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História da feijoada

Transformada em prato nacional, a feijoada como a conhecemos teria


surgido apenas no século XIX, tornando-se signo da brasilidade com os
modernistas.

A feijoada foi transformada em prato típico nacional possivelmente no século


XX
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A feijoada é um dos pratos típicos mais conhecidos e populares da
culinária brasileira. Composta basicamente por feijão preto, diversas
partes do porco, linguiça, farinha e o acompanhamento de verduras e
legumes, ela é comumente apontada como uma criação culinária dos
africanos escravizados que vieram para o Brasil. Mas seria mesmo essa
a história da feijoada?

Historiadores e especialistas da culinária indicam que esse tipo de prato


– que mistura vários tipos de carnes, legumes e verduras – é milenar.
Remonta possivelmente da área mediterrânica à época do Império
Romano, segundo Câmara Cascudo. Pratos similares na cozinha latina
seriam o cozido, em Portugal; o cassoulet, na França; apaella, à base de
arroz, na Espanha; e a casouela e o bollito misto, na Itália.

Mas a feijoada tem as especificidades da culinária brasileira. O feijão


preto é originário da América do Sul e era chamado pelos guaranis
de comanda, comaná ou cumaná. A farinha de mandioca também tem
origem americana, sendo adotada como componente básico da
alimentação pelos africanos e europeus que vieram para o Brasil. Roças
de feijão e mandioca eram plantadas em diversos locais, inclusive nos
espaços domésticos, em torno das residências, principalmente das
classes populares.

Segundo Carlos Alberto Dória, a origem da feijoada estaria no “feijão


gordo”, o ensopado da leguminosa acrescido de toucinho e carne seca.
A feijoada seria esse “feijão gordo” enriquecido ao extremo, com
linguiças, legumes, verduras e carnes de porco.

A inclusão do último ingrediente acima indicado levou Câmara Cascudo


a questionar se a feijoada seria invenção dos africanos escravizados:
sendo boa parte dos africanos seguidora do islamismo, como poderiam
ter incluído a carne de porco no prato, já que a religião interdita seu
consumo?

O famoso folclorista brasileiro indica que a feijoada como a


conhecemos, composta de feijão, carnes, hortaliças e legumes, seria uma
combinação criada apenas no século XIX em restaurantes frequentados
pela elite escravocrata do Brasil. Sua difusão teria se dado em hotéis e
pensões, principalmente a partir do Rio de Janeiro.

Porém, a propagação da ideia da feijoada como prato nacional seria


consequência das ações dos modernistas para construir uma identidade
nacional brasileira, segundo Carlos Alberto Dória. A feijoada seria um
dos signos da brasilidade, caracterizada pelo tema da antropofagia, da
deglutição cultural que permeou a formação da nação brasileira.

Mário de Andrade apresentou essa perspectiva em seu conhecido livro


“Macunaíma”, de 1924, durante um festim na casa do fazendeiro
Venceslau Pietro Pietra, no qual participou o anti-herói. De acordo com
Dória, a cena seria uma alegoria da cozinha nacional e das diversas
etnias que entraram em contato no Brasil.

Vinicius de Moraes também versou sobre a feijoada, em seu poema


“Feijoada à Minha Moda”, retratando ao final a cena de difícil digestão
do prato: Que prazer mais um corpo pede/ Após comido um tal feijão?/
— Evidentemente uma rede/ E um gato para passar a mão...Por Tales
Pinto
Mestre em História
Tom Jobim
Conhecido como gênio, Tom Jobim ajudou a projetar a Música Popular
Brasileira no exterior, em especial, com a canção “Garota de Ipanema”.

Exímio pianista, Tom Jobim exaltava seu amor pelo Rio de Janeiro nas suas canções. [1]
Texto:

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Um dos artistas brasileiros que teve maior projeção no exterior, Tom


Jobim foi um maestro, músico, cantor, pianista e compositor que, acima
de tudo, gostava de enaltecer nas suas canções seu país e sua cidade
natal, Rio de Janeiro.

Alguns consideram-no o maior gênio da música brasileira. Suas obras


ajudaram a Música Popular Brasileira (MPB) a ficar conhecida no
mundo, na década de 60. Um dos maiores compositores do século XX,
Tom Jobim, junto com o poeta Vinícius de Moraes, é autor da música
brasileira mais famosa da história, a “Garota de Ipanema”.
Vida
Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim nasceu no dia 25 de
janeiro de 1927, em uma casa localizada na rua Conde de Bonfim, no
bairro da Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O músico nasceu em
sua casa, em um parto realizado pela mesma pessoa que trouxe o
sambista e compostor Noel Rosa ao mundo, conforme revela o livro
“Antônio Carlos Jobim, um homem iluminado”, de Helena Jobim.

Tom Jobim era filho do diplomata Jorge de Oliveira Jobim e de Nilza


Brasileiro de Almeida. Somente teve uma irmã, Helena. Com menos de
um ano de idade, a família de Tom Jobim mudou-se para o bairro
de Ipanema, na Zona Sul. Desde sempre, o músico amava a alegria, a
boemia e o jeito de ser do carioca.

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Durante toda a sua carreira, Tom Jobim homenageou, por meio de suas canções, seu bairro Ipanema, seu
estado, Rio de Janeiro, e seu país, Brasil.

Embora se chamasse Antônio, poucos chamavam-no assim. A maioria o


conhecia como Tom ou Tom Tom, apelido dado pela irmã dele, Helena,
que, quando criança, não sabia pronunciar o nome dele. Jobim cresceu
em meio a artistas e à cena boêmia carioca. Desde novo, interessou-se
pela música, por influência dos seus tios que tocavam instrumentos.

Aos 14 anos, o maestro teve suas primeiras aulas de piano com o


compositor alemão Hans Joachim Koellreutter, que lecionava no
Colégio Brasileiro de Almeida, cuja proprietária era sua mãe, Nilza. Tom
também tocou guitarra e flauta. O músico chegou a estudar um tempo
o curso de Arquitetura e Urbanismo, mas o abandonou para se dedicar
à música, sua grande paixão.
Estátua de Tom Jobim no bairro de Ipanema (RJ). [2]

Em 1949, aos 22 anos, casou-se com Thereza de Otero Hermanny, com


quem teve dois filhos, Paulo e Elizabeth. Eles separaram-se em
1978. Ana Beatriz Lontra foi a segunda esposa de Tom Jobim e quem
o acompanhou até o final de sua vida. Casou-se com ela em 1986.
Juntos, tiveram os filhos João Francisco e Maria Luiza.

O músico mantinha uma casa no bairro carioca Jardim Botânico e um


sítio em Poço Fundo (RJ). Além disso, desde os anos 1960 Jobim passou
grande parte da sua vida em Nova Iorque (EUA), cidade que adorava. O
seu apartamento estava localizado próximo ao Central Park.

Veja também: A biografia de Toquinho, importante nome da MPB

→ Nova Iorque
Segundo entrevistas, o compositor disse que gostava da cidade norte-
americana porque, ao estar nela, não precisava provar nada. Ele afirmou
ainda gostar dos arranha-céus do local.

O maestro também concedeu entrevista comentando que gostava de se


dedicar aos animais, às artes e à natureza. Ele preocupava-se com a
destruição, com os incêndios do Amazonas, com os índios, entre outros.

Tom Jobim também afirmou que, ao estar longe do seu país, teve um
ponto de vista diferente, uma consciência maior da sua pátria. Passou
a sentir mais saudade e talvez por isso escrevesse mais coisas das raízes
brasileiras.

→ Morte de Tom Jobim


Tom Jobim morreu em decorrência de uma parada cardíaca, em 8 de
dezembro de 1994, aos 67 anos, no Hospital Monte Sinai, que ficava
perto do seu apartamento em Nova Iorque. A morte de Jobim causou
grande comoção não só no Brasil, como no mundo. O velório foi
realizado no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro.

Obra de Tom Jobim


Compositor, músico, pianista e dono de uma voz suave e harmoniosa,
Tom Jobim é apelidado por muitos como maestro e gênio da Música
Popular Brasileira (MPB). Na sua carreira musical, teve influência
de Chopin, de Debussy e, especialmente, de Heitor Villa-Lobos.

Durante sua vida artística, Jobim compôs sobre três temas com mais
frequência: o amor, a natureza, em especial a fauna e flora
brasileiras, e o Rio de Janeiro. Nas suas obras, também gostava de falar
sobre o Brasil e seus costumes.

→ Início
Já como músico, na década de 40 e início de 50, Tom Jobim tocava piano
em bares e boates dos bairros de Copacabana e Ipanema, apelidados
por ele próprio como “inferninhos”. Paralelamente, estudava
orquestração, harmonia e composição.

Em 1952, o brasileiro foi contratado pela gravadora Continental. O


primeiro grande sucesso musical de Tom Jobim foi um samba-canção
intitulado “Tereza da praia”, em 1954.

→ Principais músicas de Tom Jobim


• “Chega de saudade” (1958)

• “Corcovado” (1960)

• “Samba do avião” (1962)

• “Só danço samba” (1962)

• “Wave” (1967)
• “Águas de março” (1973)

• “Lígia” (1973)

• “Samba de uma nota só” (1974)

Parcerias
A carreira de Tom Jobim foi marcada por inúmeras parceiras de sucesso.
Entre seus parceiros nacionais, podemos citar:

• Astrud Gilberto;

• Baden Powell;

• Billy Blanco;

• Dolores Duran;

• Elis Regina;

• Eliseth Cardoso;

• Flora Purim;

• Gal Costa;

• João Gilberto;

• Newton Mendonça;

• Sergio Mendes;

• Silvinha Teles, entre outros.

Entre as parcerias internacionais, destacam-se as estabelecidas com Stan


Getz, Charlie Byrd, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, entre outros nomes do
universo pop e do jazz.
Tom Jobim e Chico Buarque
receberam prêmio no Festival da Canção, em 1968. [3]
→ Parceria com Vinícius de Moraes

Inquestionavelmente, a parceria mais famosa de Tom Jobim foi com o


poeta Vinícius de Moraes. Segundo o próprio compositor, foi uma
parceria frutífera e muito gratificante, uma das mais importantes da
MPB.

Em meados da década de 50, Moraes estava procurando alguém para


fazer a música da peça “Orfeu da Conceição”. Jobim foi o escolhido.
Começou, assim, a longa parceria de ambos, que também foi levada à
vida pessoal. Juntos, compuseram mais de 50 músicas.

A peça “Orfeu da Conceição” foi lançada em 1956, no Teatro Municipal


do Rio de Janeiro. Jobim orquestrou, regeu e compôs parte de trilha
musical. Fez parte da peça a música “Se todos fossem iguais a você” –
um dos maiores sucessos da dupla.

A peça virou o filme “Orfeu Negro”, que, em 1959, ganhou o Oscar de


melhor filme estrangeiro. Também foi agraciado com a Palma de Ouro
no Festival de Cannes na França.

Confira algumas músicas da parceria entre Tom Jobim e Vinícius de


Moraes:

• “Aquarela”
• “Chega de saudade”

• “Derradeira primavera”

• “Eu não existo sem você”

• “Eu sei que vou te amar”

• “Falando de amor”

• “Insensatez”

• “Garota de Ipanema”

• “Por toda minha vida”

• “Se todos fossem iguais a você”

“Garota de Ipanema”
Embora Jobim e Moraes tenham feito várias parcerias musicais, “Garota
de Ipanema” é a mais conhecida de todas. Pesquisas indicam que essa
canção, mundialmente conhecida, faz tanto sucesso até hoje, porque
fala sobre coisas simples da vida e as pessoas têm empatia por isso.

Em entrevista a uma rádio no final da década de 70, Tom Jobim contou


que o episódio narrado na música “Garota de Ipanema”, a mais famosa
de sua carreira, realmente aconteceu.

Jobim lembrou que, no início dos anos 1960, em Ipanema, realmente


havia uma garota excepcionalmente bonita. Enquanto ele e seus
amigos tomavam um chopp no bar Veloso, a moça passava por lá a
caminho do mar e todo mundo parava para vê-la, porque a moça “era
cheia de graça”.

O compositor criou uns esboços da letra da música e os mostrou ao seu


amigo Vinícius de Moraes, que também deu algumas pitadas. Assim, em
1962, nasceu a canção “Garota de Ipanema”. Em 1965, Jobim disse que
a garota que serviu como inspiração para a música era real e, na época,
tinha 18 anos. Ela chama-se Helô Pinheiro e até hoje tem status de
celebridade.
Gravações

A garota de Ipanema existe e


chama-se Helô Pinheiro. [4]
A música foi tocada pela primeira vez em 2 de agosto de 1962, em um
pequeno nightclub em Copacabana. Porém, o cantor Pery Ribeiro foi o
primeiro artista a gravar a canção, no mesmo ano.

Em 1963, Jobim criou uma versão instrumental para a música e a


inseriu na sua primeira produção americana chamada “O compositor
desafinado”.

“Garota de Ipanema” foi interpretada em inglês por Astrud Gilberto, em


março de 1963, na famosa sala de concertos Carnegie Hall,
em Nova Iorque. O saxofonista de jazz Stan Getz também executou a
canção por cinco minutos.

Segundo estudos, em 1967, o cantor norte-


americano Frank Sinatra ligou para Jobim e pediu-lhe para gravar
“Garota de Ipanema”. Com isso, a música tornou-se mundialmente
conhecida, causando ainda a explosão da Bossa Nova nos EUA.

Em 1964, “Garota de Ipanema” ganhou quatro prêmios Grammy.

A canção foi gravada por vários artistas ao redor do mundo, tais como
Ella Fitzgerald, Madonna, Cher, Amy Winehouse. Alguns artistas
estrangeiros costumam tocar a música nos seus shows para homenagear
o Brasil e os brasileiros.

A música Garota de Ipanema foi a primeira que deu a Tom Jobim grande projeção no exterior

Pesquisas apontam que a música “Garota de Ipanema” foi gravada mais


de 200 vezes ao redor do mundo. Estados Unidos, Alemanha e Japão
são alguns dos países onde foram feitas gravações. Há uma lenda que
diz que “Garota de Ipanema” foi a segunda música mais tocada no
século 20, somente atrás da canção “Yesterday”, dos Beatles.

Graças a essa música, o pequeno bar onde Tom Jobim e Vinicius de


Moraes reuniam-se para ver a “garota passar” mudou seu nome de bar
Veloso para Bar e Restaurante Garota de Ipanema.

Curiosidades de Tom Jobim


• A música “Chega de Saudade”, de 1957, é considerada o marco do
nascimento da Bossa Nova. Foi interpretada por João Gilberto.

• Em 1960, Jobim compõe “Brasília, Sinfonia da Alvorada”, em


homenagem à, então, nova capital brasileira.

• Tom Jobim lançou seu primeiro disco solo (“The Composer of


Desafinado Plays”), em 1963, em Nova Iorque.

• Tom Jobim chegou a pedir um dicionário de rimas ao poeta Carlos


Drummond de Andrade.

• Em 1968, Jobim e Chico Buarque venceram o 3º Festival


Internacional da Canção com a música “Sabiá”. Apesar do prêmio,
ambos receberam vaias da plateia, que preferia a música “Para
Não Dizer que Não Falei de Flores”, de Geraldo Vandré.

• O maestro compôs trilhas de filmes nacionais como “Tempo de


Mar”, 1970; “Eu te amo”, 1981; “Gabriela”, 1983; e “Para viver um
grande amor”, 1983.

• Em 1984, Tom Jobim fundou a Banda Nova, com a qual


excursionou para vários países e da qual fez parte até o fim da
vida.
Homenagem
O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, também conhecido como
Galeão, passou a chamar-se, em 5 de janeiro de 1999, Aeroporto
Antônio Carlos Jobim em homenagem ao músico. Na placa, constam
os seguintes dizeres: “Homenagem da nação brasileira ao maestro
Antônio Carlos Jobim, que soube cantar a beleza da cidade maravilhosa.”

Créditos das imagens:

[1] Crédito: Correio da Manhã / Wikimedia Commons

[2] Crédito: Andre Luiz Moreira / Shutterstock

[3] Crédito: Arquivo Nacional / Wikimedia Commons

[4] Crédito: Arquivo Pessoal

Por Silvia Tancredi


Jornalista
Bumba meu boi
Bumba meu boi é uma festa brasileira predominante no Norte e
Nordeste e encena uma narrativa popular conhecida como auto do
boi. Geralmente essa festividade ocorre em junho.

O boi é o personagem reverenciado nos festejos do bumba meu boi. [1]


Texto:

A-

O bumba meu boi é uma festa popular, com predominância nas


regiões Norte e Nordeste, que teve origem no folclore brasileiro. A
festividade é Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco).

Origem do bumba meu boi


O bumba meu boi surgiu na região Nordeste, no século XVIII, época
em que o gado era de extrema importância na economia local. Além
disso, o boi é um animal com diferentes simbologias ao longo da
história, o que contribuiu para o seu protagonismo no folclore regional.
As festas de boi, como são chamadas as celebrações como o bumba
meu boi, inspiram-se no auto do boi, um conto popular passado por
gerações que traz o seguinte enredo:

Mãe Catirina e Pai Francisco é um casal de escravizados que vive em uma


fazenda no sertão. Grávida, Catirina sente o desejo de comer a língua
do boi mais bonito do dono da fazenda. Para satisfazer o desejo de sua
mulher, Pai Francisco rouba o boi preferido do dono da fazenda, mata
o animal e retira a língua para que sua esposa possa comê-la.

O vaqueiro fica sabendo do roubo e da morte do boi e avisa seu patrão.


Enfurecido, o dono das terras jura vingança e parte em busca do
casal. No fim do auto, os personagens conseguem ressuscitar o boi,
e, como agradecimento, o dono da fazenda promove uma festa.

O auto do boi retrata as diferentes visões sobre o boi e a sua


imponência. Para os escravizados e trabalhadores rurais, o animal era
companheiro de trabalho e sinônimo de força. Para os proprietários de
fazendas, investimento seguro e uma fonte de renda.

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Repressão e preconceito contra as festas do bumba meu boi


Os primeiros registros oficiais do bumba meu boi, no Maranhão,
mostram que a festividade era predominante entre os negros, o que
gerou um descontentamento na sociedade elitista da época. Em 1861,
a manifestação cultural foi proibida, sofrendo uma paralisação de sete
anos.

Durante o período em que o boi esteve parado, entrou em vigor


o Código de Posturas de São Luís, pela Lei Provincial, em 4 de julho de
1866. Seu artigo 4º “proibia a realização de batuques fora dos lugares
permitidos pelas autoridades competentes”.

Mesmo com a volta dos folguedos, os responsáveis pelo bumba meu


boi tinham que pedir, por requerimento, a autorização da polícia para
que pudessem ensaiar e sair para se apresentar nos dias das Festas
Juninas. A burocracia durou de 1876 a 1913.

Veja também: Iara – sereia do folclore brasileiro conhecida como “mãe


d’água”
Nomes do bumba meu boi em diferentes estados
Bumba meu boi é o nome adotado no Maranhão, estado em que a festa
é parte fundamental da cultura de seu povo. No entanto, a manifestação
cultural muda de nome em diferentes partes do país, veja:

• Boi-bumbá: Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima. Festa


em junho, assim como o bumba meu boi.

• Boi de reis: Ceará, no Natal.

• Boi de São João: Ceará, na Festa Junina.

• Boi-calemba: Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

• Boizinho: Rio de Janeiro e São Paulo, no Carnaval.

• Boi de jacá: São Paulo.

• Boi-pintadinho: Rio de Janeiro.

• Boi de mamão: Santa Catarina e Paraná, no Natal.

Como é a festa do bumba meu boi?


O bumba meu boi do Maranhão tem uma grande influência do
catolicismo, sendo São João considerado o seu principal padroeiro. No
entanto, os foliões dividem sua devoção também com São Pedro e São
Marçal.

Apesar da predominância cristã nos simbolismos, o sincretismo está


presente ao misturar os santos juninos, os orixás e seres mágicos.
Algumas versões do folguedo contam com cultos afro-brasileiros, como
tambor de mina e terecô.

No bumba meu boi, os diferentes estilos dos grupos que encenam o


auto do boi são chamados de sotaques. O que os diferencia são os
ritmos musicais, os instrumentos e as vestimentas.

Os principais sotaques do Maranhão são: baixada, matraca, zabumba,


costa de mão e orquestra.
Celebração da festa do bumba meu boi no Maranhão.
Personagens do bumba meu boi
Tradicionalmente a encenação do auto do boi durante a festa do bumba
meu boi tem alguns personagens fixos.

• Brincantes: apesar de não ser um personagem, o público é parte


fundamental do bumba meu boi. Quem acompanha os festejos,
interagindo ou não com os personagens, é chamado de brincante.

• Boi: é o principal personagem da festa, e o enredo gira em torno


dele. A pessoa que conduz o boneco e fica em seu interior durante
o ciclo festivo é chamada de miolo.

• Casal: Pai Francisco e Mãe Catirina representam os escravizados


(em algumas versões, os trabalhadores rurais). Pai Francisco rouba
o boi mais bonito do fazendeiro, mata o animal e lhe corta a língua
para que Mãe Catirina possa comê-la e acabar com o seu desejo.
É comum que Mãe Catirina seja representada por um homem
vestido de mulher durante os festejos do boi.

• Dono da fazenda: é o proprietário do boi. Ele é o responsável


pela caçada ao casal que causou a morte do animal.
• Vaqueiro, índios e caboclos: personagens secundários da
história, eles estão presentes durante a procura ao boi e a
perseguição ao casal.

• Músicos: os personagens são acompanhados por bandas de


diferentes ritmos. O Maranhão, por exemplo, tem a tradição dos
chamados sotaques, grupos folclóricos de diferentes estilos
musicais.

Quando acontece o bumba meu boi?


O ciclo festivo do bumba meu boi tem seu auge em junho, durante as
Festas Juninas do Nordeste. Inclusive, o folguedo tem um dia só seu: 30
de junho. No entanto, é possível encontrar festas de boi em outros
períodos do ano, em outras partes do Brasil.

O ciclo festivo do boi é composto pelo ensaio, batismo do boi,


apresentações e morte.

• Ensaio: é a preparação dos foliões para o folguedo do ano.

• Batismo do boi: é quando o padroeiro da festa abençoa o boi.

• Apresentações: é o auge da festa do boi. As apresentações, ou


brincadeiras, costumam ser realizadas em junho. É comum que as
encenações sejam nas Festas Juninas, mas também podem ser
feitas em outros ambientes.

• Morte: é a finalização do ciclo festivo, sendo mais comum no fim


de julho.

Boi-bumbá de Parintins
O boi-bumbá de Parintins é a versão amazonense do bumba meu boi. A
celebração foi levada ao Amazonas por maranhenses que migraram
para o estado para trabalhar com a extração de borracha, no século XX.

Em 1964, a cidade de Parintins recebeu o primeiro festival oficial do boi-


bumbá, evento chamado na época de Toada Amazônica, nome de
influência indígena. Aliás, a temática da festa é predominantemente
voltada para a cultura indígena, para os povos que fizeram e fazem
história na região amazônica, como Chico Mendes, e para as lendas e
seres místicos da cultura do Norte brasileiro.
O festival é realizado no fim do mês de junho, no Centro Cultural de
Parintins, mais conhecido como bumbódromo. Na ocasião, os bois
Caprichoso e Garantido disputam o título. Diferentemente dos sotaques
maranhenses, o boi-bumbá conta com a marujada do Caprichoso e a
batucada do Garantido.

O Festival de Parintins é uma festa que conta com mais de 38 mil


espectadores por ano, gerando aproximadamente cinco mil empregos,
estimulando o turismo, aquecendo a economia e propagando a cultura.

Crédito das imagens

[1] Erica Catarina Pontes / Shutterstock

Por Lorraine Vilela


Jornalista
Iemanjá
Quem é Iemanjá:
Iemanjá é um orixá (divindade africana) feminino das religiões
Candomblé e Umbanda. O seu nome tem origem nos termos do idioma
Iorubá (língua nígero-congolesa) “Yèyé omo ejá”, que significam “mãe cujos
filhos são como peixes”. É considerada a mãe de todos os adultos e a mãe
dos orixás.

Iemanjá, na verdade, é a divindade do rio que deságua no mar. Ela é filha


de Olokun, o orixá rei dos oceanos. O rio que representa Iemanjá e sua
história é o Rio Ogun, localizado no estado de Oxum, na Nigéria.

Iemanjá é a padroeira dos pescadores. Para as religiões de matriz


africana, como o Candomblé e a Umbanda, é ela quem decide o destino de
todos aqueles que entram no mar. Também é considerada a “Afrodite
brasileira”, a deusa do amor a quem recorrem os apaixonados em suas
demandas amorosas.
No Brasil, a deusa Iemanjá recebe diferentes nomes, dentre eles:
Dandalunda, Inaé, Ísis, Janaína, Marabô, Maria, Mucunã, Princesa de Aiocá,
Princesa do Mar, Rainha do Mar, Sereia do Mar, etc.

Festas e rituais para Iemanjá


No dia 2 de fevereiro é comemorado o dia de Iemanjá. Em Salvador,
capital do Estado da Bahia, acontece a maior festa popular dedicada a
Iemanjá.

Milhares de pessoas trajadas de branco fazem uma procissão até ao templo


de Iemanjá, localizado na praia do Rio Vermelho, onde deixam os presentes
que vão encher os barcos que os levam para o mar.

No Rio de Janeiro, as festas em honra de Iemanjá estão relacionadas com a


passagem de ano.

Nos candomblés fiéis às origens africanas, o culto é prestado em locais


fechados. Nos mais atuais, o culto é ao ar livre, prestado no mar e nas
lagoas, sendo Iemanjá muitas vezes representada como sereia.

Os devotos levam para o mar vários presentes. Os que não afundam ou


que são devolvidos à praia são tidos como rejeitados pela deusa.

Dentre as diversas oferendas para a bela e vaidosa deusa, encontram-se


flores, bijuterias, vidros de perfumes, sabonetes, espelhos e comidas. O
ritual se repete em outras praias do Brasil.

As celebrações em homenagem a Iemanjá também acontecem em 15 de


agosto, 8 de dezembro e 31 de dezembro.

História de Iemanjá
A lenda conta que Iemanjá, filha de Olokun, o soberano dos mares, recebeu
uma poção do pai para que a ajudasse a fugir de possíveis perigos. Após
um tempo, Iemanjá se casa com Olofin-Oduduá, com quem teve dez filhos,
que posteriormente se tornaram orixás.

Por amamentar todos os seus filhos, Iemanjá ficou com seios enormes. Ela
se sentia envergonhada, principalmente após o seu marido caçoar dela por
este motivo. Irritada e triste, Iemanjá resolveu largar o marido e ir atrás da
felicidade.

Nesta jornada, apaixonou-se pelo rei Okerê. Para aceitar se casar com ele,
Iemanjá pediu para que Okerê jamais caçoasse de seus seios enormes.
Porém, após ficar bêbado, o rei começou a zombar dos seus seios, e
Iemanjá fugiu.
O rei tentou persegui-la para se desculpar, mas a rainha do mar usou a
poção que seu pai lhe deu para escapar do marido. A poção a transformou
em um rio, que desaguava no mar.

Com medo de perder a esposa, Okerê se transformou numa montanha


para impedir que o rio alcançasse o mar, e Iemanjá pudesse voltar para ele.

Porém, Iemanjá pediu ajuda ao filho Xangô, que com um raio, partiu a
montanha ao meio, permitindo que o rio seguisse o seu caminho. Assim,
Iemanjá encontrou-se com o oceano e se tornou a rainha do mar.

Iemanjá no sincretismo religioso


Com o sincretismo religioso, Iemanjá corresponde, no catolicismo, à Nossa
Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das
Candeias, Nossa Senhora da Piedade e à Virgem Maria.
Berimbau
Por Emerson Santiago

Recebe o nome de berimbau um instrumento de percussão característico do Brasil,


figura indispensável em todas as rodas de capoeira, apesar de estar presente em outros
contextos, como por exemplo as celebrações do candomblé-de-caboclo (segmento do
candomblé que inclui em seu meio o culto a outras entidades de origem indígena e
mestiça). Nos tempos de escravidão, os africanos utilizavam-se do berimbau para
comunicar-se de modo sigiloso.

Apesar de uma ou outra discordância, é


quase pacífico o entendimento de que o instrumento tenha origem na África e seja de
origem bantu, sendo que podemos até hoje encontrar em partes do continente,
especialmente na região sul, instrumentos bastante similares e tocados de modo
similares ao berimbau. Na verdade, o instrumento migrou até mesmo para a Índia, onde
a comunidade siddhi (os siddhis indianos são descendentes de escravos africanos,
vindos de Moçambique, Tanzânia e Quênia) utiliza um instrumento musical idêntico ao
berimbau, e que recebe o nome de "malunga".

O instrumento é composto de uma cabaça, um arco geralmente feito da madeira


chamada biriba, a qual é envergada por um cabo de arame, uma baqueta com a qual se
percute o arame; ao mesmo tempo em que a mão da baqueta percute o arame, esta
segura o caxixi, um pequeno cesto contendo pequenas sementes ou algo similar dentro,
que ajuda no som percussivo; com a outra mão, o instrumentista segura uma pedra ou
um pedaço de metal (popularmente chamado de dobrão) que é levado de encontro ao
arame, causando variação nos tons emitido pelo arco.

O berimbau produz, basicamente, três texturas de sons, que são a solta (sem a pedra,
com o instrumento longe do corpo), presa (com a pedra friccionando o arame, com a
baqueta atuando acima da pedra, com o instrumento longe do corpo) e chiado (com a
pedra tocando o arame de modo solto, livre, com a baqueta atuando acima da pedra,
com o instrumento preso ao corpo).

Os ritmos comuns ao berimbau são basicamente:

• Angola (solto, preso, silêncio, dois breves chiados)


• São Bento Pequeno de Angola (preso, solto, silêncio, dois breves chiados)
• São Bento Grande (preso, solto, solto, dois breves chiados)
• Benguela (solto, preso, preso, dois breves chiados)
• Toque do mestre Bimba (São Bento Grande do mestre Bimba) (solto, solto,
preso, dois breves chiados combinado a solto, dois breves chiados preso, dois
breves chiados )

Outros ritmos:

• Cavalaria (solto, chiado, solto, dois breves chiados combinado a solto, preso,
solto, dois breves chiados )
• Iuna (solto, chiado, solto, chiado, solto, chiado, solto, chiado, solto, chiado,
solto, solto, chiado, solto, chiado, solto, solto, solto, solto, solto, solto, solto,
chiado, solto, solto, chiado, solto, chiado, )
• Miudinho (preso, chiado, chiado, preso, chiado, chiado combinado a preso,
chiado, chiado, preso, solto, preso)

Bibliografia:
FABIAN. Berimbau Manual (em inglês). Disponível em
<http://capoeirashanghai.com/capoeira/music/136>. Acesso em: 02 out. 2011.

Apsara Midia for Intercultural Education . THE SIDI MALUNGA PROJECT:


Rejuvenating the African Musical Bow in India (em inglês).Disponível em
<http://www.apsara-media.com/Sidi%20Malunga%20Project.html>. Acesso em: 02 out.
2011.

Ilustração: http://blogdoportallivre.wordpress.com/2008/05/15/qi-do-berimbau/

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ONÇA
Onça-pintada
A onça-pintada (Pathera onca) é uma espécie de mamífero carnívoro
que apresenta como característica marcante a presença de manchas
em roseta em sua pelagem de cor amarelada.

A onça-pintada é um animal que, atualmente, sofre com a ação humana, que causa a
destruição de seu habitat.
Texto:

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A onça-pintada (Panthera onca) é uma espécie de felino de corpo


robusto e musculoso encontrada em praticamente todos os biomas
brasileiros, com exceção do Pampa. Esse mamífero carnívoro
é considerado o maior felino das Américas e o maior animal
carnívoro da América do Sul. Atualmente, tem sido ameaçado em
virtude da caça e da destruição de seu habitat.

→ Características da onça-pintada
A onça-pintada, assim como leão, tigre, leopardo-das-neves e
leopardo, é um animal do gênero Panthera. Esses animais
apresentam uma marcante característica em comum: a capacidade de
produzir um som bastante grave chamado esturro, que atua na
comunicação. A onça-pintada destaca-se como o único representante
do gênero Panthera no nosso continente.

É um animal de grande porte e, por isso, é considerado o maior felino


das Américas e o maior carnívoro da América do Sul. Segundo o Instituto
da Onça-Pintada, seu peso varia entre 35 kg e 130 kg, e seu
comprimento pode variar de 1,7 metro a 2,4 metros.

A pelagem da onça-pintada é marcante e caracteriza-se pela presença de manchas em


roseta.

Uma das características mais marcantes desse animal é sua pelagem. A


pelagem da onça varia de amarelo-claro a castanho e destaca-se pela
presença de várias manchas em formato de roseta. Essas manchas
apresentam tamanhos variados e funcionam como se fossem a
impressão digital do animal, o que significa que as manchas tornam cada
onça única. Pesquisadores podem, por exemplo, fotografar esses
animais em uma área e conseguir diferenciá-los por meio da análise de
suas manchas.

Existem outros animais que apresentam manchas semelhantes àquelas


presentes na onça-pintada. É o caso, por exemplo, do leopardo e da
jaguatirica. O leopardo é um animal presente na Ásia e na África. Já a
jaguatirica é encontrada no continente americano e apresenta um
tamanho bem menor que a onça-pintada, possuindo um peso que varia
entre 11 kg e 16kg.

A onça-pintada é um animal que apresenta, principalmente, hábitos


crepusculares, porém é descrito, muitas vezes, como um animal de
hábito noturno. Em alguns locais, no entanto, essa espécie é ativa tanto
durante o dia quanto durante a noite, como é o caso das onças-pintadas
encontradas na Mata Atlântica.

→ Habitat da onça-pintada
Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), a onça-pintada apresenta como área de distribuição do “norte
do México ao noroeste da América do Sul (Colômbia e Equador),
leste do Peru e Bolívia (leste dos Andes), por todo Paraguai e Brasil
e norte da Argentina”. Vale salientar que essa espécie vem diminuindo
suas populações nessas áreas em virtude, principalmente, da ação
humana, que destrói o habitat desse animal e realiza a caça predatória.

As onças são encontradas em diferentes ambientes, que vão desde florestas até ambientes
abertos.

Nos países em que são encontradas, as onças-pintadas ficam em


ambientes de florestas e em ambientes abertos. No Brasil, podemos
observá-las, por exemplo, na Amazônia, na Mata Atlântica, no Pantanal
e no Cerrado.
→ Alimentação da onça-pintada
A onça-pintada é um animal carnívoro, ou seja, que se alimenta de
outros animais. Geralmente, seus alimentos são animais silvestres,
como veados, queixadas, catetos, tatus, veados e jacarés.

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É importante salientar ainda que as onças-pintadas podem alimentar-se


de animais domésticos, entretanto, esse tipo de alimentação não é
comum, ocorrendo, geralmente, como consequência da perda de
habitat. O maior problema de alimentar-se de animais domésticos está
no fato de que a onça é vista, por isso, como um perigo, tornando-se,
então, vítima da caça predatória.

A onça-pintada é um animal carnívoro que se alimenta, preferencialmente, de animais


silvestres.

→Reprodução da onça-pintada
As onças-pintadas vivem, geralmente, de maneira solitária,
interagindo com indivíduo de outro sexo apenas no período de
reprodução. Geralmente, a fêmea atinge a maturidade sexual entre 2
anos e 3 anos de idade, e o macho entre 3 anos e 4 anos.

No período reprodutivo, os machos são atraídos pelo odor produzido


pela fêmea e pela vocalização por elas produzida. Os machos e fêmeas
interagem por alguns dias e copulam nesse período. Após a fecundação,
inicia-se a gestação, que pode durar entre 90 dias e 110 dias.

Normalmente, uma onça dá à luz um ou dois filhotes, podendo nascer


até quatro. A mãe cuida de seus filhotes até que eles atinjam cerca de
dois anos, período utilizado para garantir que conseguirão sobreviver
sozinhos no meio.

→ Extinção da onça-pintada
Na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (União Internacional
para Conservação da Natureza), a onça-pintada está classificada,
atualmente, como quase ameaçada. Essa classificação indica que,
provavelmente, essa espécie, em um futuro próximo, estará em perigo.
A classificação nessa categoria ocorre, principalmente, em virtude da
destruição do habitat desse animal e da caça predatória, que tem
reduzido de maneira significativa as populações de onças.

→ Curiosidades sobre a onça-pintada

Você sabia que a onça-preta e a onça-pintada são da mesma espécie?

A onça-pintada é uma espécie bastante emblemática do nosso país e


encanta por seu tamanho e por suas cores marcantes. Vamos conhecer
a seguir algumas características curiosas que tornam a onça-pintada
ainda mais interessante:

• É o maior felino das Américas.


• É o maior carnívoro da América do Sul.

• Não está presente no Pampa.

• Está no topo da cadeia alimentar nas áreas em que é encontrada.

• Alimenta-se de mais de 85 espécies diferentes.

• A potência da mordida de uma onça-pintada é a maior quando


comparada a de outros felinos.

• Vive cerca de 15 anos.

• Os filhotes de onça-pintada recém-nascidos pesam entre 700


gramas e 900 gramas.

• Os filhotes nascem sem serem capazes de enxergar, abrindo seus


olhos entre 7 dias e 13 dias após o nascimento.

• Apesar de serem felinos, as onças não miam, mas emitem uma


espécie de ronco, denominado esturro.

• As manchas no corpo de uma onça-pintada são diferentes


daquelas encontradas em leopardos. Enquanto nas onças-
pintadas a mancha tem forma de roseta com um círculo
envolvendo um ponto preto central, nos leopardos, a mancha tem
forma de círculo.

• A onça-preta e a onça-pintada, na realidade, são da mesma


espécie, entretanto, observa-se que a onça-preta possui mais
melanina, o que confere uma cor mais escura a seu pelo.

Por Ma. Vanessa Sardinha dos Santos


Vitória-régia

A lenda da Vitória-régia
Texto:
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A lenda da vitória-régia é muito popular no Brasil, principalmente na
região Norte. Diz a lenda que a Lua era um deus que namorava as mais
lindas jovens índias e sempre que se escondia, escolhia e levava
algumas moças consigo. Em uma aldeia indígena, havia uma linda
jovem, a guerreira Naiá, que sonhava com a Lua e mal podia esperar o
dia em que o deus iria chamá-la.

Os índios mais experientes alertavam Naiá dizendo que quando a Lua


levava uma moça, essa jovem deixava a forma humana e virava uma
estrela no céu. No entanto a jovem não se importava, já que era
apaixonada pela Lua. Essa paixão virou obsessão no momento em que
Naiá não queria mais comer nem beber nada, só admirar a Lua.

Numa noite em que o luar estava muito bonito, a moça chegou à beira
de um lago, viu a lua refletida no meio das águas e acreditou que o
deus havia descido do céu para se banhar ali. Assim, a moça se atirou
no lago em direção à imagem da Lua. Quando percebeu que aquilo
fora uma ilusão, tentou voltar, porém não conseguiu e morreu
afogada.

Comovido pela situação, o deus Lua resolveu transformar a jovem em


uma estrela diferente de todas as outras: uma estrela das águas –
Vitória-régia. Por esse motivo, as flores perfumadas e brancas dessa
planta só abrem no período da noite.
Dia do gaúcho

Chimarrão: origem e mistérios da bebida símbolo dos


gaúchos
Por

Anderson Hartmann, de Porto Alegre, especial para Bom Gourmet

Foto: André Rodrigues / Arquivo Gazeta do Povo.| Foto:

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“O uso dessa bebida é geral aqui. Toma-se ao levantar da cama e


depois várias vezes ao dia. A chaleira de água quente está sempre ao
fogo e logo que um estranho entra em casa se lhe oferece o mate”.
Estas são palavras do naturalista francês Auguste de Saint Hilaire, após
visita em solo gaúcho por volta do ano de 1820.

Bebida símbolo do Rio Grande do Sul, o chimarrão é um legado dos


índios Guaranis. Sempre presente no dia a dia, constitui-se de uma das
tradições mais representativas deste povo. É também conhecido como
mate amargo, mas não tem nada de amargo em seu significado: é
sinônimo da hospitalidade e da amizade do gaúcho.

Farofa de erva-mate do restaurante BAH. Foto: Divulgação


Tradicionalmente é cevado sem açúcar (antigamente o mate doce era
essencialmente feminino), preparado em uma cuia (obtida a partir do
porongo ou cabaça) e sorvido através de uma bomba. É a bebida
proveniente da infusão da erva-mate, planta nativa das matas sul-
americanas, inclusive do Rio Grande do Sul.

Segundo Jéssica Thaís Herrera (1ª Prenda do Rio Grande do Sul), o


chimarrão percorre de mão em mão, transportando a história, a cultura
e a essência do povo gaúcho. "Por isso, nas rodas de mate reina a
liberdade, a igualdade e a humanidade, fazendo jus à titulação de
símbolo da hospitalidade”, afirma.

<< Aprenda a preparar o chimarrão perfeito

Um pouco de história

Assim como é comum comer acarajé quando se visita Salvador, ou pão


de queijo quando se vai a Minas Gerais, impossível visitar o Rio Grande
do Sul sem experimentar o chimarrão. Contam os historiadores que
sua descoberta está atrelada aos Guaranis das terras do município
paranaense de Guaíra – cerca de 3.000 indígenas famosos por sua
vitalidade, força, alegria e hospitalidade, graças ao consumo da infusão
dessa espécie de chá, com folhas fragmentadas da erva-mate. É o que
hoje chamamos de chimarrão, bebida que se espalhou não só pelo Sul
do Brasil mas também por outros estados e países vizinhos.

Modo de preparo

O chimarrão apesar de ser hábito cotidiano, carrega em seu íntimo


muitos significados. Foto: Divulgação

A constituição do chimarrão é fácil. É composto por uma cuia,


uma bomba, erva-mate e água quente, seguidos de algumas regrinhas
que veremos a seguir. Para iniciar o mate tradicional, a cuia deve ser
necessariamente de porongo. A bomba, por sua vez, nos primórdios
era de feita de taquara (bambu), mas nos dias atuais, preferem-se
outros materiais, como o metal.

A erva-mate é o segredo do chimarrão, ela define o sabor da bebida,


que em geral tem um amargor típico, também podendo ser defumada
ou ainda contar com misturas de chás (essa mistura é conhecida como
“mate jujado”). Essa erva é originária das folhas e caules finos da árvore
Ilex paraguariensis e para estar pronta para o uso, passa por vários
estágios de secagem, torragem e trituração.

Sem esquecer que a água, embora quente, não pode estar fervendo
para que, com seu calor excessivo, não “queime” a erva (nem a boca) e
tire as propriedades medicinais da bebida. É o que nos explica a
tradicionalista Priscila Tisott, avaliadora oficial do Movimento
Tradicionalista Gaúcho e Prenda do Rio Grande do Sul por três
ocasiões: “costuma-se dizer que para que a água esteja na temperatura
certa, deve-se desligar o fogo ao chiar da chaleira”, acrescenta Priscila.

Propriedades do chimarrão

Rico em vitaminas B1, B2 e C, bem como em sais de cálcio, ferro, sódio


e magnésio, é considerado por estudiosos como um estimulante geral,
tanto motor quanto vegetativo, além de diminuir a fome, auxiliar na
digestão, combater a fraqueza e curar ressaca! E não para por aí: em
“História do Chimarrão”, o folclorista Luiz Carlos Barbosa Lessa afirma
ainda que o chimarrão desperta funções de inteligência, diminui a
sensação de sede e a fadiga, tonifica o coração, diminui a produção de
ureia, ajuda na função renal e ainda combate o cansaço intelectual.

O mate e seus significados

Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul


respondem pelos mais de 77 mil hectares colhidos de erva-mate em
2016 no Brasil
Em “Cevando o Mate”, o escritor Glênio Fagundes retrata algumas
facetas históricas, antropológicas e culturais do chimarrão como, por
exemplo, variações na forma de consumo da bebida que falam por si.
Alguns significados podem ser percebidos de acordo como se oferece
a bebida:

Mate com canela: só penso em ti

Mate com mel: quero casar contigo

Mate frio: desprezo-te

Mate enchido pelo bico da bomba: vás embora

Mate com sal: não apareças mais aqui

Mate servido com a mão esquerda: você não é bem-vindo (a)

Mate com açúcar: simpatia

Combinações gastronômicas

Mousse de erva-mate com frutas vermelhas – À moda Brasil


Gastronomia. Foto: Divulgação

A importância gastronômica dessa bebida é de muita notoriedade e


sua principal característica é ser uma bebida degustada coletivamente,
hábito derivado da tradição dos Guaranis de compartilhar a erva
cevada em rituais comunitários. E como símbolo da hospitalidade,
geralmente a cuia de chimarrão vem acompanhada de boa conversa e
algumas delícias típicas: bolinho de chuva, pipoca, cueca virada, cuca,
dentre outras.

Além de ser matéria-prima para o chimarrão, de uma forma bastante


inusitada a erva-mate tem sido utilizada como ingrediente para
diversas receitas: sorvetes, mousses, bolos, farofas, rapaduras, trufas,
patês, pães, panetones, alfajores, risoles e até pizzas. Seu sabor de
identidade é notório em todas as receitas.

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