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Seeker: A Guerra dos Clãs é o primeiro livro de uma trilogia que tem uma proposta

bem intrigante. O mundo fantástico criado pela autora Arwen Elys Dayton é bem
complexo e une intrigas, mistérios e portais que permitem não só o teletransporte,
como também o transporte pelo tempo-espaço. Quem pegar esse livro para dar uma
folheada básica vai se deparar logo de cara com uma cena de ação que deixa o leitor
intrigado e curioso para conhecer seu universo, porém o desenrolar dessa cena é
previsível e pode, ainda no primeiro capítulo, desestimular a leitura.

A história é narrada em volta de personagens principais Quin, John e Shinobu (meio


escocês, meio japonês), os quais contam o seu ponto de vista em capítulos
alternados por meio de um narrador em 3ª pessoa e onisciente. Os três adolescentes
estão treinando para se tornarem Seekers. E o que é um Seeker? Bom, isso não é
explicado logo no início, como muitos outros detalhes da história.

Entre eles, um que me deixou bem intrigada era o Lá – um lugar obscuro sempre
mencionado pelos personagens que já estava me deixando irritada de tão curiosa para
entender o que era (e que me rendeu alguns comentários em voz alta, do tipo “Lá
aonde, caceta?!?!”). Essa estratégia da autora de dar as respostas para muitas
características do mundo de Seeker ao longo do livro pode ser bem eficaz, já que
ajuda a manter o interesse do leitor e eu arrisco dizer que foi meu principal
motivador para insistir com a leitura.

E é para encarar o Lá que esses adolescentes estão sendo treinados em uma remota
fazendo na Escócia, propriedade de Brian Kincaid, pai de Quin. Dos três personagens
principais, Quin é a que mais almeja se tornar uma Seeker para viver a vida de
virtudes narrada nas histórias contadas por seu pai e seu tio (pai de Shinobu).
Também é a personagem que apresenta uma complexidade e um crescimento na história
que foram bem trabalhados pela autora, indo de uma personagem ingênua para se
tornar a principal esperança para o equilíbrio dos Seekers.

Em oposição à Quin, temos John, seu namorado, que começa o treinamento tardiamente
e que possui uma visão do que é ser um Seeker bem realista. John não está sendo
treinado para viver a glória e usufruir de privilégios, ele busca realizar uma
promessa feita há muito tempo, uma promessa baseada em vingança. No início da
história, John era o personagem que me parecia mais promissor, mas com o passar das
páginas ele se transformou, aos meus olhos, em um personagem mimado e egoísta,
capaz de passar por cima de todos só para ter o que deseja. E nem preciso dizer que
o romance entre ele e Quin me deixou irritada logo que foi apresentado na
narrativa. Meu primeiro pensamento quanto ao casal foi “já sei. A história deles
vai para aquele clichê em que os dois vão ficar separados e só vão conseguir ficar
juntos no final da série.“. E ao que tudo indica vai ser bem isso mesmo.

Outro detalhe que me deixou irritada logo no início da história, foi reparar que
existia um triângulo amoroso entre Quin, John e Shinobu. Sendo primo de Quin,
Shinobu sempre tentou reprimir os sentimentos que tinha por ela, mas ao longo da
narrativa ele acaba derrubando as barreiras que tinha construído, o que nos leva
uma cena de semi-erotismo totalmente irrelevante. Shinobu foi o personagem que
menos gostei, ele funciona como um anti-herói que dá suporte para o desenvolvimento
e destino de Quin. Não sei se nos outros livros da série ele ganhará uma
importância maior, mas acredito que não.

Em oposição ao Shinobu, temos Maud, a Jovem Pavor. Uma personagem que começa quase
sem importância alguma e ao final do livro se torna a peça essencial para a
história. Maud faz parte de um clã cujo principal objetivo é promover o equilíbrio
no mundo dos Seekers. No entanto, ela descobre que há muito tempo que os Pavores
têm privilegiado, ocultado infrações e ajudado certas famílias seekers. A história
da Maud e dos Pavores foi a minha parte preferida. Toda a complexidade, mistérios,
intrigas entre os Pavores geram um grande potencial para ganhar uma série só
explicando o seu mundo e sua história.
No geral, os personagens desse primeiro livro foram bem apresentados e construídos
ao longo da narrativa. No entanto, todos aparentaram ser bem mais velhos do que
meros adolescentes, o que foi outro ponto que me incomodou ao longo da leitura.
Apesar de ter gostado de Seeker, essas pequenas características na escrita e na
história fizeram com que a leitura se tornasse um pouco arrastada (e claro que a
minha ressaca literária também teve culpa), o que me faz ficar na dúvida se
continuo companhando a série ou deixo de lado.

SEEKER e as semelhanças com outras histórias.


Antes de qualquer coisa, quero deixar claro que semelhanças com outras histórias
não necessariamente significa plágio. Muitos sucessos que temos na literatura, e no
meio do entretenimento de forma geral, são inspirados em outros grandes clássicos.
Ao ler Seeker: A Guerra dos Clãs, reparei diversos pontos semelhantes com as
seguintes histórias:

Instrumentos Mortais
Uma das principais armas usadas pelos Seekers é um chicote bem a la estilo Isabelle
Lightwood, da história principal da Cassandra Claire. Com a diferença que a arma
dos Seekers não é somente um chicote, ela pode se transformar na arma que quem
manuseia deseja – mudando tanto comprimento como até mesmo se tornando mais ou
menos afiada.

Heróis da Marvel: Homem-aranha e X-men


Os Pavores são capazes de pressentir o perigo, uma semelhança próxima com o
clássico sentido aranha. Além disso, eles também possuem características presentes
em muitos membros do X-men, como conversar por pensamentos com outro Pavor, ouvir e
ver a distância.

Fronteiras do Universo
A semelhança que ganhou meu coração foi com a história do Philip Pullman, cada clã
Seeker possui uma faca, chamada de áthame, que é capaz de abrir uma fenda entre o
tempo-espaço, bem semelhante à faca sutil usada por Lyra e Will na trilogia
Fronteiras do Universo. A diferença é que o áthame abre uma fenda para o Lá e do Lá
é preciso abrir outra fenda para ir aonde deseja (e é preciso conhecer a coordenada
do lugar que se queira ir).

fonte: https://ummetroemeiodelivros.com/2017/10/resenha-seeker-guerra-dos-clas/

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