and public
hospitals. The contraceptive method that is based primarily on behavioral plans and preventive actions of the
couple, where, increasingly there is the incentive for prevention and education for adolescents, because, an
orientation from the beginning of personal and sexual relationships is fundamental.

Key words: Strategies, family planning, knowledge, male involvement.

Introdução

O artigo, que tem como o tema, estratégia de acção para melhoria do conhecimento na importância
do planeamento familiar dos homens da cidade de Quelimane, é um dos conhecimentos que irá focar
para aquisição de uma abordagem num contexto amplo em relação ao tema acima. Pois, com esse
estudo favorecerá uma compreensão da vida das mulheres assim como dos homens, mas num
paradoxo a colocar, deixando explícito o desejo de se integrarem do mundo público.

Diante do apresentado, acredita-se que fazer um levantamento das produções científicas possa
contribuir para compreender a multiplicidade do fenômeno e verificar se existem factores relevantes
que possam indicar caminhos para qualificar o engajamento masculino no Planeamento Familiar.
Considerando tais aspectos, este estudo objetciva fazer uma discussão acerca da participação
masculina no planeamento familiar sob o enfoque da questão de gênero considerando a utilização de
métodos contraceptivos pelos homens e as iniciativas de inclusão desse segmento na política de
planeamento familiar.

Metodologia

Para Lakatos & Marconi (2000, p.41), metodologia é o caminho pelo qual se chega a determinado
resultado, a metodologia pautada para a materialização deste trabalho foi o levantamento
bibliográfico retrospetivo de vários outros autores e que abordam de diferentes formas do tema em
estudo.
Referencial teórico

Segundo CASARIN & SIQUEIRA (2014), define o planejamento familiar como a prática da paternidade
responsável, ou seja, a utilização voluntária e consciente, por parte do casal, do instrumento
necessário à planificação do número de filhos e do espaçamento entre uma gestação e outra.

Até a segunda metade do século XX, os serviços de saúde de assistência reprodutiva em Moçambique
se orientaram tradicionalmente pela política centrada exclusivamente na mulher reprodutora. Já a
partir dos anos 1980 essa situação tomou uma nova direcção com o nascimento do Programa de
Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), cujos conceitos serviram como referência e inspiração
para a luta pela equidade de gênero na saúde, e representam um avanço em relação à saúde da
mulher, na medida em que se propõe um modelo baseado na assistência integral.

De salientar que, o Ministério da Saúde veio normatizar a atenção em saúde sexual e reprodutiva
como uma das áreas de actuação prioritárias da Atenção Básica, garantindo ao homem e à mulher seu
direito de ter ou não filhos, enfatizando a responsabilidade dos profissionais de saúde de orientar os
meios de concepção e anticoncepção, através das actividades educativas, clínicas e de
aconselhamento, para que as escolhas sejam conscientes.

Participação masculina no Planeamento Familiar

Durante muito tempo, as políticas de Planeamento Familiar em Moçambique estiveram direcionadas


somente às mulheres, concernindo a elas a responsabilidade de concepção e anticoncepção, na qual,
em sua maioria, ainda são responsabilizadas pela decisão da escolha do método anticoncepcional,
gravidez e demais acções em relação ao controle da fecundidade.

Actualmente observa-se um contexto de transformação na esfera econômica e familiar, com a maior


participação da mulher no mercado de trabalho e a diversificação dos arranjos familiares que têm
alterado a divisão de responsabilidades entre homens e mulheres na esfera doméstica e da
reprodução (SANTOS, 2006).

Fazendo menção na abordagem acima, dizer que, colocar a visão e poder às mulheres no
direcionamento das acções de Planeamento Familiar, deixou os homens em segundo plano, fazendo
com que alguns mitos se consolidassem na sociedade, podendo assim incluir a participação masculina
nas acções de saúde, em torna-se um grande desafio para os profissionais de saúde pela autonomia
de sua própria vida, como agentes responsáveis pelas transformações pessoais nas indiferenças
sociais.

De acordo com Marchi (2006), a participação masculina na contracepção é limitada pelas poucas
alternativas de métodos contraceptivos voltados para homens, pois os mesmos contam praticamente
com apenas dois métodos mais efetivos, o preservativo e a vasectomia. Embora considera-se que os
homens participem conjuntamente com as mulheres nos métodos de abstinência periódica,
preservativo feminino e também utilizem o coito interrompido.

Na cidade de Quelimane, considerando a baixa participação dos homens nas acções de Planeamento
Familiar, o que possibilita menor diálogo entre os parceiros e consciência cristalizada da população
sobre essa temática, percebe-se que, a necessidade de se fazer tal estudo para compreender, segundo
a percepção masculina, os motivos pelos quais os mesmos não participam dessas actividades, visto
serem merecedores de atenção e cuidados dos profissionais da saúde. Pois, segundo a definição da
própria legislação, planejamento familiar é um direito de todo cidadão que consiste no conjunto de
acções de regulação da fecundidade onde garanta os direitos de aumentar, limitar ou constituir família
em igual peso para a mulher, o homem ou o casal.

Gênero e direitos reprodutivos

De acordo com ALMEIDA (2007, p 231.), ao nascer, o ser humano é simplesmente macho e fêmea da
espécie humana, e através das relações de gênero é transformado em homem e mulher, ou seja, o
sexo anatomicamente configurado sugere a transformação dos seres humanos em mulheres e
homens. O tornar-se mulher e o tornar-se homem constituem obras das relações de gênero e este,
por sua vez, se constrói e se expressa através das relações sociais. Portanto, o corpo de uma mulher,
por exemplo, é essencial para definir sua situação no mundo, mas é insuficiente para defini-la como
mulher, pois essa definição só se concretiza através das relações sociais.

1) os símbolos culturais, que evocam representações sobre as mulheres e os homens, como a


referência a Eva e Maria como representação simbólica da mulher.
2) os conceitos normativos, expressos nas doutrinas religiosas, educativas, científicas, políticas
ou jurídicas que preceituam determinados comportamentos e reforçam o binarismo entre os
sexos;
3) o lugar da política e das instituições e organizações sociais, para legitimar determinadas
posições e papeis.

Ao longo da história a legitimação ou a mudança nas relações de gênero foram impulsionadas a partir
dos interesses das diversas instituições sociais, principalmente as instituições políticas e religiosas,
seja para conservar a propriedade e garantir a dominação do homem sobre a mulher.

A partir da compreensão de que as diferenças entre homens e mulheres são socialmente construídas
não existe uma justificação natural para a superioridade masculina, que o movimento feminista
passou a revindicar direitos iguais entre os sexos, como direitos de acesso à educação, ao voto, ao
controle do próprio corpo, de sua fecundidade e de sua saúde.

Divisão do Serviço de Saúde

Em Quelimane os estudos apontam que a procura do público masculino aos serviços de saúde ainda
acontece de maneira insatisfatória, sendo que a mesma ocorre quando já estão doentes ou apenas
para buscar preservativos. Factores como vergonha, preconceito e medo de ostentar fragilidade ainda
são os maiores obstáculos, influenciando na busca por acções de controle da fecundidade.

Quando investigados sobre a procura ao serviço de saúde e participação nas ações de planejamento,
em companhia das suas parceiras, os participantes deste estudo referiram desconhecimento dessas
ações, expuseram que visitam as unidades poucas vezes, mencionando maior preocupação com a
prática curativa.

Segundo Rodrigues e Ribeiro (2012), há possível deficiência dos programas de planejamento familiar
ao se direcionar ao público masculino, mostrando desigualdade nas acções voltadas aos homens,
sobretudo nas implicações do atendimento individual em agravo das necessidades colectivas.
A indicação sobrevém usualmente através de amigos e conhecidos, visto que eles não participam das
ações de Planejamento Familiar oferecidas pela Estratégia Saúde da Família juntamente com suas
companheiras. O Ministério da saúde aponta como atribuição do profissional de saúde o acolhimento,
onde, as equipes de Atenção Básica em Saúde da Família têm o dever fundamental na promoção da
saúde sexual e reprodutiva reconhecendo as barreiras e intentando para o desempenho de ações com
uma maior proximidade dos indivíduos em seu contexto familiar e social.

Quanto à percepção feminina sobre a participação de seus parceiros no Planeamento Familiar, em sua
grande maioria, relatam considerar importante essa contribuição, ao afirmar que tanto o acto de
engravidar e a criação dos filhos são dependentes de esforços equânimes do casal, e, portanto, esse
controle deve ser realizado pelos dois. Porém, mesmo ao afirmar a esse aspecto, algumas mostram
aceitação diante da ausência do homem nesse processo.

Papel do Homem no Planeamento Familiar

Alguns homens entendem que o Planeamento Familiar é unicamente da responsabilidade da mulher,


porque ela é quem fica grávida e os contraceptivos são a ela distribuídos. Outros participantes, que
ambos têm o seu papel no tocante ao Planeamento Familiar, mas tem que ser o homem a permitir
que seja feito o Planeamento Familiar. Igualmente, esse grupo de participantes, quando solicitado a
elaborar mais sobre o papel do homem, acabou dizendo que cabia ao homem consentir que a parceira
utilize os métodos contraceptivos. Um dos participantes referiu que sua esposa deveria ir buscar
informação sobre o Planeamento Familiar e contraceptivos e informá-lo, para que ele pudesse tomar
a sua decisão com conhecimento de causa.

No que diz respeito ao papel do homem no Planeamento Familiar, os resultados do nosso estudo
mostram que eles consideram, por um lado, que as questões de PF são de domínio feminino, mas
que, por outro, o seu papel é de decidir se as mulheres fazem ou não o Planeamento Familiar. Este
ponto de vista dos homens pode ser explicado a partir da relação que estabelece entre gênero e
saúde, nota-se de que forma os papéis de gênero condicionam a participação dos homens na Saúde
Sexual e Reprodutiva.

Formas de diálogo e negociação entre o casal sobre o uso do Planeamento Familiar

As formas de diálogo e negociação entre o casal sobre o Planeamento Familiar são permeadas pelas
relações de gênero e influenciadas pelo tipo de masculinidades existentes em um dado contexto
sociocultural. O diálogo entre o casal e a negociação sobre a contracepção são aspectos importantes,
porque o formato de PF vigente tende a focalizar a sua atenção sobre as mulheres, enquanto elas não
são as detentoras do poder de decisão.

Em Quelimane, apesar de prevalecer uma masculinidade hegemônica ancorada num sistema


linhagem e de descendência patrilinear, nota-se que homens que têm outra abordagem sobre a
importância de dialogar e negociar com as parceiras quanto à necessidade de utilizar o Planeamento
Familiar.

O fato de algumas mulheres serem as primeiras a abordar seus parceiros sobre o Planeamento
Familiar é explicado por serem elas a receber as informações sobre o Planeamento Familiar em
primeira mão, porque frequentam mais as Unidades Sanitárias do que os homens e porque em algum
momento gostariam de parar de conceber. Contudo, ainda que sejam as primeiras a falar sobre seus
desejos reprodutivos aos seus parceiros, a sua capacidade de negociar o uso do Planeamento Familiar
precisa ser reforçada.

A Importância do Planeamento Estratégico na cidade de Quelimane

A busca incessante pela modernização dos processos internos nas organizações privadas com o passar
dos anos ganhou força devido à necessidade de adaptação as constantes mudanças nos ambientes
em curto prazo. A preocupação com os clientes, a flexibilidade e a inovação estão cada vez mais
presentes no dia-a-dia das organizações. Nos últimos quinze anos uma onda pelo uso eficiente dos
recursos chegou também às empresas públicas. O “cliente-cidadão” com um nível de exigência cada
vez mais elevado vem contribuindo para esta quebra de paradigmas. Os órgãos governamentais
incorporaram nas suas práticas quotidianas hábitos de preocupação no sentido de terem uma gestão
mais eficiente e estão buscando e implementando muitas acções concretas de melhoria nesse sentido.

Uma vez adotada a prática do planejamento familiar estratégico aos homens, as entidades
governamentais ganham com inúmeros benefícios, quando este é coerente, aceitável e incorporado
ao dia-a-dia das instituições. Na percepção a esses aspecto, Planeamento Familiar foca-se mais na
busca de um processo contínuo, com o maior conhecimento possível do futuro com tido, em tomar
decisões actuais que envolvem riscos; organizar sistematicamente as actividades necessárias à
execução dessas decisões e, através de uma retroalimentação organizada e sistemática, como medir
o resultado dessas decisões em confronto com as expectativas alimentadas,

Segundo SMELTZER (2005), O Planeamento Familiar nas instituições governamentais habitualmente e


diferentemente das empresas privadas tem como as principais etapas para a sua implantação, a
identificação da missão da entidade, a avaliação da estratégia vigente, a análise do ambiente onde ela
está inserida, a definição e quantificação dos objectivos e a elaboração do orçamento e o controle.
Como o planeamento estratégico nas instituições públicas também visa auxiliar a utilização racional
dos recursos, o orçamento e controle passam a ser os produtos de maior visibilidade e expectativa
justificada pelo reflexo de suas acções e esforços almejados pelo governo e pelo grau de coerência
destas despesas com a receita estimada.

Diferentemente dos hospitais privados, possuem administradores com uma autonomia um pouco
limitada pelas legislações, políticas e pela própria burocracia existente no poder público. O
planeamento estratégico para estas organizações passa a ser essencial, embora possuam fins
lucrativos, os recursos geralmente são limitados e precisam ser utilizados de maneira racional, pois
são determinantes para o tamanho das despesas.

Num ambiente limitado de recursos financeiros, se a alocação dos mesmos não atender de maneira
adequada a demanda da sociedade, a instituição pode desviar-se de sua missão e prejudicar o
atendimento das metas e objectivos traçados, prejudicando assim sua continuidade. Como possuem
concorrentes, o objectivo central das instituições privadas é o de atender a sua missão. Onde, a missão
é de extrema importância, pois é a mulher quem direciona para o “bem comum” que é o grande
norteador de todas as acções da área pública.
O Imparcial comportamento do Planeamento Familiar aos homens

As necessidades masculinas de saúde sexual e reprodutiva mudam ao longo das fases da vida, de
acordo com suas situações: adolescentes, iniciantes em relações sexuais, sexualmente ativos, recém-
casados, pais pela primeira vez, os que estão aumentando a família ou espaçando gestações, ou
aqueles que já completaram o tamanho ideal da família.

Através destas fases de vida, os homens empenham-se por cumprirem seus papéis e expectativas ao
mesmo tempo em que têm comportamentos que podem facilitar ou inibir relacionamentos sexuais
saudáveis. Projetistas de programas devem especificar os resultados comportamentais que desejam
influenciar e usar indicadores apropriados para monitorar mudanças nestes comportamentos ao
longo do tempo.

Objectivos comportamentais comuns em programas de engajamento masculino incluem aumento de


participação masculina nos seguintes termos:

• Usuários de contraceptivos (preservativos e vasectomia) ou como parceiros que usam


métodos que envolvam cooperação ativa (a tabelinha ou Método dos Dias Padrão)

• Parceiros engajados em comunicação e tomada de decisões transparentes quanto ao


planejamento familiar e contraceptivos

• Defesa da igualdade de gênero e do planejamento familiar em suas famílias e comunidades

Os homens desempenham um papel importante no desafio a normas de gênero desiguais e na


promoção de normas positivas, particularmente entre seus pares e com suas crianças. Um fracasso no
tratamento de questões como o status social subserviente da mulher, sua dependência econômica do
homem, sua limitada iniciativa, dinâmica de poder doméstico e normas masculinas nocivas são razões
comuns para que investimentos no fornecimento de serviços de planeamento familiar fracassem em
atingir resultados desejáveis.

Antes de projetar uma resposta programática, esclareça as normas subjacentes que influenciam
comportamentos-chave:

• As mulheres são capazes e estão autorizadas a se expressarem e agirem conforme suas


preferências em relação a relacionamentos sexuais e uso de contraceptivos?

• Os parceiros discutem planos de fecundidade?

• As mulheres acreditam que precisam de permissão de seus parceiros sexuais, maridos ou


companheiros, ou ainda de seus guardiões, para usar ou pagar por serviços de planejamento
familiar?

• É considerado socialmente “apropriado” que homens e rapazes apoiem o planejamento


familiar? Quais são os impactos sociais para homens e rapazes que se engajam em
comportamentos igualitários em matéria de gênero?

• Enquanto factor adverso principal em relações sexuais, a violência por parceiro íntimo/esposo
é comum?
• Quais são as expectativas acerca de responsabilidades domésticas e de criação de filhos
compartilhadas nas comunidades?

Depois de esclarecer as normas relevantes, identifique as pessoas cujas opiniões importam para os
homens e que podem influenciar aqueles comportamentos particulares.

Métodos naturais para a melhoria do conhecimento no planeamento Familiar aos homens

Os métodos naturais são aqueles que o casal ou a pessoa pode utilizar para evitar ou obter uma
gravidez, identificando o período fértil da mulher.

Muco: O muco é uma secreção produzida pelo colo do útero, que umedece a vagina e, às vezes,
aparece na calcinha. Ele varia de aparência em cada período do ciclo menstrual. Aprendendo essas
diferenças, é possível saber qual é o período fértil. O método do muco indica a época do ciclo
menstrual em que a mulher pode ficar grávida.

Tabela: A tabela é um método que ajuda a mulher a descobrir a época do mês em que ela pode ficar
grávida. Esta época chama-se período fértil. Tabelas prontas não são seguras. A tabela de uma mulher
não serve para outra, pois cada uma tem um ciclo menstrual diferente. É importante ter um calendário
para marcar a cada mês o início do ciclo menstrual (SMELTZER, 2005).

Temperatura: O método da temperatura ajuda a conhecer a época do ciclo menstrual em que a


mulher pode ficar grávida (período da ovulação). Ele é feito através da tomada da temperatura do
corpo. O corpo feminino sofre uma alteração de temperatura no período da ovulação, ou seja, no
período fértil.

• Método mecânico

É um dispositivo geralmente feito de cobre, que é colocado dentro do útero e leva a várias
modificações do útero e da tuba uterina, além de provocar reacções que matam os espermatozoides
(SMELTZER, 2005).

DIU: (Dispositivo Intra Uterino) é um aparelhinho feito de um plástico especial, que vem enrolado por
um fio de cobre ou hormônio bem fino, que é implantado no útero da mulher para evitar a penetração
do esperma. O DIU é colocado pelo médico, de preferência durante o período menstrual, e apresenta
durabilidade de alguns anos (dependendo do tipo). É extremamente eficaz, e o risco de gravidez é
bastante pequeno.

Métodos de esterilização

Além dos métodos recomendados pelo Ministério da Saúde em Moçambique, existem outras formas
de evitar definitivamente a gravidez através de cirurgia. Pode ser feita no homem ou na mulher. Diante
disso, no homem chama-se vasectomia e na mulher laqueadura (amarração ou ligadura de trompas).
Essas operações são irreversíveis (definitivas) e consideradas, até o momento ilegal , só podendo ser
feitas com indicação médica nos casos em que há risco de vida para a mãe (SMELTZER, 2005)
Envolvimento dos Líderes comunitários no planeamento familiar dos homens

De acordo com GIOVANELLA & MENDONÇA (2008), a participação comunitária é o atributo de


orientação para a comunidade em característica essencial da Atenção Primaria à Saúde impõe a
necessidade do seu envolvimento e participação nas decisões sobre a saúde da coletividade.

A concepção de atenção primária da Estratégia de Saúde da Família preconiza equipe de caráter


multiprofissional, que trabalhe com definição de território de abrangência e com responsabilização
pela população residente na área. Pretende-se que equipe e população estabeleçam vínculos e
possam identificar em conjunto os principais problemas de saúde e elaborar estratégias para o
enfrentamento dos determinantes do processo saúde ou doença, para a garantia da assistência
integral às famílias.

Além do envolvimento das comunidades é necessário incorporar as suas necessidades nos planos de
saúde e compreender as questões culturais e antropológicas para o sucesso das diferentes
intervenções de saúde pública. É importante que as comunidades possam compreender as vantagens
do seu envolvimento em actividades de promoção da saúde, e que este objectivo pode ser atingido
através de uma maior consciencialização, empenho e mudanças positivas no comportamento.

Comunidade é um conjunto de pessoas vivendo numa área geográfica limitada, de forma organizada
e coesa, mantendo vínculos sociais entre elas. Do ponto de vista da sociologia, certos lugares como as
cadeias ou os quartéis também são comunidades, que podem ser descritas e analisadas.

Importância do envolvimento dos líderes no planeamento familiar

Na medida em que um cidadão em uma comunidade não possui suas necessidades satisfeitas,
sobram-lhe duas opções de acção: a primeira é reunir os amigos e os vizinhos e discutir o problema,
uma equipe começa a funcionar para tratar da sua resolução; a segunda é esperar que o governo
venha a suprir essa necessidade.

O progresso das nossas comunidades acontece porque os nossos antepassados tinham a capacidade
de arregaçar as mangas e enfrentar as dificuldades, ou seja, eles eram capazes de resolver os
problemas com iniciativa própria.

Para MAGALHÃES & BITTENCOURT (1997), um projecto de desenvolvimento local deve buscar um
desenvolvimento em que todos os sectores da sociedade atinjam um patamar mínimo de qualidade
de vida e de renda. As políticas públicas devem ser diferenciadas para os sectores mais empobrecidos
do campo e voltados para a ampliação da capacidade de produção dos agricultores familiares. O
envolvimento da comunidade torna os processos de desenvolvimento local democráticos e
direcionados aos objectivos que a sociedade deseja.

Conclusão

Quanto à percepção feminina sobre a participação de seus parceiros no Planeamento Familiar, em sua
grande maioria, relatam considerar importante essa contribuição, ao afirmar que tanto o acto de
engravidar e a criação dos filhos são dependentes de esforços equânimes do casal, e, portanto, esse
controle deve ser realizado pelos dois. Na cidade de Quelimane, considerando a baixa participação
dos homens nas acções de Planeamento Familiar, o que possibilita menor diálogo entre os parceiros
e consciência cristalizada da população sobre essa temática, percebe-se que, a necessidade de se fazer
tal estudo para compreender, segundo a percepção masculina, os motivos pelos quais os mesmos não
participam dessas actividades, visto serem merecedores de atenção e cuidados dos profissionais da
saúde.

As necessidades masculinas de saúde sexual e reprodutiva mudam ao longo das fases da vida, de
acordo com suas situações: adolescentes, iniciantes em relações sexuais, sexualmente ativos, recém-
casados, pais pela primeira vez, os que estão aumentando a família ou espaçando gestações, ou
aqueles que já completaram o tamanho ideal da família. Através destas fases de vida, os homens
empenham-se por cumprirem seus papéis e expectativas ao mesmo tempo em que têm
comportamentos que podem facilitar ou inibir relacionamentos sexuais saudáveis. Projetistas de
programas devem especificar os resultados comportamentais que desejam influenciar e usar
indicadores apropriados para monitorar mudanças nestes comportamentos ao longo do tempo.

Referencias bibliográficas

CASARIN, S. T.; SIQUEIRA, H. C. H. (2014). Planejamento familiar e a saúde do homem. Escola Anna
Nery Revista de Enfermagem, vol. 18, n. 4, p. 662-668.

GIOVANELLA, L.; MEDONÇA, M. H. M. (2008). Atenção Primária à Saúde Políticas e Sistemas de


Saúde, Rio de Janeiro: Org. Fiocruz; Cebes. no Brasil.

MAGALHÃES, R.; BITTENCOURT, G. (1997). Projecto alternativo de desenvolvimento rural. In:


CONTAG; Programa de Formação de Dirigentes e Técnicos em Desenvolvimento Local Sustentável com
base na Agricultura Familiar. Brasília.

MARCHI, Nadia. M. et al (2006). Opção pela vasectomia e relações de gênero. Cadernos de Saúde
Pública, Rio de Janeiro.

MARCONI, M. A & Lakatos, E. M. (2000). Fundamentos de metodologia científica. 5ª Ed. Atlas, São
Paulo.

RODRIGUES, C. C. RIBEIRO, K. S. Q. S. (2012). Promoção da saúde&58; a concepção dos profissionais


de uma unidade de saúde da família. Trabalho, Educação e Saúde.

SANTOS, Ana E. L. dos. (2006). Masculinidades e Saúde Reprodutiva: A experiência da vasectomia.


Dissertação (Mestrado em Política Social). Universidade Federal Fluminense.

SMELTZER, Suzane C.; BARE, Bremk G. Bruner e Suddarth (2005): Tratado de enfermagem médico –
cirúrgico. 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara.

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