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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

Curso de Graduação em Engenharia Química

Brenda Ketilyn Lages de Paula


Larissa Coelho Lopes Dornelas

SEDIMENTAÇÃO CONTÍNUA

Diamantina
2023
Brenda Ketilyn Lages de Paula
Larissa Coelho Lopes Dornelas

SEDIMENTAÇÃO CONTÍNUA

Relatório apresentado a disciplina de ENQ301-


Laboratório de Engenharia Química I do curso
de Engenharia Química da Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri,
como nota parcial para conclusão da disciplina.

Orientador: Prof. Dr. João Vinícius Wirbitzki


da Silveira

Diamantina
2023
Brenda Ketilyn Lages de Paula
Larissa Coelho Lopes Dornelas

SEDIMENTAÇÃO CONTÍNUA

Relatório apresentado a disciplina de ENQ301-


Laboratório de Engenharia Química I do curso
de Engenharia Química da Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri,
como nota parcial para conclusão da disciplina.

Orientador: Prof. Dr. João Vinícius Wirbitzki


da Silveira

Data da aprovação______ /______ /______

Prof. Dr. João Vinícius Wirbitzki da Silveira


Instituto de Engenharia, Ciência e Tecnologia – UFVJM

Diamantina
2023
RESUMO

A sedimentação contínua é um processo de separação de partículas sólidas de um meio


líquido, através da aplicação de forças gravitacionais ou centrífugas, resultando na
formação de camadas sedimentares distintas. A finalidade do presente trabalho é definir
a concentração de partículas e as vazões necessárias para o desempenho do processo em
questão, pois apesar dos avanços nessa área, existe uma falta de estudos abrangentes que
explorem os efeitos desses parâmetros específicos. A metodologia empregada neste
experimento envolveu o uso de um sedimentador contínuo de formato cilíndrico com
fundo cônico, onde foram ajustadas as vazões e realizada a calibração com base em dados
anteriores. Foram coletadas amostras, que posteriormente foram secas e pesadas. Os
resultados obtidos indicaram concentrações finais de 0,0036 g/mL para o clarificado e
0,8054 g/mL para o lodo. Além disso, a eficiência do processo de sedimentação contínua
foi de 64%, uma melhoria significativa em relação à sedimentação descontínua, que
apresentou apenas 1% de eficiência. Sendo assim,
a sedimentação contínua mostrou-se significativamente mais eficiente do que a
sedimentação descontínua na remoção de partículas sólidas, destacando-se como uma
operação viável para a separação em larga escala, embora outros fatores devam ser
considerados para otimizar o desempenho.

Palavras chave: Sedimentador. Concentração. Clarificado.


ABSTRACT

Continuous sedimentation is a process of separating solid particles from a liquid medium


through the application of gravitational or centrifugal forces, resulting in the formation of
distinct sediment layers. The purpose of this study is to determine the particle
concentration and necessary flow rates for the performance of the specific process, as
despite advancements in this field, there is a lack of comprehensive studies exploring the
effects of these specific parameters. The methodology employed in this experiment
involved the use of a continuous sedimentation tank with a cylindrical shape and conical
bottom, where flow rates were adjusted and calibration was performed based on previous
data. Samples were collected and subsequently dried and weighed. The obtained results
indicated final concentrations of 0.0036 g/mL for the clarified liquid and 0.8054 g/mL for
the sludge. Furthermore, the efficiency of the continuous sedimentation process was 64%,
representing a significant improvement compared to the discontinuous sedimentation,
which exhibited only 1% efficiency. Therefore, continuous sedimentation has proven to
be significantly more efficient than discontinuous sedimentation in the removal of solid
particles, highlighting its viability for large-scale separation, although other factors
should be considered to optimize performance.

Keywords: Sedimentation tank, Concentration, Clarified liquid.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ......................................................................... 13


2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ 15
2.1 Sedimentação contínua .................................................................................. 15
3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 19
3.1 Materiais ......................................................................................................... 19
3.2 Métodos ........................................................................................................... 19
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 23
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 29
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 31
13

1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A sedimentação contínua é uma operação unitária amplamente utilizada na


indústria química, de alimentos, de tratamento de águas, entre outras áreas, com o objetivo
de separar partículas sólidas de um fluido por meio da ação da gravidade. Essa operação
é baseada nas diferenças de densidade entre as partículas e o fluido no qual estão
suspensas, permitindo a formação de uma camada de partículas sedimentadas e uma
camada de fluido clarificado.
A sedimentação contínua é uma alternativa eficiente e econômica para a
separação de partículas sólidas de diferentes tamanhos e densidades em grande escala.
Ela é especialmente aplicada quando as partículas são muito finas para serem separadas
por filtração convencional ou quando a taxa de fluxo necessária é elevada.
A operação de sedimentação contínua envolve a introdução de uma suspensão
contendo partículas sólidas em um tanque ou decantador, no qual ocorre a separação por
sedimentação. À medida que as partículas se depositam no fundo do tanque, o fluido
clarificado é retirado da parte superior. Dessa forma, a operação permite obter tanto um
produto sólido concentrado, que é removido do fundo do tanque, quanto um líquido
clarificado de alta qualidade.
Existem vários fatores que influenciam a eficiência da sedimentação
contínua, como a concentração e tamanho das partículas, a viscosidade do fluido, a
temperatura e o design do tanque. Além disso, a escolha do tipo de decantador, como o
de fluxo ascendente ou descendente, também pode afetar o desempenho da operação.
Sendo assim, o presente experimento tem como principal objetivos utilizar os
dados obtidos na sedimentação descontínua para implementar um processo contínuo.
Serão analisadas as vazões e concentrações de sólidos no líquido clarificado e no resíduo.
Os objetivos específicos incluem determinar o tempo de residência necessário no
sedimentador e comparar as concentrações de sólidos entre o líquido clarificado e o
resíduo, além de realizar uma comparação com os resultados da sedimentação
descontínua.
14
15

2. REFERENCIAL TEÓRICO

A sedimentação é um dos processos de separação sólido-líquido baseado na


força gravitacional. Esse processo é embasado pela diferença entre as densidades dos
constituintes sólidos promovendo a separação das fases sólida e líquida. Como resultado
do processo de sedimentação, origina-se uma fase sólida com maior concentração de
sólidos, e uma fase líquida clarificada. (FERREIRA et al., 2022).
A classificação dos sedimentadores, são conhecidas por meio de dois tipos:
os espessadores, que têm como produto de interesse o sólido e são caracterizados pela
produção de espessados com alta concentração de sólidos, e os clarificadores que têm
como produto de interesse o líquido e se caracterizam pela produção de espessados com
baixas concentrações de sólidos. Industrialmente os espessadores são os mais utilizados
e operam, geralmente, em regime contínuo. (FRANÇA & MASSARANI, 2002;
AROUCA, 2007).
Na indústria da mineração, os espessadores são largamente utilizados para as
seguintes finalidades: obtenção de polpas com concentrações adequadas a um
determinado processo subsequente; espessamento de rejeitos com concentração de
sólidos elevada, visando transporte e descarte mais eficazes; recuperação de água para
reciclo industrial; recuperação de sólidos ou solução de operações de lixiviação utilizados
em processos hidrometalúrgicos. (LIRA, 2010).
Os tipos de espessadores variam em função da geometria ou forma de
alimentação do equipamento. Basicamente são tanques de concreto equipados com um
mecanismo de raspagem, para conduzir o material sedimentado até o ponto de retirada, e
corresponde ao maior custo do equipamento. Os braços raspadores são acoplados à
estrutura de sustentação do tubo central de alimentação da suspensão e devem ser
projetados baseados no torque aplicado ao motor. Devem também ter flexibilidade para
suportar diferentes volumes e tipos de cargas impostas. (FRANÇA & MASSARANI,
2002).

2.1 Sedimentação contínua

Sedimentação contínua, também, chamada por espessador contínuo


convencional, consiste em um tanque provido de um sistema de alimentação de suspensão
e um de retirada do espessado (raspadores), dispositivos para descarga do overflow e do
underflow, conforme representado na (Figura 1). No espessador a alimentação da
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suspensão é feita pela parte superior do equipamento. As partículas sólidas sedimentarão


livremente e formarão no fundo do equipamento a região de compactação ou de
espessado. (FRANÇA & MASSARANI, 2002; LIRA, 2010).

Figura 1- Espessador contínuo convencional, tipo Dorr-Oliver

Fonte: FRANÇA & MASSARANI, 2002.

Outro tipo de espessador é o de alta capacidade, que é bastante semelhante ao


contínuo convencional, porém com alguma modificação estrutural de projeto, seja por
meio da inserção de lamelas ou modificação no posicionamento da alimentação da
suspensão, entre outras, que promove o aumento da capacidade do equipamento. (LIRA,
2010).
Sendo assim, o espessador de lamelas denominado como espessador de alta
capacidade, consiste numa série de placas inclinadas (lamelas), dispostas lado a lado,
formando canais. Nesses espessadores, a suspensão pode ser introduzida diretamente no
compartimento de alimentação ou numa câmara de mistura e floculação. Os sólidos
sedimentam sobre as lamelas e deslizam até o fundo do equipamento, formando o
espessado. Devido ao tempo de residência e à baixa vibração mecânica no fundo do
sedimentador, o material sedimentado sofre um adensamento e é, em seguida, bombeado.
(LIRA, 2010).
Já no espessador com alimentação submersa a alimentação da suspensão é
feita em um ponto interior da região de compactação. Isso elimina a necessidade da
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sedimentação livre das partículas sólidas, pois essas já são alimentadas num leito de
lama já existente, que aprisiona as partículas sólidas, enquanto o líquido percola o leito
subindo, em direção à região de líquido clarificado. (FRANÇA & MASSARANI, 2002).
Para que, o processo de sedimentação tenha sucesso, é necessário, tomar em
consideração alguns cálculos matemáticos, inerentes:
a) Concentrações das partículas;
b) Balanços de massa global e parcial;
c) Tempo de residência.
d) Eficiência do processo

De forma simplificada, seguem abaixo as fórmulas aplicadas:

A equação 1, retrata como deve ser o cálculo das concentrações de partículas


em suspensão:
𝑀
𝐶𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠 = 𝑉 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜 (1)
𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

Para encontrar o volume de líquido (𝑉𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 ) da equação 1, utiliza-se a


equação 2:
(𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑚𝑜𝑙ℎ𝑎𝑑𝑜)−(𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑠𝑒𝑐𝑜)
𝑉𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 = (2)
(massa especifica da água)

Já para calcular o tempo de residência é usada a equação 3:

𝑉 𝑠𝑒𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑑𝑜𝑟
𝑡𝑅 = (3)
𝑄𝐴

No que tange ao tempo de residência, corresponde ao 𝑡𝑅, temos:


𝑉𝑠𝑒𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑑𝑜𝑟 é o volume do sedimentador;
𝑄𝐴 representa a vazão de alimentação.
Em relação à eficiência do processo, a mesma é definida pela equação 4:

𝐶𝑐𝑙𝑎𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜
𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (%) = (1 − ) × 100 (4)
𝐶𝑎𝑙𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎çã𝑜

Por último, o cálculo dos balanços de massa global e parcial, são feitos por
meio das equações 5 e 6, respectivamente.
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𝑄𝐴 = 𝑄𝐸 + 𝑄𝐶 (5)

𝑄 𝐴 x 𝐶𝐴 = 𝑄 𝐸 x 𝐶𝐸 + 𝑄 𝐶 x 𝐶𝐶 (6)
Sendo que:

QA = Vazão de alimentação do sistema (mL/min);


QE = Vazão do espessado (mL/min);
QC = Vazão do clarificado (mL/min);
CA = Concentração na alimentação do sistema (mL/cm³);
CE = Concentração do espessado (mL/cm³);
CC = concentração do clarificado (mL/cm³).
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3. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo serão apresentados os materiais e equipamentos necessários


para a realização das operações unitárias. Em seguida, serão apresentados os
procedimentos específicos seguidos durante a realização da mesma, descrevendo passo a
passo como as operações foram realizadas.

3.1 Materiais

• Suspensão de calcário 10 g/L;


• Solução de sulfato de alumínio (Al2(SO4)3) 200 g/L;
• Solução de hidróxido de sódio NaOH;
• Sedimentador contínuo cilíndrico de acrílico com fundo cônico e capacidade de 22 L;
• Reservatório de clarificado;
• Reservatório de lodo;
• Reservatório de suspensão;
• Sistema de mistura;
• Bomba peristáltica com capacidade máxima de aproximadamente 1000 mL/min;
• Duas bombas peristáltica com capacidade máxima de aproximadamente 30 mL/min;
• Água;
• Placas de Petri;
• Béquer;
• Proveta;
• Cronômetro;
• Balança analítica;
• Estufa.

3.2 Métodos

Primeiramente, para iniciar a prática no equipamento de sedimentação


contínua (Figura 2), o reservatório de suspensão foi preenchido com aproximadamente
72 litros de água. Em seguida, foram adicionados 720 gramas de calcário ao tanque,
preparando assim uma suspensão de calcário com concentração de 10 g/L. A solução de
sulfato de alumínio, utilizada como agente floculante, já estava previamente preparada no
laboratório. Os reagentes NaOH e H2SO4 não foram necessários, uma vez que o ensaio
com pH 6 obteve os melhores resultados na prática de floculação e sedimentação
descontínua. Desta forma, utilizou-se apenas a solução de sulfato de alumínio.
20

Figura 2- Equipamento de sedimentação contínua

Fonte: Autores, 2023.

Em seguida, utilizou-se os dados obtidos na prática de floculação e


sedimentação descontínua para ajustar as vazões. Realizaram-se cálculos para obter os
valores teóricos das vazões de alimentação tanto para as correntes de suspensão quanto
para o agente floculante. Com os resultados das vazões, calibraram-se as duas bombas
peristálticas, considerando a potência necessária conforme gráficos e equações (Figura
3). Para realizar o ajuste real das vazões e intensidade da bomba, efetuaram-se testes em
triplicata utilizando provetas e cronômetros.

Figura 3- Gráficos e equações utilizadas para os cálculos das vazões de


alimentação

Fonte: Autores, 2023.


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Após ajustar as vazões, deu-se início ao procedimento acionando a bomba de


alimentação da suspensão de calcário. Após alguns minutos, a primeira câmara de
homogeneização foi preenchida, transbordando para a segunda câmara, momento em que
a bomba do agente floculante foi acionada (Figura 4). Em seguida, a terceira câmara foi
preenchida e a suspensão foi transferida para o sedimentador (Figura 5).

Figura 4- Bomba peristáltica da solução floculante

Fonte: Autores, 2023.

Figura 5- Suspensão sendo transferida para o sedimentador, após as três


câmaras serem preenchidas

Fonte: Autores, 2023.


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Quando a suspensão atingiu aproximadamente a metade do sedimentador,


uma amostra foi coletada na descarga para calcular o tempo de coleta. Com base nesses
cálculos e resultados, programou-se o temporizador para controlar o fechamento e a
abertura da válvula de descarga. Em seguida, aguardou-se o preenchimento total do
sedimentador e acionou-se o temporizador. O tempo de residência foi calculado e o
cronômetro foi iniciado. Após o término do tempo de residência, coletaram-se amostras
do espessado (lodo) e do clarificado, as quais foram pesadas e colocadas na estufa para
secagem. Por fim, após 72 horas de secagem, realizou-se a pesagem das amostras secas.
23

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A realização do experimento de floculação e sedimentação descontínua


possibilitou a utilização dos mesmos parâmetros no experimento atual de
sedimentação contínua. Dessa forma, foi obtida a vazão de alimentação do
sedimentador (Figura 6), que corresponde a 3,7 L/min, sem a aplicação do fator de
correção e 925 mL/min com um fator de segurança de 200%.

Figura 6- Esquematização de um sedimentador contínuo

QA, CA

QC, Cc

QE, CE

Fonte: Autores, 2023.

Sendo:

QA = vazão de entrada da suspensão;


CA = concentração de entrada da suspensão;
QE = vazão de saída do espessado;
CE = concentração do espessado;
QC = vazão de saída do clarificado;
CC = concentração do clarificado.

Por meio dos balanços de massa globais (equação 5) e parciais (equação


6), foi possível calcular as vazões teóricas de saída do espessado e do clarificado.

• Balanço de massa global:

925 = QC + QE → QC = 925 – 58,27 → 𝑄𝐶 = 866,73 𝑚𝐿/𝑚𝑖𝑛 (7)


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• Balanço de massa parcial:

925 × 10 = 2 × (925 − 𝑄𝐸 ) + 𝑄𝐸 × 129 → 𝑄𝐸 = 58,27 𝑚𝐿/𝑚𝑖𝑛 (8)

A (Tabela 1) representa os valores dos volumes da suspensão de calcário e do


sulfato de alumínio e os valores das vazões obtidas tanto no sistema descontínuo quanto
no sistema contínuo.

Tabela 1- Dados da vazão de alimentação do sistema


Batelada Contínuo (teórico) Contínuo (real)
Componentes
(mL) (mL/min) (mL/min)

Suspensão de calcário 1000,0 915,8 816,7

Sulfato de alumínio 10,0 9,2 8,1

Total 1010,0 925,0 824,8

Fonte: Autores, 2023.

Com esses dados, foi possível encontrar os valores reais das vazões do
sistema, por meio das mesmas equações utilizadas anteriormente (equação 5 e 6).

824,8 = QC + QE → QC = 825,9 – 51,96 → QC = 772,94 mL/min (9)

824,9 × 10 = 2 × (824,9 − 𝑄𝐸 ) + 𝑄𝐸 × 129 → 𝑄𝐸 = 51,96 ≅ 52 𝑚𝐿/𝑚𝑖𝑛 (10)

Considerando que a vazão de saída do clarificado foi de 772,94 mL/min e a


vazão de saída do espessado foi aproximadamente 52 mL/min, foi possível ajustar
adequadamente as bombas. Através dos testes de proveta, determinamos as potências das
vazões de alimentação da suspensão e do floculante, que foram ajustadas no equipamento
para 100 e 23, respectivamente.
Em relação ao tempo de coleta, realizamos o cálculo para determinar o tempo
de fechamento e abertura da válvula. Inicialmente, calculamos o tempo total:

52 𝑚𝐿 13,13 𝑚𝐿
= → 𝑡𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 15,15 𝑠 (11)
60 𝑠 𝑡𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Já que a válvula ficaria aberta por 0,2 segundos, foi necessário subtrair por
esse valor, para assim determinar o tempo que a válvula ficaria fechada.
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𝑡𝑓𝑒𝑐ℎ𝑎𝑑𝑜 = 𝑡𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 − 𝑡𝑎𝑏𝑒𝑟𝑡𝑜 → 𝑡𝑓𝑒𝑐ℎ𝑎𝑑𝑜 = 15,15 𝑠 − 0,20 𝑠 →

𝑡𝑓𝑒𝑐ℎ𝑎𝑑𝑜 = 14,95 𝑠 (12)

Portanto, o tempo de fechamento da válvula foi de 14,95 segundos, enquanto


o tempo de abertura foi de 0,2 segundos. Em seguida, após realizar todos os ajustes e
programações necessárias, calculou-se o tempo de residência, que é o tempo necessário
para que o sistema atinja o regime permanente. Esse cálculo foi realizado utilizando a
equação 3 como referência.

22000 𝑚𝐿
𝑡𝑟 = 𝑚𝐿 → 𝑡𝑟 = 26,7 ≅ 27 𝑚𝑖𝑛 (13)
824,8
𝑚𝑖𝑛

Após aguardar o período de 27 minutos, correspondente ao tempo de


residência estabelecido, foram realizadas as coletas das amostras de lodo e clarificado, as
quais foram devidamente pesadas e colocadas na estufa para secagem. Posteriormente, as
amostras foram pesadas novamente após a completa desidratação (Figura 7). Os
resultados obtidos estão apresentados na (Tabela 2).

Figura 07- Amostras secas do clarificado e do lodo

Fonte: Autores, 2023.

Com tais resultados, é possível determinar a concentração de sólidos em


suspensão em ambas as amostras, visando uma posterior comparação com o experimento
de floculação e sedimentação descontínua.
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Tabela 2- Massas do clarificado e lodo

mplaca (g) mplaca+amostra (g) mplaca+sólidos (g)

Clarificado 37,80 87,60 37,98


Lodo 36,10 95,10 62,42
Fonte: Autores, 2023.

Utilizando a equação 1 e 2, e levando em consideração a densidade da água,


de 1 g/cm³, obtém-se para o clarificado os seguintes cálculos e resultados:

87,6𝑔−37,98𝑔
𝑉á𝑔𝑢𝑎 = g → 𝑉á𝑔𝑢𝑎 = 49,62 𝑐𝑚3 = 49,62 𝑚𝐿 (14)
1
𝑐𝑚3

37,98𝑔−37,80𝑔
𝐶𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠 = → 𝐶𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠 = 0,0036 𝑔/𝑚𝐿 (15)
49,62 𝑚𝐿

Os mesmos cálculos foram realizados para o lodo, como observado a seguir:

95,10𝑔−62,42𝑔
𝑉á𝑔𝑢𝑎 = g → 𝑉á𝑔𝑢𝑎 = 32,68 𝑐𝑚3 = 32,68 mL (16)
1
𝑐𝑚3

62,42 − 36,10 𝑔
𝐶𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠 = → 𝐶𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠 = 0,8054 𝑔/𝑚𝐿 (17)
32,68 𝑚𝐿

Com base nos resultados obtidos na prática de sedimentação contínua, foi


possível comparar os dois tipos de sedimentação e determinar qual é o mais eficiente.
Para facilitar a visualização e permitir uma comparação mais abrangente dos dados, foi
elaborada a (Tabela 3).

Tabela 3- Dados experimentais da sedimentação contínua e descontínua

Volume de Volume de Concentração Concentração


Tipos de
água evaporada água de sólidos no de sólidos no
sedimentação do clarificado evaporada do clarificado lodo
(mL) lodo (mL) (g/mL) (g/mL)
Contínua 49,6200 32,6800 0,0036 0,8054
Descontínua 20,2000 41,9000 0,0099 0,1432
Fonte: Autores, 2023.
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Baseando nesses dados expostos na tabela 3, pode-se calcular a eficiência das


operações contínua e descontínua. A equação 4 representa a eficiência dos processos,
logo, temos a eficiência da sedimentação contínua:

0,0036
𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (%) = (1 − ) × 100 → 𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (%) = 64% (18)
0,01

Já em relação à sedimentação descontínua, obteve-se a seguinte eficiência:

0,0099
𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (%) = (1 − ) × 100 → 𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (%) = 1% (19)
0,01

A análise dos dados da tabela 3 revelou que a eficiência da sedimentação


contínua foi calculada em 64%, enquanto a eficiência da sedimentação descontínua foi de
apenas 1%. Isso indica que o processo contínuo de sedimentação foi significativamente
mais eficiente do que o processo descontínuo. A eficiência é um fator crucial na seleção
de processos de separação, e os resultados destacam a vantagem da sedimentação
contínua para a separação de partículas sólidas em grande escala. No entanto, é importante
considerar vários fatores que podem afetar a eficiência da sedimentação contínua e
trabalhar para otimizar esses aspectos.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos resultados obtidos no experimento de sedimentação contínua,


pode-se concluir que esse processo apresentou uma eficiência significativamente maior
em comparação com a sedimentação descontínua. A eficiência da sedimentação contínua
foi calculada como 64%, enquanto a eficiência da sedimentação descontínua foi de apenas
1%.
Esses resultados indicam que o processo de sedimentação contínua foi mais
eficiente na remoção de partículas sólidas em relação à sedimentação descontínua. Isso
pode ser atribuído à natureza contínua do processo, que permite uma separação mais
eficiente ao longo do tempo. Por outro lado, a sedimentação descontínua ocorre em
bateladas, o que pode resultar em uma menor remoção de sólidos.
A eficiência é um indicador importante na avaliação e seleção de processos
de separação, pois reflete a capacidade do processo em atingir a separação desejada.
Nesse contexto, os resultados obtidos ressaltam a vantagem da sedimentação contínua
como uma operação unitária eficiente e viável para a separação de partículas sólidas em
larga escala.
No entanto, é importante destacar que a eficiência da sedimentação contínua
pode ser influenciada por diversos fatores, como a concentração e o tamanho das
partículas, a viscosidade do fluido, o design do tanque, entre outros. Portanto, é
fundamental considerar esses aspectos durante o projeto e a operação de sistemas de
sedimentação contínua, a fim de otimizar o desempenho e alcançar eficiências ainda
maiores.
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REFERÊNCIAS

AROUCA, F. O. Uma contribuição ao estudo da sedimentação gravitacional em


batelada. Tese de Doutorado, UFU, Uberlândia, 2007.

FERREIRA, A. C. et al. Análise da influência da sedimentação através de ensaio de


coluna devido a adição de cloreto de sódio em rejeitos de bauxita e minério de
ferro. São Paulo: UFOP, 2022. ISBN: 978-65-89463-30-6.

FRANÇA, S. C. A, MASSARANI. G. “Separação sólido-líquido”.


Comunicação Técnica elaborada para a 3a Edição do Livro de Tratamento de
Tratamento de Minérios, Rio de Janeiro, 2002.

LIRA, J. R. Estudo dos parâmetros que influenciam a floculação na sedimentação


contínua. 98 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química). Uberlândia: UFU,
2010.

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