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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Natália Zamar Taques Duarte da Costa

Estudo do comportamento mecânico de misturas caulim-bentonita através de


ensaios de caracterização e cisalhamento direto

Florianópolis
2022
2

Natália Zamar Taques Duarte da Costa

Estudo do comportamento mecânico de misturas caulim-bentonita através de


ensaios de caracterização e cisalhamento direto

Trabalho de Conclusão de Curso


Engenharia Civil do Centro Tecnológico
da Universidade Federal de Santa Catarina
como requisito para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil
Orientadora: Profa. Gracieli Dienstmann, Dra.

Florianópolis
2022
3
4

Natália Zamar Taques Duarte da Costa

Estudo do comportamento mecânico de misturas caulim-bentonita através de ensaios


de caracterização e cisalhamento direto

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do título de
Engenheiro Civil e aprovado em sua forma final pelo Curso de Engenharia Civil.

Departamento de Engenharia Civil, 08 de dezembro de 2022.

___________________________
Coordenação do Curso

Banca examinadora

____________________________
Prof.(a) Gracieli Dienstmann, Dr.(a)
Orientador(a)

___________________________
Prof. Naloan Coutinho Sampa, Dr.
UFSC

___________________________
Prof.(a) Stephanie Thiesen, Dr.(a)
UFSC

Florianópolis, 2022.
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a minha professora e orientadora Gracieli


Dienstmann, por confiar em mim, acreditar no meu potencial e me dar uma nova
oportunidade de trabalhar com a geotecnia e aprimorar as práticas laboratoriais.
Também por me ensinar muito sobre geotecnia e mecânica dos solos e por sempre
tirar minhas dúvidas e auxiliar no desenvolvimento dos ensaios.
Agradeço a todo o departamento de Engenharia Civil, por tudo que eu aprendi
e por todos esses anos de desenvolvimento estudantil e pessoal que tive pelos dias
que frequentei o prédio do ECV e o campus da UFSC como um todo.
Agradeço aos meus amigos que fiz durante o curso. Da minha turma em
especial, agradeço por todas as ajudas com trabalhos, pelos dias estudando até tarde
para as provas, pelas festas, pelos passeios, por tudo.
Agradeço aos outros frequentadores do Laboratório de Mecânica dos Solos
da UFSC, que me auxiliaram na execução dos ensaios.
Por fim, mas não menos importante, agradeço à minha família, pelo apoio
financeiro, emocional e até espiritual, que com toda a certeza, fizeram toda a diferença
nesses anos que passamos separados. Vocês sempre serão minha maior inspiração
e são o motivo de eu continuar querendo ser cada vez melhor.
6

RESUMO

As argilas são os solos que apresentam maiores alterações nas suas propriedades
quando em contato com a água. O tempo em que ficam nesse contato, o tipo de argila
e a quantidade de argila são variáveis nos parâmetros de resistência em uma mistura.
O caulim, por ser um argilomineral que se apresenta relativamente estável na
presença d’água, quando misturado com a bentonita, outro argilomineral, porém com
propriedades expansivas e tixotrópicas, pode apresentar mudanças nos parâmetros
de resistência quando submetidos a um tempo maior de hidratação, ou seja, mais
tempo de contato com água. Devido à importância de analisar essas propriedades das
argilas, o objetivo deste trabalho é de identificar mudanças e analisar o
comportamento geotécnico de misturas caulim-bentonita submetidas a diferentes
tempos de hidratação, através da realização de ensaios de cisalhamento direto.
Inicialmente, para determinar as propriedades físicas da mistura, foram realizados
ensaios de umidade higroscópica, de limites de plasticidade e de liquidez, com auxílio
de equipamentos disponíveis no Laboratório de Mecânica dos Solos da Universidade
Federal de Santa Catarina. Após caracterizada a amostra, foram moldados corpos de
prova e armazenados na câmara úmida para aplicar os tempos de hidratação de 1, 7
e 14 dias. Após os devidos tempos, foram realizados ensaios de cisalhamento direto.
A técnica de moldagem utilizada foi a de espatulamento do material. O cisalhamento
direto de cada amostra tinha duas etapas, a de consolidação, onde o material era
mantido por 24 horas no equipamento e as deformações verticiais eram medidas, o
que possibilitou a verificação das condições de drenagem, e a segunda etapa era o
cisalhamento, que forneceu dados de tensões e deformações. Após a realização de
ensaios para duas misturas diferentes, foi observado que para a mistura com menor
teor de bentonita, o aumento do tempo de hidratação resultou em maiores valores
dângulo de atrito. E o incremento de bentonita na mistura resultou em redução dos
valores do coeficiente de permeabilidade (ou de adensamento), e para os tempos de
hidratação de 1 e 7 dias, a adição de bentonita reduz o parâmetro friccional e
incrementa a parcela coesiva. Para o tempo de hidratação de 14 dias o incremento do
teor de bentonita resultou em um incremento do parâmetro friccional e redução do
parâmetro coesivo. No entanto, as condições de drenagem não foram satisfatórias
para a velocidade de ensaio adotada, assim, foram realizados outros dois ensaios em
7

uma velocidade reduzida, que resultou em melhores condições de drenagem, e


quanto aos valores de tensões apresentados, foram semelhantes aos da velocidade
anterior. Portanto, após os ensaios de caracterização e cisalhamento direto, essa
pesquisa resultou em desenvolver um estudo aplicado a misturas de argilas
produzidas artificialmente em laboratório.

Palavras-chave: caulim-bentonita; tempo de hidratação; ensaio de cisalhamento


direto.
8

ABSTRACT

Clays are soils that show the greatest changes in their properties when in contact with
water. The time they remain in this contact, the type of clay and amount of clay are
variables in the resistance parameters of a mixture. Kaolin, a clay mineral that is
relatively stable in the presence of water, when mixed with bentonite, another clay
mineral, but with expansive and thixotropic properties, may present changes in
resistance parameters when subjected to a longer hydration time, that is, more time of
contact with water. Thus, the objective of this work is to identify changes and analyze
the geotechnical behavior of kaolin-bentonite mixtures subjected to different hydration
times, through direct shear tests. Initially, to determinate the physical properties of the
mixture, tests of hygroscopic humidity, limits of plasticity and liquidity were carried out,
with the aid of equipment available at the Laboratory of Soil Mechanics (LMS) of the
Federal University of Santa Catarina (UFSC). After characterizing the sample,
specimens were molded and stored in the humid chamber, to apply the hydration times
of 1, 7 and 14 days. After due time, direct shear tests were performed. The molding
technique used was spatulation of the material. The direct shearing of each sample
had two stages, the consolidation stage, where the material was kept for 24 hours in
the equipment and the vertical deformations were measured, which would make it
possible to verify the drainage conditions, and the second stage was the shearing,
which provided stress and strain data. After carrying out tests for two different mixtures,
it was observed that for the mixture with lower bentonite content, the increase in
hydration time resulted in higher values of friction angle. And the increase of bentonite
in the mixture resulted in a reduction of the permeability coefficient values, and for the
hydration times of 1 and 7 days, the addition of bentonite reduces the frictional
parameter and increases the cohesive portion. For the hydration time of 14 days, the
increase in bentonite content resulted in an increase in the frictional parameter and a
reduction in the cohesive parameter. However, the drainage conditions were not
satisfactory for the adopted test speed, thus, two other tests were carried out at a
reduced speed, which resulted in better drainage conditions, and as for the stress
values presented, they were similar to those of the previous speed. Therefore, after
the characterization and direct shear tests, this research resulted in the development
of a study applied to mixtures of clays produced artificially in the laboratory.
9

Keywords: kaolin-bentonite; hydration time; direct shear test.


10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Unidades cristalográficas fundamentais .................................................... 20


Figura 2 - Argilominerais formados a partir da associação das unidades
cristalográficas .......................................................................................................... 21
Figura 3 - Estruturas das argilas ............................................................................... 23
Figura 4 - Estrutura das argilas em relação ao cisalhamento (a) estrutura floculada;
(b) estrutura floculada no pico de cisalhamento; e (c) dispersa a grandes
deformações.............................................................................................................. 24
Figura 5 - Estrutura das argilas em relação ao evolução do cisalhamento ............... 24
Figura 6 - Argamassadeira com mistura caulim-bentonita ........................................ 32
Figura 7 - Material misturado sendo vertido dentro do molde ................................... 32
Figura 8 - Posição da amostra e do equipamento de ensaio na bancada de testes . 33
Figura 9 - Resultados de resistência não-drenada de misturas de caulim-bentonita de
Alves et al. (2010) ..................................................................................................... 34
Figura 10 - Resultados de testes de cisalhamento direto executado em taxas de
cisalhamento rápidas e lentas em caulinita ............................................................... 35
Figura 11 - Resultados dos ensaios de cisalhamento para amostras de caulim ....... 37
Figura 12 - Resultados dos ensaios de cisalhamento para amostras de caulim-
bentonita ................................................................................................................... 38
Figura 13 - Método de espatulamento ....................................................................... 39
Figura 14 - Método de carregamento prévio (A) Cilindro de compactação (B)
espaçadores metálicos .............................................................................................. 39
Figura 15 - Envoltórias da resistência da tensão de pico e pós pico (Espatulamento)
.................................................................................................................................. 40
Figura 16 - Envoltórias da resistência da tensão de pico e pós pico (Carregamento
prévio) ....................................................................................................................... 41
Figura 17 - Gráfico das tensões normais para a velocidade B .................................. 43
Figura 18 - Gráfico das deformações para a velocidade B ....................................... 44
Figura 19 - Envoltória de resistência para a velocidade B ........................................ 44
Figura 20 - Apresentação das argilas utilizadas nesta pesquisa: Caulim e Bentonita
.................................................................................................................................. 46
Figura 21 - Aparelho de Casagrande ........................................................................ 48
Figura 22 - Aparelhagem do ensaio de LL ................................................................ 48
Figura 23 - Curva de fluidez para determinação do limite de liquidez de um silte
argiloso ...................................................................................................................... 50
Figura 24 - Aparelhagem do ensaio LP ..................................................................... 51
Figura 25 - Aparelho de ensaio de cisalhamento direto do LMS ............................... 53
Figura 26 - Caixa bipartida e peças complementares ............................................... 54
Figura 27 - Amostra de mistura moldada na caixa bipartida ..................................... 55
Figura 28 - Derivação do tempo até a falha da curva de consolidação ..................... 57
Figura 29 - Curva de fluidez da mistura C95B5......................................................... 60
Figura 30 – Gráfico Consolidação C95B5, 17 kPa, 1 dia .......................................... 63
11

Figura 31 - Gráfico Consolidação C95B5, 25 kPa, 1 dia ........................................... 64


Figura 32 - Consolidação, C95B5, 35 kPa, 1 dia ....................................................... 65
Figura 33 - Gráfico Tensões Cisalhantes, C95B5, 1 dia ........................................... 66
Figura 34 - Gráfico Deformações, C95B5, 1 dia........................................................ 66
Figura 35 - Gráfico Tensões Normalizadas, C95B5, 1 dia ........................................ 68
Figura 36 - Envoltória de ruptura, C95B5, 1 dia ........................................................ 69
Figura 37 - Consolidação, C95B5, 17 kPa, 7 dias ..................................................... 70
Figura 38 - Consolidação, C95B5, 25 kPa, 7 dias ..................................................... 71
Figura 39 - Consolidação, C95B5, 35 kPa, 7 dias ..................................................... 72
Figura 40 - Gráfico Tensões Cisalhantes, C95B5, 7 dias .......................................... 73
Figura 41 - Gráfico Deformações, C95B5, 7 dias ...................................................... 73
Figura 42 - Gráfico Tensões Normalizadas, C95B5, 7 dias ...................................... 75
Figura 43 - Envoltória de ruptura, C95B5, 7 dias ...................................................... 76
Figura 44 - Consolidação, C95B5, 17 kPa, 14 dias ................................................... 77
Figura 45 - Consolidação, C95B5, 25 kPa, 14 dias ................................................... 77
Figura 46 - Consolidação, C95B5, 14 dias ................................................................ 78
Figura 47 - Gráfico Tensões Cisalhantes, C95B5, 14 dias ........................................ 79
Figura 48 - Gráfico Deformações, C95B5, 14 dias .................................................... 79
Figura 49 - Gráfico Tensões Normalizadas, C95B5, 14 dias .................................... 81
Figura 50 - Envoltória de ruptura, C95B5, 14 dias .................................................... 82
Figura 51 - Consolidação, C80B20, 17 kPa, 1 dia ..................................................... 83
Figura 52 - Consolidação, C80B20, 25 kPa, 1 dia ..................................................... 84
Figura 53 - Consolidação, C80B20, 35 kPa, 1 dia ..................................................... 85
Figura 54 - Gráfico Tensões Cisalhantes, C80B20, 1 dia ......................................... 86
Figura 55 - Gráfico Deformações, C80B20, 1 dia ...................................................... 86
Figura 56 - Gráfico Tensões Normalizadas, C80B20, 1 dia ...................................... 88
Figura 57 - Envoltória de ruptura, C80B20, 1 dia ...................................................... 89
Figura 58 - Consolidação, C80B20, 17 kPa, 7 dias ................................................... 90
Figura 59 - Consolidação, C80B20, 25 kPa, 7 dias ................................................... 91
Figura 60 - Consolidação, C80B20, 35 kPa, 7 dias ................................................... 92
Figura 61 - Gráfico Tensões Cisalhantes, C80B20, 7 dias ........................................ 93
Figura 62 - Gráfico Deformações, C80B20, 7 dias .................................................... 93
Figura 63 - Gráfico Tensões Normalizadas, C80B20, 7 dias .................................... 95
Figura 64 - Envoltória de ruptura, C80B20, 7 dias .................................................... 96
Figura 65 - Consolidação, C80B20, 17 kPa, 14 dias ................................................. 97
Figura 66 - Consolidação, C80B20, 25 kPa, 14 dias ................................................. 98
Figura 67 - Consolidação, C80B20, 35 kPa, 14 dias ................................................. 99
Figura 68 - Gráfico Tensões Cisalhantes, C80B20, 14 dias .................................... 100
Figura 69 - Gráfico Deformações, C80B20, 14 dias ................................................ 100
Figura 70 - Gráfico Tensões Normalizadas, C80B20, 14 dias................................. 102
Figura 71 - Envoltória de ruptura, C80B20, 14 dias ................................................ 103
Figura 72 - comportamento 1 dia de hidratação (tensões cisalhantes) ................... 104
Figura 73 - comportamento 1 dia de hidratação (deformações) .............................. 104
12

Figura 74 - Comportamento 7 dias de hidratação (tensões cisalhantes) ................ 105


Figura 75 - Comportamento 7 dias de hidratação (deformações) ........................... 105
Figura 76 - Comportamento 14 dias de hidratação (tensões cisalhantes) .............. 106
Figura 77 - Comportamentp 14 dias de hidratação (deformações) ......................... 106
Figura 78 - Envoltórias C95B5 ................................................................................ 107
Figura 79 - Envoltórias C80B20 .............................................................................. 108
Figura 80 - Consolidação, C95B5, 25 kPa, 1 dia, Velocidade D ............................. 109
Figura 81 - Consolidação, C95B5, 25 kPa, 7 dias, Velocidade D ............................ 109
Figura 82 - Gráfico Tensões Cisalhantes, C95B5, 1 dia, 25kPa, Velocidade D ...... 110
Figura 83 - Gráfico Deformações, C95B5, 1 dia, 25 kPa, Velocidade D ................. 111
Figura 84 - Gráfico Tensões Cisalhantes, C95B5, 7 dias, 25 kPa, Velocidade D ... 111
Figura 85 - Gráfico Deformações, C95B5, 7 dias, 25 kPa, Velocidade D ............... 112
Figura 86 - Gráfico Tensões Cisalhantes, ensaio após ruptura............................... 113
Figura 87 - Gráfico Deformações, ensaio após ruptura ........................................... 113
Figura 88 - Gráficos tensãoXdeformação comparativos velocidades B e D ............ 114
Figura 89 - Gráficos tensãoXdeformação comparativo velocidades (até 5%) ......... 115
13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Intervalos dos IP....................................................................................... 28


Tabela 2 - Valores típicos de índices de plasticidade para argilas comuns .............. 29
Tabela 3 - Valores de LL, LP e IP de Alves et al. (2010) ........................................... 33
Tabela 4 - Composição e índices de propriedades das argilas utilizadas por Bro et al.
(2013) ........................................................................................................................ 36
Tabela 5 - Resultados dos ensaios de cisalhamento direto em misturas caulim-
bentonita ................................................................................................................... 36
Tabela 6 - Ângulo de atrito (ɸ) e Coesão (c') - Espatulamento .................................. 41
Tabela 7 - Ângulo de atrito (ɸ) e Coesão (c') - Carregamento prévio ........................ 41
Tabela 8 - Quadro geral dos ensaios realizados por Costa (2020) ........................... 42
Tabela 9 - Apresentação da caracterização do caulim utilizado por Costa (2020). ... 42
Tabela 10 - Cálculo do tempo de consolidação......................................................... 43
Tabela 11 - Parâmetros de resistência obtidos ......................................................... 44
Tabela 12 - Teores de umidade naturais ................................................................... 59
Tabela 13 - Resultados do ensaio LL para a mistura C95B5 .................................... 59
Tabela 14 - Resultado final dos ensaios LL .............................................................. 60
Tabela 15 - Resultados do ensaio LP para a mistura C95B5 .................................... 61
Tabela 16 - Resultado final dos ensaios LP .............................................................. 61
Tabela 17 - Índices de plasticidade das misturas ...................................................... 62
Tabela 18 – Verificação das condições de drenagem, C95B5, 1 dia ........................ 67
Tabela 19 - Tensões para deslocamento de 5 mm, C95B5, 1 dia. ............................ 69
Tabela 20 - Valores típicos para ângulo de atrito interno de argilas .......................... 70
Tabela 21 - Verificação das condições de drenagem, C95B5, 7 dias ....................... 74
Tabela 22 - Tensões para deslocamento de 5 mm, C95B5, 7 dias ........................... 75
Tabela 23 - Verificação das condições de drenagem, C95B5, 14 dias ..................... 80
Tabela 24 - Tensões para deslocamento de 5 mm, C95B5, 14 dias ......................... 81
Tabela 25 - Verificação das condições de drenagem, C80B20, 1 dia ....................... 87
Tabela 26 - Tensões para deslocamento de 5 mm, C80B20, 1 dia ........................... 88
Tabela 27 - Verificação das condições de drenagem, C80B20, 7 dias ..................... 94
Tabela 28 - Tensões para deslocamento de 5 mm, C80B20, 7 dias ......................... 95
Tabela 29 – Verificação das condições de drenagem, C80B20, 14 dias ................ 101
Tabela 30 - Tensões para deslocamento de 5 mm, C80B20, 14 dias ..................... 102
Tabela 31 – Comparativos finais entre misturas ..................................................... 107
Tabela 32 - Verificação das condições de drenagem, C95B5, 25 kPa, Velocidade D
................................................................................................................................ 116
14

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral


IP - Índice de Plasticidade
LP - Limite de Plásticidade
LL - Limite de Liquidez
LMS - Laboratório de Mecânica dos Solos
NBR - Norma Brasileira
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
kPa - quilopascal
15

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 17
2. OBJETIVOS .................................................................................................... 19
2.1. Objetivo geral .................................................................................................. 19
2.2. Objetivos específicos ....................................................................................... 19
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 20
3.1. Minerais argílicos ............................................................................................. 20
3.2. Estruturas das argilas ...................................................................................... 22
3.3. Caulim ............................................................................................................. 25
3.4. Bentonita ......................................................................................................... 26
3.5. Plasticidade ..................................................................................................... 27
3.5.1. Limites de consistência ................................................................................... 28
3.6. Tempo de hidratação ....................................................................................... 29
3.7. Tixotropia ......................................................................................................... 30
4. MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 46
4.1. Misturas caulim-bentonita ................................................................................ 46
4.2. Ensaios de caracterização .............................................................................. 46
4.2.1. Ensaio de teor de umidade natural ou higroscópica (h) .................................. 47
4.2.2. Ensaio de limite de liquidez (LL) ...................................................................... 47
4.2.3. Ensaio de limite de plasticidade (LP) ............................................................... 51
4.3. Ensaio de cisalhamento direto......................................................................... 52
4.3.1. Preparo das amostras ..................................................................................... 54
4.3.2. Método de moldagem ...................................................................................... 55
4.3.3. Etapa de consolidação .................................................................................... 56
4.3.3.1. Verificação do tempo necessário para a ruptura da amostra ....................... 56
4.3.3.2. Coeficiente de adensamento (cv) ................................................................. 57
4.3.4. Execução do ensaio de cisalhamento direto ................................................... 58
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................... 59
5.1. Umidade natural (higroscópica) ....................................................................... 59
5.2. Limite de liquidez ............................................................................................. 59
5.3. Limite de plasticidade ...................................................................................... 61
5.4. Índice de plasticidade ...................................................................................... 62
16

5.5. Cisalhamento direto ......................................................................................... 63


5.5.1. Caulim 95% e Bentonita 5% ............................................................................ 63
5.5.1.1. Tempo de hidratação de 1 dia .................................................................. 63
5.5.1.2. Tempo de hidratação de 7 dias ................................................................. 70
5.5.1.3. Tempo de hidratação de 14 dias ............................................................... 76
5.5.2. Caulim 80% e Bentonita 20% .......................................................................... 83
5.5.2.1. Tempo de hidratação de 1 dia .................................................................. 83
5.5.2.2. Tempo de hidratação de 7 dias ................................................................. 90
5.5.2.3. Tempo de hidratação de 14 dias ............................................................... 97
5.5.3. Comparativo geral: misturas e tempos de hidratação ................................... 103
5.6. Ensaios de cisalhamento direto em velocidade reduzida .............................. 108
6. CONCLUSÃO ............................................................................................... 117
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 120
APÊNDICE .............................................................................................................. 123
17

1. INTRODUÇÃO

De acordo com Caputo (1988), a propriedade dos solos em suportar cargas e


conservar sua estabilidade, depende da capacidade de resistência ao cisalhamento
do solo e que quando esta é excedida tem-se o fenômeno de ruptura. Caputo (1988)
também cita a definição clássica de Leonards (1962): a resistência ao cisalhamento é
a tensão de cisalhamento sobre o plano de ruptura, na ruptura. Ainda, de acordo com
Lambe e Whitmann (1969) a resistência ao cisalhamento de solos, pode ser
caracterizada através dos esforços necessários para que ocorram deslocamentos
relativos entre partículas, sendo desprezadas as deformações das partículas e dos
fluidos presentes nos vazios.
A resistência ao cisalhamento de solos pode ser expressa pela Equação de
Coulomb:
𝜏 = 𝑐 + 𝜎 tan 𝜑 (1.1)
onde a resistência ao cisalhamento (𝜏) de um solo é composta pela "coesão", c, e pelo
coeficiente de "atrito", entre as partículas, definido pelo ângulo 𝜑, e a tensão normal
aplicada (𝜎).
Segundo Caputo (1988), na denominação genérica de atrito interno de um solo,
inclui-se não só o "atrito físico" entre suas partículas, como o "atrito fictício"
proveniente do entrosamento de suas partículas; nos solos não existe uma superfície
nítida de contato, ao contrário, há na infinidade de contatos pontuais. Quanto à
coesão, distingue-se a "coesão aparente" e a "coesão verdadeira". A primeira,
resultante da pressão capilar da água contida nos solos, e que age como se fosse
uma pressão externa. A segunda, “coesão verdadeira" costuma ser associada às
forças eletroquímicas de atração das partículas de argila. A coesão verdadeira, ou
somente coesão, como será tratada no presente trabalho, também é influenciada pelo
estado de adensamento do solo, a sensibilidade de sua estrutura, as condições de
drenagem e a velocidade de aplicação da carga. Neste sentido, caracterizar o efeito
da estrutura é importante na quantificação das parcelas de resistência.
Uma das formas de se medir a resistência ao cisalhamento é através do ensaio
de cisalhamento direto. Por meio deste, determina-se, sob uma dada tensão normal,
qual a tensão de cisalhamento capaz de provocar a ruptura de uma amostra de solo
colocada dentro de uma caixa composta de duas partes, em que uma se desloca
18

sobre a outra. A partir da realização desse ensaio, chega-se a uma envoltória de


resistência, que permite determinar os parâmetros componentes da equação de
Coulomb (equação 1), coesão verdadeira (c) e ângulo de atrito (ϕ).
Diferentes processos de mistura e moldagem resultam em diferentes estruturas
nas argilas, e diferentes respostas ao cisalhamento. Sabe-se também que algumas
argilas após quebra de estrutura podem se reestruturar com o tempo. A tixotropia
refere-se à recuperação de resistência que alguns solos finos apresentam após ter
sofrido amolgamento. De uma maneira muito simples, Terzaghi e Peck (1936) assim
explicam a tixotropia nos solos:
Amassando-se completamente uma amostra da fração muito fina de um solo e, a
seguir, deixando-se repousar, a massa adquire, com o tempo, maior resistência coesiva. Esta
resistência aumenta, a princípio rapidamente, e a seguir, lentamente. Se a amostra é
novamente amassada, mantido o teor de umidade, sua coesão diminui de maneira
considerável, porém, deixando-se outra vez em repouso, toma a recuperar seu valor.
Sendo assim, o intuito deste trabalho é de realizar ensaios de caracterização e
cisalhamento direto em misturas caulim-bentonita e investigar a influência de
diferentes proporções e estruturas formadas sobre a resposta de resistência ao
cisalhamento e coeficientes de adensamento.
19

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

O objetivo principal do presente trabalho consiste em analisar a influência de


diferentes misturas caulim bentonita sobre a resposta de resistência e coeficientes de
adensamento.

2.2. Objetivos específicos

Os objetivos específicos consistem em:

 Realizar ensaios de caracterização das misturas e analisar a influência


das diferentes proporções de bentonita e dos diferentes tempos de hidratação
sobre os parâmetros de plasticidade.
 Avaliar a influência das diferentes proporções de bentonita e dos tempos
de hidratação sobre os coeficientes de adensamento e verificar a necessidade
de ajustes nas velocidades de execução dos ensaios de cisalhamento direto.
 Realizar ensaios de cisalhamento direto e identificar a influência das
diferentes proporções de bentonita e dos diferentes tempos de hidratação
sobre o comportamento mecânico dos solos.
20

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

No presente capítulo são apresentados aspectos fundamentais da literatura


acerca dos principais minerais argilosos (ou argílicos) que compõe o caulim e a
bentonita, sua estrutura e características básicas. Também são apresentados
conceitos de plasticidade, tempo de hidratação e comportamento tixotrópico. Ao fim
do capítulo é apresentado um guia com índices básicos e aplicações.

3.1. Minerais argílicos

De acordo com Caputo (1988), as argilas são constituídas de pequeníssimos


minerais cristalinos, chamados minerais argílicos, dentre os quais distinguem-se três
grupos principais: caulinitas, montmorilonitas e ilitas. As estruturas dos minerais
argílicos compõem-se do agrupamento de duas unidades cristalográficas
fundamentais. Uma, com a configuração de um tetraedro (Figura 1A), formado por um
átomo de silício equidistante de quatro de oxigênio e, a outra, representada por um
octaedro (Figura 1B) com um átomo de alumínio no centro envolvido por seis de
oxigênio, ou grupos de oxidrilas OH. Nas mesmas figuras indicamos a representação
simbólica de cada unidade (trapézio ou retângulo). A associação entre si, desses
elementos, forma as diversas espécies de minerais argílicos (Figura 2).

Figura 1 - Unidades cristalográficas fundamentais

Fonte: Caputo, 1988.


21

Figura 2 - Argilominerais formados a partir da associação das unidades


cristalográficas

Fonte: Caputo, 1998.

As associações entre as unidades cristalográficas fundamentais proporcionam


diferentes características aos argilominerais formados. Uma revisão acerca das
principais caracteristicas dos argiominerais principais pode ser encontrada em Caputo
(1988), Das (2012), entre outros.
De acordo com Pinto (2006) as caulinitas são formadas por uma camada
tetraédrica e uma octaédrica (estrutura de camada 1:1), determinando uma espessura
da ordem de 7 A (1 Angstrom = 10-10 m). As camadas assim constituídas encontram-
se firmemente empacotadas, com ligações de hidrogênio que impedem sua
separação e que entre elas se introduzam moléculas de água. A partícula resultante
fica com espessura da ordem de 1.000 A, sendo sua dimensão longitudinal de cerca
de 10.000 A.
Também segundo Pinto (2006), as montmorinolitas são formadas por duas
camadas tetraédricas unidas, que se unem a outras duas através de uma octaédrica.
Nas esmectitas (um tipo de montmorilonita) e nas ilitas o arranjo octaédrico é
encontrado entre duas estruturas do arranjo tetraédrico (estrutura de camada 2:1),
definindo uma espessura de cerca de 10 A. Nestes minerais, as ligações entre as
camadas se fazem por íons 02- e 02+ dos arranjos tetraédricos, que são mais fracos
do que as ligações entre camadas de caulinita, em que íons 02+ da estrutura
22

tetraédrica se ligam a OH da estrutura octaédrica. As camadas ficam livres, e as


partículas, no caso das esmectitas, ficam com a espessura da própria camada
estrutural, que é de 10 A. Sua dimensão longitudinal também é reduzida, ficando com
cerca de 1.000 A, pois as placas se quebram por flexão (Pinto, 2006).
O comportamento das argilas seria menos complexo se não ocorressem
imperfeições na sua composição mineralógica (Pinto, 2006). É comum, entretanto, a
ocorrência de um átomo de alumínio, Al3+, substituindo um de silício, Si4+, na estrutura
tetraédrica, e que na estrutura octaédrica, átomos de alumínio estejam substituídos
por outros átomos de menor valência, como o magnésio, Mg2+. Estas alterações são
definidas como substituições isomórficas, pois não alteram o arranjo dos átomos, mas
as partículas resultam com uma carga negativa. Para neutralizar as cargas negativas,
existem cátions livres nos solos, por exemplo cálcio, Ca2+, ou sódio, Na+, aderidos às
partículas. Estes cátions atraem camadas contíguas, mas com força relativamente
pequena, o que não impede a entrada de água entre as camadas. A liberdade de
movimento das placas explica a elevada capacidade de absorção de água de certas
argilas, sua expansão quando em contato com a água e sua contração considerável
ao secar (Pinto, 2006).

3.2. Estruturas das argilas

Fernandes (2016) define que a forma como, no solo, as partículas estão


orientadas e distribuídas denomina-se estrutura do solo. As principais estruturas
formadas em solos argilosos podem ser visualizadas na Figura 3, sendo estas,
estruturas floculadas onde prevalece a força de atração e repulsão entre as partículas
e dispersa, onde as forças de atração e repulsão são vencidas por forças externas
(ex. peso próprio).
23

Figura 3 - Estruturas das argilas

Fonte: adaptado de knowledge4civil.wordpress.com

Fernandes (2016) também traz que depósitos de argilas que sedimentaram em


ambiente marinho possuem uma estrutura floculada, em que as partículas não
possuem orientação definida. Já em depósitos argilosos sedimentares antigos, em
que o peso das camadas sobrejacentes é muito elevado e atuou por longos períodos
de tempo, a estrutura da argila tenderá a evoluir para uma outra, caracterizada por um
paralelismo mais pronunciado entre as partículas, denomidada estrutura orientada ou
dispersa (Fernandes, 2016). Assim, Fernandes (2016) conclui que o mecanismo
fundamental que a natureza contempla para melhorar os sedimentos argilosos
recentes é o carregamento por longos períodos por novas camadas sedimentares.
Complementando, na Figura 4 é apresentada uma ilustração esquemática
adaptada de Bodó e Jones (2017) para indicar o efeito da estrutura das argilas em
relação a resposta ao cisalhamento. Imaginando uma argila intacta composta por
partículas achatadas e orientadas de forma randômica (Figura 4a), este arranjo
contribuí para sua resistência ao cisalhamento, dificultando o movimento de uma
partícula em relação a outra. Quando a argila é ensaiada em um ensaio de
cisalhamento direto, as partíiculas são orientadas sob uma nova tensão efetiva de
forma que um incremento em tensão efetiva aproxima mais as partículas e resulta em
um incremento de resistência (Figura 4b). No entanto, se as argilas forem levadas a
deformações de grande escala a orientação das partículas torna-se gradualmente
paralela (dispersa), Figura 4c, resultando em uma queda na resistência. A Figura 5
24

localiza possíves estruturas desenvolvidas ao longo de um ensaio de cisalhamento


levado a grandes deformações.

Figura 4 - Estrutura das argilas em relação ao cisalhamento (a) estrutura floculada;


(b) estrutura floculada no pico de cisalhamento; e (c) dispersa a grandes
deformações

Plano de aplicação da
a)
tensão cisalhante ()

b)

c) Pequena zona de cisalhamento

Fonte: adaptado de Bodó e Jones (2017).

Figura 5 - Estrutura das argilas em relação ao evolução do cisalhamento

Fonte: adaptado de Bodó e Jones (2017).

Disso, pode-se implicar que as adições de carregamento e a passagem do


tempo também possuem influência no comportamento mecânico das argilas.
25

3.3. Caulim

De acordo com MIBAL (2018), empresa mineradora de Portugal que explora


um depósito mineral de caulim, o termo caulim deriva da palavra Kauling («colina
alta», em chinês), originário da colina de Jauchau Fu, ao norte da China, de onde o
material tem sido obtido há décadas. É um material formado por um grupo de silicatos
hidratados de alumínio, principalmente caulinita e haloisita. Contém outras
substâncias sob forma de impurezas como areia, quartzo, palhetas de mica, grãos de
feldspato, óxidos de ferro e titânio, etc. Embora o mineral caulinita seja o principal
constituinte do caulim, ele pode conter outros elementos além desse, como alumínio,
silício, hidrogênio e oxigênio.
O caulim tem muitas aplicações industriais e novos usos estão sendo
constantemente pesquisados e desenvolvidos (DNPM, 2009). É um mineral de
características especiais, é quimicamente inerte em uma ampla faixa de pH, tem cores
claras (indicando menores teores de ferro), apresenta ótimo poder de cobertura
quando usado como pigmento ou como extensor em aplicações de cobertura e carga,
é macio e pouco abrasivo, possui baixas condutividades de calor e eletricidade e seu
custo é mais baixo que a maioria dos materiais concorrentes.
O DNPM descreve as principais aplicações do Caulim como agentes de
enchimento filler no preparo de papel; como agente de cobertura coating para papel
couché e na composição das pastas cerâmicas. Ainda de acordo com o DNPM, em
menor escala o caulim é usado na fabricação de materiais refratários, plásticos,
borrachas, tintas, adesivos, cimentos, inseticidas, pesticidas, produtos alimentares e
farmacêuticos, catalisadores, absorventes, dentifrícios, clarificantes, fertilizantes,
gesso, auxiliares de filtração, cosméticos, produtos químicos, detergentes e abrasivos,
além de cargas e enchimentos para diversas finalidades. A primeira utilização
industrial do caulim foi na fabricação de artigos cerâmicos e de porcelana há muitos
séculos. Somente a partir da década de 1920 é que se teve início aplicação do caulim
na indústria de papel, sendo precedida pelo uso na indústria da borracha.
Posteriormente, o caulim passou a ser utilizado em plásticos, pesticidas, rações,
produtos alimentícios e farmacêuticos, fertilizantes entre outros. Atualmente há grande
variedade de aplicações industriais (DNPM, 2009).
26

3.4. Bentonita

De acordo com o IMA-Europe, (2022), Industrial Minerals Europe, o termo


bentonita foi usado pela primeira vez para uma argila encontrada por volta de 1890 no
tufo do cretáceo superior perto de Fort Benton, Montana. O principal componente
desta argila é o argilomineral montmorilonita. Este, por sua vez, deriva seu nome de
um depósito em Montmorillon, no sul da França. Atualmente, bentonita é o nome
comercial de toda uma gama de argilas naturais com alta capacidade de absorver
água, fazendo com que ela haja expansão e inchamento (seu volume cresce várias
vezes em contato com a água para criar um fluido gelatinoso e viscoso).
As propriedades de absorção de água e viscosidade da bentonita a tornam um
material valioso para uma ampla gama de aplicações (IMA-Europe, 2022). É
frequentemente utilizado como agente aglutinante, vedante, absorvente e lubrificante.
De acordo com a Imerys (2022), uma organização europeia, líder mundial no
fornecimento de minerais especiais para a indústriacapacidade de expansão da
bentonita a torna um material de ligação ideal, especialmente em peças fundidas de
metal, onde a areia que contém o metal fundido pode ser feita de bentonita.
A bentonita também pode ser misturada ao cimento para fins de construção,
podendo funcionar como um selante para furos criados por perfuração (Imerys, 2022).
As tintas e corantes também incluem a argila como ingrediente, pois a bentonita
é um excelente espessante (Imerys, 2022).
A indústria pet também tem seus usos para a argila, principalmente para caixas
sanitárias. A umidade dos dejetos dos gatos será absorvida pela argila, que então se
transforma em aglomerados e facilita o descarte (Imerys, 2022).
Sua capacidade de limpeza também o torna um ingrediente importante para
sabonetes e detergentes, pois a argila pode grudar na sujeira e até deixar os tecidos
mais macios (Imerys, 2022).
A bentonita também tem sido explorada como medicamento e é usada para
fins de desintoxicação e indigestão. Da mesma forma que se liga à sujeira, também
pode se ligar a toxinas internas e carregá-las à medida que a argila é expelida do
sistema (Imerys, 2022).
27

Sua capacidade de ligação também é eficaz para derramamentos de óleo,


filtragem de águas residuais e até mesmo para purificar vinhos e vinagres (Imerys,
2022).
Caputo (1988) afirma que as "lamas tixotrópicas", ou seja, suspensões em água
de bentonita, são muito empregadas nas perfurações para petróleo, fundações
profundas, cortinas enterradas, etc.
Abrantes et al. (2016) descrevem o seguinte sobre o uso de bentonita em
fluidos de perfuração em poços de petróleo:
A bentonita é utilizada na composição dos fluidos de perfuração como um aditivo
argiloso para controlar e melhorar suas propriedades, principalmente para alterar a
viscosidade, reduzindo consideravelmente o atrito entre o fluido e as paredes dos tubos de
perfuração. A bentonita proporciona também propriedades tixotrópicas ao fluido, ou seja, a
viscosidade varia de acordo com o grau de movimentação do mesmo, o que é de grande
importância, por exemplo, em caso de problemas operacionais que se necessite de uma pausa
na movimentação do fluido, provocando a formação de um gel espesso que impede o retorno
dos detritos para o fundo do poço e uma consequente obstrução da broca e do poço. Quando
a movimentação é reiniciada, o fluido retorna ao seu estado anterior, mais fino.

3.5. Plasticidade

De acordo com Caputo (1988), a experiência mostrou que, para os solos em cuja
textura haja uma certa porcentagem de fração fina (grãos com diâmetros inferiores a
0,074 mm), não basta a granulometria para caracterizá-los, pois suas propriedades
plásticas dependem do teor de umidade, além da forma das partículas e da sua
composição química e mineralógica. A plasticidade é normalmente definida como uma
propriedade dos solos, que consiste na maior ou menor capacidade de serem eles
moldados, sob certas condições de umidade, sem variação de volume. Trata-se de
uma das mais importantes propriedades das argilas. E para mensurar essa
propriedade, são usados os Limites de Consistência, que serão definidos a seguir.
28

3.5.1. Limites de consistência

Quando um solo tem umidade muito elevada, apresenta-se como um fluido


denso (lama líquida), isto é, no estado líquido. À medida que a água evapora, ele se
endurece e, para um certo teor de umidade h, ele perde sua capacidade de fluir, porém
poderá ser moldado e conservar a sua forma. Este teor de umidade h é igual ao LL,
isto é, o Limite de Liquidez, e o solo encontra-se no estado plástico.
A água continuará a evaporar até que o estado plástico desaparecer e o solo
se desmanchará ao ser trabalhado. Este é o estado semi-sólido, com h igual ao LP,
isto é, o Limite de Plasticidade. Continuando-se a secagem, o solo atingirá,
gradualmente, o estado sólido. O limite entre os estados semi-sólido e sólido é o Limite
de Contração, ou LC.
De acordo com Das (2012), os limites LL e LP foram estabelecidos pelo
cientista sueco Albert Atterberg (por isso os limites de consistência também são
chamados de Limites de Attenberg), enquanto o LC foi estabelecido por Haines.
A partir dos valores dos Limites de Liquidez e Plasticidade, pode-se verificar o
Índice de Plasticidade pela Equação 3.1:
IP = LL – LP (3.1)
Burmister (1949) classificou o índice de plasticidade qualitativamente conforme
apresentado na Tabela 1 extraída de Das, (2012). Observa-se que índices de
plasticidade acima de 40, IP>40, representam materiais de plasticidade muito alta, IP
de 20 a 40, plasticidade alta, IP de 10 a 20, plasticidade média, IP de 5 a 10,
plasticidade baixa, IP de 1 a 5, plasticidade leve, e índice zero representa materiais
não-plásticos. As misturas de caulim e bentonita costumam apresentar índices de
plasticidade média a muito alta, como será melhor observado no item 3.7.
Tabela 1 - Intervalos dos IP

IP Descrição
0 Sem plasticidade
1a5 Plasticidade leve
5 a 10 Plasticidade baixa
10 a 20 Plasticidade média
20 a 40 Plasticidade alta
>40 Plasticidade muito alta
Fonte: adaptado de Das, 2012.
29

Head (1982) traz uma tabela que compara os prováveis valores de limites de
liquidez e de índices de plasticidade para os minerais argílicos. A Tabela foi adaptada
e está representada abaixo.

Tabela 2 - Valores típicos de índices de plasticidade para argilas comuns

Intervalo de Limide Intervalo de Índice de


Mineral argílico
de Liquidez (%) Plasticidade (%)
Caulinita 40-60 10-25
Ilita 80-120 50-70
Montmorilonita de Sódio 700 650
Demais Montmorilonitas 300-650 200-550
Solos Granulares 20 ou menos 0
Fonte: adaptado de Head, 1982.

A partir dessa tabela, pode-se esperar elevados valores de limites de liquidez


para as misturas estudadas neste trabalho, pois a bentonita é composta por
montmorilonita, a argila que apresenta os maiores valores dessa propriedade.

3.6. Tempo de hidratação

De acordo com Cordani (2000), a hidratação é um processo de intemperismo


químico, em que um mineral incorpora moléculas de água, que passam a fazer parte
de sua estrutura cristalina dando origem a outro mineral. A hidratação ocorre porque
as moléculas de água são atraídas pelas cargas elétricas existentes na superfície do
mineral (Cordani, 2000).
Segundo Gomes et al. (2010), um dos métodos para classificar as bentonitas é
baseado na capacidade de expansão do mineral pela absorção de água. Bentonitas
sódicas expandem mais e apresentam um aspecto de gel, enquanto que as bentonitas
cálcicas expandem menos ou simplesmente não expandem.
Ainda de acordo com Gomes et al. (2010), em meio aquoso, a bentonita sódica
adsorve continuamente várias camadas de moléculas de água inchando e
aumentando de volume. A adsorção de água, de modo contínuo, provoca o
desfolhamento ou delaminação individualizado das camadas 2:1 dos cristais até
completa dispersão em água.
30

Segundo Schmidt et al. (2005), a montmorilonita, na presença de água, tem os


seus cátions de compensação entre as camadas hidratados, fazendo a montmorilonita
inchar em uma série de passos discretos. No aumento relativo umidade, essas argilas
adsorvem o vapor de água para formar hidratos de uma, duas e três camadas
(Schmidt et al., 2005).
Assim, entende-se que se um material fica mantido a determinado teor de
umidade, o tempo em que a hidratação (horas, dias, semanas e até meses) ocorre
pode acarretar em maiores ou menores alterações nesse material.

3.7. Tixotropia

Segundo Zhang et al. (2017), a tixotropia é um dos fenômenos reológicos mais


antigos que é documentado. O termo “tixotropia” foi introduzido pela primeira vez por
Peterfi em 1927 e depois usado por Fruendlich (1935) para descrever o fenômeno da
transição sólido-líquido reversível e isotérmico de sistemas coloidais após excitação
mecânica. Essa definição foi generalizada para a geologia e a mecânica dos solos.
(Zhang et al., 2017).
Burgers e Scott-Blair (1949) definiram a tixotropia como “um processo de
amolecimento causado por remoldagem, seguido de um retorno dependente do tempo
para o estado original mais resistente”.
As mudanças microestruturais associadas ao escoamento de fluidos
tixotrópicos e de escoamento ideal ainda não são totalmente compreendidas (Mewis
e Wagner, 2009); consequentemente, um modelo reológico geral capaz de descrever
completamente as diferentes características da tixotropia ainda não foi desenvolvido.
De acordo com Osipov et al (1984), fenômenos tixotrópicos em solos argilosos
são acompanhados por alterações microestruturais. A natureza destas não são claras
devido à curta duração dos processos tixotrópicos e as dificuldades envolvidas na
preparação de um corpo de prova em certas fases.
Já para Díaz-Rodríguez e Santamarina (1999), a tixotropia implica condições
iniciais de desequilíbrio após a remoldagem. Na macroescala, a tixotropia se
manifesta como a recuperação das propriedades mecânicas. Na microescala,
tixotropia envolve fenômenos como fluência de contato e redistribuição de força
31

interpartícula, homogeneização da poropressão (em solos saturados e parcialmente


saturados), alteração iônica distribuição e mobilidade, e os efeitos da fração mais fina
solta.
Assim, de uma maneira geral, pode-se considerar a tixotropia como como um
fenômeno reversível envolvendo reestruturação e desestruturação, mas que não
possui uma equação ou ensaio definidos que dimensionem o quanto deste fenômeno
ocorre em determinados materiais.

3.7. Estudos utilizando misturas caulim-bentonita em geotecnia

Neste item é apresentada uma breve descrição dos principais trabalhos que
nortearam a presente pesquisa. Estes focaram em aplicações das misturas de caulim-
bentonita como argilas de controle, principalmente em ensaios de laboratório.

Alves et al. (2010): misturas caulim-bentonita - ensaios de caracterização e


resistência não-drenada utilizando minipalheta.
Alves et al. (2010) utilizam misturas de caulim-bentonita em um conjunto de
ensaios de laboratório que visaram investigar alguns aspectos do comportamento
geotécnico de argilas confeccionadas artificialmente. O objetivo principal do artigo
consultado foi descrever o procedimento de preparação das amostras para ensaios
de mini palheta e discussão destes resultados. Foram testados pelos autores três
traços para a mistura, variando-se o teor de bentonita em 0%, 5% e 20%. A pré-
mistura dos materiais era realizada a seco, manualmente. Na sequência os autores
relatam a adição de água, levando as amostras a um teor de umidade correspondente
a 2 vezes o limite de liquidez das misturas. A preparação seguia com agitação
mecânica (argamassadeira, ver Figura 6). Após preparadas as amostras essas era
transferidas para um molde, cilindro grande do ensaio proctor (Figura 7), e um
conjunto de cargas verticais era aplicado visando reproduzir um estado de tensões
iniciais.
32

Figura 6 - Argamassadeira com mistura caulim-bentonita

Fonte: Alves et al., 2010.

Figura 7 - Material misturado sendo vertido dentro do molde

Fonte: Alves et al., 2010.


Três 3 tensões de adensamento (cargas verticais) foram aplicadas as amostras
confeccionadas por Alves et al. (2010): 12,5 kPa, 25 kPa e 50 kPa. Assim, os autores
combinaram 3 traços (T0, T5 e T20) com 3 tensões de adensamento conduzindo ao
total de 9 amostras de solo artificial moldadas e ensaiadas durante a pesquisa. Após
o tempo necessário para o adensamento, as amostras foram submetidas a ensaios
de palheta miniatura, Figura 8.
33

Figura 8 - Posição da amostra e do equipamento de ensaio na bancada de testes

Fonte: Alves et al., 2010.

De acordo com o destacado por Alves et al. (2010) os resultados dos ensaios
de minipalheta foram úteis para a determinação da resistência não-drenada e
demostraram um aspecto não-linear da relação entre a resistência ao cisalhamento
não-drenada su (e também entre a razão de resistência su/σ’vo) e a tensão de
adensamento. Ainda, destacam o importante papel da mineralogia da argila no seu
comportamento mecânico, uma vez que a adição de bentonita às amostras de caulim
afetou sobremaneira sua capacidade de resistência ao cisalhamento. Um resumo dos
resultados de Alves et al. (2010) é apresentado na Tabela 3 e Figura 9 abaixo.
Verificam-se valores de IP crescentes de acordo com a adição de bentonita: mistura
com 0% (T0) de bentonita apresenta IP de 7%, em contrapartida a um IP de 46%
quando 20% (T20) de bentonita é adicionado. Em relação a interpretação das Figuras
de resistência não drenada verifica-se de forma geral, que um acréscimo de bentonita
resultou em um acréscimo de resistência mobilizada. Porem este crescimento é não-
linear.

Tabela 3 - Valores de LL, LP e IP de Alves et al. (2010)


34

Figura 9 - Resultados de resistência não-drenada de misturas de caulim-bentonita de


Alves et al. (2010)

(a) (b)

Bro et al. (2013): misturas caulim-bentonita – caracterização e ensaios de


cisalhamento direto

O trabalho de Bro et al. (2013) utiliza caulim 100% e uma mistura de caulim
bentonita na proporção de 80% caulim e 20% bentonita em um conjunto de ensaio de
cisalhamento direto para estimativa de resistência não-drenada (Su). Os autores
apresentam detalhes da preparação das amostras, que foram: mistura prévia a seco,
posterior adição de água até um teor de aproximadamente duas vezes o limite de
liquidez (LL), agitação mecânica, transferência da mistura ao molde de cisalhamento,
aplicação de carregamento prévio de 38,3 kPa para o caulim puro e 47,9 kPa para a
mistura caulim-bentonita, e fase de adensamento. Após o adensamento, a carga era
retirada e novos carregamentos, de tensão confinante normal eram aplicados para
realização de ensaios de cisalhamento direto em tensões normais de 50, 100 e 185
kPa. Ensaios com nova fase de consolidação e cisalhados com velocidades
controladas.
É importante destacar que a premissa de medida de resistência não-drenada
pelo ensaio de cisalhamento direto deve ser feita com cautela. Bro et al. (2013)
justificam a medida da resistência não drenada pelo ensaio de cisalhamento direto
através da realização dos ensaios em velocidades altas suficientes para que não
ocorra dissipação do excesso de poropressão gerado. Também comparam os valores
obtidos com os encontrados em ensaios com volume controlado (variação nula de
volume = ensaio não-drenado). A Figura 10 abaixo mostra o resultado da avaliação
básica dos autores quando executados extremos de velocidades em ensaios de
35

cisalhamento direto em caulim 100%. Segundo os autores, velocidades lentas que


reproduzam a ruptura em um tempo de 50 vezes o t50, em que t50 é o tempo necessário
para que 50% do excesso de poropressão seja dissipado, resultam em
comportamento drenado com razão de resistência /’c da ordem de 0,6. Sendo ’c a
tesão de consolidação. Em contrapartida velocidades rápidas com ruptura
acontencendo em 0.0307xt50 reproduzem comportamento não drenado e
consequente redução da resistência mobilizada /’c para 0,25 – 0,30.

Figura 10 - Resultados de testes de cisalhamento direto executado em taxas de


cisalhamento rápidas e lentas em caulinita

Fonte: Adaptado de Bro et al., 2013.

Além dos ensaios de cisalhamento direto, Bro et al. (2013) determinaram os


limites de liquidez, plasticidade e índices de plasticidade das misturas estudadas.
Seus resultados estão presentes na Tabela 4 abaixo, além dos coeficientes de
adensamento, determinados na etapa de consolidação.
36

Tabela 4 - Composição e índices de propriedades das argilas utilizadas por Bro et al.
(2013)

Fonte: Adaptado de Bro et al., 2013.

Conforme mostra a Tabela 5, foram realizados dez ensaios de cisalhamento


direto simples, cinco para cada material. Os resultados para amostras de caulim puro
são indicados como DSSK100 enquanto aqueles para a mistura caulim-bentonita são
indicados como DSSK8B2.

Tabela 5 - Resultados dos ensaios de cisalhamento direto em misturas caulim-


bentonita

Fonte: Adaptado de Bro et al., 2013.

Os resultados do ensaios de cisalhamento estão resumidos nas Figuras 11 e


12 para os dois materiais em termos de relações tensão-deformação, relações de
mudança de volume-deformação, mudança nas relações verticais de tensão-
37

deformação e caminhos de tensões. Observa-se que a tensão de cisalhamento


aplicada (τ) e a mudança na tensão normal (Δσ) são normalizados pela tensão de
consolidação vertical pré-cisalhamento ('σc).

Figura 11 - Resultados dos ensaios de cisalhamento para amostras de caulim

Fonte: Adaptado de Bro et al., 2013.


38

Figura 12 - Resultados dos ensaios de cisalhamento para amostras de caulim-


bentonita

Fonte: Adaptado de Bro et al., 2013.

Garcia (2019): mistura caulim-bentonita – ensaios de caracterização, ensaio de


cisalhamento direto a grandes deformações.

O trabalho de Garcia (2019) utilizou uma mistura caulim-bentonita na proporção


80% de caulim e 20% de bentonita, em massa seca, para realizar ensaios de
cisalhamento direto a grandes deformações, portanto, fazendo uma mesma amostra
ser cisalhada múltiplas vezes no equipamento.
Primeiramente, foram realizados ensaios de umidade higroscópica, densidade
dos grãos, de limite de plasticidade e liquidez, visando caracterizar o material. Garcia
(2019) encontrou os seguintes valores: LL = 152,23%; LP = 27,34%; IP = 124,89%; e
densidade relativa dos grãos = 2,68 g/cm³.
Foram utilizados dois métodos de moldagem de amostra, por espatulamento
do material diretamente na caixa bipartida, como na Figura 13 e por carregamento
prévio, onde o material foi espatulado dentro do cilindro do ensaio de compactação
39

com uma altura aproximada de 4 cm para que fosse possível a cravação do molde de
2 cm e ainda obter uma folga do material. Após este espatulamento, aplicou-se um
carregamento prévio utilizando o espaçador metálico do conjunto de compactação
conforme a Figura 14. As amostras foram moldadas no teor de umidade equivalente
ao LP da mistura.

Figura 13 - Método de espatulamento

Fonte: Garcia, 2019.

Figura 14 - Método de carregamento prévio (A) Cilindro de compactação (B)


espaçadores metálicos

Fonte: Garcia, 2019.


40

Após a moldagem dos corpos de prova e inserção no equipamento de


cisalhamento direto, Garcia (2019) executou a etapa de consolidação das amostras,
para determinar os coeficientes de adensamento e os tempos de consolidação. Os
tempos de consolidação foram utilizados para avaliação da condição de drenagem da
fase de cisalhamento, de acordo com a metodologia descrita na ASTM 3080 e em
Head (1982). Se os tempos de consolidação fossem iguais ou menores que os
tempos de ruptura das amostras, poderia se assumir que os ensaios foram realizados
de maneira drenada.
Após 24 horas de consolidação, Garcia (2019) iniciou as etapas de
cisalhamento direto, em que cisalhava uma mesma amostra quatro vezes (após cada
fase de avanço/cisalhamento a caixa era retornada a posição inicial e se repetia o
cisalhamento) na velocidade de 0,307 mm/min, visando simular grandes deformações.
Após realizar 3 ensaios para cada método de moldagem, cada um com uma tensão
diferente (33, 78 e 128 kPa), foram construídas as envoltórias de ruptura para
verificação dos parâmetros de resistência, coesão e ângulo de atrito, para os pontos
em que ocorreram as tensões de pico e pós pico, como mostram as Figuras 15 e 16
e as Tabelas 5 e 6.

Figura 15 - Envoltórias da resistência da tensão de pico e pós pico (Espatulamento)

Fonte: Garcia, 2019.


41

Tabela 6 - Ângulo de atrito (ɸ) e Coesão (c') - Espatulamento

Fonte: Garcia, 2019.

Figura 16 - Envoltórias da resistência da tensão de pico e pós pico (Carregamento


prévio)

Fonte: Garcia, 2019.

Tabela 7 - Ângulo de atrito (ɸ) e Coesão (c') - Carregamento prévio

Fonte: Garcia, 2019

E para finalizar, Garcia (2019) utilizou o software GeoStudio SlopeW para fazer
uma análise de estabilidade e simular um talude, para verificar o fator de segurança
desse, caso fosse constituído do material estudado.
42

Costa (2020): caulim - ensaios de caracterização, cisalhamento direto em diferentes


velocidades

O trabalho de Costa (2020) investigou se a velocidade no ensaio de


cisalhamento direto adotada pode influenciar nos valores de resistência do caulim,
uma argila de baixa plasticidade. Para isso, foram realizados ensaios nas Velocidades
A (1,547 mm/min), B (0,307 mm/min) e C (0,0067 mm/min) do equipamento de
Cisalhamento Direto do LMS-UFSC, em amostras de caulim, moldadas por
espatulamento, com aplicação das tensões de 25, 50 e 100 kPa, como mostra a
Tabela 8.

Tabela 8 - Quadro geral dos ensaios realizados por Costa (2020)

Nesse trabalho, além do cisalhamento direto, também foram realizados ensaios


de caracterização e de adensamento para o caulim. Os ensaios de caracterização
foram os de teor de umidade natural, limite de liquidez, limite de plasticidade e
densidade relativa dos grãos, cujos resultados estão na Tabela 9 abaixo.

Tabela 9 - Apresentação da caracterização do caulim utilizado por Costa (2020).

Para verificar as condições de drenagem dos ensaios, Costa (2020) usou os


valores obtidos no ensaio de adensamento unidimensional, norteado pela ABNT
NBR12007: Solo – Ensaio de Adensamento Unidimensional. Com os valores de
coeficiente de adensamento para as tensões de 25, 50 e 100 kPa, foi possível calcular
43

os tempos de consolidação para o caulim em todas as velocidades de ensaio a serem


executadas, como mostra a Tabela 10 abaixo.

Tabela 10 - Cálculo do tempo de consolidação

Fonte: Costa, 2020.

Após identificar que as condições de drenagem estariam de acordo com o


esperado, Costa (2020) seguiu com os ensaios de Cisalhamento Direto. Os gráficos
gerados para a Velocidade B estão representados pelas Figuras 17 e 18, que são
gráficos de TensãoxDeslocamento e Deformação VerticalxDeslocamento. Assim
como a envoltória de ruptura para essa velocidade (Figura 19), que possibilitou a
obtenção dos parâmetros de resistência, coesão e ângulo de atrito (Tabela 11).

Figura 17 - Gráfico das tensões normais para a velocidade B

Fonte: Costa, 2020.


44

Figura 18 - Gráfico das deformações para a velocidade B

Fonte: Costa, 2020.

Figura 19 - Envoltória de resistência para a velocidade B

Fonte: Costa, 2020.

Tabela 11 - Parâmetros de resistência obtidos

Fonte: Costa, 2020.


45

A partir dos resultados obtidos, Costa (2020) concluiu que o solo não
apresentou diferenças significativas no comportamento da resistência ao
cisalhamento a depender da velocidade de cisalhamento do ensaio.
46

4. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente capítulo é dedicado a apresentação dos materiais utilizados e métodos


empregados para preparo e caracterização das misturas.

4.1. Misturas caulim-bentonita

As amostras de material e os equipamentos que serão utilizados para realização


dos ensaios desta pesquisa foram disponibilizados e cedidos pelo Laboratório de
Mecânicas dos Solos da UFSC. A mistura utilizada nos ensaios será composta, em
massa, na proporção de materiais secos, nas ordens de 95% de caulim e 5% de
bentonita, e 80% de caulim e 20% de bentonita.
Ambos materiais estavam armazenados na câmara úmida do laboratório, em seus
respectivos sacos de papel, semelhantes a sacos de cimento. A Figura 20 abaixo
mostra porções do material usado (caulim à esquerda e bentonita à direita).

Figura 20 - Apresentação das argilas utilizadas nesta pesquisa: Caulim e Bentonita

Fonte: Acervo pessoal.

4.2. Ensaios de caracterização

Para realizar os ensaios de resistência, é preciso conhecer os parâmetros


plasticidade das misturas definidas. Portanto, foram realizados os ensaios de
47

caracterização listados a seguir. A preparação das amostras para os ensaios de


caracterização será norteada pelas diretrizes da NBR 6457/2016.

4.2.1. Ensaio de teor de umidade natural ou higroscópica (h)

De acordo com Caputo (1988), define-se a umidade (h) de um solo como sendo
a razão entre o peso da água (Pa) contida num certo volume de solo e o peso da parte
sólida existente neste mesmo volume (Ps), expressa em porcentagem.
𝑃𝑎
ℎ (%) = × 100 (4.1)
𝑃𝑠

Para sua determinação, basta medir o peso da amostra no seu estado natural
e o peso após completa secagem em uma estufa a 105°C ou 110°C. Neste trabalho,
foi usada a temperatura de 105° C.
Para este trabalho, foram determinadas as umidades naturais dos solos e das
misturas separadamente, portanto, de amostras apenas contendo caulim, apenas
bentonita e com os solos já misturados nas devidas proporções a serem estudadas.
Os ensaios foram realizados no LMS – UFSC, seguindo a norma ABNT: NBR 6457/
2016.

4.2.2. Ensaio de limite de liquidez (LL)

Norteado pela NBR 6459/2017, pode-se determinar o LL com o auxílio do


aparelho de Casagrande (Figura 21), que consiste em um prato de latão, em forma de
concha sobre uma base rígida. A concha é golpeada contra a base através de um
mecanismo de maneira que os golpes tenham altura de queda de 1 cm e sejam
realizados de maneira constante. O aparelho de Casagrande pode ser manual ou
automático (Caputo, 1988 e Das, 2012). Neste trabalho, usou-se o aparelho
automático.
48

Figura 21 - Aparelho de Casagrande

Fonte: Acervo pessoal.

A aparelhagem necessária para a realização do ensaio está presente na Figura


22 abaixo. Além dos equipamentos ilustrados na Figura 19, necessita-se, ainda, de
água destilada e estufa capaz de manter temperatura entre 105° e 110°C.

Figura 22 - Aparelhagem do ensaio de LL

Fonte: Acervo pessoal.


49

Antes da realização do ensaio de LL, a NBR 6459/2017 recomenda que seja


feita a calibração do aparelho de Casagrande, a qual pode ser feita com o auxílio de
um gabarito. O próprio cinzel para solos argilosos possui uma estrutura de 1 cm em
uma de suas extremidades, permitindo que seja feito o ajuste no aparelho. Após o
ajuste, é recomendável que se teste o aparelho para verificar se a altura está correta.
Pela dificuldade de precisão de se atingir o fechamento necessário após os 25
golpes, a NBR 6459/2017 recomenda, para o ensaio de LL, que se tenha pelo menos
três ensaios, optou-se, porém, por realizar seis repetições para se tenha uma maior
variedade de dados e garantir maior confiabilidade no ensaio. Assim como para o teor
de umidade natural, foram feitos ensaios para cada mistura estudada e para os solos
separadamente. Os passos do ensaio de LL foram norteados pela NBR 6459/2017:
 Separou-se uma quantidade de aproximadamente 100 g de cada
mistura (massa seca) para os ensaios de LL;
 Com a balança de precisão, pesou-se seis cápsulas de alumínio vazias;
 Para cada mistura individualmente, colocou-se os 100 g no recipiente de
porcelana, para então acrescentar, aos poucos, a água destilada e
mexer vigorosamente com uma espátula de metal flexível até conseguir
uma mistura homogênea, pelo tempo mínimo de 15 min;
 Após a homogeneização, preencheu-se dois terços da concha do
aparelho de Casagrande com o material, de modo que a espessura no
centro da concha fosse de 1 cm (caso tenha material em excesso, deve-
se retirá-lo), e com o auxílio do cinzel para solos argilosos se fez uma
ranhura no centro do material depositado na concha;
 Iniciou-se os golpes no aparelho a fim de que se obtenha uma extensão
de fechamento, na borda inferior da ranhura, de cerca de 1,3 cm. Como
o aparelho disponível no Laboratório de Mecânica dos Solos da UFSC é
automático, bastou acioná-lo para iniciar os golpes;
 Anotou-se o número de golpes e, era esperado que para a primeira
amostra se fechasse com aproximadamente 35 golpes. Caso a ranhura
não tivesse o fechamento necessário após os golpes, era acrescentada
mais água à amostra e o processo era repetido;
 Após o fechamento da ranhura, coletou-se uma amostra do solo de onde
ocorreu o fechamento e colocou-se em uma cápsula de alumínio
50

(pesada previamente), anotando-se a massa (cápsula + amostra de


solo) e levou-a até a estufa, onde ficou por um período de 24 horas;
 Após o período na estufa, pesou-se novamente a cápsula de alumínio
para se determinar a massa seca do material e assim, a umidade do
solo.

O teor de umidade em termos percentuais e o número de golpes


correspondentes são plotados em um gráfico semilogarítmico (Figura 23). A relação
entre o teor de umidade e o log N forma uma linha aproximadamente reta. Essa linha
é chamada curva de fluidez. O teor de umidade correspondente a N = 25, determinado
a partir da curva de fluidez, proporciona o limite de liquidez do solo. (Das, 2012).

Figura 23 - Curva de fluidez para determinação do limite de liquidez de um silte


argiloso

Fonte: Das, 2012.

Os possíveis erros experimentais deste ensaio podem estar associados ao


aparelho de Casagrande estar fora de especificação, à ponta gasta do cinzel (em
decorrência da realização de muitos ensaios), à avaliação inadequada da extensão
de fechamento da ranhura ou à caixa de golpes não condizentes com o especificado
na NBR 6459/2016.
51

4.2.3. Ensaio de limite de plasticidade (LP)

Para a obtenção dos valores de LP foram feitos ensaios norteados pela norma
NBR 7180/2016, sendo um ensaio para cada mistura estudada. O LP de um solo é
determinado pelo cálculo da porcentagem de umidade para a qual esse começa a se
fraturar quando se enrola repetidamente uma mostra de formato elipsoidal com as
mãos sobre uma placa de vidro até que atinja uma espessura de 3 mm e 15 cm de
comprimento.
A NBR 7180/2016 exige a aparelhagem representada na Figura 24 para a
execução do ensaio de LP:

Figura 24 - Aparelhagem do ensaio LP

Fonte: Acervo pessoal.

Além dos equipamentos ilustrados na Figura 24, necessita-se, ainda, de uma


estufa capaz de manter temperatura entre 105° e 110°C. De acordo com a NBR
7180/2016, os passos do ensaio de LP são:
 Com a balança de precisão, pesou-se seis cápsulas de alumínio vazias;
 Para cada mistura caulim-bentonita, separou-se 100 g de mistura (massa
seca), e cada mistura foi colocada em um recipiente de porcelana;
52

 Em cada mistura, individualmente, acrescentou-se aos poucos a água


destilada, mexendo vigorosamente com uma espátula de metal flexível até que se
conseguir uma mistura homogênea, pelo tempo mínimo de 15 min;
 Após a homogeneização, coletou-se cerca de 10 g da amostra de solo para
formar uma bola com o auxílio das mãos;
 Na placa de vidro esmerilhada, moldou-se a amostra de 10 g até formar um
cilindro com cerca de 3 mm de diâmetro e 10 cm de comprimento. O movimento de
fricção sobre a placa de vidro serviu para que a amostra perdesse um pouco de sua
umidade;
 Ao chegar no diâmetro e comprimento especificados pela NBR 7180/84,
observou-se que a amostra sofreu trincas. Caso a amostra atingisse o diâmetro
normatizado e ainda não houvessem trincas, a amostra era remoldada na forma de
bola e se repetia o processo de fricção sobre o vidro esmerilhado;
 Após se ter obtido uma amostra nos padrões da NBR 7180/84, colocou-se a
amostra numa das cápsulas de alumínio (pesadas previamente) e se anotou o peso
(cápsula + amostra de solo) e o levou até a estufa, onde ficou por um período de 24
horas;
 Após o período na estufa, pesou-se novamente a cápsula de alumínio para
determinar a massa seca do material e assim, a umidade do solo.
Os possíveis erros experimentais podem estar associados à placa de vidro
esmerilhada, que estava gasta, ao excesso de força empregado na moldagem da
amostra, ou na avaliação inadequada de trincas como especificado na NBR 7180/84.

4.3. Ensaio de cisalhamento direto

O princípio deste ensaio é provocar o cisalhamento de um corpo de prova


segundo um plano de ruptura preestabelecido sob o qual atua uma tensão normal.
Para isso, os equipamentos básicos necessários são: caixa metálica bipartida, prensa
de cisalhamento, pendural, extensômetros (para medidas de deformação vertical e
horizontal) e célula de carga (anel). Além destes, para garantir as condições de
drenagem estejam adequadas, são utilizadas duas pedras porosas, no topo e na base
da amostra.
53

O procedimento geral do ensaio convencional consiste em preparar o corpo de


prova, com umidade e dimensões adequadas (10x10x2cm), inundar a amostra e
aplicar a força normal através do pendural, medir os deslocamentos verticais até a sua
estabilização, definindo assim a fase de consolidação. Após esta fase, é iniciada a
fase de cisalhamento onde uma das partes da caixa bipartida é movimentada
horizontalmente de maneira controlada (velocidade constante). Nessa fase é medido
o movimento da caixa (deslocamentos horizontais) e a força tangencial no plano de
ruptura.
A Figura 25 apresenta um esquema geral do equipamento com detalhes do
corpo de prova já posicionado na caixa bipartida e acoplado ao sistema; pendural
através do qual são aplicadas as tensões normais; o motor através do qual é
movimentada a caixa; e o ponto de leitura da reação da caixa que é mantida fixa.

Figura 25 - Aparelho de ensaio de cisalhamento direto do LMS

Fonte: Acervo pessoal.

A Figura 26 apresenta a caixa bipartida e os itens utilizados para comportar a


amostra e que possibilitam a condição de drenagem e aplicação de tensão, que são
as pedras porosas, as placas rígidas, os parafusos e o top cap.
54

Figura 26 - Caixa bipartida e peças complementares

Fonte: Acervo pessoal.

4.3.1. Preparo das amostras

No presente trabalho foram realizados ensaios em 9 amostras. Como já


mencionado, as proporções de Caulim e Bentonita escolhidas foram, em massa seca,
de 95% de Caulim + 5% de Bentonita (que para facilidade de escrita, abreviou-se por
C95B5) e 80% de Caulim + 20% de Bentonita (C80B20). Esses valores foram
escolhidos com base nos trabalhos de Alves et al. (2013) e de Bro et al. (2013).
Além das proporções dos materiais, os tempos de hidratação foram escolhidos,
sendo estes 1 dia, 7 dias e 14 dias. Esta escolha foi feita com base na disponibilidade
de horários disponíveis para uso do equipamento de cisalhamento direto, tendo em
vista que um ensaio completo leva mais de 24 horas. Os tempos de hidratação na
presente pesquisa referem-se ao período em que as amostras permaneceram em
câmara úmida após homogeneização inicial.
Para a confecção das amostras, que foi feita manualmente, foi utilizada uma
grande bacia, uma espátula e uma proveta para a adição de água. Os valores de
massa a serem utilizados foram calculados levando em conta que os materiais já
continham uma quantidade de água (o teor de umidade higroscópico).
Primeiramente era feita a separação das argilas, pesagem das massas a serem
usadas, e em seguida eram misturadas “a seco” na bacia até ficarem homogêneas.
55

Após isso era adicionada água o suficiente para a mistura ficar no teor de umidade do
seu respectivo LL, pois esta é uma prática já executada em outro trabalho com esses
materiais, como o de Bro et al. (2013).
Após a adição da água, as amostras eram separadas em quantidade suficiente para
formar os corpos de prova. Essas eram armazenadas em plástico filme, sacos
plásticos e dentro de caixas de isopor na câmara úmida do laboratório. Todos esses
revestimentos e cuidados eram feitos para evitar qualquer perda de umidade para o
ambiente.

4.3.2. Método de moldagem

Em amostras produzidas em laboratório, existem diferentes procedimentos de


moldagem que podem ser utilizados. Nesta pesquisa foi utilizado o método por
espatulamento. Apesar deste método provocar quebra de estrutura da amostra em
repouso, ele foi escolhido por ser de simples execução e já ter gerado resultados
confiáveis, como nas pesquisas Garcia (2019) e de Costa (2020).
A moldagem do corpo de prova por espatulamento foi feita como na pesquisa
de Costa (2020), ou seja, manualmente e executada de maneira direta na caixa
metálica bipartida. Foi utilizada uma colher de cozinha para a adequação das
camadas de material, conforme mostra a Figura 27.

Figura 27 - Amostra de mistura moldada na caixa bipartida

Fonte: Acervo pessoal.


56

4.3.3. Etapa de consolidação

A etapa de consolidação se inicia assim que a caixa bipartida com o corpo de


prova é colocada no equipamento, juntamente com o pendural e os pesos para
aplicação da força normal.
As tensões normais aplicadas nos corpos de prova foram de 17, 25 e 35 kPa.
Tensões normais escolhidas após análise preliminar que mostrou que tensões acima
de 50 kPa resultavam em perdas excessivas de material durante o cisalhamento,
principalmente para a amostra C80B20.
Aplicada a tensão confinante de ensaio e, fazendo o uso do programa
Cisalhamento Direto (versão 4.0), desenvolvido pela UFSC, iniciou-se a etapa de
consolidação, onde foram feitas leituras de deformações verticais durante o tempo.
Tempo de acompanhamento mínimo dede aproximadamente 24 horas. Os valores de
tempos a serem identifidados por essas leituras serão apresentados a seguir.

4.3.3.1. Verificação do tempo necessário para a ruptura da amostra

Verificar o tempo necessário para a ruptura é um procedimento que visa


identificar se a velocidade de ensaio é suficientemente baixa para que ocorra
dissipação de qualquer excesso de poropressão gerado durante o ensaio, sendo esta
uma premissa básica do ensaio de cisalhamento direto para a garantia da condição
de drenagem. Procedimento indicado pela ASTM 3080 e descrito brevemente abaixo.
O tempo de consolidação para uma partícula de água sair da amostra depende
diretamente do quadrado altura de drenagem do corpo de prova (Hd), do fator tempo
necessário para que ocorra uma dada porcentagem de deformação por consolidação
(T) e é inversamente proporcional ao coeficiente de adensamento (cv) (Das, 2012).
𝐻𝑑2 ×𝑇
𝑡100 = (4.2)
𝑐𝑣

Sabe-se que a altura do corpo de prova é de 20 mm, e para calcular o tempo


de consolidação será adotada uma porcentagem de recalque (U%) igual a 99%.
Estudos já foram realizados para determinar o tempo correspondente de deformação
por consolidação para uma determinada porcentagem de recalque, Das (2012)
correlaciona a porcentagem de recalque de 99% com um tempo normalizado T de
57

1,781, esse fator tempo é um número adimensional proveniente da solução da teoria


de adensamento de Terzaghi, e será utilizado como referência. O coeficiente de
adensamento (cv) será estimado através da interpretação da fase de consolidação do
ensaio, conforme sugere Head (1982).

4.3.3.2. Coeficiente de adensamento (cv)

O coeficiente de adensamento (cv) pode ser obtido através dos dados


fornecidos pelo ensaio de cisalhamento direto e aplicado o método da raiz quadrada
do tempo (Das, 2012). Esse método consiste em traçar uma reta paralela ao trecho
mais retilíneo do início da curva de consolidação e outra paralela ao final da curva de
consolidação, onde já se encaminha para estabilização, como ilustra a Figura 28.

Figura 28 - Derivação do tempo até a falha da curva de consolidação

Fonte: adaptado de Head, 1982.

Assim, adapta-se a equação (4.2) e obtêm-se os parâmetros de cv para as


amostras ensaiadas em mm²/s.
𝑇×𝐻𝑑2
𝑐𝑣 = (4.3)
𝑡100
58

onde,
cv = coeficiente de adensamento,
T = fator tempo normalizado, igual a 1,781 (para U=99%)
Hd = altura de drenagem do corpo de prova, que corresponde a distância do centro da
amostra, até uma das faces, portanto, para o cisalhamento direto 10 mm
t100 = tempo necessário para a consolidação da amostra
A intersecção das duas retas leva à raiz quadrada do tempo necessário para a
consolidação √(t100). Para que a amostra possa ser cisalhada de maneira drenada,
seu tempo de ruptura o precisa ser igual ou superior ao tempo de consolidação, ou
seja,
𝑡𝑟𝑢𝑝 ≥ [√(t100)]² (4.4)
O cálculo do tempo de ruptura pode ser obtido pela divisão do deslocamento
horizontal () em mm da caixa metálica bipartida pela velocidade do ensaio (v) em
mm/min.
δ
𝑡𝑟𝑢𝑝 = (4.4)
𝑣
Adotou-se um valor de deslocamento horizontal (δ) de referência como sendo
5 mm (o equivalente a 0,2 polegada), como sugere a norma ASTM International D
3080 – D para casos gerais do ensaio. E a velocidade de referência adotada foi de
0,307 mm/min, a mesma usada por Garcia (2019) e por Costa (2020).

4.3.4. Execução do ensaio de cisalhamento direto

Após a etapa de consolidação, é iniciada a etapa de cisalhamento direto. Para


isso, são retirados os pinos da caixa, e inicia-se o estágio Cisalhamento no programa
do computador acoplado ao equipamento e liga-se o equipamento na velocidade
programada. A partir do ensaio de cisalhamento direto são construídos os gráficos de
tensão Cisalhante (kPa) x Deslocamento horizontal (%) e Deformação vertical (%) x
Deslocamento horizontal (%).
59

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O presente capítulo apresenta os resultados obtidos nos ensaios de


caracterização e de cisalhamento direto. Também são apresentadas discussões e
considerações acerca das limitações dos ensaios.

5.1. Umidade natural (higroscópica)

A Tabela 12 abaixo apresenta os valores encontrados nos ensaios de teor de


umidade higroscópica (h) para as misturas e também para os solos individualmente.

Tabela 12 - Teores de umidade naturais

Mistura h
Caulim 95% + Bentonita 5% 1,38%
Caulim 80% + Bentonita 20% 4,10%
Caulim 100% 0,54%
Bentonita 100% 18,69%

Fonte: Autora, 2022.

5.2. Limite de liquidez

Após a realização do ensaio de Limite de Liquidez para a mistura de 95%


Caulim + 5% Bentonita (como já mencionado no preparo de amsotras, abreviou-se
como C95B5), obteve-se os valores discriminados na Tabela 13.

Tabela 13 - Resultados do ensaio LL para a mistura C95B5

Cápsula N0 300 16 V2 77 3 14
Cápsula + Solo Úmido (g) 12,42 10,48 10,99 13,72 11,70 14,85
Cápsula + Solo Seco (g) 10,09 8,16 9,09 10,48 8,71 10,67
Peso da Cápsula (g) 6,49 5,36 6,80 6,82 5,43 6,15
No. de Golpes 39 19 17 15 14 10
Teor de Umidade (%) 64,72% 82,86% 82,97% 88,52% 91,16% 92,48%
LL (%) 75,71%
Fonte: Autora, 2022.
60

Com os teores de umidade e os números de golpes, pode-se traçar a curva de


fluidez, apresentada a seguir.

Figura 29 - Curva de fluidez da mistura C95B5

Limite de Liquidez C95B5


100,00%

90,00% y = -0,218ln(x) + 1,4588


R² = 0,951
80,00%

70,00%

60,00%

50,00%

40,00%
10 100

Fonte: Autora, 2022.

A partir da equação da reta obtida pela aplicação da Linha de Tendência no


gráfico (função disponível no programa Microsoft Excel), e substituindo o x por 25,
obteve-se o valor de LL = 75,71%.
O processo descrito foi repetido para cada uma das misturas. O resultado final
de cada ensaio está apresentado na Tabela 14 abaixo.

Tabela 14 - Resultado final dos ensaios LL

Mistura LL
Caulim 100% 31,59%
Bentonita 100% 629,34%
Caulim 95% + Bentonita 5% 75,71%
Caulim 80% + Bentonita 20% 118,86%
Fonte: Autora, 2022.

Pode-se observar uma diferença acentuada entre os limites de liquidez obtidos


para Caulim puro (31,59%) e Bentonita pura (625,70%), sendo o elevado valor de LL
desta última uma comprovação de sua alta capacidade de absorver água, como
previsto inicialmente. Os valores estão coerentes com os observados em Bro et al.
61

(2013), Garcia (2019), Costa (2020) e também com os de Head (1982). Além disso, é
válido ressaltar que mesmo em menores quantidades de massa, o processo de
manuseio, homogeneização e realização dos ensaios com bentonita pura é dificultoso,
exige mais tempo e esforço físico para chegar nos pontos ideais dos ensaios. Esses
são os principais fatores que podem influenciar os resultados obtidos.

5.3. Limite de plasticidade

Após a realização do ensaio de limite de plasticidade para a mistura C95B5,


obteve-se os seguintes resultados.

Tabela 15 - Resultados do ensaio LP para a mistura C95B5


Cápsula No 12 300 201 15 3 42
Cápsula + Solo Úmido (g) 7,39 7,60 7,03 7,85 7,00 8,33
Cápsula + Solo Seco (g) 7,13 7,28 6,76 7,48 6,56 8,07
Peso da Cápsula (g) 6,58 6,50 6,15 6,65 5,42 7,41
Teor de Umidade (%) 47,27% 41,03% 44,26% 44,58% 38,60% 39,39%
Situação: Ok Ok Ok Ok Ok Ok
LP (%) 42,52%
Fonte: Autora, 2022.

A linha “Situação” indica se os valores obtidos estão satisfatórios de acordo


com a norma, ou seja, dentro da diferença de 5% da média final. Caso não esteja,
aquele resultado é ignorado e a conta é refeita. Assim, para a proporção C95B5, o
Limite de Plasticidade é igual a 42,52%.
Os mesmos procedimentos foram repetidos para as demais misturas. Os
resultados finais estão presentes na Tabela abaixo. Observa-se que o incremento de
bentonita incrementa os valores de LP, mas não na mesma proporção que para os
valores de LL.
Tabela 16 - Resultado final dos ensaios LP

Mistura LP
Caulim 100% 28,77%
Bentonita 100% 95,44%
Caulim 95% + Bentonita 5% 42,52%
Caulim 80% + Bentonita 20% 43,95%
Fonte: Autora, 2022.
62

5.4. Índice de plasticidade

De posse dos resultados dos ensaios de LL e LP, pode-se encontrar o IP para


cada uma das misturas estudadas, e verificar qual o grau de plasticidade de cada
uma. Abaixo, uma tabela resumindo os valores de LL, LP, IP e grau de plasticidade
para as misturas.

Tabela 17 - Índices de plasticidade das misturas

Mistura LP LL IP Grau de plasticidade


Caulim 100% 28,77% 31,59% 2,82% Plasticidade leve
Bentonita 100% 95,44% 629,34% 533,90% Plasticidade muito alta
Caulim 95% + Bentonita 5% 42,52% 75,71% 33,19% Plasticidade alta
Caulim 80% + Bentonita 20% 43,95% 118,86% 74,91% Plasticidade muito alta
Fonte: Autora, 2022.

Para o Caulim puro, foi determinada uma plasticidade leve, o que condiz com
a sua classificação como argila de baixa plasticidade, como foi dito e também
determinado em Costa (2020).
Para a Bentonita pura, foi determinada como sendo uma argila de alta
plasticidade, conforme esperado.
Para a mistura Caulim 95% + Bentonita 5%, foi determinada como uma argila
de plasticidade alta, diferentemente do determinado por Alves et al. (2010), que
determinou plasticidade média para essa mistura. Isso pode ter ocorrido pela
diferença entre os materiais usados, pois Alves et al. (2010) cita usar um caulim de
cor creme, que é diferente do caulim usado neste trabalho, que é branco. Além de
uma possível diferença entre a bentonita usada nos trabalhos.
E para a mistura Caulim 80% + Bentonita 20% foi determinada uma plasticidade
muito alta, assim como apresentam os resultados de Bro et al. (2013), Alves et al.
(2010) e Garcia (2019).
Demais resultados detalhados da fase de caracterização das amostras podem
ser visualizados no Apêndice.
63

5.5. Cisalhamento direto

5.5.1. Caulim 95% e Bentonita 5%

5.5.1.1. Tempo de hidratação de 1 dia

Fase de consolidação:

As Figura 30, 31 e 32 trazem as informações de consolidação para os ensaios


com a mistura C95B5, cujas aplicações de tensão normal foram de 17, 25 e 35 kPa,
e o tempo de hidratação na câmara úmida foi de um dia.

Figura 30 – Gráfico Consolidação C95B5, 17 kPa, 1 dia

Fonte: Autora, 2022.

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 30, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 155 s. Assim, o tempo de consolidação desta amostra é de
6,67 horas, e seu coeficiente de adensamento igual a 7,41x10-5 cm²/s.
64

Figura 31 - Gráfico Consolidação C95B5, 25 kPa, 1 dia

Fonte: Autora, 2022.

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 31, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 117 s. Assim, o tempo de consolidação desta amostra é de
3,80 horas, e seu coeficiente de adensamento igual a 1,3x10-4 cm²/s.
65

Figura 32 - Consolidação, C95B5, 35 kPa, 1 dia

Fonte: Autora, 2022.

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 32, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 115 s. Assim, o tempo de consolidação desta amostra é de
3,67 horas, e seu coeficiente de adensamento igual a 1,35x10-4 cm²/s.

Fase de cisalhamento:

Após cada etapa de consolidação, foi realizada a etapa de cisalhamento para


a mesma amostra, que geraram os gráficos apresentados pelas Figura 33 e 34.
66

Figura 33 - Gráfico Tensões Cisalhantes, C95B5, 1 dia

C95B5.1d
25,00
Tensão Cisalhante [kPa]

20,00

15,00
17 kPa
10,00 25 kPa
35 kPa
5,00

0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Deslocamento Horizontal [%]

Fonte: Autora, 2022.

Figura 34 - Gráfico Deformações, C95B5, 1 dia

Def. C95B5.1d
0,5

0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Deformação Vertical [%]

-0,5

17 kPa
-1,0
25 kPa
35 kPa
-1,5

-2,0

-2,5
Deslocamento Horizontal [%]

Fonte: Autora, 2022.

Pode-se observar do gráfico de tensões que as amostras não apresentaram


uma tensão de pico, mas atinguem uma tendência de menor crescimento, embora
67

sem estabilização clara, a partir de 2% de deslocamento da caixa. Quanto às


deformações verticais, estas indicam que a amostras comprimem durante toda a
etapa de cisalhamento, mas também não apresentam uma estabilização da
deformação.

Verificação das condições de drenagem

Na Tabela 18 é apresentada a verificação das condições de drenagem, análise


direta de truptura e t100, e dos coeficientes de adensamento (cv). Como pode-se verificar
da Tabela 18, os tempos de ruptura foram menores que os tempos necessários para
a dissipação de 100 % indicando que não houve a verificação da condição de
drenagem do ensaio. Diferentemente do trabalho de Garcia (2019), que encontrou
valores de t100 na ordem de grandeza de minutos, os t100 encontrados nesta pesquisa
foram na ordem de grandeza de horas, indicando um equívoco na pesquisa de Garcia
(2019), que não fez a transformação de unidades corretamente ao retirar os valores
do gráfico de consolidação.

Tabela 18 – Verificação das condições de drenagem, C95B5, 1 dia


coeficiente de
Deslocamento Tempo para
Amostra t100 adensamento trup≥t100
horizontal (δ) ruptura (trup)
(cv)
C95B5.17kPa.1d 5 mm 16,29 min 6,67 horas 7,41x10-5 cm²/s Não
-4
C95B5.25kPa.1d 5 mm 16,29 min 3,80 horas 1,3x10 cm²/s Não
-4
C95B5.35kPa.1d 5 mm 16,29 min 3,67 horas 1,35x10 cm²/s Não
Fonte: Autora, 2022.

Outra interpretação complementar gerada visando avaliar a condição de


drenagem e validade dos resultados obtidos consiste no traçado das curvas
normalizadas de tensões cisalhantes sobre a tensão normal aplicada em cada ensaio
(17, 25 e 35 kPa). Isso foi feito para comparar os valores obtidos nos ensaios da
presente pesquisa com os resultados da pesquisa de Bro et al. (2013), e verificar
possíveis semelhanças e diferenças entre o comportamento das argilas. Neste
sentido, pode-se verificar da Figura 35 que os valores das tensões cisalhantes
normalizadas para as tensões confinantes de 25 e 35 kPa resultaram em valores muito
próximos de 0,6. Já a tensão de 17 kPa resultou em tensão normalizada superior
68

chegando a valores máximos de 0.9. Embora o trabalho de Bro et al. (2013) não
apresente resultados para misturas com composição 95% caulim e 5% bentonita, a
ordem de grandeza apresentada para as tensões normalizadas no presente trabalho
encontra-se mais próxima aquela caracterizada pelo autor para ensaios drenados
(/’c ≈ 0,6 para ensaios drenados e /’c ≈ 0,25 ensaios não-drenados). O valor
encontrado na presente pesquisa também é consideravelmente superior ao obtido por
Alves et al. (2010) em condição não-drenada, reforçando que podem existir indícios
de ocorrência de drenagem. /’c ≈ 0,25 (0,15-0,3) foram caracterizados por Alves et
al. (2013) em respostas de ensaio de palheta, comportamento não drenado quando
= Su, em amostra com 5% de bentonita.

Figura 35 - Gráfico Tensões Normalizadas, C95B5, 1 dia

C95B5.1d.Normalizado
1
0,9
0,8
0,7
0,6
τ/σ'c

0,5 17 kPa
0,4 25 kPa
0,3 35 kPa
0,2
0,1
0
-1,0 1,0 3,0 5,0 7,0 9,0 11,0 13,0 15,0
Deslocamento Horizontal [%]

Fonte: Autora, 2022.

Parâmetros de resistência:

Apesar de não haver garantia da condição de drenagem através da análise de


trup, construiu-se a envoltória de ruptura. E com esta, podem ser verificados e
interpretados os parâmetros de resistência.
Adotou-se os valores de tensão para um deslocamento horizontal de 5 mm,
mantendo o mesmo critério da condição de drenagem. A Tabela 19 abaixo traz os
valores das tensões para o deslocamento mencionado.
69

Tabela 19 - Tensões para deslocamento de 5 mm, C95B5, 1 dia.

Tensão Cisalhante [kPa] Tensão Normal [kPa]


10,20 18,010
14,29 26,511
17,86 37,020
Fonte: Autora, 2022.

A partir desses valores foi construída a envoltória, representada no gráfico da


Figura 36.
Figura 36 - Envoltória de ruptura, C95B5, 1 dia

Envoltória C95B5.1d
20,00
18,00 y = 0,4005x + 3,2312
Tensão Cisalhante [kPa]

16,00 R² = 0,99
14,00
12,00
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
0,000 5,000 10,000 15,000 20,000 25,000 30,000 35,000 40,000
Tensão Normal [kPa]

Fonte: Autora, 2022.

A partir desta envoltória, pode constatar os valores de coesão e de ângulo de


atrito como sendo: c = 3,2 kPa e 𝜑 = 21,8º.
Sobre a coesão das argilas, Pinto (2006) afirma que que os valores usuais de
coesão estão entre 5 e 50 kPa, mas que na realidade, isso não representa um valor
físico de coesão, pois ele é somente o coeficiente linear da reta que se ajustou à
envoltória curvilínea representativa do solo. Já para o ângulo de atrito, Pinto (2006)
apresenta que para as argilas, exite uma relação entre o índice de plasticidade e o
ângulo de atrito dessas. Assim, quanto maior o IP, menor será o 𝜑 da argila. Abaixo,
uma tabela que compara esses valores.
70

Tabela 20 - Valores típicos para ângulo de atrito interno de argilas

Índice de Ângulo de atrito


Plasticidade interno efetivo (°)
10 30 a 38
20 26 a 34
40 20 a 29
60 18 a 25
Fonte: adaptado de Pinto, 2006.

Portanto, os valores encontrados estão dentro do esperado.

5.5.1.2. Tempo de hidratação de 7 dias

Fase de consolidação:

As Figuras 37, 38 e 39 trazem as informações de consolidação para as etapas


de consolidação da mistura C95B5 que ficou por 7 dias na câmara úmida.

Figura 37 - Consolidação, C95B5, 17 kPa, 7 dias

Fonte: Autora, 2022.


71

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 37, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 120 s, o que corresponde ao tempo igual a 4 horas e cv de
1,24x10-4 cm²/s.

Figura 38 - Consolidação, C95B5, 25 kPa, 7 dias

Fonte: Autora, 2022.

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 38, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 120 s, o que corresponde ao tempo igual a 4 horas e cv de
1,24x10-4 cm²/s.
72

Figura 39 - Consolidação, C95B5, 35 kPa, 7 dias

Fonte: Autora, 2022.

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 39, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 106 s, o que corresponde ao tempo igual a 3,12 horas e cv
de 1,59x10-4 cm²/s.

Fase de cisalhamento:

Após cada etapa de consolidação, foi realizada a etapa de cisalhamento para


a mesma amostra, que geraram os gráficos apresentados pelas Figura 40 e 41.
73

Figura 40 - Gráfico Tensões Cisalhantes, C95B5, 7 dias

C95B5.7d
25,00
Tensão Cisalhante [kPa]

20,00

15,00
17 kPa
10,00 25 kPa
35 kPa
5,00

0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Deslocamento Horizontal [%]

Fonte: Autora, 2022.

Figura 41 - Gráfico Deformações, C95B5, 7 dias

Def. C95B5.7d
0,5

0,0
Deformação Vertical [%]

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0


-0,5

-1,0
17 kPa
-1,5
25 kPa
-2,0 35 kPa
-2,5

-3,0

-3,5
Deslocamento Horizontal [%]

Fonte: Autora, 2022.

Pode-se observar do gráfico de tensões que, assim como para o tempo de 1


dia, as amostras não apresentaram uma tensão de pico, mas que o crescimento de
tensão foi menos acentuado a partir de 1% de deslocamento da caixa. Ademais, os
valores são semelhantes aos apresentados pelos ensaios de 1 dia. Quanto às
deformações verticais, estas indicam que a amostra continuou a comprimir durante a
etapa de cisalhamento, não havendo estabilização das deformações.
74

Verificação das condições de drenagem:

Na Tabela 21 é apresentada a verificação das condições de drenagem, análise


direta de truptura e t100, e dos coeficientes de adensamento (cv). Como pode-se verificar
da Tabela 21, os tempos de ruptura foram menores que os tempos necessários para
a dissipação de 100 % indicando que não foi cumprida a condição de drenagem do
ensaio.

Tabela 21 - Verificação das condições de drenagem, C95B5, 7 dias

Deslocamento Tempo para coeficiente de


Amostra t100 trup≥t100
horizontal (δ) ruptura (trup) adensamento (cv)
C95B5.17kPa.7d 5 mm 16,29 min 4 horas 1,24x10-4 cm²/s Não
C95B5.25kPa.7d 5 mm 16,29 min 4 horas -4
1,24x10 cm²/s Não
C95B5.35kPa.7d 5 mm 16,29 min 3,12 horas 1,59x10-4 cm²/s Não
Fonte: Autora, 2022.

Assim como para C95B5 em 1 dia, para 7 dias foram feitas as curvas das
tensões normalizadas, visando complementar a análise da drenagem. A Figura 39
apresenta essas curvas. Pela Figura 42, pode-se perceber que os valores de /’c
para as tensões de 17 e 35 kPa situam-se entre 0,5 e 0,7, porém os valores são
ligeiramente inferiores para a tensão de 25 kPa, que ficam entre 0,4 e 0,55. Ainda
assim, são valores superiores aos encontrados por Bro et al. (2013) de
comportamento não drenado, e próximos aos encontrados pelo autor para
comportamento drenado, dando assim, possíveis indícios de drenagem.
75

Figura 42 - Gráfico Tensões Normalizadas, C95B5, 7 dias

C95B5.7d.Normalizado
0,8

0,7

0,6

0,5
τ/σ'c

0,4 17 kPa

0,3 25 kPa
35 kPa
0,2

0,1

0
-1,0 1,0 3,0 5,0 7,0 9,0 11,0 13,0 15,0
Deslocamento Horizontal [%]

Fonte: Autora, 2022.

Parâmetros de resistência:

De posse dos resultados dos ensaios para as três tensões diferentes optou-se
por também construir a envoltória de ruptura. Adotou-se os valores de tensão para um
deslocamento horizontal de 5 mm, mantendo o mesmo critério da condição de
drenagem.

A tabela abaixo traz os valores das tensões para o deslocamento mencionado.

Tabela 22 - Tensões para deslocamento de 5 mm, C95B5, 7 dias

Tensão Cisalhante [kPa] Tensão Normal [kPa]


10,20 18,010
10,71 26,508
17,86 37,020
Fonte: Autora, 2022.

A partir dos valores da tabela, construiu-se a envoltória de ruptura, ilustrada


abaixo.
76

Figura 43 - Envoltória de ruptura, C95B5, 7 dias

Envoltória C95B5.7d
20,00
18,00 y = 0,4137x + 1,6784
Tensão Cisalhante [kPa]
16,00 R² = 0,8462
14,00
12,00
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
0,000 5,000 10,000 15,000 20,000 25,000 30,000 35,000 40,000
Tensão Normal [kPa]

Fonte: Autora, 2022.

A partir desta envoltória, pode constatar os valores de coesão e de ângulo de


atrito como sendo: c = 1,7 kPa e 𝜑 = 22,5º.
Assim como os resultados para 1 dia, para 7 dias eles se apresentam dentro
do esperado, com pouca variação dos parâmetros de resistência.

5.5.1.3. Tempo de hidratação de 14 dias

Fase de consolidação:

A seguir, os gráficos das etapas de consolidação dos ensaios para uma


amostra C95B5 para 14 dias de tempo de hidratação. As Figuras 44, 45 e 46 se
referem aos ensaios para a tensão de 17, 25 e 35 kPa.
77

Figura 44 - Consolidação, C95B5, 17 kPa, 14 dias

Fonte: Autora, 2022.

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 44, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 87 s. Assim, o tempo de consolidação desta amostra é de
2,10 horas, e seu coeficiente de adensamento igual a 2,35x10-4 cm²/s.

Figura 45 - Consolidação, C95B5, 25 kPa, 14 dias

Fonte: Autora, 2022.


78

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 45, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 85 s, o que corresponde ao tempo igual a 2,01 horas e cv
de 2,47x10-4 cm²/s.

Figura 46 - Consolidação, C95B5, 14 dias

Fonte: Autora, 2022.

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 46, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 95 s, o que corresponde ao tempo igual a 2,51 horas e cv
de 1,97x10-4 cm²/s.

Fase de cisalhamento:

Após cada etapa de consolidação, foi realizada a etapa de cisalhamento para


a mesma amostra, que geraram os gráficos apresentados pelas Figura 47 e 48.
79

Figura 47 - Gráfico Tensões Cisalhantes, C95B5, 14 dias

C95B5.14d
25,00
Tensão Cisalhante [kPa]

20,00

15,00
17 kPa
10,00 25 kPa

5,00 35 kPa

0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Deslocamento Horizontal [%]

Fonte: Autora, 2022.

Figura 48 - Gráfico Deformações, C95B5, 14 dias

Def. C95B5.14d
0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0

-0,5
Deformação Vertical [%]

-1,0
17 kPa
25 kPa
-1,5
35 kPa

-2,0

-2,5
Deslocamento Horizontal [%]

Fonte: Autora, 2022.

Pode-se observar do gráfico de tensões que, assim como nos outros tempos,
as amostras não apresentaram uma tensão de pico, mas que o crescimento de tensão
mostrou-se menos acentuado a partir de 1% de deslocamento da caixa. Ademais, os
valores são semelhantes aos apresentados pelos outros ensaios, porém apresentam
valores de tensões ligeiramente superiores. Quanto às deformações verticais, estas
indicam que a amostra continuou a comprimir durante a etapa de cisalhamento.
80

Verificação das condições de drenagem:

Na Tabela 23 é apresentada a verificação das condições de drenagem, análise


direta de truptura e t100, e dos coeficientes de adensamento (cv). Como pode-se verificar
da Tabela 23, os tempos de ruptura foram menores que os tempos necessários para
a dissipação de 100 % indicando que não foi cumprida a condição de drenagem do
ensaio.

Tabela 23 - Verificação das condições de drenagem, C95B5, 14 dias

Deslocamento Tempo para coeficiente de


Amostra t100 trup≥t100
horizontal (δ) ruptura (trup) adensamento (cv)
C95B5.17kPa.14d 5 mm 16,29 min 2,10 horas 2,35x10-4 cm²/s Não
C95B5.25kPa.14d 5 mm 16,29 min 2,01 horas 2,47x10-4 cm²/s Não
C95B5.35kPa.14d 5 mm 16,29 min 2,51 horas 1,97x10-4 cm²/s Não
Fonte: Autora, 2022.

Assim como para C95B5 em 1 dia e 7 dias, foram feitas as curvas das tensões
normalizadas para 14 dias, visando complementar a análise da drenagem. A Figura
46 apresenta essas curvas. Pela Figura 49, pode-se perceber que os valores de /’c
para as tensões de 25 e 35 kPa situam-se entre 0,5 e 0,7, porém os valores são
ligeiramente superiores para a tensão de 17 kPa, que ficam entre 0,7 e 0,9. Esses
valores são, na maioria, superiores aos encontrados por Bro et al. (2013) para
comportamento drenado, o que pode indicar que os ensaios foram realizados de
maneira parcialmente drenada.
81

Figura 49 - Gráfico Tensões Normalizadas, C95B5, 14 dias

C95B5.14d.Normalizado
1
0,9
0,8
0,7
0,6
τ/σ'c

0,5 17 kPa
0,4 25 kPa
0,3 35 kPa
0,2
0,1
0
-1,0 1,0 3,0 5,0 7,0 9,0 11,0 13,0 15,0
Deslocamento Horizontal [%]

Fonte: Autora, 2022.

Parâmetros de resistência:

De posse dos resultados dos ensaios para as três tensões diferentes e da


verificação da condição de drenagem, pode-se construir a envoltória de ruptura.
Adotou-se os valores de tensão para um deslocamento horizontal de 5 mm, mantendo
o mesmo critério da condição de drenagem.
A tabela abaixo traz os valores das tensões para o deslocamento mencionado.

Tabela 24 - Tensões para deslocamento de 5 mm, C95B5, 14 dias

Tensão Cisalhante [kPa] Tensão Normal [kPa]


12,75 18,010
15,82 26,511
20,92 37,020
Fonte: Autora, 2022.

A partir dos valores da tabela, construiu-se a envoltória de ruptura, ilustrada


abaixo.
82

Figura 50 - Envoltória de ruptura, C95B5, 14 dias

Envoltória C95B5.14d
25,00

y = 0,4319x + 4,7568
Tensão Cisalhante [kPa]
20,00 R² = 0,9934

15,00

10,00

5,00

0,00
0,000 5,000 10,000 15,000 20,000 25,000 30,000 35,000 40,000
Tensão Normal [kPa]

Fonte: Autora, 2022.

A partir desta envoltória, pode constatar os valores de coesão e de ângulo de


atrito como sendo: c = 4,8 kPa e 𝜑 = 23,4º. Esses valores estão ligeiramente
superiores aos dos demais. Por isso, podem indicar um ganho de resistência dessas
amostras, por conta do tempo a mais que ficaram em hidratação.
83

5.5.2. Caulim 80% e Bentonita 20%

5.5.2.1. Tempo de hidratação de 1 dia

Fase de consolidação:

As Figuras 51, 52 e 53 trazem as informações de consolidação para as etapas


de consolidação da mistura C95B5 que ficou por 7 dias na câmara úmida.

Figura 51 - Consolidação, C80B20, 17 kPa, 1 dia

Fonte: Autora, 2022.

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 51, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 193 s, o que corresponde ao tempo igual a 10,35 horas e
cv de 4,78x10-5 cm²/s.
84

Figura 52 - Consolidação, C80B20, 25 kPa, 1 dia

Fonte: Autora, 2022.

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 52, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 180 s, o que corresponde ao tempo igual a 9 horas e cv de
5,5x10-5 cm²/s.
85

Figura 53 - Consolidação, C80B20, 35 kPa, 1 dia

Fonte: Autora, 2022.

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 53, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 220 s, o que corresponde ao tempo igual a 13,44 horas e
cv de 3,68x10-5 cm²/s.

Fase de cisalhamento:

Após cada etapa de consolidação, foi realizada a etapa de cisalhamento para


a mesma amostra, que geraram os gráficos apresentados pelas Figura 54 e 55.
86

Figura 54 - Gráfico Tensões Cisalhantes, C80B20, 1 dia

C80B20.1d
16,00
14,00
Tensão Cisalhante [kPa]

12,00
10,00
8,00 17 kPa
6,00 25 kPa

4,00 35 kPa

2,00
0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Deslocamento Horizontal [%]

Fonte: Autora, 2022.

Figura 55 - Gráfico Deformações, C80B20, 1 dia

C80B20.1d
0,2
0,1
0,0
Tensão Cisalhante [kPa]

-0,1 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
-0,2
-0,3 17 kPa
-0,4 25 kPa
-0,5 35 kPa
-0,6
-0,7
-0,8
-0,9
Deslocamento Horizontal [%]

Fonte: Autora, 2022.

Pelo gráfico de tensões, observa-se a ocorrência de pico seguido de queda


para as confinantes de 25 e 35 kPa. O valores de pico acontecem em torno de 2% de
deslocamento relativo da caixa quando analisada a tensão confinante de 25 kPa, e
em torno de 1% de deslocamento relativo da caixa para a confinante de 35 kPa.
Quanto às deformações verticais, estas indicam que para todas as tensões
confinantes há um incremento continuo de compressão, não indicando estabilização.
87

Verificação das condições de drenagem:

Na Tabela 25 é apresentada a verificação das condições de drenagem, análise


direta de truptura e t100, e dos coeficientes de adensamento (cv). Pela Tabela 25, pode-
se verificar que os tempos de ruptura são menores que os t100, indicando o não
cumprimento das condições de drenagem.

Tabela 25 - Verificação das condições de drenagem, C80B20, 1 dia

Deslocamento Tempo para coeficiente de


Amostra t100 t ≥t
horizontal (δ) ruptura (trup) adensamento (cv) rup 100
C80B20.17kPa.1d 5 mm 16,29 min 10,35 horas 4,78x10-5 cm²/s Não
C80B20.25kPa.1d 5 mm 16,29 min 9 horas 5,5x10-5 cm²/s Não
C80B20.35kPa.1d 5 mm 16,29 min 13,44 horas 3,68x10-5 cm²/s Não
Fonte: Autora, 2022.

Assim como para amistura C95B5, foram feitas as curvas das tensões
normalizadas para C80B20 a 1 dia, visando complementar a análise da drenagem. A
Figura 53 apresenta essas curvas. Pela Figura 56, pode-se perceber que os valores
de /’c para a tensão de 35 kPa situam-se na faixa de 0,4. Para a tensão de 25 kPa
situam-se entre 0,4 e 0,5. E para a tensão de 17, os valores são ligeiramente
superiores, que ficam entre 0,5 e 0,6. Esses valores são superiores aos encontrados
por Bro et al. (2013) para a mesma proporção de Caulim e Bentonita. Bro et al. (2013)
afirma que os valores de /’c para amostras não drenadas de mistura caulim-
bentonita são, em média, 0,18. Assim, os valores encontrados neste trabalho podem
ser indícios de comportamento parcialmente drenado.
88

Figura 56 - Gráfico Tensões Normalizadas, C80B20, 1 dia

C80B20.1d.Normalizado
0,6

0,5

0,4
τ/σ'c

0,3 17 kPa
25 kPa
0,2
35 kPa
0,1

0
-1,0 1,0 3,0 5,0 7,0 9,0 11,0 13,0 15,0
Deslocamento Horizontal [%]

Fonte: Autora, 2022

Parâmetros de resistência:

De posse dos resultados dos ensaios para as três tensões diferentes e da


verificação da condição de drenagem, pode-se construir a envoltória de ruptura.
Adotou-se os valores de tensão para um deslocamento horizontal de 5 mm, mantendo
o mesmo critério da condição de drenagem.
A tabela abaixo traz os valores das tensões para o deslocamento mencionado.

Tabela 26 - Tensões para deslocamento de 5 mm, C80B20, 1 dia

Tensão Cisalhante [kPa] Tensão Normal [kPa]


9,18 18,010
10,71 26,211
12,76 37,040
Fonte: Autora, 2022.

A partir dos valores da tabela, construiu-se a envoltória de ruptura, ilustrada


abaixo.
89

Figura 57 - Envoltória de ruptura, C80B20, 1 dia

Envoltória C80B20.1d
14,00
Tensão Cisalhante [kPa] y = 0,1882x + 5,7857
12,00 R² = 1
10,00

8,00

6,00

4,00

2,00

0,00
0,000 5,000 10,000 15,000 20,000 25,000 30,000 35,000 40,000
Tensão Normal [kPa]

Fonte: Autora, 2022.

A partir desta envoltória, pode-se constatar os valores de coesão e de ângulo


de atrito como sendo: c = 5,8 kPa e 𝜑 = 10,7º. Estes resultados indicam diferença no
comportamento das misturas, em que o acréscimo de bentonita na amostra pode ser
uma das causas. Ademais, esses resultados também se diferenciam dos encontrados
por Garcia (2019), e as possíveis causas disso podem ser: a diferença nos teores de
umidade trabalhados, as tensões de carregamento adotadas, e o fato de Garcia
(2019) ter trabalhado com grandes deformações.
90

5.5.2.2. Tempo de hidratação de 7 dias

Fase de consolidação:

As Figuras 58, 59 e 60 trazem as informações de consolidação para as etapas


de consolidação da mistura C80B20 que ficou por 7 dias na câmara úmida.

Figura 58 - Consolidação, C80B20, 17 kPa, 7 dias

Fonte: Autora, 2022.

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 58, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 160 s, o que corresponde ao tempo igual a 7,11 horas e cv
de 6,96x10-5 cm²/s.
91

Figura 59 - Consolidação, C80B20, 25 kPa, 7 dias

Fonte: Autora, 2022.

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 59, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 145 s, o que corresponde ao tempo igual a 5,84 horas e cv
de 8,47x10-5 cm²/s.
92

Figura 60 - Consolidação, C80B20, 35 kPa, 7 dias

Fonte: Autora, 2022.

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 60, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 222 s, o que corresponde ao tempo igual a 13,69 horas e
cv de 3,61x10-5 cm²/s.

Fase de cisalhamento:

Após cada etapa de consolidação, foi realizada a etapa de cisalhamento para


a mesma amostra, que geraram os gráficos apresentados pelas Figura 61 e 62.
93

Figura 61 - Gráfico Tensões Cisalhantes, C80B20, 7 dias

C80B20.7d
25,00
Tensão Cisalhante [kPa]

20,00

15,00
17 kPa
10,00 25 kPa
35 kPa
5,00

0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Deslocamento Horizontal [%]

Fonte: Autora, 2022.

Figura 62 - Gráfico Deformações, C80B20, 7 dias

C80B20.7d
0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
-0,2
Tensão Cisalhante [kPa]

-0,4
17 kPa
-0,6
25 kPa

-0,8 35 kPa

-1,0

-1,2
Deslocamento Horizontal [%]

Fonte: Autora, 2022.

Pode-se observar do gráfico de tensões que as amostras não apresentaram


uma tensão de pico, mas que o crescimento de tensão apresenta uma tendência de
estabilização a partir de 2% de deslocamento da caixa. Ademais, os valores são
semelhantes aos apresentados pelos outros ensaios, porém apresentam valores de
tensões ligeiramente superiores para a tensão de 25 kPa. Quanto às deformações
94

verticais, estas indicam que as amostras continuaram a comprimir durante a etapa de


cisalhamento, sendo a amostra de 17 kPa a que mais sofreu compressão. As
amostras as tensões de 25 e 35Kpa apresentam uma tendência a estabilização das
deformações.

Verificação das condições de drenagem:

Na Tabela 27 é apresentada a verificação das condições de drenagem, análise


direta de truptura e t100, e dos coeficientes de adensamento (cv). Como pode-se verificar
da Tabela 27, os tempos de ruptura foram menores que os tempos necessários para
a dissipação de 100 % indicando que não houve a verificação da condição de
drenagem do ensaio.

Tabela 27 - Verificação das condições de drenagem, C80B20, 7 dias

Deslocamento Tempo para coeficiente de


Amostra t100 trup≥t100
horizontal (δ) ruptura (trup) adensamento (cv)
C80B20.17kPa.7d 5 mm 16,29 min 7,11 horas 6,96x10-5 cm²/s Não
C80B20.25kPa.7d 5 mm 16,29 min 5,84 horas 5,5x10-5 cm²/s Não
C80B20.35kPa.7d 5 mm 16,29 min 13,69 horas 3,61x10-5 cm²/s Não
Fonte: Autora, 2022.

Também foram feitas as curvas das tensões normalizadas para C80B20 a 7


dias, visando complementar a análise da drenagem. A Figura 63 apresenta essas
curvas. Pela Figura 60, pode-se perceber que os valores de /’c para a tensão de 35
kPa situam-se na faixa de 0,5. Para a tensão de 25 kPa situam-se entre 0,4 e 0,5. E
para a tensão de 17, os valores são ligeiramente superiores, que ficam no entorno de
0,7. Esses valores são superiores aos encontrados por Bro et al. (2013) para a mesma
proporção de Caulim e Bentonita. Bro et al. (2013) afirma que os valores de /’c para
amostras não drenadas de mistura caulim-bentonita são, em média, 0,18. Assim, os
valores encontrados neste trabalho podem ser indícios de comportamento
parcialmente drenado.
95

Figura 63 - Gráfico Tensões Normalizadas, C80B20, 7 dias

C80B20.7d.Normalizado
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
τ/σ'c

17 kPa
0,4
25 kPa
0,3
35 kPa
0,2
0,1
0
-1,0 1,0 3,0 5,0 7,0 9,0 11,0 13,0 15,0
Deslocamento Horizontal [%]

Fonte: Autora, 2022.

Parâmetros de resistência:

De posse dos resultados dos ensaios para as três tensões diferentes e da


verificação da condição de drenagem, pode-se construir a envoltória de ruptura.
Adotou-se os valores de tensão para um deslocamento horizontal de 5 mm, mantendo
o mesmo critério da condição de drenagem.
A tabela abaixo traz os valores das tensões para o deslocamento mencionado.

Tabela 28 - Tensões para deslocamento de 5 mm, C80B20, 7 dias

Tensão Cisalhante [kPa] Tensão Normal [kPa]


11,22 18,010
15,31 26,511
18,37 37,020
Fonte: Autora, 2022.

A partir desses valores foi construída a envoltória, representada no gráfico da


Figura 64.
96

Figura 64 - Envoltória de ruptura, C80B20, 7 dias

Envoltória C80B20.7d
20,00
Tensão Cisalhante [kPa] 18,00 y = 0,3728x + 4,8332
16,00 R² = 0,9794
14,00
12,00
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
0,000 5,000 10,000 15,000 20,000 25,000 30,000 35,000 40,000
Tensão Normal [kPa]

Fonte: Autora, 2022.

A partir desta envoltória, pode-se constatar os valores de coesão e de ângulo


de atrito como sendo: c = 4,8 kPa e 𝜑 = 20,4º. Estes resultados indicam diferença no
comportamento das misturas, em que o acréscimo de tempo pode ser uma das
causas.
97

5.5.2.3. Tempo de hidratação de 14 dias

Fase de consolidação:

A seguir, os gráficos das etapas de consolidação dos ensaios para uma


amostra C80B20 para 14 dias de tempo de hidratação. As Figuras 65, 66 e 67 se
referem aos ensaios para a tensão de 17, 25 e 35 kPa.

Figura 65 - Consolidação, C80B20, 17 kPa, 14 dias

Fonte: Autora, 2022.

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 65, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 179 s, o que corresponde ao tempo igual a 8,90 horas e cv
de 5,56x10-5 cm²/s.
98

Figura 66 - Consolidação, C80B20, 25 kPa, 14 dias

Fonte: Autora, 2022.

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 66, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 170 s, o que corresponde ao tempo igual a 8,03 horas e cv
de 6,16x10-5 cm²/s.
99

Figura 67 - Consolidação, C80B20, 35 kPa, 14 dias

Fonte: Autora, 2022.

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 67, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 40 s, o que corresponde ao tempo igual a 0,44 horas (26,67
min) e cv de 1,11x10-3 cm²/s.

Fase de cisalhamento:

Após cada etapa de consolidação, foi realizada a etapa de cisalhamento para


a mesma amostra, que geraram os gráficos apresentados pelas Figura 68 e 69.
100

Figura 68 - Gráfico Tensões Cisalhantes, C80B20, 14 dias

C80B20.14d
25,00
Tensão Cisalhante [kPa]

20,00

15,00
17 kPa
10,00 25 kPa
35 kPa
5,00

0,00
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0
Deslocamento Horizontal [%]

Fonte: Autora, 2022.

Figura 69 - Gráfico Deformações, C80B20, 14 dias

C80B20.14d
0,2

0,0
Tensão Cisalhante [kPa]

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0


-0,2

-0,4
17 kPa
-0,6
25 kPa
-0,8 35 kPa
-1,0

-1,2

-1,4
Deslocamento Horizontal [%]

Fonte: Autora, 2022.

Pode-se observar do gráfico de tensões que as amostras também não


apresentaram uma tensão de pico tendendo a estabilização para deslocamento
relativo da caixa superior a 2%. Quanto às deformações verticais, estas indicam que
as amostras continuaram a comprimir durante a etapa de cisalhamento, não
apresentando estabilização.
101

Verificação das condições de drenagem:

Na Tabela 29 é apresentada a verificação das condições de drenagem, análise


direta de truptura e t100, e dos coeficientes de adensamento (cv). Como pode-se verificar
da Tabela 29, os tempos de ruptura foram menores que os tempos necessários para
a dissipação de 100 % indicando não verificação da condição de drenagem do ensaio.

Tabela 29 – Verificação das condições de drenagem, C80B20, 14 dias

Deslocamento Tempo para coeficiente de


Amostra t100 trup≥t100
horizontal (δ) ruptura (trup) adensamento (cv)
C80B20.17kPa.14d 5 mm 16,29 min 8,90 horas 5,56x10-5 cm²/s Não
C80B20.25kPa.14d 5 mm 16,29 min 8,03 horas 6,16x10-5 cm²/s Não
C80B20.35kPa.14d 5 mm 16,29 min 26,67 min 1,1x10-3 cm²/s Não
Fonte: Autora, 2022.

Pode-se perceber uma redução acentuada do tempo para a tensão de 35 kPa.


Isso pode ter ocorrido por conta de um possível erro de ensaio, em que a moldagem
não tenha sido executada de maneira adequada e, amostras com condições de
moldagem diferentes resultam em estruturas diferentes e parâmetros diferentes.
Apesar do valor de cv para a última tensão ser notavelmente inferior aos demais, ele
ainda está dentro do esperado para solos finos. De acordo com Carvalho et al. (2019),
os valores de coeficiente de adensamento representativo de solos finos podem estar
entre 10-3 e 10-5.
Também foram feitas as curvas das tensões normalizadas para C80B20 a 14
dias, visando complementar a análise da drenagem. A Figura 70 apresenta essas
curvas. Pela Figura 70, pode-se perceber que os valores de /’c para todas as tensões
situam-se na faixa de 0,55-0,6. Esses valores são superiores aos encontrados por Bro
et al. (2013) para a mesma proporção de Caulim e Bentonita. Bro et al. (2013) afirma
que os valores de /’c para amostras não drenadas de mistura caulim-bentonita são,
em média, 0,18. Assim, os valores encontrados neste trabalho podem ser indícios de
comportamento parcialmente drenado.
102

Figura 70 - Gráfico Tensões Normalizadas, C80B20, 14 dias

C80B20.14d.Normalizado
0,8

0,7
0,6

0,5
τ/σ'c

0,4 17 kPa

0,3 25 kPa

0,2 35 kPa

0,1

0
-1,0 1,0 3,0 5,0 7,0 9,0 11,0 13,0 15,0
Deslocamento Horizontal [%]

Fonte: Autora, 2022.

Parâmetros de resistência:

De posse dos resultados dos ensaios para as três tensões diferentes e da


verificação da condição de drenagem, pode-se construir a envoltória de ruptura.
Adotou-se os valores de tensão para um deslocamento horizontal de 5 mm, mantendo
o mesmo critério da condição de drenagem.
A tabela abaixo traz os valores das tensões para o deslocamento mencionado.
Tabela 30 - Tensões para deslocamento de 5 mm, C80B20, 14 dias

Tensão Cisalhante [kPa] Tensão Normal [kPa]


9,18 18,010
14,29 26,511
21,43 37,020
Fonte: Autora, 2022.

A partir desses valores foi construída a envoltória, representada no gráfico da


Figura 71.
103

Figura 71 - Envoltória de ruptura, C80B20, 14 dias

Envoltória C80B20.14d
25,00
y = 0,6458x - 2,5851
Tensão Cisalhante [kPa]

20,00 R² = 0,9988

15,00

10,00

5,00

0,00
0,000 5,000 10,000 15,000 20,000 25,000 30,000 35,000 40,000
Tensão Normal [kPa]

Fonte: Autora, 2022.

A partir desta envoltória, pode constatar os valores de coesão e de ângulo de


atrito como sendo: c = -2,6 kPa e 𝜑 = 32,4º. O valor de coesão ser negativo é
apenas um ajuste matemático, consequência do ajuste da reta, e portanto, para
fins práticos deve ser considerada a coesão nula. E o valor do ângulo de atrito é
mais elevado que os demais, aproximando-se do valor encontrado por Costa (2020)
para o caulim puro.

5.5.3. Comparativo geral: misturas e tempos de hidratação

Complementando a análise da influência da adição de bentonita, nas figuras


72 a 77 são apresentados comparativos diretos das fases de cisalhamento das
diferentes misturas.

Comportamento 1 dia de hidratação (Figuras 72 e 73): evidencia-se um decréscimo


claro nas tensões cisalhantes mobilizadas a partir da adição de bentonita. No entanto,
a adição de bentonita reduz a deformação vertical durante o ensaio.
104

Figura 72 - comportamento 1 dia de hidratação (tensões cisalhantes)

Fonte: Autora, 2022.

Figura 73 - comportamento 1 dia de hidratação (deformações)

Fonte: Autora, 2022.

Comportamento 7 dias de hidratação (Figuras 74 e 75): comparando os resultados


obtidos para as diferentes misturas observa-se que os valores de tensões cisalhantes
mobilizadas são próximos, com exceção da mistura a 25 kPa. A adição de bentonita
continua evidenciando uma redução na deformação vertical durante o ensaio.
105

Figura 74 - Comportamento 7 dias de hidratação (tensões cisalhantes)

Fonte: Autora, 2022.

Figura 75 - Comportamento 7 dias de hidratação (deformações)

Fonte: Autora, 2022.

Comportamento 14 dias de hidratação (Figuras 76 e 77): os valores de tensões


cisalhantes mobilizadas para as diferentes misturas são próximos quando
comparadas as tensões normais de 25 e 35 kPa. No entanto, para a tensão de 17 kPa
é claro o valor superior obtido para a mistura com menor teor de bentonita. A adição
de bentonita continua evidenciando uma redução na deformação vertical durante o
ensaio.
106

Figura 76 - Comportamento 14 dias de hidratação (tensões cisalhantes)

Fonte: Autora, 2022.

Figura 77 - Comportamentp 14 dias de hidratação (deformações)

Fonte: Autora, 2022.

A tabela 31 e as Figuras 78 e 79 abaixo apresentam um resumo das


propriedades básicas obtidas dos ensaios de cisalhamento direto para as misturas.
Verifica-se que um incremento no teor de bentonita resulta em uma redução dos
valores do coeficiente de permeabilidade, e para os tempos de hidratação de 1 e 7
dias, a adição de bentonita reduz o parâmetro friccional e incremento na parcela
coesiva. Para o tempo de hidratação de 14 dias o incremento do teor de bentonita
resultou em um incremento do parâmetro friccional e redução do parâmetro coesivo,
107

no entanto o resultado deste tempo de hidratação deve ser analisado com cautela pois
apresentou uma discrepância também na medida do coeficiente de consolidação para
a tensão de consolidação de 35 kPa, o que pode ser um indício de problemas na
confecção dos corpos de prova.
Tabela 31 – Comparativos finais entre misturas

Mistura C95B5 C80B20


Tempo de hidratação (dias) 1 7 14 1 7 14
c (kPa) 3,2 1,7 4,8 5,8 4,8 0
f (graus) 21,8 22,5 23,4 10,7 20,4 32,4
cv (cm2/s) - 17 kPa 7,41E-05 1,24E-04 2,35E-04 4,78E-05 6,96E-05 5,56E-05
cv (cm2/s) - 25 kPa 1,30E-04 1,24E-04 2,47E-04 5,50E-05 5,50E-05 6,16E-05
2
cv (cm /s) - 35 kPa 1,35E-04 1,59E-04 1,97E-04 3,68E-05 3,61E-05 1,10E-03*
cv (cm2/s) - médio 1,13E-04 1,36E-04 2,26E-04 4,65E-05 5,36E-05 5,86E-05
Fonte: Autora, 2022.

* retiradado o valor discrepante para cálculo do valor médio

Figura 78 - Envoltórias C95B5

25
Tensão Cisalhante (kPa)

20 C95B5 - 14 dias
C95B5 - 7 dias
15
C95B5 - 1 dia
10 Linear (C95B5 - 14 dias)
Linear (C95B5 - 7 dias)
5
Linear (C95B5 - 1 dia)
0
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00
Tensão Normal (kPa)

Fonte: Autora, 2022.


108

Figura 79 - Envoltórias C80B20

25
Tensão Cisalhante (kPa)

20
C80B20 - 14 dias
15 C80B20 - 7 dias
C80B20 - 1 dia
10
Linear (C80B20 - 14 dias)
5 Linear (C80B20 - 7 dias)
Linear (C80B20 - 1 dia)
0
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00
Tensão Normal (kPa)

Fonte: Autora, 2022.

5.6. Ensaios de cisalhamento direto em velocidade reduzida

Após a realização dos ensaios na Velocidade B, foi possível realizar mais dois
ensaios na Velocidade D (0,0079 mm/min), que é mais lenta e, portanto, poderiam
mostrar resultados em que o tempo de consolidação fosse menor que o tempo de
ruptura, garantindo assim as condições ideais de drenagem do ensaio. Através da
equação 4.4, pode-se calcular o tempo de ruptura da velocidade D, para um
deslocamento de 5 mm. Esse tempo resultou em aproximadamente 632,91 minutos
(ou 10,55 horas). Assim, foram preparadas amostras da mistura C95B5 com tempos
de 1 e 7 dias, nos quais seriam aplicados 25 kPa de tensão normal. Destaca-se que
de forma distinta dos demais ensaios, o ensaio a 7dias de hidratação foi moldado e
deixado no equipamento apenas com carga do top-cap e imersão em água. No sétimo
dia foi aplicada a tensão confiannte de 25 kPa e dada sequência as fases de
consolidação e cisalhamento. A ideia deste último ensaio visava identificar de forma
mais adequada o efeito tixotrópico sem quebra da estrutura causada pelo
espatulamento.

Fase de consolidação:

Assim como nos ensaios da velocidade B, foi realizada a etapa de


consolidação, e as Figuras 80 e 81 abaixo trazem os gráficos resultantes dessa etapa.
109

Figura 80 - Consolidação, C95B5, 25 kPa, 1 dia, Velocidade D

Fonte: Autora, 2022.

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 80, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 115 s, o que corresponde ao tempo igual a 3,67 horas
(220,42 min) e cv de 1,35x10-4 cm²/s.

Figura 81 - Consolidação, C95B5, 25 kPa, 7 dias, Velocidade D

Fonte: Autora, 2022.


110

Após traçadas as linhas auxiliares na Figura 81, chegou-se à raiz quadrada do


tempo de consolidação de 40 s, o que corresponde ao tempo igual a 26,67 min e c v
de 1,11x10-3 cm²/s. Valor considerado muito baixo para o solo fino da mistura. Assim
como nos demais ensaios realizados, a etapa de consolidação deste ensaio levou
cerca de 24 horas para ser completada. No entanto, conforme destacado este ensaio
foi deixado em imersão em água na temperatura do laboratório (em dezembro de
2022) por sete dias. Em alguns momentos a reposição de água foi feita com carga
hidráulica baixa, fato que pode ter comprometido o ensaio. A amplitude térmica
também não foi mantida constante, o que influência e dificulta a análise dos
resultados.

Fase de cisalhamento:

Após a etapa de consolidação, foi realizada a etapa de cisalhamento nas duas


amostras, que gerou os gráficos apresentados pelas Figura 82 a 85.

Figura 82 - Gráfico Tensões Cisalhantes, C95B5, 1 dia, 25kPa, Velocidade D

1dia_velD
25

20
Tensão cisalhante (kPa)

15

10

0
0 2 4 6 8 10
Deslocamento horizontal (%)

Fonte: Autora, 2022.


111

Figura 83 - Gráfico Deformações, C95B5, 1 dia, 25 kPa, Velocidade D

1dia_velD
0,5

0
Deformação vertical (%)

0 2 4 6 8 10
-0,5

-1

-1,5

-2

-2,5

-3

-3,5
Deslocamento horizontal (%)

Fonte: Autora, 2022.

Figura 84 - Gráfico Tensões Cisalhantes, C95B5, 7 dias, 25 kPa, Velocidade D

7dia_velD
16

14
Tensão cisalhante (kPa)

12

10

0
0 1 2 3 4 5
Deslocamento horizontal (%)

Fonte: Autora, 2022.


112

Figura 85 - Gráfico Deformações, C95B5, 7 dias, 25 kPa, Velocidade D

7dia_velD
0,2

0
Deformação vertical (%)

0 1 2 3 4 5
-0,2

-0,4

-0,6

-0,8

-1

-1,2
Deslocamento horizontal (%)

Fonte: Autora, 2022.

Pode-se observar da Figura 82 que houve uma tensão de pico, de


aproximadamente 20 kPa, perto dos 4% de deslocamento horizontal, e após esse
deslocamento a tensão diminuiu até se estabilizar perto dos 15 kPa. Já observando a
Figura 83, nota-se uma estabilização clara das deformações verticais após 4%
Para a amostra de 7 dias, por questões operacionais o deslocamento aplicado
limitou-se a 3,6%, a saber a execução de um ensaio a 12% de deslocamento na
velocidade D leva 25 horas. Apesar da limitação de deformações pode-se observar as
tendências de estabilização das deformações e tensões. A magnitude da máxima
tensão cisalhante desenvolvida também não é muito distinta daquela caracterizada no
primeiro ensaio a velocidade D, ou seja, valores de 14 e 15 kPa, respectivamente.
Adicionalmente, após o ensaio de 7dias na velocidade D, realizou-se uma
operação de retorno da caixa a posição de origem e um novo cisalhamento foi
aplicado. Este cisalhamento foi executado na velocidade B. Os resultados estão
apresentados nas Figuras 86 e 87. Nessas figuras, pode-se perceber que os
resultados são semelhantes aos apresentados nos ensaios na velocidade B
realizados anteriormente, ou seja, apresentam mesma ordem de magnitude das
tensões e deformações, sem estabilização clara. Um comparativo entre os resultados
das duas velocidades pode ser visualizado nas Figuras 88 e 89. A Figura 89 apresenta
113

os mesmos resultados da Figura 88 porém enfatizando o intervalo de deslocamento


até 5% para uma melhor visualização.

Figura 86 - Gráfico Tensões Cisalhantes, ensaio após ruptura

7dia_velB_após ruptura utilizando velocidade D


18

16

14
Tensão cisalhante (kPa)

12

10

0
0 2 4 6 8 10 12 14
Deslocamento horizontal (%)

Fonte: Autora, 2022.

Figura 87 - Gráfico Deformações, ensaio após ruptura

7dia_velB_após ruptura utilizando velocidade D


0,5
Deformação vertical (%)

0
0 2 4 6 8 10 12 14
-0,5

-1

-1,5

-2

-2,5
Deslocamento horizontal (%)

Fonte: Autora, 2022.


114

Figura 88 - Gráficos tensão x deformação comparativos velocidades B e D

Fonte: Autora, 2022.


115

Figura 89 - Gráficos tensãoXdeformação comparativo velocidades (até 5%)

Fonte: Autora, 2022.


116

Verificação das condições de drenagem:

Na Tabela 32 é apresentada a verificação das condições de drenagem, análise


direta de truptura e t100, e dos coeficientes de adensamento (cv). Como pode-se verificar
da Tabela 32, os tempos de ruptura foram maiores que os tempos necessários para a
dissipação de 100 % indicando completa verificação da condição de drenagem dos
ensaios. Em resumo, a utilização da velocidade D mostrou-se mais adequada neste
material (C95B5) para uma correta interpretação dos ensaios.

Tabela 32 - Verificação das condições de drenagem, C95B5, 25 kPa, Velocidade D

Deslocamento Tempo para coeficiente de


Amostra t100 t ≥t
horizontal (δ) ruptura (trup) adensamento (cv) rup 100

C95B5.25kPa.1d.VelD 5 mm 10,55 horas 3,67 horas 1,35x10-4 cm²/s Sim


-3
C95B5.25kPa.7d.VelD 5 mm 10,55 horas 26,67 min 1,11x10 cm²/s Sim
Fonte: Autora, 2022.

Como não houveram mais ensaios com outras tensões, não foi possível
verificar os parâmetros de resistência (coesão e ângulo de atrito) para as amostras
ensaiadas na velocidade D.
117

6. CONCLUSÃO

O presente trabalho apresenta o resultado da caracterização das propriedades


geotécnicas de duas misturas de caulim e bentonita, produzidas artificialmente em
laboratório, nas proporções de 95% e 5%, e 80% e 20% do total do seu volume seco,
respectivamente. O objetivo principal era de analisar essas misturas em diferentes
tempos de hidratação.
A partir do material e equipamentos necessários para os ensaios pertencentes
ao Laboratório de Mecânica dos Solos da Universidade Federal de Santa Catarina foi
possível fazer um planejamento para as preparações das misturas e também se traçar
um plano de execução de ensaios de caracterização e cisalhamento direto, mantendo
a intenção de realizar múltiplos ensaios para testar as amostras em diferentes tempos
de hidratação.
Durante a caracterização das amostras foi possível obter os índices físicos da
mistura, como umidade higroscópica e limites de plasticidade e liquidez. Através da
determinação dos limites de Attenberg, os valores obtidos nos ensaios apontam que
as amostra se tratam de argilas que tendem a absorver muita água, devido a presença
de bentonita que possuem essa capacidade de absorção de maneira acentuada,
fazendo com que haja expansão e inchamento. De posse dos valores de LL e LP foi
possível determinar os índices de plasticidade das amostras, estes índices classificam
as amostras como tendo uma plasticidade alta (para a proporção de 95% de Caulim
e 5% de Bentonita) e muito alta (para a proporção de 80% de Caulim e 20% de
bentonita), as conclusões disso são: quando em contato com a água, o caulim tende
a conferir resistência ao material e a bentonita, por absorver muita água, dá a
plasticidade necessária para aumentar essa propriedade da amostra.
Após a caracterização, foram iniciados os ensaios de cisalhamento. Foram 3
ensaios para cada mistura em cada tempo de hidratação (os ensaios foram realizados
com tensões aplicadas de 17, 25 e 35 kPa). A moldagem das amostras foi feita por
espatulamento. Após a moldagem, os ensaios ocorreram em duas etapas, a de
consolidação e de cisalhamento. Nas etapas de consolidação foram analisados os
valores de deformações verticais pelo tempo de aproximadamente 24 horas. A partir
desses valores foram construídos gráficos que permitiram o cálculo do coeficiente de
adensamento e do tempo de consolidação, e com a comparação deste com o tempo
118

de ruptura (calculado a partir da definição da velocidade de ensaio e de um


deslocamento de 5 mm da caixa), foi possível fazer a primeira verificação das
condições de drenagem do ensaio. Foram verificadas essas condições para todas as
amostras. Entretanto, por conta de um erro na conversão de unidade de tempo, erro
induzido pelos resultados da bibliografia consultada, os tempos de consolidação eram
muito superiores aos da ruptura da amostra para a velocidade adotada, fazendo com
que a drenagem não fosse garantida para os ensaios. Mas, os ensaios seguiram
conforme o programado e os resultados foram sempre comparados criticamente com
os apresentados na literatura. Além disso, as condições de drenagem foram avaliadas
por mais de um método, o que poderia indicar a verificação dessas.
Após cada etapa de consolidação, foi realizado o cisalhamento, em que eram
obtidos valores de tensões e deformações ao longo do deslocamento da caixa. A partir
desses valores foram construídos os gráficos, que serviam para análise da ruptura e
deformabilidade da amostra. Além disso, foram construídos gráficos de tensões
normalizadas, que visavam complementar a verificação da drenagem do ensaio. E
com a verificação da drenagem e análise das tensões, foram construídas envoltórias
de ruptura, a fim de encontrar parâmetros de resistência: coesão e ângulo de atrito.
Como conclusão, pode-se dizer que as misturas com mais tempo de hidratação
apresentaram maiores ângulos de atrito, indo de 21,8° a 23,4° para a mistura C95B5
e de 10,4° a 32,4° para a mistura C80B20, e desenvolveram mais estrutura que as
misturas com menos tempo de hidratação. Além disso, a mistura com menor teor de
bentonita tende a apresentar comportamento parcialmente drenado mais
consistentemente, pois os valores normalizados são ligeiramente superiores na
maioria dos casos estudados.
Nos ensaios realizados na velocidade D, pode-se perceber que as tensões
cisalhantes são muito próximas às apresentadas pelos ensaios na velocidade B (cerca
de 15 kPa). No entanto, a principal diferença das amostras da velocidade D está na
garantia das condições de drenagem, por apresentarem o tempo de consolidação
menor que o tempo de ruptura, e nas deformações verticais durante o cisalhamento,
que se estabilizaram.
A principal limitação neste trabalho foi o método de moldagem por
espatulamento, que impede uma análise mais assertiva das propriedades tixotrópicas;
pois o espatulamento “quebra” boa parte da estrutura formada após o tempo de
119

permanência na câmara úmida. Para analisar com mais assertividade, o ideal seria
deixar a amostra em repouso diretamente no equipamento de ensaio, como foi feito
na amostra de 7 dias na velocidade D. No entanto, o LMS só possui um equipamento
de cisalhamento direto, o que dificulta o seu uso por grandes intervalos de tempo.
Além disso, esse mesmo método pode provocar erros de ensaio se não for feito um
outro tipo de controle, como aconteceu com a mistura C80B20 a 14 dias e 35 kPa.
Para trabalhos futuris sugere-se uma análise dos índices de vazios e grau de
saturação.
Assim, fica de sugestão para trabalhos futuros, realizar os ensaios em
diferentes proporções de caulim-bentonita, fazer controle de outros parâmetros do
material, testar diferentes métodos de moldagem, realizar ensaios de adensamento
unidimensional para verificar as condições de drenagem, e utilizar tempos de
hidratação ainda maiores, como de um mês ou mais de dois meses.
120

REFERÊNCIAS

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123

APÊNDICE

Neste Apêndice são apresentados os gráficos e tabelas dos ensaios de


caracterização que não estão presentes no corpo do trabalho.

 Tabelas para cálculo do teor de umidade natural:

Caulim 95% + Bentonita 5% Caulim 80% + Bentonita 20%


Cápsula 90 C09 C14 Cápsula 5 31 B11
Mcápsula (g) 14,02 14,86 14,56 Mcápsula (g) 17,32 16,91 12,13
Mcápsula+su (g) 27,52 35,10 34,43 Mcápsula+su (g) 43,21 37,73 31,03
Mcápsula+ss (g) 27,32 34,83 34,18 Mcápsula+ss (g) 42,18 36,98 30,23
h (%) 1,50 1,35 1,27 h (%) 4,14 3,74 4,42
hmédio (%) 1,38 hmédio (%) 4,10

Caulim 100% Bentonita 100%


Cápsula 18 15 77 Cápsula P17 107 147
Mcápsula (g) 10,2 9,95 8,6 Mcápsula (g) 9,67 10,05 10,07
Mcápsula+su (g) 16,87 16,84 15,54 Mcápsula+su (g) 16,55 17,02 17,05
Mcápsula+ss (g) 16,84 16,81 15,49 Mcápsula+ss (g) 15,47 15,92 15,95
h (%) 0,45 0,44 0,73 h (%) 18,62 18,74 18,71
hmédio (%) 0,54 hmédio (%) 18,69

 Resultados do ensaio LL para a mistura C80B20

Cápsula N0 15 14 28 18 26 11
Cápsula + Solo Úmido (g) 10,53 15,75 18,61 14,80 16,65 13,25
Cápsula + Solo Seco (g) 8,50 11,14 12,36 10,47 11,16 9,56
Peso da Cápsula (g) 6,65 7,25 7,20 6,90 6,71 6,65
No. de Golpes 39 31 27 19 17 14
Teor de Umidade (%) 109,73% 118,51% 121,12% 121,29% 123,37% 126,80%
LL (%) 118,86%
124

Limite de Liquidez C80B20


140,00%
130,00%
120,00%
110,00%
100,00%
y = -0,135ln(x) + 1,6231
90,00%
R² = 0,8263
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
10 100

 Resultados do ensaio LL para Caulim puro

Cápsula N0 77 18 147 P17 107 18


Cápsula + Solo Úmido (g) 19,47 19,51 21,19 19,84 21,25 20,32
Cápsula + Solo Seco (g) 17,25 17,33 18,04 17,30 18,26 17,45
Peso da Cápsula (g) 10,06 10,22 8,62 9,91 9,76 9,88
No. de Golpes 32 29 16 12 11 10
Teor de Umidade (%) 30,88% 30,66% 33,44% 34,37% 35,18% 37,91%
LL (%) 31,59%

Limite de Liquidez Caulim


60,00%

50,00%
y = -0,051ln(x) + 0,4801
40,00% R² = 0,88

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%
10 100
125

 Resultados do ensaio LL para Bentonita pura

Cápsula N0 16 10 6 Z8
Cápsula + Solo Úmido (g) 14,98 13,76 15,10 14,37
Cápsula + Solo Seco (g) 8,54 7,94 8,12 7,14
Peso da Cápsula (g) 6,70 7,05 7,13 6,13
No. de Golpes 53 41 24 12
Teor de Umidade (%) 350,00% 653,93% 705,05% 715,84%
LL (%)* 629,34%

* Para a bentonita foram usadas apenas quatro amostras ao invés de seis, por causa
da dificuldade de manuseio do material.

Limite de Liquidez Bentonita


900,00%

800,00% y = -1,958ln(x) + 12,596


R² = 0,5531

700,00%

600,00%

500,00%

400,00%

300,00%
10 100

 Resultados dos ensaios de LP para a mistura C80B20

Cápsula No B4 B5 B6 B10 B7 B8
Cápsula + Solo Úmido (g) 8,94 7,61 9,50 7,97 8,74 8,98
Cápsula + Solo Seco (g) 8,52 7,07 8,91 7,45 8,24 8,48
Peso da Capsula (g) 7,23 5,36 7,12 5,69 6,63 6,78
Teor de Umidade (%) 32,56% 31,58% 32,96% 29,55% 31,06% 29,41%
Situação: Ok Ok Ok Ok Ok Ok
LP (%) 31,19%
126

 Resultados dos ensaios de LP para o Caulim puro

Cápsula No 26 201 14 141 11 15


Cápsula + Solo Úmido (g) 10,70 10,20 10,21 10,89 10,67 11,08
Cápsula + Solo Seco (g) 10,56 10,03 10,04 10,74 10,51 10,95
Peso da Cápsula (g) 10,02 9,46 9,45 10,23 9,96 10,51
Teor de Umidade (%) 25,93% 29,82% 28,81% 29,41% 29,09% 29,55%
Situação: Ok Ok Ok Ok Ok Ok
LP (%) 28,77%

 Resultados dos ensaios de LP para a Bentonita pura

Cápsula No 148 A2 V1
Cápsula + Solo Úmido (g) 10,96 9,54 14,61
Cápsula + Solo Seco (g) 10,62 9,25 14,24
Peso da Cápsula (g) 10,27 8,95 13,84
Teor de Umidade (%) 97,14% 96,67% 92,50%
Situação: Ok Ok Ok
LP (%)* 95,44%

* Para a bentonita foram usadas apenas três amostras ao invés de seis, por causa da
dificuldade de manuseio do material.

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