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INSTALAÇÕES

HIDRÁULICAS

Eliane Conterato
Lélis Espartel
Vinicius Simionato
Revisão técnica:
Shanna Trichês Lucchesi
Mestre em Engenharia de Produção (UFRGS)
Professora do curso de Engenharia Civil (FSG)

C761i Conterato, Eliane.


Instalações hidráulicas / Eliane Conterato, Lélis
Espartel, Vinicius Simionato. – Porto Alegre : SAGAH, 2017.
237 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-096-2

1. Instalação hidráulica – Engenharia hidráulica. I.


Espartel, Lélis. II. Simionato, Vinicius. III. Título.
CDU 696.1

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094

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Esgotos: dimensionamento
das tubulações
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Calcular a produção de esgoto de uma edificação.


 Dimensionar as tubulações de transporte de esgoto predial.
 Dimensionar os acessórios que complementam o sistema de coleta
de esgoto predial.

Introdução
Certamente você já sabe da importância da coleta e destinação adequada
do esgoto gerado em sua residência. Para garantir saúde e qualidade
de vida para sua família, é importante que o esgoto seja coletado em
cada ponto de utilização e siga pela tubulação adequada, passando por
caixas de inspeção e caixas de gordura até o tratamento individual ou
até a coleta pública.
Neste texto, você vai conhecer os principais critérios a serem consi-
derados no projeto de ramais, tubos de queda, subcoletores e coletores
prediais, além do sistema de ventilação da tubulação, para que o sistema
como um todo funcione adequadamente sem gerar desconforto aos
usuários.

Dimensionamento da produção de esgoto


Antes de iniciar o dimensionamento das tubulações de esgoto e de seus acessó-
rios, é importante conhecer o cálculo da produção de esgoto de uma edificação.
A produção de esgotos está relacionada com o consumo de água, variando,
portanto, com as características do local e os hábitos da população.
É possível determinar a produção de esgotos de duas maneiras. A primeira
consiste na obtenção do volume de água consumido, sendo estabelecido um

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percentual de retorno em cima do valor de consumo, ou seja, considerando que


um percentual do que é consumido retorna em forma de esgoto. A segunda
forma é a estimativa de esgoto em função do tipo e das características da
construção. A ABNT NBR 7229:1993 apresenta a tabela de contribuição de
esgotos e de lodos frescos por tipo de prédio e de ocupantes. A contribuição de
lodos frescos é necessária apenas para o cálculo do volume de fossas sépticas.
A seguir acompanhe um exemplo de dimensionamento de produção de
despejos, empregando a segunda alternativa.

Imagine uma residência de padrão médio com contribuição diária de esgoto de 130
litros/habitante x dia. Neste local, há dois quartos, sendo duas pessoas para cada dormi-
tório. Vamos calcular o volume total de produção de esgoto da edificação em um dia.
1° O número de pessoas que contribuem para a produção é de: 2 x 2 = 4 pessoas.
2° Basta multiplicar o número de pessoas pela contribuição diária individual: 130 x 4
pessoas = 520 litros/dia.
3° O volume total de produção de esgoto da edificação em um dia é de 520 litros.

O cálculo da contribuição diária da edificação é importante para o dimen-


sionamento correto do sistema de tratamento ou da destinação final. Para o
dimensionamento das tubulações de descarga, a metodologia de cálculo é
simples, e o diâmetro da tubulação é uma função da contribuição que ele
receberá, conforme será visto a seguir.

Cálculo das tubulações do sistema de esgoto


predial

Cálculo dos ramais de descarga


O dimensionamento dos ramais depende dos equipamentos sanitários que
descarregam nele, uma vez que cada aparelho possui uma unidade de con-
tribuição, tecnicamente conhecida como Unidade Hunter de Contribuição
(UHC). Essas unidades facilitam o cálculo do diâmetro mínimo necessário.

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A Tabela 1 a seguir mostra as unidades Hunter correspondentes à contribui-


ção de esgoto dos diversos tipos de aparelhos sanitários existentes, sobretudo
aqueles utilizados em banheiros, cozinhas e áreas de serviço.

Tabela 1. Unidades Hunter de contribuição dos aparelhos sanitários e diâmetro nominal


mínimo dos ramais de descarga.

Diâmetro
Número de nominal
unidades de mínimo do
Aparelho Hunter de ramal de
sanitário contribuição descarga

Bacia sanitária 6 1001


Banheira de 2 40
residência
Bebedouro 0,5 40
Bidê 1 40
Chuveiro De residência 2 40
Coletivo 4 40
Lavatório De residência 1 40
Uso geral 2 40
Mictório Válvula de descarga 6 75
Caixa de descarga 5 50
Descarga automática 2 40
De calha 22 50
Pia de cozinha 3 50
residencial
Pia de cozinha Preparação 3 50
industrial
Lavagem de panelas 4 50
Tanque de 3 40
lavar roupas

(Continua)

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(Continuação)

Tabela 1. Unidades Hunter de contribuição dos aparelhos sanitários e diâmetro nominal


mínimo dos ramais de descarga.

Diâmetro
Número de nominal
unidades de mínimo do
Aparelho Hunter de ramal de
sanitário contribuição descarga

Máquina de 2 503
lavar louças

Máquina de 3 503
lavar roupas
1
O diâmetro nomimal DN mínimo para o ramal de descarga de bacia sanitária
pode ser reduzido para DN 75, caso justificado pelo cálculo de dimensionamento
efetuado pelo método hidráulico apresentado no anexo B e somente depois da
revisão da NBR 6452:1985 (aparelhos sanitários de material cerâmico), pela qual os
fabricantes devem confeccionar variantes das bacias sanitárias com saída própria
para ponto de esgoto de DN 75, sem necessidade de peça especial de adaptação.
2
Por metro de calha – considerar como ramal de esgoto.
3
Devem ser consideradas as recomendações dos fabricantes.

Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Normas Técnicas (1999).

Repare que a tabela, além de informar a unidade Hunter, fornece o diâmetro


nominal mínimo projetado para os ramais de descarga. Apesar de englobar
grande parte dos aparelhos sanitários comumente utilizados em instalações
de esgotos residenciais, a norma prevê a estimativa de unidades Hunter e os
respectivos diâmetros nominais mínimos de ramais de descarga para aparelhos
que não estão relacionados na tabela anterior.
Veja na Tabela 2 a relação entre o diâmetro e as UHCs máximas de ramais
de descarga não previstos anteriormente.

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Tabela 2. Unidades Hunter de contribuição para aparelhos não relacionados na tabela


anterior.

Número de unidades de
Diâmetro nominal mínimo Hunter de contribuição
do ramal de descarga DN UHC

40 2

50 3

75 5

100 6

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1999).

Portanto, para dimensionar o ramal mínimo de descarga, basta conhecer


o aparelho ligado ao ramal. Pelas tabelas da norma citada, você consegue
encontrar as UHCs e o diâmetro mínimo.

Cálculo dos ramais de esgotos


Para a definição dos diâmetros dos ramais de esgotos, que recebem as con-
tribuições dos ramais de descarga, verificamos os tipos e as quantidades de
aparelhos sanitários instalados no ambiente e, em seguida, somamos as UHCs
de cada aparelho ligado ao ramal de esgoto. De acordo com o somatório das
unidades Hunter, teremos o diâmetro nominal mínimo admissível, conforme
demonstrado na Tabela 3.

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Tabela 3. Dimensionamento de ramais de esgoto.

Número máximo de unidades


Diâmetro nominal do tubo DN Hunter de contribuição

40 3

50 6

75 20

100 160

150 620

Fonte: Adaptada de Botelho e Ribeiro Jr. (2014, p. 226).

Acompanhe o seguinte exemplo para entender melhor o dimensionamento


usando a tabela de UHCs.

Calcule os diâmetros mínimos de ramal de descarga e ramal de esgoto para um


banheiro coletivo contendo 1 lavatório, 3 vasos sanitários e 2 chuveiros.
1° De acordo com a tabela de ramais de descarga, temos os seguintes diâmetros
mínimos:
■ Vaso sanitário (bacia sanitária) – DN 100 mm
■ Chuveiro coletivo – DN 40 mm
■ Lavatório de uso geral – DN 40 mm
2° Para encontrar o diâmetro mínimo do ramal de esgoto, some as UHCs de todos
os aparelhos.
■ Vaso sanitário (bacia sanitária) = 3 x 6 = 18 UHC
■ Chuveiro coletivo = 2 x 4 = 8 UHC
■ Lavatório de uso geral = 1 x 2 = 2 UHC
■ TOTAL de UHCs = 28
3° Entre com o total de UHCs na tabela de dimensionamento de ramais de esgoto.
Veja que, conforme a tabela, o diâmetro mínimo do ramal de esgoto deve ser de
DN 100 mm.

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Esgotos: dimensionamento das tubulações 107

Cálculo dos tubos de queda


O ramal de esgoto é ligado ao tubo de queda. O dimensionamento do tubo
de queda assemelha-se ao cálculo de ramal de esgoto, porém, desta vez, o
diâmetro será selecionado em função da somatória das Unidades Hunter de
Contribuição dos ramais de esgoto que descarregam no tubo de queda.
Para a correta seleção dos diâmetros nominais dos tubos de queda, cabe
analisar a quantidade de pavimentos existentes na edificação e as unidades
máximas de UHC. Veja na Tabela 4 uma distinção do dimensionamento do
tubo de queda entre prédios de até três pavimentos e prédios com mais de
três pavimentos.

Tabela 4. Dimensionamento de tubo de queda.

Número máximo de unidades


Hunter de contribuição

Diâmetro Prédio com


nominal do Prédio de três mais de três
tubo DN pavimentos pavimentos Em todo o tubo

40 4 2 8

50 10 6 24

75 30 16 70

100 240 90 500

150 960 350 1.900

200 2.200 600 3.600

250 3.800 1.000 5.600

300 6.000 1.500 8.400

Fonte: Botelho e Ribeiro Jr. (2011)

O tubo de queda é instalado preponderantemente na vertical, entretanto,


há situações em que é necessário realizar um desvio nas tubulações, seja
por questões técnicas, estruturais ou arquitetônicas. Por isso, a ABNT NBR
8160:1999 prevê o cálculo na ocorrência dessas interferências da seguinte
maneira:

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 Quando o desvio for no ângulo igual ou menor do que 45º com a ver-
tical, o tubo de queda deve ser projetado de acordo com a tabela de
dimensionamento de tubo de queda.
 Se o desvio for maior do que 45º com a vertical, então o cálculo será
realizado separadamente para cada parte do tubo. A parte acima do
desvio do tubo de queda deve ser dimensionada conforme a tabela de
dimensionamento de tubo de queda. O trecho horizontal será calculado
com o mesmo método de coletor predial (e subcoletor). A parte do
tubo de queda que ficará abaixo do desvio deve ser dimensionada com
base nas UHCs de todos os aparelhos que lançam esgoto neste tubo de
queda, obedecendo a tabela de dimensionamento de tubo de queda, e
não poderá ser menor do que o diâmetro nominal do trecho horizontal.

Figura 1. Exemplo de desvio do tubo de queda.


Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1999).

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Esgotos: dimensionamento das tubulações 109

Cálculo de subcoletores e coletor predial


O cálculo de subcoletor e coletor predial fundamenta-se pela somatória das
unidades Hunter e em função das declividades mínimas variantes de 0,50 a
4,0%. Admite-se como diâmetro nominal mínimo DN 100 mm; já o valor
máximo por tabela deve ser de DN 400 mm, conforme demonstrado na Tabela 5.

Tabela 5. Dimensionamento de subcoletores e coletor predial.

Número máximo de unidades Hunter de contribuição

Diâmetro Declividades mínimas


nominal do
tubo DN 0,50% 1% 2% 4%

100 - 180 216 250

150 - 700 840 1000

200 1400 1600 1920 2300

250 2500 2900 3500 4200

300 3900 4600 5600 6700

400 7000 8300 10000 12000

Fonte: Adaptada de Botelho e Ribeiro Jr. (2014, p. 228).

Em prédios residenciais, é permitido o dimensionamento dos subcoletores


e do coletor predial utilizando somente a somatória das UHCs das peças sani-
tárias com maior valor de descarga de cada banheiro. Observe que este é um
caso específico, ou seja, nas demais edificações, deve-se calcular o somatório
das UHCs de todos os aparelhos que contribuem com lançamento de esgoto.

Dimensionamento dos demais componentes do


sistema de esgoto predial
Você vai ver a seguir como realizar os cálculos dos componentes acessórios
que, junto com as tubulações, compõem o sistema e garantem o funcionamento
adequado.

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110 Instalações hidráulicas

Cálculo de ramais de ventilação e desconectores


O cálculo do ramal de ventilação ocorre de maneira prática com o auxílio de
tabela baseada no número de UHCs e do grupo de aparelhos com vaso sanitário
ou sem vaso sanitário, de acordo com o mostrado na Tabela 6.

Tabela 6. Dimensionamento de ramais de ventilação.

Grupo de aparelhos sem Grupo de aparelhos com


bacias sanitárias bacias sanitárias

Número de Diâmetro Número de Diâmetro


unidades de nominal do unidades de nominal do
Hunter de ramal de Hunter de ramal de
contribuição ventilação contribuição ventilação

Até 12 40 Até 17 50

13 a 18 50 18 a 60 75

19 a 36 75 - -

Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Normas Técnicas (1999).

Os desconectores têm de satisfazer as distâncias máximas permitidas em


relação ao tubo ventilador, assim como promover o impedimento do retorno de
gases através de fecho hídrico com altura mínima de 5,0 cm, sendo o diâmetro
do orifício de saída igual ou maior do que o ramal de descarga conectado.
Na Tabela 7, observe que quanto maior for o diâmetro do ramal de descarga,
maior é a distância máxima aceitável entre o desconector e o tubo ventilador.

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Esgotos: dimensionamento das tubulações 111

Tabela 7. Distância máxima de um desconector ao tubo ventilador.

Diâmetro nominal de descarga DN Distância máxima (m)

40 1,00

50 1,20

75 1,80

100 2,40

Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Normas Técnicas (1999).

Cálculo de colunas e barriletes de ventilação


Os critérios para o dimensionamento de colunas e barriletes de ventilação
são proporcionados a partir da tabela a seguir. Perceba que a quantidade de
UHCs continua sendo um requisito para o dimensionamento. Além disso, você
deve ter conhecimento do diâmetro nominal do tubo de queda ou do ramal de
esgoto, dependendo de cada situação. Também é importante a análise da altura
do edifício, cujo valor influencia na adoção adequada do diâmetro nominal de
ventilação, uma vez que a coluna ou barrilete de ventilação possui limitação
em seu comprimento máximo.
Caso o número de Unidades Hunter de Contribuição esteja em um intervalo
entre dois números tabelados, adote o primeiro valor acima da UHC calculada.

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Tabela 8. Dimensionamento de colunas e barriletes de ventilação.

Diâmetro nominal mínimo de ventilação DN


Diâmetro nominal do tubo de
queda ou ramal de esgoto DN

Hunter de contribuição
Número de unidades
30 40 50 60 75 100 150 200 250 300

Comprimento máximo permitido (m)

40 8 15 46

40 10 9 30

50 12 9 23 61

50 20 8 15 46

75 10 13 46 110 317

75 21 10 33 82 247

75 53 8 29 70 207

75 102 8 26 64 189

100 43 11 26 76 299

100 140 8 20 61 229

100 320 7 17 52 195

100 530 6 15 46 177

150 500 10 40 305

150 1100 8 31 236

150 2000 7 26 201

150 2900 6 23 183

200 1800 10 73 286

200 3400 7 57 219

200 5600 6 49 186

(Continua)

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Esgotos: dimensionamento das tubulações 113

(Continuação)

Tabela 8. Dimensionamento de colunas e barriletes de ventilação.

Diâmetro nominal mínimo de ventilação DN


Diâmetro nominal do tubo de
queda ou ramal de esgoto DN

Hunter de contribuição
Número de unidades
30 40 50 60 75 100 150 200 250 300

Comprimento máximo permitido (m)

200 7600 5 46 171

250 4000 24 94 293

250 7200 18 73 225

250 11000 16 60 192

250 15000 14 55 174

300 7300 9 37 116 287

300 13000 7 29 90 219

300 20000 6 24 76 186

300 26000 5 22 70 152

Fonte: Adaptada de Botelho e Ribeiro Jr. (2014, p. 232).

Caixa de gordura
A caixa de gordura pode ser do tipo pequena (CGP), simples (CGS), dupla
(CGD) ou especial (CGE), cabendo ao projetista avaliar a necessidade a ser aten-
dida de acordo com o número de cozinhas, conforme os seguintes parâmetros:

 Para o atendimento de apenas uma cozinha, deve ser utilizada uma


caixa pequena ou uma caixa simples.
 Quando houver coleta de duas cozinhas, use a caixa de gordura simples
ou a caixa de gordura dupla.

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114 Instalações hidráulicas

 Para a coleta de despejos de 3 até 12 cozinhas, utilize a caixa de gordura


dupla.
 Caso haja previsão de recebimento de despejos de mais de 12 cozinhas
ou em cozinhas de grande demanda, como em quartéis, restaurantes,
hospitais, escolas, indústrias, entre outros, use as caixas de gordura
especiais.

Com exceção da caixa de gordura especial, as caixas devem ser de for-


mato cilíndrico. Para a CGP, o diâmetro mínimo interno é de 0,30 m, a parte
submersa do septo deve ficar a 0,20 m, com capacidade de retenção de 18
litros, e o diâmetro do tubo de saída não pode ser menor do que DN 75 mm.
A CGS precisa ter diâmetro mínimo interno de 0,40 m, a parte submersa do
septo e o diâmetro nominal mínimo de saída são idênticos aos projetados nas
caixas pequenas, mas a capacidade de retenção de gordura é de 31 litros. A
CGD necessita de diâmetro interno mínimo de 0,60 m, sua parte submersa do
septo deve ter 0,35 m e a capacidade de retenção é de 120 litros. O diâmetro
nominal da tubulação de saída é DN 100 mm.
O dimensionamento da CGE, em formato prismático de base retangular,
se dá pela fórmula:

V = 2.N + 20

Onde:
V = volume da caixa de gordura especial;
N = número de pessoas servidas pela cozinha no período de maior demanda.
A caixa de gordura especial necessita obedecer às exigências de diâmetro
nominal mínimo de saída DN 100 mm, altura molhada de 0,60 m, parte sub-
mersa do septo de 0,40 m, e distância mínima entre o septo e a saída de 0,20 m.

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Esgotos: dimensionamento das tubulações 115

Calcule o volume de uma caixa de gordura que coleta despejos de uma cozinha per-
tencente a um restaurante que serve no período de maior fluxo um total de 30 pessoas.
1° – Por se tratar de uma cozinha de um restaurante, o cálculo segue o disposto na
fórmula de caixa de gordura especial (CGE).
2° – O volume será:
V = 2 × 30 + 20
V = 80 litros

Caixa de inspeção
As caixas de inspeção podem ser construídas em modelos prismáticos de base
retangular ou quadrada ou ainda em forma cilíndrica. Quando cilíndricas,
a dimensão mínima do diâmetro é de 0,60 m; já para a forma retangular, o
menor lado interno é de 0,60 m. A profundidade varia conforme cada situação,
porém, não pode passar de 1,0 m.

Caixa de passagem
As caixas de passagem devem:

 ter diâmetro mínimo de 0,15 m, quando em formato cilíndrico;


 permitir a inscrição de um círculo de diâmetro de 0,15 m, se em formato
prismático de base poligonal;
 não possuir altura menor do que 0,10 m;
 ter diâmetro da tubulação de saída calculado de modo semelhante ao
ramal de esgoto, com diâmetro mínimo de DN 50 mm.

Caixa sifonada
As características mínimas das caixas sifonadas são:

 Até o limite de 6 Unidades Hunter de Contribuição, o diâmetro mínimo


é DN 100 mm.

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116 Instalações hidráulicas

 Até o limite de 10 Unidades Hunter de Contribuição, o diâmetro mínimo


é DN 125 mm.
 Até o limite de 15 Unidades Hunter de Contribuição, o diâmetro mínimo
é DN 150 mm.

1. O cálculo de subcoletor e coletor de contribuição, tecnicamente


predial fundamenta-se pela conhecida como Unidade
somatória das unidades Hunter e em Hunter de Contribuição.
função das declividades mínimas. 3. Para que um sistema de
Nos projetos dos sistemas prediais esgotamento sanitário predial
de esgoto sanitário, o coletor predial funcione adequadamente,
de esgoto deve ter diâmetro nominal é necessária a instalação de
mínimo de (em mm): dispositivos de ventilação do
a) 40 sistema. Esse sistema tem a
b) 50 função de conduzir os gases
c) 100 para a atmosfera e evitar que
d) 400 eles retornem para os ambientes.
e) 75 Sobre o dimensionamento
2. Sobre o dimensionamento de sistemas de ventilação, é
de ramais de descarga, é correto afirmar que:
correto afirmar que: a) O cálculo do ramal de ventilação
a) O dimensionamento é baseado na vazão da
depende da vazão de esgoto tubulação em que ele é ligado.
produzida pela edificação. b) O cálculo do ramal de
b) O menor diâmetro a ser ventilação ocorre de maneira
adotado é de 100 mm, por prática com o auxílio de
questões de segurança. tabela baseada no número de
c) Os trechos horizontais não UHCs, independentemente da
necessitam de declividade, já existência ou não de grupos de
que os ramais de descarga são aparelhos com vasos sanitários.
trechos de pequena extensão. c) As colunas de ventilação devem
d) Os ramais de descarga de possuir diâmetro variável ao
bacia sanitária podem possuir longo de seu comprimento, para
diâmetro de 75 mm. facilitar o escoamento do ar.
e) É dependente dos equipamentos d) A coluna de ventilação
sanitários que descarregam não possui limitação em
nele, uma vez que cada seu comprimento.
aparelho possui uma unidade

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Esgotos: dimensionamento das tubulações 117

e) Para o dimensionamento b) As caixas de inspeção cilíndricas


da tubulação de ventilação, devem possuir dimensão
deve-se considerar as UHCs e mínima do diâmetro de 0,30 m.
o diâmetro mínimo do tubo de c) As caixas de passagem devem
queda ou ramal de ventilação. ter diâmetro mínimo de 0,15 m,
4. A instalação de elementos acessórios quando em formato cilíndrico.
é fundamental para o correto d) A caixa de gordura pequena,
funcionamento do sistema de coleta geralmente utilizada para
de esgotos de uma edificação. Sobre atender 1 cozinha, deve possuir
o dimensionamento dos acessórios, diâmetro interno de 0,15 m e
é correto afirmar que: diâmetro de saída de 50 mm.
a) A caixa sifonada é dimensionada e) O diâmetro mínimo para uma
em função da quantidade de caixa sifonada é de 0,15 m.
tubulações a ela ligadas.

5. Para a seguinte figura, que representa a instalação de esgoto sanitário


de um banheiro, quais são os diâmetros mínimos (em mm) das
tubulações apontadas por A, B, C e D, respectivamente? Considere que
a contribuição é de 2 UHCs para cada aparelho ligado às tubulações.

Fonte: Adaptada de Botelho e Ribeiro Jr. (2014, p. 223).

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118 Instalações hidráulicas

a) 40, 50, 40, 50 d) 50 para todos os trechos


b) 40 para todos os trechos. e) 40, 40, 40, 100
c) 40, 40, 40, 50

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 7229:1993. Projeto, cons-


trução e operação de sistemas de tanques sépticos. Rio de Janeiro: ABNT, 1993.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8160:1999. Sistemas prediais
de esgoto sanitário – Projeto e execução. Rio de janeiro: ABNT, 1999.
BOTELHO, M. H. C.; RIBEIRO JR., G. A. Instalações hidráulicas prediais: utilizando tubos
plásticos. 4. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2014.

Leituras recomendadas
CREDER, H. Instalações hidráulicas e sanitárias. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
MACINTYRE, A. J. Instalações hidráulicas prediais e industriais. 4. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2010.

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