D. Madalena é uma personagem marcada pela perda do primeiro marido e vive em sofrimento constante. Maria é fisicamente frágil mas psicologicamente forte, enquanto Manuel de Sousa é um nobre patriota que se preocupa profundamente com a sua família. Telmo é extremamente leal ao seu primeiro amo D. João.
D. Madalena é uma personagem marcada pela perda do primeiro marido e vive em sofrimento constante. Maria é fisicamente frágil mas psicologicamente forte, enquanto Manuel de Sousa é um nobre patriota que se preocupa profundamente com a sua família. Telmo é extremamente leal ao seu primeiro amo D. João.
D. Madalena é uma personagem marcada pela perda do primeiro marido e vive em sofrimento constante. Maria é fisicamente frágil mas psicologicamente forte, enquanto Manuel de Sousa é um nobre patriota que se preocupa profundamente com a sua família. Telmo é extremamente leal ao seu primeiro amo D. João.
psicologicamente afectada e que vive marcada por conflitos interiores pelo desaparecimento do primeiro marido e não consegue viver o presente devido a esse “fantasma”, conseguimos deduzir isso na expressão “Mas eu! (…) este medo, estes contínuos terrores que ainda me não deixaram gozar um só momento (…)”. Os sentimentos e a sensibilidade sobrepõe-se à razão e é uma mulher em constante sofrimento. Crê em agoiros, superstições, dias fatais (a sexta-feira) e Deus, pois este é referido em muitas falas dela “Oh, filha, filha!..(mortificada.) porque não foi vontade de Deus: tinha de ser doutro modo. Tomara eu agora que ele chegasse a Lisboa! Com efeito, é muito tardar…Valha-me Deus!” entre outros exemplos. É uma sofredora e tem um amor intenso e uma preocupação constante com a sua filha Maria, contudo o mais importante para ela é a sua felicidade e amor ao lado de Manuel de Sousa pois até o seu amor à pátria é menor do que o que sente por Manuel. É muito influenciada por Manuel de Sousa, sendo evidenciado no final da obra, pois esta aceita o convento como solução mas fá-lo seguindo Manuel “ele foi? Eu vou”. Esta personagem relaciona-se conjugalmente com outras duas de uma forma legal e de compromisso com D. João de Portugal, por outro lado a sua relação com Manuel de Sousa Coutinho é amorosa e por sua vez ilegal. Tem uma relação afectiva com Telmo e Maria, sendo Telmo um aio e Maria sua filha, mas ao contrário do que se possa pensar Maria assume um papel adulto em relação à mãe devido ao estado mental de Madalena.
Maria de Noronha é uma personagem fisicamente frágil e fraca “E
eu agora é que faço de forte e assisada, que zombo de agouros e de sinas… para animar, coitada!...que aqui entre nós, Telmo, nunca tive tanta fé neles. Creio, oh, se creio! Que são avisos que Deus nos manda para nos preparar. – E há… oh! Há grande desgraça a cair sobre meu pai… decerto! E sobre minha mãe também, que é o mesmo.” Também apresenta um caracter puramente inocente e angelical e sendo psicologicamente muito forte. Maria tem uma relação muito forte com Telmo devido à sua crença no regresso de D. Sebastião. É uma personagem nobre, de inteligência precoce, muito culta, intuitiva e perspicaz. Também é muito curiosa pois aparenta querer saber de tudo, e uma romântica: é nacionalista, idealista, sonhadora, fantasiosa, patriota, crente em agoiros e uma sebastianista.
É a vítima inocente de toda a situação e acaba por morrer
fisicamente, tocada pela vergonha de se sentir filha ilegítima (morre tuberculosa).
Manuel de Sousa Coutinho é um nobre e honrado fidalgo que se
orienta por valores universais como a honra, a lealdade, a liberdade, é um patriota, forte, corajoso, e decido, mas não crê em agoiros. Contudo, esta personagem evolui de uma atitude interior de força e de coragem e segurança para um comportamento de medo, de dor, sofrimento, insegurança e piedosa mentira no acto III quando teme pela saúde da filha e pela sua condição social.Os seus sentimentos são muitas vezes sobrepostos à razão; normalmente deve-se á sua preocupação com doença da sua filha. Manuel de Sousa é um bom pai e um bom marido, pois ao longo do texto demonstra muita preocupação para com estas personagens; como é demonstrado com os seguintes exemplos: “Madalena, Maria, não vos quero ver aqui mais, já, ide, serei convosco em pouco tempo”, “Sentemo-nos aqui, filha e conversemos (toma-lhe as mãos e sentam – se) tens as mãos tão quentes; (beija-lhe a testa) e esta testa, esta testa!...Escalda! Se isto está sempre a ferver! Valha-te Deus, Maria! Eu não quero que tu penses”, e “Parti, Parti! As matérias inflamáveis que eu tinha disposto vão se ateando com espantosa velocidade. Fugi” e consequentemente Maria demonstra também muita preocupação com o seu pai, pois responde-lhe: “ Meu pai, nós não fugimos sem vós”. Estes exemplos mostram a preocupação que este tem com sua mulher e sua filha e demonstra que é um homem de valores. No final da obra demonstra- se decido como noutros momentos, com o facto de abandonar tudo (bens, vida) para se refugiar no convento.
É de referir que Manuel de Sousa não sente ciúmes pelo passado de
Madalena e considera-o um honrado fidalgo e um valente cavaleiro, exemplificando com os seguintes enxertos “Aquele era D. João de Portugal, um honrado fidalgo, e um valente cavaleiro“ e “Eu estimei e respeitei sempre a D. João de Portugal: honro a sua memória, por ti, por ele e por mim, e não tenho na consciência por que receei abrigar- me debaixo dos mesmos tetos que o cobriram. Viveste ali com ele? Eu não tenho ciúmes de um passado que não me pertencia. E o presente, esse é meu, meu só, todo meu, querida Madalena… Não falemos mais nisso; é preciso partir, e já “
A sua relação com Telmo é muito afastada, visto que, Telmo é um
serviçal normal e não existe nenhuma intimidade, Telmo atreve-se a dizer coisas a Madalena que não diz a Manuel de Sousa.
Telmo é um criado caracterizado como extremamente leal ao seu
primeiro amo, D. João de Portugal, e acredita piamente no seu regresso “Mais muito mais. E veremos: tenho cá uma coisa que me diz que antes de muito se há-de ver quem é que quer mais à nossa menina nesta casa”. Telmo é um velho aio que não é nobre apesar da sua convivência lhe dar todas as características de um nobre (postura, fala, educação ,cultura...). Não consegue perdoar Madalena pela infelicidade a D. João e mostra o maior desprezo por Manuel, apesar de ser o confidente de Madalena e Maria. Telmo é Fiel, dedicado e é a ligação entre as duas famílias (os dois maridos de Madalena) e a chama viva do passado que alimenta os terrores de Madalena. Ao contrário de todos estes sentimentos o que nutre pela sua segunda ama é de muito amor, esta contrariada de sentimentos e emoções são difíceis de digerir até pelo próprio Telmo.
Esta personagem é muito crítica, cria juízos de valor e é através dele
que a consciência das personagens é fragmentada, este vive num profundo conflito interior pois sente-se divido entre João e Maria, não sabendo o que fazer.
O romeiro/D. João de Portugal é um nobre cavaleiro, que está
ausente fisicamente durante o I e II acto da peça. Contudo, está sempre presente na memória, palavras e nas esperanças de Telmo que paira sobre aquela família, na consciência (sombra das angustias) de Madalena, nas palavras de Manuel e na intuição de Maria.
D. João é caracterizado direta e indirectamente, esta caracterização é
tanto física como psicológica. É sempre lembrado como patriota, digno, honrado, forte, fiel ao seu rei; quando regressa, na pele do Romeiro é austero e misterioso, representa um destino cruel, é implacável, destrói uma família e a sua felicidade, mas acaba por ser, também ele, vítima desse destino. Resta-lhe então a solidão, o vazio e a certeza de que ele já só faz parte do mundo dos mortos (é “ninguém”; madalena não o reconhece; Telmo preferia que ele não tivesse voltado pois Maria ocupou o seu lugar no coração do velho escudeiro).
D. João é uma figura simbólica: representa o passado, a época
gloriosa dos descobrimentos; representa também o presente, a pátria morta e sem identidade na mão dos espanhóis, é também a imagem da pátria cativa.
Frei George é uma personagem tipo e apenas tem a função de
mostrar o que a igreja deveria de assumir. Frei George é irmão de Manuel de Sousa, representa a autoridade de Igreja. É também confidente de Madalena, pois é a ele que ela confessa o seu “Terrível” pecado: amou Manuel de Sousa ainda D. João era vivo. É uma figura moderadora, que procura harmonizar o conflito e modera os sentimentos trágicos. Acompanha sempre a família, é conciliador, pacificador e impõe uma certa racionalidade, procurando manter o equilíbrio no meio de uma família angustiada e desfeita.