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Cuiabá-MT
2010
ELCIO BUENO DE MAGALHÃES
Cuiabá-MT
2010
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte
Inclui bibliografia.
Banca Examinadora
_________________________________
Prof. Pós- Dr. Luiz da Rosa Garcia Netto
Orientador, Dpto. De Geografia, UFMT
________________________________________
Prof. Dr. Cornélio Silvano Vilarinho Neto
Banca Interna, Dpto. de Geografia, UFMT
______________________________
Prof. Dr. Naldson Ramos Costa
Banca Externa, Dpto. de Sociologia, UFMT
Conceito: ________________________________________________________________
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Ao Pai Criador que por alguma razão permitiu minha existência, pois sem a
vontade Dele nada do que é seria e nada será, pois sei da perfeição do seu agir.
Aos meus Pais e irmãos que mesmo na simplicidade do dia a dia que a vida de
lavradores lhes tem dado, souberam do jeito e no momento deles oferecer-me condições,
situações e momentos que me conduziram a certeza de que a busca pelo conhecimento
era o melhor caminho para que eu pudesse superar as dificuldades, saciar a sede de
justiça, aplainar os terrenos das desigualdades, vencer as arbitrariedades constantemente
impostas, as tempestades que sempre surgem e subir ao pódio, galgar os louros da vitória
mesmo quando as profecias dos hipócritas de outrora prediziam o contrário as minhas lutas
e sonhos que muitas vezes foram sufocados, mas jamais extintos.
Ao meu orientador Profº. Pós- Dr. Luiz da Rosa Garcia Netto, pela amizade,
confiança, por sempre ter doado seu tempo, pela paciência ao dispor ouvir minhas
inquietações, pela honrada companhia, pelos filmes que assistimos, pelos churrascos que
só ele sabe fazer, pelos conselhos que em muito serviram para vida pessoal e
especialmente para esta conquista. Agradeço ainda pelos estímulos dispensados, pelos
puxões de orelhas nos momentos certos, pelo conduzir ao caminho certo, pelas
preocupações e por fazer-me afastar das cegas teimosias que muito me acometeram.
Aos amigos, Edilair (Diana), Ronis Zaina, Flávio e família. Obrigado pela
amizade, pelas dicas, conselhos que em muito contribuíram para esta conquista.
Aos mestrandos da Turma 2008, pelos ideais compartilhados, pelos momentos
de alegria e integração, pela força e companheirismo da maioria. Obrigado a todos.
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RESUMO
Este trabalho estuda os homicídios registrados no Município de Cuiabá-MT, um problema social que
a todos atinge naquilo que é mais valioso, a vida, causando medo, alterações na paisagem urbana e
adoção de novos hábitos e costumes. Tem como objetivo principal estudar os homicídios registrados
no Município de Cuiabá-MT em 2007, através da caracterização pessoal, contextual, temporal e
com emprego de técnicas de análise espacial. Durante o estudo, foram feitos os seguintes
procedimentos metodológicos: 1) Levantamento e revisão bibliográfica; 2) Escolha das instituições,
onde se fez a coleta dos dados; 3) Escolha das variáveis de caráter pessoal, contextual, temporal e
espacial; 4) Coleta de dados em instituições governamentais; 5) Sistematização de dados em forma
de tabelas, quadros, figuras, discussão e análise dos mesmos; 6) Levantamento de campo, para
coleta de coordenadas UTM com GPS e confirmação, correção de endereços incompletos e adição
de endereços não informados; 7) Espacialização dos homicídios, e; 8) Análise dos dados. Para
análise dos dados estruturou-se a pesquisa em quatro dimensões: a pessoal que considerou as
variáveis referentes às vítimas (sexo, faixa etária, cor ou raça, estada civil, tempo de escolaridade,
profissões ou ocupações, local de origem e local de residência); a contextual, referente às
circunstâncias nas quais esses homicídios ocorreram (motivações do crime e agente da causa
morte); a dimensão temporal refere-se ao tempo em que os homicídios ocorreram (mês, dia da
semana e horário) e a espacial, considerou os locais onde ocorreram os homicídios (local de
ocorrência, tipo de local de ocorrência e logradouros). Também foram feitas comparações das áreas
de ocorrência de homicídios com os respectivos níveis médios de renda de cada área. Os
resultados alcançados foram os seguintes: 89,3% das vítimas eram do sexo masculino; 74,8% eram
pessoas adultas com idade entre 20 e 59 anos; 65,0% eram de cor ou raça parda; 83,0% eram
solteiros; 45,1% possuíam de 4 a 7 anos de tempo de instrução escolar; 19,0% trabalhavam em
serviços gerais, 15,5% eram estudantes e 12,6% na área da construção civil como profissão ou
ocupação quando assassinadas; 67,5% eram naturais de Mato Grosso; 91,7% residiam em Mato
Grosso quando mortas; 32,5% dos crimes não tiveram a motivação apurada, 19,4% tiveram como
motivação rixa/acertos de contas e 16,5% o envolvimento com drogas; 76,6% foram praticados com
uso de armas de fogo; dentre os meses analisados, 12,6% ocorreram no mês de setembro, 11,7%
em janeiro e 10,2% em junho; 21,8% aos domingos e 20,4% aos sábados; 33,0% no período das
00h00min. às 06h00 min. e 31,5% no período das 18h01min. as 23h59 min.; 6,8% dos homicídios
no bairro Morada da Serra, 6,8% no bairro Pedra 90, 3,9% no bairro Alvorada; 42,7% ocorreram em
vias públicas e 14,5% em residência particular e os logradouros que mais concentraram homicídios
foram: a avenida Fernando Corrêa da Costa e avenida Beira Rio, com 3 homicídios cada. Da
comparação das áreas com registro de homicídios com os respectivos níveis de renda, constatou-se
que os homicídios concentraram-se nas áreas classificadas como baixa e médio-baixa.
ABSTRACT
This work studies the homicides registered in the city of Cuiabá-MT, a social problem that reaches all
people in what it is more valuable for them, their life, causing fear, alterations in the urban landscape
and adoption of new habits and customs. It has as objective main to study the homicides registered
in the city of Cuiabá-MT in 2007, through personal characterization, contextual characterization,
secular and spatial characterization the, with job of techniques of spatial analysis. During the study,
the following methodological procedures had been made: 1) Survey and bibliographical revision; 2)
Choice of the institutions, where it made the collection of the data; 3) Choice of the variable of
personal character, contextual character, secular and spatial character e; 4) Collection of data in
governmental institutions; 5) Systematization of data in tables, pictures, figures, discussion and it
analysis of the same ones; 6) Survey on field, for collection of co-ordinated UTM with GPS and
confirmation, correction of incomplete addresses and addition of new addresses weren´t informed; 7)
Spatialization of the homicides and 8) Analysis of the data. For analysis of the data the research was
structuralized in four dimensions: the personal dimension that considered the variable referring to the
victims (sex, age band, color or race, civil state, time of instruction, professions or occupations, place
of origin and place of residence); contextual dimension, referring the circumstances in what these
homicides had occurred (motivations of the crime and agent of the death’s cause); the secular
dimension refers to the time where the homicides had occurred (month, day of the week and
schedule) and the spatial dimension that considered the places where the homicides had occurred
(local of occurrence, type of occurrence place and public parks). Also comparisons of the areas of
occurrence of homicides with the respective average levels of income in each area had been made.
The results reached had been the following: 89.3% of the victims were of the masculine sex; 74.8%
were adult people with age between 20 and 59 years; 65.0% were Africans descendents or medium
brown race; 83.0% were single; 45.1% with age between 4 and 7 years of instruction time; 19.0%
works in general services, 15.5% were students and 12.6% works in the building as profession or
occupation when assassinated; 67.5% were born in Mato Grosso state; 91.7% lives in Mato Grosso
when deceased; 32.5% of the crimes had not the motivation identified, 19.4% had as motivation
dispute/brawl and 16.5% were involved with drugs; 76.6% had been practised with use of firearms;
according the months studied, 12.6% had occurred in the month of September, 11.7% in January
and 10.2% in June; 21.8% to sundays and 20.4% to Saturdays; 33.0% in the period of 00h00min.
06h00 min. e 31.5% in the period of 18h01min. 23h59 min. ; 6.8% of the homicides in the Morada da
Serra town, 6.8% in the Pedra Noventa town, 3.9% in the Alvorada town; 42.7% had occurred in
public ways and 14.5% in particular residence. The public parks that had more concentrated
homicides had been: the avenue Fernando Corrêa da Costa and avenue Beira Rio, with 3 homicides
each one. Of the comparison of the areas with register of homicides with the respective levels of
income, evidenced that the homicides had been concentrated in the classified areas as low and
medium-low.
LISTA DE QUADROS
LISTAS DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SIGLAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................17
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................................75
3.1 A VIOLÊNCIA, ORIGENS E SIGNIFICADOS ................................................................75
16
CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................180
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................192
APÊNDICE.............................................................................................................................204
17
INTRODUÇÃO
especialmente da violência na forma de homicídios que atinge a pessoa naquilo que é mais
valioso, a vida. Assim, com medo de ser a próxima vítima, e diante da ferrenha exposição
de casos de violência por parte da mídia, a sociedade tem experimentado um viver em
estado de alerta, tornando-se vítimas de um vigilantismo exacerbado.
O resultado disso é observado na cidade, onde os habitantes passaram a
buscar nos condomínios fechados, vigiados dia e noite por homens armados, cães de
guarda, além de inúmeros equipamentos eletrônicos, como sensores, alarmes, câmaras
para filmagens, entre outros, um lugar de segurança pessoa e familiar. As casas tornaram-
se verdadeiras fortalezas, podemos dizer que as grades de ferro tornaram-se instrumento
de decoração das residências.
Em razão disso, a paisagem urbana experimentou uma peculiar mudança.
Sobre esta mudança imposta a paisagem pela violência, Odália (1983, p. 10) comenta que
o desenho arquitetural da cidade buscou adaptar-se às novas condições da vida familiar. O
que antes era valorizado, como o espaço externo, os jardins com suas rosas e margaridas,
hoje dá valor ao espaço interno, a arquitetura voltou-se para dentro passando a buscar
segurança e defesa. Os espaços tornaram-se fechados, o exterior foi abandonado.
Ainda sobre as mudanças impressas na paisagem urbana em razão do
fenômeno violência o autor compara as residências de hoje como verdadeiras prisões, tudo
para proteger e defender a vida e o patrimônio, isto nos bairros mais elegantes. Nos bairros
da periferia e das favelas, para se protegerem e defenderem as populações dão carta
branca aos grupos organizados e quadrilhas vinculas ao mundo das contravenções e do
tráfico de drogas, tornando coniventes, quando cúmplices dos criminosos.
Assim sendo, a violência um fenômeno inerente à pessoa humana, é algo
extremamente nocivo a vida das pessoas, quer seja no aspecto social, econômico-
financeiro e biológico, pois expõe à pessoa humana a mais vil das condições que é a morte
por causas externas, ou seja, não natural, além de onerar o poder público quando do
mover do aparato estatal para o atendimento da ocorrência, quer seja para registrar o
delito, socorrer a vítima, fazer internações hospitalares, diligências policiais entre outros
procedimentos.
E é neste contexto da violência na forma de homicídio como um problema
social que a todos atinge, é que ela promove o medo e gera patologias em razão das
cenas grotescas de cadáveres caídos no meio da rua ou resultante da divulgação da mídia
sensacionalista, que busca na miséria de uns alcançar objetivos escusos ou se auto-
promeverem, pois, são comuns em Cuiabá, apresentadores de programas televisivos
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humana, para alguns é mal repugnável, que fere, amedronta, força a adoção de novos
hábitos e costumes e até migração em busca de um lugar onde possa haver paz e
segurança. Outros têm na violência, o instrumento de defesa e ataque, a violência é um
modo de vida, quando não meio que lhe dá o sustento, que lhe garante vida.
Neste, contexto, vemos o quão é salutar conhecer os atores envolvidos em atos
de violência. Sabendo que nem sempre a vítima é o mais fraco, o menos inteligente o pior
de conduta, como também, nem sempre a vítima é o inocente no conflito que resultou em
violência e morte. Na prática da violência, o forte pode tornar-se vítima do fraco, o que está
armado, do desarmado, o agressor tornar-se vítima e assim por diante. Diversos fatores
contribuem para a consumação da violência, entre eles, o efeito surpresa, o tipo de arma
empregado, e claro à vontade pela consumação da violência.
Diante disso, temos que o estudo da dimensão pessoal, ou seja, o perfil da
vítima é algo extremamente importante no estudo da violência, pois é através desta
dimensão que podemos identificar quem no decorrer do tempo e em determinado espaço
figurou como vítima. A idade, o sexo, o estudo civil, a religião, a cor ou raça, sua origem,
como também o nível de instrução, e local de residência, são categorias que de algum
modo move a pessoa a ser vítima ou agressor? Diante dessa incógnita, busca-se neste
estudo identificar e caracterizar o perfil das vítimas de homicídios registrados em Cuiabá.
Da mesma forma, busca-se identificar e caracterizar o contexto e os
instrumentos de consumação dos homicídios, pois entende que a motivação é fruto de
diversas facetas sustentadas pela sociedade, resultado da formação cultural de cada grupo
social. Sendo assim, é produto da relação interpessoal, portanto subjetivo, dependente dos
valores pessoais, ou seja, é relativo, pois um ato ou agravo pode para uma pessoa ser
digno de punição ou agressão, para outros pode ser motivos de piadas, sorrisos, pedidos
mútuos de desculpas e até um convite para assentar a mesa e tomar uma cerveja. O
contrário também pode suceder, onde pedidos de desculpas pode soar como ofensa e
agressões não só verbais mais também físicas. O divisor de águas nestes casos são os
crimes, resultantes de ações anteriores, como dívidas de drogas, onde o único meio de
solução do conflito é a morte do outro.
Há de considerar que nestes casos, o instrumento utilizado, ou meio
empregado, ou agente da causa morte, é um elemento crucial na solução de conflitos da
mais variadas envergaduras. Especialmente se o instrumento for uma arma de fogo, pois
quem tem uma arma de fogo sob sua posse, se vê investido de poder, e, portanto no direito
de decidir pela vida e pela morte do outro. Por isso, conhecer o instrumento utilizado na
24
aleatória no tempo? Do mesmo modo, as vítimas de homicídios são em geral pessoas com
baixo nível de instrução escolar e de cor ou raça não branca?
As respostas a estes questionamentos em muito contribuirão para os gestores
públicos em geral e de segurança pública em específico quando da adoção de políticas
públicas, sociais e segurança pública, pois, através terão condições de conhecer quais são
as potenciais vítimas de homicídios, as circunstâncias geradoras, os instrumentos utilizados
(agente da causa morte) empregado na prática da violência, o tempo e o espaço onde
ocorrem os homicídios. Além disso, terão condições e meios para saber se a forma de
violência é concentrada ou dispersa no espaço e tempo. E a partir de então, terão
informações necessárias para adoção de políticas públicas e sociais e de segurança
pública, e subsídios para adoção de formas de policiamento adequado a forma de violência
estudada tanto no tempo como no espaço, além de saber quais os grupos de pessoas
mais atingidos pela forma de violência, além disso, terão também subsídios para
desenvolverem diversos estudos e análise do problema.
A possibilidade de adoção de policiamento voltado à realidade da violência na
forma de homicídios contribuirá para o uso racional das viaturas e equipamentos, além de
economizar combustível e poupar os policiais de jornadas desgastantes e infrutíferas, com
serviços que não atende a realidade do espaço habitado, por não conhecerem os sujeitos
do crime, os locais com maior possibilidade de ocorrência, como também o tempo e a
trama vivida pela sociedade do local. Diante disso, entende que o agir policial devem ser
sustentado em informações fiéis sobre os eventos registrados, as potenciais vítimas, o tipo
de armamento utilizado, os principais horários e dias da semana, sujeito a sua a ocorrência,
e assim por diante. Agindo de modo contrário, especialmente, sob pressão externa, é
submeter à instituição e seus servidores a descrédito, além de incorrer em gastos
desnecessários.
Por isso, vê que o uso de tecnologias modernas capazes de armazenar,
manipular dados e produzir informações com uso de softwares específicos, pode ser útil no
estudo e análise das formas de violência registradas no espaço geográfico quer seja ele
urbano ou rural.
Os softwares SIG, é uma ferramenta útil, pois além de propiciar a coleta,
gestão, análise e representação de dados georreferenciados, permite também o controle e
a gestão do território (MUZZARELLI; SECONDINI, DURAZZI, 1993). Este atributo dos
softwares SIGs, é muito útil para a gestão de território, onde as ocorrências de crimes
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1 ENFOQUES TEÓRICO-METODOLÓGICOS
fatos sociais, sendo o alvo da explicação sociológica. E, por sua vez, as relações causais, o
elo dos fenômenos coletivos (fatos sociais) com suas partes constituintes (os indivíduos
que integram a sociedade).
Diante disso, segundo Durkheim (1985), desvendar a natureza das relações
que se estabelecem entre as partes (indivíduos) e o todo (a sociedade), significam revelar
as conexões causais que mantêm a ordem e o funcionamento do organismo social, à
semelhança do que ocorre com os demais organismos biológicos. Para o estudioso, no
estudo dos fatos sociais, o pesquisador deve procurar revelar as causas, orientando-se a
partir dos efeitos por elas produzidos. Deve agir de forma análoga a um médico, que busca
amainar a dor (efeito) de seu paciente, atacando a doença (causa) que lhe dá origem.
Trazendo este argumento para a realidade da pesquisa, seria como atacar, ou
melhor, conhecer quem são as vítimas, seu perfil social, os locais de ocorrência, as
circunstâncias e meios que contribuíram para a ocorrência da forma de violência, e o tempo
em que ocorreu para em seguida definir estratégias de combate e controle das causas da
forma de violência, que pode ser inúmeras.
Considerando os postulados de Durkheim, que estabelece as bases da
objetividade e da cientificidade do conhecimento sobre o social, Fernandes (1980, p. 71)
afirma que a construção analítica de Durkheim assenta em três patamares distintos que
são: a delimitação do objeto através da observação sociológica; a constituição dos tipos
sociais médios (ou as instâncias empíricas), e; a explicação do fato social propriamente
dito. Com respeito à delimitação do objeto, deve-se mencionar ainda a distinção entre os
fatos de natureza normal e os patológicos.
No que refere à definição dos fenômenos sociais em si mesmos destacados
dos indivíduos conscientes que formulam representações a seu respeito como objeto de
análise da sociologia, Durkheim rejeita tanto o normalismo das generalizações filosóficas,
quanto o individualismo e o gradualismo das explicações positivas. As primeiras, pelo fato
de a sociologia não ser um corolário da psicologia e não tratar dos fenômenos relativos à
vida individual e particular de cada ser humano, e segundo porque as sociedades humanas
não existem por justaposição, sendo as de tipo superior mera evolução daquelas mais
simples (DURKHEIM, 1985).
A este respeito, Fernandes (1980, p. 71) explica a ciência realista e racionalista,
como define Durkheim, deve entender a conduta humana e o racionalismo científico, pois,
a partir de uma análise temporal, é possível reduzir os fatos sociais a um conjunto de
relações de causa e efeito. E com esta postura, Durkheim rompe com as formulações de
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Comte, Spencer e Stuart Mill, que não obstante tem declarado que os fatos sociais são
fatos da natureza, não os trataram como coisas, ou seja, enquanto objetos do método
positivo.
Para Durkheim (1985, p. 89-90), o social se explica pelo social, isto é, as
conexões causais fundamentais se desvendam a partir das relações sociais por elas
próprias engendradas, e, muitas vezes, não perceptíveis a ‘olho nu’. Para Durkheim, ao
contrário de Comte, ‘o todo não é idêntico à soma das partes, e constitui algo diferente, e
cujas propriedades divergem daquelas que apresentam as partes de que é composto [...]’.
‘A sociedade não é uma simples soma de indivíduos, e sim um sistema formado pela sua
associação, que representa uma realidade específica com seus caracteres próprios’.
Segundo o mesmo autor, a sociologia deve seguir o caminho da
experimentação indireta ou a análise das variações concomitantes, fazendo uso, portanto,
de um procedimento indutivo, e não dedutivo, como propunham Comte e Bacon. Pela
variação concomitante, ou pelo simples paralelismo de uma variável, pode-se verificar se a
causa é permanente e, neste caso, verificar se há uma lei de explicação.
Quanto à aplicação do método comparativo de maneira científica, Durkheim vai
além e diz que para isso devemos tomar por base as comparações que instituirmos a
seguinte proposição: a um mesmo efeito corresponde sempre uma mesma causa
(DURKHEIM, 1985, p. 112).
E mais, de acordo com Durkheim (1985, p. 109), não temos senão um meio de
demonstrar que um fenômeno é causa de outro, e é comparar os casos em que estão
simultaneamente presentes ou ausentes, procurando ver se as variações que apresentam
nestas diferentes combinações de circunstâncias testemunham que um depende do outro.
Na sociologia, é preciso fornecer ao investigador recursos metodológicos que
sejam capazes de neutralizar ou pelo menos controlar a complexidade dos seus objetos
(fatos sociais), pois a simples demonstração dos objetos revela-se insuficientes para
garantir que os vários efeitos possuem uma única causalidade. A probabilidade de erro é
grande, mesmo ao se determinar que tal efeito corresponde a esta ou aquela causa,
mesmo depois de estudá-los cientificamente (DURKHEIM, 1985).
Durkheim tinha ciência de que por mais competente que pudesse ser o
investigador, ele dificilmente poderia garantir certeza total na análise dos efeitos ou dos
antecedentes históricos (conhecidos ou não) responsáveis por uma determinada causa. A
comparação é aqui destacada em sua proposta teórico-metodológica, ao fazer a seguir
afirmação:
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[...] para que uma variação seja demonstrativa, não é necessário que
todas as variações diferentes que comparamos tenham sido rigorosamente
excluídas. O simples paralelismo de valores pelos quais passam dois fenômenos,
desde que sido estabelecido num número suficiente de casos bastante variados, é
a prova de que existe entre eles uma relação [...]. A concomitância constante é,
pois, ela mesma, uma lei, seja qual for o estado dos fenômenos que restaram fora
da comparação (DURKHEIM, 1985, p. 113; 114).
Ou seja, é pela comparação entre dois fatos sociais, ou seja, entre um fato
crucial e um vulgar (do senso comum) que o sociólogo pode determinar o que é
fundamental, estabelecendo a causa principal a partir da qual derivam efeitos e
consequências diversas e que, portanto, merece ser investigada.
E sobre a comparação entre dois fenômenos, Durkheim (1985), destaca é
preciso recorrer à interpretação para se chegar à causa comum entre ambos. Para se
estabelecer uma relação de causalidade entre eles pode-se proceder da seguinte modo:
1º, “[...] procurar, com auxílio da dedução, saber como um dos dois
termos pode produzir outro”; 2º, “[...] verificar o resultado desta dedução com o
auxílio de experiências, isto é, de novas comparações”, e;3º, “[...] se a dedução for
possível e se a verificação é bem sucedida, poder-se-á encarar a prova como
terminada” (DURKHEIM, 1985, p. 115).
e semelhanças, é um método sociológico por excelência, pois é através dele que podemos
demonstrar o princípio de que cada efeito corresponde a uma causa. Durkheim, também
demonstrou como, em distintas sociedades, o crime, o casamento, o suicídio e a
poupança, são diferentes e sofrem variações, possuindo causalidades comuns, como por
exemplo, a existência ou não da solidariedade (seu grande tema de pesquisa)
(DURKHEIM, 1985).
Ainda sobre o método comparativo, Sheneider; Schimitt (1998, p. 49), destacam
que a comparação enquanto momento da atividade cognitiva pode ser considerado como
inerente ao processo de construção do conhecimento nas ciências sociais. É lançando mão
de um tipo de raciocínio comparativo que podemos descobrir regularidades, perceber
deslocamentos e transformações, construir modelos e tipologias, identificando
continuidades e descontinuidades, semelhanças e diferenças, explicitando as
determinações mais gerais que regem os fenômenos sociais.
Para alguns autores, a impossibilidade de aplicar o método experimental às
ciências sociais, reproduzindo-o em laboratório, os fenômenos estudados, faz com que a
comparação se torne um requisito fundamental em termos de objetividades científica. É ela
que nos permite romper com a singularidade dos eventos, formulando leis capazes de
explicar o social. Neste contexto, a comparação aparece como sendo inerente a qualquer
pesquisa no campo das ciências sociais, esteja ela direcionada para a compreensão de um
evento singular ou voltada para o estudo de uma série de casos previamente escolhidos
(SHENEIDER; SCHIMITT, 1998, p. 49),
aos miasmas, concentrados nas regiões baixas e pantanosas da cidade, e outra à ingestão
de água insalubre. Estudos posteriores confirmaram a hipótese sobre ingestão de água
insalubre, localizando em mapas os pontos de captação de água, especificamente onde
concentravam dejetos de pacientes coléricos. Para Câmara, et al., (2004), essa é uma
situação típica onde a relação espacial entre os dados contribuiu significativamente para o
avanço na compreensão do fenômeno, sendo este um dos primeiros exemplos da análise
espacial.
Contudo, apesar de maioria dos estudos que tem utilizado da análise espacial
estar voltados para a saúde, e em específico a epidemiologia, a de considerar sua
aplicação na análise da violência como fenômeno social, utilizando das técnicas de
mapeamento e análise da distribuição de eventos no espaço.
Pois, como afirma Nobre; Carvalho (1996), os mapas são instrumentos
descritivos, exploratórios e também uma representação gráfica das análises. No Brasil,
entretanto, a utilização de recursos e técnicas de mapeamento, ainda é incipiente.
Mas de acordo com Pereira; Silva (2001, p. 107), é nos anos 90 do século XX
que a ferramenta SIG se desenvolve passando ser aplicada em atividades de gestão e
planejamento urbano, como se percebe pela enorme quantidade de trabalhos apresentado
em simpósios e seminários relatando experiências em nível nacional.
Estando assim de acordo com Santana; Dias (2009, p. 161) a aplicação do SIG
condicionada à possibilidade de aplicação e a necessidade de espacialização do atributo,
objeto de estudo, pois conforme os autores, na ferramenta SIG existem as seguintes
aplicações: “para pesquisa e educação; planejamento urbano e regional; transporte e
logística; gerenciamento da informação em estado real; saúde pública e segurança;
distribuição de mapas e banco de dados; gerenciamento de infraestrutura; aplicações em
negócios”. E destacam que tais aplicações se ampliam com outras desenvolvidas por
agências especiais e pelo governo e que variam de acordo com a escala escolhida, cidade,
município, Estado, País, entre outras.
Um fenômeno geográfico pode ser analisado de forma e precisão diferentes
dependendo do objetivo da aplicação. Cada aplicação requer a manipulação de fenômenos
geográficos distintos, associados a diferentes características e propriedades que variam no
espaço e no tempo. Toda essa variedade de aplicação está associada ao grande e variado
número de usuários que irão demandar SIGs adequados para especificidades ou que
delas possam dar conta, isto segundo (MAGUIRE apud CÂMARA et al., 1996, p. 27; 28).
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Definição do Tema
1ª Etapa
5ª Etapa
9ª Etapa
Análise de Dados e
Representação Gráfica
(Mapas)
e tipos de locais de ocorrências, bem como as motivações do crime por elas mesmas
registrados. Enquanto se fazem blitz de trânsito nas principais vias da cidade, roubos,
furtos, homicídios estão ocorrendo em outras partes da cidade. Enquanto policiam as áreas
centrais, a periferia é dominada pelo tráfico e demais formas de violência. Com isso, as
polícias passam a serem percebidas como algo não necessário a sociedade.
sendo necessário fazer cruzamentos de dados entre variáveis de mesma natureza entre as
respectivas fontes.
Apesar dos Boletins de Ocorrência (B.Os) da Base de Dados do SROP da
SEJUSP-MT possuírem variáveis que caracterizam a vítima, o local de ocorrência, o tempo
de ocorrência, grande parcela dos dados das referidas variáveis constam como não
informados ou não identificados, ou simplesmente não estavam preenchidos ou
preenchidos de forma errada prejudicando o estudo do tipo de crime em questão. É comum
verificar nos boletins de ocorrência, dados que deveriam estar escritos num campo
específico do boletim de ocorrência, estarem em outro ou no histórico do documento.
Enquanto que o campo do referido dado permanece não preenchido. Esta prática também
é como nos (BOs) de ambas as instituições policiais, prejudicando em muito a coleta de
dados nos documentos, quer seja manualmente ou através da ferramenta de busca.
Se a falha é comum nos (BOs) de ambas as instituições policiais, logo, as
Planilhas Mensais de Homicídios produzidas pela DEHPP, sofre do mesmo mal, pois seus
dados são originários também dos (BOs) do SROP. O diferencial, é que as Planilhas
podem ser atualizadas, em razão das investigações empreendidas pelos investigadores da
PJC, pelo menos seria o normal que os dados fossem atualizados de acordo as
investigações dos crimes!
Por sua vez, os Laudos de Necropsia, além de contemplar variáveis que
caracteriza as vítimas (dimensão pessoal), o local de ocorrência (espacial), o tempo de
ocorrência (temporal) e as circunstâncias da ocorrência (contextual), os dados contidos nas
Declarações de Óbito (DO) anexo aos Laudos sempre estavam preenchidas de forma
correta, contudo, grande parte dos laudos não possuíam anexo os DOs, prejudicando a
coleta de dados, e em razão desta falta, considerou em segundo plano, os dados do
preâmbulos dos laudos.
Além desta dificuldade, a forma de armazenamento dos laudos, como também
a condição do ambiente onde estavam armazenados desfavorecem a realização da
pesquisa. A sala onde os laudos estavam arquivados localizava na época ao laudo da sala
de necropsia, por isso era muito forte o odor no ambiente, que somado a falta de ventilação
e climatização adequada, podemos afirmar que a sala de armazenamento era um
ambiente insalubre. Além disso, a falta de estrutura física como mesas e cadeiras era outro
agravante. O trato e o armazenamento dos laudos não levaram em conta a natureza da
morte quando do armazenamento. Laudos de vítimas de homicídios, latrocínios, acidentes
de trânsito, acidentes de trabalho, suicídios, afogamentos e de causa não determinada ou a
47
1) Dimensão Pessoal - sexo, faixa etária, cor ou raça, estada civil, tempo de
escolaridade, profissões ou ocupações, local de origem, local de residência;
2) Dimensão Espacial - local de ocorrência, tipo de local de ocorrência e
logradouros;
3) Dimensão Contextual - motivação do crime e agente da causa morte;
4) Dimensão Temporal - mês do ano, dia da semana e horário da ocorrência.
certo modo identifica a vítima. Os dados dos preâmbulos dos laudos só foram utilizados
quando da inexistência das DOs nos respectivos laudos.
Estas variáveis posteriormente tiveram os respectivos dados cruzados com os
dados das variáveis dos Boletins de Ocorrência Policial armazenado na Base de Dados
Oracle do SROP-SEJUSP-MT, bem como com os dados das variáveis das Planilhas
Mensais de Homicídios da DEHPP da PJC-MT.
Já, as variáveis, tempo de escolaridade, profissões ou ocupações, local de
origem, local de residência foram extraídas apenas dos Laudos de Necropsia do IML,
portanto, seus respectivos dados não foram submetidos a cruzamentos em razão de tais
variáveis não serem contempladas pelas demais fontes O mesmo acorreu com a variável
“motivação do crime, que teve as Planilhas Mensais de Homicídios da DEHPP como
única fonte de pesquisa.
A variável motivação do crime das Planilhas Mensais da DEHPP é produto das
investigações policiais que via de regra iniciam-se a partir do registro da ocorrência no local
do crime, sendo, portanto legalmente formalizada com a instauração do Inquérito Policial
(IP) pela autoridade policial, encerrando-se com o julgamento do processo pelo judiciário,
após trânsito em julgado. Todavia, há de se destacar que os referidos dados são sensíveis
e sujeitos alterações que na maioria das vezes não são repassadas aos demais órgãos e
instituições envolvidas com o fenômeno violência, como as polícias e demais instituições.
Por estas razões, o estudo em questão, considera-se como válidos os dados
fornecidos pela PJC, os quais são resultados de investigações policiais. Doutra maneira,
seria impossível considerar esta variável como parte deste estudo em razão da demora nos
tramite judiciais.
Por sua vez, a variável “agente da causa morte” teve como fonte de coleta de
dados os Laudos de Necropsia do IML, sendo os dados posteriormente comparados e
confrontados com os das Planilhas Mensais de Homicídios da DEHPP.
Quanto às precariedades de dados das fontes consideradas, vale destacar que
é uma características inerente as instituições consideradas ou aos seus servidores
considerar ou desconsiderar o que eles acham ou não importante sobre a caracterização
das vítimas, agressores, locais de ocorrência, circunstâncias, meios empregados e o tempo
de ocorrência. Dentre as instituições selecionadas, as variáveis, cujos dados são mais
confiáveis são as coletadas via Laudos de Necropsia do IML, apesar das falhas, como
ausências de documentos importantes nos laudos como a Declaração de Óbitos, bem
49
como a falta de dados nos próprios DOs, como profissão ou ocupação, idade, cor ou raça,
estado civil, entre outros.
Mesmo após comparação e confronto de dados entre as fontes, verificou-se
que, 11,2% da variável cor ou raça, 18,9% da de tempo de escolaridade e 6,3% das
profissões ou ocupações constavam como não informadas ou ignoradas quando do
preenchimento dos documentos oficiais mencionados.
Contudo, vale destacar que do montante de dados não informados é resultante
da ausência de documentos pessoais da vítima quando da ocorrência da forma de
violência, bem como de familiares ou pessoas conhecidas que no momento pudessem
prestar informações ou fornecer dados que atendesse a necessidade dos documentos a
preencher no local. Em muitos dos casos, esta falta de pessoas dispostas a fornecer e
prestar informações é devido o medo de se envolver em conflitos e por não confiar na
eficácia e interesse das instituições policiais em solucionar o crime.
Esta falta de informações também ocorre quando do preenchimento do
endereço de ocorrência do delito, pois é comum nos BOs faltarem nome de avenida, rua,
travessa, praça, quadra, lote, número de casa, ponto de referência como também de
bairros, vilas, condomínios e até da cidade. Que argumento justifica falhas de tal
envergadura? Contudo, há de considerar que o endereçamento das avenidas, ruas,
quadras, lotes, e casas, como também os nomes dos bairros, vilas e condomínios, é um
problema a ser considerado na cidade e que muito atrapalha a gestão do território,
especialmente no que concerne a localização de eventos no espaço, como por exemplo,
os crimes de homicídios. Mas esquecer ou ignorar a cidade onde ocorreu o delito, só pode
ser descaso para com a sociedade, falta de esmero daqueles que deveriam honrar o
qualificador “servidor público”.
Em razão destas falhas humanas, e no intuito de que este estudo chegasse o
mais próximo possível da realidade imposta pela forma de violência, é que se considerou
para este as instituições IML/POLITEC, DEHPP/PJC e SROP/SEJUSP, cujos documentos
públicos por elas produzidos ou armazenados serviram como fonte de coleta de dados, os
Laudos de Necropsia, as Planilhas Mensais de Homicídios e o Livro de Registro
Simplificado de Ocorrências Policiais e os Boletins de Ocorrências Policiais. Sem estas
instituições/fontes, muitas das variáveis aqui estudada teriam ficado de fora, especialmente
as relacionadas a dimensão pessoal em específico.
Em razão desta peculiaridade, certas variáveis foram selecionadas com base
na metodologia utilizada por Gawryszewski (2002, p. 35), que assim procedeu: “Para
50
aquelas que podem ser encontradas em vários locais, ou seja, várias fontes, a
informação que consta na Declaração de Óbito foi à escolhida [grifo nosso].
Explicando o procedimento adotado pelo autor em questão, destaca-se a título
de exemplo, que no caso de uma variável como “cor ou raça da vítima” que é contemplada
pelas três fontes de dados, apresentar disparidades e dados entre as três fontes, ou seja,
cada fonte apresentar um valor. Neste caso, considerou os dados dos Laudos de
Necropsia do IML e assim por diante.
Como órgão responsável pelos procedimentos de identificação da vítima,
exames de necropsia, liberação do cadáver para sepultamento, o qual via de regra tem
maior acesso aos documentos das vítimas, como também contato com familiares das
vítimas, o IML possui desta forma maior facilidade para uma coleta de dados que melhor
caracterize a vítima. Assim, no caso das variáveis contempladas em todas as fontes
selecionadas, independente de cruzamento de dados, consideraram-se como dados de
maior importância os dados dos Laudos de Necropsia do IML. E na ausência de dados
desta fonte, considerou-se a da DEHPP e assim por diante.
Mas, o problema não se encerra aqui, além das divergências em termos de
valores referentes a determinadas categorias das variáveis, há também os dados
ignorados, pelo não preenchimento das variáveis, como também, as divergências em
relação à classificação de categorias das variáveis. Um exemplo destas divergências é a
variável que trata da escolaridade da vítima. Nas Declarações de Óbitos anexos aos
Laudos de Necropsia, lê-se “tempo de escolaridade”, ou seja, a variável é considerada por
faixas de tempo, como pode ser observado na Tabela 5, enquanto que os BOs das polícias
civil e militar consideram a escolaridade por nível de instrução, classificando-o em: ensino
fundamental, ensino médio, ensino superior e outros.
Diante da gravidade do problema, das lacunas e divergências de dados
existentes entre as fontes selecionadas, o Quadro 1 apresenta a partir destas fontes de
dados, as variáveis selecionadas para o estudo da violência na forma de homicídios.
51
Fontes
Variáveis
IML SROP/SEJUSP DHPP/PJC
Sexo X X X
Faixa Etária X X X
Cor ou Raça X X X
Estado Civil X X X
Tempo de Escolaridade X
Profissões ou Ocupações X
Local de Origem X
Local de Residência X
Local de Ocorrência X X X
Tipo de Local de ocorrência X X X
Endereço da Ocorrência X X X
Motivação do Crime X
Agente da Causa Morte X X
Mês do Ano X X X
Dia da Semana X X X
Horário da Ocorrência X X X
Quadro 1 - Fontes e variáveis selecionadas para o estudo dos homicídios.
Elaborado e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
A Base Cartográfica do Município de Cuiabá ano 2005 foi cedida pela SEJUSP-
MT, bem como o Software Arc Gis utilizado na produção dos mapas de pontos e de zonas
quentes de homicídios.
A escolha do ano de 2007 para estudo dos homicídios registrados no Município
de Cuiabá-MT se deu em razão da maior disponibilidade dos dados. Já que o ano anterior
já estava no arquivo morto, em péssimas condições de armazenamento e de salubridade.
Os anos 2007 em razão de pendências de laudos complementares ainda estavam
acondicionados em uma sala à parte, diga-se de passagem, em melhores condições que
os laudos do ano anterior, isto no caso do IML. Os laudos dos anos subseqüentes
constavam ainda de muitas pendências de exames, o que naquele período prejudicaria um
possível levantamento e coleta de dados. A mesma desorganização era verificada na Base
de Dados da SEJUSP-MT, tanto em relação aos anos anteriores, como os posteriores em
razão da incipiente replicação dos BOs por parte das instituições policiais. Esta situação
agravou a tal ponto que o sistema SROP foi substituído por outro atual via web. Os dados
armazenados se perderam. Na DEHPP, a realidade é semelhante a encontrada no IML, os
BOs ainda são armazenados em pastas arquivos sem um mínimo de controle.
desta, uma igreja de outra denominação que por prática possuam prédios próprios e não
locados, o que favorece uma futura localização, sem maiores entraves. Desta forma,
nenhum dos 206 homicídios registrados no município ficou sem serem localizados
geograficamente no espaço do município de Cuiabá, que seja o espaço urbano ou rural.
Outros entraves enfrentados na questão dos endereços foram as abreviações
de nomes de ruas, os apelidos ou nomes populares, ou logradouros que tiveram o nome
trocado no decorrer das gestões políticas do município, cujas placas antigas de
identificação não foram substituídas, passando a coexistir uma espécie de concorrência
entre o antigo e atual nome. Um exemplo de ocorrência destes fatos é o bairro Novo
Colorado, onde grande parte dos logradouros possui dois nomes que os identificam,
ficando o pesquisador a deriva diante da confusão produzida pela inércia pública no que
refere ao planejamento urbano da cidade.
Além destes entraves, outros 14,7% dos endereços corresponderam ao Pronto
Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC), localizado na Avenida General Vale, 192, no bairro
dos Bandeirantes, nesta capital, como se os locais de ocorrência da forma de violência
estudada fosse a unidade de saúde, negando assim o verdadeiro local de conflito, tudo por
falta de um acompanhamento eficaz dos casos de crimes contra a pessoa. Neste contexto,
o bairro dos Bandeirantes constou como o bairro mais violento da capital, somando um
total de 29 ocorrências de homicídios. Todavia, na realidade, estas vítimas foram agredidas
em outros logradouros, de bairros da capital e socorridas até ao PSMC, onde faleceram,
durante o trajeto, ou após serem atendidas, ou quando da internação, cujo óbito ocorreu
dias ou meses após a ocorrência de agressão. Portanto, como fora mencionado acima, por
falta de um acompanhamento dos crimes contra a pessoa, os endereços de ocorrências do
conflito que produziu a violência e em razão dos ferimentos provocados a vítima foi
socorrida ao PSM ou outra unidade de saúde, cai em esquecimento, sendo substituído pelo
da unidade onde ocorre posteriormente o óbito da vítima.
Falecendo no PSMC, a Polícia Judiciária Civil é solicitada para liberação do
cadáver, e consequentemente outro BO é registrado, sem nenhum vínculo com o anterior,
que normalmente pode ter sido registrado como “tentativa de homicídio”. Assim, passa a
existir dois BOs, um com endereço do local da ocorrência, outro com o do óbito. Ou,
quando a vítima, falece no trajeto do PSMC ou logo após atendimento de emergência,
também passa constar o endereço do PSMC.
A ocorrência de crimes contra a vítima que envolve prestação de socorro é uma
situação atípica vivenciada pelos policiais, pois quando do atendimento da ocorrência,
55
164). Estes por sua vez permite a visualização em plano dos locais de ocorrência, como
das áreas de concentração (clusters) de homicídios, especialmente dentro dos limites da
Macrozona Urbana do município.
Na construção destes mapas, o estimador de densidade Kernel, a partir da
distribuição pontual dos homicídios, estima sua densidade por meio da definição do número
de ocorrências em um raio de interesse que define a vizinhança do ponto a ser interpolada,
o qual foi definido em 1.000 metros. Salientando que um raio muito amplo, resulta em uma
superfície excessivamente suavizada e, quando pequeno, gera uma superfície
demasiadamente fracionada.
Guia 1.333,52
Total 3.538,17
própria para a especulação imobiliária. Por estas razões, em 2007, o Prefeito Wilson
Santos, ao consolidar o Plano Diretor de Desenvolvimento Estratégico da Cidade, através
da Lei Complementar n. 0150/2007, determinou em seu artigo 89 a proibição da ampliação
do perímetro urbano pelo período de 10 anos, salvo em situação de calamidade pública
(CUIABÁ, 2007b, p. 12).
Assim definida, a Macrozona Urbana está parcelada em áreas administrativas, as
quais foram criadas pela Lei n. 3.262, de 11 de janeiro de 1994, que regulamentou o artigo
74 da Lei Orgânica do Município de Cuiabá, criando quatro regionais administrativas assim
dispostas: Regional Norte com uma área de 30,7 km², a Regional Centro-Oeste com 49,23
km², a Regional Centro-Leste com 46,01 km² e a Regional Sul - Leste com 128,63 km².
(CUIABÁ, 2007a, p. 37; CUIABÁ, 2010, p. 21).
E estas, de acordo com a Lei n. 3.723/1997, divididas em bairros. Cuiabá (2007b,
p. 21). De um total de 125 bairros incluído as áreas de expansão urbana e 378 localidades
(loteamentos regulares, loteamentos clandestinos, assentamentos informais, núcleos ou
conjuntos habitacionais, condomínios). Destas subdivisões, a Regional Norte conta 12
bairros e 67 localidades; a Regional Sul com 39 bairros e 102 localidades; a Regional Leste
com 50 bairros e 111 localidades e a Regional Oeste com 24 bairros e 98 localidades
(CUIABÁ, 2010, p. 25; 29; 35; 41).
que perdura até hoje. Desta forma, o autor ressalta que a produção do espaço na cidade
de Cuiabá segue as regras básicas do capitalismo, no qual o espaço socialmente
produzido se põe a serviço da acumulação do capital e que o acesso à terra, na cidade só
acontece mediante a compra da propriedade, ao pagamento de um aluguel, ou através do
processo de ocupação irregular, como única alternativa que resta aos sem-tetos, pois o
modelo econômico vigente só beneficia aos mais favorecidos financeiramente (VILARINHO
NETO, 2008, p. 16; 17).
mecanização, uma das condições para a modernização das culturas de trigo e soja
(BARROZO, 2008, p. 21).
Fatos semelhantes também ocorreram no Estado do Paraná onde cafezais
foram destruídos a mando do governo, sendo os pequenos proprietários obrigados a
deslocarem para as cidades ou para as fronteiras agrícolas, no caso, Mato Grosso e
Rondônia (BARROZO, 2008, p. 21).
Assim, com estas ações, o governo executou o plano de (re) ocupação dos
vazios demográficos do Centro-Oeste e da Amazônia, com o objetivo de garantir a
segurança nacional, de produzir para o mercado interno e externo e deslocar milhares de
famílias de agricultores do Sul, para poder viabilizar a modernização conservadora naquela
região. Além disso, esvaziou os conflitos fundiários ainda latentes desde a criação das
“ligas camponesas” (BARROZO, 2008, p. 22).
A década de 1970 foi o marco divisor, onde a cidade de Cuiabá rompeu as
barreiras do isolamento em relação a contato com outros centros de desenvolvimento,
passando a sofrer os impactos do “novo modelo de desenvolvimento” adotado pelo país no
período. A região foi incorporada aos grandes projetos de desenvolvimento de forma direta,
através da construção de estradas (Projeto de Integração Nacional) e de forma indireta, pela
colonização da Região Noroeste do País (Projeto Pólo noroeste) e pela colonização do norte
do Estado. Aliado a estes eventos, a cidade também teve boom populacional, pois em 30
anos, sua população apresentou um crescimento de aproximadamente 359 % (CASTRO,
1990).
Sobre o crescimento populacional experimentado pela cidade de Cuiabá, (COY,
1994, p. 138) destaca que o crescimento populacional das cidades, pode segundo o autor
ser considerado um dos fenômenos mais importantes do desenvolvimento sócio-
econômico e espacial das regiões periféricas do Centro-Oeste e da Amazônia (COY, 1994,
p. 138).
Para Romancini (2009, p. 54), a criação da Universidade Federal de Mato
Grosso, a implantação dos linhões de energia elétrica a partir da Cachoeira Dourada (em
Goiás), a ampliação e pavimentação da rede viária na década de 1970, facilitou o fluxo
populacional para a cidade, bem como as oportunidades de negócios e emprego nos
diversos setores da economia urbana, contribuindo para o aumento populacional de Cuiabá.
Por estas razões, a população urbana que era de 88.254 habitantes em 1970,
atingiu 198.086 em 1980, 395.662 em 1991 e 526.830 habitantes em 2007, isto de acordo
com (IBGE, 2008).
67
religiosos, dos sem-tetos, folclóricos, estudantis, culturais, salarial etc., portanto, o espaço
urbano constitui-se em um campo de lutas constantes (VILARINHO NETO, 2008, p. 18).
Hoje, de acordo com Vilarinho Neto (2008; 2009), a cidade de Cuiabá constitui-se
no maior centro comercial e de prestação de serviços do estado, atendendo tanto o interior,
como os Estados de Rondônia, Acre e Pará. O seu crescimento populacional, nas últimas
três décadas de final de século, constituiu com um dos elementos responsáveis pelo
processo que a transformou em uma metrópole regional. Uma das causas que justifica o
crescimento populacional é a ilusão do emprego garantido, que forçou a migração em ritmo
intensivo para Cuiabá, centro polarizador da economia estadual.
E diante da incapacidade da cidade de absorver toda a mão-de-obra resultante
do fluxo de migratório, iniciou-se na cidade o processo de aumento acelerado do
desemprego. Hoje a cidade vive um sério problema de subemprego, com uma parcela
significativa dos habitantes inseridas no mercado de trabalho da economia informal, como
também grande parte vive sem nenhum tipo de trabalho, vivendo na absoluta miséria. Para o
autor, talvez este seja o elemento principal que levou a cidade ser classificada como a quarta
no ranking da violência do País (VILARINHO NETO, p. 39).
A respeito da eclosão do fenômeno violência na cidade nos últimos tempos,
(VILMAR FARIA apud COSTA, 2004, p. 21) acrescenta que o processo de desenvolvimento
recente no Brasil acarretou maior concentração da população urbana, insuficiência crescente
de criação de empregos industriais e concentração de pobreza urbana nas áreas
metropolitanas do País. Sobre este problema o autor destaca as seguintes causas: o
escasso dinamismo do setor industrial em gerar empregos; a outra seria a acentuação do
grau de concentração da população urbana elevando o grau de primazia existente no urbano
[...].
Esta situação demonstra de acordo com Vilarinho Neto (2008; 2009), a falta de
uma política séria de planejamento urbano em Cuiabá, capaz de atender a população
marginalizada, contribuindo com isso para o surgimento de espaço social favorável à
proliferação da violência urbana, problema que vem acontecendo em Cuiabá
cotidianamente, como roubos, assaltos, seqüestros e homicídios, objeto deste estudo, que
pela forma e intensidade como é manifestado no seio da sociedade e tem deixado em
permanente estado de alerta, vítimas do medo.
69
viventes nelas presos estarão livres da violência externa, mas reféns da violência interna,
produzida por eles próprios.
Contudo, deixando a questão da defesa da honra e da propriedade de lado e
considerando a violência em si, como ato que fere, oprime e mata, ou seja, tira o maior bem
que a pessoa humana possui a “vida”, seremos sensatos ao considerar que a violência
sempre fez parte da história de Cuiabá, veremos que a prática da violência sempre esteve
presente no meio social, sempre foi algo comum tanto por aqueles que detinham o poder
de mando quanto por aqueles que viviam na marginalidade. Deixando claro que o termo
“marginalidade” aqui utilizado, não se reduz a sinônimo ou condição de criminoso, marginal
ou fora da lei, mas por não pertencerem à casta dos “senhores de bens”, “homens bons” ou
“amigos do rei” que de acordo com seus interesses usavam do poder público para, a seu
modo, garantir-se no tempo e no espaço.
Assim, muitas vezes, em razão desta vil condição, homens querem fossem em
busca de riquezas, ou por estarem como fugitivos, ou a mando de terceiros, ou como
escravos e degredados embrenhavam sertão adentro aprisionando índios que deixasse ser
aprisionados e matando aqueles que recusassem tal imposição.
Neste contexto, a violência não era algo esporádico, era uma prática constante,
se não um hábito que fazia parte do cotidiano das pessoas. A violência ditava o sucesso da
empreitada dos bravios homens de outrora.
Para melhor entendermos o significado da palavra violência e a dimensão que
ela nos oferece, Ferreira (1995, p. 674) através Novo Dicionário Aurélio diz: violência é
“qualidade de violento, ato de violentar. Em se tratando de termos jurídicos diz que “violência”
é: “constrangimento físico ou moral; uso da força; coação”.
Assim, diante de tais significados ora expostos pelo autor e considerando a
questão dos atos de violência praticados na então hoje capital Cuiabá desde a chegada dos
bandeirantes, somos obrigados a considerar que esta cidade foi fundada sob os auspícios
da violência e que tal prática não ficou circunscrita a costumes e hábitos de um grupo de
pessoas, de um povo de uma época, mas acompanhou o desenvolver da sociedade no
decorrer dos tempos, não importando o contexto político, econômico vivido pela cidade, hoje
Capital de Estado que em razão da influência que exerce sobre a região é considerada
como “metrópole regional” assim como podemos verificar no artigo do Professor Vilarinho
Neto, intitulado “Cuiabá, uma metrópole regional”, lançado em 2008.
Portanto, é necessário considerar que a violência, especialmente a registrada em
Cuiabá, não se resume a questão de violentar, nem tampouco de constranger alguém
71
mediante o uso da força e coação. Se analisarmos os fatos registrados, veremos que via de
regra a cidade sempre foi palco das mais variadas formas de violência, quer seja ela
praticada contra o silvícola, ou o chamado natural, bem como contra o negro ou o branco, o
pobre ou o rico, enfim contra tudo e todos. Embora, faz necessário considerar que a forma
como foi e é manifestada, como também sua intensidade e dispersão no espaço variam de
acordo com a condição social, econômica e racial das vítimas. Ser pobre e morar na periferia
da cidade são uma condição preponderante para que a pessoa seja inserida no contexto da
violência, especialmente a violência na forma de homicídios. Contudo, considerando as
palavras de Nilo Odália em sua obra “O que é violência”, vemos que o autor afirma que a
violência é democrática em sua disseminação no meio da sociedade.
Assim, considerando a afirmação do autor e a realidade verificada na cidade de
Cuiabá-MT, faz necessário considerar que a diferença coexiste apenas no número de
vítimas e no local de ocorrência, pois a incidência da forma de violência contra pessoas com
melhores condições sociais e em áreas (bairros), cujo nível de renda é classificado como
médio-alta ou alta foi bem menor que nos demais.
E, considerando a violência em Cuiabá, é possível considerar com base nos
argumentos de Romancini (2005, p. 16; 17) que trata das transformações experimentadas
por Cuiabá na década de 70, que o evento é fruto destas mesmas transformações
vivenciadas no período. Para a autora, foi na década de 70 que Cuiabá experimentou o
asfaltamento das vias públicas, a verticalização da cidade, a criação de novas áreas
residenciais e comerciais, as quais trouxeram como consequências o surgimento dos bairros
periféricos, o aumento da especulação imobiliária, a falta de saneamento básico, a
degradação ambiental, problemas referentes ao trânsito, o desemprego e a violência.
Para Costa (2004, p. 19), o fenômeno violência é resultado das transformações
ocorridas na sociedade, tanto a nível global, como regional e que para compreendê-la, é
necessário percebê-la como uma das novas questões sociais que tem se manifestado
através das várias relações de poder nas sociedades contemporâneas, as quais estão
carregadas de conflitos sociais que cada vez mais comprometem as formas de integração
entre os indivíduos e grupos sociais na sociedade.
E não diferente das realidades enfrentadas por outras cidades, e Estados, de
acordo com Costa (2004, p. 20), no Estado de Mato Grosso, a violência e a criminalidade
tornaram-se uma das grandes preocupações dos governantes e da sociedade, envolvendo
as redes de sociabilidade e de poder.
72
Mato Grosso entrou na rota do crime organizado, por fazer fronteira com o
país vizinho, Bolívia, para onde vão os automóveis, as carretas e as cargas roubadas
e de onde voltam as drogas (cocaína e maconha) e as armas de fogo, cuja primeira
escala é feita em Cuiabá. Isto, segundo as autoridades ligadas à segurança e ao
judiciário, vem agravando ainda mais o quadro da criminalidade violenta em Mato
Grosso, principalmente na Capital. Alguns grupos formados em outros estados
acabam montando “base de operações” em Cuiabá e Cáceres, além de outros
municípios fronteiriços. [...].
Por fim, de acordo com Waiselfisz (2008, p. 28; 35; 61), dos 556 municípios
brasileiros com maiores taxas de homicídios na população total, em 2006, Cuiabá ocupou o
198º na classificação geral, estando entre os 10% municípios mais violentos do País. Ainda
segundo o autor, a cidade também está entre os 200 municípios com maior número de
homicídios contra população jovem no ano 2006, ocupando o 29º lugar no ranking da
violência fatal.
Diante do exposto, tem-se que a forma de violência homicídios é um problema
latente na cidade de Cuiabá que além de ceifar vidas que é o bem mais precioso da pessoa
humana, também atinge de forma contundente o futuro da sociedade e das famílias, quando
tiram do contexto social pessoas em plenas condições de atender as necessidades do
mercado quer seja, como mão-de-obra ou consumidor, além da forma de violência quebrar o
estado de normalidade vivido na sociedade, exigindo do Estado como poder constituído a
redefinição de prioridades face aos momentos vividos pela sociedade, quer seja em razão da
intensidade dos eventos e dos problemas causados, passando a exigir do Estado, adoção
de políticas públicas, sociais e no caso do problema violência, a adoção de políticas de
segurança pública. Além disso, a violência é um evento social oneroso e de difícil controle,
pois como é de conhecimento envolve uma gama de fatores que por sua natureza extrapola
as fronteiras de responsabilidades das instituições de segurança pública, de Estado como
um todo, envolvendo também a sociedade que por lei tem responsabilidade a cumprir, como
o Estado tem as suas obrigações.
75
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
a violência urbana tem ampliado o medo social [...]. O medo social vem
alterando profundamente o território e o tecido urbano e, consequentemente, a vida
cotidiana da população. Todos sentem afetados, ameaçados e correndo perigo.
Ameaças reais vindas de sujeitos reais são contrapostas a ameaças potenciais
típicas do imaginário singular coletivo, produzido pelos índices perversos do
crescimento da violência nas cidades. [...]. Os sentimentos generalizados são de
insegurança, ameaça raiva, ódio, medo e desesperança (BAIERL, 2004, p. 20).
É fato que a violência praticada pelos indivíduos e grupos de indivíduos tem que
se relacionar com a violência praticada pelo Estado. Vejo que seria impossível dissociar
uma da outra, até porque, a violência reproduzida pelo Estado estaria até certo ponto
representando a vontade da coletividade, mesmo que esta coletividade se resuma a um
restrito grupo de pessoas que detém o poder de decisão. Para estes, a prática da violência
e tida como sinônimo de ordem. É um meio para impor o equilíbrio, mesmo que para isso,
pequenas práticas violentas sejam cessadas com força extrema.
Por estas razões e diante das controvérsias que cercam o fenômeno violência
Denisov (1986, p. 38) afirma: ‘existem multidões de fatores os mais diversos que incidem
simultaneamente sobre a conduta humana e todos os motivos do comportamento e da
ação violenta passam pela mente’.
Sobre as causas que levam as pessoas a cometerem crimes, (RIBEIRO, 2004,
p. 56) aponta que na natureza do homem encontramos três causas principais de discórdia.
Primeiro, a competição; segundo, a desconfiança; e terceiro, a glória. E sobre estas três
causas destaca:
77
satisfação. Comentários do tipo: ‘Ele bem que merecia’. Estas são tônicas de
conversas cotidianas sobre as diversas facetas da violência.
Sobre a manifestação expressa de satisfação por ver um criminoso ser morto
ou simplesmente agredido física e moralmente, é um fato comum na sociedade
contemporânea. Pessoas, é claro, com as devidas exceções, sentem prazer, ficam
eufóricas ao ver cenas de violência ou perigo. É comum pessoas presenciarem alguma
forma de violência e si colocarem no lugar dos personagens envolvidos no conflito e
manifestarem opiniões sobre o ocorrido e até dar detalhes de como agiria se fosse ele um
dos personagem envolvidos no conflito, expondo formas e meios de terminar o litígio de
forma rápida e precisa. Também é comum fazerem pré-julgamentos, condenando ou
absolvendo e até penalizando as partes com agressões morais, físicas e até com
linchamentos de um ou de todos os envolvidos. Também nestas situações, é comum
pessoas fotografarem as cenas produzidas pelos atos de violência, especialmente se tais
atos redundarem em mortes. Chegam a atrapalharem o trabalho policial, pelo tumulto que
provocam para ver as vítimas em estado cadavérico, chegando a descaracterizar o local de
crime, pisando, removendo e subtraindo vestígios e produtos da cena do crime, mesmo
sob vigilância e repressão tácita de policiais.
Em meio a estes acontecimentos prevalecem o desrespeito pela pessoa
humana, o descaso, a frieza, o desrespeito pela polícia, além de revelar é claro, o estado
de anomia vivido pela sociedade que vê na prática da violência um ato de fazer justiça,
satisfazendo suas vontades e desejos. É com a violência, que o ser humano se sente
poderoso e com direito de decidir pelo outro, mesmo que convenções sociais apontem para
direção oposta. Matar alguém, apesar da tipificação criminal, pode ser ainda algo visto
como moral e justificável, isto dependendo das razões e motivações, como também dos
personagens envolvidos, especialmente em uma sociedade capitalista como a nossa onde
os valores morais têm preço, pedigree e classe social.
Ainda exemplificando tal situação, entendemos que matar em defesa da honra
deixa de ser um ato de violência para se converter em ato normal, moral e de preservação
de valores, como demonstra o Livro de Deuteronômio no capítulo 22. 20; 21, que dize o
seguinte:
autoriza seus servidores a executar a justiça, mesmo que pra isso use da violência.
Sempre, quer seja do lado oficial ou não foi é ainda é comum práticas de semelhante
natureza. Não é por mera coincidência que nosso Código Penal em seu artigo 23 trata das
excludentes de ilicitudes, ou seja, dá a violência, legalidade, quando obedecido certas
normas.
É diante destes atos de pura violência que produz as mais variadas atrocidades
contra a pessoa humana que vemos pessoas aceitarem tais atos como algo normal é até
necessário. A este respeito, (BAIERL, 2004, p. 62) afirma:
Considerando o que está escrito no Código Penal Brasileiro (CPB), vemos que
existe segundo a legislação vigente no País, ocorrência de crimes de homicídios com a
vontade do agente em produzir a morte do semelhante e aquele que não há a vontade,
além daquele classificado como qualificado, no qual o agente diminui a capacidade de
reação da vítima ou usa de motivos torpe, fútil e de crueldade para consumar a forma de
violência. Enfim, o que notamos nesta classificação, acima de tudo, é uma velada
88
Ainda sobre a violência na década de 1980, Maricato (1996, p. 77) afirma que o
crescimento dos homicídios e latrocínios, roubos, seqüestros e assaltos foram tão
alarmantes que se pôs como evidência, passando a fazer parte da experiência pessoal
cotidiana, “[...] não apenas como assunto dos que têm muito a perder, mas também e,
sobretudo dos que têm apenas a própria vida”.
Para Minayo (1994, p. 9) foi no final dos anos 80 que iniciaram os estudos mais
integrados, articulando reflexões da Filosofia, das Ciências Humanas e da Epidemiologia. E
que nas Américas como um todo e no Brasil, a focalização sobre a área da violência se deu
em razão do impacto que ela representou na vida da população, bem como por extensão
no setor da saúde.
Ainda sobre o despertar para a violência no Brasil, Ramos; Paiva (2009, p. 39)
argumenta:
Espírito Santo, com 49,6%. O Estado de São Paulo apresentou o maior número absoluto
de mortes por homicídios, ou seja, 12.536 casos, mas a taxa de homicídios por 100 mil
habitantes foi de 36,1 (POMPEU apud LIMA, 2002, p. 25).
Destes homicídios registrados em 1997, o autor também apontou que 60% dos
casos ocorreram nas regiões metropolitanas dos Estados onde estavam concentradas
31% da população do País. Desse percentual, 40% ocorreram nas regiões metropolitanas
de São Paulo e Rio de Janeiro. E destes 20% ocorreram especificamente nos municípios
de São Paulo e Rio de Janeiro. Valendo salientar, que no período, a população de tais
cidades correspondia a 9,68% da população brasileira apenas (POMPEU apud LIMA,
2002, p. 26).
Ainda, (POMPEU apud LIMA, 2002, p. 26), identificou no período considerado,
que dentre as capitais brasileiras, especificamente no ano de 1997, as capitais de Vitória e
Recife foram identificadas como sendo as mais violentas, apresentando taxas de 100
mortes por 100 mil habitantes, enquanto que as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro
apresentaram taxas de 65 e 56 respectivamente.
Sobre as cidades de Vitória e Recife, o autor acrescenta que o destaque de
ambas não está sustentado apenas na taxa por 100 mil habitantes, mas também na
evolução da taxa, uma vez que em 1980 detinham uma taxa de 16 e 34 homicídios por 100
mil habitantes, respectivamente. Além disso, alerta, a probabilidade de morrer assassinado
é maior nestas duas cidades (POMPEU apud LIMA, 2002, p. 26).
Para (POMPEU apud LIMA, 2002, p. 25) dos homicídios ocorridos no Brasil
“entre 1979 e 1997, a proporção sobre o total de mortes da população brasileira passou de
1,57% do total de mortes do país para 4,4%, ou seja, para cada 100 pessoas que morrem
no Brasil, quase cinco são assassinadas”.
E, (CHESNAIS apud LIMA, 2002, p. 26) complementa: “estes dados justificam
dizer que a violência criminal no Brasil tem características de epidemia, cuja disseminação
já atinge boa parte do país, mas não de forma homogênea”.
Sobre estes fatos, alerta, que a situação complica quando consideramos o
estudo de (POMPEU apud LIMA, 2002, p. 26) que apresentam dados a respeito dos
homicídios registrados na zona rural e urbana, pois para o autor, “quando consideradas as
áreas rurais e urbanas do país, 90% dos homicídios foram cometidos nas regiões urbanas”.
Quanto a participação da forma de violência homicídios no contexto das mortes
por causas externas no Brasil, (MELLO JORGE et al. apud LIMA, 2002, p. 14), argumenta
que o homicídio foi à causa que mais contribuiu para o crescimento da mortalidade por
92
causas externas. E que no período de 1980 a 1996, as mortes por homicídio cresceram
120%, e, a partir do final de década de 1980, ultrapassaram o número de óbitos por
acidentes de trânsito
Também sobre os números de homicídios registrados no Brasil, Ramos; Paiva (
2009, p. 30), diz que aproximadamente cinquenta mil pessoas são assassinadas a cada
ano no País. E, com base em dados do sistema de saúde, referente ao período de 1980 e
2005, aponta que 845 mil brasileiros foram assassinados. Em relação a este período, a
taxa de homicídios aumentou 77% em uma década, passando de 15,2 homicídios por 100
mil habitantes em 1984 para 26,9 homicídios em 2004 e se situando acima de 25, por 100
mil habitantes nos anos seguintes, índice que nos situa entre os países mais violentos do
mundo. Países da Europa Ocidental têm taxas de dois ou três homicídios por 100 mil
habitantes.
Os mesmos autores vão mais além ao apontar que os homicídios no País
apresentam alta concentração em certos segmentos, configurando um padrão que pode
ser chamado de IGCC: idade, gênero, cor e classe. E destaca que a taxa de homicídios
contra jovens negros do sexo masculino, aos 23 anos no Rio de Janeiro, é de 380 por 100
mil habitantes. Em Pernambuco, essa taxa ultrapassa os 400 por 100 mil! (RAMOS;
PAIVA, 2009, p. 30).
Sobre esta concentração da forma de violência em determinado grupo de
pessoas no País, Ramos; Paiva (2009, p. 31) assevera:
De fato é uma realidade preocupante que atinge o País, onde os jovens, futuros
adultos e força economicamente ativa estão sendo ceifados prematuramente.
Especialmente os pobres, negros. Além disso, mostra que algo está errado neste meio,
pois o autor fala em genocídio, autofagia, fratricídio, ou seja, um grupo de pessoa em
específico estão se auto exterminando. Logo o problema está neles próprios, podendo as
mortes registradas ser resultante de disputas por espaços para prática de outros crimes
como tráfico de drogas.
Agora, quanto os homicídios praticados com uso de armas de fogo,
(FERNANDES et al. apud PERES, 2004, p. 27) aponta que a taxa de mortalidade por
armas de fogo no Brasil (incluindo homicídios, acidentes, mortes por intervenção legal e
93
com intenção indeterminada) cresceu 211,6% no período de 1979 a 1999, passando de 6,0
por 100 mil habitantes para 18,7 por 100 mil habitantes, o que equivaleu a 27% dos óbitos
por causas externas na população total e por 42% na população masculina de 15-19 anos.
A razão masculina: feminina de mortes por armas de fogo no Brasil foi de 13,4% em 1999.
Ainda sobre homicídios praticados com uso de armas de fogo (MELLO JORGE;
SOARES; YAZABI; ORTIZ FLORES; ZALUAR; ASSIS; SAAD apud ADORNO, 2002, p.
92) destacam:
A arma de fogo é um instrumento que denota força aquele que detém a sua
posse, seja ele oriundo das classes populares ou não. Contudo, na periferia, até então por
causa da ausência do poder público, especialmente da polícia, a lida com a arma de fogo
não é fruto de momentos, mas uma constante quer o agente esteja na escola, na igreja, no
bar ou simplesmente na rua. A arma é o passaporte que dá acesso, que afugenta inimigos,
concorrentes e também ferramenta de solução de conflitos que poderia ser sanado através
de uma simples conversa. Sem a arma muitas das mortes seriam evitadas, mas de posse
de arma, especialmente a arma de fogo, desaforos, injúrias e ameaças não são ignoradas,
são extirpadas com a morte do oponente.
Além disso, a arma de fogo possui uma característica especial, evita o confronto
corpo a corpo, o embate entre vítima e agressor ou vice-versa. Em tese, a arma de fogo é
um instrumento que produz a vontade do agente de forma limpa e eficaz, diminuindo a
possibilidade de ferimentos de ambas as partes, além de desencorajar a ação de defesa da
vítima, por parte de amigos e familiares, garantindo ao agente praticante a integridade
física, maior possibilidade de êxito na prática da violência e a possibilidade de fuga.
Para (SOUZA apud PERES, 2004, p. 27) isto com base em dados do Sistema
de Informação de Mortalidade, as armas de fogo foram as mais utilizadas nos homicídios
registrados no Brasil nos anos de 1980. Nas capitais a proporção de homicídios foi superior
a 50%, sendo que as porcentagens mais elevadas foram encontradas no Rio de Janeiro
(83,4% em 1980 e 73,8% em 1989), em Recife (70,2% em 1980 e 79,2% em 1989), em
Belo Horizonte (63,4% em 1980) e em Porto Alegre (63,7% em 1989).
Ainda sobre o uso de armas de fogo na prática de homicídios no Brasil, o autor
afirma se considerarmos todos os óbitos por causas externas ocorridos em nove capitais
94
(Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e
Porto Alegre), 14,5% foram decorrentes de lesão por PAF em 1980 e 26% em 1989.
Na década de 90, em todos os estados da região Centro-Oeste, a mortalidade
proporcional por causas externas superou a encontrada para o Brasil, especialmente no
Mato Grosso com 20,7% e Distrito Federal com 19,9%. Mas considerando as mortes por
armas de fogo, nos estados da referida região, o Distrito Federal ocupa o terceiro lugar com
28,2% e Mato Grosso apresenta a mais baixa percentagem, 19,3%. Contudo, se
considerarmos as 19.013 mortes por armas de fogo, 34,6% ocorreram em Goiás, 23,6% no
Distrito Federal, 23,2% em Mato Grosso do Sul e 18,7% em Mato Grosso. Os homicídios
estão em primeiro lugar como causa externa de morte em Mato Grosso do Sul e em Mato
Grosso, e em segundo lugar Goiás e o Distrito Federal PERES, 2004, p. 63).
Agora, sobre os 265.975 homicídios registrados no Brasil na década de 1990,
92,3%, ou seja, 245.455 foram contra pessoas do sexo masculino e 20.187 (7,6%) contra
pessoas do sexo feminino, o que significa que os homicídios sobre pessoas do sexo
masculino são 12 vezes superior aos homicídios sobre pessoas do sexo feminino. Para o
autor, o excesso de mortes por armas de fogo contra a população masculina varia de 8,6
na região e 13,3 nas regiões Nordeste e Sudeste (PERES, 2004, p. 69).
Quanto à incidência de mortes por homicídios sobre sexo das vítimas (PERES,
2004, p. 69) aponta que as diferenças são fortemente evidentes quando considerado os
dados de mortes por causas específicas. Para este caso, o autor expõe que enquanto os
homicídios são a primeira causa externa de morte na população masculina em todo o País
e em quatro regiões, com exceção da região Sul onde ocupava o segundo lugar. A
população feminina ocupa o terceiro lugar em todo o País e nas regiões Norte, Nordeste,
Sudeste e Centro-Oeste, e quarto na região Sul.
Agora sobre a arma utilizada na prática de homicídios no Brasil na década de
1990, o autor evidencia a existência de padrões diferentes em relação às armas utilizadas,
contra as populações masculinas e femininas. Para o autor, a população masculina, é em
sua grande maioria vitimada com uso de arma de fogo, cuja proporção variou de 67,3% na
região Nordeste, 53,1% na região Norte, enquanto que na população feminina a maioria
dos homicídios foi cometida com outras armas, com exceção da região Nordeste onde
51,8% das vítimas do sexo feminino foram vitimadas com armas de fogo (PERES, 2004, p.
69).
Agora, quanto à concentração espacial dos homicídios cometidos no País, isto
de acordo com dados da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a
95
Ciência e a Cultura (OEI), com apoio do Ministério da Saúde (MS), (RICHARD; MILANI,
2007, p. 1), comenta que dos 48.345 homicídios registrados entre os anos de 1994 e 2004,
34.712 concentraram-se em apenas 10% dos municípios brasileiros, ou seja, em 556
municípios.
Ainda segundo os autores esta concentração mostra que a violência tem
crescido em direção ao interior do País e não só nas grandes capitais e regiões
metropolitanas. E neste cenário, a região Centro-Oeste apresentou-se como uma das
regiões onde as mortes violentas têm ocorrido com maior intensidade, principalmente
considerando o Estado de Mato Grosso, o qual de acordo com o estudo, foi representado
por cidades ranqueadas entre as dez cidades mais violentas do País. Dentre elas, Mato
Grosso contou com Colniza (1º lugar) que em 2004, registrou 165,3 homicídios por 100
mil/habitantes, enquanto a média nacional foi de 27,2 mortes; Juruena (2º); São José do
Xingu (5º); Aripuanã (8º). As outras cidades pertenciam a outros estados (RICHARD;
MILANI, 2007, p. 1).
Com base no autor, podemos considerar que as formas de violência registradas
no País, especialmente a forma homicídios, é um fenômeno que tem concentrado em
determinados espaços, cujas características são favoráveis a sua proliferação e evolução
no tempo e no espaço. E, há de considerar, que essa fuga ou migração em direção ao
interior do País é, senão um alastramento das redes criminosas, que estabelecidas nos
grandes centros, agora buscam estabelecer-se no interior, criando de certa forma
entrepostos da criminalidade, cuja única finalidade é facilitar o fluxo pessoas, informações e
produtos úteis a prática da atividade criminosa, como por exemplo, armas de fogos, drogas,
veículos roubados para países vizinhos, como Bolívia, Paraguai e outros.
A ocorrência da forma de violência, é claro com suas devidas exceções,
especialmente no caso de Cuiabá, seria resultante de momentâneos desagregamento
desta rede, ou pela disputa entre elas por espaço e, é claro por clientela, digo mercado
consumidor.
E neste contexto, o conhecimento do espaço, é algo de extrema importância,
como também de seus habitantes. Mas, é através do conhecimento do espaço que as
instituições de segurança pública terão condições de saber “como”, “quando”, “onde” e
“porque” da ocorrência da forma de violência.
É certa que a violência é algo inerente a pessoa humana, mas sua
concentração em determinado espaço, tempo e grupos de pessoas, cujas características
predominantes das vítimas têm desenhado um grupo de pessoas, que em razão das
96
características físicas, raciais, condições sociais em que estão inseridas, figuram como
potenciais grupos de risco e sujeitas a serem vitimadas pela violência na forma de
homicídios em lugares, tempo e por motivações específicas, como têm sido observados
ultimamente.
Neste contexto, a Geografia, como ciência que estuda as relações humanas
nas suas variadas formas, como também a distribuição espacial de fenômenos, ou seja, a
disposição de eventos no terreno é de bom alvitre considerar a ciência geográfica no
estudo de fenômenos sociais como a violência e a partir dela identificar as causas e os
espaços de concentração dos fenômenos produzidos no meio social, para munidos de
dados válidos e fidedignos, adotarem estratégias de combate e controle.
estudá-lo de forma integrada, conjunta, pois só assim, será possível entender o “por que”
da ocorrência de eventos, como o homicídios, entre outros eventos.
Neste contexto, Santos, (1997, p. 71), declara: “O espaço é resultado da ação
dos homens sobre o próprio espaço intermediados pelos objetos naturais e artificiais”
Assim, o espaço em Geografia, não pode ser definido apenas com o sentido de
localização de fenômenos ou atividades humanas. Para Carlos (1990, p. 15), o espaço é
produto histórico e social das relações estabelecidas entre a sociedade e o meio. E que tais
relações existe por meio do trabalho, no qual o homem figura como sujeito do processo ao
construir e reproduzir o lugar que habita.
Aqui está a raiz das diferenças entre os diversos espaços e sociedades, pois se
é o homem agindo no espaço no decorrer do tempo que produz e dá as sua identidade no
espaço por ele habitado, logo, existirá no meio social, diferentes espaços com diferentes
identidades, pois são frutos de diferentes processos de construção no decorrer do tempo, e
consequentemente, os eventos sociais que afloram nestas sociedades serão distintos um
do outro, em razão do processo de construção de cada sociedade e seus determinados
espaços.
A este respeito, Minayo (1997), argumenta que a análise histórica do espaço
urbano revela que a violência manifesta-se de diferentes formas, nos diversos meios
sociais, devido às relações políticas e culturais construídas diacronicamente.
Assim, deduz-se que a violência não é exterior ao indivíduo, pois está inserida
no contexto das relações sociais.
Por isso, Zanotelli; Coutinho (2003, p. 215), fala o seguinte a respeito do
fenômeno social violência:
E desta forma, de acordo com Duarte; Matias (2005, p. 191), o homem como
ser ativo no mundo organiza e cria espaços arrumando e desarrumando de acordo com
sua cultura e seus objetivos, quer seja eles particulares ou sociais, de organizar o espaço
vivido.
E inserindo a violência na forma de homicídios no contexto, é notório que ela
tem provocado a criação de novos espaços e desarrumado os existentes, através da
imposição do medo, da mudança de hábitos anteriormente cultivados, através da
transformação das casas em verdadeiros presídios, vigiados por cães, homens armados e
equipamentos de vigilância eletrônica. E neste meio, a compreensão da realidade vivida
pela sociedade, pode se dar com a análise dos eventos registrados no espaço, cujos
caracteres são manifestados na produção do espaço e nas relações sociais vigentes.
localizações, desta forma, o investigador não precisa definir de forma arbitrária onde
“cortar” a “área quente”, isto é, uma densidade a partir da qual se considera que os pontos
formam um aglomerado.
Contudo, de acordo com (CÂMARA; CARVALHO apud BARCELOS; SILVA;
ANDRADE, 2007, p. 44), é importante ressaltar que a interpretação dos resultados obtidos
mediante a análise com o Estimador Kernel é subjetiva e depende do conhecimento prévio
da área de estudo. A técnica apresenta como uma das maiores vantagens, a rápida
visualização de áreas que merecem atenção, além de não ser afetada por divisões político-
administrativas. Sendo, portanto, o estimador Kernel, uma boa alternativa para se avaliar o
comportamento dos padrões de pontos em uma determinada área de estudo, sendo
considerado muito útil para fornecer uma visão geral da distribuição de primeira ordem dos
eventos.
Para a aplicação da estimativa Kernel, isto de acordo com (BARCELOS; SILVA;
ANDRADE, 2007, p. 45), é necessário a definição de dois parâmetros básicos, que são:
Tabela 1 - Distribuição dos Homicídios registrados em Cuiabá-MT, segundo o Sexo das Vítimas.
N. de
Sexo das Vítimas (%)
Homicídios
Masculino 184 89,3%
Feminino 20 9,7%
Não Informado 2 1,0%
TOTAL 206 100,0%
. Fonte: Laudos de Necropsia do Instituto de Medicina Legal (IML), Boletins de Ocorrência do SROP e Planilhas
Mensais da DEHPP, 2007.
Elaborado e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
da vítima por parte dos órgãos de segurança pública que terão que recorrer a exames
antropológicos para identificar as vítimas encontradas na aludida situação.
Contudo, apesar destes obstáculos, percebe-se a notória predominância das
vítimas do sexo masculino nos crimes de homicídios registrados no município. Realidade
esta que não se restringe ao ano pesquisado, pois, se considerarmos o período de 2000 a
2007, como está posto no Quadro 3, podemos verificar em número absoluto e em
percentual os homicídios registrado no período, com destaque para o sexo das vítimas.
Vítimas do
Total de Vítimas do
Ano/Ocorrência Sexo (%) (%)
vítimas Sexo
Masculino
Feminino
2000 317 296 93,3 21 6,6
2001 336 313 93,1 23 6,8
2002 233 215 92,2 18 7,7
2003 235 213 90,6 22 9,4
2004 218 195 89,4 23 10,5
2005 226 213 94,2 13 5,7
2006 221 212 95,9 9. 4,1
2007(1) 206 184 89,3 20 9,70
Quadro 3 - Números de homicídios registrados em Cuiabá-MT nos anos de 2000 a 2006, com ênfase nos
sexos masculino e feminino
Fonte: Adaptado, SIM/DATASUS
Elaborado e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
Duas vítimas não tiveram o sexo identificado até o momento da coleta de dados.
próprio ano de 2004, que teve 10,5% de participação feminina como vítima. Com um
acumulado de 3,9% de aumento neste intervalo isto em relação aos ano 2000, os dois
anos subseqüentes, ou seja, 2005 e 2006 apresentaram uma queda de 4,8% e 6,4%
respectivamente. Mas por sua vez o ano 2007 apresentou em relação aos ano 2006 um
aumento de 5,6%, indicando de forma o início de uma nova escalada para a participação
feminina na condição de vítimas da forma de violência homicídios, isto segundo os dados
contidos no quadro acima.
Corroborando a realidade acima apresentada, (WAISELFISZ apud PERES,
2004, p. 21) afirma, a população jovem do sexo masculino é a mais afetada com taxas de
mortalidade extremamente elevadas entre idades de 15 a 49 anos. E destaca que o risco
de um jovem do sexo masculino morrer por homicídio é 11 vezes maior do que o do sexo
feminino.
Do mesmo modo, a SENASP (2006, p. 16), com base em informações das
Polícias Civis dos Estados no que refere aos crimes de homicídios registrados durante os
anos de 2004 e 2005, revela que as vítimas de homicídios dolosos caracterizam-se por ser
majoritariamente masculinas com idades entre 18 e 24 anos.
Autores como (MELLO JORGE, 1988; MINAYO, 1994; SAAD et al.,1998
SOUZA, 1994; SOUZA; ASSIS, 1989; SZWARCWALD, 1989), também indicam que as
principais vítimas de homicídios são jovens do sexo masculino, de cor parda ou negra, com
baixa escolaridade e pouca qualificação profissional.
Sobre a grande participação da população jovem na condição de vítimas dos
crimes de homicídios, (CECARELLI apud SOUZA, 2005, p. 61) destaca que é na
adolescência que os jovens se abrem para o mundo e em razão disso tornam-se mais
expostos e vulneráveis aos riscos de serem vítimas de eventos violentos.
Ainda sobre a participação dos jovens em violência na forma de homicídios, o
(IBGE, 2009) apresentou no dia 18 de dezembro do corrente ano, a Pesquisa Nacional de
Saúde Escolar (PNSE) 2009, em matéria intitulada “IBGE revela hábitos e costumes e
riscos vividos pelos estudantes das capitais brasileiras”, onde demonstra que quanto ao
envolvimento em brigas com arma branca, 6,1% dos alunos tiveram envolvimento nos
últimos 30 dias, sendo tal prática mais comum em alunos do sexo masculino, 9,0%, a mais
do que os alunos do sexo feminino que foi de 3,4%. Quanto ao envolvimento em brigas
com uso de arma de fogo, o envolvimento do sexo masculino foi maior em relação ao
feminino. A capital Boa Vista e Curituba apresentou o maior percentual, 9,4% e 9,2%,
respectivamente.
116
Para (CECARELLI apud SOUZA, 2005, p. 61), situações deste tipo são
agravadas pelo fato de os adolescentes vivenciarem eventos típicos de sua fase, como
tensões, ansiedades geradas por uma identidade constantemente ameaçada e que
necessita ser reforçada por meio de comportamentos reafirmadores, viris e agressivos,
tornando-os agentes da violência e por outro lado expondo-os a agressões e outras formas
de violência que estes comportamentos propiciam transformando-os em alvo da violência,
tanto como vítimas, como infratores.
Considerando esta realidade, (FERREIRA; CASTIÑEIRA apud MAIA, 1999, p.
121), destacam “esse fenômeno vem provocando uma regressão no padrão de
mortalidade da população paulista. Para estes autores, a importância que estas mortes
vêm assumindo particularmente entre a população masculina de 15 a 34 anos de idade,
pode em um futuro próximo, acarretar uma estagnação e até mesmo reversão nos ganhos
da esperança de vida ao nascer.
Enfim, diante do exposto, verifica-se que a questão do sexo é algo
extremamente relevante, se levado em conta a exposição a eventos de risco, bem como na
promoção de eventos violentos, especialmente no caso da sociedade de nossa época,
cujos valores sociais são sustentados no patriarcalismo, onde as pessoas do sexo
masculino são educadas para ser a cabeça do lar, o chefe de família, o líder, o tomador de
decisões.
Assim, por estarem sujeitos a situações culturalmente implícitas, é normal, ou
melhor, é socialmente aceito que pessoas do sexo masculino demonstrem força, coragem,
virilidade, meça força, a desafie, seja bruto e bravio e submeta-se a situações de desafios e
confrontos. Contudo, estas pessoas não são preparadas para lidar com a perda, derrota e
ofensa e quando isso ocorre, o revide, a vingança é o próximo passo a ser dado pelos
diversos atores envolvidos, quer seja ele residente na periferia ou em condomínios de luxo.
Eliminar o adversário é a melhor saída, é demonstração extrema de coragem e força.
E é neste contexto, que quase que diariamente jovens, do sexo masculino
figuram como personagens das mais diversas formas de violência, e dentre elas,
especificamente a violência na forma de homicídios, como podemos observar neste
estudo.
A Tabela 2, por sua vez apresenta por faixa etária a distribuição dos homicídios
registrados no Município de Cuiabá-MT, durante o ano 2007.
117
Tabela 2 - Distribuição dos Homicídios registrados em Cuiabá-MT, segundo a Faixa Etária das Vítimas.
N. de
Faixa Etária (%)
Homicídios
Até 11 anos 3 1,5%
De 12 à 17 anos 19 9,2%
De 18 à 24 anos 73 35,4%
De 25 à 29 anos 36 17,5%
De 30 à 34 anos 22 10,7%
De 35 à 64 anos 48 23,3%
De 65 à 74 anos 1 0,5%
De 75 anos e mais 0 0,0%
Não Informado 4 1,9%
TOTAL 206 100,0%
Fonte: Laudos de Necropsia do Instituto de Medicina Legal (IML), Boletins de Ocorrência do SROP e Planilhas
Mensais da DEHPP, 2007.
Elaborado e organização por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
violência saiu dos guetos e avançou sobre a família como um todo independente da idade
ou grupo etário que está inserido, ou onde reside. E que como podemos verificar na Tabela
15, estar em casa e frequentar a rua em frente à residência ou simplesmente descuidar da
prole pode significar pertencer ao grupo de risco ou estar em situação de risco. Neste
contexto, é de bom alvitre considerar que a ausência do poder público contribui em muito
para institucionalização de locais de riscos quer seja ele espaço urbano ou rural. Mas a
certeza da não punição pelo ato cometido por parte do criminoso é um elemento a
considerar quando da prática de um crime, ainda mais quando tais atributos se aliam a falta
de valores pessoais. Sem estes, a família, o direito, a vida do outro é um mero detalhe
diante das inúmeras possibilidades e matar alguém é sinônimo de coragem, esperteza,
bravura, mesmo que a vítima seja uma criança, um jovem ou um idoso e que o agente
motivador da ação, seja um olhar reprovador, uma cobrança de atitude, um esbarrão na
rua e até mesmo um simples sorriso.
A tabela 3 apresenta por critério de cor ou raça das vítimas a distribuição dos
homicídios registrados no Município de Cuiabá-MT no ano 2007.
Tabela 3 - Distribuição dos Homicídios registrados em Cuiabá-MT, segundo a Cor ou Raça das Vítimas.
N. de
Cor ou Raça (%)
Homicídios
Branca 36 17,5%
Parda 134 65,0%
Negra 14 6,8%
Não Informado 22 10,6%
TOTAL 206 100,0%
Fonte: Laudos de Necropsia do Instituto de Medicina Legal (IML), Boletins de Ocorrência do SROP e Planilhas
Mensais da DEHPP, 2007.
Elaborado e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
encontrada na maioria das Unidades Federativas do País. Contudo, caber destacar o fato
desta predominância pode não estar alicerçado na historia de marginalização social a que
o grupo social identificado foi submetido no Brasil, mas também pelo fato de figurarem
como a grande maioria da população do País de um modo geral, ou seja, pela
predominância das pessoas de cor ou parda em relação as demais. A este respeito, o
IBGE (2006, p. 248), aponta que a composição racial do Estado de Mato Grosso era em
2006 de 36,7% para brancos, 7,0% para negros, 55,2% para pardos e 1,1% para amarelos
e indígenas. O estudo não particularizou a composição racial das capitais, todavia, há de
considerar que a composição racial da Capital dificilmente apresentaria uma realidade
diversa a identificada no Estado, isto em razão da sua historia de fundação, que via de
regra se deu sob os auspícios da servidão negra e indígena. Desta forma, pode a cidade
refletir a realidade verificada no Estado, logo, a questão da cor ou raça, também pode não
figurar como um indicador de vulnerabilidade a forma de violência estudada, podendo
assim, a ocorrência de homicídios serem motivado por outros fatores, apesar do grupo ter
atrelado a si a pouca alfabetização se comparado com os de cor ou raça branca, e
consequentemente ocuparem funções e profissões, cujos salários são menores, que
aqueles, além de via de regra, habitarem em sua grande maioria na periferia. Enfim, são
excluídos socialmente, portanto, expostos a violência em maior grau que os brancos, que
por perceberem melhores salários, residem em melhores condições, portanto, não ficam
tão expostos quanto os de cor ou raça parda, cuja história de exclusão remonta a época da
escravidão e perpetuada pelo descaso governamental quando da adoção de políticas
públicas e sociais.
Sobre o envolvimento de pessoas de cor negra em crimes de homicídios no
Brasil, (MONKEN apud SANTOS, 2006, p. 168), destaca: “o risco de mortes por homicídios
é de 87% para negros”. Ainda que pese o fato de que na época a população negra era em
menor número que a população branca, isto em nível de Brasil, conforme destaca (IBGE,
2006, p. 245). Em 2006, segundo IBGE, a composição racial do Brasil era de 49,9% de
brancos e 43,2% de pardos, 6,3% de pretos e 0,7% de amarelos e indígenas, com
tendência de crescimento para os pretos e pardos. Considerando a questão da exposição a
violência na forma de homicídios, a pesquisa do IBGE, mostra que a questão não está
ancorada em números de determinados grupos em relação a outros, cujo, número de
habitantes é superior, portanto é menos vulnerável a forma de violência.
A maior exposição dos negros ou pardos aos homicídios também é encontrada
estudos de Barbosa (1998, p. 100; 101), que ao estudar o perfil da mortalidade nos Estado
120
Assim, com base nas informações do autor, temos que a violência na forma de
homicídios, tem recaído especialmente nas regiões metropolitanas sobre pessoas de cor
ou raça não branca, portanto, parda ou negra, até porque a classificação de acordo é
democrática, ficando a critério da pela se autodeclarar. Demonstrando com isso, que há
não um grupo de pessoas, mas uma raça humana vulnerável a violência especialmente na
forma de homicídios no seio da sociedade brasileira, cuja causa e fatores de exposição
está a identificar. Seria a história de servidão e opressão e de descaso por parte do
governo a causa da marginalidade hoje? Digo marginalidade no sentido amplo, não só na
questão social, mas criminal também, pois como descendentes de escravos os negros do
Brasil, sempre estiveram a reboque das políticas sociais de governo. A eles sempre
restaram os serviços mais pesados e mal remunerados. Para as mulheres negras, com
raras exceções, trabalho sempre carregou consigo o sinônimo de babá, doméstica,
lavandeira, entre outros, para os homens, porteiros, caseiros, jardineiros, pedreiros, entre
profissões e ocupações.
Os negros do Brasil, sempre estiveram no final da fila no que refere as suas
vontades e necessidades, sempre discriminados, e tendo o trabalho pesado, com jornadas
extras de trabalho. Estudar sempre foi algo que sempre soou como luxo, tanto pela
indisponibilidade de tempo como pela falta de recursos financeiros que fatalmente os
impulsionava ao trabalho para garantir o sustento diário. A exceção tem sido materializada
no Governo do Presidente Lula que com a adoção de políticas sociais alcançou as pessoas
consideradas como de baixa renda beneficiando, com programas como bolsa família, bolsa
escola, bolsa gás, dando a elas qualidade de vida, além de democratizar o acesso a
121
jovem do sexo masculino com baixa escolaridade ser assassinado é a mesma para negros
e não-negros.
Diante de tais afirmações, é possível entender que o fato de pessoas de cor ou
raça negra figurarem como vítimas ou autores de crimes, não denotam que as pessoas
pertencentes aos referidos grupos pertençam a um elo perdido da sociedade, sujeitos e
prontos a contínua prática de crimes. Tampouco se pode aceitar que pessoas são ou
deixam de ser criminosas, simplesmente pelo fato de pertencer a um determinado grupo
social ou por ser de uma determinada cor, raça ou possuir determinada fisionomia física
como afirmara no passado o lendário criminalista italiano “Lombroso”. Mas que pessoas de
cor ou raça, com as devidas exceções, ocupam esta posição marginal é em razão de sua
história que envolveu servidão, massacres, extermínios, aprisionamentos, segregações,
cujos malefícios, hoje se materializam em analfabetismo, moradias precárias, subempregos
e consequentemente a marginalidade, não porque a raça é predisposta a tal prática, mas
porque as circunstâncias econômicas e sociais oferecidas e negadas os conduzem a tal
situação que queira ou não. Infelizmente para nossa sociedade a cor é um quesito que
simboliza status, sabedoria, beleza, entre outros adjetivos.
A tabela 4 apresenta por estado civil a distribuição dos homicídios registrados
no Município de Cuiabá-MT no ano 2007.
Tabela 4 - Distribuição dos Homicídios registrados em Cuiabá-MT, segundo o Estado Civil das Vítimas.
N. de
Estado Civil (%)
homicídios
judicialmente. Outros 5,8% dos homicídios não tiveram o estado civil das vítimas
identificado ou informado.
Este panorama de crimes de homicídios por estado civil das vítimas é de
acordo com (MONKEN apud SANTOS, 2006, p. 169), também encontrado em nível de
Brasil. E a este respeito o autor comenta: “os homicídios são maiores entre solteiros porque
eles se expõem mais, e que os fatores religião e família estruturada diminuem a exposição
a situações de risco.” Isto crê, para os casados!
Ainda sobre o risco de figurarem como vítimas de homicídios em razão do
estado civil, Cruz; Batitucci (2007, p. 91), destaca: “[...] o risco de vitimização é mais baixo
entre os casados do que entre os solteiros”.
Para o mesmo autor, o entendimento dessa relação é dado pela menor
exposição a situações de risco. Os homens casados, tomados em conjunto, se expõem a
situações de risco com menor freqüência do que os solteiros (CRUZ; BATITUCCI, 2007, p.
91).
Na tentativa de melhor explicar a questão do maior ou menor envolvimento em
situações de risco em razão do estado civil da vítima (SOARES; BORGES apud CRUZ;
BATITUCCI, 2007, p. 91), sustentados em dados referentes a homicídios nos Estados de
São Paulo e do Rio de Janeiro, mostram que o grupo de solteiros apresentou uma taxa de
risco mais elevada em todos os grupos de idade.
Quanto ao risco das mulheres serem assassinadas, Cruz; Batitucci (2007, p.
91), destaca que o casamento aumenta de ser assassinada por alguém de dentro de casa
e diminui o risco de serem vitimas de pessoas de fora de casa. Para os autores em geral as
mulheres são assassinadas pelo marido, namorado ou outro tipo de parceiro.
E ainda destaca que do mesmo modo que as mulheres possuem menos riscos
de serem vitimadas por não ficarem expostas em locais e horários de risco. O casamento
também protege homens casados mais do que as mulheres.
Como expôs anteriormente o casamento não diminui o risco de a mulher ser
assassinada, haja vista, que no geral os algozes das mulheres casadas, via de regra são
os próprios companheiros. A proteção da mulher estaria em ela não frequentar locais de
risco como os homens freqüentam. Em contrapartida, o casamento representa para os
homens maior segurança e proteção, pois casados, os homens em tese deixam de
frequentar os locais de risco frequentados quando da época de solteiros.
Deste modo, vale considerar que a questão da violência na forma de
homicídios, segundo o estado civil da vítima, é algo intrigante, pois para o homem o
124
adjetivo solteiro é sinônimo de risco, para o casado, proteção, enquanto que para a mulher,
a situação inverte sendo o casamento uma proteção para eventos externos, mas um risco
internamente, ou seja, como integrante de uma família, a mulher está exposta ao risco de
ser vitimada pelo esposo ou companheiro. Sobre a situação da mulher os autores
asseveram, é no ambiente familiar ou no relacionamento mais próximo, afetivo que vive o
perigo de a mulher ser assassinada, pelo marido, namorado, amante, entre outros.
Além disso, a segurança da mulher na família é agravada quando se considera
a questão da cultura, da religião, pois é neste meio cultural e religioso, especialmente das
famílias adeptas da tradição religiosa judaico-cristã, onde o homem é considerado o
“cabeça” da família, e por isso deve ocupar a direção da casa como um todo, incluindo a
mulher que é percebida como propriedade particular do marido, e qualquer desvio passa a
ser merecedora de castigo, corretivo e é neste emaranhado de cultura, tradição,
autoridade, proprietário e subordinação que surge a agressão física e, consequentemente o
homicídio.
A tabela 5 apresenta por Tempo de Escolaridade a distribuição dos homicídios
registrados no Município de Cuiabá-MT no ano 2007.
Tabela 5 - Distribuição dos Homicídios registrados em Cuiabá-MT, segundo o Tempo de Escolaridade das
Vítimas.
N. de
Tempo de Escolaridade (%)
homicídios
Nenhuma 4 1,9%
De 1 à 3 anos 19 9,2%
De 4 à 7 anos 93 45,1%
De 8 à 11 anos 45 21,8%
De 12 anos e mais 6 2,9%
Não Informado 39 18,9%
TOTAL 206 100,0%
Fonte: Laudos de Necropsia do Instituto de Medicina Legal (IML).
Elaborado e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
não preparadas para o mercado de trabalho, como pode ser observado na (Tabela 6), a
qual demonstra as profissões ou ocupações das vítimas, que via de regra pela natureza
dos serviços exigidos dispensam uma formação escolar aprimorada. Dentre as faixas de
tempo de escolaridade, a de 4 a 7 anos, destacou-se em relação as demais, respondendo
por 45,1% das vítimas da forma de violência homicídios.
Mas a exceção está na faixa das vítimas que possuíam na época da violência 12
anos ou mais tempo de escolaridade, cujo percentual foi de 2,9% das vítimas. Esta faixa de
tempo de escolaridade permite-nos considerar que na pior das hipóteses, as vítimas
possuíam o ensino médio como nível de instrução e na melhor, um curso superior.
Hipótese que pode ser confirmada quando confrontada com os dados da (Tabela 6) que
demonstra um total de três profissões ou ocupações que por sua natureza exige uma
formação de nível superior, como é o caso dos professores, do advogado e do analista de
sistemas, isto desconsiderando os 13 homicídios, cujas vítimas não tiveram a profissão ou
ocupação identificada. Os demais homicídios incidiram sobre 18,9% das vítimas que não
tiveram o tempo de escolaridade identificado ou informado.
Diante do exposto, é possível considerarmos que a violência na forma de
homicídios no Município de Cuiabá-MT, é um evento característico de populações com
baixo nível de escolaridade.
A este respeito, (CÁRDIA; SCHIFFER; ADORNO; POLETO apud SANTOS,
2006, p. 170) em estudos sobre o assunto, verificaram que as taxas de homicídios são
mais elevadas em locais onde há uma concentração de pessoas com baixo nível de
escolaridade.
A realidade verificada em Cuiabá-MT no período considerado não foge a
encontrada pelos autores, pois se considerarmos a categoria cor ou raça com a tempo de
escolaridade, veremos que 71,8% das vítimas da forma de violência foram classificadas
como de cor ou raça parda ou negra, isto segundo os dados contidos na Tabela 3, e 80,9%
com tempo de escolaridade abaixo de 11 anos, ou seja, não possuíam na época do óbito
se quer o ensino médio, demonstrando desta forma a existência de um grupo específico de
pessoas, que em razão das condições sociais tem figurado como grupo de risco, isto para
a violência na forma de homicídios.
A respeito desta ligação de cor ou raça com baixo nível de instrução escolar, o
IBGE (2009, p. 1), aponta que:
126
A pesquisa do IBGE mostra a realidade dos grupos sociais brasileiro por cor ou
raça, e confirma o anteriormente comentado, mostrando a sub-representação das pessoas
de cor ou raça negra, “pretas” como classifica o órgão em questão ou parda, em termos de
escolaridade, isto em relação ao grupo de cor ou raça branca, que no geral são sobre-
representados em termos de escolaridade, bem como nas profissões ou ocupações,
enquanto os demais são sub-representados nas profissões ou ocupações e nos salários.
A tabela 6 apresenta por Profissões e Ocupações das vítimas a distribuição dos
homicídios registrados no Município de Cuiabá-MT no ano 2007.
Tabela 6 - Distribuição dos Homicídios registrados em Cuiabá-MT, segundo as Profissões ou Ocupações das
Vítimas.
N. de
Profissões ou Ocupações (%)
homicídios
Serviços Auxiliares 45 21,8%
Estudantes 32 15,5%
Ocupações da construção civil 26 12,6%
Ocupações com comércio varejista 17 8,2%
Ocupações de reparo de veículos 11 5,3%
Serviços domésticos 8 4,0%
Ocupações da segurança particular 6 3,0%
Autônomo 6 3,0%
Ocupações de escritórios 6 3,0%
Desempregado 5 2,4%
Profissões de ensino superior 4 2,0%
Condutores de veículos 4 2,0%
Ocupações de metalurgia 4 2,0%
Ocupações de serviços de beleza 3 1,4%
Ocupações do comércio ambulante 3 1,4%
Artesão e marceneiro 2 1,0%
Ocupações agrícolas 2 1,0%
Servidor público 2 1,0%
Aposentado 2 1,0%
Frentista 1 0,5%
Ocupações de segurança pública (PM) 1 0,5%
TOTAL 206 100,0%
Fonte: Laudos de Necropsia do Instituto de Medicina Legal (IML).
Elaborado e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
127
Cont. Tab. 6
N. de
Profissões ou Ocupações (%)
Homicídios
Militar 1 0,5%
Empresário 1 0,5%
Bancário 1 0,5%
Não Informado 13 6,3%
TOTAL 206 100,0%
Fonte: Laudos de Necropsia do Instituto de Medicina Legal (IML).
Elaborado e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
subscrita nos boletins de ocorrência policial pode de fato referir a situação ocupacional da
vítima, como também pode ser um tributo ao falecido por parte da família, mesmo sabendo
que nada entendia dom ramo da construção civil e que na verdade era um desocupado,
isto hipoteticamente, pois se assim ocorre, a ocupação de pedreiro e ajudante estaria
sendo jogada ao submundo, tornando-se sinônimo de marginalidade.
Também, verificamos que a maiorias das vítimas ocupavam quando vitimadas,
profissões ou funções que em razão das habilidades e técnicas a serem desempenhadas,
exigiam pouca instrução escolar dos trabalhadores e consequentemente ofereciam baixos
salários.
Neste contexto, somos forçados a retroceder a Tabela 5 que nos mostra que
71,8% das vítimas possuíam se quer o ensino médio completo. Logo, a carência de
instrução escolar é o fio condutor para a marginalização social, pois, sem estudo, as
pessoas são obrigadas a se venderem a custo de baixos salários e consequentemente
morarem na periferia, lugar que pelo descaso do poder público, é carente de infraestrutura
urbana, necessária para o uma vida saudável e tranqüila. E é neste ambiente dominado
pela carência pública e social, que a várias formas de violência se manifesta atingindo a
tudo e a todos. Neste tipo de ambiente, a violência é percebida como uma válvula de
escape quer seja pela ilusão de força e poder, ou pelo ideal de falso conforto e ascensão
social.
E para piorar o quadro, o IBGE (2009, p. 1) mostra em pesquisa mensal de
empregos realizada em março de 2009, a participação da cor na questão das profissões ou
ocupações e aponta:
Tabela 7 - Distribuição dos homicídios registrados em Cuiabá-MT, segundo o Local de Origem das Vítimas.
N. de
Local de origem (%)
Homicídios
Mato Grosso 139 67,5%
Paraná 10 4,8%
Mato Grosso do Sul 9 4,4%
São Paulo 9 4,4%
Ceará 4 1,9%
Minas Gerais 4 1,9%
Pará 4 1,9%
Goiás 2 1,0%
Bahia 2 1,0%
Rondônia 2 1,0%
Acre 2 1,0%
Amazonas 1 0,5%
Espírito Santo 1 0,5%
Alagoas 1 0,5%
Maranhão 1 0,5%
Distrito Federal 1 0,5%
Santa Catarina 1 0,5%
Rio Grande do Sul 1 0,5%
Não Informado 12 5,8%
TOTAL 206 100,%
Fonte: Laudos de Necropsia de Instituto de Medicina Legal (IML), 2007.
Elaborado e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
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Cont. Quadro 4.
Anos
Estado de origem Total
2002 2003 2004 2005
Maranhão 55 47 67 74 243
Bahia 62 53 51 47 213
Mato Grosso do Sul 44 50 41 67 202
Goiás 36 32 41 49 158
Rio Grande do Sul 23 30 26 31 110
Rondônia 37 20 9 26 92
Ceará 27 18 11 21 77
Santa Catarina 20 11 19 11 61
Pará 6 12 23 13 54
Espírito Santo 6 17 6 16 45
Amazonas 6 3 5 15 29
Distrito Federal 3 3 5 6 17
Acre 2 0 3 6 11
Total 806 772 775 859 3212
Quadro 5 - Número de migrantes atendidos pelo Centro da Pastoral para Migrantes, segundo o Estado de
Naturalidade.
Fonte: Adaptado, CPM, 2007.
Elaborado e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
Tabela 8 - Distribuição dos Homicídios registrados em Cuiabá-MT, segundo o Local de Residência das Vítimas.
N. de
Local de Residência (%)
Homicídios
Mato Grosso 189 91,7%
Mato Grosso do Sul 2 1,0%
São Paulo 1 0,5%
Acre 1 0,5%
Alagoas 1 0,5%
Rondônia 1 0,5%
Não Informado 11 5,3%
TOTAL 206 100,0%
Fonte: Laudos de Necropsia de Instituto de Medicina Legal (IML), 2007.
Elaborado e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
caso, as demais vítimas não teria tido o local de origem ou o local de residência identificado
ou informado.
Portanto, se, considerarmos os 91,7% das vítimas residentes em Mato Grosso
e mortas em Cuiabá mais os 5,3%, cujos locais de residência não foram identificados,
teríamos um percentual de 97,0% de vítimas residentes em Mato e assassinada em
Cuiabá. Mas, se deste percentual tirar os 73,3% considerados naturais, incluindo é claro as
vítimas com os locais de origem não informada ou identificada teriam um percentual de
23,7% de migrantes residindo em Mato Grosso, e apenas 2,9% que residiam fora deste
Estado quando foram vitimados. Porém, se considerarmos como residentes em Mato
Grosso apenas os 91,7% e deste subtrairmos os 67,5% reconhecidamente naturais de
Mato Grosso, teríamos um percentual de 24,2% de migrantes que residiam no Estado
quando foram assassinados em Cuiabá.
Depois de considerarmos o perfil das vítimas da forma de violência,
consideraremos a seguir a dimensão contextual em que ocorreu a violência, isto é os
motivos e circunstâncias em que ocorreram os homicídios no Município de Cuiabá-MT.
Sabendo que a violência é algo inerente a pessoa humana, temos também que
sua ocorrência, ou seja, sua eclosão e consumação em determinado espaço e tempo é
resultante de circunstâncias e eventos motivadores, que podem ser em razão de conflitos
de opiniões, como também da falta de valores, onde qualquer ato ou atitude pode alimentar
agressões morais e físicas contra os semelhantes, especialmente quando tais conflitos
ocorrem em ambientes que imperam o uso e consumo de bebidas alcoólicas e substâncias
entorpecentes. E neste contexto, o meio, ou seja, o instrumento a ser empregado, neste
caso denominado “agente da causa morte”, é elemento preponderante para a consumação
de um crime, especificamente do homicídio em si, que é consumado com o ato de tirar a
vida da pessoa humana.
Sem o agente da causa morte a disposição, especialmente a arma de fogo,
muitos conflitos, muitos dos homicídios dificilmente seriam consumados, salvos os casos
extremos, quando o agressor utiliza de qualquer instrumento para sua prática. A arma de
fogo faz a pessoa sentir-se dona da situação, além de dotá-la da falsa noção de poder
sobre aquele que figura como oponente e consequentemente, fazendo com que um
conflito que poderia ter sido extinto pela via da democracia, finda da forma mais extrema,
134
ou seja, com a morte de uma das partes beligerantes, quando não de terceiros sem se
quer ter se envolvido no conflito, ou de ambas as partes envolvidas.
A Tabela 9 apresenta por Motivação de Crime a distribuição dos homicídios
registrados no Município de Cuiabá-MT no ano 2007.
N. de
Motivação do Crime (%)
Homicídios
A apurar 67 32,5%
Rixa/Acertos de conta 40 19,4%
Envolvimento com drogas 34 16,5%
Fútil/Briga/Briga em Bar 23 11,2%
Vingança 16 7,8%
Passional 7 3,4%
Briga Familiar 2 1,0%
Bala perdida 2 1,0%
Confronto com a Polícia 2 1,0%
Dívida 2 1,0%
Ambição 2 1,0%
Disparo acidental 1 0,5%
Crime de mando 1 0,5%
Execução 1 0,5%
Tentativa de furto de veiculo 1 0,5%
Tentativa de roubo 1 0,5%
Disputa por terra 1 0,5%
Não Informado 3 1,5%
TOTAL 206 100,0%
Fonte: Planilhas mensais de homicídios da DEHPP, 2007.
Elaborado e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
estranhos na própria família, pois se quer participam das fases de desenvolvimento dos
filhos, e consequentemente a família se forma sem vínculos de afetividade, sem um
referencial sólido a ser seguido na vida.
Além disso, não devemos esquecer a deficiente ou inexistente distribuição de
renda, que massacra há séculos a maioria da população brasileira, contribuindo para a
manutenção do “status quo” de uma minoria e a miséria da grande maioria, forçando a fuga
dos pais e mães ao mercado de trabalho como forma de complementar a renda mensal e
custear a despesas familiares, gerando consequentemente o que acima foi exposto.
Parte desta realidade pode ser sanada e controlada com a adoção de políticas
públicas, social séria que promova a distribuição de renda gere empregos, construa
moradias dignas, oferte educação gratuita e de qualidade, bem como assistência médica e
psicológica a população e especialmente aos dependentes e usuários de entorpecentes.
Além disso, é necessário que combata todo o ciclo de produção de drogas naturais e
sintéticas e adote medidas de controle de venda de bebidas a pessoas, por lugares,
horários em específico, como shows e eventos que em geral atrai multidões de pessoas,
ambiente perfeito para eclosão de violências nas mais variadas formas.
Sobre os motivos que levam a ocorrência de um homicídio, Santos (2006, p.
199; 200), diz: “o uso de drogas condiciona a prática de diversos crimes, tais como roubos,
latrocínios e homicídios”, e ainda destaca que “pelo fato do homicídio ser um crime
complexo e multifatorial, dificilmente apresentará uma única causa.” E compreendê-lo não é
algo fácil, pois suas características são diversas, especialmente no que refere ao fator
motivador da agressão. Que para entender os homicídios, “faz-se necessário contextualizar
os dados sobre os mesmos, pois são as relações sociais que evidenciam e caracterizam o
espaço geográfico e os fenômenos sociais neles desencadeados”
E, na busca de entender a relação do envolvimento com drogas e o crime de
homicídios, (GOLDSTEIN apud FILHO et al., 2001) em estudos realizados no Estado de
Nova Yorque, identificou três maneiras pelas quais os homicídios eram associadas às
drogas no ano de 1984: 25% eram homicídios psicofarmacológicos, cometidos sob pesada
intoxicação de álcool ou de drogas; 10% foram homicídios sistêmicos, perpetrados entre
pessoas envolvidas em redes de venda de drogas; menos de 2% referiam-se à modalidade
compulsiva econômica, cometidos no decurso de roubos e assaltos a cidadãos comuns.
Assim, entendendo as drogas como um problema que em muito tem
contribuído para a ocorrência de homicídios e que o seu combate pode resultar em
diminuição do tipo de violência, (LARANJEIRAS apud SANTOS, 2006, p. 198), argumenta
138
e especificamente sobre os policiais que via de regra sofrerá ataques das mais variadas
formas, tudo para por em xeque a forma de agir adotada pelas instituições policiais, bem
como a idoneidade da instituição e de seus agentes. Além disso, é necessário considerar a
migração da atividade criminosa para outras formas de crimes, até então inexistentes no
local, como, por exemplo, o homicídio, pela via da pistolagem. Também é questionável a
alegação do autor quando afirma que o encarecimento da droga em razão do cercamento
imposto pelos órgãos policiais servirá como agente desmotivador da atividade criminosa.
Entendo que o cercamento valorizará ainda mais o produto e consequentemente
encorajará os traficantes a manter a atividade pelo lucro obtido, pois com preço elevado, e
escassez do produto aumentará a procura, isto é a lógica da “lei da oferta e da procura”, e
traficar numa realidade assim é algo rentável, compensador, ainda mais quando da
incerteza de punição por parte do judiciário.
Diante disso, é necessário considerar que o produto droga, especialmente a
maconha e cocaína, não figura como problema a ser combatido apenas pelos órgãos de
segurança local, mas o regional e nacional, além de envolver os demais órgãos da
administração pública, bem como a sociedade como um todo. O combate deve focar todos
os envolvidos na modalidade de crime, desde o usuário na base da pirâmide até o
financiador da atividade que no geral não aparece na teia da organização criminosa. Enfim,
é necessário desarticular as redes criminosas que tem no comércio de drogas, sua
profissão, que tem conduzido jovens e adultos ao vício, à criminalidade, à prisão e
consequentemente a morte.
Porém, em vez de combater, a nova lei de drogas, a Lei n. 11.343, de 23 ago.
2006, que instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD),
parece caminhar na contramão do discurso de antemão propagado, pois em vez
criminalizar totalmente o uso e o comércio, pensou em tratar os elos deste mal de forma e
com pesos diferenciados, quando praticamente isentou de culpa o usuário, conforme está
previsto no artigo 28, inciso I,II, III e § 1º, que diz o seguinte:
Tabela 10 - Distribuição dos homicídios registrados em Cuiabá-MT, segundo o Agente da Causa Morte.
N. de
Agente da Causa Morte (%)
Homicídios
pedra, pedaço de madeira ou outro objeto o qual não foi identificado; 2,0%, com pedaço de
madeira; 1,0%, com pedra; 0,5%, com arma artesanal (chuço); 0,5%, com machado; 0,5%,
com facão; 0,5%, com cabo de energia (fio); 0,5%, com meio líquido (água). E, outros 0,5%
dos homicídios não tiveram o agente da causa morte informado ou identificado.
Quanto ao uso de armas de fogo na prática de homicídios, tem-se que não é
algo restrito aos limites do Município de Cuiabá, nem tampouco a divisa do Estado de Mato
Grosso. Sobre este fato, (MESQUITA NETO, 2001 PERES, 2004; PERES; SANTOS,
2005; WAISELFISZ, 2005), dentre outros, comprovaram essa é uma tendência tanto no
Brasil, como no restante do mundo.
No entanto, apesar do grande número de vítimas provocado pelo emprego da
arma de fogo na solução de conflitos, a população brasileira votou contra a proibição do
comércio de armas de fogo e munições, no referendo realizado em outubro de 2006 no
Brasil. Da população, 63, 94% votaram contra o desarmamento, e apenas 36,06% votaram
a favor da proibição (REFERENDO..., 2005).
A este respeito, ou seja, arma de fogo e as mortes por ela produzidas,
(SANTOS, 2006, p. 173), comenta:
Sabe-se que a solução para a diminuição das mortes por armas de fogo
no Brasil perpassa por vários fatores, e não se restringem apenas à proibição do
seu porte ou à fabricação de munições. É necessário que haja uma mudança
cultural, ou seja, a arma de fogo representa um símbolo de superioridade, de
domínio e autoridade, sobretudo para os homens que, desde a infância, querem
divertir-se com armas de fogo de brinquedo, respondendo a modelos observados
na sociedade, tanto por meio direto quanto por meio de representações culturais
(programas de televisão e cinema) ou por outras mídias.
Face aos argumentos do autor, só nos resta concordar e contribuir com o seu
pensamento e acrescentar que portar arma de fogo em nosso País é algo cultural, é
símbolo de força, poder e autoridade. Apenas a proibição do porte e da fabricação não
seria suficiente para manter a sociedade desarmada, especialmente quando consideramos
a imensa fronteira do Brasil com diversos outros países, dentre eles o Paraguai e a Bolívia
que representa um corredor aberto para entrada de armas, munições e drogas. A proibição
de porte e fabricação seria um grande passo para o desarmamento, se primeiramente
fôssemos capazes de barrar a entrada dos referidos produtos e ferramentas por meio de
nossas fronteiras, depois disso, para se ter uma sociedade desarmada e pacífica seria
necessário mudança dos valores hoje incrustados na sociedade. Creio que um passo
importantíssimo neste cenário seria investindo maciçamente na educação, de modo que
142
N. de
Meses do ano (%)
Homicídios
Janeiro 23 11,7%
Fevereiro 20 9,7%
Março 13 6,3%
Abril 11 5,3%
Maio 13 6,3%
Junho 21 10,2%
Julho 16 7,8%
Agosto 15 7,3%
Setembro 26 12,6%
Outubro 16 7,8%
Novembro 18 8,7%
Dezembro 14 6,3%
TOTAL 206 100,0%
Fonte: Laudos de Necropsia do Instituto de Medicina Legal (IML), Boletins de Ocorrência do SROP e Planilhas
Mensais da DEHPP, 2007.
Organização: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
N. de
Dia da Semana (%)
Homicídios
Segunda-Feira 22 10,7%
Terça-Feira 25 12,1%
Quarta-Feira 22 10,7%
Quinta-Feira 24 11,7%
Sexta-Feira 26 12,6%
Sábado 42 20,4%
Domingo 45 21,8%
TOTAL 206 100,0%
Fonte: Laudos de Necropsia do Instituto de Medicina Legal (IML), Boletins de Ocorrência do SROP e Planilhas
Mensais da DEHPP, 2007.
Elaborado e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
demonstrando que o referido dia é uma extensão do final de semana, portanto parte
integrante dos dias de sábado e domingo.
É nos dias de sextas-feiras, que pessoas aproveitam para dar uma relaxada
esticando o término do serviço com idas a bares e lanchonetes próximo ao serviço, ou
esticando as aulas das escolas e universidades, com jogos de futebol, idas a bares,
lanchonetes, boates e shows em geral, tudo regado a cerveja, whisky entre outras bebidas
alcoólicas e drogas ilícitas.
É cultural os alunos de escolas, especialmente as particulares, cursinhos pré-
vestibulares e universidades, matarem as aulas das sextas-feiras a noite para irem
embebedarem em estabelecimentos boemios anexo aos prédios das universidades,
faculdades e centros universitários e outros lugares e eventos para consumirem bebidas
alcoólicas, drogas e curtirem músicas. Esta prática já se tornou rotina, um hábito e quem
foge a isto é taxado, rotulado com inúmeros adjetivos, e além de serem vítimas de
“bullying”, entre outras práticas.
E a consequência destes hábitos e práticas é a violência, que pode resultar em
mortes, cujas motivações são as mais diversas como podemos verificar na Tabela 09,
como também furtos a e de veículos, quando desavisados deixam seus automóveis em
locais ermos por longo período, além de acidentes de trânsitos, entre outros tipos e formas
de violência. Uma atuação contínua e eficaz das polícias mostraria que as maiorias dos
envolvidos nestas práticas violentas estariam sob efeito de álcool, ou de outras drogas.
Considerando a ocorrência de homicídios por dia da semana, (MAIA, 1999, p.
5) mostra que a ocorrência de mortes por homicídios ocorrem nos dias de sábados e
domingos. Do mesmo modo, (GAWRYSZEWSKI; KAHN; MELLO JORGE, 2005, p. 631)
afirmam com base em estudos dos homicídios registrados no segundo semestre de 2001
no Município de São Paulo, que a maior incidência da forma de violência ocorreu nos dias
correspondente aos finais de semanas. E, especialmente nos dias de sábado, domingo e
sexta-feira. O dia de quarta-feira foi o que apresentou menor número de homicídios.
Considerando Cuiabá, verifica-se o mesmo, pois os dias de quartas-feiras foram os que
apresentaram menor número de homicídios no período analisado.
Da mesma forma, Santos (2006, p. 174) afirma que em Uberlândia-MG, os
homicídios tendem a ocorrer preferencialmente nos finais de semana, em especial aos
domingos, como também aos sábados. Realidade esta também verificada nesta Capital,
especialmente no período de tempo considerado nesta pesquisa.
148
N. de
Horário da Ocorrência (%)
Homicídios
Das 00h00min às 06h00min 69 33,0%
Das 06h01min às 12h00min 25 12,6%
Das 12h01min às 18h00min 38 19,0%
Das 18h01min às 23h59min 66 31,5%
Não Informado 8 3,9%
TOTAL 206 100,0%
Fonte: Laudos de Necropsia do Instituto de Medicina Legal (IML), Boletins de Ocorrência do SROP e Planilhas
Mensais da DEHPP, 2007.
Elaborado e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
tempo juntos perfizeram 64,6% dos homicídios, enquanto que os outros dois intervalos que
correspondem ao período diurno perfizeram 35,4% dos homicídios.
Sobre a ocorrência de homicídios por horário, (FRONZA; COSTA apud
SECRETTI; JACOBI; ZANINI, 2009, p. 30), sustentado em estudo sobre mortalidade por
causas externas em Santa Maria-RS apontou que o número de homicídios não se
distribuiu igualmente, conforme os períodos do dia (p<0,001), sendo que o maior número
de vítimas por homicídios ocorreu a partir das 18h00min até 00h00min com um percentual
de 40,74% seguido da madrugada, com 27,04%.
Um estudo realizado em Caxias do Sul, na serra gaúcha, mostra, também, em
primeiro lugar, o período da noite com 37,48% dos homicídios e em segundo lugar o
período da tarde com 24,78% dos homicídios.
Diante exposto, é possível considerar que a expressiva incidência da violência
na forma de homicídios em Cuiabá-MT, durante o período noturno, pode estar relacionada
à questão de hábitos noturnos da população que tem nos bares, lanchonetes e congêneres
um ponto de encontro de amigos, lugar de recreação, de relaxamento físico e mental, local
de distração e ponto de paquera e de confusão, discórdia, zombaria e consequentemente
agressões físicas, o estopim para a ocorrência de morte quer seja no local e momento da
eclosão dos conflitos, ou posteriormente, motivado pela vingança, acerto de contas e assim
por diante.
Em meio a estas possibilidades oferecidas pelo cultivo de tais práticas e
hábitos, o entorpecimento pelo álcool, provoca a alteração dos ânimos, diminuem a
capacidade de raciocínio, aumentando as chances de solução de um conflito qualquer dar-
se mediante uso de violência. Nestes ambientes, as pessoas tornam-se vulneráveis,
presas fáceis de práticas violentas, ainda mais em razão das condições do ambiente que
geralmente são mal iluminados, favorecendo a ação dos agressores que sempre buscam
além de ocultar sua identidade, também atingir a vítima de surpresa, sem alarmar demais
pessoas, evitando reações de outras, e claro a culpa pelo crime.
Também vale destacar que durante o levantamento de campo para localização
geográfica dos pontos onde ocorreram os homicídios, foi possível constatar, mesmo quase
dois anos após os registros dos homicídios, que a maioria da forma de violência ocorreram
em locais próximos a bares e lanchonetes; de terrenos baldios e matagais; em vias não
asfaltadas e com trafegabilidade difícil ou impossível e sem iluminação pública.
Diante disso, temos que aceitar que a solução para o problema da violência na
forma de homicídios em Cuiabá, especialmente no espaço urbano, não é responsabilidade
150
apenas dos órgãos de segurança pública, apesar destas se quer conhecer em detalhe as
deficiências de seu território, contudo, entendo que não a solução, mas o controle do
fenômeno social homicídios, está na conjugação de forças e objetivos por parte das demais
instituições públicas de todas as esferas, bem como da sociedade como um todo, pois
seria tamanha insensatez atribuir as polícias à culpa pelo problema social “homicídios”,
quando grandes partes destes crimes ocorrem em lugares, onde até o transitar a pé é uma
prática imperiosa para espécie humana.
Tão importante como o contexto, os eventos e circunstâncias que levam a
ocorrência da violência na forma de homicídios, é o espaço onde ocorre a violência, como
podemos certificar a seguir.
Tabela 14- Distribuição dos Homicídios registrados em Cuiabá-MT, segundo o Local de Ocorrência.
N. de
Local de Ocorrência (%)
Homicídios
Bairro Morada da Serra/ Núcleos Habitacionais CPA- I,II, III e IV 14 6,8%
Bairro Pedra 90 14 6,8%
Bairro Alvorada 8 3,9%
Bairro Novo Paraíso-I e II 7 3,4%
Loteamento Altos da Serra 7 3,4%
Loteamento Três Barras 6 2,9%
Bairro Planalto 6 2,9%
Distrito Coxipó do Ouro/Zona Rural 6 2,9%
AEU/ Assentamento Doutor Fábio Leite 5 2,4%
Bairro Osmar Cabral 5 2,4%
Bairro Dom Aquino 5 2,4%
Loteamento Jardim Santa Izabel 5 2,4%
Bairro Novo Horizonte 4 1,9%
Bairro 1º de Março 4 1,9%
Bairro Cohab São Gonçalo 4 1,9%
Bairro Tijucal 3 1,5%
Bairro Jardim Vitória 3 1,5%
Loteamento e Conjunto Habitacional Novo Milênio 3 1,5%
Bairro Nova Esperança 3 1,5%
Bairro Morada da Serra/ Loteamento Jardim Brasil 3 1,5%
Bairro Jardim Fortaleza 3 1,5%
Bairro da Lixeira 3 1,5%
Bairro Pedregal 3 1,5%
Bairro do Porto 3 1,5%
Loteamento Novo Colorado 3 1,5%
Bairro Centro Sul 2 1,5%
Bairro Morado da Serra/Tancredo Neves 2 1,0%
Bairro Carumbé 2 1,0%
Bairro Distrito Industrial 2 1,0%
Bairro Jardim Industriário 2 1,0%
Loteamento Pascoal Ramos 2 1,0%
Bairro Jardim Mossoró 2 1,0%
Loteamento Altos da Glória 2 1,0%
Bairro Jardim Florianópolis 2 1,0%
Bairro Coophamil 2 1,0%
Bairro Bandeirante 2 1,0%
Bairro Belo Vista 2 1,0%
TOTAL 206 100,0%
Fonte: Laudos de Necropsia do Instituto de Medicina Legal (IML), Boletins de Ocorrência do SROP e Planilhas
Mensais da DEHPP, 2007.
Elaborado e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
152
Cont. Tabela 14
Distribuição dos Homicídios registrados em Cuiabá-MT, segundo o Local de Ocorrência
N. de
Local de Ocorrência do Óbito (%)
Homicídios
Loteamento Jardim Leblon 2 1,0%
Bairro Parque Cuiabá 2 1,0%
Bairro Altos do Coxipó 2 1,0%
Assentamento Castelo Branco 2 1,0%
Bairro do Quilombo 2 1,0%
Distrito Nossa Senhora da Guia e Aguaçu 2 1,0%
Bairro Centro Norte 1 1,0%
Bairro Bordas da Chapada-II 1 0,5%
Bairro Paiaguás 1 0,5%
Assentamento Jardim Itapuã 1 0,5%
Loteamento Jardim Bom Clima 1 0,5%
Loteamento Ribeirão do Lipa 1 0,5%
Loteamento Vila Nova do Coxipó 1 0,5%
Bairro Morada da Serra/ Vila Rosa 1 0,5%
Bairro Morada da Serra/Centro América 1 0,5%
Bairro Bosque da Saúde 1 0,5%
Bairro Canjica 1 0,5%
Bairro dos Araés 1 0,5%
Bairro do Areão 1 0,5%
Bairro Jardim Comodoro 1 0,5%
Bairro Jardim Gramado 1 0,5%
Loteamento Jardim Cuiabá 1 0,5%
Assentamento Jardim Liberdade 1 0,5%
Bairro Verdão 1 0,5%
Bairro da Goiabeira 1 0,5%
Bairro Cidade Alta 1 0,5%
Bairro Cidade Verde 1 0,5%
Loteamento Novo Terceiro 1 0,5%
Bairro Grande Terceiro/Parque Beira Rio (Condomínio Vertical) 1 0,5%
Assentamento São Mateus 1 0,5%
Bairro Praeirinho 1 0,5%
Bairro Jardim Paulista 1 0,5%
Bairro do Poção 1 0,5%
Bairro Jardim das Américas 1 0,5%
Bairro Boa Esperança 1 0,5%
Bairro São José 1 0,5%
Bairro Coxipó 1 0,5%
Assentamento Jardim Botânico 1 0,5%
TOTAL 206 100,0%
Fonte: Laudos de Necropsia do Instituto de Medicina Legal (IML), Boletins de Ocorrência do SROP e Planilhas
Mensais da DEHPP, 2007.
Elaborado e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
153
Cont. Tabela 14
Distribuição dos Homicídios registrados em Cuiabá-MT, segundo o Local de Ocorrência
N. de
Local de Ocorrência (%)
Homicídios
Bairro Nossa Senhora Aparecida 1 0,5%
Bairro Parque Ohara 1 0,5%
Loteamento Residencial Itapajé 1 0,5%
Bairro São João Del Rey 1 0,5%
Núcleo Habitacional Jardim Presidente-II 1 0,5%
Bairro São Sebastião/Chácaras 1 0,5%
Loteamento Jardim das Palmeiras 1 0,5%
Bairro Recanto das Seriemas 1 0,5%
TOTAL 206 100,0%
Fonte: Laudos de Necropsia do Instituto de Medicina Legal (IML), Boletins de Ocorrência do SROP e Planilhas
Mensais da DEHPP, 2007.
Elaborado e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
N. de Nível de Área
Áreas (Bairros e Localidades) Regionais População
Homicídios Renda (Km²)
Bairro Morada da Serra Norte 14 59.529 Médio-Baixa 743,8
Pedra 90 Sul 14 18.563 Baixa 659,06
Bairro Alvorada Oeste 8 12.183 Médio-Alta 230,12
Bairro Novo Paraíso Norte 7 4.393 Baixa 97,73
Loteamento Altos da Serra Leste 7 .... .... ....
Bairro Três Barras Norte 6 6.495 Baixa 127,29
Bairro Planalto Leste 6 5.935 Baixa 66,9
Assentamento Doutor Fábio Leite Leste 5 .... .... ....
Bairro Osmar Cabral Sul 5 4.316 Baixa 96,83
Bairro Dom Aquino Leste 5 13.052 Média 179,53
Bairro Jardim Santa Izabel Oeste 5 9.375 Médio-Baixa 139,52
Bairro Novo Horizonte Leste 4 3.747 Baixa 43,46
Bairro 1º de Março Leste 4 7.014 Baixa 134
Bairro Cohab São Gonçalo Sul 4 4.625 Médio-Baixa 43
Bairro Tijucal Sul 3 16.745 Médio-Baixa 188,48
Bairro Jardim Vitória Norte 3 9.044 Baixa 118
Loteamento e Conj. Hab. Novo
Milênio Sul 3 .... .... ....
Bairro Nova Esperança Sul 3 1.627 Baixa 265,3
Loteamento Jardim Brasil Norte 3 .... .... ....
Bairro Jardim Fortaleza Sul 3 4.036 Baixa 65,22
Bairro da Lixeira Leste 3 4.789 Médio-Baixa 66,41
TOTAL....................................... .... 158 .... .... ....
Quadro 6 - Demonstrativo dos bairros e localidades com concentração de homicídios na Macrozona Urbana de
Cuiabá-MT, ano 2007.
Fonte: Adaptado, do IPDU; Boletins de Ocorrência e Laudos de Necropsia, 2007.
Elaboração e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
157
Cont. Quadro 5.
N. de Nível de Área
Áreas (Bairros e Localidades) Regionais População
Homicídios Renda (Km²)
Bairro Pedregal Leste 3 7.117 Médio-Baixa 61,41
Bairro do Porto Oeste 3 9.266 Média 248,22
Bairro Novo Colorado Oeste 3 2.784 Baixa 76,33
Bairro Centro Sul Oeste 2 4.468 Médio-Alta 129,24
Bairro do Quilombo Oeste 2 7.718 Médio-Alta 148,12
Bairro Tancredo Neves Norte 2 .... .... ....
Bairro Jardim Carumbé Leste 2 2.326 Médio-Baixa 30,13
Bairro Distrito Industrial Sul 2 331 Médio-Baixa 710
Bairro Jardim Industriário Sul 2 7.274 Médio-Baixa 239,56
Bairro Pascoal Ramos Sul 2 1804 Médio-Baixa 431,62
Bairro Jardim Mossoró Sul 2 993 Médio-Baixa 91,38
Loteamento Altos da Glória Norte 2 .... .... ....
Bairro Jardim Florianópolis Norte 2 4.432 Baixa 71,54
Bairro Coophamil Oeste 2 5.983 Média 198,07
Bairro dos Bandeirantes Leste 2 1.190 Médio-Alta 176,41
Bairro Bela Vista Leste 2 3.834 Baixa 29
Bairro Jardim Leblon Leste 2 4.199 Médio-Baixa 71,94
Bairro Parque Cuiabá Sul 2 9.362 Média 256,17
Bairro Altos do Coxipó Sul 2 1.322 Média 234,59
Assentamento Castelo Branco Leste 2 .... .... ....
TOTAL....................................... .... 158 .... .... ....
Quadro 7 - Demonstrativo dos bairros e localidades com concentração de homicídios na Macrozona Urbana de
Cuiabá-MT, ano 2007.
Fonte: Adaptado, do IPDU; Boletins de Ocorrência e Laudos de Necropsia, 2007.
Elaboração e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
as áreas deste nível de renda, concentraram 14 homicídios, ou seja, 6,8% do total dos
homicídios.
E por último, 7 áreas que apresentaram concentração de homicídios apesar de
reconhecida pela Lei de Abairramento da cidade, não possuam na época classificação do
nível de renda médio da população nela residente, tampouco a área ocupada e o número
de habitantes, prejudicando com isso, a análise da forma de violência pelo viés da renda
por bairro ou localidade.
É considerável o prejuízo para o estudo, bem como para outros os
pesquisadores que ao buscarem estudarem a violência relacionando-a com os níveis de
renda, áreas e população das respectivas áreas esbarram com os mesmos entraves ora
encontrados. Das 7 localidades, que constam como áreas de concentração de homicídios,
identificamos o Loteamento Altos da Serra na regional norte, com 7 homicídios, o
Assentamento Doutor Fábio Leite na regional leste, com 5; o Loteamento e Conjunto
Habitacional Novo Milênio na regional sul, com 3, o Desmembramento Tancredo Neves e o
Loteamento Altos da Glória na regional norte, ambos com 2 homicídios e o Assentamento
Castelo Branco na regional leste, com 2. Estas áreas juntas somaram um total de 24
homicídios, ou seja, 11,6% do todo.
A seguir o Quanto 6, apresenta as 40 áreas urbanas, cujo número de
homicídios registrados por áreas foi de um homicídio, portanto não considerada como área
de concentração espacial de homicídios.
N. de Nível de Área
Áreas (Bairros e Localidades) Regionais População
Homicídios Renda (Km²)
Bairro Bordas da Chapada II Norte 1 .... .... ....
Bairro Paiaguás Norte 1 3.903 Média 66,6
Desmembramento Centro América Norte 1 .... .... ....
Assentamento Jardim Itapuã Norte 1 .... .... ....
Bairro São João Del Rey Sul 1 5.041 Baixa 108,19
Bairro Jardim Nossa Senhora
Aparecida Sul 1 2.577 Média 98
Bairro Parque Ohara Sul 1 1.083 Média 115,26
Loteamento Residencial Itapajé Sul 1 .... .... ....
Bairro São Sebastião Sul 1 1.461 Baixa 200
Assentamento Jardim Liberdade Sul 1 .... Baixa ....
Bairro Jardim das Palmeiras Sul 1 930 Média 40,5
TOTAL..................................... .... 40 .... .... ....
Quadro 8 - Bairros e localidades da Macrozona Urbana de Cuiabá-MT, com registro de homicídios em 2007.
Fonte: Adaptado, do IPDU; Boletins de Ocorrência e Laudos de Necropsia, 2007.
Elaboração e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
160
Cont. Quadro 6.
N. de Nível de Área
Áreas (bairros e Localidades) Regionais População
Homicídios Renda (Km²)
Bairro Jardim Gramado Sul 1 1.873 Média 120,64
Bairro Jardim Comodoro Sul 1 709 Médio-Baixa 48,34
Assentamento Jardim Botânico Sul 1 ... ... ...
Núcleo Habitacional Jardim
Presidente-II Sul 1 2.304 Médio-Baixa 128,44
Loteamento Vila Nova do Coxipó Sul 1 .... .... ....
Bairro Coxipó Sul 1 2.704 Média 221,4
Bairro São José Sul 1 598 Média 215,14
Bairro Jardim das Américas Leste 1 2.962 Alta 110,7
Bairro Boa Esperança Leste 1 5.964 Médio-Alta 176,41
Bairro Jardim Paulista Leste 1 2.076 Média 39,2
Bairro do Poção Leste 1 4.596 Média 82,62
Bairro do Areão Leste 1 5.637 Média 104,75
Assentamento São Mateus Leste 1 .... .... ....
Bairro Praeirinho Leste 1 2.102 Baixa 41,14
Bairro Grande Terceiro/Parque
Beira Rio Leste 1 4.881 Médio-Baixa 87,53
Bairro Bosque da Saúde Leste 1 3.325 Médio-Alta 66,35
Bairro Canjica Leste 1 2.860 Médio-Baixa 34
Desmembramento Vila Rosa Leste 1 .... .... ....
Bairro Recanto da Siriema Leste 1 .... .... ....
Bairro Centro Norte Oeste 1 2.782 Médio-Alta 81,43
Bairro Cidade Alta Oeste 1 2.757 Média 218,86
Bairro Cidade Verde Oeste 1 2.757 Médio-Baixa 48,84
Bairro Novo Terceiro Oeste 1 3.774 Médio-Baixa 34,69
Bairro Verdão Oeste 1 .... .... ....
Bairro da Goiabeira Oeste 1 6.664 Médio-Alta 96,24
Bairro Jardim Cuiabá Oeste 1 1.058 Médio-Alta 69,45
Bairro dos Araés Oeste 1 5.538 Médio-Alta 88,17
Loteamento Ribeirão do Lipa Oeste 1 2.244 Baixa 396,87
Loteamento Bom Clima Oeste 1 .... .... ....
TOTAL..................................... .... 40 .... .... ....
Quadro 6: Bairros e localidades da Macrozona Urbana de Cuiabá-MT, com registro de homicídios em
2007.
Fonte: Adaptado, do IPDU; Boletins de Ocorrência e Laudos de Necropsia, 2007.
Elaboração e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
área central da cidade ou na área central propriamente dita e por isso, serem compostas de
estabelecimentos comerciais de primeira linha, como lojas de grifes, joalheiras,
restaurantes, shoppings centers, áreas bancárias, universidade, ou seja, são providas de
meios que pela natureza em específico de cada estabelecimento atraem grande número
de pessoas e consequentemente de conflitos, cujas motivações assemelham aos
registrados nas demais áreas, até porque apesar das referidas áreas serem compostas por
grande variedade de estabelecimentos comerciais, ainda não deixaram de ocuparem o
seus espaços com edificações residências, que via de regra é de alto padrão,
especialmente em bairros como o Boa Esperança, Bosque da Saúde, do Quilombo entre
outros.
Por renda alta, apenas 01 área com registro de homicídios, sendo ela: o bairro
Jardim das Américas, na regional leste. Esta por sua vez, é um bairro habitado por
políticos, empresários e a elevada casta da administração pública. Em termos de
valorização imobiliária, o valor do metro quadrado do bairro é altíssimo e, além disso, tem a
disposição supermercados de primeira linha, universidade, shopping centers, galerias,
várias concessionárias de veículos das mais variadas marcas, e diversas prestadoras de
serviços.
Em razão disso, é uma área muito freqüentada por pessoas das mais variadas
classes sociais que tem ali como um local impar para lazer e entretenimento devido ao
Shopping Center Três Américas, como também local de trabalho, em específico nas
residências e condomínios de luxo existente, como também no shopping entre outros
estabelecimentos comerciais.
Outras 11 áreas que apresentaram registro de homicídios, classificadas pela
Prefeitura como localidades não possuíam dados referente ao nível de renda, população e
a área ocupada, ficando deste modo, o estudo prejudicado neste aspecto.
Contudo, as localidades são as seguintes: Bordas da Chapada-II,
Desmembramento Centro América e Assentamento Jardim Itapuã, na regional norte;
Loteamento Residencial Itapajé, Assentamento Jardim Botânico, Loteamento Vila Nova do
Coxipó e Assentamento Jardim Liberdade, na regional sul; Assentamento São Mateus,
Desmembramento Vila Rosa e Recanto da Siriema, na regional leste, e bairro Verdão e
Loteamento Bom Clima, na regional oeste.
Em se tratando da localização destas áreas dentro dos limites da Macrozona
Urbana, constata-se que os bairros de baixa renda como as demais que apresentaram
concentração espacial de homicídios, estão localizados em região de periferia distante do
163
também noutros bairro dentro da área de atuação, como o bairro do Quilombo, com 2
homicídios, somando assim um total de 3 homicídios no ano.
E assim, a historia se repete com a Companhia de Polícia Comunitária do
Bosque da Saúde, com a do bairro Planalto, do Pedregal, do Jardim Santa Izabel, do
Loteamento São Mateus, do 1º Batalhão, do bairro da Lixeira, do bairro Osmar Cabral, do
bairro Pedra 90 e do 9º Batalhão no bairro Parque Cuiabá, como também nos locais onde
estão os Centros Integrados de Segurança e Cidadania (CISC) e as delegacias
metropolitanas e municipais. Valendo destacar que as considerações expostas neste
estudo acerca dos homicídios registrados nas proximidades das unidades de polícia não
levou em conta a área de atuação em específico das respectivas unidades, portanto,
considerou apenas a questão de proximidade, podendo as áreas aqui consideradas como
pertencente a área de atuação de uma unidade policial ser totalmente distinta da aqui
considerada.
A exceção para ocorrência forma de violência homicídios por localização das
unidades policiais militares em Cuiabá esta na Base Comunitária do Moinho, localizada na
área do bairro Jardim Imperial, cujo bairro e entorno, não houve registro de ocorrência
homicídios no período analisado.
Ainda considerando a localização dos homicídios no espaço urbano de Cuiabá-
MT, percebe-se também ao considerar os Quadros 5 e 6 que tratam dos níveis médios de
renda das áreas da Macrozona, que a violência na forma de homicídios apresentou
concentração no quesito renda da área. Neste enfoque, vê-se que do total de 206
homicídios, 67 casos ocorreram em áreas cuja renda era na época classificada como
baixa; 49, como médio-baixa; 25, como média; 20, como médio-alta; 01 como alta e 44
áreas, cuja classificação sem classificação por serem consideradas pela Prefeitura como
localidades. Neste grupo estão inclusas as áreas rurais que houve registro da forma de
violência.
O Quadro 7, mostra a distribuição dos homicídios registrados na zona rural de
Cuiabá-MT, sob a ótica da concentração da forma de violência ora analisada.
168
pastagens e matas de galeria e ciliares. Além do fato de quase sempre, os corpos ter sido
encontrado em avançado estado de decomposição, e sem documentos pessoais que o
identificassem e com parte do corpo ou todo o corpo descaracterizado por esmagamento,
carbonização ou separação de membros. Artifício utilizado para dificultar a identificação da
vítima e consequentemente do autor do crime. Além, da clara demonstração de desprezo
pela vítima.
Exemplo disso é o homicídio da vítima “(xxxx), de 15 anos de idade encontrada
no dia 23/xx/2007, na Estrada do Coxipó do Ouro, nas proximidades do Aterro Sanitário do
Quilombo, local popularmente denominado “Lixão”, onde de acordo com o breve relato
existente no histórico do Boletim de Ocorrência (BO) da Polícia Civil anexo ao Laudo de
Necropsia n. xxx/07, temos o seguite: “a vítima fora encontrada em um matagal, em
avançado estado de decomposição, apresentando várias lesões de instrumento
contundente e perfuro cortante pelo corpo”.
A seguir a Tabela 15 apresenta por Tipo de Local de Ocorrência, a distribuição
dos homicídios registrados no Município de Cuiabá-MT, ano 2007
Tabela 15 - Distribuição dos homicídios registrados em Cuiabá-MT, segundo o Tipo de Local de Ocorrência
N. de
Tipo do Local de Ocorrência (%)
Homicídios
Via Pública 88 42,7%
Residência Particular 30 14,5%
Estabelecimento Comercial 19 9,2%
Matagal 10 4,8%
Presídio 5 2,4%
Chácara 4 2,0%
Praça 3 1,4%
Estrada 2 1,0%
Casa Abandonada 2 1,0%
Rio 2 1,0%
Parque 1 0,5%
Veículo 1 0,5%
Propriedade Agrícola 1 0,5%
Não Informado 40 19,4%
TOTAL 206 100,0%
Fonte: Laudos de Necropsia do Instituto de Medicina Legal (IML), Boletins de Ocorrência do SROP e Planilhas
Mensais da DEHPP, 2007.
Elaborado e organizado por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
N. de
Logradouros Áreas
Homicídios
Bairro do Porto
Avenida Beira Rio 3
Bairro Novo Terceiro
Bairro Jardim das Américas
Avenida Fernando Corrêa da Costa Bairro Coxipó 3
e ambas sairão perdedores na área conflituosa e crime cada vez mais firmará seus
tentáculos e consequentemente continuamos a ver corpos estendidos pelas ruas, famílias
desfeitas, viaturas policiais desviadas do policiamento para registro de ocorrência de fato
consumado, perdendo no caso da Polícia Militar a gênese de sua função que o
policiamento ostensivo e a Polícia Civil a função de polícia judiciária do Estado, quando
deixa de investigar crime anterior para registro de outro. Desta forma, ambas as instituições
sempre estarão apagando fogo em vez de impedir o seu surgindo no meio da sociedade. A
sociedade também continuará sendo prejudicada, pois estará a conta seus mortos e a viver
em constante medo de ser ou ter alguém próximo na condição de vítima da violência, o
homicídio.
VARIÁVEIS SÍNTESE
Cont. Quadro 9.
VARIÁVEIS SÍNTESE
CONSIDERAÇÕES FINAIS
subleva é punido com a pena capital. E, por conveniência ou inércia do poder constituído,
aparece o que se denomina hoje de poder paralelo, onde a sociedade por medo alienação
ou corrupção social se cega pelos atos de violência que ocorre na sua rua, na escola de
seu, no ônibus que o leva para o trabalho, tornam-se surdas pela pelo que ouvem e mudas
quando por algum motivo deixam de cumprir o que está previsto no “caput” do Artigo 144
da Constituição Federal que diz: “A segurança pública, dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio (...)”. E assim por medo ou conveniência da
sociedade e do Poder Público, as ruas das cidades tem se tornado a cada dia palco de
uma guerra social que todos sabem que existem e não podem negar até porque negar sua
existência seria negar a si próprio, seria ignorar suas próprias vítimas que já foram abatidas
ou estão na fila da violência para serem abatidas, quer seja na rua, na residência, escola,
no sinaleiro da esquina ou na lanchonete do bairro. A ameaça é latente e real, a os corpos
que já tombaram e tombam no dia a dia é prova disso, o que é falso é o comportamento
das pessoas e do Estado perante o que por eles próprios são registrados quer seja em
documentos oficiais e nos cemitérios quando do sepultamento de suas vítimas.
Em Cuiabá-MT, a situação não foge a esta realidade, especialmente falando
das mortes por homicídios, conforme mostra os dados desta pesquisa. Com base nestes
dados, podemos afirmar a capital Cuiabá é um espaço violento e que a forma de violência
estudada é preponderantemente urbana, pois no período de tempo considerado, ou seja, o
ano 2007, dos 206 homicídios registrados, 96,1% ocorreu na zona urbana, ou seja, dentro
dos limites da Macrozona Urbana, a qual conta com 124 bairros oficiais e 378 localidades.
Em mais, a forma de violência registrada se apresenta de forma extremamente
concentrada, pois das 502 áreas (bairros e localidades) contidas no espaço urbano, apenas
em 81 áreas registrou homicídios no período. E do total de homicídios registrados, 158
ocorreram, melhor concentraram em apenas 41 áreas. Apenas 41 áreas do espaço urbano
registraram mais de um homicídio no ano 2007.
Diante disso, o risco de uma pessoa ser vitimada pela violência na forma de
homicídio em Cuiabá-MT está condicionado aos hábitos e práticas sociais da pessoa aliado
aos locais que freqüentam e estes por sua vez refletem a condição socioeconômica da
vítima, ou seja, a maioria das vítimas de homicídios na época da prática da violência que
redundou em sua morte residia em áreas, cujo nível médio de renda dos domicílios eram
classificado como baixo e médio-baixo. Além disso, a maioria das vítimas era de cor ou
raça não branca, ou seja, parda ou negra, com baixo nível de alfabetização e
182
profissionalmente ocupadas com funções que, não geral, não exigiam formação técnico
cientifica e consequentemente eram mal remunerados.
Enfim, a forma de violência em Cuiabá-MT, especialmente no ano 2007,
desenha-se como um problema social, cuja solução não está em aumento de efetivo da
polícia e tampouco na adoção de forma paliativas de policiamento, contudo, cabe salientar
que um policiamento focado em grupos identificados como vulneráveis e em períodos e
áreas críticas, digo dias da semana, horário e áreas (bairros e localidades) e logradouros
que concentraram ocorrência de homicídios podem ser de extrema valia, mesmo que tais
policiamentos sirvam a princípio para evitar apenas o desgaste do aparato estatal com
ações desprovida de objeto de ação. Digo isso, porque é oneroso para o Estado e a
sociedade dispor na rua, inúmeros policiais e viaturas em situações de estresse e risco sem
saber onde, quando e porque determinada forma de violência tem ocorrido. É necessário
que se conheça quem vai de combatido ou controlado. No caso dos crimes de homicídios,
o controle da venda de bebida alcoólica, o combate da venda e uso de drogas e da arma
de fogo seria uma boa pedida. E isso, não se combate de forma isolada, é necessário
parceria com as demais instituições públicas e com a sociedade, pois, um problema social
desta envergadura tem suas raízes fixadas na forma como a sociedade foi formada e se
mantém na atualidade, com suas práticas excludentes, produzindo a cada dia mais suas
vítimas que fatalmente serão abatidas quando sem opção de lazer buscam nos bares da
periferia momentos de diversão.
Considerando o embasamento teórico, como pesquisa comparativa, esta se
sustentou na abordagem teórico-metodológica da Teoria da Ecologia Humana da Escola
de Chicago proposta por Park, Burgess e Mackenzie do início do século XX, quando
estudaram os fenômenos sociais surgidos na cidade de Chicago após esta ter recebido
grande fluxo migratório em razão do processo de industrialização, gerando em razão deste
diversos problemas entre eles, o crime. Neste contexto, também se considerou a Teoria da
Anomia de Émile Durkheim, adaptada por Robert Merton, que diz ser o crime resultado da
não realização dos objetivos por parte dos membros da sociedade por causa da falta de
meios que proporcionasse a realização, gerando a desregulação social e o crime, como
consequência.
A escolha de uma abordagem teórico-metodológica e de um método específico
para estudo e análise de fenômenos sociais, como a violência, especificamente na forma
de homicídios, foi uma tarefa árdua tanto pelo seu caráter interdisciplinar como também
pelo poucos estudos que tratasse especificamente o assunto como problema social. A
183
maioria das produções existentes aborda o assunto como problema de saúde pública e da
epidemiologia, da criminologia, da psicologia, das ciências jurídicas e ciências aplicadas e
humanas, com destaque para a sociologia. A Geografia, via de regra, aborda o assunto
pelo viés do espaço, ou seja, as formas de violências são estudadas como eventos
espaciais e por isso, buscam saber onde estão localizadas, onde concentram e assim por
diante, esquecendo de considerar as demais dimensões do fenômeno estudado, que como
este vai além da dimensão espacial, incluindo no contexto do estudo a pessoa, ou seja, a
vítima, o tempo da ocorrência, como também as circunstâncias em que a forma de
violência ocorreu. Reduzir a utilidade da Geografia, a simples técnicas de especialização de
eventos, seria, dentre as diversas atrocidades capazes de serem cometidas, no mínimo a
clara demonstração de falta de conhecimento a cerca da ciência em questão.
Este emaranhado de abordagens teóricas a cerca do assunto se justifica em
razão da intrincada relação humana, que pela sua intensidade e magnitude que manifesta
causa patologias na sociedade, forçando a adoção de novos hábitos e costumes, tudo em
busca de ambientes que dê um mínimo de segurança e proteção.
Assim, dentre as dificuldades enfrentadas neste estudo, a abordagem teórico-
metodológica é a mais aceitável a meu entender, apesar de ser positivista, ela atrela o
surgimento do crime a explosão demográfica, aumento população marginalizada na
cidade, que geralmente habitam espaços não legalizados da malha urbana, ou seja,
residem em áreas, cuja ocupação deu-se através da ocupação espontânea, local
desprovido da presença da administração pública, portanto dominado pelo crime.
Dos objetivos propostos, todos foram alcançados. A maior dificuldade
encontrada foi em relação à análise espacial das ocorrências de homicídios, cujas razões
foram acima expostas. Considerando o objetivo principal que é “estudar os homicídios
registrados no Município de Cuiabá-MT em 2007, através de sua caracterização pessoal,
contextual, temporal e espacial, com emprego de técnicas de análise espacial”, foi possível
ter um desenho da forma de violência registrada no Município de Cuiabá-MT como um
todo, desde a dimensão pessoal, que caracterizou o perfil da vítima, a dimensão contextual
que tratou das motivações do crime e do meio empregado em sua prática em particular,
como também a dimensão temporal, que mostrou apesar do curto período analisado, o
espaço-tempo em que a forma de violência se concentrou e a dimensão espacial que
através da distribuição dos eventos mostrou onde a forma de violência concentrou
espacialmente no período analisado. Sendo possível verificar a existência de áreas de risco
para a forma de violência homicídios, isto especialmente nas áreas de periferia do espaço
184
urbano da cidade de Cuiabá. E neste contexto, constatou-se que a forma de violência, pelo
menos no que valha ao período de tempo considerado, é um evento característico do
espaço urbano.
Assim, como o objetivo principal, os objetivos específicos foram alcançados,
mesmo diante das consideráveis dificuldades enfrentadas no que diz respeito a meios de
locomoção e logística, forma de armazenamento dos documentos, tanto dos laudos do
IML, como dos BOs da DEHPP, e no que diz respeito ao acesso a Base de Dados SROP
da SEJUSP-MT.
Com base nestes objetivos a pesquisa procurou responder as perguntas acerca
do tema abordado, questões estas peculiares, pois, sua resposta, em muito esclareceram o
assunto abordado. Desta forma, primeiramente quis saber: “Existem no Município de
Cuiabá, grupos de pessoas que por pertencerem a um determinado grupo social, étnico,
econômico e cultural, figure como potenciais vítimas de crimes de homicídios?” Para esta
pergunta, a resposta é sim, pois na análise dos dados, identificou-se a existência de um
grupo de pessoas, em específico, cujas características sócio-demográficas se
assemelham. Para a forma de violência estudada, prevaleceu às vítimas adultas, com
idade entre 20 e 59 anos, do sexo masculino, solteiras, de cor ou raça parda, com baixo
nível de escolaridade, que se ocupavam laboralmente de baixa relevância social, que no
geral exigiam pouco ou quase nenhum conhecimento técnico-científico, e por
conseqüência percebiam baixa remuneração mensal. Em razão deste quadro de exclusão,
as vítimas geralmente residiam em áreas periféricas da cidade. Portanto, faz-se necessário
considerar outras condicionantes responsáveis pelo desenho deste quadro insólito e não
ater somente a característica ou perfil da vítima para explicar o evento em si.
O segundo questionamento, “Se existem zonas espaciais de concentração de
crimes de homicídios?” A resposta, como a anterior, também é positiva, ou seja, é “sim”.
Pois, desde a sistematização dos dados e principalmente após a análise da distribuição de
pontos com o método Kernel de densidade de eventos, cujas localizações foram realizadas
através do sistema de informações geográficas que permitiu a visualização de locais,
áreas, onde houve concentração de ocorrências de homicídios no período estudado.
“A ocorrência de homicídios em Cuiabá-MT obedece a uma lógica temporal
como (período noturno e final de semana) ou sua ocorrência no tempo dá-se de forma
aleatória?”. Considerando a dimensão temporal de ocorrência dos homicídios, cabe
destacar que afirmar algo ou apontar tendência para um determinado evento sustentado
em um único período de tempo, como é o caso de estudo, que tem como espaço tempo de
185
da Anomia, que fala da falta de objetivos e atrela esta falta de objetivos a eclosão do crime.
Entendo que há um esforço em tirar a vida do semelhante quando uma pessoa usa de uma
arma de fogo como meio de solução de conflitos, além de mostrar claramente que a
sociedade está desregulada, e doente socialmente falando, pois expressa a falta de
objetivos, de sonhos, de ideais por parte dos praticantes da violência em questão, pois se
quer pensam ou consideram o futuro, a família, e a liberdade que em termos de
importância para a pessoa humana seria o segundo maior bem a ser zelado, perdendo
apenas para a vida, creio eu ser o bem maior a ser protegido. Talvez um sistema judicial
operante e sério que desse a sociedade a certeza de punição quando da quebra do
contrato social, serviria como elemento desmotivador da prática da violência e do crime e
até de incentivo a adoção de novos valores, especialmente no que diz respeito à vida da
pessoa humana. E claro, neste contexto estaria inserido uma polícia motivada, reta no
cumprimento da sua função, e consequentemente respeitada pela sociedade, onde os
policiais certos do amparo judicial jamais carregavam consigo a prática da violência policial
como forma de punição antecipada dos transgressores da lei, pela certeza da punição do
criminoso preso por ele, mesmo quando este o agrida moral e fisicamente.
A certeza da punição do criminoso, além de motivar a polícia, desmotiva o
criminoso no outro extremo, por entender que a prática criminosa deixa de ser
compensável. E desta forma, pode-se experimentar o recuo nas estatísticas oficiais de
segurança pública, que será refletida no meio social como um todo, esta manifesta em paz
social e claro, qualidade de vida.
A dimensão temporal também mostrou que a forma de violência concentrou em
finais de semana e durante a noite, especialmente no período da madrugada das (00h00
min ás 06h00min). A variável mês do ano por sua vez não desenha um quadro confiável,
isto em razão do curto período de tempo estudado, portanto carente de um período de
tempo de estudo mais longo para mostrar a existência de sazonalidade e de tendências.
Creio que a análise desta variável seria mais proveitosa com uma série histórica da forma
de violência, em particular. Apenas um ano de pesquisa inviabiliza qualquer inferência para
a questão.
Por fim, a dimensão espacial, que trata das variáveis referentes aos locais de
ocorrência da violência na forma de homicídios, como áreas (bairros e localidades) para o
espaço urbano e a área rural (distritos/comunidades). Destas, a zona urbana concentrou
96,1%.
188
na área. A falta de coincidência de áreas entre as unidades das policiais contribui para a
existência de entraves administrativos frutos de imposições e embargos de caráter pessoal
por parte de diretores e comandantes;
c) A atualização da base cartográfica do Município de Cuiabá e sua extensão a
zona rural é outra necessidade a ser efetivada. Com uma base digital atualizada, é possível
espacializar de modo eficaz não só os homicídios, mas as demais formas de violência,
contribuindo para gestão dos eventos violentos registrados pelas instituições policiais de
forma rápida e precisa, por parte dos tomadores de decisões. É conhecendo as vítimas e
os autores dos crimes que se cria condições para combatê-los de forma eficaz. Atualmente,
o levantamento geográfico dos locais de ocorrência com uso de aparelho de GPS acoplado
a viatura policial seria uma medida de extrema importância, pois além de evitar gastos com
levantamentos posteriores, possibilitaria a gestos dos eventos de imediato, como também a
tomada de decisões sustentadas e dados fidedignos, diminuindo em muito a possibilidade
de erros;
d) Também é necessário que políticas públicas sociais sejam implementadas,
por parte do município, do estado e da união, especialmente com investimento no social,
de modo a melhorar o acesso das pessoas aos serviços públicos básicos, como
saneamento básico, escolas, unidades de saúde pública, áreas de lazer e entretenimento.
Consoante a estas políticas, também é preciso que o Poder Público implemente políticas
sociais de combate ao desemprego à concentração de renda e o analfabetismo,
promovendo inclusão social;
A respeito da implementação de políticas públicas e sociais como instrumento
de controle da violência, Zaluar (1996), destaca que um país democrático e justo não pode
existir sem tais políticas. Pois, segundo a autora, os que vivem submetidos a um contexto
social excludente são os mais penalizados em relação, não só ao acesso de bens
materiais, mas ao acesso ao emprego, a saúde, a educação, ao lazer e ao
desenvolvimento pessoal.
e) É necessário criar meios de iniba a entrada ilegal de armas de fogo através
das fronteiras com os países vizinhos, e;
f) E por fim, vê-se a necessidade do efetivo combate das drogas lícitas e
ilícitas, como do comércio ilegal de armas de fogo, pois entende-se que estas substâncias
e as armas de fogo figuram como uns dos principais elementos que promove e alimenta o
crime e a violência em Cuiabá e no País. Sem as drogas muitas dos homicídios em
especial deixariam de ocorrer, pois como podemos verificar grande percentual dos crimes
191
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FILHO, Virgílio Corrêa Filho. História de Mato Grosso. Várzea Grande: Fundação Júlio
Campos. 1994. v. 4. (Coleção Memórias Históricas).
APÊNDICE
205
APÊNDICE 1
Avenida República do Líbano/Rua Jacarandá (próximo ao Hotel Casa Grande) Alvorada 597886 8277420
*End. Incompleto/Rua Amador Tut /Avenida Governador Valadares AEU/ Loteamento Altos da Serra 603997 8277550
**End. Ignorado/Rua Goiás/Rua Vilhena (Igreja Nossa Senhora Aparecida/Paróquia Divino 603703 8277572
Espírito Santo Novo Horizonte
Rua F, Quadra 13, número 03 (próximo a Escola Estadual Professora Zélia Costa de 604241 8269933
Almeida) Núcleo Habitacional Jardim Presidente-II
Rua 15, Quadra 21, Casa 26/Rua 21 (Bar da Família) Conjunto Habitacional Novo Milênio 606901 8273252
592798 8274872
Avenida Hítrio Corrêa da Costa, 850 (Bar do José) Jardim Santa Izabel
Rua Bela Vista, 551 Alvorada 598063 8277866
Avenida V2, Quadra 29, número 30/Travessa J (Bar do Negrão) Nova Esperança-II 610084 8269994
**End. Ignorado (Ponto Considerado/TREVO Avenida República do Líbano/Rua Poxoréo Alvorada 597847 8277282
*End. Incompleto/Avenida Integração 03 (em frente a Igreja Presbiteriana do Brasil) Pedra 90 -1ª Etapa 611960 8271983
Avenida Beira Rio/Avenida Miguel Sutil (Restaurante Anauê) Porto 594473 8272833
Avenida Projetada, Quadra 34 (próximo a Central Funilaria e Pintura) Morada da Serra/Centro América 601401 8278976
*End. Incompleto/Rua 13 (próximo ao Pregão GM) Morada da Serra/Núcleo Habitacional CPA IV-4ª Etapa 603533 8280086
Avenida Dante Martins de Oliveira, Quadra 01, número 57/Rua João Gomes Sobrinho Planalto 603071 8277253
Quadro 8: Distribuição dos endereços de registro de homicídios no Município de Cuiabá-MT, ano 2007.
Fonte: Laudos de Necropsia do IML/POLITEC-MT;
Boletins de Ocorrência Policial do Sistema de Registro de Ocorrências Policiais- SROP/SEJUSP-MT;
Planilhas Mensais da Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção a Pessoa- DEHPP/PJC-MT e,
Livro de Registro Simplificado de Ocorrências Policiais da DEHPP/PJC-MT.
*Endereço Incompleto.
**Endereço Ignorado.
Elaborado e organizado Por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
206
Cont. Quadro 8.
Endereços dos homicídios Coordenadas UTM
Logradouros Bairros/Localidades X Y
*End. Incompleto/Avenida Fernando Corrêa da Costa (em frente a Três Cinco Veículos Jardim das Américas 598813 8274085
607705 8272235
* End. Incompleto/Via de acesso a Eletronorte (próximo ao Lixão) Conjunto Habitacional Novo Milênio
Rua V, número 408/Rua N Nova Esperança-II 610723 8270623
Rua José Carlos de Oliveira (ou Rua C), Quadra 20, número 23 (próximo ao Mercado do 594877 8279055
Paulista) Novo Colorado
**End. Ignorado/Rua Mato Grosso (próximo a Caixa D' Água) AEU/Loteamento Altos da Serra 604951 8277136
601854 8278077
Rua 13, Quadra 13, número 07 Morada da Serra/Tancredo Neves
Rua Ester Marques, 05/Rua Francisval de Brito Cidade Alta 593936 8273962
604188 8277605
*End. Incompleto/Avenida Governador Valadares/Rua Boa Viagem, 34, número 12 AEU/ Loteamento Altos da Serra
Rua 34/Rua Mato Grosso (próximo a Caixa D' Água) AEU/Loteamento Altos da Serra 604963 8277146
601754 8281466
*End. Incompleto/ Avenida Jaime Campos (Mercado Paraíso) Paraíso/ Loteamento Novo Paraíso-II
Rua 18 (ou Rua Paraíso, 123)/ próximo ao Campo Praeirinho 598870 8271829
Rua 63, Quadra 232, número 04/Rua 72 Pedra 90 -2ª Etapa 613572 8271680
Avenida Beira Rio (Rio Cuiabá/próximo ao Museu do Rio) Porto 595738 8273469
Avenida Agrícola Paes de Barros, 1968/Rua Vereador Wilson Alves Denis Jardim Santa Izabel 593453 8274759
*End. Incompleto/Rua Bom Jesus/Rua Dom Antonio Malam Poção 597968 8274656
Avenida Gonçalo Antunes de Barros, 3245 (Cadeia Pública do Carumbé) Carumbé 601742 8277119
Quadro 8: Distribuição dos endereços de registro de homicídios no Município de Cuiabá-MT, ano 2007.
Fonte: Laudos de Necropsia do IML/POLITEC-MT;
Boletins de Ocorrência Policial do Sistema de Registro de Ocorrências Policiais- SROP/SEJUSP-MT;
Planilhas Mensais da Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção a Pessoa- DEHPP/PJC-MT e,
Livro de Registro Simplificado de Ocorrências Policiais da DEHPP/PJC-MT.
*Endereço Incompleto.
**Endereço Ignorado.
Elaborado e organizado Por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
207
Cont. Quadro 8.
Endereços de homicídios Coordenadas UTM
Logradouros Bairros/Localidades X Y
Avenida Tuiuiú, 45/Avenida Professora Alice Freire (próximo a Escola Estadual Dione Augusta Morada da Serra/Núcleo Habitacional CPA 602892 8279465
da Silva Souza) IV-1ª Etapa
Rua 12, Quadra 06, número 21 Assentamento Castelo Branco 599892 8276544
Rua Neblina/Rua Monte Azul (Bar Serra Negra/Centro Comunitário) Planalto 603195 8277063
Avenida Doutor Meirelles (aprox. 1.500m após a ACADEPOL) Osmar Cabral 607002 8274302
Rua D5, Quadra 63, número 04 (Rosi Modas) Parque Cuiabá 602435 8268481
Rua Z, Quadra 10, Lote 11 (próximo a ponte de concreto) Planalto 603820 8276983
Rua 33, Quadra 27, número 72 AEU 2/Três Barras 604623 8280052
Travessas Figueiras, 76 (próximo ao Ferro Velho do Caio) Parque Ohara 602464 8271540
Avenida Guanabara, Quadra 169, Lote 26 AEU/Loteamento Altos da Serra 604569 8277190
Rua 06, Quadra 27, número 517 Jardim Industriário 609982 8269904
Rua Alto Araguaia, Quadra 116 (ou Rua 63, Quadra 116, número 03) Morada da Serra/Núcleo Habitacional CPA II 602217 8279067
Rua Alberto Gomes de Assis, 395 Loteamento Vila Nova do Coxipó 607270 8273054
Rua Amaral Moreira/Rua Fernando Costa (próximo a Panificadora do Netinho) Areão 598636 8275183
*End. Incompleto/Avenida Coxipó Mirim/Ponte de Ferro Distrito Coxipó do Ouro/Zona Rural 609907 8281405
598139 8278991
Avenida República do Líbano/Avenida Hélio Ribeiro (Posto de Combustível Bom Clima) Paiaguás
Quadro 8: Distribuição dos endereços de registro de homicídios no Município de Cuiabá-MT, ano 2007.
Fonte: Laudos de Necropsia do IML/POLITEC-MT;
Boletins de Ocorrência Policial do Sistema de Registro de Ocorrências Policiais- SROP/SEJUSP-MT;
Planilhas Mensais da Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção a Pessoa- DEHPP/PJC-MT e,
Livro de Registro Simplificado de Ocorrências Policiais da DEHPP/PJC-MT.
*Endereço Incompleto.
**Endereço Ignorado.
Elaborado e organizado Por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
208
Cont. Quadro 8.
Endereços dos homicídios Coordenadas UTM
Logradouros Bairros/Localidades X Y
*End. Incompleto/Estrada do Coxipó do Ouro (próximo ao Aterro Sanitário Quilombo) Distrito Coxipó do Ouro/Zona Rural 604012 8285845
*End. Incompleto/Rua Barão de Vila Bela/Avenida Carmindo de Campos (Rancing Car) Assentamento São Mateus 597108 8273364
Rua Jacarandá, 358/Rua Amambaí Alvorada 598238 8277469
AEU/ Assentamento Doutor Fábio 604431 8278194
*End. Incompleto/Rua Sapezal (Igreja Presbiteriana do Brasil) Leite
Avenida São Sebastião/Praça Cai Cai (Paróquia Nossa Senhora da Boa Morte) Goiabeiras 595622 8275396
Morada da Serra/Núcleo 603042 8278996
Rua 02, Quadra 10, Bloco 04 (Bar do Ceará/Praça do CPA-III) Habitacional CPA-III, Setor 2
Rua Amazonas, Quadra 169, Lote 26 AEU/Loteamento Altos da Serra 604515 8277012
Rua 26, Quadra 139/Avenida Nilton Rabelo de Castro (próximo a Torre de Celular) Pedra 90-1ª Etapa 612362 8271281
Rua P1, Quadra 51, número 05 Parque Cuiabá 602741 8267867
Rua E-5/Rua J-10 (próximo ao Campo de Futebol) Nossa Senhora Aparecida 602118 8270644
*End. Incompleto/Rua 07 (próximo a Ponte) AEU 2/Três Barras 604848 8279523
*End. Incompleto/Rua 06, número 02/Avenida Nilton Rabelo de Castro Pedra 90-1ª Etapa 611517 8271602
Rua Alexandre Rodrigues, 384 Dom Aquino 597123 8273801
*End. Incompleto/Rua 09 Nova Esperança-III 609635 8269035
608829 8269395
Rodovia BR-364 (Presídio Central de Cuiabá) Pascoal Ramos
Avenida 08 de Abril/Avenida Ranulfo Paes de Barros (próximo ao CISC OESTE) 594630 8274804
Verdão
Morada da Serra/Núcleo 602991 8279083
Rua 03, Bloco 03, número 201 (Prédio) Habitacional CPA-III- Setor 2
Rua17, Quadra 35, número 284 Bela Vista 600222 8277023
Rua 17, Quadra 35, número 284 Bela Vista 600219 8277024
Quadro 8: Distribuição dos endereços de registro de homicídios no Município de Cuiabá-MT, ano 2007.
Fonte: Laudos de Necropsia do IML/POLITEC-MT;
Boletins de Ocorrência Policial do Sistema de Registro de Ocorrências Policiais- SROP/SEJUSP-MT;
Planilhas Mensais da Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção a Pessoa- DEHPP/PJC-MT e,
Livro de Registro Simplificado de Ocorrências Policiais da DEHPP/PJC-MT.
*Endereço Incompleto.
**Endereço Ignorado.
Elaborado e organizado Por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
209
Cont. Quadro 8.
Endereços dos homicídios Coordenadas UTM
Logradouros Bairros/localidades X Y
Avenida Fernando Corrêa da Costa/Avenida Beira Rio (Açofer) Coxipó 600557 8272471
604417 8286357
*End. Incompleto/Estrada do Coxipó do Ouro (próximo ao Aterro Sanitário Quilombo) Distrito Coxipó do Ouro/Zona Rural
Rodovia Emanuel Pinheiro, MT-251, Quadra 01, número 01 (antigo Bar do Ronaldo) Assentamento Jardim Itapuã 598015 8279875
*End. Incompleto/ Estrada (Caixa D' Água) Recanto das Siriemas 604283 8275542
Morada da Serra/Núcleo 603620 8279630
Rua 143, Quadra 145, Casa 10 Habitacional CPA IV-4ª Etapa
Rua P, Quadra 62, número 20 Pedra 90-3ª Etapa 612164 8272320
*End. Incompleto/Estrada do Coxipó do Ouro (próximo ao Aterro Sanitário Quilombo) Distrito Coxipó do Ouro/Zona Rural 605509 8286609
*End. Incompleto/Rua Adelaide Benvindo (em frente a Igreja Evangélica Pentecostal) Assentamento Jardim Liberdade 608351 8273778
Avenida Doutor Meirelles/Avenida Principal, Quadra 01, Lote 01 Loteamento Novo Milênio 606332 8273458
Rua Neblina/Rua Monte Azul (Bar Serra Negra/Centro Comunitário) Planalto 603199 8277068
*End. Incompleto/Avenida Castro Alves (próximo ao Correios) Jardim Santa Izabel 593516 8274908
Avenida N, Quadra 19, número 05 (Bar Bibitar) Jardim Mossoró 603059 8269769
Rua dos Borolos, 266 (ou Rua Emanuel Pinheiro) Santa Helena 596735 8276743
AEU/Assentamento Doutor Fábio 605510 8279364
Rua Tucunaré/Rua Campo Verde (próximo ao Posto de Assistência Anália Franco) Leite
Rua L, Quadra 66, número 17/Rua 15 Pedra 90- 3ª Etapa 612241 8272513
Quadro 8: Distribuição dos endereços de registro de homicídios no Município de Cuiabá-MT, ano 2007.
Fonte: Laudos de Necropsia do IML/POLITEC-MT;
Boletins de Ocorrência Policial do Sistema de Registro de Ocorrências Policiais- SROP/SEJUSP-MT;
Planilhas Mensais da Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção a Pessoa- DEHPP/PJC-MT e,
Livro de Registro Simplificado de Ocorrências Policiais da DEHPP/PJC-MT.
*Endereço Incompleto.
**Endereço Ignorado.
Elaborado e organizado Por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
210
Cont. Quadro 8.
Endereços dos Homicídios Coordenadas UTM
Logradouros Bairros/Localidades X Y
602462 8276973
Avenida Dante Martins de Oliveira, Quadra (Boyte Explendor) Planalto
Morada da Serra/Núcleo Habitacional CPA- 602703 8278454
Rua 46 (próximo ao EMEB- 1º Tenente Otacílio Sebastião da Cruz) III- Setor 4
Rua Monte Sinai (entrada do Residencial Planalto-II) Planalto 599513 8278644
Avenida B, Quadra 25, Casa 04/Rua 11 Cohab São Gonçalo 602475 8269885
Rua 03, Quadra 113 Morada da Serra/ Loteamento Jardim Brasil 603606 8280182
*End. Incompleto/ Avenida Principal (Igreja São Francisco de Assis) Osmar Cabral 607632 8273702
Avenida V2, Quadra 09(ou Avenida Tsunami Goga) Assentamento Jardim Botânico 610059 8268978
Rua 19/Rua 07, Quadra 35, Casa 15 (Bar do Índio) AEU 2/Loteamento Altos da Glória 604675 8281011
Avenida Beira Rio (Cais do Porto/Rio Cuiabá), Próximo a Sanecap. Porto 604675 8281011
Avenida 72/Rua 57 (próximo ao Mini Estádio) Pedra 90-2ª Etapa 613439 8271421
Avenida Manoel Ramos Lima, 279 (Pantanal Lanches) Coophamil 593457 8273137
Rua Egídia de Souza/Rua Benedito de Souza Paraíso/Loteamento Novo Paraíso-II 601222 8281309
Rua 19, Quadra 44/Rua 13 AEU 2/Loteamento Altos da Glória 605007 8281188
604375 8279574
**End. Ignorado (próximo ao Linhão) Área de Expansão Urbana 2/Três Barras
593399 8273960
Rua Manaus, 243 (fundos do Posto de Combustível Idasa) Cidade Verde
Quadro 8: Distribuição dos endereços de registro de homicídios no Município de Cuiabá-MT, ano 2007.
Fonte: Laudos de Necropsia do IML/POLITEC-MT;
Boletins de Ocorrência Policial do Sistema de Registro de Ocorrências Policiais- SROP/SEJUSP-MT;
Planilhas Mensais da Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção a Pessoa- DEHPP/PJC-MT e,
Livro de Registro Simplificado de Ocorrências Policiais da DEHPP/PJC-MT.
*Endereço Incompleto.
**Endereço Ignorado.
Elaborado e organizado Por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
211
Cont. Quadro 8.
Endereços dos homicídios Coordenadas UTM
Logradouros Bairros/Localidades X Y
**End. Ignorado/Chácara próximo ao Linhão) Morada da Serra/ Loteamento Jardim Brasil 604361 8279341
Rua Amazonas, Quadra 27, número 174 (em frente a H Distribuidora de Gás, Água e Bebidas) Novo Horizonte 603719 8277690
Rua 56, Quadra 195, número 03 Pedra 90-2ª Etapa 613163 8271422
*End. Incompleto/Rodovia dos Imigrantes (Posto de Combustível 10) Distrito Industrial 607021 8269310
Avenida 02/Rua 09, Quadra 19 (Lanchonete Ki-Sombra) Osmar Cabral 607542 8273459
Avenida A, Quadra 02, número 18 (próximo ao Campinho) Jardim Fortaleza 608037 8273508
Rua 10, Quadra 13, número 17/Avenida 30 Jardim Industriário 609366 8269245
Avenida Senador Louremberg Nunes Rocha, Quadra 31, Casa 21 Paraíso/Loteamento Novo Paraíso-II 601368 8281147
Rua 08, Quadra 18, número 278 Osmar Cabral 607752 8273642
Avenida B, Quadra 27, número 02 (Bar do Rony) Cohab São Gonçalo 602537 8269899
Rua 11, Quadra 01, Casa 22 Assentamento Castelo Branco 599948 8276755
Rua 21, Quadra 40, número 11/Rua 23 (Bar Skinão Lanches) Jardim Florianópolis 598690 8280984
Avenida Historiador Rubens de Mendonça (em frente a Costelaria do Gaúcho) Morada da Serra/ Núcleo Habitacional CPA-I 601312 8280416
Rua Alameda 02, Quadra 41, Lote 01/ Rua 25 Morada da Serra/Núcleo Habitacional CPA-III - Setor 5 603704 8278502
Rua 09, Quadra 22, Casa 23/Rua 06 Altos do Coxipó 605070 8271665
Quadro 8: Distribuição dos endereços de registro de homicídios no Município de Cuiabá-MT, ano 2007.
Fonte: Laudos de Necropsia do IML/POLITEC-MT;
Boletins de Ocorrência Policial do Sistema de Registro de Ocorrências Policiais- SROP/SEJUSP-MT;
Planilhas Mensais da Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção a Pessoa- DEHPP/PJC-MT e,
Livro de Registro Simplificado de Ocorrências Policiais da DEHPP/PJC-MT.
*Endereço Incompleto.
**Endereço Ignorado.
Elaborado e organizado Por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
212
Cont. Quadro 8.
Endereços dos homicídios Coordenadas UTM
Rua Doutor Lebrinha, Quadra 63, número 09 Paraíso/ Loteamento Novo Paraíso-II 601521 8281641
Rua 15, Quadra 28, Casa 10 (Bar Santo Antonio) Cohab São Gonçalo 602641 8269874
Rua Bakaeri, Quadra 112, Casa 115 AEU/ Assentamento Doutor Fábio Leite 604068 8277897
Rodovia Elder Cândia/MT-010, Km 08 (aproximadamente 1000m da Estrada Machado) Distrito Nossa Senhora da Guia/Zona Rural 593632 8286217
*End. Estrada Carioca/Assentamento Marcolana (aproximadamente 3 Km do vilarejo) Distrito Aguaçu/Zona Rural 595722 8308317
Rua Olacir de Souza/Rua Benedito de Souza Paraíso/Loteamento Novo Paraíso-II 601224 8281236
Rua Militão/Rua Santos Rocha (próximo ao Posto de Saúde) Jardim Leblon 599197 8275235
Cont. Quadro 8.
Endereços dos homicídios Coordenadas UTM
Logradouros X Y
Rua dos Trabalhadores, 791 Jardim Santa Izabel 592946 8274790
Rua Porto Alegre, Quadra 06, Lote 03 (próximo a PSF) AEU/ Assentamento Doutor Fábio Leite 604941 8278721
Avenida José Torquato da Silva, Quadra 04, número 11/Rua 5A Paraíso/ Loteamento Novo Paraíso-II 602524 8280172
Avenida Tuiuiú, 45/Avenida Professora Alice Freire (próximo a Escola Estadual Dione Morada da Serra/Núcleo Habitacional 602747 8279612
Augusta da Silva Souza) CPA-IV
Rua 31, Quadra 155, número 33 Pedra 90-1ª Etapa 612527 8271016
Avenida Presidente Marques, 413 Quilombo 596436 8275963
Rua Manoel Ferreira Mendonça, 367 (próximo ao Lar da Criança) Bandeirantes 597472 8275065
Rua 04, Quadra 05, Casa 189 Jardim Comodoro 602660 8270441
Rua 23, Quadra 44, número 308 Jardim Vitória 599420 8281917
Rua 27, Quadra 12, número 27 Três Barras 604616 8279685
Avenida Aclimação, 335 (Hospital São Mateus) Bosque da Saúde 598924 8276532
Rodovia BR-364, número 1630 (Posto de Combustível São Mateus) Distrito Industrial 609127 8268833
Rua Frei Quirino ou Rua J/Rua Nicola Sava Leventi (Bar do Pipoca) Novo Colorado 594706 8278833
Rua Caramuru (Praça da Escola Estadual Rafael Rueda- CAIC) Pedra 90-1ª Etapa 611716 8271644
Rua Itaúba, Quadra 19, número 13 (Terreno Baldio) Jardim Gramado 600955 8270490
*End. Incompleto/ Estrada da Comunidade Tranquilo/Fazenda Nossa Senhora da Penha Distrito Coxipó do Ouro/Zona Rural 610022 8284782
Quadro 8: Distribuição dos endereços de registro de homicídios no Município de Cuiabá-MT, ano 2007.
Fonte: Laudos de Necropsia do IML/POLITEC-MT;
Boletins de Ocorrência Policial do Sistema de Registro de Ocorrências Policiais- SROP/SEJUSP-MT;
Planilhas Mensais da Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção a Pessoa- DEHPP/PJC-MT e,
Livro de Registro Simplificado de Ocorrências Policiais da DEHPP/PJC-MT.
*Endereço Incompleto.
**Endereço Ignorado.
Elaborado e organizado Por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
214
Cont. Quadro 8.
Endereços dos Homicídios coordenadas UTM
Logradouros Bairros/Localidades X Y
Rua 12, Quadra 57 (Praça do CAIC) Pedra 90-1ª Etapa 611733 8271603
Rua Espiridião Nelson Nunes, Quadra 09 (ou Rua A) Novo Colorado 594586 8279056
Avenida Coronel Escolástico/Avenida Tenente Coronel Duarte (Parque Morro da Luz) Bandeirantes 597382 8275583
Rua S4, Quadra 117 (Bar do Cebola) Tijucal- Setor 4 606173 8271204
Rua Allan Kardec, 315/Rua Clara Nunes Jardim Santa Izabel 593133 8275222
Rua 15, Quadra 28, Casa 10 (Bar do Luiz) Cohab São Gonçalo 602642 8269872
Rua 09, Quadra 13/ou Avenida Bakaeri/Rua Terena (próximo ao Bar dos Amigos) Loteamento Residencial Itapajé 602353 8268915
607663 8272758
Rua F16, Quadra 16, Casa 06/Rua F 18 Jardim Fortaleza
596849 8273748
Rua Irmã Elvira Paris, 135 (próximo a BEUX Auto Peças Ltda) Dom Aquino
609782 8281286
*End. Incompleto/Avenida Coxipó Mirim/Ponte de Ferro/Chácara Taperão Distrito Coxipó do Ouro/Zona Rural
Paraíso/ Loteamento Novo Paraíso- 601103 8281141
Avenida Torquato da Silva, Quadra 02, Casa 10 (Bar Novo Mato Grosso) II
604819 8279322
Rua 04, Quadra 06, Lote 25 Três Barras
597039 8275494
*End. Incompleto/Rua Pedro Celestino (Praça da República/Calçadão) Centro Sul
598355 8275754
Rua São Luiz/Rua São João (Bar do Sampaio) Lixeira
607479 8273447
Rua 48/Rua 46 (próximo a Caixa D' Água) São João Del Rey
Quadro: Distribuição dos endereços de registro de homicídios no Município de Cuiabá-MT, ano 2007.
Fonte: Laudos de Necropsia do IML/POLITEC-MT;
Boletins de Ocorrência Policial do Sistema de Registro de Ocorrências Policiais- SROP/SEJUSP-MT;
Planilhas Mensais da Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção a Pessoa- DEHPP/PJC-MT e,
Livro de Registro Simplificado de Ocorrências Policiais da DEHPP/PJC-MT.
*Endereço Incompleto.
**Endereço Ignorado.
Elaborado e organizado Por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
215
Cont. Quadro 8.
Endereços dos Homicídios Coordenadas UTM
Logradouros Bairros/Localidades X Y
Avenida Brasília, Quadra 42/Rua Curitiba (Kit net) Novo Horizonte 603653 8277418
Rua 19, Quadra 33, número 27 (Serralheria e Vidraçaria Soares) Jardim Florianópolis 598519 8280836
Morada da Serra/Núcleo Habitacional CPA-IV-4ª 603684 8279954
Rua 131, Quadra 113, Casa 19 (próximo a Mercearia Real) Etapa
Avenida 08 de Abril/Rua Padre Vanir Delfino Cesar (Bar do Boa) Jardim Cuiabá 595298 8275339
Rua Gago Coutinho, 447 (próximo ao Hospital Ortopédico) Araés 597568 8276174
Avenida Doutor Meirelles (Posto de Combustível Brasileirinho) Altos do Coxipó 605209 8271544
Rua Engenheiro Ricardo Franco, 415/Travessa Padre Masserati (Estrela Bar) Centro Sul 597249 8275731
Avenida Alziro Zarur/Rua 35 (Bar Zapata) 599952 8273625
Boa Esperança
Rua Santa Terezinha/Rua Comendador Henrique (próximo a Distribuidora e Mercearia 597591 8273756
Dom Aquino) Dom Aquino
Quadro 8: Distribuição dos endereços de registro de homicídios no Município de Cuiabá-MT, ano 2007.
Fonte: Laudos de Necropsia do IML/POLITEC-MT;
Boletins de Ocorrência Policial do Sistema de Registro de Ocorrências Policiais- SROP/SEJUSP-MT;
Planilhas Mensais da Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção a Pessoa- DEHPP/PJC-MT e,
Livro de Registro Simplificado de Ocorrências Policiais da DEHPP/PJC-MT.
*Endereço Incompleto.
**Endereço Ignorado.
Elaborado e organizado Por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.
216
Cont. Quadro 8.
Endereços dos Homicídios Coordenadas UTM
Logradouros Bairros/Localidades X Y
598721 8275575
Avenida João Gomes Sobrinho, 1035/Rua Nicola Sava Leventi (Bar do Pipoca) Lixeira
Rua 06, Quadra 10, Número 222 Jardim Vitória 600205 8281441
Grande Terceiro/Parque Residencial Beira Rio 598484 8272207
Avenida Beira Rio, Quadra 28, número 27 (Condomínio Vertical)
End. Incompleto/Matagal atrás do Clube Monte Líbano Loteamento Jardim Bom Clima 597815 8278549
Rua 02, Quadra 03, Casa 56/ou Rua Cajá Manga Osmar Cabral 607387 8273901
597866 8277277
End. Incompleto/Ponto Considerado/Trevo da Avenida República do Líbano/Rua Poxoréo Alvorada
Rua Espatódias, 37 (Chácara abandonada) Jardim das Palmeiras 602230 8272438
604204 8277575
End. Incompleto/Rua Governador Valadares (próximo a Lanchonete Big Bom) AEU/ Loteamento Altos da Serra
597943 8277236
Rua Jules Rimet, 100 (Distribuição Center Gás) Alvorada
603691 8280129
Rua 123 (próximo a Igreja Assembléia de Deus) Morada da Serra/Loteamento Jardim Brasil
597062 8273928
Rua Irmã Elvira Paris/Avenida Major Gama (próximo a Prosol) Dom Aquino
611930 8272098
Rua 12, Quadra 54, número 04 Pedra 90
Quadro 8: Distribuição dos endereços de registro de homicídios no Município de Cuiabá-MT, ano 2007.
Fonte: Laudos de Necropsia do IML/POLITEC-MT;
Boletins de Ocorrência Policial do Sistema de Registro de Ocorrências Policiais- SROP/SEJUSP-MT;
Planilhas Mensais da Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção a Pessoa- DEHPP/PJC-MT e,
Livro de Registro Simplificado de Ocorrências Policiais da DEHPP/PJC-MT.
*Endereço Incompleto.
**Endereço Ignorado.
Elaborado e organizado Por: Elcio Bueno de Magalhães, 2010.