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Faculdade Jesuísta- Departamento de Filosofia

Disciplina: introdução à Filosofia-2023-1 semestre


Professor: Marco Helleno
Aluno: David Mwanza
Data: 30/03/2023
Titulo: A época Acaica
Autor: Michel Austin e Pierre Vidal-Naquet

AUSTIN, M.M.; VIDAL-NAQUET, P. Economia e Sociedade na Grécia Antiga. Trad. de


Antônio Gonçalves. Lisboa, Edições 70, 1986

O DESENVOLVIMENTO DA “POLIS”
“O nascimento da Polis é obscuro. É difícil, na verdade, marcar um início absoluto: a polis
representa um ideal, e tudo depende do critério adoptado.” (P. 59)
‘’A prova mais segura dos começos da polis é fornecida pela colonização.” (P.60)
“As colónias implantadas na sicilia, na Itália do sul e alhures, com excepção de certos
emporìa, são todas, desde o princípio, polis, que imitam as instruções das suas metrópoles,
prova evidente da existência da polis desde os começos da colonização” (P. 60)
A fragmentação física da Grécia teria tido por resultado a sua fragmentação política.” (P.60)
“o estabelecimento urbano instala-se na base de uma acrópole, que serve do refúgio aos
habitantes” (P.60)
“A polis constituiu-se primeiramente na Asia Meno, Grécia da costa leste e na Grécia central,
nas ilhas do Egeu em Creta. Chamou-se a atenção, a Justo título, para a relação entre o mapa
dos principais lugares micénicos conhecidos e a repartição desses poleis.” (P.61)
“Agumas das primeiras cidades ter-se-iam constituído em torno de antigas cidadelas
micénicas que lhes serviam de refúgio” (P.61)
“As duas cidades, a guerreira e a pacifica descritas por Homero no canto XIII da Ilíada seus
guerreiros por um lado, os seus Juizes por outra, serão poleis?” (P. 61)
“o mais antigo documento referente a existência de fórmulas de decisão coletiva-assim
decidiu a polis- e de uma instituição tão tipicamente- se cívica como a interdição da iteração
cretense da dreros” (P.60)
“em primeiro lugar, a partir do século VII, a codificação das leis muitas vezes pela acção de
um legislador, personagem de função profana e pública ao mesmo tempo: as normas que
regem a sociedade são definidas e subtraídas ao arbitrário do estádio do pré- direito ao do
direito” (P.61)
“uma característica essencial do desenvolvimento do sentimento comunitário, menos causa
do que sinal dessa evolução, é a reforma hoplítica que ocorre no discurso do século VII: O
soldado-cidadão combatendo em grupo torna-se o reflexo militar da cidade” (P.62) (10)
“Paralelamente à noção de cidadão, desenvolvem-se as noções antitéticas, as do não cidadão,
estranho à comunidade política, e, sobretudo, a do escravo, estranho total, privado de
liberdade e que, em teoria não possui qualquer direito: a noção de cidadão é simultaneamente
inclusiva e exclusiva.” (P.62)
“A época arcaica assistiu ao mesmo tempo ao desenvolvimento da noção comunitária, à
subida dos no interior da cidade e ao desenvolvimento da escravatura-mercadoria numa
apreciável.” (P. 62)
“Mas a instituição da escravatura-mercadoria, e a extensão que tomou, é uma novidade da
época arcaica, novidade inseparável do desenvolvimento da cidade” (P.63).

Os Tumultos da época arcaica


“a época arcaica está recheada de crises, cujas causes se trata de elucidar, e de ver as soluções
que puderam ter sido dadas.” (P.63).
“Uma teoria que remonta ao século passado e que se deve aos historiadores alemães (ed.
Meyer e Outros) Faria depender muitas das tensões do período arcaica do seu
desenvolvimento económico e social” (P.63)
Segunda está teoria, teria havido uma revolução econômica a partir do século VIII, com
expansão da produção artesanal, da manufactura e do comércio.” (P.63)
“A consequência social revolução da revolução econômica seria a formação de uma nova
classe em industriais e de comerciantes enriquecidos, que reclamaram em segunda a
igualdade de direitos políticos com a velha aristocracia fundiária.” (P.63)
“não constitui dúvida que a época arcaica viu um desenvolvimento apreciável do artesanato e
do comércio, nem que a colonização tenha podido favorecer o processo.”
“quanto ao desenvolvimento do artesanato, temos solidas provas arqueológicas do
florescimento das oficinas de cerâmica nos séculos VII e Vi, nomeadamente em corinto, em
Atenas na Asia Menor, etc.” (P.64)
“E todavia, certo que, na época arcaica, nasce um demos urbano, baseado na actividade
artesanal.” (P.64)
“A arquitetura desenvolve-se (momentos cívicos, templos, etc.), as oferendas nos santuários
testemunham um nova prosperidade e trocas com o estrangeiro, o gosto do luxo difunde-se
entre as classes abastadas.” (P.64)

AS ORIGENS DA MOEDA
“A invenção da moeda deveria ressituar-se no quadro do desenvolvimento das relações
sociais e da definição dos valores, tendência fundamental da época arcaica.” (P.66)
“A vida da comunidade cívica não se concebe sem a existência e a aplicação de normas
conhecidas de todas: a invenção da moeda deveria classificar-se sob este aspecto.” (P.66)
“A circulação dos bens e a das moedas não são coincidentes, e o comércio a longa distância
não deve ter sido um dos factores da criação da moeda.” (P.67)
“É preciso fazer intervir sobretudo o desenvolvimento da consciência cívica: na história das
cidades gregas, a moeda será sempre antes do mais um emblema cívico.” (P.67)

ASPECTOS AGRÁRIOS CRISE


“Numerosas regiões do mundo grego parecem ter sofrido, a certamente do século VII, de um
sobrepovoamento, sobrepovoamento certamente mais relativo do que absoluto; e que é que
em si próprio testemunha de uma diminuição da taxa de mortalidade.” (P.68)
“Os seus inconvenientes foram agravados por uma exploração insuficiente do solo, uma
repartição desigual das terras” (P.68)
“Hesíodo queixa-se da rapacidade dos ‘reis’ (isto é, da aristocracia) de Téspias, reis
comedores de presentes que dão sentenças torsas e violam a justiça pelo engodo do ganho”
(P.68)
As diferentes soluções para crise a colonização
“Tem-se discutido frequentemente a colonização segunda a alternativa: tratava-se da procura
de novas terras ou de comercio? A questão está mal posta” (P.71)
“os relatos de fundação das diversas colónias são, é certo, geralmente pouco reveladores, mas
acontece deixarem entrever que a procura de novas terras era o fim essencial da empresa”
(P.72)
“A procura de terras novas foi, pois, a causa maior da colonização arcaica.” (P.73)
“uma fonte de tensão podia nascer da desigualdade entre os primeiros colonos ou os seus
descendentes e os colonos chegados mais tarde (por exemplo, Cirene).” (P.73)
“as colónias agrárias controlavam um território muito mais importante do que os
estabelecimentos comercias” (P.73)
São estas as colónias típicas, comunidades agrárias autónomas, fundadas sob a égide de uma
metrópole que fornecia o oikisíes (o fundador) e devia provavelmente fornecer também
navios, técnicos... para fundar a nova colónia” (P.73)
“tem-se suposto que, em algumas cidades, os gregos reduziram os indígenas à condição de
dependentes (por exemplo em Mileto, onde os Gergitas poderiam constituir um group destes”
(P.74)
“Estamos mal informados sobre a extensão e o número das colónias que utilizavam o trabalho
de indígenas reduzidos à condição de dependentes.” (P.74)
(Está fora de dúvida que a procura de certas matérias indispensáveis (os metais, para
começar) levou os gregos a irem estabelecer-se no estrangeiro para comerciar com
populações bárbaras” (P.76)
“o estabelecimento comercial mais bem conhecido para esta época é o de Naucratis, no delta
do Egipto. O estabelecimento não tem nada de uma colónia tipo.” (P.76)
“o que importa é que, mesmo que houvesse em Naucratis uma Polis grega desde a época
arcaica, por um lado, ele não se constituiu senão após a chagada dos comerciantes, causa
primeira do desenvolvimento de Nauoratis, por outra lado, os comerciantes não faziam parte
dele” (P.77)
“Naucrati é o caso mais bem conhecido para esta época daquilo que Karl Polanyi Chamou
‘port of trade’ (porte de comércio), estabelecimento puramente económico por onde se
organizam e se controlam as trocas entre económico por onde se organizam diferente” (P.77)
“Todo o comércio entre o Egipto e o mundo grego era canalizado e, portanto, controlado, por
intermédio deste porto” ((P.77)
“Uma novidade econômica importante da época arcaica foi o desenvolvimento de um
comércio de importação de trigo para o mundo grego” (P.79)
“As importações de trigo teriam sido o princípio um meio para fazer face a essas pressões e
libertarem-se da dependência total em relação ao seu próprio território.” (P.79)

PARTILHAR DAS TERRAS E MELHORIA DO ESTATUTO DOS


CAMPONESES
“A emigração colonial foi uma das soluções que se ofereciam para resolver o problema do
sobrepovomento relativo da Grécia” (P.79)
“As causas da tirania variam de local para local; mas quase sempre a tirania tem um carácter
antiaristocrático: trata-se de eliminar as querelas das facções aristocráticas, de reprimir
rapacidade e a ostentação da aristocracia, de favorecer a ascensão na polis das classes
inferiores sobre as quais se apoia o tirano” (P.80)
“alguns tiranos devem ter procedido à partilha das terras (foi o caso dos Cipsélidas, em
Corinto)” (P.80)

“por outra lado, os tiranos contribuem para desenvolver o sentimento cívico (construção de
templos, de edifícios cívicos, promoção de falsas religiosas nacionais de cultos populares-
Dioniso- criação de uma moeda), facto tanto mais notável quanto os tiranos se situam sempre
mais ou menos à margem da cidade” (P. 80)

“Existência de uma classe de Hectémoros que podiam ser vendidos como escravos,
numerosos atenienses vitimas de escravatura por dívidas, abusos da aristocracia. A solução de
Sólon reflete o progresso da ideia comunitária: a existência dos Hectémores e a servidão por
dividas haviam parecido aceitáveis durante muito tempo” (P.80)
“A solução de Sólon foi radical: suprimiu de uma vez por todas o estatuto de hectémoro, fez
regressar (na medida do possível) os atenienses que haviam sido vendidos como escravos no
estrangeiro, suprimiu as dividas existentes e proibiu de futuro a obrigação por corpo.” (P.81)
“o que pode ter acontecido é que a libertação por Sólon dos hectémoros e dos escravos por
dividas tenha provocado automaticamente a sua transformação em pequenos proprietários
livres” (P.90)
“Atenas será, na época clássica, a cidade onde o cidadão verá o seu poder e os seus direitos
desenvolverem-se mais do que em qualquer outra lugar; mas será ao mesmo tempo a cidade
onde a escravatura-mercadoria conheceu a sua maior expansão.” (P.90)
“O desenvolvimento da noção de cidadão livre e a eliminação dos súbditos internos, por
outra, o desenvolvimento de uma forma nova da de servidão, a da escravatura-mercadoria
importada do estrangeiro.” (P.90)

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