Você está na página 1de 58

DA ARISTOCRACIA

À MONARQUIA
À DEMOCRACIA
UMA HISTÓRIA DE DECADÊNCIA E TOLICE
MORAL E ECONÔMICA

ESCRITO POR
HANS-HERMANN HOPPE
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia

Hans-Hermann Hoppe
Editora Konkin, 1ª Edição

Coordenação Editorial
Vitor Gomes calado

Tradução
Alex Pereira de Souza e Vitor Gomes Calado

Revisão
Vitor Gomes Calado

Diagramação
Vitor Gomes Calado

Licença
Os direitos autorais da edição em inglês deste livro pertencem ao Mises
Institute e foram publicados sob Creative Commons Attribution License
4.0. Todos os direitos reservados.

Todos os direitos de publicação deste livro, em língua portuguesa, que


pertencem à Editora Konkin, na forma da lei estão sendo, por intermédio
deste, cedidos publicamente, inclusive para venda, impressão e eventuais
alterações.
DA ARISTOCRACIA
À MONARQUIA
À DEMOCRACIA
UMA HISTÓRIA DE DECADÊNCIA E TOLICE
MORAL E ECONÔMICA

ESCRITO POR
HANS-HERMANN HOPPE

1ª EDIÇÃO
Conteúdos
Introdução
David Gordon ...................................................................................... 1
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
Hans-Hermann Hoppe........................................................................ 12
Sobre o Autor ........................................................................................... 50
Índice de Nomes ...................................................................................... 53
Hans-Hermann Hoppe

Introdução
DAVID GORDON

HANS-HERMANN HOPPE É um mestre da história teórica. Ele nos


relata que:
[...] não é meu propósito aqui engajar na história padrão, i.e.,
a história tal como ela é escrita por historiadores, mas oferecer
uma reconstrução lógica ou sociológica da história, informada
por eventos históricos atuais, mas motivada mais
fundamentalmente por preocupações teóricas — filosóficas e
econômicas.

A obra de Carl Menger e de Ludwig von Mises sobre a origem


mercadorial do dinheiro é um exemplo primaz do que Hoppe tem em
mente.
Ao desenvolver seu projeto esclarecedor, Hoppe encontra a si
mesmo em oposição ao modo dominante de olhar a evolução do governo.

1
Da Aristocracia à Monarquia á Democracia

De acordo com essa perspectiva, o governo tem se tornado, ao longo dos


séculos, sempre mais democrático. A regência pelo povo é a forma final de
governo; uma vez que se chegou a ela, a história, pelo menos enquanto o
governo é levado em questão, acabou.1 Esse movimento histórico, ademais,
é uma “boa coisa”. É o triunfo da liberdade. A História é a história do
progresso.
Hoppe não é um pessimista completa como o "Gloomy Dean" W.R.
Inge, que, em suas famosas Romanes Lecture of 1920, denunciou “a
superstição do progresso”. Pelo contrário, Hoppe pensa que, na vida
econômica, a permitiu com que a humanidade atingisse um nível de
prosperidade sem precedentes.
No governo, entretanto, os assuntos são totalmente diferentes, e aqui
Hoppe é um firme oponente da ortodoxia progressista. Pois ele, ademais,
a história nessa área é um registro de uma queda — não desde o Jardim do
Éden, mas sim de um modo razoável de se resolver disputas.
Como iriam as pessoas racionais e buscadoras da ter resolvido
o problema do conflito social? [...] O que as pessoas iriam
mais provavelmente aceitar como uma solução, então, é isso:

1Francis Fukuyama, The End of History and the Last Man (Free Press, 2006), é
uma clássica declaração da doutrina progressista da evolução do governo
à democracia.

2
Hans-Hermann Hoppe

Todo mundo é, antes de tudo ou a prima facie, presumido a


ser dono — dotado do direito de controle exclusivo — de
todos aqueles bens que ele já, de fato, e até então
indisputadamente, controla e possui. Esse é o ponto de partida.
Enquanto possuidor deles, ele tem, a prima facie, uma melhor
reivindicação para as coisas em questão do que qualquer outro
que não possua esses bens — e consequentemente, se alguém
mais interfere com o controle do possuidor de tais bens, então
essa pessoa está a prima facie, errada, e o ônus da prova, que
é mostrar o contrário, está sobre ela. Entretanto, como essa
qualificação já mostra, posse presente não é suficiente para
estar no lado certo.

Hoppe assume que todos concordam sobre os princípios apropriados


para resolver disputas de propriedade:
O critério, os princípios empregados em decidir um conflito
entre um controlador presente e possuidor de algo e as
reivindicações rivais de outra pessoa de controlar a mesma
coisa são claras então, e pode-se de forma segura assumir que
a concordância universal entre as pessoas reais podem e serão
alcançadas no que lhes diz respeito.

3
Da Aristocracia à Monarquia á Democracia

Para reiterar, Hoppe vê a propriedade como antecedente ao estado,


as pessoas em um “estado de natureza” irão racionalmente concordar sobre
os princípios apropriados.2
O fato que as pessoas concordam desse modo não resolve todos os
problemas. Os princípios devem ainda ser aplicados para problemas
concretos; e aqui surge a tendência de disputas. Se as pessoas disputam
títulos de propriedade, o que se deve fazer? Hoppe sugere que as pessoas
iriam gravitacionar rumo a certos “líderes naturais” tomados como
confiados para decidir casos de um modo não enviesado.
Para resolver seus conflitos e tomar a resolução por fim
reconhecida e respeitada por outros, eles irão se voltar às
autoridades naturais, a membros da , a nobres e reis. O que eu
quero dizer [...] é simplesmente isso: Que em toda sociedade
de algum grau mínimo de complexidade, alguns indivíduos
adquirem o status de . Devido a conquistas superiores de
riqueza, sabedoria, bravura, ou uma combinação disso, alguns
indivíduos chegam a possuir mais autoridade que outros e
suas opiniões e comandos de juízo difundem respeito.

2Anthony de Jasay fez afirmações parecidas. Veja, e.g., (London: Routledge,


1997).

4
Hans-Hermann Hoppe

Hoppe aqui mostra a si mesmo como sendo um verdadeiro


Jerffersoniano. Em uma carta a John Adams, escrito em 18 de outubro de
1813, Jefferson disse:
Eu concordo com você de que há uma entre os homens. Os
fundamentos disso são a virtude e os talentos. [...] A
aristocracia natural eu considero como o presente mais
precioso da natureza, pela instrução, pelas confianças e pelo
governo da sociedade. E de fato, teria sido inconsistente na
criação ter formado o homem para o estado social, e não ter
providenciado a virtude e a sabedoria o suficiente para cuidar
das preocupações da sociedade.3

É o processo que Hoppe desenvolveu mais que apenas uma


especulação? Hoppe observa a Europa feudal para a confirmação dessa
linha de pensamento.
Lordes feudais podiam “tributar” apenas com o
consentimento do tributado, e sobre a sua própria terra, todo
homem livre era tão soberano, i.e., o tomador último de
decisão, quanto o rei feudal era sobre a terra dele. [...] O rei
estava abaixo e subordinado a . [...] Essa era considerada

3 Para a carta de Jefferson, veja http://press-


pubs.uchicago.edu/founders/documents/v1ch15s61.html

5
Da Aristocracia à Monarquia á Democracia

anciã e eterna. “Novas” s eram rotineiramente rejeitadas como


não s no final das contas. A função total do rei medieval era a
de aplicar e proteger a “boa e velha ”.

Uma óbvia objeção a isso é provável de ocorrer a tores, mas Hoppe


está preparado para isso: O que Hoppe descreveu é uma Utopia “que nunca
existiu, sobre mar ou terra” A Idade Média era, em verdade, um período de
opressão em larga escala. Hoppe responde,
Eu afirmo apenas que essa ordem se aproximou de uma ordem
natural através de (a) a supremacia e a subordinação de todos
sob uma , (b) a ausência de qualquer potestade com
capacidade de criar s, e (c) a falta de qualquer legal de
magistratura e arbitragem de conflito. E eu afirmaria que esse
sistema poderia ter sido aperfeiçoado e mantido praticamente
imutado através da inclusão de servos no sistema.

Infelizmente, as questões não se desenvolveram desse modo feliz.


Em vez disso, os reis tomaram para si mais e mais poder. Eles
reivindicaram ter a , rejeitando apelos para autoridades concorrentes
dentro dos territórios que controlavam. Hoppe crê que é fácil entender o
porquê de os reis poderem se empenhar em arrogar tal poder para eles
mesmos, mas outra questão é, de início, enigmática. Como os reis foram

6
Hans-Hermann Hoppe

capazes de terem sucesso em sua absoluto? Por que os partidários da


antiga ordem aristocrática não os impediram?
Hoppe oferece uma resposta de duas partes a esse mistério. Primeiro,
o rei se aliou com o povo contra a aristocracia.
Ele apelou ao sentimento sempre e em todos os lugares
popular de entre os “não privilegiados” contra seus próprios
“melhores” e “superiores”, seus lordes. Ele ofereceu libertá-
los de suas obrigações contratuais vis-à-vis seus lordes para
fazê-los donos em vez de inquilinos de suas moradas, por
exemplo, ou “perdoar” suas dívidas a seus credores, e pôde
assim corromper o senso público de justiça suficientemente
para tornar fútil a resistência aristocrática contra seu golpe.

Nessas buscas por poder, o rei teve a ajuda dos “intelectuais da corte”.
Eles fizeram propaganda em nome do rei, apoiando a tese de que o rei
representava o povo.
A demanda por serviços intelectuais é tipicamente baixa, e
intelectuais, quase congenitamente, sofrem de uma autoimagem
grandemente inflada e, portanto, são sempre propícios a e se tornam
facilmente ávidos promotores da . O rei os ofereceu uma posição segura
enquanto intelectuais da corte e eles retornaram o favor e produziram o
apoio ideológico necessário para a posição do rei enquanto regente
absoluto.

7
Da Aristocracia à Monarquia á Democracia

Como os intelectuais da corte prosseguiram com sua missão maligna?


Eles fizeram isso promovendo um mito duplicado. A sociedade começou
numa guerra de todos contra todos. Para escapar dessa posição, as pessoas
voluntariamente se restringiram com um regente absoluto. Desse modo,
eles puderam escapar da desordem caótica.
Hoppe rejeita firmemente ambas as partes dessa história, como
deveria ser agora abundantemente evidente. A sociedade começa, não em
um , mas sim com o reconhecimento mútuo de direitos por parte das
pessoas, e não houve contrato algum dando poder ao rei.
Com a ajuda dos intelectuais da corte, os monarcas na Europa
ganharam o poder absoluto que buscaram; mas o apelo ao povo
eventualmente provocou a ruína deles. O mito do contrato ajudou a
transformar a absoluta em uma constitucional; e essa transição Hoppe de
nenhum modo a considera como progresso. Constituições “formalizaram
e codificaram” o direito do rei de legislar e tributar.
A constitucional eventualmente parou de satisfazer os intelectuais.
Ironicamente, as mesmas formas que elevaram o rei feudal
primeiro a posição de absoluto e então a condição de rei: o
apelo a sentimentos igualitários e a do homem comum contra
os seus melhores [...] também ajudou a trazer à tona a própria
derrocada do rei e pavimentou a via para outra, e ainda mais
tola; a transição da para a democracia.

8
Hans-Hermann Hoppe

Quando as promessas do rei de melhor e mais limpa justiça se


mostraram como sendo vazias e os intelectuais ainda estavam
insatisfeitos com sua classificação e posição social, como era
de se esperar, os intelectuais se voltaram aos mesmos
sentimentos igualitários que o rei tinha previamente cortejado
em sua batalha contra seus competidores aristocráticos contra
o próprio regente monárquico.

Com a ajuda dos intelectuais, a regência do povo chegou para


substituir a ; e, infamemente argumenta Hoppe, essa transição não é para
ser celebrada de modo algum.
Pelo contrário. Em vez de ser restrita a príncipes e nobres, sob
a democracia, os privilégios chegam ao alcance de todos:
todos podem participar do roubo e viver de espólio roubado
só de se tornar um oficial público.

A democracia então não acaba com as depredações da absoluta, mas,


na verdade, as aumenta.
Ainda assim, um rei pode e irá, porque ele “é dono” do ,
vender e legar seu reino a um sucessor de sua escolha, seu
herdeiro, preocupar-se sobre as repercussões de suas ações
sobre valores capitais.

9
Da Aristocracia à Monarquia á Democracia

Aqui é necessário evitar um mal entendido. Hoppe não é um


defensor da absoluta — longe disso. Ele argumenta apenas que a
democracia, tal como é entendida hoje, é pior que a monarquia. Mas, como
nunca é de se esquecer, a monarquia está muito abaixo do melhor sistema,
um sistema de direitos de propriedade no qual membros respeitados da
elite resolvem disputas.
Este ensaio, assim, é um verdadeiro tour de force; Ele aceita a
afirmação padrão da evolução do governo da aristocracia feudal à e à ,
mas precisamente reverte a valoração padrão desse processo.
Se Hoppe não é expoente do progresso aqui, todavia, ele não nos
deixa com um conselho de desespero. As finanças frenéticas do Estado
democrático não podem continuar indefinidamente; ele encontra
fundamentos para esperança em um movimento rumo a governos menores
e descentralizados.
A crise econômica bate, e um colapso iminente estimulará ,
movimentos separatistas e secessionistas, e levará à
desintegração do império.

Desse modo o crescimento rumo ao Leviathan pode ser revertido.

10
Hans-Hermann Hoppe

Este ensaio providencia uma introdução ideal ao extenso registro do


pensamento político de Hoppe em sua grande obra : The God That Failed,4
Hoppe é um dos mais originais e importantes teóricos sociais de nosso
tempo, e tores ganharão um entendimento claro da essência de suas ideias
sobre o crescimento do governo.

David Gordon
Los Angeles, California
Agosto de 2014

4 Veja a minha resenha na The Mises Review (Primavera de 2002).


http://mises.org/misesreview_detail.aspx?control=199

11
Da Aristocracia à Monarquia à
Democracia
HANS-HERMANN HOPPE

NO QUE SE SEGUE quero brevemente descrever um enigma ou


charada histórica que eu então tentarei resolver e responder em algum
detalhe.
Mas, antes disso, é necessário fazer algumas breves observações
teóricas gerais.
Os homens não vivem em harmonia perfeita uns com os outros.
Assim, de novo e de novo, conflitos surgem entre eles. E a fonte desses
conflitos é sempre a mesma: a de bens. Eu quero fazer X com um dado
bem B e você quer simultaneamente fazer Y com o mesmíssimo bem.
Porque é impossível que você e eu façamos simultaneamente X e Y com B,
você e eu precisamos entrar em conflito. Se uma superabundância de bens
existisse, i.e., se, por exemplo, B estivesse disponível em oferta infinita,
nosso conflito poderia ser evitado. Poderíamos nós dois simultaneamente
fazermos “nossas coisas” com B. Mas a maior parte dos bens não existe
em superabundância. Desde que a humanidade deixou o Jardim do Éden,
tem havido e sempre haverá ao nosso redor.
12
Hans-Hermann Hoppe
Ausente uma perfeita harmonia de todos os interesses humanos e
dada a condição humana permanente de , então, conflitos interpessoais são
uma parte inescapável da vida humana e uma constante ameaça à paz.
Confrontado com conflitos que dizem respeito a bens escassos. mas
também endossado com razão ou mais precisamente com a capacidade de
se comunicar, de discutir e de argumento um com os outros, como a própria
manifestação da razão humana, então, a humanidade tem sido e sempre
será encarada com a questão de como possivelmente evitar tais conflitos e
como pacificamente resolvê-los conforme eles acontecem.1

1 Teoricamente, todos os conflitos que dizem respeito ao uso de qualquer


bem possa ser evitado, se somente todo bem fosse sempre e continuamente
possuído de forma privada, i.e., exclusivamente controlado por algum(ns)
indivíduo(s) específico(s) e é sempre claro qual coisa é possuída, e por
quem, e qual não é. Os interesses e ideias de diferentes indivíduos podem
então ser tão diferentes quanto podem ser e ainda nenhum conflito surja,
na medida em que seus interesses e ideias dizem respeito somente e
exclusivamente a sua própria propriedade separada. Conflitos, então, são
sempre conflitos no que diz respeito a resposta a questão quanto a quem ou
quem não é o dono privado (exclusivo) de qualquer dado bem em qualquer
dado tempo. E, para evitar todos os conflitos desde o início da humanidade,
é preciso sempre ainda estar claro sobre como a propriedade privada é
originariamente estabelecida (e aqui a óbvia resposta é: por apropriação
original e, portanto, indisputada, de recursos previamente sem dono) e
como a propriedade então pode ou não pode ser transferida de uma pessoa
13
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
Assuma agora um grupo de pessoas conscientes da realidade dos
conflitos interpessoais e em busca de um modo de sair desse apuro. E
assuma que eu então proponha o seguinte como uma solução: Em todo
caso de conflito, incluindo conflitos nos quais eu mesmo estou envolvido,
eu tenho a palavra última e final. Eu serei o juiz supremo sobre quem é
dono do quê e de quando e quem está certo ou errado em qualquer disputa
que diz respeito a recursos escassos. Desse modo, todos os conflitos podem
ser evitados e suavemente resolvidos.
Quais seriam então as minhas chances de conseguir concordância
sua ou de qualquer outra pessoa a essa proposta?
Meu chute é que as minhas chances seriam praticamente zero, nulas.
De fato, você e a maioria das pessoas pensarão nessa proposta como
ridícula e provavelmente me considerarão louco, um caso para tratamento
psiquiátrico. Pois você irá imediatamente perceber que, sob essa proposta,
você precisa literalmente temer por sua vida e propriedade. Porque essa
solução permitir-me-ia causar ou provocar um conflito com você e então
decidir esse conflito em meu próprio favor. De fato, sob essa proposta você
essencialmente desistiria de seu direito a vida e a ou até mesmo a qualquer
pretensão de tal direito. Você tem um direito a vida e a apenas na medida
em que eu garanto tal direito, i.e., na medida em que eu decido deixar você

para outra (obviamente: por consenso mútuo e negociação em vez de por


roubo unilateral).
14
Hans-Hermann Hoppe
viver e manter o que quer que você considere seu. Em última instância,
somente eu tenho um direito a vida e então eu sou dono de todos os bens.
E ainda — e aqui está o enigma — essa solução obviamente louca é
a realidade. Onde quer que você olhe, isso tem sido posto em efeito na
forma da instituição de um Estado. O Estado é o juiz supremo em todo
caso de conflito. Não há apelo para além de seus vereditos. Se você entrar
em conflito com o Estado, com seus agentes, é o Estado e seus agentes que
decidem quem está certo e quem está errado. O Estado tem o direito de
tributar você. Portanto, é o Estado que faz a decisão do quanto de sua você
pode manter — isto é, sua propriedade é somente propriedade “fiduciária”.
E o Estado pode criar s, legislar — isto é, toda a sua vida está à mercê do
Estado. Ele pode até ordenar que você seja morto — não em defesa de sua
própria vida e propriedade mas em defesa do Estado ou de qualquer coisa
que o Estado considere “defesa” de sua “propriedade estatal”. Como então,
e é essa a questão a que eu quero me dirigir sob alguma medida agora,
poderia tal instituição incrível, e de fato louca, vir a existir? Obviamente,
isso não poderia ter se desenvolvido ab ovo, espontaneamente, como o
resultado de uma deliberação humana racional. De fato, historicamente,
levou séculos para isso acontecer. No que se segue eu quero reconstruir
esse desenvolvimento num estilo passo-a-passo: desde o início de uma
ordem social aristocrática natural como foi abordada, por exemplo, embora
ainda repleta de muitas imperfeições, durante o Início da Idade Média
europeia de reis e lordes feudais, até através de seu bem-sucedido
deslocamento primeiramente por reis absolutos e então por reis
15
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
constitucionais e s clássicas, que tomaram o estágio histórico desde por
volta do século XVII o início do século XX, e finalmente até e através de
sucessivo deslocamento e substituição final das s clássicas por
democracias (repúblicas ou monarquias parlamentaristas), começando
com a e indo até dar toda a volta com o fim da Primeira Guerra Mundial,
desde 1918.
Enquanto nós aprendemos na escola a tomar todo esse
desenvolvimento como progresso — sem dúvidas, porque a história é
sempre escrita por seus vencedores — eu reconstruirei isso aqui como uma
história de tolice e decadência progressiva. E para imediatamente
responder uma questão que ascenderá invariavelmente em vista disso, meu
relato revisionista da história: Sim, o mundo presente é mais rico que as
pessoas eram na Idade Média e na subsequente era monárquica. Mas isso
não mostra que é mais rica por causa desse desenvolvimento. De fato,
como irei demonstrar indiretamente no que se segue, o aumento na riqueza
social e nos padrões gerais de vida que a humanidade tem experienciado
durante esse tempo ocorreu apesar desse desenvolvimento, e o aumento
de riqueza e de padrões de vida teria sido bem maior se o desenvolvimento
em questão não tivesse ocorrido.
Novamente, então: Como iriam as pessoas racionais e buscadoras da
ter resolvido o problema do conflito social? E deixe-me enfatizar a palavra
“real” aqui. As pessoas que tenho em mente, deliberando sobre essa
questão, não são zumbis. Elas não se sentam atrás de um “véu da
ignorância” à la Rawls, não constrangidas pela e pelo tempo. (Sem dúvida
16
Hans-Hermann Hoppe
que Rawls chegou às mais perversas conclusões a partir de tal premissa!)
Elas permanecem em meio a vida, por assim dizer, quando elas começam
suas deliberações. Elas são somente muito familiares com o fato
inescusável da e dos constrangimentos do tempo. Elas já trabalham e
produzem. Elas interagem com outros trabalhadores e produtores, e elas já
possuem muitos bens apropriados e colocados sob seu controle físico, i.e.,
tomados em posse. De fato, suas disputas são invariavelmente disputas
sobre posses previamente indisputadas: se estas devem ainda ser
respeitadas e o possuidor deve ser reconhecido como seu dono legítimo ou
não.
O que as pessoas iriam mais provavelmente aceitar como uma
solução, então, eu sugiro, é isso: Todo mundo é, antes de tudo ou a prima
facie, presumido a ser dono — dotado do direito de controle exclusivo —
de todos aqueles bens que ele já, de fato, e até então indisputadamente,
controla e possui. Esse é o ponto de partida. Enquanto possuidor deles, ele
tem, a prima facie, uma melhor reivindicação para as coisas em questão do
que qualquer outro que não possua esses bens — e consequentemente, se
alguém mais interfere com o controle do possuidor de tais bens, então essa
pessoa está a prima facie, errada, e o ônus da prova, que é mostrar o
contrário, está sobre ela. Entretanto, como essa qualificação já mostra,
posse presente não é suficiente para estar no lado certo. Há uma presunção
a favor do primeiro possuidor atual, e a demonstração de quem tem
controle atual ou quem primeiro toma controle de algo permanece sempre
no início de uma tentativa na resolução de conflito (porque, para reiterar,
17
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
todo conflito é um conflito entre alguém que já conhece algo e alguém
mais que deseja fazer isso em vez). Mas há exceções a essa regra. O atual
possuidor de um bem não é seu dono com direito, se alguém mais pode
demonstrar que o bem em questão foi previamente controlado por ele e foi
tomado dele contra a sua vontade e consentimento — que foi roubado ou
furtado dele — pelo atual possuidor. Se ele pode demonstrar isso, então a
qualidade de dono se reverte de volta a ele e, no conflito entre ele e o
possuir atual, ele é julgado como estando do lado certo. E o atual possuidor
de alguma coisa provavelmente não é seu dono, se ele apenas alugou a
coisa em questão de outra pessoa por um tempo e sob algumas condições
estabelecidas e essa outra pessoa pode demonstrar esse fato ao apresentar,
por exemplo, um contrato de aluguel ou de concordância. E o atual
possuidor de uma coisa também não é seu dono, se ele trabalhou em nome
de outra pessoa, como o seu empregado, para usar ou produzir o bem em
questão e o empregador possa demonstrar isso como sendo o fato ao, por
exemplo, apresentar um contrato de emprego.2
O critério, os princípios empregados em decidir um conflito entre
um controlador presente e possuidor de algo e as reivindicações rivais de
outra pessoa de controlar a mesma coisa são corretas então, e pode-se de

2 Deve-se notar que os requisitos lógicos para permanente, pela potencial


evitação de todos os conflitos, são encontradas precisamente com essa
solução. É sempre claro quem provisoriamente é dono do que e o que fazer
se reivindicações rivais dizendo respeito a recursos escassos existam.
18
Hans-Hermann Hoppe
forma segura assumir que a concordância universal entre as pessoas reais
podem e serão alcançadas no que lhes diz respeito. O que está faltando em
conflitos atuais, então, não é a ausência de , a ausência de , mas apenas a
ausência de uma concordância sobre os fatos. E a necessidade por juízos e
de conflito, então, não é uma necessidade para a elaboração de s, mas uma
necessidade pelo encontro de fatos e a aplicação de uma dada para casos
individuais e situações específicas. Colocado de uma forma diferente: as
deliberações resultarão no insight de que s não devem ser feitas, mas dadas
como sendo descobertas, e que a tarefa do juiz é somente e exclusivamente
aquela de aplicar dadas s para fatos estabelecidos ou para serem
estabelecidos.
Assumindo, então, uma demanda por parte de partidos conflitantes
para juízes, árbitros e pacificadores especializados, não para elaborar , mas
para aplicar dadas s, para quem as pessoas irão se voltar para satisfazer
essa demanda? Obviamente, elas não irão se voltar simplesmente a
qualquer um, porque a maioria das pessoas não possui a capacidade
intelectual ou o caráter necessário para fazer um juiz de qualidade e a
maioria das palavras das pessoas, portanto, não tem autoridade, ou pouca
caso haja qualquer chance delas serem ouvidas, respeitadas, e impostas.
Em vez disso, para resolver seus conflitos e tomar a resolução, por fim,
reconhecida e respeitada por outros, eles irão se voltar às autoridades
naturais, a membros da , a nobres e reis.
O que eu quero dizer por aristocratas naturais, nobres e reis, é
simplesmente isso: Que em toda sociedade de algum grau mínimo de
19
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
complexidade, alguns indivíduos adquirem o status de . Devido a
conquistas superiores de riqueza, sabedoria, bravura, ou uma combinação
disso, alguns indivíduos chegam a possuir mais autoridade que outros e
suas opiniões e comandos de juízo difundem respeito. Ademais, por causa
da compatibilidade seletiva e as s de herança civil e genética, posições de
autoridade natural são mutias vezes transmitidas dentro de algumas
famílias “nobres”. É para as cabeças de tais famílias com registros
estabelecidos de conquistas superiores, sagacidade e conduta exemplar que
os homens geralmente se voltam com seus conflitos e queixas um contra
os outros. São os líderes das famílias nobres, que geralmente agem como
e pacificadores, geralmente livres de culpa, a partir de um senso de dever
cívico. De fato, esse fenômeno pode ainda ser observado hoje, em toda
comunidade pequena.
Agora, de volta a questão para o provável resultado de uma
deliberação entre pessoas reais sobre como resolver o problema humano
inirradicável dos conflitos interpessoais. Podemos facilmente imaginar,
por exemplo, que haverá concordância geral que em todo caso de conflito
alguém irá se voltar a algum indivíduo em específico, para a cabeça da
mais nobre das famílias, um rei. Mas, como já indicado, é inimaginável
que haverá concordância que esse rei possa criar s. O rei será tido como
estando abaixo e vinculado a mesma assim como todos os outros. O rei é
suposto a somente aplicar a , não fazê-la. E para assegurar isso, ao rei
nunca será garantido um sobre a sua posição como juiz. Pode ser o caso
que todos de fato se voltem a ele buscando justiça, i.e., que ele possui um
20
Hans-Hermann Hoppe
"natural" como juiz e pacificador último. Mas todos permanecem livres
para selecionar outro juiz, outro nobre, se ele estiver insatisfeito com o rei.
O rei não possui legal sobre sua posição como juiz, é isto. Se ele se
encontra criando s, em vez de somente aplicá-las, ou se é encontrado
cometendo erros na aplicação da , i.e, se ele mal-interpreta, mal-representa
ou falsifica os fatos de um dado caso, seu julgamento permanece aberto a
ser desafiado por outra corte de justiça nobre, e ele mesmo pode lá ser
levado a responder por seu mau-julgamento. Em suma, o rei pode parecer
como a cabeça do Estado, mas ele definitivamente não é um Estado, mas,
em vez disso, parte de uma ordem social natural, verticalmente e
hierarquicamente estruturada e estratificada: uma aristocracia.
Como eu já indiquei antes, algo como isso, algo parecendo uma
ordem natural aristocrática que veio a existir, por exemplo, durante o Início
da Idade Média Europeia, durante a muito difamada . Visto que não é meu
propósito aqui engajar na história padrão, i.e., a história tal como ela é
escrita por historiadores, mas oferecer uma reconstrução lógica ou
sociológica da história, informada por eventos históricos atuais, mas
motivada mais fundamentalmente por preocupações teóricas — filosóficas
e econômicas. Eu não gastarei muito tempo para provar essa tese. Eu
simplesmente me refiro sumariamente a um livro sobre esse assunto feito
por Fritz Kern. (originalmente publicado em alemão em 1914), e para
numerosas outras referências dadas a esse efeito em meu livro . Apenas
esse tanto sobre a idade supostamente “das trevas” do feudalismo e em
suporte da minha asserção que a Idade Média pode servir como um
21
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
exemplo histórico robusto do que eu acabei de descrever como uma ordem
natural.
Lordes e reis feudais podiam “tributar” somente com o
consentimento do tributado, e sobre sua própria terra, todo homem livre
era tanto soberano, i.e., o tomador de decisão último, quanto o rei feudal
era sobre a sua terra. Sem consentimento, a tributação era considerada
sequestro, i.e., expropriação ilegal. O rei estava abaixo e subordinado a .
O rei pode ser um nobre, até mesmo a pessoa mais nobre de todas, mas
havia outros nobres, e não-tão-nobres, e todos eles, todo nobre e todo
homem livre não menos ou mais que o próprio rei era subordinado a
mesma e era fadado a proteger e sustentar essa . A era considerada anciã
e eterna. "Novas" s eram rotineiramente rejeitadas como não s no final das
contas. A função total do rei medieval era a de aplicar e proteger a "boa e
velha ". A ideia de realeza por direito de nascimento era ausente durante
os tempos medievais iniciais. Tornar-se rei exigia o consentimento
daqueles fazendo a escolha, e todo membro e toda seção da comunidade
de etores era livre para resistir ao rei caso se considerasse as ações dele
como ilícitas. Nesse caso, o povo era livre para abandonar o rei e buscar
um novo.
A breve descrição da ordem feudal ou mais especificamente, o
feudalismo "alodial" será suficiente para meu propósito. Deixe-me apenas
adicionar isso. Eu não afirmo aqui que essa ordem era perfeita, uma
verdadeira ordem natural, como eu caracterizei antes. Em verdade, ela era
emaranhada com muitas imperfeições, mais notavelmente a existência, em
22
Hans-Hermann Hoppe
muitos lugares, da instituição da (embora o fardo imposto sobre os servos
fosse suave em comparação com o que é imposto sobre os modernos de
hoje). Eu afirmo apenas que essa ordem se aproximou de uma ordem
natural através de (a) a supremacia e a subordinação de todos sob uma , (b)
a ausência de qualquer potestade com capacidade de criar s, e (c) a falta
de qualquer legal de magistratura e arbitragem de conflito. E eu afirmaria
que esse sistema poderia ter sido aperfeiçoado e mantido praticamente
imutado através da inclusão de servos no sistema.
Mas isso não é o que aconteceu. Em vez disso, uma fundamental
tolice moral e econômica fora cometida. Um territorial de magistratura
suprema foi estabelecido e com isso o poder de criar s, e a separação da e
de sua subordinação a legislação. Reis feudais foram substituídos por reis
absolutos e então por reis constitucionais.
Conceitualmente, o passo de um rei feudal sob a para um rei
absoluto acima da é um passo pequeno. O outrora rei feudal apenas insiste
que doravante ninguém pode legitimamente escolher qualquer um que não
seja ele mesmo como juiz supremo. Até então, o rei pode ter sido a única
pessoa para quem todos se voltaram em busca de justiça, mas outros,
outros nobres em particular, poderiam ter agido como juízes só de terem
querido fazer tal e tivesse havido uma demanda por tais serviços por parte
daqueles que buscam justiça. De fato, todos foram livres para engajar em
autodefesa de sua pessoa e propriedade e em auto-adjudicação e resolução
de conflitos, e o próprio rei poderia ser tomado como responsabilizável e
trazido à justiça em outras cortes de justiça, i.e., cortes que não são de sua
23
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
própria escolha. Proibir tudo isso e insistir, em vez disso, que todos os
conflitos sejam sujeitos a revisão última da realeza, é não menos que um
golpe, com consequências momentosas. Como já indicado antes, com a
monopolização da função de juiz supremo, o rei tornara-se um Estado e a
foi essencialmente abolida e substituída por propriedade fiduciária, i.e.,
por propriedade garantida pelo rei a seus súditos. O rei agora poderia
tributar a em vez de ter de pedir a donos de por subsídios, e ele poderia
criar s em vez de estar vinculado por s pré-existentes imutáveis.
Consequentemente, e de forma devagar mas certeira, a e a imposição da
tornou-se mais cara: em vez de ser oferecida livre de cobrança ou por um
pagamento voluntário, elas eram financiadas com a ajuda de impostos
compulsórios. Ao mesmo tempo, a qualidade da deteriorou: Em vez de
sustentar a pré-existente e aplicar princípios universais e imutáveis de
justiça, o rei, como um juiz monopolista que não tem medo de perder
clientes como um resultado de ser nada menos que imparcial nos seus
julgamentos, conseguiu alterar com sucesso a existente em prol da sua
própria vantagem.
Ademais, um novo nível e qualidade de violência foi introduzido na
sociedade. Para ter certeza, a violência caracterizou a relação entre os
homens desde o início da história. Mas a violência, a agressão, é custosa,
e até o desenvolvimento da instituição de um Estado, um agressor pode
portar todo o custo associado com a agressão ela mesma. Agora, entretanto,
com um rei-estado no lugar, os custos de agressão puderam ser
externalizados em terceiros (pagadores de impostos e recrutas) e a agressão
24
Hans-Hermann Hoppe
correspondente, ou mais especificamente o , i.e., tentativas de
agressivamente, através de guerra e conquista, enlarguecer o território de
algum e a população súdita de alguém, aumentaram de forma
correspondente.
Ainda assim, previsíveis como são suas consequências, como foi
possível tal desenvolvimento Enquanto não é difícil entender por que um
rei feudal pode querer se tornar um , i.e., a cabeça de um Estado: pois quem,
exceto anjos, não gostaria de estar na posição onde se pode decidir todos
os conflitos envolvendo você mesmo? É muito mais difícil entender como
o rei, mesmo se ele é o mais nobre das pessoas nobres, pode se safar de tal
golpe. Obviamente, qualquer pretenso rei-Estado se depararia com
imediata oposição, mais provavelmente e de forma mais feroz de outros
nobres, visto que eles são aqueles que tipicamente são donos de mais
propriedades imóveis e, portanto, teriam mais do que temer do poder do
rei de tributar e legislar.
A resposta a essa questão é na verdade bem simples e somos
esssencialmente familiares com ela até hoje. O rei alinhou a si mesmo com
o "povo" ou com o "homem comum". Ele apelou ao sempre e em todos os
lugares popular sentimento de entre os "não privilegiados" contra seus
próprios "melhores" e "superiores", seus lordes. Ele ofereceu libertá-los de
suas obrigações contratuais vis-à-vis seus lordes para fazê-los donos em
vez de inquilinos de suas moradas, por exemplo, ou "perdoar" suas dívidas
a seus credores, e pôde assim corromper o senso público de justiça
suficientemente para tornar fútil a resistência aristocrática contra seu golpe.
25
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
E para consolar a aristocracia sobre sua perda de poder, e assim reduzir sua
resistência, o rei ainda lhes ofereceu postos em sua corte real muito
enlarguecida e expandida.
Ademais, para atingir seu objetivo de poder absoluto, o rei também
se alinhou com os intelectuais. A demanda por serviços intelectuais é
tipicamente baixa, e intelectuais, quase congenitamente, sofrem de uma
autoimagem grandemente inflada e, portanto, são sempre propícios a e se
tornam facilmente ávidos promotores da . O rei os ofereceu uma posição
segura enquanto intelectuais da corte e eles retornaram o favor e
produziram o apoio ideológico necessário para a posição do rei como
regente absoluto. Eles fizeram isso promovendo um mito duplicado. Por
um lado, eles retrataram a história antes da chegada do rei absoluto na pior
luz possível, como um conflito incessante de todos contra todos, com um
homem sendo o lobo de outro homem — que é contrário a real história de
uma prévia . E, por outro lado, eles retrataram a isenção do rei ao poder
absoluto como o resultado de algum tipo de acordo contratual por seus
súditos, presumivelmente alcançado racionalmente, baseado no mito do
outrora ameaçador retorno ao bellum omnia contra omnes [guerra de todos
contra todos].
Eu já mostrei que nenhum tal contrato é concebível, e que a noção
de tal contrato é puro mito. Nenhuma pessoa em sã consciência assinaria
tal contrato. Mas, como eu mal preciso enfatizar, essa ideia, i.e., a de que
o poder do Estado como um monopolista territorial de tomada de decisão
última é fundamentada e se baseia em algum tipo de contrato, impera nas
26
Hans-Hermann Hoppe
cabeças da multidão até hoje. Absurdo como é, então, os intelectuais da
corte foram notavelmente bem-sucedidos em suas obras.
Como resultado da obra ideológica dos intelectuais em promover
esse duplo mito: o de apresentar a ascensão da absoluta como o resultado
de um contrato, a monarquia absoluta do rei tornou-se uma monarquia
constitucional. Em livros didáticos e na historiografia ortodoxa oficial,
essa transição da absoluta para a constitucional é tipicamente apresentada
como um grande passo para frente na história humana, como progresso.
De fato, na verdade, ela representou outra tolice e deu início a ainda mais
decadência. Pois, enquanto a posição do rei absoluto era, na melhor delas,
uma posição tênue, como a memória de sua real ascensão ao poder
absoluto através de um ato de usurpação ainda mantinha-se viva e, assim,
efetivamente limitou seu poder "absoluto", a introdução de uma
constituição na verdade formalizou e codificou esse poder de tributar e
legislar. A constituição não era algo que protegia o povo do rei, mas sim
protegia o rei do povo. Era um Estado-constituição, que pressupunha o que
ainda era outrora considerado com grande suspeita, a saber, o direito de
tributar sem consentimento e de criar s. O , ao sujeitar-se a algumas
formalidades e rotinas processuais, era, então, permitido a expandir os seus
poderes e a enriquecer a si mesmo muito além que qualquer coisa possível
a ele como um monarca absoluto.
Ironicamente, as próprias forças que elevaram o primeiro a posição
de absoluto e então a de : o apelo a sentimentos igualitários e à do homem
comum contra os seus melhores e o alistamento dos intelectuais, também
27
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
ajudou a trazer a tona a própria derrocada do rei e pavimentou a via para
outra tolice ainda maior: a transição da monarquia para a .
Quando as promessas do rei de melhor e mais limpa justiça se
mostraram como sendo vazias e os intelectuais ainda estavam insatisfeitos
com sua classificação social e posição, como era de se esperar, os
intelectuais se voltaram aos mesmos sentimentos igualitários que o rei
tinha previamente cortejado em sua batalha contra seus competidores
aristocráticos contra o próprio regente monárquico. No final das contas, o
próprio rei era um membro da nobreza e, como resultado da exclusão de
todos os outros nobres como juízes em potencial, a sua posição tornou-se
apenas mais elevada, elitista e a sua conduta ainda mais arrogante. De
acordo, não pareceu mais lógico que o rei, também, devesse ser subjugado
e que as políticas igualitárias, as quais o rei iniciara, fossem levadas à sua
conclusão última: o controle do judiciário pelo homem comum, o que, para
os intelectuais, significou por eles mesmos, como, enquanto eles viam
nisso o “!porta-voz natural do povo”.
A crítica intelectual contra o rei não era uma crítica da instituição de
um legal sobre a tomada de decisão última, entretanto, a qual, como
expliquei, constitui a tolice moral e econômica suprema e a razão de todo
mal. Os críticos não queriam retornar a uma ordem natural aristocrática,
na qual eles mesmos desempenhariam um papel menor, embora importante.
Mas eles fizeram, em sua crítica, um apelo superficial a velha e
inirradicável noção da igualdade de todos perante a ou a superioridade da
acima de todos. Assim, eles argumentaram que a residia em privilégios
28
Hans-Hermann Hoppe
especiais, e que tal privilégio era incompatível com a igualdade perante a .
E eles sugeriram que abrir participação e entrada no governo do Estado a
todos em termos iguais — isto é, ao substituir uma monarquia com uma
— o princípio da igualdade de todos perante a foi satisfeito.
Apelativo como esse argumento pode de início parecer, ele está,
entretanto, fundamentalmente errado. Porque a igualdade democrática
perante a é algo totalmente diferente de, e é incompatível, com a velha
ideia de uma universal, igualmente aplicável a todos, em todos os lugares
e ao tempo todo. Sob a democracia, todos são iguais na medida em que a
entrada ao governo estatal está aberta a todos em termos iguais. Todos
podem se tornar reis, por assim dizer, não apenas um círculo privilegiado
de pessoas, i.e., o rei e quem quer que ele, segundo os seus poderes
absolutos ou constitucionais, designar como seu sucessor. Assim, em uma
democracia, nenhum privilégio pessoal ou pessoas privilegiadas existem.
Entretanto, e funções privilegiadas existem. Agentes estatais, i.e., os assim
chamados oficiais públicos, na medida em que eles agem em uma
capacidade oficial, e são governados e protegidos pela pública e ocupam
por meio disso uma posição privilegiada vis-à-vis pessoas agindo sob a
mera da privada.
Para um, oficiais públicos são, assim como qualquer rei absoluto ou
constitucional, permitidos a financiar ou subsidiar suas próprias atividades
através de impostos. Isto é, eles não precisam, como todo cidadão de
direito privado precisa, ganhar sua renda através da produção e
subsequente venda de bens e serviços para consumidores voluntariamente
29
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
comprando ou não-comprando. Em vez disso, como oficiais públicos, eles
são permitidos a engajar em, e viver de, que em acordos privados, entre
sujeitos de privada, é considerado furto, roubo, e espólio roubado. Assim,
o privilégio e a discriminação legal — e a distinção entre regentes e súditos
— não desaparecem sob a democracia. Pelo contrário. Em vez de estar
restrito a príncipes e nobres, sob a democracia, os privilégios chegam ao
alcance de todos. Todos podem participar no roubo e viver de espólio
roubado só de se tornar um oficial público. Do mesmo modo, parlamentos
democraticamente etos não são, assim como qualquer rei absoluto ou
constitucional, vinculados por nenhuma superior, natural, i.e., por que
não são criações próprias (tais como, e incluindo, a assim chamada
constitucional), mas eles podem legislar, i.e., eles podem criar e mudar s.
Somente: Enquanto um rei legisla a seu próprio favor, sob a democracia,
todos são livres para promover e tentar colocar em efeito a legislação a seu
próprio favor, dado apenas que ele ache entrada ao parlamento ou ao
governo.
Previsivelmente, então, sob condições democráticas a tendência de
todo de tomada última de decisão de aumentar o preço da justiça e baixar
sua qualidade não é diminuída, mas agravada.
Teoricamente falando, a transição da monarquia para a envolve não
mais (ou menos) que a substituição de um “dono” de um hereditário
permanente — o rei — por “cuidadores” temporários e intercambiáveis —
seus presidentes, primeiros-ministros, e membros do parlamento. Ambos,
reis e presidentes, produzirão “males”, i.e., eles tributam e eles legislam.
30
Hans-Hermann Hoppe
Ainda assim um rei, porque ele “é dono” do e pode vender e legar seu
reino a um sucessor de sua escolha, seu herdeiro, irá se preocupar sobre as
repercussões de suas ações sobre valores capitais.
Como dono do estoque capital sobre “seu” território, o rei será
comparativamente orientado ao futuro. Para preservar ou aumentar o valor
de sua propriedade, sua exploração será comparativamente moderada e
calculadora. Em contraste, um cuidador democrático temporário e
intercambiável não deve ao país, mas, na medida em que ele está em um
escritório, ele é permitido a usar isso para sua própria vantagem. Ele é dono
de seu uso corrente, mas não de seu estoque capital. Isso não elimina a
exploração. Ao invés, faz a exploração ser míope, orientada ao presente, e
descalculada, i.e., feita com nenhuma ou pouca consideração pelo valor do
estoque de capital. Em suma, ela promove consumo de capital.
Nem é isso uma vantagem da democracia que a livre entrada em
qualquer posição do estado exista (enquanto que sob a monarquia a entrada
é restrita a discrição do rei). Ao contrário, somente a competição na
produção de bens é uma boa coisa. A competição na produção de males,
tais como a tributação e a legislação, não é boa. Na verdade, é pior do que
mal. É maldade pura. Os reis, chegando a sua posição em virtude de
nascimento, podem ser diletantes inofensivos ou homens decentes (e, se
eles são “homens loucos”, eles serão logo contidos ou, se precisar, serão
mortos por pessoas próximas relacionadas preocupadas com as posses da
família real, a dinastia). Em agudo contraste, a por meio de eções
populares faz ser essencialmente impossível para uma pessoa inofensiva
31
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
ou decente sequer chegar ao topo. Presidentes e primeiros ministros
chegaram a sua posição não devido a seus status como aristocratas naturais,
como reis feudais uma vez fizeram, i.e., baseado no reconhecimento de sua
independência econômica, espetacular conquista profissional, vida pessoal
moralmente impecável, sabedoria, juízo e gosto superiores, mas como um
resultado de sua capacidade como demagogos moralmente inescrupulosos.
Assim, a democracia praticamente garante que somente homens perigosos
chegarão ao estágio de topo do governo estatal.
Em adição: Sob a democracia, a distinção entre os regentes e os
regidos torna-se confusa. Até surge a ilusão de que a distinção não existe
mais: com o governo democrático ninguém é governado por ninguém, mas
cada um governa a si mesmo. Portanto, a resistência pública contra o poder
do governo é sistematicamente enfraquecida. Enquanto a exploração e a
expropriação — tributação e legislação — antes podem ter parecido
plenamente opressivas e más para o povo, elas parecem muito menos assim,
a humanidade sendo o que ela é, uma vez que qualquer um pode entrar nas
filas daqueles que estão no fim recebedor e, consequentemente, haverá
mais disso.
Pior: Sob a democracia o caráter social e estrutura de personalidade
de toda a população será mudada sistematicamente. Toda a sociedade será
minuciosamente politizada. Durante a era monárquica, a antiga ordem
aristocrática ainda permaneceu de algum modo intacta. Somente o rei e,
indiretamente, os membros da sua corte (exclusiva) poderiam enriquecer a
si mesmos — por meios de tributação e legislação — às custas de outras
32
Hans-Hermann Hoppe
pessoas e de suas propriedades. Todos os outros tiveram de permanecer
sob seus próprios pés. por assim dizer, e deviam sua posição na sociedade,
sua riqueza e sua renda, a algum tipo de esforço valor-produtivo. Sob a
democracia, a estrutura de é sistematicamente mudada. Aos sentimentos
igualitários e à são dados livre reinado. Todos, não somente o rei, são
agora permitidos a participar na exploração — via legislação ou tributação
— de todos os outros. Todos são livres para expressar quaisquer demandas
confiscatórias. Nada, nenhuma demanda, está fora de limite. Nas palavras
de Bastiat, sob a democracia, o Estado se torna uma grande ficção pela
qual todos buscam viver à custa de todos os outros. Toda pessoa e sua
propriedade pessoal chegam dentro de alcance de todos os outros.
Sob um regime de um-homem-um-voto, então, um maquinário
implacável de riqueza e de redistribuição de renda é posto em movimento.
Deve-se esperar que a maioria dos pobres irão constantemente tentar
enriquecer a eles mesmos às custas das minorias dos possuidores. Isso não
é dizer que haverá apenas uma classe de possuidores e uma classe de não
possuidores, e os pobres, e aquele da redistribuição — via tributação e
legislação — ocorrerão uniformemente desde os ricos até os pobres. Pelo
contrário. Enquanto a redistribuição dos ricos ao pobres sempre
desempenhará um papel proeminente e são, de fato, uma característica e
suporte principal da democracia, seria ingênuo assumir que será a total e
até mesmo a predominante forma de redistribuição. Apesar de tudo, os
ricos e os pobres são geralmente ricos ou pobres por uma razão. Os ricos
são caracteristicamente espertos e industriosos, e os pobres são
33
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
tipicamente tapados, preguiçosos ou ambos. Não é muito provável que
aqueles que são tapados, mesmo se eles comporem uma maioria,
sistematicamente sobrepujem e enriqueçam a eles mesmos às custas de
uma minoria de indivíduos inteligentes e energéticos. Em vez disso, a
maior parte da redistribuição ocorrerá dentro do grupo dos não-pobres, e
isso irá na verdade ser frequentemente os mais ricos que sucedem em ter a
si mesmos sendo subsidiados pelos pobres. (Só pense na "livre" educação
universitária, por meio da classe trabalhadora, cujas crianças raramente
comparecem às universidades, pagam pela educação de crianças de classe
média!) De fato, muitas partes em competição e coalizões tentarão ganhar
às custas de outros. Em adição, haverá uma variedade de critérios de
mudança definindo o que é que faz uma pessoa uma possuidora
(merecendo ser espoliada) e outra uma não-possuidora (merecendo receber
o espólio) — e serão os intelectuais que desempenharão um papel
proeminente em definir e promover esse critério (dando certeza, é claro,
que eles mesmos serão sempre classificados como não possuidores em
necessidade de sempre mais espólio). Também, indivíduos podem ser
membros de uma multidão de grupos de possuidores ou não possuidores,
perdendo por causa de uma característica e ganhando por causa de outro,
com alguns indivíduos sendo perdedores líquidos e outros ganhadores
líquidos da redistribuição.
Em qualquer caso, entretanto, visto que isso é invariavelmente algo
valioso, algo "bom" que está sendo redistribuído — propriedade e renda
— do qual os possuidores supostamente possuem muito e os não
34
Hans-Hermann Hoppe
possuidores muito pouco, qualquer redistribuição implica que o incentivo
de gerar, ter, ou produzir algo de valor — algo "bom" — é
sistematicamente reduzido e, mutatis mudantis, o incentivo de não
conseguir, ter, ou produzir nada de valioso — de não ser ou não ter nada
"bom" — mas recorrer em vez disso a e viver de renda e riqueza distribuída
é sistematicamente aumentado. Em suma, a proporção de boas pessoas e
boas atividades valor-produtivas, é reduzida e a proporção de pessoas mas
ou não tão boas e de hábitos improdutivos, traços de caráter e tipos de
conduta aumentarão, com o resultado geral de empobrecer a sociedade a
fazer a vida cada vez mais desprazerosa.
Quando é impossível prever o resultado exato da permanente luta
democrática de todos contra todos, exceto dizer que ela levará a impostos
cada vez mais altos, a uma enchente sem fim de legislação e assim de
incerteza legal cada vez maior, e consequentemente a um aumento da taxa
de preferência-temporal social, i.e., maior orientação ao curto prazo (uma
“” da sociedade), um resultado dessa luta, um resultado da democracia
pode ser, entretanto, facilmente previsto. A democracia produz e traz a tona
uma nova ou classe dominante. Presidentes, primeiros-ministros, e os
líderes do parlamento e partidos políticos são parte dessa , e eu já fa sobre
eles como demagogos essencialmente amorais. Mas seria ingênuo assumir
que eles podem ser as pessoas mais fortes influentes de todas. Elas são
mais frequentemente somente os agentes e delegados — aqueles fazendo
a licitação — de outras pessoas permanecendo à margem e fora da visão
pública. A verdadeira elite de poder, a qual determina e controla quem ira
35
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
fazê-lo como presidente, primeiro-ministro, líder de partido, etc., são os
plutocratas. Os plutocratas, enquanto definidos pelo grande mas
amplamente esquecido sociólogo americano William Graham Summer,
não são simplesmente os super-ricos — os grandes banqueiros e os
capitães dos grandes negócios e da indústrias. Em vez disso, os plutocratas
são apenas uma subclasse dos super ricos. Eles são aqueles grandes
banqueiros super ricos e homens de negócio, que perceberam o enorme
potencial do Estado enquanto uma instituição que pode tributar e legislar
em prol de seu enriquecimento futuro ainda maior e aqueles, baseado nesse
insight, decidiu lançar a si mesmo na política. Eles percebem que o Estado
pode fazer você muito mais rico do que você já é: seja em subsidiar você,
em premiar você com contratos de estado, ou em passar s que protegem
você de competição ou competidores indesejados, e eles decidem usar suas
riquezas para capturar o Estado e usar a política como um meio para o fim
de seu maior enriquecimento (em vez de se tornar mais rico somente por
meios econômicos, i.e., em melhor servir voluntariamente pagando
clientes do produto de alguém). Eles não precisam se envolver na política.
Eles tem coisas mais lucrativas e importantes para fazer do que desperdiçar
o tempo deles com política cotidiana. Mas eles possuem o dinheiro e a
posição para "comprar" os tipicamente muito menos afluentes políticos
profissionais, ou em pagar diretamente propinas ou indiretamente, ao
concordar em empregá-los mais tarde, e após seu tempo na política
profissional, como gerentes, consultantes ou lobistas altamente pagos, e
assim conseguir decisivamente influenciar e determinar o curso da política
36
Hans-Hermann Hoppe
em seu próprio favor. Eles, os plutocratas, tornar-se-ão os vencedores
últimos na constante luta de redistribuição de renda e riqueza que é a
democracia. E, entre eles (a real permanecendo fora de notoriedade), e
todos aqueles cuja renda (e riqueza) dependem somente ou amplamente do
Estado e de seu poder de tributação (os empregados do aparato sempre
crescente do Estado e todos os receptores de pagamentos de transferência,
seu "clientes de bem-estar social"), a classe média produtiva fica cada vez
mais enxugada.
Não menos importante, a democracia também tem um efeito
profundo sobre a condução de guerras. Eu já expliquei que os reis, porque
eles podem externalizar o custo de sua própria agressão aos outros (via
impostos) tendem a ser mais que "normalmente" agressivos e belicosos.
Entretanto, o motivo de um rei pela guerra é tipicamente uma disputa de
herança de propriedade trazida por uma rede complexa de casamentos
inter-dinásticos e a irregular, mas sempre ocorrente extinção de certas
dinastias. Como violentas disputas de herança, guerras monárquicas são
caracterizadas por objetivos territoriais limitados. Elas não são brigas
ideologicamente motivadas, mas sim disputas sobre propriedades
tangíveis. Ademais, como disputas de propriedade inter-dinásticas, o povo
considera a guerra essencialmente o assunto privado do rei a ser pago por
ele mesmo e como razão insuficiente por qualquer outro aumento de
tributação. Ademais, como conflitos privados entre diferentes famílias
regentes, o povo espera, e os reis se sentem compelidos a reconhecer uma
clara distinção entre combatentes e não combatentes e em visar seus
37
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
esforços de guerra especificamente e exclusivamente um contra o outro e
suas respectivas propriedades pessoais.
A democracia radicalmente transforma as guerras limitadas de reis
em guerras totais. Ao esmaecer a distinção entre os regentes e os regidos,
a democracia reforça a identificação do povo com o Estado. Uma vez que
o Estado é possuído por todos, como os democratas enganosamente
propagam, então só pode ser justo que todos devessem lutar por seu Estado
e todos os recursos econômicos do país sejam mobilizados para o Estado
em suas guerras. E, visto que oficiais públicos encarregados de um estado
democrático podem e não reivindicam pessoalmente "possuir" território
estrangeiro (como um rei pode fazer), o motivo para a guerra em vez disso
se torna um motivo ideológico — glória nacional, democracia, liberdade,
civilização, humanidade. Os objetivos são intangíveis e elusivos: a vitória
de ideias, e a rendição incondicional e a conversão ideológica dos
perdedores (os quais, porque nunca se pode estar certo sobre a sinceridade
da conversão, pode requerer o assassinato e massa de civis). Também, a
distinção entre combatentes e não-combatentes se torna confuso e, em
última instância, desaparece sob a democracia, e o envolvimento em massa
em guerras — o e os populares pelotões de guerra — bem como o “dano
colateral” se torna parte da estratégia de guerra.
Essas tendências ainda serão reforçadas pela ascensão da nova elite
regente de plutocratas. Por um lado, os plutocratas rapidamente realizarão
os enormes lucros a serem feitos ao armar o Estado, produzindo as próprias
armas e equipamentos usados na guerra, e em sendo premiados com os
38
Hans-Hermann Hoppe
contratos financiado por impostos mais generosos em custo-agregado para
fazê-lo. Um complexo industrial-militar será construído. E, segundo, ao
contrário da maioria das pessoas que possuem interesses meramente locais
ou domésticos, os plutocratas super-ricos possuem interesses financeiros
também em locais estrangeiros, potencialmente ao redor de todo o globo,
e para promover, proteger, e impor esses interesses estrangeiros, não é mais
natural que eles usem o poder militar em prol de seu próprio Estado
também para interferir, intrometer-se, ou intervir em assuntos estrangeiros
sob seu nome. Um acordo de negócios em países estrangeiros pode ser
estragado ou uma concessão ou licença pode ser ganha ali — quase tudo
pode ser usado como uma razão para pressionar o próprio Estado de
alguém a vir a seu resgate e a intervir fora de seu próprio território. De fato,
mesmo se essa intervenção requer que um país estrangeiro seja destruído,
isso pode ser uma bênção para eles, dado que somente eles recebem o
contrato para reconstruir o país que suas armas antes destruíram.
Finalmente, a tendência já posta em movimento com a guerra dos
reis de levar a maior centralização política, rumo a construção do império,
é continuada e acelerada através da guerra democrática.
Todo Estado precisa começar territorialmente pequeno. Isso torna
fácil para as pessoas produtivas saírem para escapar de sua taxação e
legislação. Obviamente, um Estado não gosta de ver suas pessoas
produtivas saírem e tenta capturá-las ao expandir seu território. Quanto
mais pessoas produtivas o Estado controla, melhor ele estará. Nesse desejo
expansionista, ele se depara com a oposição de outros Estados. Pode haver
39
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
somente um monopolista de tomada de decisão última em qualquer dado
território. Isto é, a competição entre diferentes Estados é eliminativa. Ou
A vence e controla território, ou B. Quem ganha? Pelo menos no longo
prazo, que o Estado vencerá — e assumir o controle do território de outrem
ou estabelecer sobre ele a força e forçá-lo a pagar tributo —, isso pode
parasiticamente lançar a mão de uma economia comparativamente mais
produtiva. Isto é, outras coisas permanecendo iguais, internamente,
Estados mais "liberais", i.e., Estado com impostos comparativamente
menores e pouca regulação legislativa, vencerão dos menos "liberais", i.e.,
Estados mais opressores, e expandirão seus territórios ou seu alcance de
controle hegemônico.
Há somente um elemento importante em falta ainda nessa
reconstrução da tendência rumo ao imperialismo e a centralização política:
o dinheiro.
Como um monopolista territorial da legislação, todo Estado, seja
monárquico ou democrático, imediatamente reconheceu o potencial
imenso de seu próprio enriquecimento — muito além de qualquer coisa
oferecida por tributação — dado o controle monopolístico do dinheiro. Ao
apontar a si mesmo como o único produtor de dinheiro, o Estado pôde
aumentar e inflacionar a oferta monetária através da : ao produzir um
dinheiro cada vez mais barato e em última instância “sem valor”, tal como
o dinheiro de papel, isso poderia ser produzido praticamente com zero
custo, e assim permitiu o Estado a “comprar” bens reais não monetários
sem custo para ele próprio. Mas em um ambiente de múltiplos estados em
40
Hans-Hermann Hoppe
competição, dinheiros de papel e áreas de moeda, limitações a essa política
de “expropriação através da inflação” entram no jogo. Se um Estado
inflaciona mais que outro, seu dinheiro tende a depreciar no mercado
monetário em relação a outros dinheiros, e as pessoas reagem a essas
mudanças vendendo o dinheiro mais inflacionário e comprando o menos
inflacionário. “Melhor” dinheiro tende a sobrepujar o dinheiro “ruim”.
Isso pode ser prevenido somente se as políticas inflacionárias de
todos os estados são coordenadas e um cartel de inflação é estabelecido.
Mas qualquer tal cartel seria instável. Pressões econômicas internas ou
externas tenderiam a rompê-lo. Pois para o cartel ser estável um impositor
dominante é exigido — o qual leva de volta ao súdito do imperialismo e
da construção de impérios. Porque um Estado dominantemente militar,
uma , pode e irá usar sua posição para instituir e impor uma política de
inflação coordenada e de imperialismo monetário. Ele ordenará seus
Estados vassalos a inflacionar junto com sua própria inflação. Ele irá assim
pressioná-los a aceitar sua própria moeda como sua moeda de reserva, e,
em última instância, substituir todas as outras moedas concorrentes por um
único dinheiro de papel, usado mundialmente e controlado por si mesmo,
de modo a expandir seu poder exploratório sobre outros territórios e, em
última instância, todo o globo mesmo sem mais guerras e conquista.
Mas — e com isso eu estou levemente aproximando ao fim de minha
aventura de tolice e decadência moral e econômica e de ter já tocado em
uma possível via de saída — o imperialismo e a construção de impérios
também portam as sementes de sua própria destruição. Quanto mais um
41
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
Estado chega ao objetivo último de dominação mundial e de um único
governo e dinheiro de papel mundial, menos razão aí está para manter seu
liberalismo interno e fazer ao invés o que todos os Estados estão inclinados
a fazer de qualquer modo, i.e., oprimir e aumentar sua exploração de
quaisquer pessoas produtivas que restem. Consequentemente, sem
tributários adicionais restando e a produtividade doméstica estagnando ou
caindo, as políticas internas de pão e circo do império e suas políticas
estrangeiras de guerra e dominação não podem mais ser mantidas. A crise
econômica bate, e um colapso iminente estimulará , movimentos
separatistas e secessionistas, e levará à desintegração do império.
Qual é, então, a moral de minha história? Eu tentei fazer o mundo
atual ser inteligível, tentei reconstruí-lo como o resultado previsível de
uma série de sucessivos e acumulativos erros econômicos e morais.
Todos nós sabemos os resultados. O preço da justiça aumentou
astronomicamente. A carga tributária imposta sobre donos de propriedade
e produtores faz parecer moderado o fardo imposto sobre escravos e servos
se comparado. Ademais, a subiu a altitudes estratosféricas. Em todo lugar,
estados democráticos estão no vértice da bancarrota. Ao mesmo tempo, a
qualidade da continuamente deteriorou ao ponto em que a ideia de como
um corpo de princípios universais e imutáveis de justiça desapareceu da
opinião e consciência pública e fora substituída pela ideia de como
legislação. Todo detalhe da vida privada, da propriedade e das negociações
e contratos é regulado por montanhas cada vez mais altas de papeis de s.
Em nome da segurança social, pública, ou nacional, nos “protegem” do
42
Hans-Hermann Hoppe
aquecimento e do congelamento global, da extinção de animais e de
plantas e o esgotamento de recursos naturais, de maridos e de esposas, pais
e empregadores, pobreza, doença, desastre, ignorância, prejudício, racismo,
sexismo, homofobia e incontáveis outros “inimigos” e “perigos” públicos.
Ainda assim a única tarefa que o governo era sempre suposto a assumir —
a de proteger nossa vida e propriedade — ele não cumpre. Ao contrário,
quanto mais os gastos estatais em segurança social, nacional, pública
aumentam, mais os direitos de tem sido erodidos, mais propriedade tem
sido expropriada, confiscada, destruída e depreciada, e quanto mais as
pessoas tem sido privadas do próprio fundamento de toda proteção: da
independência pessoal, poder econômico e riqueza privada. Mais s em
papel têm sido produzidas, e mais a incerteza legal e assédio moral tem
sido criado, e a ausência de substituiu a e a ordem. E enquanto nós nos
tornamos sempre mais dependentes, desamparados, empobrecidos,
ameaçados e inseguros, a elite regente de políticos e plutocratas tornou-se
cada vez mais rica, mais corrupta e perigosamente armada e arrogante.
Do mesmo modo, sabemos sobre o cenário internacional. O era-
uma-vez dos Estados Unidos relativamente liberal, através de uma
aparente infinita série de guerras — guerras supostas a tornar o mundo
seguro para a democracia, mas que na realidade eram guerras pela
dominação mundial dos EUA e de seus plutocratas — chegou a subir para
as firas do principal império do mundo e principal global, intrometendo-
se em assuntos domésticos e superimpondo sua regra sobre incontáveis
outros países e suas elites de poder e populações locais. Ademais, como o
43
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
dominante do mundo, os EUA também estabeleceram sua moeda, o dólar
americano como a principal moeda de reserva internacional. E, com o
dólar usado como moeda de reserva por bancos centrais (governamentais)
estrangeiros, os EUA podem entrar em um permanente “déficit sem
lágrimas”. Isto é, os EUA não precisam pagar por seus firmes excessos de
importações sobre exportações, como é normal entre parceiros "iguais",
em ter de mandar cada vez mais exportações para o exterior (exportações
pagando por importações!). Ou melhor: Em vez de usar seus ganhos de
exportações para comprar bens americanos por consumo doméstico,
governos estrangeiros e seus bancos centrais, como um sinal de seus status
de vassalo vis-à-vis um EUA dominante, usa a reserva de dólar de papel
deles para comprar títulos do governo dos EUA para ajudar os americanos
a consumir para além de seus meios às custas de populações estrangeiras
O que eu tentei mostrar aqui é o porquê de tudo isso não ser um
acidente histórico, mas algo que era previsível. Não em todos os detalhes,
é claro, mas na medida em que o padrão geral de desenvolvimento é levado
em consideração. Que o erro último cometido levando a esses resultados
deploráveis foi o estabelecimento de um territorial de tomada de decisão
última, i.e., um Estado, e, portanto, que toda a história que nos foi contada
e ensinada nas escolas e em livretos padrões, que nos apresenta a
democracia como a conquista suprema da civilização humana, é somente
sobre o oposto da verdade.
A questão final, então, é, “Podemos retificar esse erro e voltar a uma
ordem social aristocrática natural?” Eu escrevi e fa sobre a solução última:
44
Hans-Hermann Hoppe
como uma ordem natural moderna — uma sociedade de s privadas —
poderia e iria funcionar, e eu posso somente sumariamente referir você
aqui a essas obras.3 Em vez disso, eu quero somente brevemente tocar aqui,
bem no fim, sobre assuntos de estratégia política: como possivelmente
aproximar a solução última que eu e outros tais como meu grande professor
Murray Rothbard proporam e delinearam — dado o atual estado de coisas.
Como indicado, o sistema democrático está no vértice do e da
bancarrota, como em desenvolvimento particular desde 2007, com a
grande e ainda ocorrendo crise financeira e econômica, relevou. A União
Europeia e o Euro estão em um problema fundamental, e assim estão os
EUA e o dólar americano. De fato, esses são sinais ameaçadores de que o
dólar está gradualmente perdendo seus status como moeda de reserva
internacional dominante. Nessa situação, não muito diferente da situação
depois do colapso do antigo Império Soviético, incontáveis movimentos e ,
separatistas e secessionistas ganharam impulso, e eu defendo que seja dado
o máximo de apoio ideológico possível a esses movimentos.
Pois mesmo se como um resultado de tais novos governos Estatais
desabrochem, sejam democráticos ou outros, Estados territorialmente

3 Eu dei um discurso no Mises Insitute Brasil 2011 entitulado “O Problema


da Ordem Social”. Foi publicado pelo Mises Institute em Auburn, Alabama,
como “State or Private law Society”, e está disponível em:
mises.org/daily/5270/State-or-PrivateLaw-Society

45
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
menores e aumentada competição política tenderão a encorajar moderação
no que diz respeito a exploração de pessoas produtivas por parte do Estado.
Olhe para Liechtenstein, Monaco, Singapura, Hong Kong, e até mesmo a
Suíça, com seus relativamente poderosos pequenos cantões vis-à-vis seu
governo central. De forma ideal, a descentralização deveria proceder até o
nível de comunidades individuais, a cidades livres e vilarejos como uma
vez existiu por toda a Europa. Pense nas cidades da , por exemplo. Em
qualquer caso, mesmo se novos pequenos Estados emerjam ali, somente
nas pequenas regiões, distritos e comunidades irá a estupidez, arrogância
e corrupção dos políticos e os plutocratas locais tornar-se quase
imediatamente visível para o povo e pode concretamente ser rapidamente
corrigida e retificada. E somente em comunidades políticas bem pequenas
isso será possível para membros da , ou o que quer que seja deixado de tal
elite, ganhar de volta o status de e juízes da voluntariamente reconhecidos.

46
Hans-Hermann Hoppe

Sobre o Autor

HANS-HERMANN HOPPE nasceu em 2 de setembro de 1949 em Peine,


Alemanha Ocidental. Ele estudou na Universität des Saarlandes,
Saarbrücken, a Goethe-Universität, Frankfurt/M e a University of
Michigan, Ann Arbor, para estudos em Filosofia, Sociologia, História e
Economia. Ele recebeu seu Ph.D. (Filosofia, 1974) e sua "Habilitação"
(Sociologia e Economia, 1981), ambos pela Goethe-Universität, Frankfurt
Am Main.
Ele ensinou em diversas universidades alemãs, bem como na John
Hopkins University Bologna Center for Advanced International Studies,
Bolonha, Itália. Em 1985, ele se mudou da Alemanha para os Estados
Unidos, para estudar sob Murray Rothbard. Ele permaneceu um associado
próximo de Rothbard até sua morte em Janeiro de 1995.

47
Da Aristocracia à Monarquia à Democracia
Um economista da Escola Austríaca e filósofo libertário/anarco-
capitalista, ele é atualmente Professor Emérito de Economia na UNLV,
Membro Distinto do Mises Institute, antigo editor do Journal of
Libertarian Studies (2005-2009), e fundador e presidente da Property and
Freedom Society (2006-presente).
O Professor Hoppe escreveu extensivamente, algumas de suas
publicações incluem: Democracy: The God That Failed; The Myth of
National Defense; The Economics and Ethics of Private Property; A
Theory of Socialism and Capitalism; Handeln und Erkennen; The Great
Fiction; Kritik der kausalwissenschaftlichen Sozialforschung; Eigentum,
Anarchie und Staat; Wettbewerb der Gauner; e numerosos artigos sobre
filosofia, economia e as ciências sociais. Seus escritos têm sido traduzidos
para trinta línguas.
Ele é casado com a economista Dr.ª A. Gulcin Imre Hoppe e reside
com sua esposa em Istanbul.

48
Hans-Hermann Hoppe

Índice de Nomes

49
Adams, John ................................. 5 Democracy .................................. 11
Against Politics ............................. 4 Democracy: The God That Failed
alistamento .................................. 40 .................................................... 22
apropriação original lockeana11, 13 depreciação da moeda ................. 43
árbitros .................................. 19, 49 dinheiro, controle monopolistca do
aristocracia natural ................4f., 20 .................................................... 42
autoridade ................................... 31 disputas, resolução de ................... 2
autoridade final ............................. 6 dívida governamental.................. 45
busca por poder ............................. 7 donos cuidadores......................... 32
cartel inflacionário ...................... 43 elite de poder......................... 37, 39
colapso econômico...................... 48 elite natural ....................... 4, 20, 49
competição eliminativa ............... 42 empobrecimento da sociedade .... 37
competição na produção de males End of History and the Last Man,
.................................................... 33 The ................................................ 2
constituição, função da ............... 28 era feudal..................................... 22
construção de impérios, o fim da 44 escassez ...............................12f., 17
contratos em custo-agregado ...... 41 estado de natureza hobbesiano ...... 8
crise econômica, inevitabilidade de estados democráticos, atual estado
.................................................... 10 dos ............................................... 45
EUA .................................. 12, 46ff.
Euro (a moeda)............................ 48
cuidadores democráticos ............. 45 exploração e a expropriação sob a
demagogos amorais .................... 37 democracia .................................. 34
democracia ....................10, 29f., 32 feudalismo como ordem natural .....
democracia, ascensão da ....... 35, 40 feudalismo alodial ......................
feudalismo .................. 6, 22f. intelectuais, papel dos ....... 27ff., 36
Fukuyama, Francis ........................2 interpessoais, conflitos ................13
governo, evolução do ....................2 inveja .................... 7, 9, 26f., 29, 34
governo, forma final do.................2 Jasay, Anthony de ..........................4
guerra .... 8, 16, 25, 27, 39ff., 44, 46 Jefferson, Thomas .........................5
hegemonia .......................... 42f., 46 juízes ...........................................20
história padrão .........................1, 22 justiça, preço da...........................45
história teórica ...............................1 Kern, Fritz ...................................22
Hoppe como um ditador..............10 Kingship and Law in the Middle
igualdade perante a lei.................30 Ages ............................................22
igualitárismo..................................9 lei5f., 11, 15, 19ff., 23ff., 28, 30f.,
imperialismo................................25 33, 37f., 45ff.
império ........................................46 leis, novas ......................................5
Império Soviético ........................48 Leviathan, crescimento rumo ao . 11
impérios, construção de por Liga Hanseática ...........................49
democracias .................................43 luta de todos contra todos............37
impostos, papel sob Feudalismo dos Menger, Carl..................................1
.......................................................5 Mises, Ludwig von ........................1
incentivos ....................................34 mito duplicado...............................8
infantilização ...............................37 monarquia................ 8ff., 16, 28, 30
inflação, resultados da .............. 43f. monopólio .6, 10, 21, 24, 29, 32, 47
Inge, Dean W.R. ............................2 ordem natural aristocrática ..........27
intelectuais da corte, papel dos .....7 origem do dinheiro ........................1
países estrangeiros, destruição de situação atual. soluções para a .... 48
.................................................... 41 subordinado a lei, rei................... 21
paz ............................... 2, 17, 19, 49 tendências descentralizadoras .... 10,
possuidores e não possuidores .... 35 44, 48
preferência-temporal ................... 37 União Europeia (EU) .................. 48
privilégios funcionais.................. 30 valores capitais, preocupação do
propriedade ...............................14f. regente com ........................... 10, 32
propriedade "fiduciária"........ 15, 25 véu da ignorância ........................ 17
propriedade estatal ...................... 15
propriedade privada .............. 25, 46
propriedade, direitos de .............. 10
propriedade, títulos de .................. 4
Rawls, John ................................. 17
rei absoluto.................................. 26
rei absoluto, papel do .................. 24
rei constitucional .......................28f.
rei feudal ..................................... 29
reis, orientação ao futuro dos ...... 32
Revolução Francesa .................... 16
Revolução Industrial ..................... 2
seleção de regentes do estado ..... 33
servidão ....................................... 23
servos-tributados ......................... 23

Você também pode gostar