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O antagonista principal é o barão Harkonnen, uma figura perversa e bizarra e

interesseira que tem seus momentos de vilão de novela, mas apresenta camadas de
profundidade muito bem desenvolvidas com o passar dos acontecimentos. Ele é
perturbador e perturbado e a gente sente isso conforme seus planos começam a se
desenrolar.

Tem tanta coisa em Duna que é difícil resenhar sem falar demais sobre a história;
uma coisa que achei interessante é que o autor não faz segredo do que vai
acontecer. Se tem uma traição para rolar, ele fala para que a gente esteja ciente
dela vários capítulos antes do acontecimento. Se tem uma morte, ela acontece e
pronto. Se tem uma reviravolta, você sabe que ela está vindo pelo tom da narrativa.
Gostei porque, apesar de não ter o elemento da surpresa, tem a tensão. E ela é
muito bem trabalhada.

O que não ajudou esse livro a se tornar um dos meus favoritos foi o quanto ele era
truncado em algumas partes. Vários capítulos passavam sem que eu visse as páginas
andando, outros demoravam horas para acabar e eu não aguentava mais lê-los. Esse
vai e volta de ritmo narrativo acabou enroscando demais, principalmente no final da
leitura - que deveria ter sido a mais descarga de adrenalina, com tudo que estava
acontecendo.

Grave isto na memória, rapaz, um mundo é sustentado por quatro coisas... o


conhecimento dos sábios, a justiça dos poderosos, a prece dos justos e a coragem
dos bravos.

Não estraga a experiência, mas deixou o tijolo de 680 páginas mais pesado em alguns
momentos.

Num geral, Duna é uma aula de construção de universo e de jogo político, ainda que
não apresente um protagonista não cativante (o que dá para superar assim que você
conhece a Lady Jéssica). Gostei o suficiente para procurar pelo resto da trilogia,
e quem sabe da série, no futuro. E pra ficar ainda mais ansiosa com a estreia do
filme por aqui!

Sinopse: A vida do jovem Paul Atreides está prestes a mudar radicalmente. Após a
visita de uma mulher misteriosa, ele é obrigado a deixar seu planeta natal para
sobreviver ao ambiente árido e severo de Arrakis, o Planeta Deserto. Envolvido numa
intrincada teia política e religiosa, Paul divide-se entre as obrigações de
herdeiro e seu treinamento nas doutrinas secretas de uma antiga irmandade, que vê
nele a esperança de realização de um plano urdido há séculos. Ecos de profecias
ancestrais também o cercam entre os nativos de Arrakis. Seria ele o eleito que
tornaria viáveis seus sonhos e planos ocultos?

Título original: Dune


Autor: Frank Herbert
Editora: Aleph
Tradução: Maria do Carmo Zanini
Gênero: Ficção científica
Nota: 4

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