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Terapia em praça publica

Psicanalistas estão atendendo de graça pessoas que precisam de ajuda, ou de


uma conversa, em São Paulo.
É uma terapia em área aberta, ocupando o espaço público. Eles se reúnem aos
sábados para fazer o trabalho terapêutico na Praça Roosevelt, na região
central.
“O Brasil sofreu vários golpes, com cerceamento dos espaços públicos. Parece
que estamos numa distopia”, disse Augusto Coaracy.
Nos dias das sessões, na hora do almoço, é possível ver várias duplas perto do
jardim, sentadas em cadeiras de praia, sob a sombra das árvores,
conversando. Nem parece que lá acontecem as terapias.
Segundo eles, o que leva os psicanalistas da Clínica Aberta à praça é
fundamentalmente o desejo e o entusiasmo de atender segundo certo
compromisso político.
Os psicanalistas também acreditam que a sessão num espaço público, fora do
ambiente tradicional dos consultórios, também pode influenciar a maneira de
ouvir os pacientes.
Para atender gratuitamente, os psicanalistas também tiveram que ultrapassar
barreiras corporativistas, já que alguns colegas consideram que o atendimento
voluntário, gratuito, desvaloriza o trabalho profissional.
Isso não muda, no entanto, a disposição dos voluntários, já que o grupo, que
começou a atuar em abril, vem ganhando novos adeptos e já conta com 19
integrantes.
O atendimento gratuito coloca a psicanálise ao alcance mesmo de quem não
pode pagar por ela nos consultórios particulares, ou não teria acesso nos
poucos serviços públicos disponíveis.
Em tempos de crise tanto econômica quanto de liberdade de expressão,
quando muitos se sentem constrangidos para expressar suas opiniões numa
sociedade tão polarizada, os organizadores consideram a iniciativa também um
exercício político, de resistência.

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