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DOI: 10.5212/PraxEduc.v.6i1.

0011

EXPERIMENTOTECA DE MATEMÁTICA: discussões


sobre possibilidades de sua utilização no
processo de ensino e aprendizagem de Matemática

EXPERIMENTATION LIBRARY FOR MATHEMATICS:


discussions about its use in the process of
teaching and learning Mathematics

Renata Cristina Geromel Meneghetti*

Resumo
O presente trabalho discute algumas possibilidades de utilização da Experimentoteca de Matemática (equivalente
a um Laboratório de Matemática) no processo de ensino e aprendizagem dessa ciência. Defende-se que no pro-
cesso de elaboração do conhecimento, os experimentos matemáticos, desde que trabalhados adequadamente,
podem auxiliar na criação de significados dos objetos matemáticos neles contemplados. Nessa direção, focaliza-se
um dos experimentos e suas atividades com o objetivo de indicar as possibilidades de relacioná-las com aborda-
gens alternativas do ensino de Matemática, tais como a Resolução de problemas e a Modelagem Matemática.
O artigo defende a Experimentoteca como uma possível aliada no desenvolvimento de trabalhos alternativos no
ensino dessa disciplina.
Palavras-chave: Experimentoteca de Matemática. Ensino e Aprendizagem de Matemática. Abordagens Alternati-
vas. Educação Básica.

Abstract
This article discusses possible uses of the Experimentation Library for Mathematic (similar to a Mathematics
Laboratory) in the process of teaching and learning Mathematics. It is argued that in the process of knowledge
development, as long as mathematical experiments are properly done, can help in the creation of meanings of
mathematical objects. Taking this into consideration, the article focuses in one of the experiments and its activities
trying to indicate the possibilities of relating it to alternative approaches for the teaching of mathematics, such as
Resolution of Problems and Mathematical Modeling. The article defends Experimentation Library as a possibility for
the development of alternative forms in the teaching of Mathematics.
Keywords: Experimentation Library for Mathematics. Teaching and Learning of Mathematics. Alternative
Approaches. Basic Education.

Introdução denota o significado de subsidiar o trabalho do pro-


fessor com o uso de materiais experimentais em
O termo “Experimentoteca” tem sido com- sala de aula. A ideia principal das Experimentotecas
preendido como um laboratório de Ciências da Na- é funcionar como uma fonte de materiais para que o
tureza, constituindo-se de materiais experimentais professor possa realizar experimentos a fim de en-
disponíveis para a utilização do professor em sala riquecer suas aulas. A criação de uma Experimen-
de aula. toteca foi delineada, em princípio, para o ensino de
Física, Química e Biologia. Uma primeira versão foi
Segundo Tomazello e Schiel (1998, p. 6), “Ex- projetada para o Ensino Fundamental da Educação
perimentoteca é um laboratório das Ciências da Na- Básica.
tureza que pretende racionalizar o uso de material
experimental, da mesma maneira que uma bibliote- Essa Experimentoteca compõe-se de kits
ca pública facilita o acesso de um grande número de que proporcionam ao aluno a oportunidade de re-
publicações a um público extenso”. Compreende-se alização de práticas experimentais em sala de aula
que o termo “racionalizar” posto por esses autores (constituindo-se como recurso pedagógico auxiliar

* Professora doutora do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo. E-mail: rcgm@icmc.usp.br

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na formação e compreensão de conceitos), e tem mo autor, para que haja aprendizagem é ainda ne-
sido adotada por Centros de Ciências, Prefeituras cessária uma atividade mental por parte do aluno, o
Municipais, Institutos Universitários (vinculados à que também é reforçado em Passos (2006, p. 81):
Educação Básica), Parques de Tecnologia ou Clu-
[...] os conceitos matemáticos que eles [alunos] de-
bes de Ciência. Um mesmo acervo atende simulta- vem construir, com a ajuda do professor, não estão
neamente de 20 a 30 escolas e mais de 4 mil alunos em nenhum dos materiais de forma que possam ser
por ano podem usá-lo.1 abstraídos deles empiricamente. Os conceitos se-
rão formados pela ação interiorizada do aluno, pelo
Nesse contexto, numa segunda etapa de im-
significado que dão às suas ações, às formulações
plementação do projeto Experimentoteca, deu-se a
que enunciam, às verificações que realizam.
criação de uma Experimentoteca de Matemática.
Essa é composta de diversas atividades didáticas Por tais motivos, é necessário que o professor,
para o Ensino de Matemática (níveis Fundamental a partir de experimentos ou outros materiais didáti-
e Médio). Tais atividades foram desenvolvidas, na cos, promova uma discussão com seus alunos sobre
maioria das vezes, utilizando-se de materiais expe- os conceitos matemáticos focalizados, auxiliando-os
rimentais ou jogos pedagógicos, visando proporcio- no estabelecimento de relações com outros concei-
nar a construção dos conceitos matemáticos envol- tos, na produção de significados e na sistematização
vidos. do conteúdo. Ou seja, compreendem-se os experi-
mentos como um meio a partir do qual se pode pro-
Neste artigo relato, segundo minha compre-
mover a aprendizagem dos conceitos abordados.
ensão, a constituição desta “Experimentoteca de
Matemática” com o propósito de refletir sobre sua
utilização no processo de ensino e aprendizagem da
disciplina. Portanto, essa pesquisa foca o seguinte
A origem da Experimentoteca de Mate-
questionamento: que possibilidades de trabalhos mática
em sala de aula de Matemática poderiam se dar por
meio da utilização de uma Experimentoteca de Ma- A criação da Experimentoteca de Matemática
temática? ocorreu vinculada a um projeto mais amplo (“Instru-
mentação para o Ensino das Ciências e da Natureza
Compreendo que uma Experimentoteca, uma e da Matemática”) do Centro de Divulgação Cientí-
vez que é constituída de experimentos, remete-nos fica e Cultural da Universidade de São Paulo – São
ao empirismo, corrente filosófica que busca alicerçar Carlos/SP/Brasil (CDCC). Esse projeto tinha como
o conhecimento na experiência. O empirista inglês finalidades principais: desenvolver, produzir e divul-
Locke, por exemplo, concebeu que todas nossas gar materiais didáticos adequados às novas diretri-
ideias são derivadas ou da sensação (experiência zes curriculares para o Ensino Médio das Ciências
exterior) ou da reflexão (experiência interior). (LO- da Natureza, Matemática e suas tecnologias; a fim
CKE, 1980). de colaborar com a formação inicial e continuada
Entretanto, assumo aqui a postura, defendida de professores de Biologia, Física, Química e Mate-
em Meneghetti e Bicudo (2003); Meneghetti (2009), mática, bem como ampliar o acervo do CDCC.2 Tal
de que deve haver um equilíbrio entre o intuitivo (in- projeto foi desenvolvido junto ao CDCC, em parceria
cluindo o experimental) e o lógico no processo de entre a Universidade Federal de São Carlos (UFS-
constituição do conhecimento matemático. O intui- Car) e a Universidade de São Paulo – Campus de
tivo, no caso, inclui o experimental, pois é compre- São Carlos (USP-São Carlos), com apoio do Conse-
endido como um conhecimento de apreensão ime- lho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecno-
diata, podendo ou não ter origem na experiência. O lógico (CNPq), da Financiadora de Estudos e Proje-
lógico é considerado como uma linguagem formal tos (FINEP) e da Vitae Apoio à Cultura, Educação e
por meio da qual sistematizamos/formalizamos o Promoção Social (VITAE).
conhecimento. Essa postura aplicada à ideia da A equipe geral, da qual a autora deste artigo
Experimentoteca implica em compreender que os fazia parte, foi formada por pesquisadores das
experimentos, neste caso, deverão ser seguidos de
áreas de Educação, Química, Física, Biologia e
discussões para que ocorra uma sistematização dos
Matemática, professores do Ensino Médio da rede
conceitos matemáticos envolvidos.
pública, técnicos de laboratórios, alunos dos cursos
Os experimentos, enquanto materiais didáti- de Licenciatura da USP e UFSCar e de programas
cos disponíveis aos professores são aqui compre- de pós-graduação dessas universidades. Essa
endidos, tal como posto por Lorenzato (2006), como composição diversificada permitiu a construção de
possíveis facilitadores da aprendizagem, meios de diálogos transdisciplinares em diferentes níveis,
auxiliar o ensino. Contudo, como salienta esse últi-
2
Vale lembrar que a Matemática não fazia parte do acervo inicial,
1
Informação disponível no site: <http://www.cdcc.usp.br/exper/ o qual contemplava experimentos para o Ensino Fundamental
fundamental> nas áreas de Física, Química e Biologia.

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possibilitando não somente que os produtos obtidos aos professores de Matemática da Educação Básica,
tivessem uma dimensão da visão interdisciplinar do a fim de que os utilizassem em suas aulas, acompa-
conhecimento, como também que todos os seus nhado de um questionário de avaliação para que su-
membros apresentassem ganhos de conhecimentos gestões fossem apresentadas. Esse procedimento
tanto em sua especialidade quanto na integração possibilitou um novo aprimoramento dos materiais
com outras áreas.3 da Experimentoteca de Matemática. No último ano
mencionado, o grupo já não existia, de forma que a
Numa perspectiva interdisciplinar, a equi-
autora deste trabalho, como coordenadora das ati-
pe geral buscou reunir-se em torno de temas que
vidades de Matemática do CDCC, ficou responsá-
pudessem ser trabalhados em diferentes áreas do
vel por acompanhar essa fase de experimentação
conhecimento, com o objetivo comum de contribuir
e aperfeiçoamento do material da Experimentoteca
com o processo ensino e aprendizagem da escola
da Matemática. Após essa fase de aprimoramento
pública. O projeto foi fundamentado em alguns pon-
do material, o CDCC deu início à disseminação da
tos, tais como: a maioria das escolas públicas não
Experimentoteca para outros polos de divulgação.
possui materiais didáticos recentes para o ensino
de Ciências e Matemática e, quando possuem, são Essas foram as etapas que levaram à consti-
obsoletos ou subutilizados; os materiais existentes tuição e aprimoramento da Experimentoteca de Ma-
no mercado nem sempre promovem a contextuali- temática. O experimento focado neste trabalho faz
zação do conhecimento; materiais didáticos inova- parte desse acervo, o conjunto das atividades que
dores muitas vezes não vêm acompanhados de uma o compõe pode ser trabalhado com alunos desde o
proposta de formação de educadores, o que dificil- Ensino Fundamental (a partir da 7a série) até o En-
mente muda a prática pedagógica dos professores; sino Médio (3º ano). A seguir, comenta-se com mais
o ensino, baseado em desafios e na Resolução de detalhes a dinâmica de trabalho no processo de ela-
Problemas, é fortalecido com o uso de materiais di- boração das atividades que compuseram a Experi-
dáticos e kits pedagógicos bem elaborados; a inter- mentoteca de Matemática.
disciplinaridade, bastante enfatizada pelos Parâme-
No processo de elaboração desta Experi-
tros Curriculares Nacionais - PCN (BRASIL, 1997;
mentoteca buscamos desenvolver atividades que,
1999), é difícil de ser incorporada à prática pedagó-
na maioria das vezes, utilizam-se de materiais
gica dos professores.
experimentais e/ou jogos, com o intuito de levar o
Nesse contexto, formaram-se subgrupos de aluno a construir os conceitos subjacentes a essas
trabalho por área; dentre esses se originou um gru- atividades. Os jogos, no caso, são jogos pedagógicos,
po de discussão sobre o ensino de Matemática, mar- ou seja, possuem um caráter educativo e lúdico.
cando a constituição a Experimentoteca de Matemá- (MOURA, 1994).
tica, foco de discussão deste artigo.
O passo inicial desse trabalho consistiu no
levantamento, junto aos professores da Educação
Básica (integrantes do grupo), de temas que apre-
Aspectos metodológicos que embasaram a sentavam maiores dificuldades de ensino. Mediante
construção dos materiais que compõem a diversas discussões, decidiu-se iniciar a elaboração
Experimentoteca de Matemática de materiais didáticos compreendendo os tópicos:
números inteiros, números racionais e Geometria I
O grupo de discussão sobre o ensino de Ma- e II (para o Ensino Fundamental). Posteriormente,
temática, em seu momento inicial (primeiro ano), também foram abordados os tópicos de equações e
foi constituído por dois professores universitários inequações do primeiro grau. Para o Ensino Médio,
(como coordenadores, um matemático e a autora foram desenvolvidos materiais focando os seguintes
deste artigo enquanto educadora Matemática), além conteúdos: funções, análise combinatória, probabili-
de professores do Ensino Fundamental e alunos dos dade, sistemas lineares e matrizes.
cursos de Licenciatura em Matemática de duas uni-
versidades públicas envolvidas. Naquele ano foram Inicialmente, foram elaboradas diversas ativi-
elaborados os experimentos de Matemática para dades para o desenvolvimento de cada um desses
o Ensino Fundamental. No segundo ano, no qual tópicos. Aplicações pilotos foram sendo efetuadas
foram construídos os experimentos para o Ensino pelos professores participantes e por alunos do
Médio, outros professores da Educação Básica par- curso de Licenciatura em Matemática nos estágios
ticiparam do grupo; no caso, esses professores es- supervisionados de disciplinas de Prática de Ensino
tavam vinculados ao Ensino Médio. O terceiro ano ministradas pela autora deste trabalho. Após essa
foi a fase de experimentação e aperfeiçoamento dos etapa e devido à inviabilidade de se reproduzir tudo,
materiais, que ficaram disponíveis para empréstimo algumas dessas atividades foram escolhidas para
compor a Experimentoteca de Matemática. Para tal
3
Reuniões frequentes permitiram o acompanhamento do trabalho escolha, foi levado em consideração as atividades
de cada subequipe (grupos de trabalhos específicos). que haviam sido bem sucedidas nas aplicações pi-

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loto quanto aos seguintes aspectos: clareza da pro- que: “[...] a maior fraqueza da investigação até o pre-
posta; possibilidade de os alunos construírem os sente momento tem sido a dificuldade (e, por vezes,
conceitos envolvidos; e se as atividades eram inte- o desinteresse) em estudar o conhecimento na sua
ressantes (no sentido de favorecer a motivação e o relação com a prática profissional.” Esses autores
envolvimento dos alunos). ainda alertam: “[...] o estudo do conhecimento profis-
sional do professor não pode progredir muito se não
Vale destacar que foi muito importante, na
tiver como referência sua prática e as condições em
fase de elaboração dos materiais, a participação e
que esta se desenvolve.”
o envolvimento de professores da Educação Bási-
ca, o que proporcionou ao grupo um vínculo maior Assim, a integração unversidade-escola apre-
com questões referentes ao ensino e aprendizagem senta-se como fundamental para o desenvolvimento
de Matemática em sala de aula. Além disso, ao se da Educação, em especial quando se trabalha com
considerar as vivências desses professores com o desenvolvimento de materiais didáticos para o en-
processo de ensino e aprendizagem da disciplina, sino e a aprendizagem de Matemática. Portanto,
foi possível uma maior adequação dos materiais re- entende-se que foi muito valiosa e importante essa
ferente aos pontos que esses professores relatavam interação com professores da Educação Básica no
suscitar maiores dificuldades entre os alunos. Isso processo de constituição da Experimentoteca de
pode também ser observado no depoimento de uma Matemática.
das professoras:
[...] Tendo sempre em mente as dificuldades en-
contradas por nós professores, principalmente os A composição da Experimentoteca
da rede estadual, em sala de aula, os kits até então
propostos são em geral simples para serem apli- Atualmente, a Experimentoteca completa do
cados, e contemplam as maiores dificuldades dos CDCC é constituída por 98 kits, sendo 61 do Ensino
alunos, sejam eles do Ensino Fundamental ou Mé- Fundamental e 37 do Ensino Médio. Contém basi-
dio. (Professora L1).4 camente materiais experimentais, além de vídeos,
Ademais, ao participarem do projeto e se mapas, modelos e jogos, os quais possibilitam a ex-
questionarem sobre as dificuldades de seus alunos, perimentação por parte dos alunos, havendo mate-
os professores foram também levados a refletir so- rial para 10 equipes de alunos trabalharem simulta-
bre suas práticas em sala de aula ou repensá-las, neamente sobre cada tema. Contempla as áreas de
como apontado no seguinte relato: “Enquanto pro- Física, Química, Biologia e Matemática.
fessora, a minha participação na elaboração dos A parte de Matemática, que denominamos de
materiais pedagógicos, me proporcionou crescimen- Experimentoteca de Matemática, é constituída por
to profissional e uma reflexão sobre a minha prática 22 kits experimentais, sendo 14 referentes a conte-
[...] pude inovar e trocar experiências com outros údos do Ensino Fundamental e oito relacionados a
profissionais.” (Professora L2).5 conteúdos do Ensino Médio, de acordo com o Qua-
Observa-se que esse ponto de refletir sobre dro 1:
a prática é muito destacado em referências de edu-
cadores preocupados com a formação do professor.
Para Gómez (1992), a reflexão implica a imersão
consciente do homem no mundo de sua experiência,
um mundo carregado de conotações, valores, inter-
câmbios simbólicos, correspondências afetivas, in-
teresses sociais e cenários políticos: “O profissional
competente actua refletindo sobre a acção, criando
uma nova realidade, experimentando, corrigindo e
inventando através do diálogo que estabelece com
essa mesma realidade [...]” (GOMÉZ, 1992, p. 110).
Na Educação Matemática, Oliveira e Ponte
(1997, p. 13), em um levantamento que realizaram
sobre o professor de Matemática, suas concepções,
saberes e desenvolvimento profissional, destacam

4
A professora L1 leciona em uma escola do Ensino Médio da rede
pública e também no Ensino Fundamental de uma escola parti-
cular.
5
A professora L2 atua no ensino público, nos níveis Fundamental
e Médio.

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Quadro 1 - Kits experimentais da Experimentoteca de Matemática

ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO MÉDIO


Operações com Números Inteiros Estudo da Poluição numa Aula de Matemática
Jogo do Dinossauro O Jogo dos Discos
Bingo das Retas Fracionárias A Tábua da Fortuna
Representação das Frações (estojo das frações) Genética e Combinatória
Jogo da Trilha Geométrica Jogando e Ganhando
Construindo Tangram com Dobraduras Sinal de uma Permutação
Um Pastor Esperto Futebol e os Cartolas
Atividades sobre Ângulos Permutações, Arranjos e Combinações
Mico dos Poliedros
Estimando Alturas
Pontos Notáveis
Representação do Teorema de Pitágoras
Uma Balança para Introduzir Equações do 1º Grau
Uma Balança para Introduzir Inequações do 1º Grau
Fonte: A autora.

Para cada um desses kits experimentais há Integrado de Ciências e Matemática para Professo-
um roteiro para os alunos e um roteiro para o pro- res de Rede Pública de Ensino de São Carlos” da
fessor. Em ambos constam: o título, uma introdução, UFSCar. (SALVADOR et al., 2003). Essa versão
uma ou mais questões prévias, o objetivo do expe- preliminar foi apresentada ao grupo de discussão
rimento, os materiais e procedimentos necessários sobre o ensino de Matemática com o propósito de
para o desenvolvimento do experimento e questões compor uma das atividades da Experimentoteca
de reflexões para o desenvolvimento das atividades do Ensino Médio. Correções e adaptações foram
ou fechamento das mesmas. No roteiro do professor sendo realizadas a partir de discussões com todos
há também discussões complementares e suges- os integrantes do grupo, no sentido de aperfeiçoar
tões para o desenvolvimento de outras atividades aspectos metodológicos das atividades, tais como a
correlatas. forma de propor e analisar a situação, levantamento
de questões importantes para o desencadeamento e
Atualmente, esse material está disponível no
fechamento das atividades e também para promover
CDCC para empréstimo aos professores da rede
reflexões sobre o tema.
pública e particular do município de São Carlos e
região. Um trabalho de disseminação desse material Assim, esse grupo preocupou-se com a forma
para outros centros de Ciências em todo território de apresentar e explorar as atividades, a proposta
nacional tem sido efetuado pelo CDCC. A seguir, um do desenvolvimento do kit experimental, de forma
dos experimentos de Matemática será focalizado a que o aluno pudesse manipular o material, fazer
fim de discutir algumas possibilidades metodológi- uma simulação da situação por meio de experimento
cas para sua utilização em sala de aula. e, a partir disso, o conteúdo ser trabalhado. Por fim,
foram desenvolvidos os roteiros do professor e do
aluno para acompanhar e orientar o experimento.
Um exemplo de kit experimental de Mate-
Um dos principais objetivos desse kit é desen-
mática: “Estudo da Poluição numa Aula de volver aulas a partir de experimentos que simulam o
Matemática” processo de poluição e o processo natural de recu-
peração de um lago. O início das atividades se dá
Como exemplo dos kits pedagógicos desen- com a simulação de um problema real sobre polui-
volvidos para o ensino e aprendizagem de Matemá- ção no Meio Ambiente.
tica, neste artigo focalizo um constituído de diversas
atividades experimentais, que relacionam Matemáti- O conjunto de atividades que compõe o kit
ca e meio ambiente ao abordar o tema “a poluição experimental proposto para esse tema pode ser tra-
de lagos”. balhado com alunos desde o Ensino Fundamental (a
partir da 7a série) até o Ensino Médio (3º ano), visto
Esse assunto foi primeiro mencionado por que o problema inicial pode ser retomado em níveis
Sandefur (1992); ocasião na qual o autor se con- cada vez mais elaborados e aprofundados, configu-
centra na ingestão de drogas pelo organismo e, ao rando uma nova situação-problema.
final, sugere que o problema das drogas pode ser
retrabalhado em termos de poluição. Uma primeira O material é constituído de quatro fichas de
aplicação dessas ideias foi introduzida a professo- atividades, com a realização de um experimento na
res que atuavam junto ao Ensino Médio no “Projeto fase inicial e outro na fase final (ocasião em que a si-

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tuação-problema inicial sofre variações que exigem purifiquem ¼ do volume de água do lago durante
a realização de um novo experimento). qualquer período de 24 horas.”
A título de ilustração, será apresentada na ín- Use um vasilhame transparente para repre-
tegra a primeira ficha de atividades (versão do alu- sentar o lago e adicione quatro copos de água ao
no) e as demais serão comentadas resumidamente. vasilhame para simular a água do lago. Represente
Na sequência, tomo esse experimento para discutir o produto poluente por 16mL de corante, ou seja,
sobre algumas possibilidades didático-pedagógicas utilize o conta-gotas para adicionar 16 gotas de co-
referentes à sua utilização no processo de ensino e rante ao vasilhame (cada gota corresponde a 1mL).
aprendizagem de Matemática. Veja a Figura 1.

Figura 1

NOME_______________________________
ESCOLA_____________________________
EQUIPE__________________SÉRIE______
PERÍODO________________ DATA_______

Roteiro do aluno
Podemos simular o processo natural de des-
Objetivo: Esta atividade tem múltiplos objetivos:
evidenciar a importância do ferramental matemático poluição do lago removendo um copo de água colo-
no estudo e resolução de problemas que ocorrem rida do frasco e recolocando um copo de água pura,
ou naturalmente, ou como consequência da inter- como na Figura 2 a seguir.
venção do homem na natureza, desenvolvimento
Figura 2
da cidadania, incentivar a reflexão e desenvolver o
espírito crítico do aluno no que diz respeito a essa
intervenção.
Material:
• 3 vasilhames transparentes
• 1 copo plástico
• 1 frasco com corante
Observação: O primeiro vasilhame deverá ser utili-
zado para armazenar a água limpa, a qual será uti-
lizada para repor a água do “lago” em cada etapa
de sua despoluição; o segundo vasilhame deverá Questões:
representar o “lago” e o terceiro deverá ser utilizado
para armazenar a água removida do “lago”. 1. Quanto de poluição permanece no vasilha-
me?
Procedimento: Este kit deve ser utilizado com a
supervisão do professor, que deverá orientar as 2. Assuma que mais nenhum poluente seja
atividades a serem desenvolvidas em cada etapa. adicionado ao lago. Quanto de poluição é
Sugere-se que a classe seja dividida em pequenos eliminado do lago após as próximas 24 ho-
grupos. ras?
3. Represente este processo removendo um
ATIVIDADE 1 copo de água colorida e acrescentando um
“Suponha que em um habitat constituído por copo de água limpa.
um lago de águas límpidas, com vegetação e es- Suponha que n represente o n-ésimo perío-
pécimes característicos, seja despejada certa quan- do de 24 horas considerado e que a(n) represente a
tidade de um produto poluente e que ocorra um quantidade de poluente ao final do n-ésimo período
processo de despoluição natural, promovido pelos de 24 horas.
seres vivos pertencentes a esse habitat. Em uma
descrição simplificada desse processo natural de Continue o experimento para 1, 2, 3, 4... pe-
despoluição, suponha que os seres vivos do lago ríodos de tempo e descreva o que você observou

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em cada um dos passos efetuados, registrando a Em seguida, o problema é aprofundado ao
quantidade de poluente restante (em mL) após cada considerarmos uma nova situação (ficha de ativida-
período. (Use o verso da folha). de 3), a saber: “Considere agora que a cada período
de 24 horas uma nova quantidade (fixa) de poluente
Com os resultados obtidos, complete a tabela
é adicionada ao lago e que ocorra, também a cada
abaixo. Utilize uma calculadora para acompanhar os
período de 24 horas, um processo de despoluição
cálculos que serão realizados.
natural de ¼ do volume de água.”
Período de 24 horas (n) Poluente (mL) a(n) Um novo experimento é realizado, novas
0 – 24 n=1 16 questões são colocadas e outros conceitos são tra-
24 – 48 n=2 balhados. O problema pode ainda ser mais aprofun-
dado acrescentando-se a seguinte situação (ficha
48 – 72 n=3
de atividade 4): “Para estudar a relação entre o lago
72 – 96 n =4 e um reservatório de tratamento de água, parte da
96 – 120 n =5 água poluída do lago será encaminhada para tra-
120 – 144 n =6 tamento no reservatório e logo após retornará ao
144 – 168 n =7 lago. Além disso, uma nova taxa de poluição será
acrescida.”
4. Supondo que o volume total de líquido no Novamente realiza-se o experimento e outras
lago (água + poluente) seja 100mL, deter- questões são colocadas. Nessa fase são abordados
mine qual fração desse volume representa os conceitos de sistemas lineares e matrizes.
a quantidade de poluente em cada período
de tempo da tabela acima.
5. Pesquisar quais são as substâncias neces- Algumas considerações metodológicas so-
sárias para fazer um detergente. bre este kit experimental: algumas possibili-
6. Quais são as consequências de uma quan- dades didático-pedagógicas
tidade elevada de detergente num lago com
peixes? Explique. Um aspecto interessante que se pode ob-
servar em relação ao experimento abordado é que
na resolução das atividades poderão ser discutidos
Comentários sobre a continuidade do expe- diversos conteúdos, tais como: funções lineares,
rimento progressões geométricas, logaritmos, sistemas de
equações e matrizes. Além disso, no desenvolvi-
Essa é a primeira ficha de atividade do expe- mento das atividades do kit analisado fica evidente
rimento correspondente à situação-problema: “Su- que conceitos algébricos e geométricos estão interli-
ponha que em um habitat constituído por um lago gados e podem ser utilizados de modo complemen-
de águas límpidas, com vegetação e espécimes tar na análise de um problema.
característicos, seja despejada certa quantidade de
Destaco também que no material apresentado
um produto poluente e que ocorra um processo de
uma mesma situação-problema pode ser desenvol-
despoluição natural, promovido pelos seres vivos
vida em níveis cada vez mais elaborados e, portan-
pertencentes a esse habitat. Em uma descrição sim-
to, seguindo a abordagem do currículo em “espiral”.
plificada desse processo natural de despoluição, su-
No desenvolvimento do currículo em espiral, como
ponha que os seres vivos do lago purifiquem ¼ do
proposto por Bruner (1968), as ideias básicas de-
volume de água do lago durante qualquer período
vem ser retomadas diversas vezes, em diferentes
de 24 horas.”
níveis de profundidade e modos de representação,
Os conteúdos abordados nessa fase do ex- elaborando-as e reelaborando-as até que o aprendiz
perimento envolvem operações numéricas e introdu- adquira por completo sua formulação sistemática.
ção aos conceitos algébricos. Segundo Bordas (1987, p. 86), para Bruner: “[…] a
recompensa de uma compreensão mais profunda é
Na sequência, ainda referente a essa situação
o estímulo mais poderoso [...] para levar o indivíduo
problema, é proposta uma segunda ficha de ativida-
a novos e mais árduos esforços.”
des. Essa é dividida em três partes (A, B e C) e tem
por objetivo apresentar as abordagens recursiva, al- Entretanto, vale ressaltar que é preciso tomar
gébrica e gráfica para a situação apresentada. muito cuidado e trabalhar para que os conteúdos
matemáticos envolvidos nas atividades contempla-
Na resolução da segunda ficha de atividade
das na Experimentoteca de Matemática sejam dis-
aparecem também os conceitos de progressão geo-
cutidos com os alunos e, na sequência, sistematiza-
métrica e função logarítmica; além disso, a situação,
dos. A sistematização é importante porque é preciso
nesse momento, é trabalhada apenas na forma
institucionalizar o saber. Freitas (2008), com base
literal.

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principalmente no trabalho de Brousseau (1986), para a qual os estudantes não possuem métodos ou
destaca que nas situações de institucionalização o regras prescritas ou memorizadas, nem a percepção
professor procura unificar e sintetizar o conhecimen- de que haja um método específico para chegar à so-
to que todos os alunos produziram, visando estabe- lução correta.
lecer o caráter de objetividade e de universalidade
No ensino de Matemática através da Resolu-
do conhecimento.
ção de Problemas, o aluno assume um papel parti-
Além disso, entende-se que atividades da Ex- cipante e ativo no processo de aprendizagem e os
perimentoteca, como as que estão contempladas no problemas são olhados como elementos que podem
experimento ilustrado, podem ser incorporadas em iniciar um processo de construção do conhecimento.
trabalhos com abordagens alternativas de ensino de (ONUCHIC, 1999).
Matemática, tais como a Resolução de Problemas e
Nesse sentido, compreende-se que as ativi-
a Modelagem Matemática. A seguir, busca-se foca-
dades contempladas na Experimentoteca de Mate-
lizar cada uma dessas abordagens a fim de ampliar
mática podem ser trabalhadas dentro da abordagem
e justificar essa compreensão.
de Resolução de Problemas, uma vez que nessa
Experimentoteca o conteúdo matemático é tratado
a partir de um jogo, um experimento ou um conjunto
Sobre a resolução de problemas
de problemas, nos quais se incentiva a construção
do conhecimento pelo aluno.
Schroeder e Lester Jr. (1989) analisaram di-
ferentes trabalhos referentes ao ensino da Resolu- Quanto ao experimento focalizado neste arti-
ção de Problemas e destacaram três abordagens go, entende-se que as atividades nele contempladas
distintas, a saber: ensinar sobre Resolução de Pro- poderiam ser trabalhadas na abordagem de Resolu-
blemas, ensinar para a Resolução de Problemas e ção de Problemas, pois se propõe um conjunto de
através da Resolução de Problemas. O ensino atra- problemas em torno de uma situação principal e de
vés da Resolução de Problemas, abordagem aqui seus desdobramentos. Assim, condiz com o que é
adotada, considera que a aprendizagem da Mate- posto nessa abordagem, ou seja, o conteúdo a ser
mática deve partir de uma situação-problema para aprendido inicia com uma situação de aprendizagem
posteriormente tratar os conceitos e os procedimen- através de um ou vários problemas-desafio significa-
tos matemáticos. Nesse contexto, Onuchic (1999) tivos aos alunos. (ONUCHIC, 1999).
considera essa abordagem como uma metodologia
Como enfatizado pelos PCN, na Resolução
para o ensino de Matemática. Vale salientar que os
de Problemas, o tratamento de situações complexas
PCN também indicam a Resolução de Problemas
e diversificadas oferece ao aluno a oportunidade de
como ponto de partida das atividades Matemáticas.
pensar por si mesmo, construir estratégias de reso-
(BRASIL, 1997).
lução e argumentações, relacionar diferentes conhe-
A Resolução de Problemas enquanto meto- cimentos e, enfim, perseverar na busca da solução
dologia surge para alterar a postura do ensino do problema em questão. (BRASIL, 1999). Por isso,
tradicional, na qual os problemas são simplesmente a Resolução de Problemas é considerada uma abor-
propostos e resolvidos e sugere-se que se ques- dagem apropriada para que os alunos compreen-
tionem as respostas obtidas e os próprios problemas dam a Matemática. (SCHOROEDER; LESTER JR.,
propostos, enfatizando o processo de descoberta e 1989).
não a resposta em si. (DINIZ, 1991). Nessa meto-
dologia, o conteúdo a ser aprendido inicia-se com
uma situação de aprendizagem através de um ou Sobre a Modelagem Matemática
vários problemas-desafio significativos aos alunos;
o conteúdo desconhecido aos alunos vai então Segundo Bassanezi (2002, p. 16), a Modela-
sendo construído. (ONUCHIC, 1999; ONUCHIC; gem Matemática consiste “[...] em transformar
ALLEVATO, 2004). problemas da realidade em problemas matemáticos,
resolvê-los e interpretar suas soluções na linguagem
Para Smole et al. (2008), a primeira caracte-
do mundo real”. Isso é feito por meio de modelos
rística dessa abordagem metodológica é considerar
matemáticos, os quais são compreendidos como “um
como problema toda a situação que permita uma
conjunto de símbolos e relações Matemáticas que
problematização. De acordo com ONUCHIC (1999,
representam de alguma forma o objeto estudado”.
p. 215) um problema pode ser entendido como “[...]
(BASSANEZI, 2002, p. 20). A modelagem é, por-
tudo aquilo que não se sabe fazer, mas que se está
tanto, uma forma de representação da realidade; um
interessado em resolver [...]”; ou seja, é uma situa-
processo que alia teoria e prática e que pode ser
ção que se apresenta como desafiadora ao aluno.
concebido tanto como método científico de pesquisa
Assim, Van de Walle (2001) destaca que, no contex-
como uma estratégia de ensino e aprendizagem.
to da Resolução de Problemas, um problema pode
(BASSANEZI, 2002).
ser entendido como qualquer tarefa ou atividade

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Experimentoteca de Matemática: discussões sobre possibilidades de sua utilização... 129
No que se refere ao ensino e aprendizagem Sobre uma aplicação do experimento
de Matemática, como salienta Silva (2006), a Mo- focado
delagem Matemática constitui uma alternativa na
qual se busca compreender e explicar situações ide- Uma aplicação desse experimento para alu-
alizadas a partir da observação e problematização nos do Ensino Médio foi feita por uma das profes-
do mundo real e expressá-las por meio de modelos soras que participou, durante o segundo ano do
matemáticos. Em tal cenário, Barbosa (2001, p. 6) projeto, do grupo de discussão sobre o ensino de
apresenta a modelagem como “[...] um ambiente de Matemática (Experimentoteca/CDCC) e foi apre-
aprendizagem no qual os alunos são convidados a sentada como relato de experiência num congresso
indagar e/ou investigar por meio da Matemática, si- científico. A professora trabalhou esse material num
tuações oriundas de outras áreas da realidade.” Sa- contexto mais amplo de consciência ambiental em
lienta esse autor que tais situações podem pertencer um trabalho interdisciplinar. De acordo com seu rela-
a outras disciplinas ou fazerem parte do cotidiano. to, inicialmente foi feito um levantamento de textos,
O mesmo autor apresenta algumas possi- relacionados às áreas de Biologia, Filosofia e Geo-
bilidades que ilustram a materialização da mode- grafia, com o propósito discutir o tema meio ambien-
lagem em sala de aula e as classificam em três te em seu sentido mais amplo. Após a escolha de
níveis, nos quais à medida que se avança aumenta- vários textos, os alunos foram divididos em grupos
se o grau de abertura das atividades ou situações de, no máximo, cinco estudantes e foi distribuído a
contempladas. cada grupo um tema para ser discutido. Na sequên-
cia, os grupos apresentaram seus trabalhos, discuti-
O nível 1 corresponde a uma problematização ram em conjunto com a classe, e apresentaram suas
de um episódio real. Nesse nível, problemas são conclusões. Depois dessas atividades preliminares
associados a uma dada situação. As informações de leitura de textos e reflexão, os grupos passaram
fornecidas no texto da situação apresentada possi- a trabalhar o kit experimental para o estudo da po-
bilitam que o aluno a investigue. luição do lago numa aula de Matemática. Em seu
No nível 2, o professor apresenta um proble- relato de experiência, a professora ainda destaca
ma, sendo que os dados são coletados pelos pró- o caráter inovador do material e importância de se
prios alunos durante a investigação. abordar os conteúdos matemáticos de forma signifi-
cativa aos alunos.
O nível 3 foca um tema gerador e são os alu-
nos que formulam e solucionam os problemas. No decorrer das aulas, pude perceber que o estudo
de poluição do lago através de experimentos, além
Neste artigo, concebe-se que o experimento
de configurar uma aula inovadora para os estudan-
abordado poderia também ser compreendido dentro tes, trouxe a possibilidade de os alunos levantarem
da abordagem de Modelagem Matemática, pois ele hipóteses e trabalharem com aproximações simpli-
problematiza uma situação da realidade: a poluição ficadas, e eles obtiveram múltiplas respostas com
do meio ambiente. O que corresponderia ao nível suas respectivas justificativas. Além disso, essas
1 (problematização de um episódio real) da classi- aulas contribuíram de modo geral para dar mais
ficação posta por Barbosa (2001), referente às pos- significado aos conteúdos matemáticos vistos em
sibilidades que ilustram a utilização da Modelagem sala de aula, fazendo com que os alunos compre-
endessem mais a fundo um conteúdo apresentado
Matemática em sala de aula.
pelo professor, levando-os a pensar e refletir sobre
Jacobini e Wodewotzki (2006) salientam que, questões que envolvem Matemática no dia a dia.
ao explorar as aplicações Matemáticas no dia a dia, (BOTTA, 2007, p. 10).
a construção de modelos e o relacionamento entre Essa professora alerta que o estudo da polui-
a Matemática utilizada na modelagem e o conteúdo ção de rios, lagos, oceanos pode ser consequência
programático, o professor oferece ao aluno a opor- de uma interferência inadequada do homem na na-
tunidade de conviver com conteúdos vivos, práticos tureza. Daí a importância de refletirmos sobre os
e significativos. hábitos de consumo e de estilo de vida da população
Para Almeida e Brito (2003) a atividade de de forma geral. Ou seja, o material aborda um tema
Modelagem Matemática na sala de aula envolve o de grande importância no cenário atual.
aluno na construção, exploração e validação de mo- A experiência acima reforça a percepção de
delos matemáticos, visando o desenvolvimento de que esse experimento favorece a conscientização
um pensamento crítico e reflexivo no estudante.
do aluno no que se refere a problemas ambientais,
Portanto, enfatizam esses últimos autores busca tornar a Matemática mais concreta (o aluno
que a exploração no ensino de situações da vida manipula o material, faz suas observações e tira
real em que se aplique a Matemática torna a aula de suas próprias conclusões) e mostra a possibilidade
Matemática mais dinâmica e interessante, podendo de utilizar a Matemática para compreensão e supe-
proporcionar uma aprendizagem mais significativa. ração de problemas reais, compreendendo inter-

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disciplinaridade, Matemática e formação cidadã do Severino (1998) coloca que em Piaget a


aluno. aprendizagem é fundamentalmente um processo
de conhecimento que se dá como um processo de
Isso vai ao encontro do posto por Jacobini e
desenvolvimento psíquico, embora ancorado em
Wodewotzki (2006), que enfatizam a importância de
condições estruturantes da subjetividade lógica. De
se incluir no processo e ensino de aprendizagem
acordo com esse autor, o construtivismo piagetiano
de Matemática projetos de modelagem que visem
não dá conta do processo educacional, porque a
à formação crítica e ao amadurecimento acadêmico
educação enquanto prática social, não se limita aos
do aluno; construídos a partir de situações-problema
processos de aprendizagem. Assim, ainda segun-
do cotidiano do mesmo, e que busquem aprofundar
do o autor, a teoria do psicólogo russo (Vygotsky)
reflexões geradas pelas investigações realizadas,
avança em relação ao construtivismo piagetiano, ao
pelas consequências disso na sociedade e no envol-
inserir melhor o dimensionamento lógico-formal do
vimento do estudante com a comunidade. Almeida
conhecimento no processo histórico-social em que
e Dias (2004) também destacam que, por meio da
ele se dá. Para Vygotsky, a constituição da subjeti-
Modelagem Matemática, a relação com a socieda-
vidade está necessariamente ligada à intersubjetivi-
de pode ser fortemente estimulada em sala de aula,
dade.
uma vez que o problema investigado pelo aluno tem
nela a sua origem. Buscou-se elaborar as atividades da Experi-
mentoteca de Matemática dentro da concepção de
que o sujeito constrói seu conhecimento, comum à
Considerações Finais teoria de Piaget e à de Vygotsky. Entretanto, compre-
ende-se que, tal como posto na teoria desse último,
Primeiramente, é necessário esclarecer a constituição da subjetividade está necessariamen-
que a Experimentoteca de Matemática está sendo te ligada à intersubjetividade. Essa intersubjetivida-
compreendida neste artigo dentro de uma postura de fez-se presente na elaboração das atividades
construtivista de conhecimento, segundo a qual o que constituíram a Experimentoteca, visto que as
conhecimento é concebido como construtível e falí- trocas de experiências e ideias foram fundamentais
vel. Falível no sentido de não ser absoluto, estando na fase de criação das mesmas. Além disso, no que
sempre suscetível a revisões; e construtível, por ser se refere às propostas das atividades a serem rea-
entendido como uma elaboração do sujeito. Nessa lizadas pelos alunos, sugere-se o desenvolvimento
concepção, entende-se que no ato de conhecer o por meio de trabalho grupal, valorizando-se também
aluno desempenha um papel ativo. Compreende- o aspecto social.
se que, tal como já fora posto pelo grande filósofo
Defendo, portanto, que no processo de elabo-
Kant (1997), conhecer é uma função ativa do sujeito
ração do conhecimento, os experimentos matemáti-
e que não podemos conhecer a não ser que nosso
cos, tais como os desenvolvidos na Experimentoteca
próprio espírito crie segundo seus níveis. Vale escla-
de Matemática, desde que trabalhados adequada-
recer que essa concepção é comum tanto à teoria
mente, poderão auxiliar na criação de significados
de Piaget quanto à de Vygotsky, apesar desse último
dos objetos matemáticos neles contemplados. Den-
ter também tido a intenção de analisar as influên-
tro do contexto da Aprendizagem Significativa de
cias do contexto histórico-cultural. (FREITAG, 1991;
Ausubel, um novo conceito deve ser relacionado às
MOYSÉS, 1997).
estruturas de conhecimento do aluno, que adquire
O construtivismo com inspiração na teoria significado a partir da relação com seu conhecimen-
de Piaget, denominado de construtivismo piage- to prévio. Caso isso não aconteça, a aprendizagem
tiano ou radical, baseia-se nos princípios de que o se torna mecânica ou repetitiva, o novo conteúdo
conhecimento é ativamente construído pelo indiví- passa a ser guardado isoladamente ou através de
duo cognicente (não passivamente recebido pelo associações arbitrárias na estrutura cognitiva. As-
meio ambiente); o ato de conhecer é um processo sim, quando não existe esforço consciente para re-
adaptativo que organiza um mundo experimental. lacionar o novo conhecimento, a aprendizagem será
Nesse sentido, não há como descobrir um mundo mecânica e, por consequência, esquecida mais fa-
independente e preexistente fora da mente do co- cilmente. (NOVAK, 1981).
nhecedor. (ERNEST, 1991, 1994). Nessa concepção
Moreira (1995) destaca a importância do ma-
de construtivismo, as aproximações do conhecimen-
terial para a ocorrência da aprendizagem significati-
to a situações concretas ou experimentais devem se
va, segundo esse autor, é necessário que o material
dar mediante uma ação interativa do homem com o
a ser aprendido seja relacionável à estrutura cog-
meio ambiente e/ou com atividades (representar por
nitiva do aprendiz de maneira não arbitrária e não
imagens, comparar, manipular objetos, desenhar,
literal, sendo denominado, assim, um material po-
usar, construir a partir do erro). (FIORENTINI, 1995).
tencialmente significativo.
Salienta-se ainda que, nesse tipo de construtivismo,
todo conhecimento é subjetivo, o que o torna limita- É nesse sentido que se compreende que a
do, pois o papel do social não é considerado. criação de significados pode ser favorecida por meio

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Experimentoteca de Matemática: discussões sobre possibilidades de sua utilização... 131
de materiais didáticos como os da Experimentote- Referências
ca. Visto que há uma preocupação de se colocar as
atividades em princípio de maneira intuitiva, procu- ALMEIDA, L. M. W; DIAS, M. R. Um estudo sobre o uso
rando estabelecer relações com o que o aluno sabe, da modelagem matemática como estratégia de ensino
e ir paulatinamente progredindo por meio de cons- e aprendizagem. Bolema: Boletim de Educação Mate-
truções cada vez mais elaboradas e buscando um mática, Rio Claro, v. 17, n. 22, p. 19-35, 2004.
equilíbrio entre os aspectos intuitivo e lógico do co- ALMEIDA, L. M.; BRITO, D. S. Modelagem Matemática
nhecimento, como sugere a proposta de Meneghetti na sala de aula: algumas implicações para o ensino e
(2009). aprendizagem da Matemática. In: XI CONFERÊNCIA
Mediante a abordagem assumida, compre- INTERAMERICANA DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA,
ende-se que as atividades que compõem a Experi- 11., 2003, Blumenau. Anais... Blumenau: FURB, 2003.
mentoteca de Matemática possuem caráter aberto, p. 1-11.
possibilitando a incorporação de atividades comple- BARBOSA, J. C. Modelagem Matemática e os profes-
mentares ou até a retomada das já existentes com sores: a questão da formação. Bolema: Boletim de
outros níveis de aprofundamento. Isso pode ficar a Educação Matemática, Rio Claro, v. 14, n. 15, p. 5-23,
cargo do professor levando-se em conta as peculia- 2001.
ridades de seus alunos, visando auxiliá-los no pro- BASSANEZI, R. C. Ensino aprendizagem como mo-
cesso de construção do conhecimento. D’Ambrosio delagem matemática: uma nova estratégia. São Pau-
e Steffe (1994) salientam que caberá ao professor lo: Contexto, 2002.
reformular seus conceitos e levantar novas hipóte-
ses a serem testadas em novas situações de ensino, BORDAS, M. C. Desenvolvimento cognitivo e orga-
nização de ensino na perspectiva de J. S. Bruner.
o que deve ser feito com base no modelo de Mate-
In: MOREIRA, M. A.; MOSQUERA, J.; BAQUERO,
mática do aluno; ou seja, é de fundamental impor- R.; BORDAS, M.; BECKER, F. Aprendizagem: pers-
tância considerar o contexto do aluno na aplicação pectivas teóricas. Porto Alegre: UFRGS, 1987.
de propostas para o ensino e a aprendizagem de
Matemática. BOTTA, E. S. Aplicação de atividades abordando o
tema poluição de lagos numa aula de Matemática.
O experimento focado neste artigo ilustra a In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATE-
sugestão de que as atividades propostas na Expe- MÁTICA, 9., 2007, Belo Horizonte. Anais... Belo
rimentoteca de Matemática podem ser incorporadas Horizonte: UNIBH, 2007. p. 1-12.
a abordagens alternativas de ensino de Matemática,
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâ-
tais como a Resolução de Problemas, Modelagem
metros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais.
Matemática, entre outras.
Brasília: MEC/SEF, 1997. v. 4.
Além disso, ao se conceber um Laboratório ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educa-
de Ensino de Matemática como “[...] um lugar da ção Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares
escola onde os professores estão empenhados em Nacionais (PCN) - Ensino Médio. Brasília: MEC/SEF,
tornar a Matemática mais compreensível aos alunos” 1999.
(LORENZATO, 2006, p. 7), a Experimentoteca
BROUSSEAU, N. Fondements et méthodes de la
mostra-se também como uma possibilidade de tra-
didactique des mathématiques. Rechercehes em
balho a ser desenvolvida nesse tipo de espaço. Didactiques des Mathématiques, Grenoble, v. 7, n. 2,
Assim, nesse sentido, compreende-se que a p. 33-116, 1986.
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auxiliá-los a adquirirem uma Aprendizagem Signi-
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portanto, nesse contexto que se entende a Experi-
mentoteca de Matemática como uma possível alia- DINIZ, M. I. S. V. A metodologia “resolução de proble-
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do CDCC. FIORENTINI, D. Alguns modos de ver e conceber o en-
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