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Decreto-Lei n.

º 10-A/2020, de 13 de março

Texto explicativo elaborado para a APECA por


ALBANO SANTOS – Advogado

O diploma legal acima indicado determinou a suspensão das actividades lectivas e


de formação com a presença física dos estudantes, desde o dia 16/03/2020, o que
durará até 9 de Abril, podendo, então, ser prorrogada a suspensão como, infelizmente,
é de prever.

Procedimentos
Se algum trabalhador for colocado em situação de isolamento profiláctico
(quarentena) pelas autoridades e saúde, motivado pelo Covid-19, tal situação constitui
justo impedimento para a prática de actos processuais e procedimentos que exijam a
presença física em tribunais, Ministério Público, Cartórios Notariais, Conservatórias e
entidades administrativas, no âmbito de procedimentos contraordenacionais e de
processos administrativos.
A declaração da autoridade de saúde constitui justificação da não comparência em
qualquer diligência processual ou procedimental que, por isso, será adiada.
O encerramento de instalações onde teriam lugar actos processuais e procedimentais
suspende o prazo para a sua prática, desde o encerramento até à sua reabertura.

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Documentos com prazo de validade expirado
Com vista a evitar a deslocação aos serviços públicos, serão aceites, pelas autoridades,
os documentos que possam ser renovados, que tenham caducado, ou venham a
caducar, nos 15 dias anteriores ou posteriores a este diploma legal.
O cartão de cidadão, a carta de condução, as certidões registrais e os vistos de
permanência no País, que caduquem após 14/03/2020, serão aceites até 30/06/2020.
São também suspensos os prazos de decisão sujeita a deferimento tácito nos
licenciamentos requeridos por particulares.

Assembleias gerais de aprovação de contas


As assembleias gerais das sociedades, associações e cooperativas, para aprovação de
contas, que deveriam realizar-se até final de Março, podem ser realizadas até 30 de
Junho de 2020.

Protecção social na doença e na parentalidade


Os TCO e os trabalhadores independentes que sejam colocados em quarentena pelos
serviços de saúde, durante esse período de 14 dias têm direito a um subsídio de
doença correspondente a 100% da remuneração de referência, sem período de espera
(recebem os 14 dias) e mesmo que não tenham ainda cumprido o prazo de garantia de

seis meses.
Se o TCO ou o TI ficar infectado pelo Covid-19 a atribuição do subsídio de doença
normal não está sujeita ao período de espera (3 dias iniciais).
No caso de acompanhamento, pelo trabalhador, de filho ou outro dependente a cargo,
em caso de isolamento, por 14 dias, as faltas consideram-se justificadas, não
contando para o limite anual de faltas para assistência a filho.
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São também justificadas as faltas motivadas por assistência inadiável ou filho ou
outro dependente a cargo durante o período de encerramento dos estabelecimentos
de ensino (de 16 de Março a 9 de Abril).
Esta justificação não abrange o período de férias escolares.
Para tanto, o trabalhador comunica a falta ao empregador, logo que possível, com
indicação do motivo.

Apoio excepcional
Durante o período de encerramento das escolas (não contam as férias escolares) os TCO
que fiquem a cuidar de filhos menores de 12 anos têm direito a um apoio excepcional
mensal, ou proporcional, de 2/3 da remuneração base, com o limite mínimo do SMN
(635,00 €), sendo ½ suportado pelo empregador e a outra ½ suportada pela Segurança

Social.
Para o TCO beneficiar deste apoio, que é automático, é necessário requerimento do
empregador, mediante formulário próprio, disponibilizado na Segurança Social
Directa (Mod. GF B-DGSS).
Se um dos progenitores estiver em casa, em situação de teletrabalho ou outra, não há
direito ao apoio.
O apoio da Segurança Social (1/2 de 2/3 de retribuição, com o mínimo de 317,50 €) é
entregue ao empregador que, por sua vez, paga ao trabalhador a totalidade do apoio
(2/3 da retribuição, com o mínimo de 635 €).

Durante as férias escolares, as faltas dadas para assistência a filho podem ser
justificadas, mas não remuneradas, seguindo o regime normal dos Artºs 49º e 65º, nº
1, al. g), do Código do Trabalho.

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Contribuições e quotizações durante o período de encerramento das escolas
O trabalhador desconta a sua quotização (11%).
As contribuições do empregador são reduzidas a 50 %, sendo objecto de declaração
autónoma.
Este apoio não pode ser recebido, em simultâneo, por ambos os progenitores, e é
único, mesmo que sejam vários filhos menores a cargo.

No caso dos trabalhadores independentes sujeitos à obrigação contributiva, pelo


menos, em 3 meses consecutivos nos últimos doze meses, e que não possam
prosseguir a actividade para cuidar dos filhos no período de encerramento das escolas,
tem direito a um apoio mensal, ou proporcional, correspondente a 1/3 da
mensualização da base de incidência contributiva relativa ao 1º trimestre de 2020, com
o valor mínimo de 1 IAS (438, 81 €) e o máximo de 2,5 IAS (1.097,02 €).
Este apoio é incluído na declaração trimestral e, por isso, sujeito a contribuição para a
Segurança Social.
O apoio terá de ser requerido pelo TI, sendo deferido automaticamente, desde que o TI
não tenha outra forma de exercício da actividade, nomeadamente o teletrabalho.
O apoio apenas pode ser recebido por um dos progenitores e é único,
independentemente do número de filhos a cargo.

Trabalhador independente. Redução da actividade


O TI que, nos últimos doze meses, tenha contribuído, pelo menos, 3 meses
consecutivos e que se veja forçado a parar totalmente a actvidade em consequência do
surto do Covid-19, tem direito a um apoio financeiro com a duração de um mês,
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prorrogável mensalmente, até ao limite de seis meses, de montante correspondente ao
valor da remuneração registada como base de incidência contributiva, com o limite de
um IAS (438,81 €).
Este apoio é pago a partir do mês seguinte ao da entrega do requerimento, mantendo-
se, todavia, a obrigação da entrega da declaração trimestral, nos termos normais.
Este apoio não é cumulável com o apoio para assistência a filho ou dependente, quer
no período de quarentena, quer por motivo de doença derivada do Covid-19.
Procedimento
- Para beneficiar deste apoio extraordinário, o TI terá de entregar requerimento,
comprovando a situação de paragem total da actividade através de:
- Declaração do próprio, sob compromisso de honra, se sujeito ao regime simplificado
- Declaração do Contabilista Certificado (CC), se sujeito ao regime de contabilidade
organizada.
Diferimento do pagamento de contribuições
Os TI que venham a beneficiar do apoio financeiro extraordinário, por paragem da
actividade, têm direito ao diferimento do pagamento das contribuições devidas nos
meses de recebimento desse apoio.
As contribuições diferidas serão pagas a partir do segundo mês posterior à cessação do
apoio, podendo o seu valor ser pago até doze prestações mensais.

Teletrabalho
Na vigência do Dec.-Lei nº 10-A/2020, o empregador pode determinar,
unilateralmente, o regime de teletrabalho aos seus trabalhadores, desde que
compatível com as suas funções, sem necessidade do acordo destes que, por sua vez,
também o podem requerer, ficando a decisão dependente do empregador.
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Esta possibilidade não se aplica aos trabalhadores de serviços essenciais.

Entrada em vigor
Este diploma legal entrou em vigor no dia 14 de Março.
Produz, no entanto, efeitos desde o dia 03 de Março em relação ao capítulo da
protecção na doença e na parentalidade.
Por sua vez, o regime de adiamento de diligências motivado por necessidade de
isolamento profiláctico ou durante o período de encerramento de serviços públicos,
está em vigor desde o dia 09 de Março.

Porto, 16 de Março de 2020.

ALBANO SANTOS
Advogado

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