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WBA0836_v1.

Principais sistemas prediais e


seus elementos
Noções de projeto
Sistema de água fria e quente

Bloco 1
Bianca Lopes de Oliveira
Sistema Predial de água fria e quente - Projeto
Figura 1 – Sequência do dimensionamento dos componentes
do sistema predial de água fria

Estimativa do consumo diário.


Sistema Predial de água fria

Dimensionamento do sistema de abastecimento (ramal


predial, hidrômetro e alimentador predial).

Dimensionamento do sistema de reservação (reservatórios


superior e inferior e reserva técnica de incêndio).

Dimensionamento da instalação elevatória (tubulações de


recalque e sucção e conjunto motobomba).

Dimensionamento do sistema de distribuição (barrilete,


coluna, medidores individualizados, ramais e sub-ramais).

Fonte: Veról, Vazquez e Miguez (2021, p. 77).


Estimativa do Consumo Diário
• Consumo (C) em litros por dia: depende Segundo a NBR 5626 (ABNT,
das condições climáticas, tipologia do 2020), pode-se utilizar
edifício e população atendida. referências técnicas e
orientações das concessionárias
C = P.q para essa definição.
• Em que: P é a população do edifício e q é
o consumo per capita (litros por dia).
• População:
• Edifícios residenciais: duas
pessoas por quarto social e uma
pessoa por quarto de serviço.
• Edifícios comerciais: população
calculada por metragem
construída e ocupada.
Consumo per capita

Tabela 1 – Estimativa de consumo predial médio diário para algumas utilizações


Edificação Consumo (L/dia)
Alojamentos provisórios 80 per capita
Apartamentos 200 per capita
Casas populares ou rurais 120 per capita
Residências 150 per capita
Residências de luxo 300 per capita
Cinemas e teatros 2 por lugar
Edifícios públicos ou comerciais 50 per capita
Escolas – com período integral 100 per capita
Escolas – internatos 150 per capita
Escolas – por período (até 3) 50 per capita
Escritórios 50 per capita
Restaurantes e similares 25 por refeição

Fonte: adaptada de Veról, Vazquez e Miguez (2021, p. 79).


Dimensionamento do sistema de abastecimento

• Ramal predial e cavalete: a partir de parâmetros


estabelecidos pelas concessionárias e do consumo diário
provável.
• Vazão de projeto:

Q = K. P
• Em que: Q é a vazão de projeto da peça de utilização ou
aparelho sanitário em l/s; K é o fator de vazão do aparelho
sanitário, em geral, considerado 0,30 l/s; P é a soma dos
pesos relativos das peças de utilização que estão
contribuindo na tubulação que está sendo dimensionada.
Método da vazão estimada
Tabela 2 – Pesos relativos nos pontos de utilização em função do aparelho
sanitário e da peça de utilização

Aparelho sanitário Peça de utilização Vazão de projeto (l/s) Peso relativo

Bacia sanitária Caixa de descarga 0,15 0,3


Válvula de descarga 1,70 32
Banheira Misturador (água fria) 0,30 1,0
Bebedouro Registro de pressão 0,10 0,1
Bidê Misturador (água fria) 0,10 0,1
Chuveiro Misturador (água fria) 0,20 0,4
Chuveiro elétrico Registro de pressão 0,10 0,1
Máquina de lavar Registro de pressão 0,30 1,0
roupas (MLR)/Máquina
lava-louças (MLL)

Fonte: adaptada de Veról, Vazquez e Miguez (2021, p. 86).


Método da vazão estimada
Tabela 2 – Pesos relativos nos pontos de utilização em função do aparelho
sanitário e da peça de utilização - continuação

Aparelho sanitário Peça de utilização Vazão de projeto (l/s) Peso relativo

Lavatório Torneira ou misturador 0,15 0,3


Mictório Com sifão Válvula de descarga 1,70 2,8
integrado
Sem sifão Caixa de descarga, 0,15 0,3
integrado registro de pressão ou
válvula de descarga
Mictório tipo calha Caixa de descarga ou 0,15 por metro de 0,30
registro de pressão calha
Pia Torneira ou misturador 0,25 0,7
Chuveiro Torneira elétrica 0,10 0,1
Tanque Torneira 0,25 0,7
Torneira de jardim Torneira 0,20 0,4
Fonte: adaptada de Veról, Vazquez e Miguez (2021, p. 86).
Dimensionamento do alimentador predial

• Utilizando a vazão de projeto (Q) a partir do consumo


diário (Cd em m³/dia):

Cd 4.Q
Q≥ D≥
24 x60 x60 π .v

• Em que: D é o diâmetro do alimentador predial em


metros; Q é a vazão em m³/s; v é a velocidade no
alimentador predial, variando entre 0,6 m/s e 1,0 m/s.
Reservatórios

• Capacidade em função do padrão de consumo de


água e frequência do abastecimento.
• NBR 5626 (ABNT, 2020): no mínimo, o necessário para
atender 24h de consumo normal do edifício + Reserva
de incêndio (RTI).

VRI = 1,5.Cd
V=
RS Cd + RTI
Dimensionamento do sistema de distribuição

• Método do consumo máximo provável, considerando:


• Velocidade máxima da água: 3,0m/s.
• Pressão estática máxima: 40 m.c.a.
• Pressão dinâmica mínima nos pontos de
utilização: 1 m.c.a.
• Pressão dinâmica mínima em qualquer ponto
do sistema: 0,5 m.c.a – com exceção das
tomadas dos reservatórios.
Detalhes complementares

• Segundo NBR 5626 (ABNT, 2020):


• Previsão de setorização do sistema com
facilidade de acesso para intervenção de
manutenção.
• Medição individualizada: medidores em local
de fácil acesso.
• Promover eficiência no uso da água e energia.
Noções de projeto
Sistema de esgoto sanitário

Bloco 2
Bianca Lopes de Oliveira
Sistema Predial de esgoto sanitário - Projeto

Figura 2 – Sequência do dimensionamento dos componentes do sistema


predial de esgoto sanitário

Identificação dos pontos geradores de esgoto.

Posicionamento dos desconectores, ramais de esgoto, tubos de queda,


de esgoto sanitário
Sistema Predial

subcoletores, sistema de ventilação e dispositivos complementares.

Dimensionamento das tubulações considerando diâmetro e declividade


mínimos.

Dimensionamento do sistema de ventilação.

Dimensionamento dos dispositivos complementares.

Fonte: elaborada pela autora.


Esgoto primário versus esgoto secundário
Figura 3 – Sistema predial de esgoto sanitário primário Diferença: acesso ou não
versus secundário dos gases originados do
coletor público.

Fonte: Veról, Vazquez e Miguez (2021, p. 211).


Dimensionamento das tubulações

• Método hidráulico ou método das Unidades Hunter


de Contribuição (UHC).
• Método UHC: define o diâmetro das tubulações em
função do número de UHC recebidos pelos aparelhos
sanitários  tabelas da NBR 8160 (ABNT, 1999).
• Declividades mínimas:
• 2% para tubulações de DN igual ou inferior a
75 mm.
• 1% para tubulações de DN igual ou superior a
100 mm.
Ventilação

Figura 4 – Sistema de ventilação de uma edificação Primária versus Secundária.

Fonte: Veról, Vazquez e Miguez (2021, p. 246).


Dispositivos Complementares – Caixa de inspeção
• Permite inspeção, limpeza e desobstrução do
Figura 5 – Caixas de inspeção
sistema.
• Podem ser usadas para desvios, mudanças de
declividade e junção de tubulações.
• Dimensão mínima: 0,60 x 0,60 m e profundidade
máxima de 1,0 m.

Fonte: Veról, Vazquez e Miguez (2021, p. 237).


Dispositivos Complementares – Caixa de gordura
• Separa óleos, graxas e gorduras do efluente.
• Dimensionamento a partir do número de cozinhas por elas atendidas.

Figura 6 – Caixas de passagem

Fonte: Veról, Vazquez e Miguez (2021, p. 239).


Dimensionamento das caixas de gordura

• Em função do número de cozinhas:


• 1 cozinha: caixa de gordura pequena ou simples.
• 2 cozinhas: caixa de gordura simples ou dupla.
• 3 a 12 cozinhas: caixa de gordura dupla.
• + 12 cozinhas ou restaurante, escola, quartel e
hospital: caixa de gordura especial  volume
superior a 120 litros.
V 2 N + 20
=
Em que: V é o volume em litros; N é o número de
pessoas servidas nas cozinhas.
Sistema de bombeamento
Em caso de efluentes gerados abaixo do nível da rua  bombeamento.
Volume útil da caixa coletora em m³, Q é a capacidade da bomba m³/min e t é o intervalo
de tempo entre duas partidas consecutivas do motor em min.

Figura 7 – Caixa coletora

Fonte: Veról, Vazquez e Miguez (2021, p. 241).


Sistema de bombeamento

• Capacidade da bomba: recomenda-se duas vezes a


vazão de esgoto.
• Tempo de intervalo entre partidas do motor: não ser
menor que 10 minutos.
• Tempo de detenção do esgoto: não deve ser superior
a 30 min.
Em que: d é o tempo de detenção do
Vt esgoto em minutos; Vt é o volume da
d=
q caixa coletora em m³; q é a vazão média
de esgoto em m³/min.
Noções de projeto
Sistema predial de águas pluviais

Bloco 3
Bianca Lopes de Oliveira
Etapas do projeto de sistemas prediais de águas pluviais

• Cobertura:
• Com a definição do caimento das águas,
identificar as áreas de contribuição.
• Definir a posição dos ralos hemisféricos e suas
áreas de contribuição.
• Determinar a vazão de projeto pelo Método
Racional.
• Dimensionar as calhas do telhado e os
condutores verticais do telhado ao térreo.
Etapas do projeto de sistemas prediais de águas pluviais

• Nível do piso:
• Determinar as áreas de contribuição para
calhas de piso ou ralos no térreo.
• Determinar a vazão de projeto.
• Posicionar as caixas de areia.
• Dimensionar os condutores horizontais do
térreo.
• Dimensionar as caixas de areia.
Etapas do projeto de sistemas prediais de águas pluviais

• Nível do subsolo:
• Seguir os mesmos passos do nível do piso.
• Dimensionar a caixa coletora de águas pluviais.
• Dimensionar o sistema de bombeamento, se
houver necessidade.
Sistema Predial de águas pluviais - Cobertura

Figura 8 – Cobertura

Fonte: Veról, Vazquez e Miguez (2021, p. 298).

• Coberturas horizontais de laje: declividade


mínima de 0,5% com mais de uma saída.
• Uso de ralos hemisféricos: para evitar obstrução.
Vazão de projeto

Método Racional

Q = C.i. A

• Em que: Q é a vazão em m³/s; C é o coeficiente


de escoamento superficial; i é a intensidade da
chuva de projeto em m/s; A é a área de
contribuição em m².
• Área de contribuição  superfícies que
interceptam a chuva e conduzem até algum
ponto do sistema.
Dimensionamento de calhas

• Similaridade com dimensionamento de canais em


escoamento uniforme:

1
23
A.R .S0 2
Q=
n

• Em que: Q é a vazão de projeto em m³/s; A é a área


molhada da seção transversal da calha em m²; R é
o raio hidráulico da seção de escoamento da calha
em m; S0 é a declividade do fundo da calha em
m/m; n é o coeficiente de rugosidade de Manning.
Condutores verticais

Figura 9 – Formas de saídas da calha para os condutores

Fonte: Veról, Vazquez e Miguez (2021, p. 323).

• Diâmetro mínimo de 75 mm.


• Segundo a NBR 10844 (ABNT, 1989), o dimensionamento
pode ser feito por ábacos utilizando a vazão de projeto
em l/min, altura da lâmina de água na calha em mm e o
comprimento do condutor vertical em metros.
Condutores horizontais

• Dimensionamento realizado de forma que trabalhe


sob a ação da gravidade, com um escoamento de
lâmina de altura igual a 2/3 do diâmetro interno.
• A NBR 10844 (ABNT, 1989) apresenta as vazões de
escoamento em função dos diâmetros da tubulação,
coeficiente de Manning (entre 0,011 e 0,013) e
declividade (0,5% a 4%).
Caixas de areia
Figura 10 – Exemplo de caixa de areia

Fonte: Veról, Vazquez e Miguez (2021, p. 338).

• Dimensões mínimas: 60 x 60 cm e profundidade máxima


de 1,0 m.
• Servem como local para inspeção, deposição das
partículas em suspensão e junção de tubulações.
• Desafio: compatibilização com a arquitetura do edifício.
Teoria em Prática
Bloco 4
Bianca Lopes de Oliveira
Reflita sobre a seguinte situação

• Na busca por um imóvel para compra, você visitou


dois apartamentos vazios de uma mesma edificação.
• O primeiro apartamento apresentou um odor forte de
esgoto.
• O segundo apartamento não apresentava esse
problema.

Reflita: o que pode ter causado o mau odor no primeiro


apartamento? Poderia ser um problema de projeto? Qual
outra causa você diagnosticaria na situação? Que tipo de
solução poderia ser adotada?
Norte para a resolução...

• Mau odor resultante dos gases provenientes do


sistema de esgoto sanitário.
• Pode ser um projeto mal executado, apresentando
falha apenas naquele imóvel.
• Poderia ser redução de fecho hídrico  como o
imóvel estava vazio, o fecho hídrico poderia ter
evaporado, permitindo o retorno dos gases.
• Solução inicial: restabelecer o fecho hídrico.
• Se não resolver, verificar as instalações e o projeto
executado.
Dica do(a) Professor(a)
Bloco 5
Bianca Lopes de Oliveira
Dica do(a) Professor(a)

• Assista a palestra do Profa. Dra. Lúcia Helena de


Oliveira e Eng. Flávio Eduardo Rios

• Acesse o canal de Sistemas Prediais gestão e eficiência


sustentável no Youtube. Palestra: Edifícios Super Altos
e os Sistemas Prediais Hidrossanitários: concepção,
desafios e inovações.
Referências
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5626:
sistemas prediais de água fria e água quente – projeto,
execução, operação e manutenção. Rio de Janeiro: ABNT, 2020.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8160:


sistemas prediais de esgoto sanitário – projeto e execução. Rio
de Janeiro: ABNT, 1999.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10844:


instalações prediais de águas pluviais - procedimento. Rio de
Janeiro: ABNT, 1989.

VERÓL, A. P.; VAZQUEZ, E. G.; MIGUEZ, M. G. Sistemas prediais


hidráulicos e sanitários: projeto práticos e sustentáveis. Rio de
Janeiro: LTC, 2021.
Bons estudos!

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