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Atividade de comparação entre textos (7ºano)

Leia os dois textos abaixo e responda às questões 1 e 2. 

Ali Babá e os 40 ladrões 

[...] 
Do alto podia ver tudo sem ser visto. Então chegaram àquele lugar quarenta homens
muito fortes e bem armados, com caras de poucos amigos. Ali Babá concluiu que
eram quarenta ladrões. 
Os homens desapearam dos cavalos e puseram no chão sacos pesados que continham
ouro e prata. O mais forte dos ladrões, que era o chefe, aproximou-se da rocha e
disse: 
— Abre-te, Sésamo! 

Assim que essas palavras foram pronunciadas, abriu-se uma porta na caverna. Todos
passaram por ela, e a porta se fechou novamente. Depois de muito tempo, a
passagem voltou a se abrir, e por ela saíram os quarenta ladrões. Quando todos
estavam fora, o chefe disse: 
— Fecha-te, Sésamo! 

Os bandidos colocaram os sacos em suas montarias e voltaram pelo mesmo caminho


pelo qual tinham vindo. Ali os seguiu com os olhos até desaparecerem. Quando se viu
em segurança, desceu da árvore, dirigiu-se à rocha e disse: 
— Abre-te, Sésamo! 

A porta se abriu e Ali Babá ficou sem palavras diante do que os seus olhos viram: uma
grande caverna, cheia dos tecidos mais finos, tapetes belíssimos, e uma enorme
quantidade de moedas de ouro e prata dentro de sacos. [...]

(Disponível em: http://www.valdiraguilera.net/as-1001-noites-03.html. Acesso em:


15/3/2014.) 
Abertura 

Todos eles traziam 


sacolas, que pare- 
ciam muito pesa- 
das. Amarraram 
bem seus cavalos e 
um deles adiantou- 
- se em direção a 
uma rocha e gritou: 
"Abre-te, cérebro!" 

(Arnaldo Antunes. Disponível em: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_


brasis/sao_paulo/arnaldo_antunes.html. 
Acesso em: 15/3/2014.) 

1. É possível dizer que: 


a) não há relação alguma entre os dois textos, porque são de gêneros diferentes. 
b) o poema retoma o conto, adaptando suas personagens. 
c) o segundo texto retoma criticamente as ideias desenvolvidas pelo primeiro. 
d) o poema faz uma exaltação do conto, destacando sua inteligência. 

2. O segundo texto apresenta a frase mágica "Abre-te, Sésamo!" modificada. A


finalidade do locutor do texto, com essa transformação, é sugerir ao leitor que o
cérebro: 
a) é apenas um órgão de nosso corpo. 
b) é fonte de riqueza incontável e inesperada. 
c) somente funciona com a ajuda de palavras mágicas. 
d) é uma caverna obscura. 

Gabarito: 1C | 2B
“Abre-te Sésamo!” Ouvimos o pobre vendedor de lenha gritar diante da montanha.
Seu grito nos chega de longe, de algum lugar do Oriente entre os séculos VIII e XV e
vem até nós completamente audível. As aventuras desse homem simples, de bom
coração, como diz seu nome — “baba”, que quer dizer honesto em árabe –, ganharam
mais uma versão, tão caprichada e cuidadosa que faria inveja aos vizires e grão-
vizires. Ali Babá é personagem das Mil e uma noites, livro, ou livros, cuja
importância, essência e fascínio se perdem no tempo. Contados e recontados de
forma apaixonada em todo o mundo, por milhares de vozes, por tradutores,
pesquisadores, estudiosos e tantos contadores de histórias, os mil contos são
patrimônio cultural da humanidade. Galland traduziu no século XVIII, Luc adaptou e
Ruth Salles fez uma primorosa tradução. Nesse esforço coletivo e gratuito de
gerações, os leitores vão aprender sobre odres, azeites, mercados, portas mouriscas,
especiarias, figueiras e nomes diferentes, como Cassim, Fairuz, Hussein, Chainás…
Alguém começou a contar essa história há mil noites e mil anos… e ainda não
terminou.

Notas
1..O irmão de Ali-Babá, Folha de São Paulo, Seção Opinião, A2, 22.10.2001.

2..Vide Ali-Babá e os quarenta ladrões, adaptação de ÉDSON ROCHA BRAGA, São


Paulo: Scipione, 2000, de onde extraímos as informações sobre os irmãos Babá.

3..Cassim tinha até escrava, chamada Mogiana.

4..Já devastavam as florestas.

5..Naquele tempo eles eram felizes. Só havia 40 ladrões. Hoje, temos 40 ladrões por
quilômetro quadrado. Além dos corruptos.

6..Ao contrário do que se pensa, Ali-Babá não era ladrão. Os 40 ladrões eram 40
mesmo: 39 e o chefe, Cogiá Hussein. O nome da história leva a imaginar
erroneamente que os ladrões eram 40, mais um, Ali Babá, o chefe.

7..Sésamo deriva do lat. Sésamon, gergelim, planta originária do Oriente, cujos grãos
são usados na culinária.

8..A criminalidade já havia aumentado.


CARLOS HEITOR CONY contou-nos em sua coluna a história do irmão de Ali-Babá,
chamado Cassim:

“Todo mundo conhece a história de Ali-Babá. Numa deformação bem própria de


nossa cultura, nós o associamos aos 40 ladrões como se ele fosse um deles. Na
realidade ele roubou mesmo, só que roubou de ladrões e mereceu os cem anos de
perdão de praxe. Mas todos nos esquecemos do irmão dele, que era rico, enquanto
Ali-Babá era pobre. Chamava-se Cassim, Casimiro ou nome equivalente a isso, não
importa. Esse irmão começou a invejar a fortuna que Ali-Babá trazia para casa.
Acompanhou-o até a caverna dos ladrões, aprendeu a senha famosa (‘abre-te,
sésamo!’), mas, lá dentro, depois de encher sacos e sacos com ouro e jóias,
esqueceu-se da senha para fechá-la. Dizia: ‘Fecha-te, sesgo; fecha-te isso e aquilo’ –
e nada acontecia. Os ladrões voltaram, viram o estrago, mataram e esquartejaram o
irmão de Ali-Babá. Desde criança tenho pena do irmão dele. Costumo esquecer
senhas, caminhos, nomes de pessoas e, sobretudo, números de telefone.
Compreendo o drama que o tal Cassim ou Casimiro viveu. Outro dia, deu um troço no
meu computador, queria fechá-lo, no desespero, a solução final foi desligá-lo da
tomada e chamar um técnico. Recursos que o irmão de Ali-Babá não teve. A moral da
história é óbvia: roubar é coisa fácil. E cada vez mais fácil. O difícil, às vezes, é
esconder o roubo. Mas nem sempre. Os casos mais notórios da nossa vida pública
repetem monotonamente a aflição de Cassim ou Casimiro tentando fechar a caverna
do tesouro, mas se esquecendo da senha mágica. Mas nem todos são distraídos como
eu e como o irmão de Ali-Babá. Num caderninho ou na agenda eletrônica, levam o
nome salvador. Muitos conseguem entrar e sair. Ganham nas instâncias finais. Depois
de saquearem a maravilhosa caverna do erário, alegam que enriqueceram na
iniciativa privada.” [1]

Na verdade [2], Cassim, irmão mais velho de Ali-Babá, casou-se com uma moça rica,
filha de abastado mercador. Morto este, o casal herdou toda a herança. Cassim-Babá
ficou rico [3]. Ali, ao contrário, casou-se com uma jovem pobre. Viviam mal, longe
da cidade. Ali era lenhador e só possuía três burrinhos, com os quais levava lenha
para vender na cidade [4].
Um dia, quando Ali-Babá estava cortando lenha perto de uma montanha,
aproximaram-se numa grande poeira nada menos do que 40 ladrões [5]. Um deles,
Cogiá Hussein, o chefe [6], aproximou-se da parede da montanha e gritou:

– “Abre-te, sésamo!”

Abriu-se uma porta na rocha por onde entraram os 40 ladrões, cada um carregando
uma grande sacola. Minutos depois, todos saíram, agora com as sacolas vazias. E
Cogiá outra vez gritou:

– “Fecha-te, sésamo!”
E a porta se fechou.

Ali desceu de uma árvore, onde havia se escondido, e gritou na direção da parede:

– “Open yourself, sésamo!”

E a porta, atualizada pela globalização, abriu-se. Na caverna, Ali encontrou um


grande tesouro: jóias preciosas, dólares, bônus do Governo, precatórios, recibos
bancários de depósitos no exterior, holerites, confissões de dívida, carnês premiados
do Baú da Felicidade, moedas e taças de ouro e prata, tapetes persas fabricados no
Mercosul etc. Uma fortuna incalculável...

Ali encheu uma sacola de moedas de ouro, abriu a porta da caverna com a senha
mágica e gritou:
– “Close yourself, sésamo!”

E a porta se fechou. Em casa, Ali e sua mulher inventaram de contar quantas moedas
havia na sacola. Para isso, ela pediu uma vasilha emprestada à esposa de Cassim.
Esta pensou:

“– Eles são tão pobres! O que teriam para ser contado?” Resolveu colocar um pouco
de sebo no interior da vasilha. Assim, alguma coisa nela ficaria grudada e saberiam
do que se tratava.

Não deu outra: uma moeda de ouro ficou pregada no fundo da vasilha.

No dia seguinte, Cassim, que, embora rico, era muito invejoso, “apertou” Ali-Babá,
que acabou revelando o segredo dos ladrões e as palavras mágicas.

Cassim não perdeu tempo. Arriou 10 mulas e 20 cestos e rumou para a montanha.

– “Abre-te, sésamo!”, disse.


A porta se abriu e Cassim carregou as mulas com uma grande fortuna. Mas aconteceu
que, na hora de sair, esqueceu-se das palavras mágicas.

– “Abre-te, rabanete [7]!”, gritava.


– “Abre-te, beterraba! Abre-te, mostarda!” E nada de a porta se abrir.

Foi assim que Cassim, surpreendido com a boca na botija pelos 44 ladrões [8], acabou
executado.

40 ladrões na história de Ali Babá


Valdir Aguilera

Alkarismi
(800-850)

Os povos do oriente médio sempre tiveram muita curiosidade e interesse pelos números. A
palavra algarismo é uma homenagem ao matemático, astrônomo e geógrafo árabe Alkarismi,
que nasceu por volta de 800 A.D. e morreu por volta de 850 A.D.

Com a intenção de tornar Bagdá o centro cultural da época, o califa Harum-al-Rashid mandou
vir da Índia livros de matemática, que logo foram traduzidos para o árabe. Estudando esses
livros, Alkarismi compreendeu o tesouro que os matemáticos hindus haviam descobertos.

Os comentários que seguem foram baseados na obra O homem que calculava, de Malba
Tahan (pseudônimo do professor de matemática, Julio Cesar de Melo e Souza).

Em suas atividades ilícitas, para juntar riquezas os ladrões roubavam, isto é, subtraiam e,
juntavam, isto é, somavam ao botim acumulado. O que faziam, então, os ladrões? Subtraiam e
somavam!

O número 40 é o maior número que pode ser decomposto em quatro partes desiguais e, com
elas, formar por adição e subtração todos os números inteiros desde o 1 até o 40. Essas
partes são: 1, 3, 9, 27. Note outra coisa notável: estes quatro números formam uma progressão
geométrica de razão 3!

Vejam como os 40 primeiros números inteiros são formados com aquelas quatro partes:
 1 = 1 14 = 27 - 9 - 3 - 1
15 = 27 - 9 - 3
16 = 27 - 9 - 3 + 1
 2 = 3 - 1 17 = 27 - 9 - 1
 3 = 3 18 = 27 - 9
 4 = 3 + 1 19 = 27 - 9 + 1
20 = 27 - 9 + 3 - 1
21 = 27 - 9 + 3
 5 = 9 - 3 - 1 22 = 27 - 9 + 3 + 1
 6 = 9 - 3 23 = 27 - 3 - 1
 7 = 9 - 3 + 1 24 = 27 - 3
 8 = 9 - 1 25 = 27 - 3 + 1
 9 = 9 26 = 27 - 1
10 = 9 + 1               27 = 27
11 = 9 + 3 - 1 28 = 27 + 1
12 = 9 + 3 29 = 27 + 3 -1
13 = 9 + 3 + 1 30 = 27 + 3
31 = 27 + 3 + 1
32 = 27 + 9 - 3 - 1
33 = 27 + 9 - 3
34 = 27 + 9 - 3 + 1
35 = 27 + 9 - 1
36 = 27 + 9
37 = 27 + 9 + 1
38 = 27 + 9 + 3 - 1
39 = 27 + 9 + 3
40 = 27 + 9 + 3 + 1

Note o número 1 aparece uma vez logo após o sinal =, o número 3 aparece três vezes, o 9
nove vezes e o 27 vinte e sete vezes! Note, também, que cada um dos quatro números
(1,3,9,27) aparece vinte e sete vezes nas quarenta relações.

Essa curiosa propriedade matemática e o fascínio daquele povo pelos números parecem
justificar a escolha do 40 pelos narradores da história de Ali Babá

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