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APOSTILA DIDÁTICA
- 2020 -
UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA
APOSTILA CAT-A
ATENÇÃO:
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MATERIAL EXCLUSIVO PARA APRENDIZADO. VEDADO PARA DEMAIS FINALIDADES.
PROIBIDA DIVULGAÇÃO A PÚBLICO LEIGO E/OU EM MÍDIAS ELETRÔNICAS.
UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA
APOSTILA CAT-A
HISTÓRICO DO TESTE
Publicado por Leopold e Sonia Bellak (1949) , junto com David Abrams, para crianças de 3 a 10 anos.
Criado, em 1965, o CAT-H (com figuras humanas).
Aprovado pelo Conselho Federal de Psicologia (2013) para crianças de 5 a 10 anos, decorrente dos estudos
de validade no Brasil, obrigatório pelo CFP.
Desenhados por Violet La Mont (ilustradora profissional de livros infantis) a pedido dos autores, dos seus
originais 18 desenhos, 10 se mostraram mais profícuos, depois de aplicados em vários sujeitos.
Publicado em diversos países do mundo (Europa, Ásia, América).
“Método aperceptivo de investigação da personalidade, por meio da significância dinâmica das diferenças
individuais na percepção de estímulos padronizados” (Bellak & Abrams, 1949).
Cenas escolhidas consideram problemas, situações e papéis importantes no desenvolvimento e na vida da
criança, a partir do referencial psicanalítico.
Animais: favorecem a identificação, pois são menores que os adultos e por serem vistos frágeis pelas
crianças; são ambíguos em termos de sexo e idade; facilitam projeção de fantasias e angústias infantis.
OBJETIVOS
Captar o mundo vivencial da criança a partir da interpretação das histórias narradas aos estímulos
apresentados.
Conhecer a estrutura afetiva da criança, a dinâmica de suas reações diante dos problemas que enfrenta e
de seus desejos, assim como o modo como procura resolver essas questões (Bellak & Abrams, 1997).
Técnica destinada a uso no contexto clínico para determinar fatores dinâmicos do comportamento e
privilegia a compreensão da criança na singularidade.
Também pode ser utilizado em estudos longitudinais.
ADMINISTRAÇÃO:
Instruções
“Este é um jogo de histórias. São dez figuras ao todo. Eu vou mostrar uma figura por vez, e você deve tentar
criar uma história de faz de conta para ela. Diga o que está acontecendo na figura, o que vai acontecer depois
e como termina a história. Ou você pode dizer o que acha que aconteceu antes; em seguida, o que está
acontecendo na figura e depois qual é o fim da história. O que interessa é você inventar uma história com
começo, meio e fim, da sua própria imaginação. Muito bem, esta é a primeira figura”.
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PRANCHA 1
TEMA: RELAÇÃO COM FIGURAS MATERNA E FRATERNA,
ORALIDADE
1. Referência à figura materna, geralmente que nutre e gratifica.
2. Ato de comer, de ser alimentado e atitudes diante da
alimentação.
3. Podem ocorrer referências à rivalidade fraterna (quem recebe
mais comida, se comporta bem ou mal, não tem guardanapo).
Três pintinhos estão sentados à mesa, um deles
4. Comida como recompensa ou punição.
sem guardanapo. No fundo há uma figura
sombreada de um galináceo de sexo indefinido.
5. Problemas gerais de oralidade.
PRANCHA 2
TEMA: CONFLITO EDÍPICO
1. Observar com quem o ursinho coopera (pai/mãe)
2. Também sugere tema da competitividade, que pode revelar
segurança ou insegurança quanto à própria capacidade.
3. A situação pode ser vista como uma luta, acompanhada de
medo da agressividade, expressão da própria agressividade
autonomia, ou como uma brincadeira (cabo de guerra, por
Um urso puxa uma corda em uma ponta, exemplo).
enquanto o outro urso e um ursinho puxam na 4. Ruptura da corda: preocupação com castigo ou,
outra ponta. simbolicamente, medo da castração.
PRANCHA 3
TEMA: RELAÇÃO COM FIGURA PATERNA
1. Ratinho: figura de identificação.
2. Leão: costuma ser associado com figura paterna, pelo papel
de rei e posse de símbolos de poder como a) cachimbo e b)
bengala.
3. Bengala: pode ser vista como instrumento de agressividade ou
depreciação (velho e impotente), mas pode ser defesa. Pode
ser força benigna ou ameaçadora.
4. Observar interação: ameaça, amizade, ajuda mútua, consolo.
Um leão com um cachimbo e uma bengala, 5. Alternar identificação: conflito de papéis (submissão e
sentado em uma cadeira; no canto inferior autonomia, p.ex.).
direito, um ratinho aparece em um buraco.
PRANCHA 4
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PRANCHA 5
PRANCHA 6
TEMA: CENA PRIMÁRIA
1. Prancha 6 amplia o que ficou retido na prancha 5.
2. Ciúmes, castigos.
3. Necessidades orais (ursinho com fome ou é alimentado).
4. Ameaças (fantasmas, lobo). Necessidade de proteção.
5. Medo de perder a mãe.
6. Masturbação noturna não foi frequente na população
Uma caverna escura com o contorno de dois brasileira, tal como encontraram Bellak & Adams em seus
ursos ao fundo; no primeiro plano pode-se ver estudos originais.
um ursinho deitado.
PRANCHA 7
TEMA: AGRESSIVIDADE
1. Figura que ataca: geralmente masculina, hostil, persecutória e
ameaçadora.
2. Expressão do medo da agressividade e de modos de lidar com
ela.
3. Rejeição da prancha, histórias inofensivas (como tigre e macaco
brincam ou são amigos) ou irrealistas (macaco é mais forte que
Um tigre com presas e garras expostas, tigre): defesas contra a ansiedade diante de situações
saltando sobre um macaco que, por sua vez,
ameaçadoras que envolvam expressão da agressividade.
pula no ar.
PRANCHA 8
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PRANCHA 9
PRANCHA 10
INTERPRETAÇÃO
O uso adequado do CAT-A demanda raciocínio clínico apurado, domínio dos conceitos das teorias
psicodinâmicas da personalidade e conhecimento de Psicologia do Desenvolvimento.
Trata-se de uma tarefa complexa que exige a consideração de vários aspectos simultaneamente, não só da
história específica que se pretende interpretar, mas também do protocolo como um todo e de dados de
outras fontes (histórico da criança, dados de observação, etc.) para seu objetivo final: o diagnóstico
psicológico.
Para ajudar o psicólogo nesse processo, vários autores sugeriram esquemas de interpretação, dos mais
intuitivos e impressionistas aos mais detalhados ou quantificáveis.
Alguns esquemas privilegiam aspectos específicos da dinâmica da personalidade.
A maioria desses esquemas pode ser aplicável a qualquer das técnicas de apercepção temática e têm, em
comum, a Psicanálise como fundamentação teórica.
Análise das respostas individuais e, depois, síntese dos dados, que visa integrar as partes em um todo que
reflita a organização singular dos diferentes elementos apreendidos: o todo excede a mera justaposição ou
somatória dos elementos isolados.
Cada nova apreensão amplia, aprofunda e esclarece o funcionamento daquele indivíduo específico (Silva,
1989).
O valor das técnicas projetivas está em sua abordagem molar à personalidade. Assim, uma fragmentação da
resposta priva os resultados dessas técnicas de boa parte de sua significância (Bellak & Abrams, 1997).
Compreender os relatos no contexto do protocolo total, apreendido pela leitura exaustiva das histórias.
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ANÁLISE DE CONTEÚDO
Maria Cecília Vilhena Silva (padronização brasileira), propõe um conjunto de nove dimensões identificadas
como aspectos do sujeito a respeito dos quais podem ser levantadas hipóteses, com base nos elementos
concretos da narrativa (o conteúdo manifesto).
Categorias conceituais: Tema Principal; Autoimagem; Relações objetais; Concepção do ambiente;
Necessidades e conflitos; Ansiedades; Mecanismos de defesa; Superego; Integração do ego
.
1. Tema Principal:
a) É uma visão geral da produção da criança que orienta a interpretação;
em si, não é uma característica de personalidade, e seu significado está
implícito nas várias categorias do esquema proposto.
b) A análise do tema principal tem por objetivo levar a uma proposição que
explicite o conteúdo latente e o modo como o examinando o elabora.
c) Por conteúdo latente, entende-se o conteúdo psicológico subjacente ao
conteúdo manifesto, ou seja, a narrativa em seu estado bruto.
d) Pode constituir o primeiro ou o último passo da análise da história
narrada a cada cartão. Recomenda-se que seja o último, na medida em
que se trata de uma síntese dos demais elementos identificados no
processo de análise (Silva, 1989).
e) Percepção e Omissão dos elementos: teste de realidade para verificar
quando o nível de ansiedade compromete a função egóica.
2. Autoimagem:
a) Baseia-se nas características do herói principal – a figura central do relato,
em torno da qual gira a trama.
b) O herói é considerado a figura de identificação, na qual o examinando “Era uma vez uma elefantinha
projeta suas características reais ou ideais (Silva, 1989). muito bonitinha e danadinha”.
c) As personagens menos parecidas com o narrador podem representar
aspectos menos conscientes e mais latentes de sua personalidade (Bellak
& Abrams, 1998).
4. Concepção do Ambiente:
a) Considera-se como ambiente todo o contexto que envolve o herói, “Um dia, eles foram passear na
incluindo as demais personagens mencionadas no relato. praia. A elefantinha não
b) Quanto mais coerente for a visão do ambiente mostrada nas histórias ao conhecia a praia e o papai e a
CAT-A, mais motivos existem para considerá-lo um elemento importante mamãe resolveram fazer uma
da personalidade do examinando e uma indicação útil de suas reações na surpresa pra ela”.
vida diária (Bellak e Abrams, 1998).
c) O ambiente pode ser provedor, hostil, ameaçador, indiferente etc.
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5. Necessidades e Conflitos:
a) Necessidades: verificada a partir dos comportamentos do herói ou de
afirmações explícitas do que ele procura, deseja ou quer. “Ela gosta de estudar, mas tem
b) Conflitos: se referem a desejos incompatíveis e concomitantes, revelados dificuldade com Matemática.
a partir das necessidades do herói, ou a impulsos que se opõem ao Um dia teve prova, e ela ficou
superego ou ao ambiente. com dor de barriga”.
c) A identificação dos conflitos expressos na narrativa constitui um passo
para a identificação das ansiedades subjacentes e das defesas mobilizadas
para enfrentá-la (Montagna, 1989; Silva, 1989).
6. Ansiedades:
a) As ansiedades referem-se ao que está por trás dos conflitos, àquilo que de
que realmente a criança se defende, o motivo fundamental da “Ela tem medo da mamãe
configuração dos conflitos. brigar porque ela sempre pede
b) Como destacam Bellak e Abrams (1998), as ansiedades mais importantes ajuda pro papai”.
são as relacionadas a danos físicos, abandono (solidão, falta de apoio),
castigos e medo de não ter ou de perder amor (desaprovação).
7. Superego:
a) Existe alguma punição pelos comportamentos inadequados do herói?
b) Em caso afirmativo, a punição é: “Quando a mamãe viu ela pedir
i. Proporcional à gravidade do deslize cometido: indica presença de ajuda de novo, ela ficou com
superego atuante); medo da mamãe bater nela e
ii. Exagerada em relação à gravidade da falha: indica interferência de deixar ela de castigo por um
superego rígido; ano!”
iii. Leve demais ou inexistente: indica superego frágil.
Obs: Nem todos os relatos permitem verificar diretamente o superego.
8. Integração do Ego:
a) Verificar se a criança deu conta da tarefa, o que indica o nível geral de
funcionamento. Considerar: “Mas a mamãe sabe que o
i. Desenlaces realistas e soluções adequadas X negativos, omitidos ou papai entende mais de
irrealistas (conciliação id-realidade-superego); Matemática do que ela, e não
ii. Controle da ansiedade, com adaptação à realidade e à imaginação e fala nada!”
criatividade (coerência da história e adequação ao estímulo X descrição
da prancha e relato impessoal).
b) Fraca integração do ego: comprometimento do desenrolar e coerência da ( “Aí ela saiu correndo e nunca mais
narrativa; a ineficiência das defesas dá lugar a um maior nível de estudou na vida; fugiu e foi morar
ansiedade, que compromete o uso adequado dos recursos egóicos. na Inglaterra, onde ninguém ia
achar ela” ).
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ELABORAÇÃO DA SÍNTESE
Apresentar uma compreensão global do funcionamento da criança, que articule as evidências dos recursos
de que ela dispõe e suas dificuldades, de modo a fundamentar o encaminhamento recomendado.
B. Autoimagem:
Abordar como a criança se percebe e o quanto confia em sua própria capacidade de resolver as
dificuldades que enfrenta (adequação e participação do herói nos desenlaces; tipo de desenlace).
F. Encaminhamento:
Considerar se existe necessidade de intervenções e possíveis alternativas que ajudem a criança no
enfrentamento de suas dificuldades, seja em relação à família ou ao ambiente em geral (orientação para
os pais, por exemplo), ou em relação à própria criança (psicoterapia, atividades em grupo ou outras).
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ANEXO
ANÁLISE DOS MECANISMOS DE DEFESA
Mecanismos de Defesa: verificar se são adaptativos, ou se são fóbicos, imaturos ou desorganizados.
1. Adaptativos:
a) Formação reativa: impulso indesejável mantido inconsciente pelo seu oposto (postura rígida que
impede expressão de impulsos contrários).
b) Anulação: ação que visa cancelamento ou negação do expresso antes.
c) Ambivalência: expressão de atitudes ou sentimentos contraditórios em relação a um objeto,
pessoa ou ato.
d) Isolamento: ruptura das conexões associativas para outros comportamentos ou pensamentos para
excluí-los do consciente e evitar o autoconhecimento (pausas, rituais para criar um hiato na
sucessão temporal dos pensamentos ou dos atos).
e) Repressão: visa desaparecer da consciência ou conteúdo indesejável (afeto, ideia ou outro).
f) Negação: utilizado quando os outros mecanismos não foram suficientes para barrar um desejo
reprimido. O sujeito admite intelectualmente o recalcado, mas defende-se negando que lhe
pertença. Menos radical que a repressão.
g) Falseamento: distorção da realidade por dificuldade em aceitá-la conforme se apresenta.
h) Simbolização: uso de símbolos que representam um grupo complexo de objetos e atos associados
a desejos reprimidos que podem envolver aspectos inaceitáveis para o sujeito.
i) Projeção: impulso inaceitável atribuído a outra pessoa, objeto ou evento externo. Expulsão de
qualidades, sentimentos, desejos ou objetos que não aceita em si mesmo e os localiza no outro.
j) Introjeção: visa resolver as dificuldades emocionais por meio da atribuição, a si, de determinadas
características e outras pessoas ou objetos.
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