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História Antiga:

01. A Cidade Antiga:

Polis Aristocrática:

a) Início: (entre metado do séc VIII e início do séc VII)

a.1) Desaparecimento da monarquia, substituída por magistrados eleitos pela nobreza de sangue
entre os seus próprios membros;

a.2) Aumento da população a partir do ano 800 a.c.;

a.3) Retomada do progresso tecnológico, artesanal e comercial;

a.4) Movimentos de concentração populacional:

I) Simpolitia: união de várias coletividades para formar outra maior;

II) Sinecismo: o mesmo fenômeno quando, paralelamente, dava-se o transplante de boa


parte da população à aglomeração mais importante ou à cidade especialmente fundada para tal.

ATENÇÃO: NÃO SE FORMARAM POR TODO O TERRITÓRIO GREGO, MAS APENAS EM ALGUMAS REGIÕES,
ACENTUANDO-SE UM DESENVOLVIMENTO DESIGUAL.

b) Conselho: Antes órgão consultivo do rei, agora era o centro da vida política.

c)Significação:

c.1) Subordinação do genos e do oikos à comunidade, seguida do enfraquecimento daquelas


formas iniciais;

c.2) De algum modo, os aristocratas se apoderaram das terras melhores e mais extensas.

d) Topografia: A pólis dividia-se com frequência em duas partes:

d.1) Acrópole: colina fortificada e centro religioso;

d.2)Ágora: Ásty ou cidade baixa, cujo ponto focal era o lugar de reunião e posteriormente
também um mercado com lojas;

d.3) Porto: podia ser dentro ou fora da pólis (embora próximo);

d.4) Khóra: território rural semeado de aldeias.

ATENÇÃO: PARA OS GREGOS ESSA DIVISÃO NÃO EXISTIA. PARA ELES, A CIDADE-ESTADO ERA FORMADA
PELA COMUNIDADE DE SEUS CIDADÃOS (DAÍ FALAVAM EM ATENIENSES, CORÍNTIOS, LACEDEMÔNIOS
PARA SE REFERIREM À ATENAS, CORINTO E ESPARTA).

e) Tipos:

e.1) Ethnos x Pólis:

I) Ethnos era o Estado sem um centro urbano, isto é, formado por regiões rurais
atrasadas (ex: Macedônia e Arcádia);

II) Pólis: Tinha uma cidade como núcleo (ex: Atenas, Corinto e Mileto).

e.2) Estados "modernos" x Estados "arcaicos( O autor critica o termo):

I) Modernos: Estados que passaram pelo conjunto de transformações ocorridas na


Grécia arcaica e clássica (eram sempre uma pólis);

II) Arcaicos: conheceram evolução mais limitada, preservando longamente estruturas


aristocráticas mais atrasadas (podiam ser pólis, como Esparta, ou uma ethnos, como Tessália).

As Grandes linhas da evolução das cidades-Estados:

a) As principais fontes escritas sobre as cidades-Estados estão na época Arcaica, marcada por uma crise
de lutas entre facções. Razões da crise:

a.1) aumento demográfico contínuo;

a.2) melhores terras monopolizadas pela aristocracia de sangue, que dispunha de todo o poder
político e judiciário, em contraste com os lotes dos camponeses pobres que só diminuíam por conta das
partilhas sucessórias;

a.3) Empréstimos in natura (sobretudo de cereais): os proprietários ricos emprestavam aos


camponeses pobres. Em caso de inadimplência, seriam possíveis dois resultados:

I) Perda da terra pelos camponeses, continuando esse a trabalhar na terra, porém, como
arrendatário;

II) Escravidão ou Servidão por dívidas: já que o pagamento era garantido pela pessoa do
devedor e de seus familiares.

b) Consequências da evolução da pólis:


b.1) Luta entre proprietários e despossuídos;

b.2) Urbanização;

b.3) Divisão do Trabalho;

b.4) Importância Crescente da Economia Mercantil.

ATENÇÃO: Apesar do comércio (exportação de cerâmica e importação de materiais de luxo), ressalta-se o


caráter maciçamente agrário da sociedade grega, tanto é que Corinto não sofreu grandes perdas quando
Atenas a superou na exportação de carâmica. Mas o autor ressalta que não se pode diminuir a
importância do comércio diante da mera riqueza herdada.

c) Cunhagem de Moedas: A moeda, inventada no reino da Lídia (séc VII a.c), passou às cidades gregas ao
longo das décadas. Seu surgimento, no início, pelo menos, tinha fatores extra-econômicos:

c.1) vontade de afirmar uma éticas da equidade nas relações sociais;

c.2) proclamar a soberania da pólis, tendo a moeda como um símbolo de independência;

c.3) facilitar o pagamento de impostos e multas exigidos pelas cidades-Estados;

c.4) financiar tropas mercenárias, etc.

Características das cidades-Estados:

a) do ponto de vista formal, a tripartição do governo em uma ou mais assembléias, um ou mais


conselhos, e certo número de magistrados escolhiodos, quase sempre anualmente, entre homens
elegíveis;

b) Soberania efetiva dos cidadãos: participação direta dos cidadãos no processo político (decisões
coletivas votadas depois de discussão - preeminência da palavra sobre qualquer instrumento de poder) -
não participavam os mentecos, os escravos e as mulheres (assembléia popular em Atenas era a Eclésia);

c) inexistência de uma separação absolutaentre órgãos de governo e de justiça, e o fato de que a religião
e os sacerdócios integravam o aparelho de Estado.

Mecanismos Ideológicos:

a) Religião;

b) crença de que as cidades-Estados governavam não os homens, mas as leis. A legitimidade da lei
consuetudinária decorria da antiguidade que lhe era atribuída de forma histórica;

Ambos os mecanismos eram transmitidos pela educação formal e informal. Tal educação inculcava
valores hierárquicos. Mesmo os analfabetos absorviam os elementos legitimadores do regime político e
da divisão social.

A Colonização Grega:

a) Ocorrida nos séculos arcaicos, mas tendo se estendido pelos séculos clássicos (V e IV a.c), a
colonização grega teve como principais fatores de impulso (duas primeiras são principais):

a.1) Saída para a crise agrária: buscava-se terras cultiváveis e buscava-se terras para alocar
cidadãos pobres;

a.2) Fator de progresso econômico diversificado;

a.3) Possível aprovisionamento de metais;

a.4) Controle de portos comerciais e minas de ouro na Trácia e cortes de madeira para a
construção naval (colônia de Anfípolis);

a.5) Busca de fontes de abastecimento de cereais e do controle das respectivas rotas.

b) Consequências da Expansão Grega:

b.1) Extraordinário movimento de multiplicação da póleis helênicas;

b.2) Intensificação da navegação e do comércio;

b.3) Surgiram fundações de indubitável finalidade comercial (empórios ou núcleos mercantis)

c) Características da Colônia Grega Típica (chamada de apoikía):

c.1) Era uma cidade-Estado independente;

c.2) Fundada por uma metrópole que enviava um guia ou fundador (oikistés) e financiava a
expedição;

c.3) Buscava-se, na maioria das vezes, uma planície litorânea fértil, cujas terras eram divididas
igualitariamente entre os primeiros colonos (situação não durável após redivisões provocadas por novas
ondas migratórias);

c.4) A intervenção das autoridades metropolitanas era clara: não se tratava de migrações
espontâneas organizadas em caráter privado. Eram realizados sorteior e quem se negasse a partir
quando designado era apenado com a morte e o confisco dos bens. admitia-se, no entanto, voluntários.
d) Situações possíveis nas colônias:

d.1) Colonização mediante acordos amigáveis com indígenas;

d.2) Utilização dos indígenas como servos;

d.3) Colônias que fundaram colônias;

d.4) grupos de colonos enviados por uma cidade posteriormente expulsos por outros recém-
chegados;;

d.5) mistura dos colonos com a população indígena, adotando-se o sistema comunitário de
propriedade.

Repercussões políticas:

a) Questiona-se sobre a repercussão da união dos seguintes fatores: crise agrária, colonização,
urbanização, progressos tecnológicos, expansão do artesanato e da economia mercantil.

a.1) A diferenciação social resultou em diferenciação das reivindicações:

I) Pobres: Interessava a abolição das dívidas e de suas consequencias (o fim da


escravidão e da servidão por dívidas), além da partilha de terras;

II) Ricos não pertencentes à Aristocracia Tradicional: Visavam obter a fixação das leis por
escrito e certos direitos políticos.

a.2) Foi nas colônias ocidentais ena costa da Ásia Menor, ao que parece, que surgiram os
primeiros legisladores. Eles não se limitavam a fixar por escrito os direitos aristocráticos e
consuetudinários, mas agiram também como reformadores políticos e sociais, chamados que foram
como mediadores das facções em conflito. Nomeados vitaliciamente ou por tempo limitado, gozavam de
poderes extensos legislativo e executivo;

a.3) Mudança no modo de fazer guerra (o que implicava numa mudança social): Dos duelos
passou-se ao combates de infantaria (hoplitas), pela chamada "revolução hoplítica";

a.4) Mudança social e política: o combate singular era prórprio de uma aristocracia militar que
monopolizava, ou quase, o uso das armas. Já a falange hoplítica exigia um grande número de
combatentes bem treinados. Para adquirir o armamento de um hoplita era preciso ser pelo menos um
camponês médio, com alguma renda. isso levou, mesmo assim, a uma partilha, ainda que limitada, do
poder político: a assembléia popular que reunia o povo (demos) ou, pelo menos, seu setor capaz de
armar-se, começou a sair do silêncio;

a.5) Surgimento da Tirania: na medida em que os problemas fundamental das massas populares
não eram cabalmente solucionados, abria-se a possibilidade para esse novo regime político peculiar. A
partir de meados do século VII a.C., e por mais de 100 anos, diversos líderes populares, quase sempre de
origem nobre, considerados usurpadores por uma tradição aristocrática antiga, tomaram o poder pela
força ou ardilosamente. Nem todas as cidades tiveram tiranos. Os tairanos chegavam ao poder por
diversas maneiras:

I) Reis que almejavam livrar-se da tutela dos aristocratas;

II) líderes militares de grande popularidade que deram golpes de estado bem-sucedidos;

III) magistrados eleitos que pela força se mantiveram no cargo.

Três características da Tirania aparecem com mais clareza:

I) o governo do tirano era do tipo pessoal e considerado ilegal pelos aristocratas, embora
ele mantivesse o aparelho tradicional dos órgãos de sua polis funcionando paralelamente;

II) sua legitimidade e sua base social vinham do fato de proteger os populares contra a
classe dominante (o autor argumenta que por esse motivo não se pode considerar esse governo como
ilegal);

III) Em quase todos os casos, o tirano era um nobre, ou pelo menos parcialmente
descendente de nobres;

IV) faziam uso de mercenários, não da milícia de cidadãos;

V) Significou a destruição não dos aristocratas, mas da sociedade e do regime


aristocráticos mais ou menos exclusivos. A tirania arcaica foi seguida pela democracia ou por regimes
oligárquicos bem menos estreitos do que os do passado.

ATENÇÃO: HÁ AUTORES QUE ARGUMENTAM QUE NESTE PERÍODO, ASSIM COMO NA MONARQUIA, NÃO
SE PODERIA FALAR EM CIDADE-ESTADO, UMA VEZ QUE CARACTERIZA A PÓLIS A SOBERANIA EFETIVA
DOS CIDADÃOS.

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