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Cidade de Ur

Ensaio da cadeira de História da Antiguidade Pré-Clássica.


Docente: Maria de Fátima Castanheira da Silva Rosa.
Discente: Ana Margarida Custódio de Sequeiros (162563).

Ano Letivo 2022/2023

1 - História da Antiguidade Pré-Clássica.


Introdução
Este trabalho é realizado no âmbito da disciplina de História da Antiguidade
Pré-Clássica, lecionado pela docente Maria de Fátima Rosa (TP2). Para o desenvolvimento
do mesmo foi-nos sugerido escolher entre três cidades arqueológicas, Ur, Nimrud ou Amarna,
para a progressiva análise detalhada destes. A escolha pessoal foi Ur, cidade arqueológica que
localizava-se no sul da antiga Mesopotâmia.
Este trabalho irá dividir-se em 3 grandes seções: a introdução, onde passo a
desenvolver uma ideia inicial sobre a cidade e quando esta foi realmente encontrada, o
desenvolvimento, local onde passarei a explicar a fundo a cidade, como esta formou-se desde
o início e como chegou até nós, e a conclusão, que mostrará as conclusões a que cheguei com
este trabalho e a minha opinião sobre o mesmo.

A cidade de Ur iniciou-se em 4000 a.C mas apenas alcançou o estatuto de centro


urbano no milênio seguinte. A cidade localizava-se no litoral do rio Eufrates e é dito ter
surgido como centro urbano na Cultura Obeid. O primeiro arqueólogo a visitar este local foi
Pietro Della Valle em 1625, mas as escavações só aconteceram realmente em 1853/1854 com
John George Taylor e a primeira grande escavação em 1922, por Leonard Woolley.
A cidade de Ur é realmente conhecida devido à terceira dinastia de Ur, esta que foi a
primeira grande dinastia no local em questão do território em análise e por isto é também a
mais conhecida, e a que encontra-se mais abundantemente documentada. O rei que iniciou
esta dinastia foi Ur-Nammu, Rei de Summer e Akkad, que iniciou o seu poder em 2112 a.C e
sucedeu ao próximo rei em 2095 a.C.
Ur-Nammu criou o “Código de Ur-Nammu”, neste documento falava-se de antigos
costumes dos sumérios, das leis vindas destes costumes e das penas sucedidas a quem
desrespeitasse as mesmas. No entanto, este código foi apenas descoberto pela arqueologia em
1952, por um professor, e também homem de estudos da antiga Assíria, da Universidade da
Pensilvânia, Samuel Noah Kromer.
O rei que sucedeu esta dinastia foi depois Shulgi, reinado este que teve início a 2095
a.C e chegou à sua conclusão a 2049 a.C, mas que ao longo da sua duração implantou várias
reformas no reino, as quais falarei mais adiante neste trabalho. Mais tarde, quando o reino da
Alta Mesopotâmia vai ruir, com ele vai também a maior importância de Ur que por mais de
ser uma grande cidade e bastante importante, vai perder o seu valor populacional para muitos
outros como a Babilónia.

2 - História da Antiguidade Pré-Clássica.


Desenvolvimento
Ur nasce, como já dito, no 4000 a.C e dura até à sua queda, juntamente com a
Mesopotâmia no século 500 a.C. No entanto, é dito haverem governantes da cidade muito
antes desta altura considerada relativamente recente. A primeira dinastia de Ur aparece no
milénio XXV a.C inicia-se com Aindugude e termina no mesmo século com Balulu. A
segunda dinastia de Ur não se sabe muito certamente quando surge, acredita-se que tenha tido
início no milénio XXIII a.C. Era uma dinastia somente suméria pois nesta altura ainda não
havia a diversidade na Mesopotâmia que vai surgir depois com a terceira dinastia. A terceira
dinastia surge mais tarde por volta de 2112 a.C com Ur-Nammu que cria este reino sumério.
Por mais que o local fosse sumério, existiam bastantes outros povos no local. Povos como
amoritas e semitas também andavam pelo local, sem falar dos conflitos externos que
envolviam o poderoso reino do Elam que ao longo da sua história estava constantemente no
centro de conflitos travados pelo território da Mesopotâmia.
Esta terceira dinastia de Ur é poderosa pela quantidade de informação que chegou até
nós nos dias de hoje. Pela quantidade de informação que temos é possível entender este
reinado de grande poder. Documentação administrativa, judicial, social, econômica mas
também, peças arquitetônicas como o Zigurate, ou arte e escrita das antigas populações. O
Zigurate era um templo dedicado ao deus lunar, Nana/Sim, e o mais famoso Zigurate
conhecido é o da Babilônia, mesmo existindo em redor de todo o mundo antigo. O Zigurate
de Ur é uma construção neo-suméria e é uma estrutura da Idade do Bronze (XXI a.C). Foi
escavado por Leonard Woolley por volta de 1920-1930, e como veremos mais para a frente
deste trabalho, Woolley foi um homem muito importante, e dos primeiros, nas grandes
descobertas arqueológicas da Mesopotâmia.
A descoberta de artefatos foi só feita em 1922, com uma aliança entre o Museu
Britânico e a Universidade da Pensilvânia para explorarem o local. Acabaram por encontrar
35 000 artefactos que indicavam que os sumérios viviam em vidas de luxo para os seus dias.
Mas, como já explicado, o primeiro importante viajante ao local foi Pietro Della Valle em
1625, no entanto, não se encontra documentado o mesmo ter encontrado algo de grande valor
devido também às condições científicas da sua época. E foi neste século de Valle, no século
XVII, que a população de todo o mundo começou-se a encontrar cada vez mais fascinada
com a Mesopotâmia. Depois foi John George Taylor, que na segunda metade do século XIX
foi um dos primeiros a escavar os túmulos existentes na localidade de Golfo Pérsico. Ele
recuperou a Estela de Ashurnasirpal II, inicialmente descoberta por Austen Henry Layard em
maio de 1850. Esta estela apresenta o rei com uma coroa cuneiforme, representando

3 - História da Antiguidade Pré-Clássica.


autoridade para o povo, e aparece com a mão esticada representando a indicação de
admiração a cinco deuses. O deus Ashur, quem a seu nome representa e era também o deus
nacional da Antiga Assíria, Shamash, o deus do sol, Sin, o deus da lua, Adad, o deus da
tempestade e Ishtar, deusa da guerra e do amor.
Mas as escavações em Ur, e por todo o mundo antigo nunca foram bem
desenvolvidas, até os anos do Primeiro Pós-Guerra, quando o Museu Britânico e o Museu de
Arqueologia e Antropologia da Pensilvânia (Museu Penn) juntaram-se para a escavação
especial de Ur, tendo no comando desta equipa, Charles Leonard Woolley, um arqueólogo
britânico especialmente conhecido pelas suas descobertas na Mesopotâmia. As descobertas
de Woolley em Ur foram centenas, seja artefactos, escritas, fotografias ou documentos que
hoje em dia encontram-se em três museus diferentes: O Museu Britânico, O Museu da
Pensilvânia e O Museu Nacional do Iraque. Infelizmente, alguns dos artefactos foram
roubados em 2003 com um assalto ao Museu Nacional do Iraque e até hoje os outros dois
museus garantem em extrema segurança os artefactos restantes.
Esta equipa de Woolley podia, a certo ponto, chegar até 240 arqueólogos, fotógrafos e
historiadores. A equipa localizou cerca de 1800 túmulos datados de 3000 a.C e deste número,
16 são ditos serem túmulos reais, bem como foi transportado para Inglaterra a “The Standard
of Ur” mais aprofundado adiante. As descobertas destes túmulos foi muito necessária para
sabermos cada vez mais sobre a sociedade e a cultura mesopotâmica pois dentro destes
encontram-se restos mortais, minerais preciosos como ouro e prata e materiais militares e de
servas que prometeram ao indivíduo em questão no túmulo que lhe iriam proteger para todo o
sempre, os seus materiais indicavam exatamente isso.
O Museu Britânico fez várias expedições ao local, tal como o Louvre. Estes dois
pareciam encontrar-se numa espécie de corrida para ver qual seria o museu a ter mais
artefactos desta altura. O museu britânico criou uma sala com a especificidade para este local
do Médio Oriente antigo. A peça em meu ver mais importante para o conhecimento da
história de Ur no Museu Britânico é mesmo o “The standard of Ur”. Esta relíquia é de 3000
a.C, encontra-se na sala 56 do Museu Britânico e é associada ao rei Ur-Pabilsag pois foi
encontrada no cemitério real. É construído de concha, lápiz-azul, calcário, betume e tinha
uma construção em madeira há volta que foi a especial e única razão pela qual chegou inteira
e conservada até nós.
O contexto ou significado deste artefacto é desconhecido mas existem algumas
teorias. Existe a teoria que pode ser uma peça de duas caras, uma parte representaria a guerra
e outra a paz, mas outros pesquisadores dizem que pode ser uma guerra seguido de uma

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vitória ou até mesmo a representação de detenções. A verdade é que não sabemos o seu
significado e isto mostra a quantidade de possibilidades que certos artefactos poderiam ter.
No entanto, o primeiro museu a criar uma sala com o tema específico deste local foi o
Museu do Louvre que criou a sala dedicada à antiga Assíria, nela incluía alguns importantes
elementos da Mesopotâmia, como as peças e decoração do antigo Palácio de Sargão de
Akkad, descobertas em 1843 por Paul Émile Botta. Os palácios não eram só residências para
os reis ou as cortes, mas eram sim, complicadas construções arquitetônicas que serviam de
um conjunto de templos secundários, silos e oficinas de artesanato.
Estas escavações surgem no contexto, não só da fundação do Museu Britânico em
1753, e do Louvre em 1793 mas também no facto que depois das expedições de Napoleão
pela a Europa e Norte de África e de Carsten Niebuhr pela Mesopotâmia no século XVIII traz
um novo fascínio por este local e todos aqueles de civilizações antigas perto da Europa.
Mas Ur não acaba depois da terceira dinastia, apenas torna-se parte de algo muito
maior que seria o Império Paleo-Babilônio, governado pelo imponente Hammu-rabi.

Imagem 1: Representação do que seria a antiga cidade de Ur.

Imagem 2: Representação de um Zigurate.

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Conclusão
Neste trabalho foi possível aprofundar assuntos importantes que não teríamos tantas
oportunidades de discutir em aula, como a importância das escavações feitas por Woolley, as
relíquias e peças que este encontrou. No caso de Woolley, a importância dos túmulos reais,
sendo uns dos túmulos reais mais conservados até hoje em dia, estes possibilitaram que
arqueólogos, pesquisadores e historiadores destes temas tivessem mais acesso a informações
sociais, culturais e religiosas de Ur que nunca teriam acesso sem o apoio enorme da
arqueologia. Também a grande importância de Taylor na reconstrução da majestosa Estela de
Ashurnapsipal II, importante documento que ajuda-nos a compreender melhor o valor dos
costumes na Mesopotâmia e como estas tornaram-se leis com as estelas ao longo da história.
A importância da arqueologia para o conhecimento do mundo antigo, seja da
Mesopotâmia, Egipto, ou outros povos, é imensa. Mas é também importante ressaltar o
grande valor do Museu Britânico, o Museu Penn e o Museu do Louvre que até hoje em dia
mantém em segurança os artefactos de Ur e ajudaram nestas expedições, as financiando de
maneira a que as escavações pudessem de todo acontecer.
Achei este trabalho bastante interessante de desenvolver devido ao tema em si
escolhido pela professora. É importante sabermos de onde vem a nossa espécie, onde tudo
começou realmente, as suas culturas, costumes, hábitos, deuses, etc e por isso considero a
arqueologia um trabalho tão importante. Aprendi muito sobre as escavações de Ur e a sua
importância na história, como, por exemplo, a grande cidade de Ur , que com o decorrer da
história virá a tornar-se uma cidade média devido à Babilônia se tornar uma imensa cidade,
ou o facto do culto a deuses e a dedicação dos seus templos, como o Zigurate encontrado por
Woolley.

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Bibliografia:
● Craig Barker, 2010, “Sir Leonard Woolley and the royal graves of Ur”, Sydney
University Museums.
● Katia Maria Paim Pozzer, 2003, “Cidades Mesopotâmicas: História e
Representações”, Universidade Luterana do Brasil.
● Francisco Arez Colaço, “Importância da escavação de Ur”, Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
● https://heinonline.org/HOL/LandingPage?handle=hein.journals/chknt71&div=10&id=
&page=
● https://www.louvre.fr/en/explore/the-palace/the-palace-of-sargon-ii
● https://www.jstor.org/stable/24968577#metadata_info_tab_contents
● https://www.cambridge.org/core/journals/antiquaries-journal/article/abs/excavations-a
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● https://www.britishmuseum.org/collection/term/BIOG63058
● https://www.britishmuseum.org/collection/object/W_1851-0902-32
● https://www.britishmuseum.org/collection/galleries/mesopotamia
● http://www.ur-online.org/about/ur-online-project
● https://www.cambridge.org/core/journals/cambridge-archaeological-journal/article/ab
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F6AD4DFC93FE53B9E3F
● https://revistapesquisa.fapesp.br/as-novas-dimensoes-de-ur/
● https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/mesopotamia---religiao-o-politeismo-
e-o-mito-do-diluvio.htm

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