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Caracterização dos Personagens

Madalena de Vilhena (personagem principal)


É uma heroína romântica, vive marcada por conflitos interiores e pelo
passado. Os sentimentos e a sensibilidade sobrepõem-se à razão e é uma
mulher em constante sofrimento. Crê em agouros, superstições e dias fatais (a
sexta-feira). É uma sofredora, tem um amor intenso e uma preocupação
constante com a filha Maria, contudo coloca acima de tudo a sua felicidade e
amor ao lado de Manuel de Sousa, mesmo o seu amor à pátria é menor do que
o que sente por Manuel. No final da obra, aceita o convento como solução, mas
fá-lo seguindo Manuel.

Manuel de Sousa Coutinho (personagem principal)


É o típico herói clássico, dominado pela razão, que se orienta por valores
universais, como a honra, a lealdade e a liberdade. É um patriota, um velho
português às direitas, forte, corajoso e decidido (relembrando o incêndio), bom
marido, pai eterno, não sente ciúmes do passado e não crê em agouros. O
incêndio e a decisão
violenta de concretizar é um traço romântico.
Contudo, esta personagem evolui de uma atitude interior de força e de
coragem e segurança para um comportamento de medo, de dor, sofrimento,
insegurança e piedosa mentira no acto III quando teme pela saúde da filha e
pela sua condição social.
No final da obra, mostra-se tão decidido como noutros momentos:
abandona tudo (bens, vida, mundo)e refugia-se no convento.

Maria de Noronha (personagem principal)


É a mulher-anjo dos românticos (fisicamente é fraca e frágil;
psicologicamente é muito forte).
Nobre, de inteligência precoce, é muito culto, intuitivo e perspicaz. Muito
curiosa, quer saber tudo... É uma romântica: é nacionalista, idealista,
sonhadora, fantasiosa, patriota, crente em agoiros e uma sebastianista.
É a vítima inocente de toda a situação e acaba por morrer fisicamente,
tocada pela vergonha de se sentir filha ilegítima (está tuberculosa).

D. João de Portugal (personagem principal e central)


Nobre, cavaleiro, está ausente fisicamente durante o I e o II acto da peça.
Contudo, está sempre presente na memória e palavras de Telmo, na consciência
de Madalena, nas palavras de Manuel e na intuição de Maria.
É sempre lembrado como patriota, digno, honrado, forte e fiel ao seu rei.
Quando regressa, na pele do Romeiro, é austero e misterioso, representa um
destino cruel, é implacável, destrói uma família e a sua felicidade, mas acaba
por ser, também ele, vítima desse destino. Resta-lhe então a solidão, o vazio e a
certeza de que ele já só faz parte do mundo dos mortos (é “ninguém”; madalena
não o reconhece; Telmo preferia que ele não tivesse voltado pois Maria ocupou o
seu lugar no coração do velho escudeiro):
D. João é uma figura simbólica: representa o passado, a época gloriosa
dos descobrimentos; representa também o presente, a pátria morta e sem
identidade na mão dos espan
heróis/e é a imagem da pátria cativa.
Telmo Pais (personagem secundária)
É o velho aio, não é nobre, contudo a sua convivência com as famílias
nobres, “deu-lhe” todas as características de um nobre (postura, fala, educação,
cultura...).
É o confidente de Madalena e de Maria. Fiel, dedicado, é o elo de ligação
entre as duas famílias (os dois maridos de Madalena), é a chama viva do
passado que alimenta os terrores de Madalena.
É muito crítico, cria juízos de valor e é através dele que a consciência das
personagens fragmentadas vive num profundo conflito interior pois sente-se
dividido entre D, João e Maria, não sabendo o que fazer.
É um sebastianistas e sofre muito pela sua lealdade.

Frei Jorge (personagem secundária)


Irmão de Manuel de Sousa, representa a autoridade da Igreja. É também
confidente de Madalena, pois é a ela que ela confessa o seu “terrível” pecado:
amou Manuel de Sousa ainda D. João estava vivo. É uma figura moderadora,
que procura harmonizar o conflito, modera os sentimentos trágicos. Acompanha
sempre a família, é conciliador, pacificador e impõe uma certa racionalidade,
procurando manter o equilíbrio no meio de uma família angustiada e desfeita.

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