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C Cultivar Máquinas • Edição Nº 158 • Ano XIII - Dezembro 2015/Janeiro 2016 • ISSN - 1676-0158

Cultivar

Destaques
Índice
4 Rodando por aí
6 Perdas em colhedoras
10 Consumo de combustíveis TDP
13 Aspersores
16 Controladores eletrônicos
20 Capa - Test Drive JD S550
30 Agritechnica 2015
42 Ficha Técnica - Valtra BE1035
46 Ruído em tratores
48 Ficha Técnica - Cata-Pietra Agrimec

Capa - Charles Echer


Test Drive JD S550
Confira test drive exclusivo com a colheitadeira S550 da
John Deere, equipada com novo sistema de limpeza DF3
20

Agricultura de Precisão Agritechnica 2015


Entenda o quanto é vantajoso utilizar controladores
eletrônicos na aplicação de defensivos e fertilizantes
16 Duas reportagens especiais mostram tudo o que
foi destaque na maior feira agrícola da Europa
30

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Gilvan Quevedo Cristiano Ceia Natália Rodrigues
Clarissa Cardoso Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores
• Redação • Comercial Aline Borges Furtado dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação
pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br
Charles Echer Sedeli Feijó
Rocheli Wachholz José Luis Alves • Expedição Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com
Rithiéli de Lima Barcelos Edson Krause o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados
• Revisão entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos
Aline Partzsch de Almeida • Coordenação Circulação • Impressão: diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos,
Simone Lopes Kunde Indústrias Gráficas Ltda. apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
rodando por aí

Prêmio de Experiência do Cliente Demanda


A John Deere promoveu o prêmio Custo- Para atender a demanda crescente por máquinas e equipamentos que
mer Experience Award 2015 (Prêmio de possam fornecer alimento no cocho para a pecuária de corte e de leite,
Experiência do Cliente), para reconhecer as a Ipacol Máquinas Agrícolas desenvolveu a CFA, primeira colhedora de
melhores iniciativas desenvolvidas por seus forragem autopropelida brasileira. De acordo com o sócio-diretor da
concessionários, buscando proporcionar empresa, Luis Carlos Parise, a inserção da Ipacol neste segmento se deve
a melhor experiência para seus clientes. O ao fato de que a forrageira consegue atender pequenas propriedades
prêmio foi dividido em cinco categorias e de 250ha ou menos. “Por ser uma máquina autopropelida, mesmo o
ainda consagrou um concessionário como pequeno produtor pode colher o seu milho ou
campeão geral. “Temos uma preocupação a sua forragem no tempo ideal, conseguindo
constante em garantir que os produtores vi- um produto final de excelente qualidade,
venciem a melhor experiência ao adquirirem agregando valor à sua produção”, conclui. A
e utilizarem os equipamentos e as soluções CFA 2000 S3 possui computador de bordo,
integradas da John Deere. Para isso, inves- operação hidrostática e oferece
timos bastante em fortalecer e reconhecer condições de colheita em cultivos
nossa rede de concessionários, pois são eles de talo alto. O pacote tecnológico
o maior diferencial da nossa marca”, explica inclui plataforma cortadora, reco-
Claudia Vale, gerente de Experiência do lhedora, cortadora de forragem e
Cliente da John Deere para a América Latina. Claudia Vale segadora frontal acondicionadora.

Prêmio Aberje Projeto Girassol


O Prêmio Aberje 2015 anunciou o A Agrale realizou o evento de encerramento da 17ª edição do Projeto
Prêmio New Holland de Fotojor- Girassol, que envolveu crianças e adolescentes no cultivo de hortas e
nalismo como o mais importante em atividades educativas, principalmente com foco na agroecologia, em
concurso cultural do Brasil em Caxias do Sul (RS). Desenvolvido pela empresa com o apoio de entidades
2015. Durante os 12 anos de da cidade, o Projeto Girassol beneficia diretamente estudantes de três
concurso, fotógrafos profissionais colégios do município. Segundo Paulo Ricardo dos Santos, gerente de
e amadores acompanharam a evo- Recursos Humanos da Agrale, o envolvimento dos jovens tem crescido
lução na agricultura e a moderni- a cada ano. “Estamos muito felizes com a repercussão do projeto. O ob-
zação da mecanização agrícola jetivo é promover informações sobre os cuidados com o meio ambiente,
brasileira. Jorge Görgen, gerente conscientizando-os e tornando-os multiplicadores destes conhecimentos
de Relações com a Imprensa da em suas casas e comunidade”, explica.
CNH Industrial para a América
Latina, enfatiza a participação
crescente dos países da América
do Sul no concurso. “A cada nova
edição tivemos mais países par-
ticipantes que nos mostravam a
evolução da produção agrícola e
a modernização das máquinas e
Jorge Görgen do homem no campo.”

Curta-metragem
Com a intenção de instigar as pessoas a refletirem sobre suas vidas
profissionais e, consequentemente, pessoais, o projeto #eufaçopor-
queamo foi criado pelas produtoras Tríade e Skylab e patrocinado
pela AGCO, marca proprietária da Massey Ferguson. O filme apresenta
Financiamento facilitado
quatro histórias de pessoas que conseguiram obter sucesso no tra- A Valtra, em parceria com o AGCO Finance, está oferecendo a pos-
balho por desempenhar sua atividade com intensa paixão. Entre as sibilidade dos produtores adquirirem diversos produtos da marca
vitoriosas trajetórias de vida, a biografia da agropecuarista e cliente com carência de até 18 meses e taxas a partir de 7,5% ao ano. A
Massey Ferguson, marca pertencente ao grupo AGCO, Maria Eugênia campanha é destinada à compra de toda a linha de produtos da
Maciel, de Santo Antônio da Patrulha (RS), se destaca por ela ter sido marca. “A ampliação do período de carência oferece ao agricultor
eleita a “Mulher do Arroz” em 2011, e ainda por se tornar referência uma condição facilitada para adquirir seu equipamento agrícola,
no agronegócio da região. O vídeo está disponível no canal #eufaço- aproveitando as taxas atuais de financiamento e adequando o seu
porqueamo no YouTube. investimento e o fluxo de pagamentos ao período de sua principal
receita”, afirma Simone Scherer, gerente comercial do AGCO Finance.
As novas condições serão oferecidas até 31 de dezembro somente nas
concessionárias da Valtra nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Walter Mosquini

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04
colhedoras

Charles Echer

Perdendo muito
aos poucos

Regular inadequadamente a colheitadeira, assim como colher em condições


erradas de velocidade, rotação e umidade da cultura são fatores que influenciam
negativamente nas perdas durante a colheita

A
tualmente o objetivo de Geografia e Estatística (IBGE), nos produtos cultivados no Brasil os
todo o produtor rural é últimos 40 anos a área cultivada que obtiveram maior crescimento
elevar a produtividade a de grãos passou de 40 milhões em em produção foram a soja com 10,1
cada safra. Contudo, com o aumento 1980, para 67 milhões de hectares milhões de toneladas, seguida do
dos impostos e a elevação do preço em 2014. Para confirmar estes dados, milho safrinha com 5,6 milhões de
de exportação, muitos, atraídos por podemos salientar através dos regis- toneladas. Conforme a mesma, este
elevação dos seus ganhos, acabam tros que em 1980 o Brasil estava no crescimento se deve às condições
preferindo investir em novas tecno- patamar de 50 milhões de toneladas climáticas favoráveis e ao aumento
logias, muitas vezes dispendiosas, de grãos por ano e, 22 anos depois, na área cultivada com soja e milho.
ao invés de aperfeiçoar seus méto- atingiu o patamar de 100 milhões Porém, dentro dos processos
dos atuais de produção, como, por de toneladas por ano. Já nos últimos produtivos, o último processo reali-
exemplo, controle de manutenções dez anos, graças ao emprego de tec- zado ainda no campo, a colheita, que
e regulagens adequadas dos equi- nologias de produção, chegou-se à envolve etapas de corte, alimentação,
pamentos. Obviamente, a adoção de marca de 160 milhões de toneladas/ trilha, separação e limpeza, se mal
novas tecnologias de produção está ano. A projeção deste crescimento é conduzida pode impossibilitar a ob-
se tornando fundamental para se tipicamente exponencial, indicando tenção deste objetivo, causando per-
produzir em larga escala atualmente, que, caso consigamos manter o cres- das qualiquantitativas consideráveis
mas é necessário observar a relação cimento no mesmo ritmo, devemos no final da operação. Atualmente, es-
custo/benefício para a implantação chegar aos 200 milhões em 2019/20. tas representam cerca de 4% de toda
destas, a curto ou longo prazo. Conforme a Companhia Nacio- a safra brasileira de grãos, uma marca
Segundo o Instituto Brasileiro de nal de Abastecimento (Conab), dos representativa, tendo em vista os

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números da produção nacional, que ração dos mecanismos de colheita ou uma maior densidade de plantas
em 2014 atingiu a incrível marca de até mesmo por falta de conhecimento por hectare, recomenda-se que o
192,8 milhões de toneladas, segundo do operador, que muitas vezes desco- molinete seja colocado mais à frente
o IBGE. Ainda, conforme estes dados, nhece as regulagens necessárias para para apanhar uma maior quantidade
estima-se que o total que se perdeu um bom desempenho no momento de plantas, já quando as densidades
esteve próximo de 7,71 milhões de do corte. são menores ou as plantas estão
toneladas. Estas devem ser observadas com mais dispersas é recomendável que o
Com a expansão das áreas culti- a finalidade de reduzir as perdas molinete seja colocado mais para trás
vadas, o tempo, que para muitos já na plataforma, como, por exemplo: em relação à caçamba da plataforma.
era sinônimo de dinheiro, passou a sistema de facas e contrafacas não Esta regulagem também deve ser re-
valer ainda mais. Apressados com pode apresentar vibrações ou folgas alizada nos dedos das barras do mo-
a colheita e na necessidade de ver excessivas maiores que 4mm. Tal linete, sendo que para culturas mais
a produção estocada e longe das fato pode ocasionar a debulha do densas, o ideal é que estes estejam de
ameaças climáticas, os agricultores grão antes da planta ser ceifada pelo forma mais inclinada em relação às
aceleram o processo de colheita sem sistema, devido à vibração da planta plantas. Por outro lado, para culturas
a percepção das consequências ne- e ineficiência do corte. O molinete, menos densas, esta regulagem pode
gativas à qualidade do grão. É nesta que é responsável por apanhar as ser efetuada de forma mais vertical.
etapa que se obtém maior instabi- plantas, deverá trabalhar um pouco Na regulagem horizontal, que é a
lidade de produção, pois a cultura mais rápido do que a velocidade de posição de trabalho em relação à cul-
depende e ao mesmo tempo está avanço da colhedora. Em geral, esta tura, é recomendável que o molinete
sujeita às adversidades climáticas, velocidade ou rotação deve ser de execute sua ação no terço superior da
independentemente da intensidade 10% a 15% maior que a velocidade planta, ou seja, da porção mediana
em que ocorrem. Estes eventos po- da máquina. Se esta velocidade for para a apical.
dem destruir lavouras inteiras ou menor, o molinete poderá empurrar Com relação ao helicoide da plata-
até mesmo atrasar a colheita, ocasio- as plantas e ocasionar debulha dos forma, as regulagens também podem
nando a deiscência natural dos frutos grãos antes mesmo de serem apa- ser feitas de acordo com a cultura
possibilitando a queda das sementes. nhados para dentro da plataforma. que está sendo colhida. A regulagem
Com isso, a necessidade de agi- Ainda com relação ao molinete, básica deste mecanismo se dá com a
lidade na operação, associada ao existem duas regulagens importan- alteração da altura do helicoide em
descuido e à falta de capacitação tes a serem observadas: a altura relação ao fundo da caçamba da pla-
de muitos operadores, possibilita em relação à cultura e a regulagem taforma, sendo necessário ter o cui-
perdas elevadas na colheita meca- horizontal. Em culturas onde existe dado de não fazer com que o mesmo
nizada dos grãos, que, somadas às
Valtra

perdas obtidas na pré-colheita e no


transporte, resultam em um prejuízo
significante.
Uma colhedora autopropelida tem
por função realizar diversas ativida-
des no momento da colheita, sendo
basicamente o corte, a alimentação,
a trilha, a separação e a limpeza.
Segundo Alonço & Reis (1997), dos
fatores associados à máquina que
causam perdas, pode-se mencionar:
velocidade de deslocamento, veloci-
dade angular e posição do molinete,
estado de manutenção e regulagem
da barra de corte, regulagem do ele-
vador, cilindro de trilha, peneiras e
ventilador. Segundo Alonço (2004),
cerca de 90% destas ocorrem somen- Atualmente cerca de 4% de toda a safra brasileira de grãos é perdida, o que
te na plataforma de corte, sendo na chega à marca dos 192,8 milhões de toneladas em safras como a atual
maioria dos casos por falhas na ope-

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fique muito alto em relação ao fundo mais é do que aquilo que não é tri-
da plataforma, em função de que isto lhado e acaba sendo eliminado pelo
pode ocasionar o acúmulo de plantas sistema de separação. Esse fato se
não transportadas para o sistema de deve às regulagens do sistema de
trilha, ocorrendo a debulha na plata- trilha que não consideram as carac-
forma e a perda de grãos. terísticas das culturas para que se
Ainda com relação ao helicoide, alcance uma adequada limpeza dos
a regulagem dos dedos retráteis grãos. Estes sistemas atualmente
também é efetuada de acordo com a são representados por dois tipos, os
densidade da cultura. Para grandes que se diferem por estar dispostos
quantidades de massa vegetal os de maneira longitudinal (axiais), ao
dedos podem ficar mais expostos. contrário dos tangenciais, em que a
Porém, está disponível no mercado massa a ser trilhada tangencia o rotor
um novo conceito em transporte (transversal), podendo ser composto
da massa a ser trilhada, que são as por um ou dois rotores, o que ocasio-
plataformas equipadas com esteiras na melhor rendimento operacional e
transportadoras emborrachadas, qualidade do produto trilhado.
comercialmente conhecidas como As regulagens dos cilindros e
plataforma Draper, substituindo os côncavos devem considerar tipo de
condutores helicoidais, realizando cultura, grãos mais sensíveis à ação
de maneira mais suave o transporte da fricção entre estes mecanismos,
da cultura até o sistema de trilha, como, por exemplo, a soja e o fei-
diminuindo o atrito com o sistema jão, que deverão ser trilhados com
e consequentemente reduzindo os rotação mais baixa, de modo a não
danos ao grão. ocasionar uma grande quantidade de
Contudo, apesar do sistema de quebra. Para grãos com maior resis- questão. Deste modo, quanto maior
corte e alimentação propiciar ele- tência e massa vegetal, como o arroz, o grão, maior será a malha da grelha
vadas perdas, os sistemas internos é possível elevar a rotação, sempre côncavo. Normalmente a abertura
da máquina também ocasionam obedecendo aos níveis recomenda- do côncavo é maior na entrada do
devido à fragmentação do material dos pelos fabricantes. Quanto maior que na saída, em função da maior
causada pelo atrito com os elementos a velocidade de rotação do cilindro, quantidade de material depositado
internos, responsáveis pela trilha menor deverá ser a distância entre no início da trilha. Geralmente esta
e pelo deslocamento dos grãos, o cilindro e o côncavo. A escolha do medida tem uma relação de 2:1.
desde a plataforma de corte até o tamanho da grelha dos côncavos Segundo Campos et al (2005) em
reservatório. Além disso, tem-se o deverá ser realizada de acordo com seu estudo sobre perdas na colheita
chamado “grão na palha”, que nada o tamanho de grão da cultura em mecanizada de soja no estado de
John Deere

Case IH

Cerca de 90% das perdas na colheita ocorrem somente na plataforma de corte, sendo na maioria dos casos
por falhas na operação dos mecanismos de colheita ou até mesmo por falta de conhecimento do operador

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New Holland
Determinação
das perdas
Por meio da NBR 9740, a ABNT
fixa condições de ensaio e uma meto-
dologia para a determinação das per-
das em colhedoras autopropelidas,
como: declividade do terreno, núme-
ro de parcelas e repetições, tamanho
das parcelas, velocidades de opera-
ção, coleta do material e metodologia
dos cálculos. Estabelece também a
forma de cálculo da capacidade de
operação de cada colhedora, que se
define pela taxa de alimentação total
a 3% das perdas. Porém, por serem
métodos complexos e demorados,
seu uso fica restrito à elaboração de
relatórios técnicos e a trabalhos de
pesquisa.
No entanto, existe outra meto-
dologia para esta avaliação, dispo-
nibilizada pelos órgãos de extensão
e apresentada por Machado et al
(1997). A mesma é bastante adequa-
da e de execução mais simples do
Minas Gerais, as colhedoras equi- na parte traseira da colhedora. que a fixada pela NBR 9740 (1987),
padas com sistema de trilha axial Após observar todas estas vari- possibilitando o agricultor realizar a
apresentaram melhor desempenho áveis é possível perceber que uma avaliação de perdas de maneira mais
em comparação com as com sistema sequência de pequenos erros e/ou rápida, a fim de verificar possíveis fo-
de trilha tangencial, ocasionando desatenções pode acarretar repre- cos e ajustando-os dentro dos níveis
menor quebra de grãos além de sentativas perdas ao final do proces- aceitáveis. Por serem métodos que
melhor trilha e, consequentemente, so de colheita. No entanto, se cada utilizam copos medidores calibrados
menor perda. profissional na função de operador que relacionam o volume de grãos
Depois de realizadas estas alte- conhecer de forma integral as neces- coletados em uma pequena área de-
rações, é recomendável realizar a sidades, limitações e possibilidades marcada com as perdas por hectare,
inspeção visual para indicação de que sua ferramenta de trabalho ne- são nomeados volumétricos. .M

qualidade da trilha. Isto pode ser cessita e oferece, consequentemente Vítor Pires Scherer,
realizado observando-se o depósito acabará reduzindo o desperdício de Airton dos Santos Alonço,
graneleiro, conferindo a limpeza e a grãos ao longo da cadeia produtiva, Tiago Rodrigo Francetto e
integridade dos grãos e também a proporcionando maior faturamento Dauto Pivetta Carpes,
presença de grãos na palha excluída para o agricultor. Laserg/UFSM
TRATORES

Economia na TDP
O consumo de combustível de um trator agrícola pode sofrer alterações em
função da configuração da tomada de potência e da declividade do terreno
Massey Ferguson

O
s sistemas de produção seja alcançado é preciso conhecer e bus- potência (TDP) do trator tem por princi-
agrícola têm sofrido altera- car alternativas que visem a otimização pal função transmitir a potência gerada
ções com o passar dos anos, do uso das máquinas agrícolas. Devido no motor, para acionamento de órgãos
transformando-se em um modelo de à sua versatilidade, o trator é utilizado ativos de máquinas agrícolas.
agricultura empresarial. Além disso, a na maioria das operações agrícolas, e Tendo em vista a necessidade de se
preocupação da sociedade mundial com contribui para o desenvolvimento da diminuir os custos de produção, muitos
o meio ambiente origina uma pressão agricultura mundial. fabricantes passaram a disponibilizar
sobre o uso dos combustíveis fósseis, Em função dos custos dos com- aos produtores rurais, tratores equi-
como o óleo diesel, que representam bustíveis, potencial poluidor gerado pados com a chamada TDP econômica,
elevados custos de produção e são os pela queima destes, e necessidade de que, diferentemente da TDP considera-
grandes responsáveis pela emissão de diminuir o consumo de energia, faz-se da normal ou convencional, aciona uma
gases causadores do efeito estufa. necessário que sejam desenvolvidas máquina agrícola, mantendo a mesma
No modelo empresarial, adotado formas alternativas de gerenciamento rotação padronizada da TDP (540rpm)
por parte da agricultura brasileira, as das atividades agrícolas, mais especifi- a uma rotação mais baixa do motor.
atividades agrícolas, buscam não ape- camente da principal fonte de potência Deste modo, a rotação da TDP é manti-
nas um aumento de produtividade, mas para estas, o trator. da, podendo-se obter uma redução do
também uma diminuição dos custos A eficiência de um trator agrícola consumo de combustível. Porém, devi-
de produção, com vistas a aumentar pode ser obtida a campo, de forma do à baixa rotação do motor, a utilização
o lucro do produtor rural, também co- prática, e consiste em expressar a da TDP econômica se limita à execução
nhecido como empresário rural, nesse quantidade de combustível consumi- de operações agrícolas leves, utilizando
novo cenário. da pelo motor do trator durante uma equipamentos como pulverizadores,
Nesse sentido, para que este objetivo determinada operação. A tomada de roçadoras, distribuidores centrífugos,

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Agrale
Tabela 1 - Valores de consumo horário de combustível e consumo operacional para cada
configuração da tomada de potência do trator e cada área trabalhada
Consumo horário (L/h) Consumo operacional (L/ha)
TDP Econômica 7,00 a 0,58 a
TDP Normal 7,89 b 0,66 b
Consumo horário (L/h) Consumo operacional (L/ha)
Área plana 6,82 a 0,57 a
Área com declividade suave 8,08 b 0,67 b
CV (%) 3,16 3,17
Médias não seguidas da mesma letra minúscula na vertical diferem a 5% de significância, pelo teste de Tukey.

entre outros. modelo MF 2013 M com acionamento


Assim, este trabalho teve como hidráulico, capacidade de 1.300 litros
objetivo quantificar o consumo de com- e largura de trabalho de 20 metros,
bustível de um trator agrícola utilizando para o tipo de produto aplicado, que
TDP econômica e TDP normal, em duas era fertilizante nitrogenado (ureia) na
áreas de relevo distinto, na aplicação de dose de 200kg/ha.
fertilizante a lanço. Para quantificar o consumo horário
de combustível, utilizou-se um fluxôme- A TDP econômica é mais utilizada em
COLETA DE DADOS tro marca Oval (Flowmate Oval M-III), operações leves como pulverização
Os dados foram coletados na safra modelo LSF 41L e o sistema utilizado
agrícola 2011/2012 com a cultura do para aquisição (armazenamento) des- O trabalho de campo foi conduzido
trigo (Triticum aestivum L.) em área ses dados foi um datalogger da marca em duas áreas (uma área de relevo
experimental da Universidade Federal Campbell Scientific, modelo CR1000. As considerada plana, com inclinação de
de Santa Maria (RS). Para a realização informações foram registradas continu- 2º, e outra de relevo com declividade
do experimento de campo, foi utilizado amente em um período de aquisição de suave, com 13,6º, utilizando duas con-
um trator agrícola da marca Massey dois segundos. figurações da TDP do trator (econômica
Ferguson, modelo MF 4283, com tra- O consumo operacional de com- e normal). Para equalizar as velocidades
ção dianteira auxiliar (TDA), potência bustível foi determinado por meio da de deslocamento e o regime de rota-
máxima de 85cv (62,50kW) do motor, relação entre o consumo horário de ção da TDP (econômica e normal) em
pneus dianteiros 12.4-24 R1 e traseiros combustível e a capacidade de campo 540rpm, predeterminou-se o regime
18.4-34 R1. A máquina para aplicação efetiva, conforme Mialhe, 1974. A ca- de rotação em 1.900rpm no motor e a
de fertilizantes foi um distribuidor a pacidade de campo efetiva foi determi- terceira marcha do grupo de reduzida
lanço (com mecanismo dosador gra- nada pela relação entre a área útil da baixa para a TDP normal, e 1.700rpm
vitacional e mecanismo distribuidor parcela trabalhada e o tempo gasto no no motor e a terceira marcha do grupo
centrífugo) da marca Massey Ferguson, percurso da parcela. reduzida alta para a TDP econômica. A John Deere

Figura 1 - Esquema de instalação do fluxômetro no motor do trator (A) e do procedimento


para aquisição dos dados (circuito vai e vem) efetuado em cada unidade experimental (B)

A utilização da TDP econômica pode


reduzir o consumo de combustível

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Figura 2 - Representação gráfica do consumo de horário e operacional de combustível

rotação na TDP foi verificada através de horário de combustível, percebe-se inexistência de aclives acentuados da
um tacômetro de foto/contato digital que não houve interação entre os primeira.
da marca Minipa, modelo MDT-2238A. fatores Área e configuração da TDP. Com relação ao consumo operacio-
Cada unidade experimental totalizou Isso significa que a utilização de dife- nal, percebeu-se que não houve inte-
quatro minutos de percurso, o que rentes áreas (trabalhar em diferentes ração entre os dois fatores avaliados.
consistia num circuito vai e vem (aclive áreas) não alterou significativamente Assim como ocorreu para os dados de
e declive). o consumo de combustível quando se consumo horário, quando se estava
Para a análise estatística, foi conside- utilizaram diferentes configurações utilizando a configuração de TDP no
rado um experimento bifatorial, em que de TDP, assim os dados são analisados modo econômico, esta proporcionou
os fatores foram: configuração da TDP separadamente. Durante a utilização uma economia de 11,43% no consumo
(normal e econômica) e Área (plana e da TDP econômica (7L/h), houve dife- operacional, em comparação com a
declividade suave), em delineamento rença estatística no consumo horário utilização da TDP normal.
experimental de blocos ao acaso, com de combustível, ocorrendo uma redu- Os valores de consumo operacional
três repetições. Após, os dados (con- ção de 11,25% em relação à utilização verificados são relativamente baixos em
sumo horário e consumo operacional da TDP normal (7,89L/h). Em relação função da largura de trabalho da má-
de combustível) foram submetidos à ao fator Área, houve diferença estatís- quina agrícola ser elevada (20m), pois
análise de variância e ao teste Tukey de tica para este fator, sendo obtido na quanto maior a capacidade operacional
comparação de médias em nível de 5% área plana (6,81L/h), um valor de con- para um mesmo consumo horário,
de significância. sumo horário 15,6% menor do que menor será o consumo operacional.
na com declividade suave (8,07L/h). Analisando-se os dados referentes às
RESULTADOS OBTIDOS Isso pode ser explicado pelo menor áreas trabalhadas, nota-se a mesma
Ao analisar os valores de consumo esforço do motor do trator, devido à tendência, isto é, quando operando
na área considerada plana o consumo
Valtra

operacional foi reduzido em 15,59%


quando comparado à área com decli-
vidade suave.

Conclusões
Conclui-se que a utilização de TDP
econômica pode reduzir o consumo
horário e operacional de combustível,
bem como é influenciada pela declivi-
dade da área. .M

Ulisses Giacomini Frantz e


Alexandre Russini
Unipampa
José Fernando Schlosser e
Marcelo Silveira de Farias,
Nema – UFSM

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IRRIGAÇÃO

David A. Nafría

Escolha
criteriosa

A escolha do aspersor para o projeto de irrigação exige do aspersor irá determinar todos os
conhecimento técnico e teórico, pois irá determinar todos demais parâmetros e características
da área irrigada, como comprimento,
os parâmetros e as características da área irrigada, diâmetro, espaçamento das linhas
como comprimento, diâmetro, espaçamento das linhas laterais e por consequência a potência
laterais e potência do conjunto motobomba. Além disso, do conjunto motobomba. Além disso, o
a disponibilidade de aspersores e peças de reposição no projetista deve avaliar a disponibilidade
de aspersores e peças de reposição no
mercado também deve ser levada em consideração mercado, bem como seu custo.

O
último senso agropecuário vadas com cana-de-açúcar. Atualmente, É fundamental que o projetista de
do Instituto Brasileiro de Ge- há no Brasil 2,486 milhões de hectares irrigação deixe claro para o irrigante
ografia e Estatística, realiza- irrigados por aspersão e pivô central, a relação intrínseca que existe entre
do em 2006, indica aproximadamente representando 41% do total da área os fatores: distribuição dos aspersores
4,536 milhões de hectares irrigados. irrigada. na área (espaçamento e disposição),
Em 2013 a Agência Nacional de Águas A escolha do aspersor a ser adotado uniformidade de aplicação de água, efi-
(ANA) aponta 6,04 milhões de hectares na elaboração de um projeto de irriga- ciência de aplicação de água, economia
irrigados no Brasil. ção exige do projetista conhecimento de água e produtividade obtida.
A irrigação por aspersão no Brasil operacional do aspersor, ou seja, técnico Em termos gerais e para seleção
tem se expandido nos últimos anos, e também teórico. Para um projetista, de aspersores, sugere-se que sejam
principalmente devido à aplicação, via não é simples definir o aspersor a ser incipientemente adotados os seguintes
fertirrigação, de vinhaça nas áreas culti- instalado e utilizado, pois a escolha critérios: vazão, pressão de operação,

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13
Fotos Divulgação
parcial) ou de giro completo (360º).
Os setoriais são muito utilizados na
irrigação paisagística, gramados e em
irrigação de pastagens, onde não se
deseja molhar o corredor de circulação
dos animais, bem como os comedouros.
O raio de alcance do jato d’água do
aspersor, por exemplo, é influenciado
pela velocidade de giro como pela
pressão da água. Assim sendo, quanto
menor a velocidade de giro e maior a
pressão de serviço em que a água está
sujeita no interior do tubo, maior será o
raio de alcance do jato de água.
O bocal de um aspersor é objeto
de estudo e aperfeiçoamento das
O raio de alcance do jato d’água do aspersor é influenciado empresas fabricantes e dos institutos
pela velocidade de giro como pela pressão da água de pesquisa, por ser este um dos prin-
cipais componentes dos aspersores
raio de alcance do jato, uniformidade de momento a distribuição da água na área e por influenciar de forma direta na
aplicação de água, ângulo do jato, grau irrigada estará sujeita às interferências uniformidade de distribuição de água
de pulverização, mecanismo de rotação, ambientais. no solo. Além da variação do diâmetro,
durabilidade, custo e peças de reposi- Diversos fatores construtivos e os bocais possuem diferentes formas
ção. Portanto, a escolha do aspersor a dimensionais afetam a uniformidade na seção de escoamento como em seu
ser utilizado é de fundamental impor- de distribuição de água pelo aspersor. comprimento.
tância para o início da elaboração de Fatores construtivos como tensão da Aspersores estacionários também
um projeto de irrigação por aspersão, mola, velocidade de rotação, ângulo são comuns. Sendo estes muito utiliza-
características que permitirão ao proje- do jato e arquitetura interna do bocal dos na irrigação paisagística e em pivô
tista o início da elaboração do layout do são características muito importantes. central. A vantagem deste aspersor é
sistema como dos cálculos hidráulicos. Bocais podem possuir diversas formas que ele não apresenta movimento de
Outro ponto importante na escolha de seção, variação no seu comprimento, rotação, logo não há desgaste nas pe-
do aspersor é sua intensidade de apli- bem como apresentar ranhuras para ças sujeitas aos atritos. Entretanto, os
cação (Ia), obtida pela relação entre sua promover a pulverização ideal do jato aspersores pulverizadores, geralmente
vazão e seu espaçamento. Por exemplo, de água, e qualquer alteração nessas ca- são de baixa vazão com curto raio de
um aspersor de vazão 1,56m/h ins- racterísticas irá resultar em mudanças alcance do jato d’água.
talado em espaçamento quadrado de na vazão, velocidade do jato e distribui-
18mx18m tem uma Ia igual a 4,81mm/ ção de água pelo aspersor.
hora, este mesmo emissor instalado em Os aspersores podem ser classifica-
6mx6m tem uma Ia igual a 43mm/hora. dos sob diferentes aspectos, podendo
Esta informação é importante, pois o ser em função do mecanismo de ação
valor da Ia nunca poderá superar a ve- (impacto, reação e de turbina), da
locidade de infiltração de água no solo velocidade de giro (rápido e lento) e
(VIB), caso contrário a lâmina aplicada também da pressão de trabalho (baixa,
não será totalmente infiltrada, gerando média e alta). Os aspersores com meca-
problemas com escoamento superficial nismo de ação por impacto e com dois
na área irrigada. bocais são os mais comuns. O raio de
Reforçando a afirmação da impor- alcance, a vazão e o diâmetro do bocal
tância da escolha do aspersor, lembra-se dos aspersores também poderiam ser
que o bocal do aspersor é o último pon- parâmetros de classificação, porém
to de controle de água pelo irrigante, estas características são interdepen-
ou seja, a partir do momento em que dentes.
a água é aspergida para a atmosfera Os aspersores também podem
não temos mais seu controle e nesse ser classificados como setoriais (giro

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Diferentes modelos de aspersores encontrados no mercado. Cada projeto é feito para
proporcionar diferentes velocidades, capacidade de distribuição e alcance da água

Encontram-se no mercado uma racterísticas definidas em projeto, será irrigada naquele momento. Po-
gama ampla de modelo de aspersores, principalmente o delineamento das rém, a posteriori o produtor pode vir a
com variada capacidade de aplicação tubulações em campo. Normalmente migrar para outros cultivos, que sendo
de água. Há os miniaspersores, os quais os aspersores estão espaçados entre de porte diferente daquele outrora
apresentam vazão em torno de 300L/h, si, de 6mx6m, pois as tubulações têm utilizado, pode gerar problemas de uni-
trabalhando com pressão de 1kgf/cm. este padrão de fábrica, e a inserção de formidade de aplicação da água, devido
E na extremidade superior, pode-se aspersores na junção de dois tubos à interceptação do jato dos aspersores.
encontrar aspersores com vazão de evita cortes na tubulação. De modo Para diminuir este problema é perti-
160.000L/h, trabalhando a 7kgf/cm. geral, espaçamentos maiores implicam nente aumentar o tubo de subida do
Para melhorar a uniformidade de em irrigações menos uniformes, em aspersor, por meio de prolongadores,
distribuição de água, há aspersores contrapartida com um menor custo de adaptando o mesmo para a altura que
autocompensantes. Também é comum projeto. Por exemplo, a mudança de es- se deseja irrigar, lembrando que quan-
os projetistas instalarem na base do paçamento de 12m para 18m significa to mais alto estiver posicionado, mais
aspersor válvulas reguladoras de pres- uma economia de 30%. É recomendado sofrerá o efeito dos ventos. A elevação
são, que têm por finalidade equalizar que para o equilíbrio desta situação do aspersor gera aumento na tubulação
oscilações de sobrepressão no sistema, fossem realizadas simulações com de subida e por consequência aumento
que acarretaram mudanças nas caracte- softwares e testes de uniformidade em na altura manométrica, requerendo
rísticas de trabalho do aspersor. Entre- campo, nas condições do local de uso maior pressão para funcionamento do
tanto, temos que elucidar os usuários de dos aspersores. sistema.
irrigação que sempre que uma válvula Tão importante quanto o espaça- O custo atual de um aspersor
como essa atua, ela está provocando mento é a altura de instalação dos as- pode variar de R$ 15,00 para os as-
aumento na perda de carga, consequen- persores, sejam eles fixos ou móveis. É persores de baixa vazão até o valor
temente, aumento no gasto de energia. interessante observar que no momento R$ 4.000,00 para os aspersores de
Na instalação dos aspersores no da elaboração do projeto o projetista elevada vazão. De uma maneira geral
campo devem ser respeitadas as ca- tenha o foco voltado para a cultura que e considerando todos os acessórios
para montagem de um sistema de as-
persão, o custo dos aspersores pode
representar de 5% a 15% do total.
Essa variação pode ser em função do
preço do aspersor e do espaçamento
de disposição, o que implicará na va-
riação da uniformidade de aplicação
de água desejada.
Portanto, para seleção ideal de
um aspersor, ou seja, aquele que
apresentará menor custo ao irrigante
e melhor uniformidade de aplicação
de água, sugerem-se estudos apro-
fundados, bem como a consulta a
especialistas. .M

Alexandre Barcellos Dalri


Luiz Fabiano Palaretti
Unesp/FCAV

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pulverização

Pulverização
funcionar é necessária uma eletrônica
embarcada, a qual possui sensores,
atuadores e controlador eletrônico
de pulverização. Como os sensores e

automática
atuadores normalmente não são tão
visíveis aos operadores, acabam caindo
no esquecimento de sua existência no
momento da regulagem ou na revisão
A automação dos processos operacionais como a da máquina, podendo levar à aplicação
de doses errôneas dos produtos fitossa-
pulverização está cada vez mais presente nas lavouras nitários ou interferir na deposição das
brasileiras. No entanto, é preciso estar muito atento gotas e, consequentemente, no controle.
aos dispositivos eletrônicos a fim de obter o controle Os controladores para pulverização
fitossanitário desejado tiveram um grande desenvolvimento
na década de 1990. Inicialmente, esses
Charles Echer

equipamentos eram utilizados em pul-


verizadores terrestres de grande porte,
justificado pela diluição de seu preço no
custo total do pulverizador. Entretanto,
mais recentemente o seu uso foi esten-
dido para pulverizadores de arrasto e
até mesmo em equipamentos monta-
dos com aplicações específicas, como na
cultura da cana. Os controladores foram
desenvolvidos inicialmente apenas para
gerenciar o volume de aplicação, mas
passaram a integrar outras funções
como o direcionamento via satélite, as
informações gerenciais da aplicação e
até mesmo o controle do tamanho de
gotas.

Controladores
eletrônicos
O mínimo esperado dos controlado-
res eletrônicos de pulverização é que
eles sejam capazes de ajustar automati-
camente a vazão nos bicos pela variação
da velocidade do pulverizador, manten-
do constante o volume de aplicaçãopor
unidade de área.
Esses controladores recebem infor-
mações dos fluxômetros e/ou pressão
do circuito (pelo transdutor de pressão,
popularmente conhecido como pres-
sostato), calculando a vazão instantânea
total na barra (L/min). Os controladores

A
automação pode ser de- procedimentos repetitivos. Os pulve- também recebem informações de rada-
finida como um conjunto rizadores de barras, principalmente res ou sensores de pulsos instalados nos
de processos operacionais os autopropelidos, estão cada vez mais rodados do pulverizador, determinando
que são controlados e executados por fazendo uso da automação do volume a velocidade instantânea da máquina.
meio de dispositivos mecânicos ou de aplicação, popularmente também As informações de velocidade e vazão
eletrônicos, sendo útil no controle de conhecido como taxa de aplicação. Para são integradas no cálculo do volume de

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aplicação instantâneo.

Unesp
Apesar de oferecerem acurácia na
correção do volume de aplicação em
função de variações de velocidade, os
controladores fazem esse ajuste alte-
rando a pressão do circuito hidráulico,
por um motor elétrico instalado na
válvula reguladora de pressão na linha
principal. Assim, o aumento da velocida-
de do pulverizador ocasiona o aumento
na vazão (de forma a manter o volume
de aplicação constante por unidade de
área), devido à elevação da pressão e,
como consequência, a diminuição do ta-
manho de gota. Comportamento oposto
ocorre na desaceleração. A consequente Posto de comando de um pulverizador agrícola, que concentra
diminuição do tamanho de gota em um as principais funções da máquina e do sistema de pulverização
determinado momento da aplicação
pode comprometer a deposição da do controle ineficiente é devido ao trabalham de forma similar aos do
calda devido à deriva. Já o aumento do uso inadequado da ponta. A relação tipo turbina, mas sem partes móveis
tamanho de gota pode comprometer a entre pressão e tamanho das gotas é internas ao sensor, acarretando em
deposição no estrato inferior da cultura. encontrada nas tabelas técnicas das menor necessidade de manutenção e
Dessa forma, é necessário que o pontas e deve ser disponibilizada pelos uma vida útil mais elevada. Com uso
operador fique atento para não va- fabricantes. As pontas tipo leque de menos frequente, outro sensor utilizado
riar demais a velocidade. Um cenário uso ampliado são as mais utilizadas para inferir sobre a vazão instantânea
preocupante é quando a aplicação é em pulverizadores terrestres de barra, do sistema é o transdutor de pressão
realizada cruzando-se terraços, prática por serem mais baratas, porém as que (pressostato). O cuidado especial com
cada vez mais comum por aumentar possuem maior variação do tamanho esse sensor é relacionado à sua pressão
a capacidade de campo operacional de gotas. Recomenda-se utilizar pontas máxima de trabalho. A sua exposição a
do pulverizador (rendimento). Esse mais específicas em função do objetivo uma pressão maior daquela aceita o da-
problema se agrava quando há ainda a das aplicações, como uma ponta de nifica irreversivelmente, afetando, con-
utilização de um baixo volume de apli- indução de ar se a aplicação permitir sequentemente, o volume de aplicação.
cação (como 70L/ha ou menos). Como gotas grossas a muito grossas, ou uma Recomenda-se uma verificação pe-
exemplo prático, se um pulverizador é ponta com tecnologia de pré-orifício, as riódica das partes móveis dos fluxôme-
calibrado para operar a 15km/h com quais tendem a não ser tão suscetíveis tros do tipo turbina (na revisão de safra,
pressão em 45PSI (Pound Per Square a variações de pressão em relação ao por exemplo), pois há um desgaste na-
Inche ou lb/pol², equivalente a 3,1BAR), tamanho de gotas formadas. tural da hélice em função do tempo de
a aceleração para 20km/h elevará a serviço e da abrasividade dos produtos
pressão para 80PSI, enquanto a redução Sensor de vazão fitossanitários pulverizados, principal-
para 10km/h reduzirá a mesma para A maioria dos pulverizadores com mente daqueles comercializados em
20PSI. Esta magnitude de variação eletrônica embarcada no mercado veículo sólido, como os pó-molháveis.
de pressão pode ser o suficiente para possui fluxômetros do tipo turbina, por Assim, os fluxômetros possuem uma
comprometer o sucesso da aplicação, serem mais baratos e possuírem boa vida útil definida e devem ser substi-
pois ocasiona alterações significativas acurácia quando em bom estado. Al- tuídos de acordo com a recomendação
no tamanho das gotas geradas por guns equipamentos comerciais utilizam do fabricante. Fluxômetros desgastados
pontas hidráulicas (mais utilizadas em esse sensor do tipo eletromagnético. Os ou defeituosos levam ao erro de cálculo
todo o Brasil). fluxômetros do tipo turbina mensuram por parte do controlador, induzindo a
Portanto, é importante que a pon- a vazão instantânea pela contagem pulverização de volumes de aplicação
ta selecionada permita pequenas das revoluções de uma pequena héli- incorretos, gerando comprometimento
variações de pressão sem afetar de- ce existente no interior de seu corpo, no controle do alvo. Também não se
masiadamente o tamanho das gotas. comparando-a com uma calibração deve substituir um tipo de sensor pelo
Infelizmente, o produtor investe pouco prévia realizada com um volume conhe- outro sem a correta reconfiguração do
em ponta e, muitas vezes, a causa cido. Os fluxômetros eletromagnéticos controlador eletrônico.

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autopropelidos operam em velocidades
Fotos Unesp

bem maiores que essas.

Tendência futura
A ponta de pulverização deve traba-
lhar em um regime de pressão dentro
da faixa onde ocorre a manutenção do
tamanho das gotas, mas nem sempre
isso ocorre na prática. Assim, uma das
alternativas para a variação da vazão
Atualmente os controladores integram funções como o direcionamento via satélite sem afetar o tamanho das gotas é pelo
das informações gerenciais e até mesmo o controle do tamanho de gotas uso de válvulas PWM (em inglês Pulse-
-WidthModulation), que faz a modula-
Outro cuidado a considerar na sensores de pulsos estão instalados. Daí ção do tempo entre abertura e fecha-
utilização do sensor do tipo turbina é a necessidade de se calibrar o sensor mento do bico. Esta tecnologia permite
relacionado à aplicação de misturas de de velocidade no talhão onde a pulve- o controle da vazão e da pressão de
produtos fitossanitários na calda. Algu- rização irá ocorrer, preferencialmente operação de cada ponta durante a apli-
mas misturas apresentam incompati- nas mesmas condições de umidade do cação, mantendo o volume de aplicação
bilidade, e ainda que pequena ao olho solo e do nível de compactação. Estas constante (ou variando, se o objetivo é a
nu, podem modificar as características características não se tornam preocu- aplicação em taxas variáveis VRT), sem
físicas da calda e aderirem à hélice do pação quando da instalação dos radares afetar significativamente o tamanho
fluxômetro, alterando a leitura de vazão nos equipamentos. Todavia, os radares da gota. O funcionamento do PWM se
em relação à constante calibrada. Assim, podem ter sua leitura influenciada por dá pelo controle eletrônico da abertu-
se a mistura está aderindo ao tanque ou variações excessivas da cobertura vege- ra e do fechamento do fluxo em cada
na tubulação, muito provavelmente está tal da área trabalhada. ponta, fazendo com que a vazão seja
aderindo também na hélice do sensor, Alguns controladores eletrônicos iniciada e rapidamente interrompida.
exigindo uma limpeza mais frequente. utilizam o sinal de uma antena GPS Este controle é realizado pela presença
para obter a velocidade. Essa técnica é de uma válvula solenóide no bico que
Sensor de velocidade interessante, pois o sistema não precisa pode abrir e fechar em até dez vezes por
Os sensores mais usuais para o de calibração, assim como ele oferece segundo. O período de tempo em que a
cálculo da velocidade são sensores de a velocidade real em campo, ou seja, o válvula permanece aberta e fechada em
pulso instalados no rodado do pulveri- patinamento nos rodados não interfere cada ciclo determina o volume de apli-
zador, mas existem também os radares na leitura da velocidade. Geralmente cação. Assim, o operador pode variar a
e o uso de receptores GPS. Sensores de usam uma antena GPS de navegação, as velocidade de deslocamento, como ao
pulso são baratos, praticamente não quais não possuem problemas de sinal. cruzar terraços, sem alterar o volume
possuem manutenção e funcionam O único cuidado é com seu uso em ve- de aplicação e o tamanho de gotas. .M
bem, principalmente quando existem locidades extremamente baixas, como
Fábio H. R. Baio,
muitos furos ou magnetos nos rodados 1km/h ou 2km/h, pois os erros de GPS
UFMS
do pulverizador. Cada furo ou magneto podem influenciar demasiadamente Ulisses R. Antuniassi,
acarreta em um pulso enviado para o no cálculo da velocidade, entretanto, os FCA/Unesp
controlador eletrônico, assim, quanto
Jacto

Divulgação

mais pulsos, mais acurada vai ser a


velocidade calculada. Entretanto, um
ponto importante a considerar é que
normalmente sensores de pulsos são
instalados em somente um rodado,
acarretando em cálculo errôneo da
velocidade quando o equipamento
opera em longas curvas, pois os roda-
dos internos possuem menor rotação
(velocidade angular). Outro problema
Interface com o operador de um Baio e Antuniassi mostram os avanços
importante a considerar na operação controlador eletrônico de pulverização dos controladores eletrônicos
é o patinamento do rodado, onde os

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18
capa

JD S550
Segundo menor modelo da série S, a colhedora S550 da
John Deere, dotada de sistema de limpeza DF3, foi testada
pela nossa equipe e mostrou ser uma máquina com grande
capacidade de processamento, bastante ágil e estável para
colher em áreas com grandes aclives e obstáculos Plataforma Draper 630FD HydraFlex
equipava a colhedora testada

P
ara conseguir realizar este produtor nacional. Neste local, de
teste tivemos que viajar topografia irregular em declividade S, modelo S550 com plataforma
em torno de 1.800km. Na e presença de obstáculos, se exige 630FD Draper de 30 pés. Esta má-
primeira tentativa, na semana an- das máquinas agrícolas um elevado quina, que tem boa participação nas
terior, a chuva nos impediu de sair número de manobras, demandando vendas da John Deere na região, foi
do hotel, mas na segunda, o clima atenção na operação, para que se lançada em 2014, juntamente com
nos brindou com um magnífico dia possa realizar um bom trabalho, todos os outros modelos da série.
de trabalho. O destino da equipe foi com segurança. Como característica A série S é dividida em “corpo
a cidade de Vacaria (RS), em uma interessante para a mecanização é estreito” (S540 e S550) e
região de grande produção agrícola, que, embora o relevo seja predo- “corpo largo” (S660,
situada no nordeste Rio-grandense. minantemente ondulado, a maioria S670, S680 e S690).
Conhecida como “Porteira do Rio das áreas agrícolas é de mé-
Grande”, Vacaria, além de ser a dio e grande porte, mesmo
maior cidade dos Campos de Cima com esta característica de
da Serra, é tradicionalmente um lo- terreno declivoso. Durante
cal de produção pecuária do século o teste, em vários momentos
passado e hoje é dominada pelas vimos que, embora os operadores
culturas de grãos, como soja, milho locais estejam familiarizados, as
e trigo e também pela produção de máquinas trabalham em situações
maçã, morango e flores. Na maçã, a de grande transferência de peso.
região ocupa a condição de maior A máquina que fomos testar é
uma colhedora da classe V, da série

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20
Fotos Charles Echer

O sistema de acoplamento dos cabos e mangueiras que ligam a plataforma


à máquina é realizado com um movimento rápido de uma alavanca

PLATAFORMA forma 630FD HydraFlex de 30 pés plantas até o alimentador de forma


A colhedora S550 que (9.144mm), com sistema Draper, suave e constante sem que haja de-
testamos estava equi- que permite ao operador controlar bulha, danos aos grãos e excesso de
pada com a plata- sua velocidade de 22,5 a 228 metros material vegetal.
por minuto, propiciando conduzir as Esta plataforma, através da tec-

Valtra

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21
Fotos Charles Echer

O modelo testado estava com picador de palha, formado por um conjunto de lâminas
espaçadas uniformemente que harmoniza o tamanho e a distribuição dos resíduos

nologia HydraFlex, permite variação resistência, tem um tubo central de sistema é acionado usando o Com-
da pressão da barra de corte, sem 254mm, apresentando alta resistên- mandARM de dentro da cabine com
afetar a altura do corte e, aliada ao cia, o que permite a entrada suave da possibilidade do operador acom-
sistema de corte flexível, proporcio- massa vegetal, reduzindo os danos panhar através do monitor o nível
na boa amplitude da altura do corte mecânicos e possivelmente as per- de inclinação durante a operação
das plantas. Esta característica se das. Um sistema antienrolamento de colheita.
torna importante nas operações de impede que a cultura acumule-se O sistema de acoplamento dos
colheita, onde as condições de re- nas barras do molinete. cabos e mangueiras que ligam a
levo irregular exigem essa caracte- O sistema de alimentação apre- plataforma à máquina é realizado
rística para um bom funcionamento senta cilindros de elevação longos com um movimento rápido de uma
da máquina. que permitem elevada distância do alavanca, exigindo pouco tempo no
Durante o teste vimos que o solo quando a plataforma estiver acoplamento e desacoplamento da
molinete, equipado com dedos de totalmente estendida e oferecem plataforma.
poliuretano que conferem maior ao operador a possibilidade de
visualizar a altura do corte atrás
da plataforma. O conjunto de ali-
mentação possui inclinação lateral
com sistema de autonivelamento,
o qual permite que o alimentador
e a plataforma inclinem quatro
graus para ambos os lados, faci-
litando seguir os contornos do
solo principalmente onde existir
irregularidades no terreno. Este

Monitor informa perdas e melhores Sistema de limpeza DF3, com peneiras


regulagens em tempo real maiores que o sistema anterior

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TRILHA,
SEPARAÇÃO E LIMPEZA
O sistema de trilha e separação
da colhedora S550 é composto por
um único rotor TriStream. O rotor
é dividido em três seções: de ali-
mentação, trilha e separação, com
diâmetros distintos. Na seção de
alimentação, ocorre a entrada do
material, em grande volume, propor-
cionado pelo compartimento do tipo
cônico. Na segunda seção do rotor
ocorre a trilha, onde se tem um au-
mento de área na parte superior, isto
faz com que o material se comprima
na parte inferior e se expanda na
parte superior. Na terceira seção do
rotor, ocorre a separação dos grãos
que ainda permanecerem aderidos à
massa. Para que ocorra uma transi-
ção suave do material a parte supe-
rior do rotor possui seções cônicas, O acesso à cabine se dá por uma escada basculante com seis
degraus antiderrapantes e protegida por guarda-corpo
otimizando assim a capacidade de
trilha da máquina. Através de jane-
las laterais se pode ver este sistema finos, a de arames grossos e a versão colhedora S550 é que ela vem equi-
mecânico com facilidade. arrozeira. A substituição é feita ma- pada com o novo sistema de limpeza
Para atender uma ampla diver- nualmente e a regulagem da folga do DF3, que conta com peneira supe-
sidade de culturas, esta série dis- côncavo é realizada pelo operador rior e inferior maiores em 30% e
põe de quatro côncavos, a versão dentro da cabine. 17%, respectivamente em relação ao
standard ou de barras, a de arames Um grande diferencial desta sistema DF2, segundo informações
do fabricante. Este sistema permite
uma maior capacidade de limpeza
Pla

e consequentemente maior rendi-


mento da colhedora. Associado a
este aumento de área das peneiras,
redimensionou-se a velocidade de
rotação do ventilador em 100rpm,
melhorando o fluxo e o direciona-
mento do ar através das peneiras,
resultando em maior capacidade de
limpeza do material. Com estas mo-
dificações, o fabricante acredita ter
alcançado condições de, mesmo com
peneiras fixas, realizar um trabalho
equivalente ao que se tivessem pe-
neiras autonivelantes.
Para aumentar a capacidade de
limpeza em terrenos inclinados, a
colhedora conta com agitadores pre-
sos na estrutura da peneira, que di-
recionam os grãos para o centro, di-
minuindo assim perdas de material.
Como vantagem, o fabricante espera

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23
Painel externo auxilia no ajuste fino
das peneiras superiores e inferiores

que mesmo sendo um sistema fixo,


o sistema de limpeza se torne mais
simples e com menos componentes,
necessitando de menores ajustes e
facilidade de manutenção.
Através do sistema de ajuste in-
terativo, algumas regulagens como
a abertura das peneiras superior e A uniformidade de distribuição da calda, ao longo do dossel da soja, em geral, é
baixa, por isso é necessário incrementar a deposição na parte inferior da cultura
inferior, da rotação do rotor e veloci-
dade do ventilador podem ser feitas
automaticamente desde a cabine. colhedora, permitindo assim um AGRICULTURA
Isto auxilia o operador na regula- ajuste fino ao nível do solo. DE PRECISÃO
gem da máquina, podendo escolher A colhedora testada estava equi- A colhedora S550 que testamos
as prioridades, como qualidade de pada com picador de palha, formado estava equipada com sistema AMS
grãos, redução das perdas e quali- por um conjunto de lâminas espaça- (Agricultural Management Solutions)
dade dos resíduos gerados. Ajustes das uniformemente que harmoniza completo, que gera mapas de produti-
na regulagem das peneiras também o tamanho dos resíduos e distribui vidade, por meio de sensores de fluxo
podem ser feitos por interruptores o material em toda a largura da de massa e umidade instalados no
externos localizados na lateral da plataforma. elevador de grãos limpos da máquina.

As novas cabines da série S tiveram um aumento de 30% da área


envidraçada, melhorando ainda mais a visão da plataforma de colheita

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24
Fotos Charles Echer
As informações de localização da
New Holland

máquina podem ser visualizadas por


meio de um monitor GreenStar em
conjunto com um receptor StarFire.
Na coluna da direita da cabine está
disposto um monitor digital que
permite uma visão rápida das infor-
mações principais da máquina, como
alertas, velocidade de avanço, indica-
dor de marcha, nível de combustível
e rotação do motor.

MOTOR, TRANSMISSÃO
E RODADOS
O motor que equipa a S550 é da
marca John Deere, modelo PowerTe-
A regulagem do pulverizador vai além de apenas escolher bicos e vazão do produto, ch, com seis cilindros e 6,8 litros de
sendo necessária uma avaliação de cada um dos componentes de pulverização volume, com turbo compressor e af-
ter cooler ar-ar que proporciona uma
potência máxima 305cv e potência
nominal de 275cv a 2.200rpm, que
se chega às rodas por uma transmis-
Este sistema permite que as informa- sistema de direcionamento denomi- são hidrostática de três velocidades.
ções da colheita sejam armazenadas nado Autotrac SF2, que possibilita o Os rodados traseiros utilizavam
e transferidas para um microcompu- aumento do desempenho do equipa- pneus com especificação 28.1-26
tador capaz de criar mapas de produ- mento, mas que não estava sendo utili- e os dianteiros duplos na medida
tividade, auxiliando o produtor para a zado na realização do teste. A máquina 520/85-R38.
tomada de decisão no gerenciamento possui também o mencionado Sistema
das operações. de Ajuste Interativo, que permite me- ERGONOMIA
Além disso, a colhedora conta com lhor uso do sistema de limpeza. As cabines utilizadas nas colhe-

Escada de acesso para manutenções Toda a proteção lateral pode ser Principais manutenções podem ser
na parte superior da S550 basculada para checagens acessadas sem esforço

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25
Fotos Charles Echer

Dispõe ainda de dois assentos, o


principal e o de acompanhante, os
dois dotados de cinto de segurança.
No assento principal há um console
CommandARM, com apoia-braço
CommandTouch com comandos intui-
tivos que permitem controlar, sem es-
forços, todas as funções da máquina.
Pensando no conforto do operador,
os controles do ar-condicionado e
rádio estão posicionados no console
e a alavanca multifunção está posicio-
nada à direita, próxima ao operador.
A John Deere disponibiliza para os
produtores duas versões de cabine:
versão Standard que equipava a co-
lhedora testada e a versão Premium,
que oferece componentes como um
refrigerador com capacidade de 37
litros, ajuste elétrico dos espelhos
retrovisores e coluna da direção com
Detalhe da entrada de ar no compartimento onde estão os
radiadores responsáveis pelo arrefecimento da máquina inclinação dupla.

MANUTENÇÃO
doras série S da John Deere foram na máquina. E REGULAGENS
desenvolvidas através de um projeto O acesso à cabine se dá por uma O ajuste automático da colhedora
global seguindo requisitos determi- escada basculante com seis degraus TouchSet permite que o operador,
nados por normas. No Brasil, a partir antiderrapantes, conduzindo a uma através da escolha de um cultivo,
de 2012, todas as colhedoras John plataforma de acesso, que por me- ajuste a rotação do motor, a rotação
Deere cumprem integralmente as dida de segurança é protegida por do ventilador de limpeza, a abertura
normas nacionais, sendo aplicável pega-mãos e correntes. do côncavo, a abertura da peneira
a este modelo a normativa regula- A cabine teve um aumento de superior e inferior, facilitando assim
mentadora - NR-12 do Ministério espaço interno de 30%, proporcio- a regulagem dos principais compo-
do Trabalho e Emprego (MTE), onde nando assim maior área envidraçada, nentes da colhedora que interferem
prevê a obrigatoriedade da presença melhorando a visibilidade da pla- diretamente no seu desempenho. O
de itens de segurança e ergonomia taforma e da operação de colheita. sistema oferece também a opção do

Visão da parte superior da máquina com o compartimento do motor fechado (esquerda) e


aberto (direita) que possibilita acesso ao motor principal e parte hidráulica da máquina

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ajuste fino destas regulagens, com
a colhedora em movimento. Várias
opções de cultivos estão disponíveis Teste nos Campos
para escolha, além do recurso de de Cima da Serra
personalizar ajustes nas diferentes
condições climáticas e estado da cul-
tura que a colhedora possa trabalhar.
O test drive foi realizado na proprie-
dade do senhor Nabor Rodrigues
Varaschin, situada a 40km do município
arrendadas, as lucratividades foram baixas.
Com o passar dos anos, trabalhando de forma
independente, adquiriu áreas próprias e outras
O Sistema de Ajuste Interativo de Vacaria (RS). A propriedade do senhor arrendadas, investiu em correção e fertilidade
facilita aos operadores inexperientes Nabor, chamada Fazenda Cachoeira, possui do solo, máquinas e tecnologia que proporcio-
melhorarem a operação e regulagem 1.500 hectares, sendo 950ha ocupados naram ganhos em produtividade. Atualmente,
através do ajuste do sistema de lim- nesta safra com a cultura da soja no verão conta com a colaboração de dois funcionários
peza, onde podem optar por priori- (100% da área agricultável) e no inverno fixos e, em períodos de safra, quando a deman-
zar a eficiência no controle de perdas com os cultivos de trigo (100 hectares), da é maior, outro funcionário o auxilia.
ou na qualidade dos grãos. A instala- aveia (50 hectares) e o restante consórcio Considerado uma referência pelos presta-
ção do controlador Isócrono mantém aveia-azevém para engorda do gado. No cul- dores de serviço de assistência técnica, devido
constante a rotação, principalmente tivo de verão, safra 2014/2015, em 220ha de às produtividades obtidas e ao uso de tecno-
milho a produtividade foi de 175 sacos por logias, o senhor Nabor comenta que investiu
no sistema de separação e limpeza
hectare e na soja de 63 sacos por hectare. em máquinas agrícolas para proporcionar maior
que promove maior rendimento e No cultivo de inverno em 100ha de trigo a conforto, segurança e aumentar a eficiência nas
durabilidade dos componentes. produtividade foi de 2.580kg/ha. operações agrícolas, principalmente para evitar
A presença de interruptores De jeito simples e feliz com o que faz, perdas de tempo com manutenção durante a
externos localizados na lateral es- o senhor Nabor nos contou que o começo realização do trabalho. Entre os investimentos,
querda da colhedora auxilia o ajuste na agricultura foi difícil, pois tendo iniciado destacam-se, além da colhedora deste test dri-
da peneira, principalmente quando as atividades auxiliando um tio no cultivo ve, um pulverizador autopropelido, um trator
houver perdas no solo ou para reali- de trigo, soja e criação de gado em áreas (215cv) e uma semeadora.
zar o ajuste fino da peneira inferior.
O sistema de limpeza DF3 pre-
sente nesta colhedora permite que
a manutenção e a regulagem das co-
lhedoras sejam mais rápidas quando
comparado ao sistema nivelamento
automático, que exige manutenções,
limpezas e calibrações diárias, resul-
tando em maior tempo disponível
para outras operações.
Mesmo sendo um componente
importante e que requer manutenção
diária, o motor e seus periféricos das
colhedoras situam-se em locais altos
e de difícil acesso. Para isso, uma
escada permite chegar até o tanque
de combustível, sistema de captação
de ar, tela rotativa, resfriadores de
óleo, radiador e cofre do motor para
promover a manutenção diária.

CAPACIDADES
A colhedora S550 possui as me-
nores dimensões da série S da John
Deere, com largura de 4.750mm
utilizando rodados duplos e sem a
plataforma e 9.310mm de compri-
mento com tudo de descarga e sem
a plataforma, o que resulta em uma

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Fotos Charles Echer

O teste foi realizado em uma área íngreme que exigiu que a S550
realizasse inúmeras manobras com agilidade e estabilidade

massa de 14.575kg. Para utilizar a dados de produtividade do sistema


potência nominal de 275cv, conta de registro da máquina indicavam
com um reservatório de combustí- 2.580kg por hectare, com umidade
vel de 757 litros, dando autonomia de 13,6%. O consumo volumétrico de
durante a jornada de trabalho. De- combustível era de 50 litros por hora,
vido ao seu alto rendimento, está com uma produtividade média de 4,5
equipada com tanque de grãos com hectares por hora, o que resulta em
capacidade de 8.800 litros. O tubo de um consumo por área de 11,1 litros
descarga de 6,6m proporciona vazão por hectare. que o operador preferia neste tipo
de até 78L/s. A pedido da equipe de testes, a de trabalho, com muitas manobras,
velocidade de operação foi variada a opção de colher no sistema manual
TESTE diversas vezes para subir e descer as e com a barra de corte da plataforma
O teste a que submetemos esta coxilhas, mas a média foi de 5km/h, em posição bem elevada. Este é um
máquina para melhor a conhecermos obtida em 2ª marcha a uma rotação detalhe considerado interessante
foi na colheita da cultura do trigo. Os de 2.200rpm no motor. Verificamos pelo proprietário da área, pois ele
considera que aliviar a máquina da

Concessionário carga de massa que entra favorece


muito o trabalho da colhedora.
Tivemos muito boa vontade do
O concessionário John Deere que
nos apoiou neste teste foi a Plan-
tare, que tem matriz em Vacaria e lojas em
potência mais vendida é a que está entre
75cv e 225cv. As colhedoras mais vendidas
são as das classes IV e VII.
operador Claudir Gomes Rodrigues,
que sempre esteve disposto a nos
Lagoa Vermelha, Montenegro, Sananduva, Embora o mercado tenha tido uma auxiliar no entendimento dos siste-
Estrela e Caxias do Sul. redução linear de 20%, a Plantare continua mas e nas respostas da máquina às
Acompanhou-nos no teste o senhor a ser líder em colhedoras, na região de variações propostas.
Fernando Pedroso, que é consultor estra- abrangência, com aproximadamente 52% do O especialista em Marketing Co-
tégico de Negócios (CEN) da John Deere mercado regional e ostenta ainda o segundo lheitadeira da John Deere que nos
para a região de Vacaria, Muitos Capões, lugar em tratores. auxiliou, informando e solucionan-
Esmeralda e Pinhal da Serra. Há outro Este concessionário John Deere derivou do dúvidas, foi o engenheiro Fabio
consultor CEN que cuida da região de Bom desde 2009 de um antigo representante da Silva Schavinski, que demonstrou
Jesus, São José dos Ausentes, Jaquirana e marca, Augustinho Rech, que tinha sede
excelente conhecimento do produto
Monte Alegre dos Campos. em Sarandi. Atualmente a família Rizzi,
e esteve disponível o tempo todo que
As principais culturas que a loja de através do seu diretor Ricardo Rizzi, leva
Vacaria atende são soja, milho, trigo, adiante este negócio onde a S550 tem boa foi demandado pela equipe de teste.
feijão, alho, batata e maçã e a faixa de participação nas vendas. Uma das questões propostas foi
sobre a alternativa do fabricante em

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oferecer a máquina com um sistema
fixo de peneiras, aumentando a área
de limpeza e ajustando a velocidade
do fluxo de ar, uma das novidades que
acompanhou este modelo.
Verificamos que a opinião do ope-
rador e do proprietário da máquina é
muito favorável quanto ao conforto,
à facilidade dos ajustes e à robustez
do conjunto, inclusive da plataforma.
Consideramos o ponto alto deste
modelo a cabine Premium que nos
chamou a atenção pela visibilidade
em relação aos outros modelos que
já testamos. Também chamam a
atenção neste modelo, a qualidade
mecânica e o acabamento de pintu-
ra e encaixe das peças. Enfim, uma
máquina de primeira linha, em con-
dições de brigar pela liderança de
mercado na sua categoria. .M

José Fernando Schlosser


Gilvan Moisés Bertollo
Juan Paulo Barbieri A S550 possui motor John Deere, modelo PowerTech com 6 cilindros e 6,8 litros de
Laboratório de Agrotecnologia – volume, com turbo compressor e after cooler ar-ar com potência nominal de 275cv
Nema - UFSM

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29
agritechnica

Palco das
inovações
Mais uma vez, a feira Agritechnica de Hannover, Alemanha,
mostrou ser um dos maiores eventos de máquinas
agrícolas do mundo, reforçando a vocação de apresentar a
cada edição mais soluções com inovações tecnológicas

A
o visitar o maior evento de Cerca de 1,5 mil visitantes eram africa-
agricultura mundial, que se nos e outros tantos indianos. Algumas
realiza a cada dois anos na dezenas de brasileiros estavam lá.
cidade de Hannover, estado alemão O evento, organizado pela Sociedade
federal da Westfália, é fácil entender por Alemã de Agricultura (sigla DLG em ale-
que se considera hoje que neste setor a mão) desde 1985, não tem paralelo em
Alemanha é o território-ponte pelo qual área, volume e representação estran-
a Europa se comunica com o mundo. geira. Embora não se divulgue o total
Pois, enquanto a preocupação global de negócios ali realizados, considera-se
é a economia, em geral, na Agritechnica o resultado expressivo, a julgar pelo
viram-se os primeiros sinais de reação aumento constante de visitantes e de
no setor agrícola, não só pelo potencial empresas expositoras. Mas neste ano
extraordinário que se descortina numa uma correção de expectativas: em razão
parte do mundo até bem pouco descon- de em tempos recentes ter havido gran-
siderada nas análises globais, o Leste de expectativa de crescimento, seguida
Europeu, como pelo despertar para a pelo retraimento da economia, alguns
crescente conscientização ecológica, países como Holanda, Espanha e Grécia,
social e sanitária do consumidor de que haviam importado quantidades de
alimentos. O momento é de transição. máquinas que seus mercado domésti-
Assim foi a exposição internacional cos não justificavam, desovaram seus
de técnica agrícola realizada de 10 a 14 estoques na África do Norte e Central,
de novembro. Nada menos do que 452 América do Sul e Oriente Médio, o que
mil pessoas percorreram durante cinco alterou o quadro europeu de vendas.
dias os 30 hectares de área coberta do Desde logo se percebeu na Agrite-
parque da Agritechnica (área total de chnica de 2015 o rumo das atenções:
42ha, sendo 12ha de vias asfaltadas, os fabricantes da Alemanha, Itália, Ho-
locais arborizados e estacionamento), landa e França, maioria lá, por exemplo,
onde 2.953 expositores de 52 países olhavam com atenção os visitantes da
apresentaram as mais modernas má- Europa Central e Oriental, em especial
quinas e os equipamentos eletrônicos os da Rússia, Ucrânia, Polônia e outros
da atualidade. Alguns produtos apre- do antigo bloco comunista. A transfor-
sentados parecem coisa de sonho, ficção mação da matriz agrícola estatal em
científica. Como curiosidade, 55% dos privada mobiliza milhões de pessoas
expositores eram estrangeiros, isto é, naqueles países e é a atividade que mais
não alemães. Entre os visitantes, 105 cresce. E o potencial vem aguçando o
mil vieram de outros países, com ex- interesse de empresas que, dependen-
pressiva participação de interessados do da legislação de cada país, para eles
do agora participante Leste Europeu. vão exportar ou instalar novas fábricas

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30
Fotos DLG

2.953 expositores de 52 países apresentaram as mais


modernas máquinas e os equipamentos da atualidade

associados com investidores locais. e qualidade alimentar - alteraram o


E, com tudo isto, logo se indaga sobre humor na agricultura e a maioria do
o lugar que a agricultura brasileira ocu- campo demonstra enorme fome de
pa na mente dos fabricantes europeus. informações. As novidades são dis-
E o Brasil? A pergunta dirigida a diri- putadas e os fabricantes mobilizaram
gentes das grandes empresas alemãs importantes contingentes de técnicos
provoca uma ligeira pausa e a resposta para esclarecer dúvidas e a curiosidade
simpática: “é claro que o Brasl não sai geral. Enquanto em eventos anteriores
de nossos pensamentos. No momento, percebia-se a atenção sempre desper-
porém, nossa prioridade é atender tada pelas grandes máquinas, desde
aos mercados da Europa Central e gigantescos arados e descompacta-
Oriental”. Em particular explicam que dores de solo aos tratores chegando
na realidade o mercado brasileiro é aos 1.000HP de potência, necessários
difícil de atender por causa das bar- em terras que congelam, neste ano a
reiras alfandegárias, que encarecem procura por tecnologia eletrônica foi
as importações. Entra em julgamento mais expressiva. Talvez porque tenha
também o que qualificam de tendência diminuido também a idade média de vi-
nacional de encarar com naturalidade sitantes, ávidos por técnica embarcada.
quebras de contrato. E, em terceiro
lugar, acham que o consumidor brasi- INOVAÇÕES TÉCNICAS
leiro de produtos agrícolas ainda não se O desafio econômico no campo, na
manifestou com força suficiente para al- avaliação dos agricultores europeus,
terar sistemas de produção em relação só pode ser encarado por quem inovar,
ao ambiente e à qualidade alimentar. integrando habilidades e constante
E também por isso muitas inovações evolução no conhecimento. Um dos
tecnológicas seguem sem apelo no país. requisitos básicos a atender é a resis-
A agricultura está mudando, é o que tência ao estresse da sociedade quanto
se percebe de pronto no evento, com os aos processos de produção agrícola. O
produtores reavaliando a situação de consumidor europeu está cada vez mais
forma crítica. Preços de colheita baixos exigente e querendo conhecer as condi-
e novas demandas da sociedade – cui- ções em que o produto foi desenvolvido.
dados ecológicos, exigências sociais Os produtores são desafiados a lidar

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31
Fotos DLG

Apesar da tradicional busca por grandes máquinas, esta edição mostrou que os visitantes olham com cada vez mais
atenção para produtos que carregam em seus projetos grande quantidade de tecnologia embarcada

com a aceitação dos consumidores em sos de trabalho na produção de culturas nentes, onde os visitantes se depara-
termos de meio ambiente e utilização acompanha o desenvolvimento de ram com um panorama diversificado
de produtos menos agressivos. Ou vão softwares inteligentes para atender às de inovações, tendências e avanços
perder dinheiro. É por isso que, na ava- exigências de documentação, garantia nas áreas de motores, sistemas de
liação de diretores da DLG, a agricultura de qualidade, rastreabilidade e logística, eixo, tecnologia de propulsão, cabines,
nos moldes modernos está em declínio gestão e monitoramento de máquinas eletrônica e peças de reposição, além
e é preciso que os agricultores aceitem o para minimizar os custos de parada e de softwares de fácil uso. O tema foi
diálogo com a sociedade estabelecendo manutenção. Esta evolução, em conjun- organizado de forma a abranger ten-
bases para as novas relações produtor- to com um sistema de gestão de dados dências tecnológicas como eficiência,
-consumidor. E para sua execução preciso e simples, conduz a estruturas confiabilidade, segurança e ergonomia
faz-se necessário adaptar o tipo de de redes que mapeiam a cadeia produ- e proteção ao meio ambiente com me-
equipamento às condições ecológicas tiva do campo à mesa. Soluções para lhor desempenho.
e as tecnicas de produção atentarem estas questões foram apresentadas em Como salientou Reinhard Grandke,
para as exigências de um consumidor grande escala na Agritechnica. diretor da DLG, os desafios globais
consciente e disposto a escolher entre Um setor completo de pavilhões só podem ser enfrentados com uma
o que se lhe oferece e onde nem sem- abrigou a seção de Sistemas e Compo- agricultura baseada em conhecimento
pre o fator preço é determinante. Daí
as mesas e os canais de discussão que
se propagam. A Agritechnica ofereceu
boas oportunidades.
A ênfase em novas soluções com me-
nor custo financeiro e baixo risco ecoló-
gico assanhou a indústria de máquinas
e equipamentos. Neste ano 311 criações
foram registradas e concorreram a prê-
mios na Agritechnica. Cinco receberam
medalha de ouro e 44 de prata (confira
os premiados nas páginas 37 a 41). O
fluxo dominante ocorreu nos novos
segmentos de eletrônicos e sensores.
Deste segmento saem as definições em
grande parte do grau de inovação dos
sistemas e máquinas capazes de tornar
os processos mais eficientes e precisos,
ambientalmente, e com menos custo. A
tendência para a automação de proces-

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salientou. Pesquisas recentes mostradas pela
DLG demonstram que a disposição
INVESTIMENTOS para investir diminuiu um pouco na
A abundância das últimas safras de Alemanha e chega agora a apenas 41%
grãos e a constituição de estoques estão dos produtores que em 2013 estavam
pressionando para baixo os preços na dispostos a incrementar a atividade.
Europa. Para completar o quadro, os Na Polônia ocorre o mesmo, com 39%,
países do Mar Negro assumem posições e no Reino Unido 29%. Na França o
fortes na exportação. A produção de percentual otimista é de somente 23%.
leite e carne suína aumentou na Europa, Mas há outro fator para o retraimento:
em parte pela contenção de preço dos nos últimos cinco anos os produtores
grãos usados como ração. E, como re- investiram pesado na renovação de
sultado, caem os preços e a insatisfação equipamento e tecnologia e ainda estão
nestes setores também. absorvendo resultados. Na atual situa-

A Agritechnica
Reinhard Grandke, diretor da DLG,
desafios enfrentados com conhecimento
O evento, realizado pela primeira vez
em 1985, em Frankfurt am Main
(551 expositores e 125 mil visitantes), é
é vista como polo da interconexão global de
toda a indústria agrícola, e mostra vital para a
crescente importância do setor, que alimenta a
organizado pela Sociedade Alemã de Agri- crescente população mundial. É o maior evento
e know-how e um dos pré-requisitos cultura (DLG), entidade que comemorou 130 agrícola mundial.
é a obtenção à aprovação contínua da anos em 2015. Levado para Hannover em Os 125 mil visitantes e 551 expositores na
sociedade em relação aos processos de 1995, como um dos reflexos da reunificação sua primeira versão subiram em 30 anos para
produção. Os avanços no campo terão da Alemanha e do esfacelamento da União 450 mil e quase três mil expositores de 52 paí-
de obedecer às exigências da sociedade, Soviética. A partir de então cresceu tanto em ses. Das 1.627 empresas estrangeiras presentes,
significando que o produtor terá de número de expositores e visitantes como em a maioria foi de italianas (399), 133 holandesas,
apresentar soluções e integrá-las em relação ao espaço. 112 turcas, 103 francesas, 100 chinesas, 71
De acordo com o diretor executivo da austríacas, 70 polonesas, 61 canadenses, 52
sua estratégia de gestão. A oportunida-
DLG (Deutsche Gesellschaft Landwirtschafts), americanas, 47 dinamarquesas, 45 britânicas,
de de dialogar com a sociedade também
Reinhard Grandke, atualmente a Agritech- 45 espanholas, 40 finlandesas, 38 indianas e
representa uma inovação técnica, pois nica é considerada o ponto de ligação dos 36 suecas. Outros países, como Brasil - com
o diálogo traz mais respeito e proteção mercados da Europa Central e Oriental. E 11 expositores - tiveram representação menor.
ao ambiente e aos recursos naturas,

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ção de mercado o foco se volta para ga- MUDANÇA DE PADRÕES impactos positivos para a saúde huma-
rantia da liquidez e redução do serviço Salta aos olhos de visitantes o inte- na e redução de pobreza. Ideias assim
da dívida. Os investimentos são adiados. resse dos agricultores em informações são sentidas tanto entre os agricultores,
Uma tendência a ser considerada, sobre novas abordagens para aumentar que já perceberam as tendências busca-
no entanto, é o aumento das áreas de a eficiência de sua produção de forma das pelos consumidores, como entre os
produção de grãos. Também a bionergia sustentável, termo meio gasto pela retó- fabricantes de máquinas, pressionados
está nos planos. No tocante aos grãos, rica vazia em muitas regiões do mundo, por sua vez pelos dois extremos da
a tendência à redução dos princípios mas que na Europa é pronunciado com cadeia.
para proteção de plantas desperta forte seriedade. Da terra à mesa, todos os A discussão fatalmente volta ao
atenção, junto com a mais eficiente apli- setores querem conhecer meios de tema da controversa biotecnologia,
cação de fertilizantes, em especial pelo utilizar os recursos e sua distribuição. vista como fator de aumento da pro-
surgimento de sofisticados equipamen- Neste campo a redução do desperdício é dutividade e redução de custos ope-
tos eletrônicos de medição, avaliação e crucial, tanto na produção de alimentos racionais, tanto por demandar menos
distribuição. Alemanha, França e Polô- como na transformação e no consumo, terra quanto por economizar a cada
nia planejam aumentar seus programas procurando garantir o acesso equitati- vez mais rara e cara mão de obra, sem
de cultivo, com mais culturas de verão vo à nutrição. Usar melhor a terra sem contar com os benefícios ao meio am-
e intercalares. agredi-la e oferecer alimentos saudá- biente pela aplicação mais sistemática
Mas todos pensam com carinho nas veis, para simplificar. de agroquímicos. De outra parte os
inovações apresentadas no processa- Daí a busca por estratégias de mu- críticos do sistema apontam hipotéti-
mento de dados e adoção de soluções dança nos padrões de produção agrí- cos danos à saúde humana causados
de software em nuvem. A digitalização cola, com a gestão integrada de acesso pelos transgênicos. Menor discussão
da produção demanda abordagens aos recursos naturais e reformulação provoca o plantio direto, de uso expo-
individuais para cada empresa e quase dos sistemas de produção de alimentos nencialmente crescente em regiões cujo
20% dos agricultores ouvidos em uma e os mercados. O fim procurado está clima favorece esta atividade, mas sem
pesquisa estão elaborando conceitos em favorecer o meio ambiente com a condições de aplicação nas terras frias
operacionais, enquanto 8% já estão redução das emissões de gases com do hemisfério norte. .M

integrados e em fase de digitalização efeito estufa e no aumento de fixação Newton Peter,


sistematizada. de carbono. Como consequência viriam Cultivar
Fotos DLG

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34
agritechnica

Tecnologia pura
Os aparatos tecnológicos dominaram os estandes dos 2.900 expositores da
Agritechnica 2015. Entre eles, mais de 300 novidades nesta área concorreram às
premiações oferecidas pela DLG, mas apenas cinco delas levaram a medalha de ouro
e 44 ficaram com medalhas de prata

T
ive oportunidade, a convite de 51 países trouxeram. Minha abor- sa, principalmente aqueles europeus do
da Revista Cultivar Máquinas dagem será com vistas a apreciar as centro da Europa e da região nórdica,
e da organização da Agritech- novidades, explícitas nas cinco meda- ou porque são eficazes ferramentas de
nica 2015, de participar da maior feira lhas ouro (confira os vencedores no marketing.
de máquinas agrícolas do mundo. Não box das páginas 40 e 41) e em algumas Nos tratores, as principais novidades
há termos de comparação entre as de- das 44 medalhas de prata entre as 300 foram relacionadas à aplicação da ele-
mais exposições do gênero do mundo, novidades que foram destacadas pela trônica, às transmissões e à diminuição
algumas pela dimensão e outras pela organização. das emissões dos motores. Uma consta-
forma de organização. Todos os 2.900 Em primeiro lugar há que evitar em- tação lógica, sempre a adoção de novas
expositores estavam organizados em briagar-se com a tecnologia quando se e complexas tecnologias começa pelos
estandes situados em pavilhões cober- interpreta a aplicabilidade para o nosso grandes tratores.
tos. A visita organizada pela DLG (So- país. Há muitas propostas que não Em geral, vimos algumas tendências
ciedade Alemã de Agricultura) incluía têm aplicação imediata na agricultura diferentes do que se utiliza no Brasil.
muitos jornalistas e especialistas em brasileira. Alguém poderia perguntar: Exemplo disto é o uso de sistemas de
temas agrícolas e nos deu liberdade e e por que foram apresentadas? Pois, acoplamento tipo semimontado em
tempo para transitar entre os estandes no meu entender, por dois motivos, ou grandes implementos, que utiliza os
e verificar as novidades e as tecnologias porque são aplicáveis em países com dois braços inferiores do sistema hi-
que os alemães e os outros expositores rentabilidade agrícola maior que a nos- dráulico para suportar e levantar a par-

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35
te dianteira de implementos de grande
porte e a parte traseira pelos pistões hi-
dráulicos controlados pelas válvulas do
controle remoto (VCR). Aqui no Brasil,
em geral se utilizam comandos duplos
com um pistão para cada extremidade
do implemento e o arrasto pela barra
de tração. Evidentemente que aqui
não se utilizam grandes arados como
lá. Ainda sobre sistema hidráulico, não
havia modelos que não apresentassem
sistema de engate rápido nos braços
inferiores do sistema hidráulico, o que
é unanimidade europeia e tão rara no
Brasil.
O padrão Isobus se consolidou
como protocolo e isto se notou. Nem
os protocolos alemães e derivados da
indústria automobilística que se viam
no passado são ainda utilizados. Todos
os equipamentos adotaram Isobus e
mostraram muitas aplicações na feira.
Talvez a eletrônica embarcada tenha
sido o ponto alto e um dos itens tecno-
lógicos mais mostrados.
Como comandos, a alavanca multi-
função passou a ser comum aos gran-
des equipamentos. Todos os tratores
de gama média em diante passaram fabricantes de tratores mostraram sincronizada, que tanto utilizamos no
a unir vários comandos em um único, algum tipo que não fosse automática Brasil.
sempre no lado direito do painel de ou automatizada. Mesmo os pequenos Muitos fabricantes apresentaram
instrumentos. fabricantes ofereceram alternativas variantes aos pneus, mostrando sis-
Quanto às transmissões, poucos à mecânica tradicional ou mesmo à temas de locomoção diferentes, como
esteiras de borracha e pneus extra-
largos (pneus de flutuação), voltados
para aumento da superfície de contato
e diminuição da pressão que a máquina
exerce sobre o solo. Vários fabricantes
de máquinas e componentes aposta-
ram firme na locomoção por esteira
de borracha, quer seja como elemento
standard como opcional, de fabricantes
alternativos.
Também os freios foram itens de
demonstração de tecnologia. Vários tra-
tores mostrados na feira apresentaram
versões com freios a ar. Nos grandes
tratores muitos expuseram freios com
dispositivo ABS, para frenagem rápida
e equilibrada. É interessante lembrar
Máquinas como os tratores Deutz-Fahr que a utilização europeia de tratores
sempre são destaques na Agritechnica em estrada é bastante superior à nossa
e por isto os tratores passam por uma

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36
Fotos DLG
Draper na Europa, onde o sistema de Pela John Deere chegou uma novi-
caracol convencional predomina. dade para tratores que é denominada
de tração de quatro rodas inteligente. A
MEDALHAS DE PRATA inovação do fabricante oferece acionar a
A seguir tentaremos apontar algu- tração dianteira auxiliar somente quan-
mas das 44 inovações apresentadas do for necessário, sem a necessidade
na feira e premiadas com medalhas de de que o operador atue neste sentido.
prata. A TDA é acionada automaticamente
A CVT Corp, do Canadá, apresentou quando o sistema detecta a necessi-
a PTO Stepless, que é um sistema con- dade. Os parâmetros utilizados para
trolador da rotação da TDP frontal do o acionamento são o patinamento das
trator, mesmo quando há variações na rodas e o torque que está envolvido em
rotação do motor. É um sistema variá- embreagens colocadas nos dois eixos.
vel que mantém a rotação mesmo com O avanço necessário no eixo dianteiro
as variações decorrentes do uso com é levado em conta e a informação é de
outros implementos ligados à parte que há diminuição do desgaste de toda
traseira do trator. Assim, um trator a transmissão.
poderá ser utilizado com mais de um A Fendt alemã apresentou um
implemento e o que estiver acoplado sistema conceitualmente semelhante
na dianteira recebe sempre a mesma ao da John Deere, que é o Fendt Vario
rotação. É um sistema que proporciona Drivedriveline, que oferece ao usuário a
melhorar a eficiência de uso e diminuir leitura da velocidade de ambos os eixos
o consumo de combustível. do trator e diminui as tensões exagera-
A Peecon, da Holanda, apresentou das em um sistema mecânico fechado
um sistema de duplagem do pneu e os patinamentos excessivos. Houve
GullWing, conjunto de rodado duplo previsão de alteração da velocidade dos
em que os pneus externos podem ser rodados nas curvas.
removidos e recolocados rapidamente Do fabricante alemão Fendt tam-
homologação, por exemplo, para transi- quando se sai da estrada e entra no bém chega uma nova tecnologia para
tarem em rodovias. Por isto a qualidade campo. A vantagem é diminuir a largura tratores, que é Fendt Grip Assistent
da frenagem é proporcional ao aumento total do veículo e economizar combus- e se propõe a ajustar a pressão dos
de velocidade ocorrido nos últimos tível. No transporte, os rodados duplos pneus para adaptar-se às condições de
anos. Um requisito importante. são articulados para trás e para cima, trabalho, levando em conta a lastragem
As semeadoras e os pulverizadores podendo retornar ao seu lugar com o específica para cada operação.
tiveram destaque menor do que o espe- operador controlando a operação do Um sistema super-rápido de lastra-
rado. Mas em semeadoras foram poucos seu próprio posto de operação. gem do trator foi apresentado pela John
os fabricantes que ousaram deixar de
mostrar sistemas de distribuição de
sementes tipo pneumático, e nos pulve-
rizadores a maioria colocou algum tipo
de método de controle de qualidade de
aplicação, como detecção de volume
aplicado ou tamanho de gotas. As colhe-
doras chamaram a atenção pela diversi-
dade de tipo, umas de grãos, outras de
forragens, poucas de tubérculos e frutas,
mas a maioria de grande porte. Senti-
mos falta de máquinas pequenas que
favoreçam a mecanização de pequenas
propriedades. Parece que a tendência
de aumento de área não é só brasileira. A Krone apresentou suas tradicionais máquinas
Nas colhedoras de grãos, uma constata- e os equipamentos para forragens
ção estranha: não se utiliza plataforma

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Fotos DLG
aplicativo no smartphone. O proces-
samento desta informação recolhida
automaticamente serve para o cálculo
da distribuição e consequentemente
para saber da qualidade do trabalho
que esse está executando.
Vários fabricantes de pulverizadores
tiveram softwares de inovação premia-
dos, mas o que destacamos entre eles
é o da Amazonen-Werke, o AmaSpot,
que é um sistema de controle da vazão
dos bicos medida por sensores. Este
projeto teve a participação da Agrotop
e Rometron, e propõe-se à detecção de
plantas verdes, inclusive à noite, apli-
cando somente onde se faz necessário,
Com uma agricultura infinitamente mais mecanizada que a brasileira, máquinas variando a deposição de 100% a 30%,
autopropelidas para colheita de batatas são produzidas por várias empresas podendo inclusive interromper o fluxo.
Para o treinamento de operadores
Deere, o EZ Ballast, em que a montagem ra, que utiliza mecanismo pneumático foram apresentadas várias proposições,
e a remoção dos pesos nos rodados do de distribuição. Pelas condições opera- mas a que destacamos foi apresentada
trator podem ser facilitadas. Em geral, cionais da alta velocidade, o operador pela John Deere, que propõe um sistema
os agricultores não realizam as ope- pode estar mais concentrado no traba- de treinamento de operação de uma
rações de lastragem com a frequência lho sem se preocupar com que a semea- colhedora de grãos. É um simulador
necessária pelo trabalho que dá em dora esteja realizando o seu trabalho. O de operação que permite que os ope-
fazê-las. A lastragem é feita automati- sistema integra-se aos outros softwares radores sejam treinados fora da safra,
camente e com melhor distribuição de que a John Deere apresentou na feira. quando não há máquinas trabalhando
peso, levando mais peso para frente e A Amazone-Werke apresentou uma no campo. O ambiente de simulação é
para trás. proposta para diminuição das sobre- idêntico ao da máquina real, podendo-
A Lemen trouxe à feira, e recebeu posições em máquinas de distribuição -se testar diferentes ambientes do
uma medalha de prata, uma inovação de insumos e semeadoras. O início do
para a calibração automática, de acordo trabalho na nova linha às vezes sofre
com o tipo de semente de semeadoras com o retardo em fazer a semeadora
pneumáticas, que se propõe a melhorar e o distribuidor funcionar novamente.
a calibração e o ajuste. A calibração é Nesse sistema, o GPS Switch and Auto
automática, modificável a cada situa- Point propõe-se a melhorar a qualidade
ção, de acordo com o tipo de semente do trabalho nas cabeceiras através da
que se vai utilizar. O operador inclui no utilização de um sensor que detecta a
sistema os valores de configuração, a posição e abre o dosador de sementes
quantidade de sementes e a população no momento correto, levando em con-
que quer utilizar, o peso de mil semen- sideração o retardo em abrir o disposi-
tes da amostra e a velocidade de deslo- tivo e a velocidade de deslocamento. O
camento. A partir destas informações, operador controla tudo isto de dentro
a semeadora inicia a sua regulagem da cabine, através de um monitor ex-
instantaneamente e a válvula se regula clusivo. O EasyCheck apresentado pelo
para a saída correta das sementes. mesmo fabricante também recebeu
Um sistema de ajuste da semeadura destaque, propondo-se a realizar um
em alta velocidade foi proposto pela controle rápido e fácil da distribuição
John Deere sob a denominação Ex- centrífuga. O controle de qualidade
-actEmerge. Em face da frequência com de distribuição por meio de bandejas
que os produtores têm incrementado é trabalhoso e dispendioso. Utilizam-
a velocidade de semeadura, a empresa -se folhas adesivas flexíveis, das quais
alemã propõe automação da semeado- se tiram fotos que são lidas por um

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Entre os expositores, 11 empresas brasileiras Soluções inovadoras, como o sistema automático de
apresentaram suas principais máquinas duplagem de rodado da Peecon, também chamaram atenção

campo à rodovia. O nome dado para feira uma inovação para as colhedoras. que supõe possa diminuir a tensão dos
este produto foi GoHarvest Premium O produto era um equipamento a ser operadores no momento da colheita. É
Combine Simulator e, neste ambiente, colocado nos modelos Lexion da marca, uma ferramenta baseada em câmeras
pode-se repetir todas as funções da que faz o controle de fluxo de colheita de vídeo que filmam o interior da má-
máquina, sem os custos e os riscos de automático. Este equipamento auxilia quina durante o trabalho. O Integrated
uma operação real. Além da operação o operador a conseguir o máximo Combine Adjustment (ICA 2) dispõe
podem ser simuladas as manutenções. rendimento das máquinas que usam o de duas câmeras, uma no interior do
Cada concessionária da marca pode sistema híbrido de trilha e separação. elevador de grãos e outra na retrilha,
ter uma unidade instalada e treinar os É conhecido que vários operadores e de novos e mais precisos sensores
operadores interessados. não levam suas máquinas ao máximo de perda de grãos. As duas câmeras
A Class ofereceu aos visitantes da potencial com medo dos terríveis embu- filmam e apresentam as imagens em
chamentos que provocam a interrupção um monitor dentro da cabine.
do serviço. É um sistema de alerta que, A AGCO alemã trouxe uma novidade
baseado em sensores, dispara um aviso para o ramo da alimentação animal,
quando se aproxima um embuchamen- que tem muita importância em diver-
to. A velocidade de descolamento é sos países europeus, pela quantidade
reduzida e até o movimento da barra de enorme de produção bovina confinada.
corte pode ser interrompido. A mesma É um acionamento elétrico de ancinhos
Class também trouxe outra novidade rotativos de forragem. Substitui-se o
com um sistema de autonivelamento acionamento mecânico ou hidráulico
para trabalho em solos declivosos. pela eletricidade gerada pelo trator. Os
Mesmo com peneiras autonivelantes, motores elétricos são independentes e
algumas declividades de lavouras na controlados eletronicamente. Em breve,
Europa e em determinadas áreas no outras utilizações de eletricidade em
Brasil, as máquinas costumam aumen- máquinas agrícolas poderão ser nota-
tar as perdas de colheita. Esta máquina das, principalmente quando se exige
amplia o conceito de autonivelamento pouco torque motriz.
de peneiras, articulando outros compo- Não é exclusivo e inédito, mas a
nentes, além das peneiras. John Deere alemã trouxe um sistema
A eletrônica, como foi dito, foi a de controle por GPS de reboques, pela
direção de muitas inovações. Neste colhedora de forragem. Para superar
sentido, a John Deere trouxe para a a dificuldade em sincronizar o movi-
Agritechnica um sistema integrado de mento do reboque que acompanha a
ajuste de colhedoras, denominado ICA2, colhedora no momento da descarga, o

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fabricante apresentou uma solução de Também a área florestal teve boas ideias dispositivos em 360 graus para filmar
inovação onde a colhedora capta os con- apresentadas pelos expositores. o interior das máquinas colhedoras
tornos do reboque e os níveis de carga A empresa austríaca Geoprospec- da marca. A John Deere apresentou
e coloca o reboque na posição correta tors trouxe a novidade denominada produto semelhante em conjunto com
para o enchimento total e homogêneo. de Topsoil Mapper, que é um sistema a Continental Automotive, da Áustria.
Vários fabricantes trouxeram para de medição de parâmetros do solo em Como era de se esperar, algum fabri-
a feira produtos inovadores de enfar- tempo real que pode ser instalado em cante iria abordar em suas inovações a
dadoras, envolvendo principalmente um veículo, principalmente na parte questão do tráfego controlado. A Claas
métodos de atar os nós das cordas que dianteira de um trator, podendo realizar trouxe a proposta do aumento da efici-
suportam a forma do fardo, sejam cilín- medidas químicas e físicas, inclusive ência através da otimização de tráfego
dricos como redondos grandes. Outros para detectar possível compactação do no campo. Por meio de um software
inovaram com métodos de detecção solo. São vários os atributos que podem especializado, o fabricante alemão
de fardos pelo trator que os recolhe, ser medidos a uma profundidade de até promete calcular o layout do campo e
facilitando ao operador o carregamento. 110cm e transmitidos por meio de um mostrar como as passadas do conjunto
Na cultura da batata, assim como na software, em forma de registros orga- mecanizado devem ser dispostas, de
forragem, cultura muito importante nizados e em mapas tridimensionais. modo a atingir o tráfego mais eficien-
na Europa, outras inovações foram Com a popularização das câmeras te, juntamente com uma previsão da
reconhecidas pela organização da feira. de vídeo, a Fendt aproveitou para lançar quantidade de tempo necessário. Ele

Medalhas de ouro d
F oram registradas 311 inovações
pela DLG (Sociedade Agrícola Ale-
mã) e um júri formado por especialistas
pela sua contribuição de ar que passa
para dentro da câmara principal. Exis-
tem sensores que medem a pressão e a
GERENCIAMENTO
INSTANTÂNEO DE NUTRIENTES
A proposta Connected Nutrient Manage-
escolheu cinco para receber medalhas ajustam de acordo com a necessidade. ment indicada para receber uma medalha de
de ouro e 44 para receber medalhas de O interessante é que este sistema tem ouro propõe-se a medir instantaneamente a
prata. As escolhidas como inovações um período curto de atuação, fazendo composição dos adubos orgânicos ou sinté-
merecedoras de medalhas de ouro foram: a operação de alteração da pressão de ticos indicados para a utilização. O agricultor
uma forma quase imediata, diferente coloca o adubo na máquina, esta lê o seu
FENDT VARIO GRIP PRO dos outros sistemas baseados em um conteúdo e calcula a quantidade de adubo
A Fendt e a Mitas (fabricante de compressor comum. Segundo dados em suplementação a aplicar. A orientação é
pneus) receberam medalha de ouro informados pelo fabricante, a passagem controlar e corrigir a aplicação de nitrogênio
pelo sistema de aumento e diminuição de 0,8bar para 1,8bar ocorre em apenas e do fósforo, em função das características do
da pressão interna dos pneus do trator 30 segundos. A vantagem do sistema é produto utilizado. Foram parceiros nesta cons-
para adaptar ao uso no campo e nas adaptar a pressão interna de acordo com trução a John Deere, a Land-Data a Eurosoft, a
estradas. O sistema se compõe de uma a superfície, mantendo ótimas condições Vista, a Rauch e a Sulky Burel, que montaram
câmara de ar, que serve de acumula- de tráfego em rodovias e nas superfícies este pacote com suas equipes de desenvol-
dor dentro do pneu, de maneira que de campo, diminuindo a compactação e vimento e inovação. Foram salientadas duas
as trocas de pressão interna ocorram otimizando a tração. vantagens, que são a economia na aplicação

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Fotos DLG
compara a atual situação projetada e
introduz medidas para melhorá-la, se
necessário. O software é uma ferra-
menta de planejamento que pode ser
integrada à plataforma de 365 FarmNet
baseado na Internet.
Gostaria de agradecer à organiza-
ção da Agritechnica 2015 e à Revista
Cultivar pela oportunidade recebida
de conhecer a feira e poder tomar
conhecimento de tamanho número
de inovações na área de mecanização
agrícola. Espero poder estar lá, na
próxima edição, talvez quem sabe para
ver os robôs no campo e as máquinas
autodirigidas. .M
Sistema da Claas que ganhou medalha de prata controla automaticamente
José Fernando Schlosser, o fluxo de cereais para evitar os temidos embuchamentos
Nema - UFSM

da Agritechnica 2015
destes nutrientes, que são caros, e também a Os dados da aplicação são transmitidos ao esmagada, mas, sim, triturada por dois rolos.
questão ambiental, que é favorecida em face software que armazena e gerencia os parâ- A informação também ressalta que o consu-
da diminuição de adubos nitrogenados. metros de aplicação, indicando formas de mo de energia é baixo e os pellets podem ser
melhorar a operação. O sistema também pode controlados em tamanho.
PROTEÇÃO DE ser utilizado para taxas variadas de aplicação
CULTIVOS INSTANTÂNEO de agroquímicos. Os arquivos podem ser SISTEMA DE AFIAÇÃO
Connected Crop Protection é um sistema intercambiados entre outros agricultores e DE LÂMINAS
de gerenciamento de aplicação de produtos prestadores de serviço e inclusive para atender A John Deere apresentou em suas máqui-
químicos líquidos elaborado pela John Deere, a legislação de cada local de aplicação. nas de colheita de forragem um sistema de
Basf, Isip, Zepp, KTBL e JKI. Baseados no risco afiação precisa das lâminas de corte (Procut).
decorrente de uma má aplicação de agroquí- PREMOS 5000 O sistema proposto e premiado com uma
micos, estas empresas se uniram para desen- A máquina produzida pela Krone propõe- medalha de ouro faz o controle da diferença
volver um sistema tecnológico que auxilia a -se a produzir pellets de forragem que pode entre as facas e contrafacas, medindo por um
diminuir os efeitos de uma má decisão. ser utilizada como alimentação animal e método indutivo e dois sensores. A medição
Na descrição apresentada não especifica combustível, principalmente. É uma máquina é feita em todas as lâminas individualmente,
a forma, mas informa que o sistema leva em colhedora de forragem que produz pellets de reduzindo as paradas para esta manutenção,
conta diversos parâmetros para ajustar a pul- 16 milímetros de diâmetro. A informação evitando operações desnecessárias que con-
verização, de forma a torná-la mais eficiente. fornecida indica que a massa vegetal não é sumam material.

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ficha técnica

BE1035
MOTOR ACGO POWER
A colhedora Valtra BE1035 vem
equipada com o motor AGCO Power,
modelo 98TI, turbo intercooler com
350cv de potência nominal. Este
A primeira colhedora de cana da Valtra, BE1035, motor possui sete cilindros em linha.
chega com evoluções eletrônicas, aprimorado O sistema de injeção permite que o
sistema de telemetria e chave-cartão com funções combustível seja controlado eletroni-
personalizadas para cada operador camente com uma série de vantagens,

A
comparado ao sistema de injeção
Valtra lançou em 2015 a constantemente. Isto permite que, da mecânica, tais como: menor índice de
sua primeira colhedora de fábrica é possível saber se ela teve ou emissão de poluentes, menor nível de
cana-de-açúcar, a BE1035, terá alguma necessidade de ajuste, ruído, menor nível de vibração, maxi-
que promete alta performance, com possibilitando à empresa orientar os mização de potência, melhor conver-
motor ajustado para ter baixo con- clientes a melhor forma de aprimorar são térmica, sistema de segurança
sumo de combustível, baixa emissão o rendimento da colhedora. em falhas, diagnóstico de falhas mais
de poluentes e, ainda, maior vida útil. Outra inovação da colhedora da preciso e com menor tempo.
Esta nova colhedora já chega com um Valtra é a chave-cartão da BE1035 Mesmo na potência mais alta
novo sistema de telemetria que até o que pode ser codificada para diferen- (1.850rpm) de trabalho, proporcio-
momento não havia sido aplicado no tes níveis de acesso. O que quer dizer na o máximo de desempenho com
segmento agrícola. A novidade, im- que a colhedora, quando acionada o menor nível de ruído e consumo.
plementada pela primeira vez em um com uma chave-cartão (similar a um Apresenta uma injeção de alta pres-
equipamento do grupo, vai permitir cartão de crédito), vai trabalhar de são e um sistema de resfriamento de
o monitoramento da máquina em acordo com o que foi configurada. ar eficaz que ajudam a controlar as
tempo real, quer seja da fábrica, da E essa programação pode variar emissões de gases.
concessionária Valtra ou até mesmo segundo o nível de especialidade do O motor e os componentes que
do cliente. Por meio do sinal de celu- profissional, possibilitando que cada mais requerem manutenção, como
lar, a máquina emite em tempo real operador tenha o seu cartão que car- filtro de óleo e ar, apresentam fácil
suas condições de funcionamento, o rega as regulagens específicas para acesso, porte de acesso do motor e
que permite que ela seja monitorada cada um deles.

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42
Fotos Valtra

A cabine pode ser basculada para facilitar o acesso Porta de acesso ao motor
às partes que necessitam de manutenções para realizar manutenções

acesso no basculamento da cabine. bine com ampla visão que garante o


O tanque de combustível tem o bo- acompanhamento de todas as etapas
cal numa altura ergonômica de fácil da colheita. Ela é complementada por
acesso, localizado ao lado direito da isolamento acústico, foi projetada
colhedora. A capacidade total do tan- de acordo com as normas ISO
que de combustível é de 510 litros. para facilitar a operação e
apresenta novos sistemas
CABINE ERGONÔMICA de segurança opera-
A colhedora BE1035 possui ca- cional.

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Cartão individual possibilita diferentes Extrator primário com
regulagens para cada operador projeto exclusivo de três pás

atividades de suporte técnico com a dor, bandeja guia e defletor lateral no


possibilidade de monitoramento em cesto, foi desenvolvida para melhorar
tempo real. o direcionamento e minimizar o acú-
mulo de toletes entre a base do giro
SISTEMA DE e o chassi.
ALIMENTAÇÃO São 11 rolos alimentadores dis-
A cabine foi projetada para Os divisores de linha são posicio- postos de forma a facilitar a pas-
aumentar o conforto do operador nados em ângulo ideal, proporcio- sagem da cana pelos mecanismos
nando suavidade e leveza ao copiar de limpeza, com abertura máxima
Possui telas touchscreen que o solo, o sistema copiador de solo entre eles de 230mm, que auxilia na
mostram informações sobre o tra- como item de série. A colhedora Val- redução das perdas e facilita a manu-
balho da máquina. Os controles de tra BE1035 apresenta três pontos de tenção. Seu acionamento é hidráulico
transmissão e direção foram ergono- regulagem para o ângulo de corte das com bomba de engrenagem e os
micamente posicionados para serem facas. Máquina de uma linha sai como mancais de montagem externa, o que
acionados no painel de comando e no standard de 13 graus, mas pode ser facilita a remoção para manutenção.
joystick. Além disso, o sistema de ar- ajustado conforme as necessidades
-condicionado é digitalmente ajusta- do cliente. SISTEMA
do, trazendo mais conforto para que O conjunto picador é composto DE LIMPEZA
as jornadas de trabalho possam ser por dois rolos de quatro lâminas. A O sistema de limpeza elimina a
mais longas e produtivas. É a única saída do rolo picador com rolo lança- maior qualidade de palhas possível,
cabine de equipamento agrícola
com faróis de LED, que têm mais
eficiência, maior vida útil e melhor
iluminação para o trabalho noturno.

TECNOLOGIA
EMBARCADA
A BE1035 já sai de fábrica apta
para trabalhar com agricultura de
precisão. Com base em informações
do sistema GPS, o piloto automático
facilita a colheita e mantém a máqui-
na no traçado exato, evitando falhas
na hora da colheita. Também possui
sensores espalhados pelo interior da
cabine para o monitoramento de seu
funcionamento.
O sistema de telemetria AGCOM-
mand, uma inovação no setor que
facilita o relacionamento cliente–
concessionária – fabrica e agiliza as

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44
Fotos Valtra

O flap do elevador é ajustado


hidraulicamente pelo operador

levando uma cana mais limpa para


a indústria através do seu extrator
primário com projeto exclusivo
de três pás, localizado logo após a
picagem dos colmos. Este sistema
é responsável pela maior parte do
processo de limpeza, junto com seu
O sistema de arrefecimento é composto por um radiador
direcionamento independente do único para água, óleo, intercooler, ar-condicionado e diesel
giro do elevador, que proporciona
maior liberdade e melhor localização
do fluxo de palha. melhor distribuição de carga no arrefecimento composto de radiador
O alto desempenho e a robustez transbordo. Fácil sistema de tensão único (água + óleo + intercooler +
tornam o novo elevador da BE1035 de corrente, maior capacidade do ar-condicionado + diesel). O sistema
mais eficiente para o abastecimento cesto e piso perfurado para limpeza localizado atrás da cabine e acima da
dos transbordos. Todas as man- da cana. estrutura da caixa do motor tem me-
gueiras hidráulicas estão dentro da nor exposição ao contato de impure-
estrutura tubular, garantindo maior SISTEMA DE zas vegetais e minerais. Além disso, a
vida útil do conjunto elevador. O ARREFECIMENTO cada 11 minutos, o ventilador reverte
flap (direcionador) é ajustado hi- Mais capacidade de arrefeci- automaticamente por 20 segundos,
draulicamente pelo operador para mento, o conjunto do sistema de limpando o compartimento.
A BE1035 possui Kit Mudas, um
sistema patenteado, em que todos
os pontos de contato da cana com
o equipamento são protegidos por
borracha. Assim, através de uma fácil
substituição, o equipamento pode se
transformar para colheita de mudas
ou colheita industrial. .M

Tela tochscreen traz informações


sobre as operações realizadas

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45
tratores

Ruído em tratores
O ruído ocasionado pelo motor e demais componentes do trator pode afetar a audição
dos operadores principalmente de máquinas sem cabine. Por isso é necessária a
utilização de EPIs adequados durante as operações com a máquina
é determinado pelo nível de som,
Charles Echer

frequência e tempo de exposição.


No Brasil, a Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) possui
normas sobre medições de ruído em
máquinas agrícolas, sendo a NBR-
9999 a principal.
A norma regulamentadora NR-15
da Portaria 3214/78, do Ministério
do Trabalho e Emprego, estabelece
o nível máximo de ruído permitido
para oito horas de exposição diária
em 85dB. O tempo de exposição
estabelecido pela norma diminui à
medida que o nível de ruído aumenta.
Ainda de acordo com a NR-15, não é
permitida exposição a níveis acima
de 115dB para indivíduos que não
estejam adequadamente protegidos
com EPI (equipamento de proteção
individual). Do ponto de vista fisio-
lógico e da ergonomia do posto de
trabalho do operador, altura e inten-
sidade são as duas características
de interesse com relação ao ruído
emitido por tratores.
O geoprocessamento é uma im-
portante ferramenta na descrição
espacial do comportamento de vari-
áveis e traz excelentes resultados na
execução dos mais diversos projetos.
A análise geoestatística compreende
o levantamento do variograma ex-
perimental, o ajuste a uma família
de modelos de variogramas e a vali-
dação do modelo a ser utilizado nos

O
ruído é considerado um dentes de trabalho e na diminuição procedimentos da krigagem.
dos principais fatores am- da capacidade operacional ao longo A importância do nível de ruído
bientais presentes nas ati- da jornada. para a segurança dos operadores de
vidades agrícolas que prejudicam os O ruído é uma onda sonora, ou máquinas é indiscutível e, neste sen-
operadores de máquinas. Contribui um complexo de ondas, que pode tido, o Núcleo de Ensaio de Máquinas
para aumentar o estresse e o des- causar sensação de desconforto e e Pneus Agroflorestais da Faculdade
conforto nas operações em campo, gradual perda da sensibilidade audi- de Ciências Agronômicas de Botucatu
podendo resultar no aumento de aci- tiva. O risco de problemas auditivos (FCA-Unesp), utilizando as técnicas

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geoestatísticas para confecção de sentaram estrutura de dependência

Emanuel Spadin
mapas, mensurou e analisou o ruído espacial na escala de amostragem
de um trator agrícola em diferentes adotada, também sendo observada
distâncias de sua fonte (o próprio forte dependência espacial para as
trator) em duas rotações de trabalho duas rotações, segundo a classifica-
do motor. ção de Zimback (Tabela 1).
Foi definida uma malha amostral A partir da krigagem ordinária
do tipo homogênea e, a fim de tornar (método de regressão usado na
mais simples a leitura do ruído nas geoestatística para aproximar ou
diferentes distâncias, a área foi deli- interpolar dados), foram construídos
mitada por um quadrado de 1.764m² os mapas temáticos para a distribui-
(42m de lado), contido em um plano ção do ruído em função da rotação,
cartesiano imaginário. A cada seis mostrando que no posto de operação
metros existia uma reta, e com o cru- do trator, o nível tolerado pela NR-
zamento destas, foi definida a malha. 15 para um turno de oito horas de
Cada amostra, portanto, representou trabalho foi ultrapassado (Figura 1). Pesquisadores realizaram teste
uma área de 36m², totalizando 64 Este nível de ruído revela-se constan- com trator de 78cv sem cabine
pontos de coleta para cada rotação te em uma área ao redor do trator,
do motor. sendo de 122,5m² para 2.200rpm e EPIs na operação e proximidades
Utilizou-se um trator de pequeno de 231,3m² para 2.400rpm. de tratores similares. Seguindo este
porte, com 78cv de potência no motor Podem-se considerar seguras as modelo, o mesmo pode ser aplicado
(ISO 14396), de três cilindros, turbo e distâncias de sete e 11 metros em a outros tratores de cabine aberta. A
cabine aberta. As rotações escolhidas relação ao trator para as rotações de não utilização dos EPIs pelo opera-
foram a de trabalho (2.200rpm) e a 2.200rpm e 2.400rpm, respectiva- dor, quando em operação, ou pelos
de plena aceleração (2.400rpm). O mente. A partir deste raio, em relação indivíduos nas proximidades do
trator foi posicionado no centro desta ao trator, os níveis de ruído medidos trator, pode resultar em prejuízos
malha, sendo escolhida uma área estão abaixo do limite informado pela irreversíveis. .M

ao ar livre, plana e com ausência de NR-15 para um turno de trabalho de


ruídos externos ao ensaio. Os pontos oito horas. Emanuel Rangel Spadim,
de coletas mais distantes do ruído Os níveis de ruídos encontrados Unip
estavam localizados a 30m, isto é, nas proximidades e no posto de Indiamara Marasca,
Marcelo Scantamburlo Denadai,
nas extremidades da malha amostral. operação do trator foram superiores Saulo Philipe Sebastião Guerra e
Foi utilizado um decibelímetro, ao estabelecido pela NR-15 e, sendo Kléber Pereira Lanças,
modelo DL-4200 da Icel, para as assim, é necessária a utilização de Unesp
coletas de ruído, sendo que este
atende aos padrões da International Tabela 1 - Semivariograma e parâmetros de ajuste para as diferentes rotações do trator
Eletrotechnical Commision Stan- Rotações (rpm) Modelo A (m) C0 C0+C IDE (%) R2 (%)
dards IEC 60651:1979; Amd1:1993; 2200 Gaussiano 23.74 0.1 35.52 99 97
Amd2:2000. Durante as coletas, o 2400 Gaussiano 23.91 0.01 31.01 100 97
microfone do decibelímetro foi posi-
cionado sempre à altura dos ouvidos Figura 1 - Mapas de distribuição espacial do ruído emitido (dB) por um trator, em função das distâncias e rotações
de um indivíduo de estatura média, do motor
que corresponde a 1,7m. A escala foi
ajustada em decibéis (dB) por ser a
escala convencionalmente utilizada
nos ensaios de ruído de tratores e
por representar a curva de resposta
do ouvido humano. Após a coleta
dos dados, estes foram submetidos
ao software Surfer 9.1.352 para a
plotagem dos mapas e cálculo da área
ocupada pelos níveis de ruído.
As duas rotações avaliadas apre-

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47
ficha técnica

Cata-Pietra
Implemento de simples manuseio e eficiente, a Caçamba Recolhedora
de Pedras Cata-Pietra, da Agrimec, facilita a limpeza de lavouras

A
Agrimec, fábrica de im- médias e grandes com até 200kg sua operação. As pedras precisam
plementos agrícolas, lan- gerando economia e rapidez na recu- estar disponíveis na superfície do
çou durante os eventos de peração de solos improdutivos pelo solo para que a caçamba as recolha
2015 a Caçamba Recolhedora de Pe- excesso de pedras soltas que preju- sem muitas dificuldades, e para isso
dras Cata-Pietra, um produto que se dicam os tratos culturais do plantio à é recomendado um preparo prévio,
propõe a ser uma opção mais rápida, colheita. Ela serve tanto para áreas de seja com subsolador ou grade. O
adequada e econômica no trabalho lavoura como para abertura de áreas trabalho exige atenção e calma do
de limpar áreas e recolher novas, sendo indicada para a limpeza operador quanto à condução do
pedras soltas na lavoura de terrenos muito pedregosos. equipamento pelo terreno, paran-
e estradas. Para maior rendimento do traba- do quando necessário e fazendo os
A Cata-Pietra foi de- lho, e antes de colocá-la em campo, ajustes possíveis para acomodar as
senvolvida para reco- é primordial que o operador esteja pedras no recolhedor. Trabalhar com
lher por vez pedras atento às instruções passadas para a terra seca também é indispensável
para otimizar seu
rendimento.
Disponível no
modelo CRP 4, a
caçamba tem 2,10 metros de
largura e trabalha com trato-
res a partir de 120cv. Ela re-
colhe até quatro metros cú-

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Fotos Agrimec

A caçamba recolhedora de pedras foi desenvolvida para


recolher por vez pedras médias e grandes com até 200kg

bicos de pedras por carga através de fixa do recolhedor. Caso isso seja deve estar em lugar plano e ser con-
um sistema tracionado e totalmente necessário, deve-se posicionar as duzido em marcha à ré, lentamente,
hidráulico. Sua estrutura funcional é grades móveis no recolhedor por em direção ao implemento, utilizan-
composta por três partes: um chassi baixo do mesmo, fixando-as com as do o freio, se necessário. Quando o
principal, um recolhedor de pedras e abraçadeiras. No total, são duas gra- trator estiver a uma distância ade-
uma caçamba para armazenamento des móveis direitas (menores) e duas quada e já com o puxador fixado à
das mesmas. grades móveis esquerdas (maiores). barra de tração do trator, deve ser
feito o engate das mangueiras e o pé
MONTAGEM REGULAGEM de apoio deve ser recolhido à posição
A Cata-Pietra segue montada de E ACOPLAMENTO de transporte. A Cata-Pietra também
fábrica, com exceção das grades mó- A CRP 4 é de simples operação e pode ser acoplada ao trator através
veis, as quais somente serão usadas possui uma única regulagem, que é do comando hidráulico. Neste caso,
se as pedras a serem recolhi- a do “puxador”, e deve ser utilizada é preciso engatar as mangueiras e
das tiverem tamanhos para deixar o implemento paralelo acionar o hidráulico do Recolhedor
tão reduzidos a pon- ao solo, na posição horizontal. Esta baixando-o para que o puxador suba
to de passar regulagem varia de acordo com a e fique na altura da barra de tração.
através altura da barra de tração do trator. Depois, deve ser engatado o puxador
da grade Para fazer o acoplamento, o trator

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Fotos Fankhauser

Cata-Pietra é formada por um chassi principal (A), um reco- Detalhe da grade fixa do recolhedor e de grades auxiliares
lhedor de pedras (B) e uma caçamba de armazenamento (C) que são montadas para recolher pedras menores

na barra do trator, recolhendo o pé de outros resíduos, como terra, galhos utiliza quatro pneus de 12 x 16,5
apoio estacionário, conferindo se o e folhas, permitindo que a caçamba posicionados estrategicamente
chassi está horizontal ao solo. receba somente as pedras. Os 16 para dentro dos limites da máqui-
Também é possível transportar dentes da grade recolhedora são na, de forma a ficarem protegidos
a Cata-Pietra por estradas ou longas construídos em aço fundido 1045 e somente percorrerem o caminho
distâncias, bastando apenas colocar o temperado, mesmo tipo utilizado em já limpo pela parte da frente da
implemento em posição de transporte. lanças de retroescavadeiras. máquina.
O implemento possui quatro Em teste de campo realizado em
DETALHES E cilindros hidráulicos no total, dois Porangatu (GO) a Cata-Pietra traba-
DIFERENCIAIS do tipo convencional acoplados lhou com o auxílio de uma retroesca-
A Cata-Pietra pesa 3.330 quilos, na parte da frente onde atua o vadeira e um caminhão e recolheu,
possui largura total de 2.430 mi- recolhedor e outros dois do tipo em oito horas de trabalho, cerca
límetros e comprimento de 5.655 telescópico que funcionam na de 400m³ de uma lavoura. Foram
milímetros. Sua estrutura é compos- caçamba. Os mesmos também 100 caçambas cheias com um ren-
ta em perfis enrijecidos conferindo possuem proteções nas hastes para dimento de 9,8 hectares e um total
mais resistência ao produto. O reco- que eventuais contatos com pedras de 140 litros de diesel consumidos
lhedor é vazado para despacho de não prejudiquem os mesmos. Ele pelo trator. .M

Forma de
Operação
A pós fazer a regulagem simples
indicada no Manual de Operação
e Manutenção do Produto, a Cata-Pietra já
pode ser utilizada no trabalho.
Passo 1 - Após carregado o recolhedor,
é acionado o hidráulico para descarregar na
caçamba. Deve-se repetir o processo até a
mesma estar completamente carregada.
Passo 2 - No momento que for descar-
regar a caçamba, é necessário recarregar o
recolhedor para aumentar o volume das
pedras a serem transportadas.
Passo 3 - Para descarregar a caçamba, o
recolhedor deve estar na posição de transpor-
te ou de trabalho, para assim evitar colisão
das partes entre si.

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