mente bem, e ultimamente temos sido de fato premiados
Introdução
A paisagem queimada… Tinha uma cor rubra… Parecia
um deserto vermelho. Em meio à vastidão de vermelhidão
nauseante jazia todo tipo de cadáver imaginável. Vi
cadáveres torrados, cadáveres parcialmente queimados,
cadáveres nas sarjetas, cadáveres boiando nos rios,
cadáveres empilhados nas pontes, cadáveres bloqueando
toda uma rua numa esquina, e todo tipo de morte possível
a seres humanos exibida por cadáveres. Quando
involuntariamente desviei os olhos, meu irmão me
repreendeu: “Akira, observe bem… Se fechar os olhos a
uma visão aterradora, você acaba com medo. Se olhar
diretamente para ela, não há nada a se temer”.
- Akira Kurosawa, ao testemunhar as vítimas do
terremoto em Tóquio de 1923, aos 13 anos de idade.
“Fantasmas do Passado”,
uma Aventura de Terror para
L5A 4ª Edição
Primeiramente, meus agradecimentos por estar lendo
agora esta aventura. E acho que nada é mais digno da
minha parte do que iniciar este texto dizendo do que exa-
tamente ela trata. Quais são os seus temas recorrentes e o
que ela oferece, e o que se pode esperar desta aventura
pronta.
Acho que a primeira coisa a se dizer, portanto, seria
que o termo “aventura” não se adequaria muito bem a
Fantasmas do Passado. Normalmente, aventuras prontas
são toda uma sequência interessante de fatos, uma narra-
tiva que leva os personagens dos jogadores a um rumo
mais ou menos determinado de ação. Dificilmente este
volume que você tem em mãos poderia ser considerado
uma aventura propriamente dita neste aspecto. Fantasmas
do Passado seria muito melhor descrita como apenas um
episódio rápido do que uma sequência longa de eventos.
Mas isto é deliberado. Exatamente por possuir uma trama
facilmente apresentada e desenvolvida, ela pode servir a
praticamente qualquer campanha que já esteja em anda-
mento e por algum acaso venha a precisar de uma “reani-
mada”.
Em segundo lugar, o seu tema. Explorar o terror den-
tro de Rokugan dificilmente seria algo original. Muitas
aventuras (oficiais ou não, destas que você pode encontrar
em sites e fóruns de fãs Internet a fora) o fazem genial-
1
com muitas joias raras que o Oriente tem nos concedido
em termos de terror cinematográfico, mas não é exata-
mente neles que iremos nos basear aqui. Orientamo-nos
mais pelo espírito da citação do mestre do cinema japonês
Akira Kurosawa que abre este volume. O medo que o
terror provoca não se encontra necessariamente no sangue
espirrado aos litros, vísceras voando ou pelo simples fato
de estar cercados de zumbis. O ser humano teme aquilo
que desconhece, logo, o medo está no desconhecido,
naquilo que simplesmente não vemos, não entendemos ou
captamos, e que ainda assim parece extremamente amea-
çador.
Mas Fantasmas do Passado também fará uso de al-
gumas figuras folclóricas do xintoísmo japonês. Fato,
muitas dessas criaturas já estão canonicamente represen-
tadas no cenário, mas o incrivelmente sutil e ao mesmo
tempo chocante imaginário mítico japonês de fato ainda
tem muita coisa a oferecer. E um pouco disso acaba
transparecendo aqui. Conhecedores da tragédia Yotsuya
Kaidan, que narra a história de Oiwa Iemon, notarão certa
semelhança entre ela e a personagem homônima desta
aventura.
Fantasmas do Passado também possui moderada fle-
xibilidade geográfica e histórica. O texto original desta
aventura presume que Yume no Mura se localiza em
algum confim do Clã Fênix, mas pode facilmente estar em
qualquer outro ponto ermo do Império. Os personagens
que integram a narrativa também pode facilmente ser
mudados para outras famílias, de acordo com aquilo que o
grupo ou o Mestre acharem melhor. Outro ponto impor-
tante é sua neutralidade histórica. Praticamente qualquer
momento após a destruição do Clã Menor Serpente é
adequado caso se siga a linha histórica oficial do RPG.
Ou simplesmente posicionar a extinção do Clã Menor há
“algumas gerações” de onde esta aventura se inicia.
Praticamente toda criatura aqui apresentada é inédita
em L5A. Assim, dificilmente elas poderão ser identifica-
das por perícias como Conhecimento: Terras Sombrias ou
Conhecimento: Teologia, etc. Isto é proposital. Conforme
já dissemos, o medo está naquilo que se desconhece.
Enfim, cremos que isto seja tudo o que há a ser dito
inicialmente sobre Fantasmas do Passado. É uma aventu-
ra curta, com terror como tema, e algumas inspirações em
criaturas míticas japonesas ainda não oficialmente repre-
sentadas pela AEG. Então, respire fundo. E esteja prepa-
rado para conhecer a sinistra história de Yume no Mura.
 Prelúdio: O Triste Conto de
Yume no Mura
“Não é da natureza de fantasmas ficarem calados por toda a eternidade.”
Segundo o que consta nos autos históricos do Clã Fê- Assim, Oume enviou servos para presentearem sua prima
nix e do Imperador, o Clã Menor Serpente foi lamenta- com um remédio quando esta veio a ter a saúde combalida
velmente extinto no ano 402, sob a lastimável comprova- durante a gravidez, o que ela de bom grado aceitou. O que
ção de total corrupção herética em seu meio. Considera- Oiwa não sabia era que o suposto remédio era na verdade
dos hereges pela prática de maho e adoração a entidades um veneno destinado a, se não matar, desfigurar Oiwa a
diabólicas, todo o clã foi assassinado no episódio posteri- ponto de destruir todo seu outrora belo rosto numa erup-
ormente chamado de Cinco Noites de Vergonha. O que ção sanguinolenta de carne. Dada a natureza atípica do
passou despercebido ao Clã Fênix, porém, era que alguns veneno, e talvez sua combinação a algum traço ancestral
dentre os Chuda (a família do Clã Serpente) estavam de Oiwa para com os nefastos adoradores sinistros do Clã
intimamente relacionados (em alguns casos, matrimoni- Menor Serpente, a combinação teve uma reação imprevis-
almente) com a família Asako. Isso permitiu até mesmo o ta em Oiwa. Seu corpo sofreu mutações horrendas, e sua
desenvolvimento da profana seita Fênix Escolhidos, for- mente repentinamente conseguiu acesso a segredos mági-
mada por samurais da Fênix secretamente maho-tsukais cos desconhecidos tanto por maho-tsukais quanto Mestres
séculos depois. Elementais de sua era. Dotada destes poderes e do ódio
Mas não iremos tão longe em nossa história. Basta di- violento que sentia por seu marido e por sua prima, a
zer que as gerações do Clã Serpente continuaram presen- criatura que anteriormente era Asako Oiwa destroçou o
tes no Clã Fênix. E logo a trágica história da família Chu- pequeno vilarejo, e assim o apagou definitivamente da
da foi esquecida. Inclusive por seus próprios descendentes história do Clã Fênix.
que sobreviveram dentro do Clã Fênix. Mas não é da Mas não é da natureza de fantasmas ficarem calados
natureza de fantasmas ficarem calados por toda a eterni- por toda a eternidade…
dade…
Nossa história, no que de fato nos interessa, se inicia
com o enlace de Asako Oiwa e Ide Iemon, a muito tempo Descobrindo Yume no Mura
atrás. O casal se estabeleceu num lugar remoto, quase não Após vários anos passados da tragédia de Yume no
civilizado dentro do Clã Fênix, onde poderiam se dedicar Mura, praticamente nenhuma autoridade da Fênix exigiu
a um hobby de Iemon, o cultivo da seda. A escolha do posteriores investigações. O vilarejo havia sido totalmente
lugar quase totalmente imerso numa floresta era tido destruído sem nenhum sobrevivente, e após alguns anos,
como perfeito por Iemon. De fato, a rica seda logo atraiu as ruínas passaram a simplesmente ser ignoradas por
outras pessoas e o vilarejo de Yume no Mura (nome dado todos, já que o vilarejo de fato ficava fora de qualquer
pela própria Oiwa, que dizia estar vivendo um sonho ao rota para um destino mais importante.
lado de seu marido) logo começou a prosperar, embora Os personagens dos jogadores podem estar a caminho
sempre tenha se mantido pequeno e insignificante, sem de outro lugar ao encontrarem Yume no Mura, e precisar
perder o pacato ar de hospitalidade e tranquilidade. parar no local por razões de suprimentos, abrigo ou qual-
Se Asako Iemon (ele adotou o nome de família da es- quer outro motivo. Talvez uma raposa tenha levado a
posa após o casamento) padecia de um defeito grave, bolsa de suprimentos de um dos samurais, ou simples-
porém, seria a catastrófica combinação de uma queda por mente pode estar anoitecendo, e pernoitar no minúsculo
belas mulheres e sua ambição financeira. Por melhor que vilarejo pode parecer uma boa ideia ao invés de se arriscar
fosse a sua seda, ela era produzida em relativamente pou- na noite da mata. Dificilmente eles poderiam estar com
ca quantidade, ou era pouca demais para satisfazer a fome qualquer objetivo específico dentro do vilarejo, já que ele
de lucros de Iemon. E com o tempo, essa insatisfação se simplesmente não consta em documento oficial algum do
tornou amargura, e a amargura se tornou angústia. Ele Clã Fênix, nem em mapa algum da região. Isto provavel-
quase nunca mais olhava para sua outrora amada Oiwa, e mente se deve ao vilarejo ser pequeno, e desprezível de
se tornou obcecado pela ideia de encontrar um modo fato. Yume no Mura aparenta ter não mais do que vinte
milagroso de aumentar sua produção, mas nada que a casas, além da casa do casal fundador do vilarejo, que fica
Fênix pudesse oferecer lhe bastava. As bênçãos de seus numa colina não muito distante do resto da vila.
shugenjas de fato melhoravam a situação, mas não o sufi- O vilarejo é cercado ao fundo pela plantação de amo-
ciente para o sempre cobiçoso Iemon. reiras, essencial para a criação de bichos da seda. As
A única coisa que retirou a mente de Asako Iemon de larvas se acomodam num galpão no meio do caminho
sua obsessão, porém, foi o amor. Mas não por sua esposa, para a casa de Oiwa e Iemon, a alguns minutos de cami-
e sim por uma prima da própria Oiwa, Asako Oume, que nhada colina a cima. Lá elas ficam até formarem o casulo,
também havia se apaixonado perdidamente por ele. Oume quando são levadas à tecelagem propriamente dita, num
era um talento exponencial das cortes da Fênix, e possuía anexo ao galpão.
uma mente ardilosa para conseguir tudo o que queria.

2
 A imensa parte da mão de obra do vilarejo está na
confecção de seda, da criação dos bichos da seda até a
tecelagem propriamente dita. Os recursos básicos (como
remédios e alimentos) têm que ser importados de vilarejos
próximos, explicarão os camponeses, caso sejam pergun-
tados. Aliás, camponeses esses que ficarão extremamente
felizes com as ilustres visitas. Eles sempre serão sorriden-
tes e agradáveis, convidativos e obedientes aos samurais.
Eles inclusive oferecerão qualquer recurso que tenham à
mão que venha por ventura a ser pedido pelos ilustres
visitantes. Eles inclusive podem entregar aos “samas” um
modesto pacote contendo vários bolinhos de arroz. Ele
pode vir a ser importante no futuro breve.
Conhecendo o Vilarejo
Caso os personagens cheguem a Yume no Mura no
horário de trabalho do vilarejo (das seis horas da manhã
às oito da noite, ou entre a hora da Lebre/Sol à hora do
Cão/Shinjo, em terminologia rokugani, sendo nome in-
formal/nome formal), eles ainda conseguirão ver os cam-
poneses trabalhando na colheita de folhas de amoreira,
enquanto o galpão prepara os fios de seda a todo vapor.
Conforme mencionado anteriormente, os camponeses
serão agradáveis e ficarão muito felizes com a visita. O
pacote de bolinhos de arroz é oferecido a eles meramente
como cortesia. Os camponeses também incentivam os
visitantes a irem à residência dos senhores locais, Asako
Oiwa e Asako Iemon, e apontarão o caminho. Não custa-
ria nada de fato prestar uma cortesia aos senhores locais,
nem que fosse apenas para agradecer-lhes pela recepção
afável de seus camponeses. Também seria de bom tom
avisar aos senhores locais sobre sua passagem, só para
constar.
No caminho para a casa de Iemon e Oiwa, os persona-
gens dos jogadores podem observar o galpão de madeira
onde as larvas de bicho da seda são alimentadas com as
folhas de amoreira. A construção é grande, mas notoria-
mente simples em sua composição. Suas paredes são
altas, e pode-se ver aberturas perto do teto, protegidas por
telas, destinadas a impedir a entrada de pássaros, o que
seria um desastre para a criação. O teto é de ripas de ma-
deira, provavelmente toda ela retirada da floresta que
cerca Yume no Mura.
Os Senhores de Yume
no Mura
O casal Asako Iemon e Asako Oiwa são os fundadores
de Yume no Mura. O vilarejo foi criado assim que Iemon
declarou a localização como ideal para a criação de bi-
chos da seda e confecção do rico tecido. Embora fique um
pouco isolado de outros locais, a colina é bem ensolarada
e há uma cachoeira próxima de onde um suprimento pra-
ticamente ilimitado de água pode ser utilizado. Além da
floresta próxima ser fértil para as amoreiras e conceder
lenha e outros recursos que os aldeões podem usar.
A casa do casal é uma construção modesta, mas ainda
assim é a maior do vilarejo. É uma edificação de dois
andares, com poucos quartos, mas que poderiam ser con-
siderados espaçosos, em comparação às outras casas do
3
vilarejo. Ela é toda feita de madeira marrom escura, o tom
reluzente do verniz indica que ela ainda é nova, tendo
sido terminada ainda há poucos anos, no máximo. Todo o
vilarejo está longe de ser luxuoso, mas é humildemente
caprichado. Há um modesto jardim na entrada, onde Oiwa
esporadicamente passa parte de seu tempo. O casal rece-
berá os visitantes na sala principal de sua casa, assim que
forem anunciados pelos servos.
Assim que chegam na casa do casal fundador, os per-
sonagens dos jogadores perceberão que são extremamente
jovens para o que se esperaria de samurais donos de seu
próprio vilarejo. Iemon possui uma modesta barba reta,
típica dos costumes estranhos do Clã Unicórnio, embora
tenha adotado com conforto as cores da Fênix; enquanto
Oiwa é sem dúvidas uma mulher belíssima, embora tenha
um aspecto frágil e delicado. Ambos ficarão extremamen-
te felizes em receber visitas, tão raras pelo vilarejo ser
relativamente isolado. Iemon se mostrará um conversador
inato, afoito em saber de notícias de outros clãs e saber
das novidades dos confins do Império. Embora não atue
mais na corte, sua curiosidade pessoal a respeito continua
bem viva. Oiwa é o retrato da esposa subserviente e sub-
missa e se manterá em silêncio até que falem diretamente
a ela.
Asako Iemon se disporá também a apresentar o vilare-
jo aos visitantes, mostrando a criação de bichos da seda e
a confecção da seda propriamente dita. Ele se orgulha
muito das instalações, e o processo de confecção pode ser
de curiosidade de alguns personagens. Iemon também
oferecerá sua casa para passarem a noite (caso eles che-
guem lá perto do anoitecer), e lugar para repousar suas
montarias (caso as tenham). Caso os personagens dos
jogadores tenham chegado a Yume no Mura durante o
dia, o ruído súbito de uma tempestade se aproximando
surpreenderá a todos. Viajar sob tal intempérie seria ex-
tremamente desaconselhável, e o convite de Asako Iemon
passa a se tornar extremamente aceitável.
Caso aceitem o convite para o passeio de Iemon pelo
galpão, ele explicará passo a passo como a seda é feita:
primeiramente, as larvas do bicho da seda são dispostas
em compridas mesas forradas com folhas selecionadas de
amoreira. É ali que as lagartas se alimentam constante-
mente por aproximadamente uma semana. Depois deste
tempo, elas estão prontas para criarem seus casulos, e são
então levadas a outro compartimento do galpão, cheio de
armários imensos com gavetas divididas em várias pe-
quenas cavidades, onde cada lagarta pode fabricar seu
casulo tranquilamente. Terminado este processo, os casu-
los são imersos em água quente, o que amolece a seda
propriamente dita. As pupas então são retiradas do casulo
e reservadas. Os casulos vazios são levados à câmara de
tecelagem, onde dezenas de servas cuidadosamente tecem
o fio, e posteriormente confeccionam o tecido de seda
propriamente dito. As pupas anteriormente separadas
ficam em um lugar ao abrigo do sol onde podem crescer
até o estágio adulto, e geram mais ovos para reiniciar o
processo. Algumas pupas também podem ser comerciali-
zadas em outros locais onde serão usadas como ingredien-
tes medicinais ou culinários finos.
Dentro do galpão há apenas servas trabalhando. Seus
pais e irmãos tendem a cuidar de tarefas externas do vila-
rejo, ou com o transporte e comercialização da seda e das
pupas, mas Asako Iemon diz que o trabalho da seda é
delicado e requer uma precisão sutil, por isso apenas
mulheres lidam com os bichos da seda. Durante todo este
passeio, Asako Oiwa ficará em sua casa. Afinal, ela não
foi convidada e já conhece o processo de confecção muito
bem. Toda a estrutura é um orgulho bem grande de Ie-
mon, e ele explicará tudo a respeito da seda com um largo
sorriso no rosto.
As intenções secretas de Iemon e Oiwa, porém, podem
ser tangidas nesta ocasião em que estarão separados um
do outro. Caso haja personagens entre os visitantes de
beleza relevante (Vantagens como Benção de Benten ou
Beleza Perigosa), Oiwa ou Iemon tentarão se aproximar
deles notoriamente. Iemon tecerá vários elogios a qual-
quer mulher que o siga em seu passeio pelo galpão, en-
quanto Oiwa arranjará uma desculpa para pedir ajuda de
qualquer homem belo em sua residência (apresentar o seu
jardim, por exemplo). Isto deve ser feito de maneira sutil.
Nenhum dos dois tentará um contato romântico mais
direto, mas é notável a predileção de cada um em relação
aos demais visitantes. Isto pode incomodar certos jogado-
res mais sensíveis a este tipo de coisa, logo, deve-se pros-
seguir neste aspecto com cautela redobrada.
Os personagens dos jogadores estão livres para fazer o
que quiserem depois do passeio de Iemon. Eles podem
conhecer o resto do vilarejo, conversar com Iemon ou
Oiwa, ou virtualmente qualquer outra coisa disponível em
Yume no Mura. Porém, invariavelmente, seja em virtude
da noite ou da chuva que se aproxima, eles se recolherão
mais cedo ou mais tarde aos seus aposentos para repousar
da viagem. Quando adormecem (mesmo que alguém
resolva passar a noite em claro, forças externas o fazem
adormecer), algo estranho ocorre. Quem quer que tenha
tentado uma aproximação romântica na ocasião anterior
(seja Oiwa ou Iemon. Caso nenhum deles tenha tido a
oportunidade, use Oiwa) aparece na porta do quarto onde
estão hospedados em meio a vários trovões (de qualquer
maneira, a tempestade que se aproximava agora está sobre
eles. Pode-se inclusive ouvir a chuva lá fora). Qualquer
um dos cônjuges tentará uma abordagem romântica em
relação aos seus alvos anteriores. Caso isto não seja pos-
sível (ou seja, caso seus “alvos” tenham se mostrado
adversos às aproximações na ocasião anterior), eles tenta-
rão se aproximar de outro modo. Oiwa dirá que está de-
sesperada e temerosa por seu marido; segundo ela, Iemon
está ficando mais agressivo e violento, e ela teme pelo
filho que ela gera dele. Ela pedirá aos personagens dos
jogadores que por favor a levem para onde possa entrar
em contato com sua família, onde poderá ter seu filho a
salvo. Oiwa pode tentar seduzir um personagem de joga-
dor, também, embora não seja sua especialidade. Caso
prefira, a rolagem de Oiwa para tentar fazê-lo seria de 4k3
contra NA igual à Vontade x 5 do alvo, mais sua Honra.
Se Oiwa conseguiu convencer os personagens a levá-la ou
se ela seduziu um dos personagens dos jogadores, o resul-
tado é o mesmo. Assim que estiverem prestes a realizar o
ato proposto (se beijarem ou saírem dali com Oiwa), um
relâmpago explode bem próximo à casa, e os olhos dos
personagens agora conseguem enxergar Yume no Mura
tal qual ele é.
A casa dos senhores está em ruínas. A madeira está
podre e cheira mal. As paredes estão esburacadas assim
como alguns pontos do piso, e a água da chuva corre
livremente por alguns pontos do teto. O segundo andar
parece ter desabado sobre alguns pontos da casa. O lugar
inteiro parece ter sido acometido por uma catástrofe e ter
permanecido assim por décadas. E Asako Oiwa não está
em lugar algum, ela desapareceu completamente junto
com os trovões. É bem provável que todos os personagens
tenham sido alojados no mesmo quarto. Neste momento,
todos acordam e percebem onde estão. Eles também po-
dem perceber assustados olhos aparecendo nos buracos
das telas de shoji rasgadas. São olhos notoriamente hu-
manos, mas não se vê pessoas que possam ser donas de
tais olhos. Um teste de Feitiçaria/Inteligência ou Conhe-
cimento: Terras Sombrias/Inteligência contra NA 20
permite reconhecer esses olhos como Ichimokus. Um
ichimoku é uma criatura natural das Terras Sombrias, mas
é relativamente inofensiva. Ele é exatamente aquilo que
os personagens estão vendo. Olhos aparentemente huma-
nos que se instalam em buracos de telas shojis. Além de
observarem e piscarem com um estalo característico, eles
não são capazes de lá muita coisa. Mas a presença deles
em qualquer lugar significa que o local está dominado de
uma profunda presença maligna. Não exatamente oriunda
das Terras Sombrias, mas ainda assim algo muito nefasto.
Ichimokus preferem lugares abandonados, pois assim não
são incomodados. De qualquer forma, sua presença ali
não anuncia algo de bom, com certeza.
Na porta arruinada do quarto, por entre os lampejos
dos trovões, pode-se distinguir um vulto feminino, muito
parecido com Oiwa, mas que não se permite ser visto
nitidamente. Assim que percebe que foi visto, o vulto
corre numa velocidade sobre-humana e desaparece nas
trevas do corredor. Enquanto os personagens ainda tentam
se recompor e entender o que aconteceu, eles ouvem
passos no andar de cima, seguidos de um choro de mulher
que logo se transforma em gritos de horror. Do lado de
fora do quarto, embora seja de noite, ainda pode-se en-
xergar um caminho que talvez leve ao andar de cima
(onde estão os quartos do casal anfitrião) em segurança,
ou talvez os personagens dos jogadores podem querer sair
dali o mais rápido possível. Para fugir ou para enxergar
melhor o que está ocorrendo com aquela casa ou com o
vilarejo.
O Andar de Cima
O caminho até o segundo andar da casa de Asako Oi-
wa e Asako Iemon é escuro, mas possível de ser trilhado
com alguma cautela. As tábuas rangem a cada passo, e
talvez se rompam se forçadas demais. Os ichimokus se-
guem os personagens dos jogadores com ávido interesse.
No máximo, o que eles podem causar é um efeito de Me-
do 1 pela estranheza da situação, mas fora isso, eles são
totalmente inofensivos. Os outros cômodos da casa tam-
bém estão abandonados e em ruínas. No máximo, será
possível encontrar a dispensa da casa, com alimentos
podres e cheios de vermes.
Depois de subirem uma escada, assim que se aproxi-
mam do segundo andar, os gritos param subitamente. Há
vários quartos dispostos ao redor do corredor principal,
mas é fácil reconhecer o quarto dos senhores. O quarto
está numa porção relativamente segura da casa, o outro
lado dela é que desmoronou sobre parte do térreo.
4
 Ele está iluminado por uma vela em seu interior, per-
mitindo distinguir a forma de Asako Oiwa lá dentro. Ela
está caída ao chão, tossindo fortemente. Sua tosse impede
que ela fale, e é impossível saber ao certo se ela notou os
PdJs ali. Caso decidam investigar o interior do quarto, os
PdJs notarão assim que entrarem o corpo de Asako Oiwa
envolto em mantos deitado no chão, mas apoiando-se
pelas mãos. À sua frente, estão alguns grandes pedaços de
seu couro cabeludo que se descolaram recentemente de
seu crânio, deixando feridas abertas. Seu rosto está distor-
cido, repleto de chagas que chegaram a inclusive rebaixar
a posição de um dos seus olhos. Ela tosse copiosamente,
como que se fosse vítima de alguma pneumonia. Se per-
guntada a respeito de sua condição, ela dirá que não está
se sentindo muito bem. Também é possível é notar à sua
frente um copo que aparentemente continha água, Oiwa
ainda tenta dizer que se tratava de um remédio dado a ela
por seu marido. Assim que qualquer personagem de joga-
dor se aproximar o suficiente de Asako Oiwa, sua cabeça
simplesmente cai ao chão com um som seco. O que es-
panta ainda mais é o fato de a cabeça não se separou do
pescoço. Ele simplesmente se esticou durante a queda,
exibindo todo um comprimento repleto de escamas ala-
ranjadas. A cabeça de Oiwa, então, se levanta como uma
serpente, e se prepara para atacar quem estiver mais pró-
ximo dela com dentes pontiagudos.
Rokurokubi no Oiwa, o Flagelo de Yume no
Mura
Água: 2 Ar: 2 Fogo: 3 Terra: 3
Força 4 Reflexos 3
Iniciativa: 3k3 Ataques:
Mordida (Simples): 4k3
Garras (Simples): 4k3
Dano: 3k2 (Mordida) NP: 22
3k2 (Garras) Redução: 3
Vulnerabilidade 2 (cristal Nível de Ferimentos: 20
ou obsidiana) (+5), 35 (+10), 45 (+20),
60 (Morta)
Habilidades Especiais:
• Medo 3
• Pescoço Elástico: Como Ação Simples, uma roku-
rokubi pode esticar seu pescoço por até 3 m e atacar
qualquer oponente nesta distância com um ataque de
mordida. Esta habilidade pode ser usada repetidas
vezes, com o pescoço se alongando mais 3 m a partir
do ponto de sua última localização. O trajeto já per-
corrido pelo pescoço não se altera. Um personagem
que tente atravessar um espaço ocupado pelo pesco-
ço deve obter sucesso num teste de Agilidade NA 15
ou cair no chão.
• Vulnerável no Pescoço: Qualquer rokurokubi morre
imediatamente se seu pescoço for completamente in-
terrompido do resto do corpo. Fazê-lo requer um
ataque com 1 Incremento e causar pelo menos 25 de
dano no longo pescoço.
O monstro que Oiwa se tornou tentará atacar os perso-
nagens dos jogadores vorazmente, sempre tentando en-
contrar o alvo mais afastado possível, aumentando assim
a área de difícil locomoção. Ela pode ajustar o posiciona-
5
mento de pescoço também, se achar que um dos persona-
gens está causando considerável dano a ele, ao invés de
alongá-lo mais. O resto de seu corpo também pode se
mover livremente, e atacar com as garras de seus braços.
Se sofrer um total de mais de 40 Ferimentos, porém,
Rokurokubi no Oiwa tentará fugir para fora da casa, ras-
gando o shoji enquanto pula para dentro da tempestade lá
fora. Nesse caso, o monstro simplesmente desaparece na
escuridão sem deixar rastro. Não se preocupe, ele poderá
reaparecer depois. É bem possível, porém, que os jogado-
res consigam matá-lo. Neste caso, o corpo só ficará inerte
ali mesmo.
Os personagens dos jogadores podem explorar o quar-
to do casal caso queiram. Qualquer personagem com certa
vivência pode identificar o conteúdo do copo como um
veneno para ratos. Nenhum teste será necessário para isto.
O resto do andar inteiro está totalmente arruinado. Não há
mais nada para ser encontrado em todos esses anos de
degradação que a casa suportou.
O Exterior
Os jogadores podem preferir explorar o exterior da ca-
sa depois de enfrentarem a Rokurokubi no Oiwa ou sim-
plesmente não subirem ao segundo andar. De qualquer
forma, a visão que têm é a mesma. As casas dos aldeões e
o galpão de bichos da seda estão no mesmo estado deplo-
rável de degradação que a casa dos senhores. Depois de
algum tempo, é possível enxergar fracas fontes luminosas
dentro de algumas casas. Algumas dessas mesmas luzes
estão fora das casas, e são figuras humanoides. É possível
reconhecer alguns dos camponeses anteriormente quando
chegaram em Yume no Mura. Além de irradiarem essa
fraca luz e perambularem aparentemente a esmo entre
uma construção e outra, pode-se perceber que essas figu-
ras não possuem pés, e se movem pairando no ar. É óbvio
para qualquer rokugani que eles são na verdade fantasmas
dos camponeses de Yume no Mura.
Também fica óbvio a esta altura que algo de anormal
está ocorrendo em Yume no Mura. Este será um dos pou-
cos momentos de paz que os personagens ainda podem ter
antes do desfecho desta aventura, portanto, é aconselhável
permitir que os jogadores possam tentar adivinhar o que
de fato está acontecendo. E mesmo todo o conhecimento
fornecido no Prelúdio desta aventura também não respon-
de todas as perguntas. A transformação sofrida por Asako
Oiwa a encheu de ira e poder o suficiente para arrasar o
vilarejo, e assim ele ficou esquecido por vários anos.
Talvez tenha sido o modo hediondo com que todo o vila-
rejo foi assassinado ou algum outro poder desconhecido
de Asako Oiwa que faz com que Yume no Mura se re-
construa eternamente esperando novos visitantes que
encontrem o vilarejo fantasma. Deixe os jogadores se
perguntando a respeito. Nós também não temos uma res-
posta pronta para isso. Asako Oiwa (ou Rokurokubi no
Oiwa) se tornou uma criatura totalmente única em Roku-
gan, logo ninguém (nem mesmo ela própria) pode mensu-
rar a total extensão de seu poder.
Assim que qualquer discussão venha a terminar (ou
interrompendo-a, a critério do Mestre), o grupo nota uma
forma imensa do que parece ser uma mariposa com pelo
menos 5 metros de envergadura, atrapalhada pela chuva,
vir voando sofrivelmente até quase colidir com o galpão
de bichos da seda. O animal então entra por um dos bura-
cos no teto na edificação.
Basicamente, os jogadores têm duas escolhas. Eles
podem ou tentar fugir do vilarejo o mais rápido possível
(o que seria aceitável. A situação é estranha e temerosa, e
exceto que os PdJ’s tenham algum compromisso para com
o Clã Fênix, ou queiram heroicamente libertar o vilarejo
desta horrível maldição, não seria desonroso eles sim-
plesmente avisarem as autoridades competentes sobre a
questão a ser solucionada); ou tentarem explorar o vilare-
jo em busca de uma cura para esta maldição. De qualquer
forma, a tempestade persiste, e o caminho dos persona-
gens se divide em basicamente duas opções: ir investigar
o monstro gigante no galpão, ou simplesmente abandonar
Yume no Mura. A princípio, os fantasmas dos campone-
ses nem sequer notarão que estão ali.
O Galpão
Caso decidam descer e ver o que está no interior do
galpão, assim que adentram pela porta, a salvo dos baru-
lhos da tempestade, é possível ouvir o característico ruído
dos bichos da seda se alimentando de suas folhas de amo-
reira, embora agora, num nível mais alto do que antes. O
interior está completamente escuro, e exceto que os joga-
dores consigam alguma fonte de iluminação, eles terão
que prosseguir com as penalidades de estarem cegos (em
virtude da total escuridão) e extremamente propensos a
serem surpreendidos.
O primeiro espaço do galpão não apresenta nada de
especial. Ele está totalmente vazio e destruído. Se havia
alguma coisa útil ali, ela já não é mais útil graças aos anos
de isolamento do local.
A partir dali, entra-se mais diretamente no galpão pro-
priamente dito. As folhas que serviam de alimentação
para as larvas de bicho da seda se transformaram em
pouco mais do que galhos secos e retorcidos. O cheiro
acre de podridão emana de todo o lugar. O ruído da mas-
tigação das folhas se origina definitivamente dali, mas
não é possível precisar da onde exatamente. Uma rolagem
de Percepção NA 20 permite a um personagem distinguir
vultos se movendo sutilmente. Parecem ser animais de
pequeno a médio porte, que se esforçam em se manter o
mais ocultos possível na escuridão. Permita aos jogadores
um momento enquanto ainda pensam se prosseguem pela
sala ou retornam dali. Caso alguém decida sequer sacar a
arma ou ficar de prontidão, eles já não serão surpreendi-
dos na situação a seguir. Caso escolham ficar por ali
mesmo por mais alguns momentos, uma cabeça de mu-
lher, com olhos transformados e múltiplas bolas negras
atacará um deles com uma mordida de uma boca vertica-
lizada. O combate a seguir tem início.
Kemushi no Onna, Mulheres Lagartas
Água: 1 Ar: 3 Fogo: 3 Terra: 2
Iniciativa: 4k3 Ataques:
Mordida (Complexa) 4k3
Dano: 3k1 (Mordida) NP: 13
Redução: 1
Vulnerabilidade 2 (cristal Nível de Ferimentos: 5
ou obsidiana) (+5), 15(Morta)
Jiujutsu 2, Furtividade 4
Habilidades Especiais:
• Medo 2
• Bote: Uma Kemushi no Onna pode atacar um alvo
que esteja a até 2 m de sua posição atual com um
ataque de mordida. Caso tenha sucesso, ela pode ini-
ciar imediatamente uma rolagem de Imobilização
sobre o seu alvo. Caso ela domine esta Imobilização,
ela se prende ao alvo. No caso de ela iniciar o seu
Turno ainda presa ao alvo, ela pode escolher, ao in-
vés de atacar outro alvo, simplesmente rolar um da-
no de 2k1 no alvo em que está agarrada. O alvo pode
se soltar da Imobilização normalmente, ou quando a
Kemushi no Onna for morta.
Uma Kemushi no Onna é o resultado da transforma-
ção vil que Rokurokubi no Oiwa submeteu as operárias
do galpão. Elas são basicamente lagartas de bichos da
seda com cerca de 50 cm de comprimento, e com cabeças
de mulheres monstruosamente modificadas. Seus olhos
foram substituídos por olhos insectóides, basicamente
diversos globos totalmente pretos e reflexivos. Suas bocas
também adquiriram características larvais, se tornando
fendas verticais repletas de dentes serrilhados. O grupo
pode enfrentar de 3 a 8 delas, dependendo de sua capaci-
dade combativa. Elas não possuem nenhuma tática espe-
cial de combate, e tentarão se espalhar pelo máximo de
alvos possível, ao invés de se concentrarem em poucos.
As Kemushi no Onna são uma sátira à inveja que Oiwa
sentia das mulheres do galpão, que passavam mais tempo
com ele do que a própria esposa. Se Iemon amava tanto
assim as lagartas e essas mulheres, então ele certamente
deveria amar algo que fosse a junção das duas coisas.
Uma vez vencidas (muito provavelmente elas lutarão
até a morte), o ruído do roer de folhas cessa. E então outro
barulho talvez ainda mais aterrador surge. O choro de
mulheres. Vindo da sala a diante.
Esta é a câmara onde as pupas eram separadas de seus
casulos e armazenadas. Caso resolvam investigar os armá-
rios que as abrigam, os PdJs só encontrarão pupas mortas.
Algumas ainda estão espalhadas pelo chão, em virtude de
armários derrubados e paredes desabadas. Um teste de
Caça / Inteligência NA 10 concluirá que deve haver um
bom motivo para os pássaros terem evitado o lugar, já que
esta seria uma fonte abundante de comida fácil. Um teste
de Percepção NA 15 revelará ruídos bem sutis de corpos
se arrastando sob o choro das mulheres. Novamente, o
sucesso neste teste ou qualquer atitude mais orientada à
prontidão para o combate já impede que os personagens
dos jogadores sejam considerados surpreendidos na luta a
seguir.
Sasori no Onna, Mulheres Escorpiões
Água 3 Ar: 3 Fogo: 2 Terra: 2
Força 4
Iniciativa: 3k2 Ataques:
Mordida (Complexa) 3k3
Dano: 4k2 (Mordida) NP: 10
Vulnerabilidade 2 (cristal Nível de Ferimentos: 10
ou obsidiana) (+5), 15 (+10), 20 (+20),
25 (Morta)
Furtividade 3
6
Habilidades Especiais:
• Medo 3
• Passo do Escorpião: Uma Sasori no Onna pode
andar livremente pelas paredes ou teto sem sofrer
penalidades e mantendo sua capacidade de desloca-
mento normal.
• Ataque Surpresa: Caso uma Sasori no Onna ataque
um alvo inconsciente de sua presença, ou caia sobre
ele a partir do teto, ela ganha +2k0 numa tentativa
de iniciar uma Imobilização e +1k1 no dano que po-
de causar ao alvo durante uma Imobilização.
As Sasori no Onna são outras criações da mente de-
turpada de Rokurokubi no Oiwa. Elas estão sempre cho-
rando em lamento de sua condição monstruosa, mas fora
isso, nenhuma outra característica psicológica humana
lhes resta. Elas conservam o corpo de uma mulher huma-
na, mas rastejam com mãos e pés, e possuem o pescoço
alongado, curvado no sentido das próprias costas, e suas
cabeças foram invertidas, imitando caudas de escorpiões.
A bizarra metáfora de Oiwa foi transformar as traidoras
que a privavam de seu amado no animal mais traidor que
ela conhecia. As Sasori no Onna lutarão tentando surpre-
ender e devorar suas vítimas, tudo isso ao som de seus
choros, um reflexo que elas não podem controlar. 2 a 5
Sasori no Onna podem estar nesta cena.
A seguir, está a câmara de tecelagem propriamente di-
ta. E é o local onde os personagens dos jogadores viram a
mariposa gigante pousar quando saíram da casa dos se-
nhores do vilarejo. Mesmo de onde estão, é possível ouvir
nitidamente a voz de Asako Iemon gritar o nome de Oiwa
e intensas batidas na madeira. Batidas estas que não pare-
cem se destinar à parede que separa o cômodo atual dos
personagens dos jogadores, porém.
Câmara de Tecelagem
A mariposa gigante que os personagens viram anteri-
ormente está neste cômodo. Ela está bem no centro do
cômodo, facilmente discernível. Ela bate as asas numa
tentativa de secá-las, e isso é o que tem provocado as
batidas na madeira da edificação. A voz de Iemon se
mistura às batidas das asas da criatura, e só quando ela se
vira, os personagens dos jogadores podem distinguir que
no lugar da cabeça do inseto, o que se liga ao corpo do
animal é tronco superior de Asako Iemon. Sua face tam-
bém foi distorcida para apresentar olhos insectóides e sua
boca escancarada emana tentáculos que se debatem sem-
pre que sua voz pronuncia o nome de Oiwa. De sua cabe-
ça ainda brotam duas antenas, um capricho bizarro de
Rokurokubi no Oiwa. Iemon estaria completamente irre-
conhecível na verdade, não lhe fossem mantidos seus
característicos bigode e cavanhaque finos. Além do bal-
bucio do nome de sua amada, o monstro em que Iemon se
tornou não consegue pronunciar mais nada, embora ainda
mantenha sua inteligência humana, em grande parte cheia
de desespero.
Kaibutsu Iemon
Água: 3 Ar: 4 Fogo: 3 Terra: 4 Vazio 3
Força 5
Iniciativa: 5k4 Ataques:
7
Bater de Asas (Complexa,
especial) 6k3
Dano: 2k3 (Bater de Asas) NP: 20
Redução: 3
Vulnerabilidade 5 (cristal Nível de Ferimentos: 20
ou obsidiana) (+5), 30 (+15), 40 (+20), 50
(Abat.), 60 (Morto)
Caligrafia 1
Habilidades Especiais:
• Medo 3
• Bater de Asas: Kaibutsu Iemon pode provocar ventos
avassaladores com um bater de suas asas mais forte
que o normal. Este ataque usa as informações acima,
mas afeta todo alvo numa área de 9 m à frente do
animal.
• Pó de Escamas: Qualquer criatura que ataque Kaibu-
tsu Iemon pode sofrer dano das escamas cortantes que
cobrem o corpo do animal. Sempre que Iemon for ata-
cado corporalmente, o atacante precisa fazer um teste
de Reflexos NA 15 para evitar sofrer 2k1 de dano e fi-
car Aturdido até o fim de seu próximo turno.
• Voo: Kaibutsu Iemon se desloca até 10 m por rodada
voando.
Iemon não se mostrará ofensivo aos personagens dos
jogadores. O que de maneira alguma os impede de atacá-
lo simplesmente por acharem-no monstruoso (e usando os
encontros anteriores até aqui, seria uma precaução cabível
atacar primeiro). Caso não o ataquem, o monstro Iemon
tentará escrever algo com os dedos na poeira do piso. Ele
tentará explicar aos personagens o que ocorreu na noite
em que Oiwa foi envenenada, e que de tempos em tempos
o vilarejo inteiro revive o triste episódio. Ele também
poderá mencionar Asako Oume, sua comparsa e maior
culpada de toda a catástrofe que abateu Yume no Mura.
Ela provavelmente já está morta, mas pode ser que apenas
um descendente dela consiga quebrar a maldição. Prati-
camente qualquer pergunta que os personagens tenham
sobre tudo o que ocorreu pode ser respondida por Iemon,
dentro de sua capacidade. Ele não tem mais nada a escon-
der, só está completamente apavorado e desesperado em
busca de uma solução para tudo aquilo. Se convencido,
ele até mesmo permitirá que um personagem corte-lhe a
cabeça, encerrando assim sua parte em tudo aquilo.
De outro modo, e se tiver escapado com vida, Roku-
rokubi no Oiwa interromperá a discussão e atacará qual-
quer um presente ali (Iemon ou os personagens dos joga-
dores). Este deve ser o combate final da aventura, portan-
to, é hora de deixá-lo o mais emocionante possível. A
chuva ainda persiste lá fora, e o espaço é apertado demais
para Iemon lutar em sua plena capacidade. Caso tenha
escapado muito ferida, considere Rokurokubi no Oiwa
com um total de 30 Ferimentos (ela pode ter se recupera-
do magicamente neste meio tempo), e as penalidades
correspondentes. A atitude mais sábia seria deixar que os
ex-amantes monstruosos se matassem, ou simplesmente
combater quem emergir vivo. De qualquer forma, a ma-
neira mais provável de encerrar a maldição seria derrotar
os dois senhores de Yume no Mura. Kaibutsu no Iemon
ainda tentará proteger os personagens dos jogadores, mas
Rokurokubi no Oiwa os atacará preferivelmente se puder.
Como último recurso, Iemon agarrará Oiwa, e voará com
ela o mais alto que puder. Se isto ocorrer, os personagens
dos jogadores poderão ver os corpos das duas criaturas
caindo no meio da floresta, provocando uma revoada de
pássaros.

Fim?
Com ambos mortos, o vilarejo aparenta retornar ao
normal. Apenas ruínas estão ali. Sem fantasmas e sem
monstros sobrenaturais sedentos por sangue humano. A
tempestade também parece ter dado uma folga, e aos
poucos os personagens podem ouvir sons naturais recupe-
rando o vilarejo. Sapos, grilos, talvez pequenos insetos. O
lugar está tranquilo, finalmente.
Deixar o vilarejo parece ser a atitude natural. O que
fazer em seguida é que é discutível. Procurar o descen-
dente de Asako Oume para buscar maiores informações?
Comunicar as autoridades da Fênix sobre esta desconhe-
cida ruína assombrada? Esquecer tudo aquilo? As respos-
tas a essas perguntas podem inclusive gerar novas aventu-
ras para esses personagens. Pode até ser que assim que
retornem para Yume no Mura, o vilarejo tenha desapare-
cido completamente, tendo sido levado para alguma outra
localização onde poderá atrair mais viajantes inocentes
para suas armadilhas. Ou o vilarejo pode ser encontrado
totalmente reconstruído, e a história de Oiwa e Iemon se
repetir. Porque não é da natureza de fantasmas ficarem
calados por toda a eternidade.

Recomenda-se como recompensas por esta aventura, 1

ponto de Experiência por terem chegado ao seu final,
qualquer que seja ele. Mais 1 ponto de Experiência se
tiverem descoberto a história do vilarejo e a causa de todo
o distúrbio. E outro ponto de Experiência se Rokurokubi
no Oiwa e Kaibutsu Iemon foram mortos (ou acabaram se
matando, como previsto acima).