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Infantil (CAT-A)
MANUELA RAMOS CALDAS LINS
TÉCNICAS DO EXAME PSICOLÓGICO II
Ficha Síntese
Objetivo/finalidade: Investigar a dinâmica da personalidade da criança em sua singularidade,
de modo a compreender o mundo vivencial da criança, sua estrutura afetiva, a dinâmica de suas
reações diante dos problemas e a maneira como os enfrenta.
Público-alvo: Crianças de ambos os sexos, na faixa de 5 a 10 anos.
Aplicação: Individual.
Tempo de aplicação: Livre (em média 45 minutos).
Histórico
Criado por Leopold Bellak e Sonia Bellak e publicado em 1949.
Tem por objetivo revelar a estrutura de personalidade da criança e sua maneira de lidar com as
questões do crescimento.
Os estímulos apresentam figuras de animais A identificação das crianças com animais é
muito mais imediata do que com pessoas.
Criação de 18 imagens com cenas próximas do universo infantil e distribuição para vários
psicólogos com experiência em aplicação no TAT (Murray). Com base nesses dados, os autores
eliminaram 8 figuras e mantiveram as 10 mais úteis.
O CAT-A compreende 10 gravuras, representando animais em várias situações, as quais
permitem investigar aspectos como o relacionamento da criança com figuras importantes, a
dinâmica das relações interpessoais, a natureza e a força dos impulsos, as defesas, etc.
Natureza e fundamentos teóricos
Técnica projetiva temática: considera os aspectos qualitativos da resposta investigação do
indivíduo em sua singularidade.
A técnica se fundamenta na “hipótese projetiva”: quando se apresenta uma situação com
certo grau de liberdade, a pessoa dá a informação destinada a satisfazer o que lhe é pedido.
Entretanto, ao fazê-lo oferece informações a partir das quais se pode fazer deduções relativas a
sua organização de personalidade.
Como outras técnicas projetivas procura favorecer ao máximo a manifestação do mundo
interno do examinando, usando material ambíguo, o qual dá margem para diferentes
interpretações.
Busca captar o mundo vivencial da criança a partir da interpretação das histórias narradas.
É uma técnica destinada ao uso no contexto clínico.
Descrição dos cartões
Cartão 1:
As respostas mais típicas envolvem referências a
figura materna (aquela que nutre e gratifica).
Temas referentes ao ato de comer, de ser ou não
ser alimentado e atitudes diante da alimentação
predominam nesse cartão.
Podem ser percebidas referências a rivalidade
fraterna.
O papel da comida como recompensa ou
punição e problemas gerais de oralidade podem
se revelar também nas narrativas.
Descrição dos cartões
Cartão 2:
É interessante observar com quem o ursinho
coopera (pai ou mãe).
Pode aparecer temas relacionados a
competitividade que podem revelar a segurança
ou insegurança da criança quanto a própria
capacidade.
A situação pode ainda ser vista como uma luta
acompanhada de medo, agressividade.
Ou ainda como uma brincadeira (cabo de
guerra).
A ruptura da corda pode revelar preocupação
com o castigo.
Descrição dos cartões
Cartão 3:
Costuma ser associado a figura paterna (cachimbo e
bengala).
A bengala pode ser percebida como instrumento de
agressividade ou para depreciação (velhice).
É importante observar se a figura é uma força benigna
ou ameaçadora.
O ratinho costuma ser visto como a figura de
identificação. Por isso é importante observar como se
efetiva a interação entre ele e o leão.
Descrição dos cartões
Cartão 4:
O estímulo evoca situações de lazer e relação
com a figura materna.
Questões de rivalidade fraterna ou preocupação
com a origem dos bebês podem surgir.
Podem ser identificados desejos de autonomia
ou de regressão.
Descrição dos cartões
Cartão 5:
São comuns temas referentes ao medo de
abandono, fuga da situação e necessidades orais.
Descrição dos cartões
Cartão 6:
O cartão 6 amplia o que ficou retido na resposta
do cartão 5.
São frequentes temas como ciúmes, castigos,
necessidades orais, ameaças, necessidade de
proteção e medo de perder a mãe.
Descrição dos cartões
Cartão 7:
As respostas mais típicas se referem a figura que
ataca, geralmente percebida como masculina,
hostil, persecutória e ameaçadora.
Favorece a expressão do medo, da agressividade
e de modos de lidar com esses.
Descrição dos cartões
Cartão 8:
Temas referentes a identificação com a figura
parental e sentimentos de proteção e aceitação
por parte dessa figura costumam aparecer.
O estímulo costuma revelar qual é o papel da
criança na constelação familiar, assim como
aspectos da dinâmica da família.
Descrição dos cartões
Cartão 9:
Os temas mais frequentes se referem a medo do escuro,
de ser deixado só ou de abandono pelos pais.
Temas relacionados a pesadelos, agressividade e castigo
também foram observados.
Desejo de independência e crescimento também podem
se revelar nas histórias.
Descrição dos cartões
Cartão 10:
Sugere narrativas que podem revelar as
concepções morais da criança.
Histórias sobre controle esfincteriano e controle
dos impulsos podem ser observadas.
Podem ser revelados também temas de carinho
e cuidado entre as personagens.
Administração
Estabelecimento do Rapport.
Falar para a criança que se trata de um jogo e não de um teste ou prova.
Altamente indicado explicar para a criança que não há histórias certas ou erradas e que o mais
importante é ela inventar uma história para cada figura.
Instruções: “Este é um jogo de histórias. São dez figuras ao todo. Eu vou mostrar uma figura
por vez e você deve tentar criar uma história de faz de conta para ela. Diga o que está
acontecendo na figura, o que vai acontecer depois e como termina a história. Ou você pode dizer
o que acha que aconteceu antes, em seguida o que está acontecendo e depois qual é o fim da
história. O que interessa é você inventar uma história com começo, meio e fim, da sua própria
imaginação. Muito bem, esta é a primeira figura”.
As instruções podem ser retomadas sempre que necessário.
Frequentemente é preciso encorajar as crianças a contarem as histórias, mas deve-se ter
cuidado para não induzir sua resposta.
Administração
Diante de uma criança com dificuldades, pode-se perguntar “o que aconteceu antes disso?” ou
“o que aconteceu depois disso?”
Os cartões devem ser apresentados um por vez, na sequência.
Todos os comportamentos e comentários observados durante a aplicação devem ser anotados
e usados como informação auxiliar.
Requisitos para aplicação
O uso adequado do CAT-A demanda raciocínio clínico apurado, domínio dos conceitos das
teorias da personalidade e conhecimento de psicologia do desenvolvimento.
Trata-se de uma tarefa complexa que exige a consideração de vários aspectos
simultaneamente busca pelo diagnóstico compreensivo e não apenas nosológico.
As instruções do manual não devem ser vistas como uma receita a ser usada de modo linear.
O domínio da interpretação é adquirido com a prática e os iniciantes devem buscar supervisão
com um psicólogo experiente.
Fundamentos para a interpretação
Não basta a análise das respostas individuais. É necessário a síntese que visa integrar as partes
em um todo que reflita a organização singular dos diferentes elementos apreendidos.
Uma fragmentação da resposta priva os resultados das técnicas projetivas de boa parte de sua
significância