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Campo magnético de uma espira circular

Linhas de indução magnética


Quando um fio retilíneo é encurvado em forma de circunferência, obtém- conceito em questão
-se uma espira circular. Ao fazer passar uma corrente elétrica pela espira,
tem-se um campo magnético cujo sentido das linhas de indução é obtido pe- Polos norte e sul de
la regra da mão direita. A simetria dessas linhas é diferente da situa­ção do fio uma espira
retilíneo. Podemos visualizá-la por meio de um experimento simples: colo- Os polos norte e sul repre-
cam-se limalhas de ferro ao redor de várias espiras enroladas, as quais trans- sentados na figura 2, ao lado,
portam corrente elétrica. A configuração das limalhas é apresentada na são definidos por meio da se-
figura 1 que mostra como são as linhas de indução magnética de um conjun- guinte convenção: olhando-se
to de espiras circulares. O esquema da figura 2, por sua vez, mostra como são de frente para a espiral, quando
as linhas de campo de uma única espira circular. a corrente elétrica de uma espi-
ra circula no sentido horário,
diz-se que sua face é o polo sul;
quando a corrente circula no
sentido anti-horário, diz-se que
sua face é o polo norte, de tal
maneira que, a exemplo do que

Setup Bureau/ID/BR
polo norte
ocorre com um ímã, as linhas de
campo “saiam” do polo norte e
“entrem” no polo sul. As figuras
i polo sul
3 e 4 auxiliam na compreensão
Fotografias: Sérgio Dotta Jr./ID/BR

dessa convenção.

Ilustrações: Setup Bureau/ID/BR


i

Figura 2. Esquema que


representa as linhas de indução
magnética de uma espira circular
na qual circula uma corrente i. N
Figura 1. A configuração das limalhas de ferro em Nota-se uma linha de campo
torno de um conjunto de espiras circulares com passando pelo centro da espira
corrente elétrica permite a visualização das linhas que é uma reta perpendicular ao
de indução magnética desse conjunto. plano do conjunto de espiras.

Intensidade do campo magnético no centro de uma


Figura 3. Polo norte. Corrente no
espira circular sentido anti-horário, linhas de
As expressões para calcular a intensidade do vetor indução magnética de indução magnética saindo através
da espira em direção ao observador.
uma espira circular em um ponto qualquer são obtidas por meio de cálculos
não estudados neste livro. Contudo, em muitas situações é importante calcular i
essa intensidade pelo menos no centro da espira. Para tanto, usamos:

m ?i
B 5 _____
​  0    

2R S
em que:
••B representa a intensidade do vetor indução magnética, medida em tesla (T)
••i é a intensidade da corrente elétrica, medida em ampere (A)
m ​ 
••m0 é a permeabilidade magnética do meio, medida em T ? ​ __
A
Figura 4. Polo sul. Corrente no
sentido horário e linhas de indução
••R é o raio da espira, medido em metro (m) magnética entrando através da
espira, em direção oposta à do
conceito em questão observador.

A unidade gauss (G)


Outra unidade utilizada para medir a intensidade do campo magnético é
o gauss, e 1 T equivale a 10 mil gauss. A intensidade do campo magnético da
Terra é de aproximadamente 0,5 gauss.

Não escreva no livro. 117

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Campo magnético em um solenoide
Quando um fio é enrolado de maneira uniforme em várias espiras circula-
res, obtém-se um solenoide.

Ilustrações: Setup Bureau/ID/BR


O campo magnético gerado por um solenoide é o resultado da sobreposi-
ção dos campos das várias espiras que o constituem.
Se as espiras estiverem próximas, as linhas de campo de um solenoide fi-
cam mais próximas entre si e o campo gerado fica com o formato mostrado
na figura 1, ao lado.
À medida que se aumenta a quantidade de espiras e o comprimento do so-
lenoide, suas linhas de campo tornam-se equivalentes às de um ímã em for- º
mato de barra. Figura 1. Esquema ampliado das linhas
de campo de um solenoide.
Solenoide Ímã em forma de barra A superposição dos campos magnéticos
de cada espira resulta em um campo
magnético de grande intensidade e
aproximadamente uniforme em seu
interior; continua havendo campos em
outras regiões.

solenoide ímã
Figura 2. Linhas de campo magnético de um Figura 3. Linhas de campo magnético de um
solenoide longo ficam parecidas com as de ímã em forma de barra.
um ímã em forma de barra.

Outra consequência decorrente de o solenoide ser muito comprido é o fato


de o campo em seu interior ser tão intenso em relação ao campo em seu exte-
rior que, muitas vezes, pode-se considerar nula a intensidade do campo mag-
nético na região externa. Além disso, podemos considerar que o campo magné-
tico em seu interior é uniforme.

Cálculo da intensidade do campo magnético no


centro do solenoide
É razoável supor que a intensidade do campo magnético dependa dos
seguintes fatores:
••Número de espiras (N): quanto maior a quantidade de espiras, mais
intenso é o campo. O contrário também é verdadeiro: quanto menor
for a quantidade de espiras do solenoide, menor será a intensidade do cam-
Capítulo 5 – Campo magnético e força magnética

po magnético.
••Comprimento (L): quando os solenoides são muito longos e com poucas
espiras (as distâncias entre elas são consideráveis), a intensidade do campo
magnético diminui. Por outro lado, quanto mais juntas as espiras estiverem
ao longo do solenoide, maior será a intensidade do campo magnético.
••Corrente elétrica (i): quanto maior a intensidade da corrente elétrica que cir-
cula em cada espira, maior será a intensidade do campo. O contrário também
é verdadeiro: quanto menor a intensidade da corrente, menor será o campo.
As variáveis descritas relacionam-se por meio da seguinte equação:

​  N ​ 
B 5 m0 ? i ? __
L

​  N ​  é o
A equação acima às vezes aparece como B 5 m0 ? n ? i, em que n 5 __
L
número de espiras por unidade de comprimento.

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Eletroímã para refletir
A experiência de Oersted, que juntou a eletricidade e o magnetismo,
Campainhas
impulsionou diversas outras descobertas, entre elas a efetivada pelo físico
Uma campainha transforma
francês Dominique-François-Jean-Arago (1786-1853). Ele demonstrou que
energia elétrica em energia
um fio enrolado em um pedaço de ferro se torna um ímã quando percorrido sonora. Ela é composta de um
por uma corrente elétrica. Inventou-se, então, o eletroímã – ímãs temporá- eletroímã perto de um peque-
rios produzidos por corrente elétrica (esquema abaixo). no martelo, fixado por meio de
Os eletroímãs apresentam uma mola, próximo a uma es-
duas vantagens em relação aos i
pécie de gongo de metal.
i
ímãs naturais: a primeira é a Ao fechar o circuito elétrico
S N
possibilidade de poderem ser com um interruptor, surge uma
fabricados, ou seja, não seria corrente elétrica no eletroímã.
necessário procurar ímãs na Esquema de um eletroímã. O núcleo de ferro Em consequência disso, ocorre
intensifica o campo produzido pelo solenoide, que
natureza; a segunda é que, ao pode ser controlado variando-se a corrente elétrica. uma força magnética que atrai
o martelo.
contrário do ímã natural, ele
martelo
pode ser ligado ou desligado, porque o efeito magnético do eletroímã dura so-
mente enquanto houver corrente elétrica percorrendo o fio, tornando o ele- gongo
troímã bastante versátil.
Há diversas aplicações tecnológicas para o eletroímã. Veja algumas delas.

eletroímã contato
Alto-falante cone
bobina móvel C
Um alto-falante é constituído, ba- placa
de metal
sicamente, por um ímã fixo ou ele- chassis

Ilustrações: Setup Bureau/ID/BR


troímã e uma bobina atrelada a um
cone de papelão chamado de dia- Após ser atraído, o martelo
fragma. Em volta da bobina, há um deixa sua posição de equilíbrio,
ímã (esquema ao lado). Ele converte abre o circuito elétrico e, por
a energia elétrica em energia sonora. inércia, continua seu movimento
ímã
Quando a corrente elétrica que até colidir com o gongo, gerando
carrega as informações das ondas so-
anel de o som da campainha. Por fim, o
suspensão flexível martelo retorna a sua posição.
noras transformadas em sinais elétri- Partes de um alto-falante. Enquanto o interruptor estiver
cos é estabelecida na bobina, esta fi- acionado, haverá movimento in-
ca sujeita à ação de forças magnéticas de atração ou repulsão e, por isso, entra termitente, que provoca o som
em movimento. As forças aparecem porque a bobina está submetida à ação de característico da campainha.
um campo magnético criado pelo ímã fixo ou pelo eletroímã.
O fato de estar ligado à bobina faz com que o diafragma também se movi-
mente. Com isso, as vibrações mecânicas são transferidas para o ar e atingem
ages

nossas orelhas, onde são transformadas novamente em correntes elétricas e


tty Im

enviadas ao cérebro.
k/Ge
Stoc
tos/i

Transporte de sucata e separadores de metais


Pho
ks
Ban

Em razão de sua capacidade de gerar campos magnéticos de grande in-


tensidade, os eletroímãs podem ser destinados ao transporte de sucata, uti-
lizados em depósitos, ou na indústria do aço como separadores de objetos,
removendo o ferro do restante do minério que não contém esse elemento.
Essa aplicação somente é possível porque o eletroímã pode ser ligado e des-
ligado. Para soltar o material capturado pelo dispositivo, desliga-se a cor-
rente elétrica.

Eletroímã utilizado para


transporte de sucata.

Não escreva
escreva no
nolivro.
livro. 119

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EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

12. Uma espira circular de raio 2 cm é percorrida por corrente pelo solenoide, é gerado em seu interior
uma corrente elétrica constante de intensidade um campo magnético de intensidade 2p ? 1024 T.
2 A. Calcule a intensidade do vetor indução magné- Determine a intensidade da corrente que percorre o
tica no centro dessa espira. Considere a permeabi- solenoide.
​  m ​  e
lidade magnética do meio igual a 4p ? 1027 T ? ___
A Resolução
p ù 3,1.
Temos: L 5 50 cm 5 0,5 m.
Resolução
Substituindo os valores na expressão para a inten-
O raio da espira é: R 5 2 cm 5 2 ? 1022 m. sidade do campo no solenoide, temos:
Substituindo os valores na expressão para a inten- m ?i?N 4p ? 1027 ? i ? 50
sidade do vetor indução magnética no centro da B 5 ____________
​  0  ​  Æ 2p ? 1024 5 ​  _______________________
      ​ 
L 0,5
espira, temos:
2p ? 1024 ? 0,5 1 ? 1024  
m ? i 4p ? 1027 ? 2 i 5 ​  ____________________
  
    ​ Æ i 5 ​  _______________  ​
B 5 ________
​  0  ​  5 ​  __________________ Æ B > 6,3 ? 1025 T
 ​  4p ? 10 ? 50
27
200 ? 1027
2?R 2 ? 2 ? 1022
7
i 5 ​  1__________________
? 10 ? 10
24
Portanto, a intensidade do campo no centro da es-  ​   Æ i 5 0,5 ? 1024 ? 107 ? 1022
pira é aproximadamente 6,3 ? 1025 T. 2 ? 102

13. Um solenoide de 50 cm de comprimento foi construí­ i55


do enrolando-se 50 espiras. Quando se faz passar O solenoide é percorrido por uma corrente de 5 A.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

14. Na figura, o fio é percorrido por uma corrente elétri- 16. Usando um fio de cobre encapado, deseja-se
ca de intensidade i1 = 6 A e a espira, de raio 0,2 m, construir um solenoide de 100 espiras, para
transporta uma corrente de intensidade i2 5 5 A. produzir em seu interior um campo magnético
de intensidade 2 ? 1023 T. Supondo que não haja
espaçamento entre as espiras enroladas, e sa-
bendo que o solenoide será percorrido por uma
i2 corrente de 2 A, calcule o comprimento aproxi-
i1
mado do solenoide.
Setup Bureau/ID/BR

C 17. Descreva o que ocorre quando se coloca um


0,1 m núcleo de ferro no interior de um solenoide
cujas espiras são atravessadas por uma corrente
elétrica.

18. Escreva em seu caderno se cada uma das afirma-


Capítulo 5 – Campo magnético e força magnética

ções a seguir é falsa ou verdadeira. No caso de ser


Calcule a intensidade e o sentido do vetor indu- falsa, corrija-a.
ção magnética no centro da espira. Considere: a) Em solenoides muito compridos e com gran-
de número de espiras, a intensidade do cam-
​ m ​ 
m 0 5 4p ? 1027 T · ___
A po magnético em sua parte externa pode ser
desprezada.
15. Um solenoide de comprimento L possui N espiras
circulares, que são percorridas por uma corrente b) Em um determinado meio, mantidos constantes
elétrica de intensidade i. Verifique o que acontece o comprimento de um solenoide e a corrente elé-
com o campo magnético produzido em seu inte- trica que circula por ele, caso aumente o número
rior nos casos a seguir: de espiras que o compõem, menor será a inten-
sidade do campo magnético em seu interior.
a) o número de espiras do solenoide é dobrado,
sem aumentar seu comprimento; c) Mantidas as intensidades da corrente em um
solenoide e o número de espiras, caso se au-
b) o comprimento do solenoide é dobrado, man- mente o comprimento do solenoide, haverá
tendo o mesmo número de espiras; diminuição da intensidade do campo magnéti-
c) dobra-se o comprimento e o número de espiras. co em seu interior.

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