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pecialista, é a certeza de
orça para a sobrevivência
Eliana Calmon
Ministra do Superior Tribunal de Justiça
INTRODUÇÃO
. Estado
na suaBrasileiro mergulhou
base social no século as
e atravessou XX com profundas
últimas fissuras
décadas sem
Q.políticas das elites, o Brasil nunca se preocupou com a questão
solucionar as questões daí advindas. Como produto das costuras
14, D. 2, p. 107.231, JulJDez. 2002 Informativo Jurídico da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva, v. 14, n. 2, p. 107-231, JulJDez. 2002 - 139
ELIANA CALMON RESPONSABILI
lio, a Revolução Militar de a instituição Estado-Juiz atrelada a uma estrutura arcaica, burocrática e
) gerencial (Decreto-lei nº incompatível com as suas competências e a velocidade da vida moderna.
~ão conseguiu, entretanto,
:é que, em 1990, surge o Incapaz de atender aos reclames dos cidadãos, e sem parcerias
com os demais Poderes, consegue o Judiciário desagradar a todos. Seus
integrantes são conscientes da impotência, mas não sabem o que fazer para
teve um desempenho de sair desta armadura estrutural.
9 dentro de uma estrutura
ionar o alcance de suas Dessa forma, no afã de vencer as dificuldades econômicas, o
Estado-Administrador encontra dois grandes óbices: os direitos fundamentais
a com o Estado, ao prestar
teresses das oligarquias garantidos constitucionalmente e o Poder Judiciário que se cOlocou, nos
últimos anos, a serviço da Nação. Para vencê-los, o Estado passa a encolher
os direitos e garantias individuais por leis, negociadas no espaço legislativo de
na estrutura social, com a seu domínio, enquanto busca frear o Judiciário; investe na tradicional
ão de uma nova Carta com morosidade da instituição, usando das normas processuais, pródigas em
ob a égide do "Estado do recursos; exerce rígido controle político na formação dos órgãos de cúpula
a cidadania. Entretanto, o (Tribunais Superiores) e fomenta o descrédito do Judiciário perante a Nação.
LZão da fúria econômica do
Tentarei mostrar, menos como "expert" do assunto e mais como
aplicadora da lei, como está sendo tratada a responsabilidade daqueles que
públicas constantes dessa alimentam a máquina fiscal - os empresários como sócios.
seriamente abalada pela
) como preocupação maior RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
ai global.
e tema tem sido um dos institutos mais controvertidos para os
lntra o Estado dificuldades estudiosos do Direito Tributário, encontrando-se farta doutrina sobre o assunto.
, dos direitos e garantias A presente está limitada a uma visão jurisprudencial, com matizes doutrinárias,
o Poder Judiciário sofre como não poderia deixar de ser.
'izes constitucionais que
ica necessária para honrar e Código Tributário Nacional estabelece com precisão, no seu art.
Iter em funcionamento a 121, a diferença entre contribuinte e responsável, chamando ambos de sujeito
passivo.
l4,n.2,p.l07-231,JulJDez.2OO2 Infonnativo Jurídico da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva, v. 14, n. 2, p. 107-231, JulJDez. 2002 - 141
fp
142 . Infonnativo Jurídico da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva, v. 14, n. 2, p. 107-231, JulJDez. 2002 Informativo Jurídico da Bibliote
RESPONSABILIDADE TRIBIITÁRIA E PENAL DOS ADMINISTRADORES
L4, D. 2, p. 107-231, JulJDez. 2002 Informativo Jurídico da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva, v. 14, D. 2, p. 107-231, JulJDez. 2002 - 143
ELIANA CALMON RESPONSABILIO
1.omissis. 2
jurisprudência
2.omissis.
predominânci;
3. De acordo com o nosso ordenamento jurídico
3
tributário, os sócios (diretores, gerentes ou representantes da
pessoa jurídica) são responsáveis, por substituição, pelos créditos (Resp. 135.m
correspondentes a obrigações tributárias resultantes da prática de DJ de 09/04/2
ato ou fato eivado de excesso de poderes ou com infração de lei,
Como corolá
contrato social ou estatutos, nos termos do art. 135, 111, do CTN.
respondem pelas dívidas c
4. O simples inadimplemento não caracteriza infração houve o sócio com dolo ou
legal. Inexistindo prova de que se tenha agido com excesso de
poderes, ou infração de contrato social ou estatutos, não há falar Neste sentido
se em responsabilidade tributária do ex-sócio a esse título ou a social, mormente no mon
título de infração legal. Inexistência de responsabilidade tributária brasileiros passam por cor
do ex-sócio. 1
5. Precedentes desta Corte Superior. REGIMENTAl
A EMBARGC
6. Embargos de Divergência rejeitados. SOCIEDADE
(EREsp. 174.532/PR, ReI. Min. José Delgado, 1ª Seção, unânime, RESPONSAE
DJ de 20/08/2001).
Dessa forma, responde-se a uma importante questão: a
responsabilidade do sócio, na hipótese do art. 135 do CTN não é objetiva,
como chancelou o STJ em precedentes cujas ementas transcrevo:
tributário, os
Tributário. Responsabilidade tributária. Sócio-gerente. pessoa jurídic
art. 135, 111, do CTN. Registro. Junta comercial. corresponden
ato ou fato ei
- Sendo incontroverso o fato de que o recorrido fora
contrato socié
dispensado da gerência antes da época em que os tributos
deveriam ter sido pagos, é irrelevante que o registro da alteração
contratual fosse posterior, inexistindo, assim, a alegada violação só se manife~
ao art. 135, 111, do CTN. sua administl
135, caput, I
- Recurso não conhecido.
atribuição de
(Resp. 5.479/SP, ReI. Min. Américo Luz, 2ª Turma, DJ de estava o sóci,
18/03/91).
TRIBUTÁRIO E PROCESSO CIVIL
I
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA: SÓCIO-GERENTE (ART.
esposado no
135, 111 DO CTN).
ano de 199E
1. O sócio-gerente de sociedade limitada responde Corte Superic
subsidiária e subjetivamente pelo débito da sociedade, se ela
ainda não se extinguiu.
144 - Informativo Jurídico da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva, v. 14, n. 2, p. 107-231, JulJDez. 2002 Informativo Jurídico da Bibliotec
RESPONSABILIDADE TRIBlTTÁRIA E PENAL DOS ADMINISTRADORES
14, n. 2, p. 107·231, JulJDez. 2002 Informativo Jurídico da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva, v. 14, n. 2, p. 107-231, JulJDez. 2002 - 145
RESPONSABILIDADE TRIBl
ELIANA CALMON
l.
RESPONSABILIDADE TRIBITTÁRIA E PENAL DOS ADMINISTRADORES
~Igado, 1ª Seção, unânime, Não se trata, como diz o Dr. Eduardo Bim, de promíscua
interferência entre interesses público e fazendário. Trata-se de estabelecer
ABILlDADE TRIBUTÁRIA. exegese que imputa ao sócio o ônus de provar se houve com correção
rASo absoluta, sem cometimento de nenhuma das infrações desenhadas no art. 137
do CTN. Não é ficção, nem presunção jure et de jure. É presunção que admite
)nsabilidade tributária do prova em contrário, cabendo ao sócio ou administrador exercer a sua defesa,
; sociais segue ao princípio como consagrado na jurisprudência do STJ:
digo Tributário Nacional; a
também nesse caso, só se 1- PROCESSUAL E TRIBUTÁRIO.
exercício da gerência, ele RESPONSABILIDADE DO SÓCIO-GERENTE. AUSÊNCIA DE
i ou infração de lei ou do CITAÇÃO. PRINCípIO DA AMPLA DEFESA.
Antes de se imputar a responsabilidade tributária, é
ecido. necessária a prévia citação do sócio-gerente, a fim de que seja
possível o exercício do direito de defesa.
~ndler, 2ª Turma, unânime,
(REsp. 236.131/MG, ReI. Min. Humberto Gomes de
Barros, 1ª Turma, Unânime, DJ de 13/11/2000).
'isto ser questionada nos
Ide. Tem-se entendido que Assim e, em conclusão, quando a empresa se extingue de forma
sociedade irregularmente irregular deixando dívidas, presume-se responsável solidário e pessoal o sócio.
esponsabilidade dos seus Mas esta responsabilidade pode ser afastada, sendo este o seu ônus.
excelente estudo sobre o
ossibilidade de se imputar RESPONSABILIDADE PENAL
;ão da sociedade. Entendo
D, mas admitindo-se prove Dentre as tendências da pós-modernidade, está a de
s tantum. desregulamentar, descentralizar e descriminalizar condutas. No Brasil, em
descompasso com esta tendência, surgem tipos penais exóticos, inteiramente
) voto do Min. Milton Luiz dispersos de uma base ontológica, a servir ao aparato arrecadatório do Estado.
A ineficiência dos controles administrativo-fiscal, a lentidão da Justiça e a
)ADE REGULARMENTE cultura antifiscal da sociedade brasileira, aliada à insaciável necessidade de
L1DADE DO SÓCIO fazer caixa para cumprir os compromissos internacionais, levou o legislador à
criminalização indiscriminada.
cia oriente que os "sócios Os crimes tributários, ou crimes de "colarinho branco", no Brasil,
a tributária resultante dos não se constituem em privilégio dos grandes empresários ou contribuintes de
lestão, afasta-se dessa alta riqueza. Atestam os Tribunais a existência do tipo entre pequenos e
Iforme regular alteração médios empresários, o que não se constitui em excepcionalidade, tendo em
. inativação ou paralisação vista o peso da altíssima carga tributária sobre as pessoas físicas ou jurídicas,
estar responsabilidade em estimada em cerca de 34% do PIB.
.. 50 e 51, parágrafos 5º e
Há de ressaltar, ainda, a prática reiterada de sonegar receitas,
seja com condutas elisivas que o Fisco tenta podar, seja com o cometimento
de infrações à legislação tributária, mesmo enfrentando o risco de autuação,
urma, Unânime, DJ de com pesadas multas.
14,n.2,p.l07-231,JulJl>ez.2002 Informativo Jurídico da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva, v. 14, n. 2, p. 107-231, JulJl>ez. 2002 - 147
ELIANA CALMON RESPONSABILlDA
O Fisco tem encetado como política arrecadatória a criminalização basta para via
de condutas que não passam de ilícito administrativo-tributário, com o objetivo de defesa."
de coibir as práticas de sonegação. Chama a atenção o rigor formal do No STF, colhe
legislador, em defesa do Fisco, e em detrimento a um relevantíssimo aspecto:
HC 80.876/RJ, relatado pel
a natureza ontológica de um ilícito que se transforma em crime pela só vontade
do Estado Legislador. H
PRÁTICA DO
Observa-se, dentre as tendências do novo modelo social do 7.492/86 (GEf
Estado Moderno, a desregulamentação, a descentralização e a VALORES DE
descriminalização de conduta, vertentes destinadas a tornar o Estado menos DE WRIT I
pesado, e a deixar para as regras sociais de conduta a incumbência de, por si IMPUTAÇÃO
só, comandarem a reprovabilidade. PARTICULAR
AUTORES E I
Assim, repito, mercê da tendência à descriminalização, o Estado
Brasileiro, na contramão da história, tem tipificado como crime condutas que O
não passam de um ilícito tributário. A objetividade dos textos legislativos não paciente jame
deixa outra idéia senão a de ter o Estado, por escopo colocar em situação cujo quadro s
fatos delituos
vexatória o contribuinte, para fazê-lo pagar o débito cobrado como tributo.
haver-se ben
Dentro de um universo rico em casuísmos, exceções e corpus deferid
controvérsias doutrinárias, destaco, nesta oportunidade, três questões paciente, por 1
ensejadoras de constantes demandas: a denúncia genérica nos crimes Observa-se, ~
societários; a tipicidade nos crimes de sonegação fiscal; e, por fim, a tem obtido no Judiciário m
apropriação indébita dos tributos indiretos, cujo mecanismo de arrecadação e "teimoso" em não patro
enseja a existência de dois contribuintes: o que paga, chamado de contribuinte arrocho fiscal, sob o signo
de fato, e o que recebe para depois recolher aos cofres públicos, o contribuinte
de direito. O segundo de
e sua tipicidade lógica. O
Inicio pelo tema referente à precisão da denúncia nos chamados 8.137/90; o agir do contrit
crimes societários. Em princípio, admitiu a jurisprudência a denúncia genérica. crime de mera conduta ou
Esse entendimento levava, muitas vezes, à absolvição, pela dificuldade em se
estabelecer, ao final, a autoria de cada uma das fases delitivas; por outro lado, Se de mera
facilitava o Ministério Público e dificultava sobremaneira a defesa. identificar como supressãe
do contribuinte em agir cor
Coube ao STJ inaugurar uma nova linha de entendimento, seguida
Se crime de ri
pelo STF. Anote-se, dentre os primeiros julgamentos no STJ, o HC 8.258/PR,
relatado pelo Ministro José Arnaldo da Fonseca, da 5ª Turma, DJ de da sonegação, se efetivl
06/09/1999, do qual destaco: redução no pagamento dI
do procedimento fiscal.
"1. Nos chamados crimes societários é imprescindível Ministério Público só pOdE
que a denúncia descreva, pelo menos o modo como os co-autores da ação penal, quando fini
concorreram para o crime.
Resiste o Mír
2. A invocação da condição de sócio, gerente ou coisas, e sustenta ter crió
administrador, sem a descrição de condutas específicas, não seu agir, o que é inadn
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RESPONSABILIDADE TRlBl'TÁRIA E PENAL DOS ADMINISTRADORES
~cadatória a criminalização basta para viabilizar a peça acusatória, por impedir o pleno direito
o-tributário, com o objetivo de defesa."
tenção o rigor formal do
No STF, colhe-se adesão em inúmeros julgados, dos quais cito o
Im relevantíssimo aspecto:
HC 80.876/RJ, relatado pelo Ministro limar Galvão:
: em crime pela só vontade
HABEAS CORPUS. PACIENTE DENUNCIADO PELA
PRÁTICA DOS CRIMES DOS ARTIGOS 4.º E 5.º DA LEI N.º
I novo modelo social do 7.492/86 (GERÊNCIA FRAUDULENTA E DESVIO DE BENS OU
descentralização e a VALORES DE INSTITUiÇÃO FINANCEIRA). INDEFERIMENTO
a tornar o Estado menos DE WRIT POR ACÓRDÃO QUE TEVE POR VÁLIDA
a a incumbência de, por si IMPUTAÇÃO GENÉRICA DO CRIME, SEM
PARTICULARIZAÇÃO DA CONDUTA DOS AGENTES, CO
AUTORES E PARTíCIPES.
~scriminalização, o Estado
como crime condutas que Descabimento da acusação, se patenteado que o
dos textos legislativos não paciente jamais exerceu a gerência ou direção da empresa, de
copo colocar em situação cujo quadro social nem sequer participava quando ocorreram os
:obrado como tributo. fatos delituosos. Inexistência, ademais, de qualquer prova de
haver-se beneficiado do alegado desvio de recursos. Habeas
casuísmos, exceções e corpus deferido para o fim de trancar a ação penal com relação ao
tunidade, três questões paciente, por falta de justa causa.
cia genérica nos crimes
Observa-se, pela evolução da jurisprudência, que o contribuinte
:ão fiscal; e, por fim, a
tem obtido no Judiciário maior espaço para se defender de um Estado "guloso"
ecanismo de arrecadação
e "teimoso" em não patrocinar a reforma tributária, além de impor um brutal
l, chamado de contribuinte
arrocho fiscal, sob o signo da criminalização.
res públicos, o contribuinte
O segundo destaque a ser feito é para o crime de sonegação fiscal
e sua tipicidade lógica. O questionamento reside, no tipo do art. 1º da Lei nº
a denúncia nos chamados 8.137/90; o agir do contribuinte, levado à suspensão ou redução do tributo, é
~ncia a denúncia genérica. crime de mera conduta ou crime de resultado?
ão, pela dificuldade em se
3S delitivas; por outro lado, Se de mera conduta, temos, independente do que se possa
lira a defesa. identificar como supressão ou redução no pagamento do tributo, a só intenção
do contribuinte em agir com o intuito de não pagar é considerado crime.
I de entendimento, seguida
s no STJ, o HC 8.258/PR, Se crime de resultado, somente será possível imputar-lhe a autoria
3., da 5ª Turma, DJ de da sonegação, se efetivamente o seu proceder resultar em supressão ou
redução no pagamento do tributo, conclusão só obtida quando da finalização
do procedimento fiscal. Ademais, o art. 83 da Lei nº 9.430/96 afirma: o
:ocietários é imprescindível Ministério Público só pode ser noticiado pelo Fisco, para efeito de deflagração
modo como os co-autores da ação penal, quando finalizada a apuração na esfera administrativa.
Resiste o Ministério Público em aceitar a lei e a ordem natural das
:ão de sócio, gerente ou coisas, e sustenta ter criado o legislador condição de procedibilidade para o
:ondutas específicas, não seu agir, o que é inadmissível. Considera o parquet que os intermináveis
14,D.2,p.l07-231,JulJI>ez.2002 Infonnativo Jurídico da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva, v. 14, D. 2, p. 107-231, JulJDez. 2002 - 149
F
processos administrativos e seus inúmeros recursos levariam à impunidade, Supremo. Entretanto, bem
pela prescrição. Porém, este argumento não justifica a antecipada inicial, em divergência, porté
criminalização de conduta.
No RHC 11.59
Há, em andamento, no Congresso, a PEC nº 175/1995, que prevê de 2000, deu-se a mudan
no § 4º do art. 1º: ninguém será processado por crime contra a ordem tributária, quais levaram ao acórdão q
antes de encerrado, na via administrativa, o processo respectivo. O projeto, CJ
entretanto, não consegue prosperar. OMISSÃO [
PREVIDENCI)
Também aborda o mesmo tema o Projeto de Lei Complementar nº
DENÚNCIA. D
646/99 - Código de Defesa do Contribuinte -, cujo escopo é proteger o RECURSOPR
contribuinte da "gula" fiscal, repetindo princípios, direitos e garantias já
previstos na Constituição e no próprio CTN, mas de interesse evidente para I.
quem, se sentindo espoleado pelo Estado, tem relação desrespeitosa para anterior ao rei
como o aparelho arrecadador. O CDC seria uma espécie de resgate do punibilidade p
respeito a quem sustenta a mais importante das receitas estatais, pela desnecessário
segurança quanto aos direitos do contribuinte, enquanto se limitaria à atuação 11.
fiscal. determinando
pacientes.
A antiga jurisprudência do STJ chegou a ostentar julgados em
favor do entendimento esposado nos projetos de lei. Todavia, voltou atrás, Prevaleceu o '
quando o Ministério Público Federal passou a se colocar sistematicamente contribuinte, no sentido de
contra o que chamou de condição de procedibilidade. Nesse aspecto, vem o mesmo de forma parcelada
contribuinte perdendo espaço para o Fisco. causa para uma ação pen.
legislador, equivale à inten~
O último questionamento diz respeito à extinção da punibilidade do cabal desta intenção.
crime de apropriação indébita, em razão do parcelamento. O art. 168-A da Lei
nº 9.983/2000 introduziu um tipo específico ao crime de apropriação indébita, Na tentativa dE
previsto no art. 168 do Código Penal, e denominou-o, apropriação indébita Gilson Dipp, que o parcela
previdenciária. A partir de então, ficou evidenciado o uso da tipificação delitiva, extingue a anterior obrigaçi
pelo legislador, para o só efeito de arrecadação, visto que: jurídica da relação de tal
conteúdo criminal oriundo
1) prevê a extinção da punibilidade pelo pagamento antes do início diante na esfera cível. ObSI
da ação fiscal (§ 2º, art. 168-A); de conduzir o problema pai
infração da esfera penal pai
2) faculta ao juiz a não-aplicação da pena, se o pagamento foi
posterior à instauração do procedimento fiscal, mas antes da denúncia (§ 3º, I, Aspecto relevé
art. 168-A). Ministério Público. Em se
parquet aspecto social da IE
Assim, o art. 14 da Lei nº 8.137/90, bem como o art. 34 da Lei nº as condições de vida da
9.249/95, têm ensejado questionamentos. Ambos falam em promover o empresários em débito cor
pagamento. Mas, afinal, o que é promoção de pagamento? Para o STF, que se sente agredida em
promover o pagamento não significa prometer pagar, e ostenta a posição de área da segurança pública
que o parcelamento não extingue a punibilidade. O STJ entendia que o castigo.
parcelamento extinguia a punibilidade, depois, adotou a mesma posição do
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RESPONSABILIDADE TRlBlTTÁRIA E PENAL DOS ADMINISTRADORES
'sos levariam à impunidade, Supremo. Entretanto, bem recentemente, voltou atrás para adotar a posição
ão justifica a antecipada inicial, em divergência, portanto, com a Corte Maior.
No RHC 11.598/SC, julgado pela Terceira Seção, em 08 de maio
PEC nº 175/1995, que prevê de 2000, deu-se a mudança da jurisprudência, após acirrados debates, os
me contra a ordem tributária, quais levaram ao acórdão que recebeu a ementa seguinte:
~esso respectivo. O projeto,
CRIMINAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS.
OMISSÃO DE RECOLHIMENTO DE CONTRIBUiÇÕES
jeto de Lei Complementar nº PREVIDENCIÁRIAS. PARCELAMENTO ANTERIOR À
cujo escopo é proteger o DENÚNCIA. DESNECESSIDADE DO PAGAMENTO INTEGRAL.
RECURSO PROVIDO.
>s, direitos e garantias já
de interesse evidente para I. Uma vez deferido o parcelamento, em momento
relação desrespeitosa para anterior ao recebimento da denúncia, verifica-se a extinção da
na espécie de resgate do punibilidade prevista no art. 34 da Lei n. 9.249/95, sendo
:las receitas estatais, pela desnecessário o pagamento integral do débito para tanto.
luanto se limitaria à atuação 11. Recurso provido para conceder a ordem,
determinando o trancamento da ação penal movida contra os
pacientes.
10U a ostentar julgados em
! lei. Todavia, voltou atrás, Prevaleceu o entendimento de que a manifestação concreta do
e colocar sistematicamente contribuinte, no sentido de reconhecer a sua obrigação e se dispor a saldá-Ia,
:ide. Nesse aspecto, vem o mesmo de forma parcelada, única modalidade possível para ele, afasta a justa
causa para uma ação penal. Para o STJ, a expressão promover, usada pelo
legislador, equivale à intenção concreta de pagar, e o parcelamento é a prova
extinção da punibilidade do cabal desta intenção.
imento. O art. 168-A da Lei
ne de apropriação indébita, Na tentativa de justificar a posição, argumentou o relator, Ministro
10U-O, apropriação indébita Gilson Dipp, que o parcelamento consiste em uma espécie de novação, pois
o uso da tipificação delitiva, extingue a anterior obrigação, e faz surgir uma nova. Assim, altera a natureza
:0 que: jurídica da relação de tal forma a não mais se poder nela inserir o antigo
conteúdo criminal oriundo da relação extinta. Resolve-se, a querela, daí por
) pagamento antes do início diante na esfera cível. Observa-se, no reforço argumentativo, a nítida intenção
de conduzir o problema para o seu leito verdadeiro, ou seja, o afastamento da
infração da esfera penal para a cível.
pena, se o pagamento foi
antes da denúncia (§ 3º, I, Aspecto relevante no precedente foi a posição assumida pejo
Ministério Público. Em seu parecer, favorável ao contribuinte, enfatizou o
parquet aspecto social da lei penal, cujo rigor não tem concorrido para melhorar
Tl como o art. 34 da Lei nº as condições de vida da sociedade brasileira. Ora, o encarceramento de
s falam em promover o empresários em débito com o Fisco soa em descompasso numa comunidade
)agamento? Para o STF, que se sente agredida em sua cidadania, com criminal idade exacerbada na
ir, e ostenta a posição de área da segurança pública. Afinal, pugna-se por um equilíbrio entre crime e
. O STJ entendia que o castigo.
,tou a mesma posição do
14,n.2,p.l07-231,JulJI>ez.2OO2 Informativo Jurídico da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva, v. 14, n. 2, p. 107-231, JulJI>ez. 2002 - 151
ELIANA CALMON
•.......t'
.~
Sumário: 1. Tutela jurisdil
cognição. 2.2.
antecipada - gel
1. Tutela Jurisdicional
a~~~~~
atribuição de solucionar c
objetivo, abstratamente c
solução revelou-se pelo f
estatal, cuja palavra, alé
Estado soberano acerca
devem-na respeito absolu
dos antecedentes do litíg
isonomicamente, das mai
jurisdicional e tem o carát,
demais soluções do Est
poder, em face de adquirir
enforcing power", consubs
O Estado, atr
exerce a ação, institui um
dos reais destinatários dé
sobre os momentos em ql
152 • lnfonnativo Jurídico da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva, v. 14, n. 2, p. 107.231, JulJDez. 2002 Infonnativo Jurídico da Bibliotea