Você está na página 1de 20

Necrópoles proto--hlStóricas do sul de Portugal

Necrópoles proto-históricas do sul de Portugal:


o mundo oriental e orientalizante
Ana Margarida ARRUDA - Lisboa

AD. r,"lanuel Pellicer,


que, há muitos anos, em Palmela,
me e nsinou o Cerro Macareno.

J.lnlroduçiio

Nos últimos 20 anos. a in\"e5tigaçao sobre presença e o comé rcio fenícios no


território act\lalmente pormguês sofreu um incrernetUO muito significativo. O coló-
quio que, em 1992 , decorreu na Universidade Nova de llsboa (. O~ fenícios no Oci-
de nte.), reflectia Já o Interesse sobre o tema, bem como a multiplicação de trabalhos
arqueológicos em sítios onde a influência oriental eSlava doc umentada. A publicação
das actas do referido colóquio (TAVARES, ED., 1993) marcou pois uma nova era da
pesquisa, rendo sido possível diV1.11gar novos sítios e reaVl\Har o utros Já conhecidos. Os
trabalhos arqueológicos que desde a década de 80 do século XX incidiram e m nume-
rosas jazidas do Centro e Sul de Po rtugal, cujos resultados fo ram e ntão tornados públi-
cos, permitiram esclarece r (Iue a presença de fenícios ocide ntais no litoral atlãntiCO
da Península lbérica o:ced ia e m muito o que se conhecia até então.
O mesmo colóquio, c, sobretudo, a sua pu blicação, colocaram Portugal no mapa
da colonização fenída Ocidental e, ra pidamente, os dados portugueses passaram a

• -
Ana Margarida Arruda
Necrópoles p roto-hist6 r lcas d o sul de Po rtugal

iOlegrnr as Sínteses e ntre tanto prodllzid'lS (BLAZQUI07 WAGNER


AUBET 1994) " • ~. e ALV"R, 1999' fachada ocide ntal portuguesa e os que, no século XIX, fo ram recuperados nas necró-
, e a ser utlh1.ados na avaliação de fenómenos d iversos '
re lac ionados (ALVAR, 1995). ,mas Com o tema poles algan-ias, não ajud am a ilum inar a opacidade da imagem traçada no qu ad ro do
mundo funerário portugues durante a Idade do Feno.
co
Em alguns dos sítios dados a conhecer em 1992 ' as escavaç Ões prosseguIram .
Estes dados, por serem cscassos e em boa parte descontextualizados, levantam
bllCretamente cm Abui, Santa Olala, S;mtaré m, Lisboa e Almaraz, tendo sido possívc;
também, e por vlirias razõe s, mu itos problemas interpre tativos, ~endo, no entanto os
o ler /J OVOS elementos so bre a prese dI '
, • I d nça c popu açoes com origellJ orien ta l em Por- únicos que possibJlltam um.1 qualquer síntese sobre o mundo f\me rário proto-hiStó-
li a, urante a Idade do ferro.
rico de matriz mediterrânea.
'o O~trods síl.iOS, também já conhecidos, mas não suficienlemcnlC diV\llo~dos Assim, escrever sobre prát icas e r ituais funerá rios do Sul de Portugal dura m e ii
Tam am a ObJeclO de novas esca çõc ~ ,
. ' • va s, como por exemplo o Castelo de Castro Proto-hist6ria niio é tarefa si mples, não resistindo lima vez mais ii te ntação de g rit ar o
Manm, be m como outros e ntreta nlO identificados, cOllcretamc me Tavi ra.
lamento positivista qu e a escassez de informação qu ase sempre p rovoca.
SilVA A2:J~d;lde do o rientalismo sidé rico portugue~ foi sendo d ivulgada (M.AYET e Neste trabill ho, será dadO destaq\le ii necrópole do Senhor dos Mártires de A1clcer
VO IVid'os I, ARRU. DA 2002), e os novos dados ajudaram a traça r quadros mais desen- do Sal, não só por afina! ser daí que provem mais (mas nem sempre melhor) informação,
e a reava Ilar e reanalisar
' ."I infornnç'o
. . Alg umas sínteses estão I' I> bJ'
arltiga. mas também porque é a situação que melhor se relaciona com o tema deste colóquio.
ca d as e o fe nóme no foi devld ame t ' li I·
ociden t:d (18ID.). , n e e nquadrado no âmbito da colon ização fenicia
Os dados d:ls necrópoles algarvias serão ainda avaliadOS e as sepullllras do GalO
e de Torres Vedras serão revisatadas.
Muito resumldameme pode d "
mlte fi ,I«er-se que os dados actualmente disponíveis per-
mo~: a, Irmlar. que a presença d e fenicios ocldentais e m Portugal aconteceu fl\lm Desde a década de 70 do sécul o XX, os contactos entre um litoral fortemente
n o te allvameme p recoce que pode " orientalizado e o Baixo Alentejo ficaram d emonstr.:tdos, exactamente atra ...és da esca-
do s/sc • d" , SI uar-se, em cronologia hiStórica c m mca-
gun .1 metade d o século VIII a.c. Essa p resença foi tam bé m in te nsa apesa r de vação de algumas necró po les. Assim, esta região do inte ri or Sul de Por tugal n âo pode-
~;:I". r da~ q~: oco, rreu simplesmente
uns riOS, ........ nv m ai nda acresce
110 litoral, mais concretamente ~~ estuár io r ia ser ignorada.
o • mar que O (;ontacto com a populaçllo indíge na
pr VOCOtl pro~ndas alterações nos s istcmas sociais e políticos autóctoncs e se .
tam bé m para dIVUlgar um vasto conjU ntO de Inovações tecnológicas. ' rvlU
Contudo, o Incremento qu e os t d f ".
últimas décadas foi sentido Predomln:~t~m~Snt:I;::I:lI~:~l~::~~:~nE;r PO~ttlg:ll nas
2.1 . A necrópole do Senhor do Mártires de alcácer do Sal
nenhuma das ~ . ,ectlvamenrc
riormen ~e ' e;cavaçoes qu e tiveram lugar e m qualquer dos lugares de habitat an~ A importância da necrópole do Senhor dos Mlirtires, em Aldcer do Sal, deve ser des-
dados li cn.a os conduziu ~ identJncaçiio das necrópoles res pectivas. Ass im, os
tacada e advém, fundame m almemq'da sua evidente associação a um povoado, ao espólio I)
q c hOJe podemos manipular para analisar as realidad f rli'
panharam o movime l l ' es une:. fllIS que acom· recolhido, aos ritos funerários deteÇ(ados e ainda is inte rprct:lções que te m suscitado.
di mens ~ tO, para OCidente , dos fenicios ocidentais s:io de reduzida
conhec: e e~pressao. A escass~z de in fo rnt ação é apen as cohn atilda pelos j1 mu ito A infor maç:io d isponí\<cl sobre esta é, no entanto , nl\lito reduzida, apesar das
A os e em~ntos proporclOnados pela necrÓpole do Se nhor dos Mártires de áreas investigadas te rem já considerá\'e l eXLCosão, resum indo-se, quase exclusiva·
lcicer do Sal e amda pelos que, na década de 70 do século XX ' me nte, ao pouco qu e foi d ado à estampa por Vergíl!o Correia (I92Sa, 1925b, 1925c,
na regiã d B ' , loram encontr ados
, o o illXO Alentejo, Os d ados da sepu ltura do Gaio e da de Tor~",
'''- V-d
.. ras, n.1.
1928, 1930a e 1930b). Das rlrias campanllas de ese:lvações das décadas de 70 e 80,
di rigidas por Antó nio Ca...aleiro Paixão, quase nada se sa be.

".

- -- - - - --
Ana Margarida Arru da
Necrópoles proto-histór!cas do sul de Portugal

A limitação que a escassez de dados' põe'


1m análise f pois profunda c inconrornável idêntia. Oe facto, parece evidente qu e Vírgilio Co rre ia pode d islinguir os seus t ipo 3
. ° qu e pode deduzir-se do que está publicado f a existência de quatro ti s di~ e 4 por caracteristias formais distintas, parecendo cinro qu e as suas sepulturas de
t~nfO~ d~ s:pulturas, agrupados em dois grandes grupos, que corresponder:: dois tipo 4 co rrespondem ao que se convencionou de nom inar _sep ultura d e fossa com
nm~,s dlSlmtos, co ucrctarn ellle a incineração iII situ (tipos 3 e 4) e a Incineração canal central>, bem conhecidas por exe mplo em Ibiza, Cádiz e ainda em Monte Sirai.
USlIItlllm com posterior de . - d cm
. poslçao as cinzas em urnas (tipos I e 2). lixisrindo ai li. J ulgo que as palav ras do arqueólogo da prime ira metade do século XX pe rm item, dt:
ma~ cert:z~s sobre a sequência cronológica destes g rupos, permanecem, contu!o facto, esta conclusão, uma vez que, para as st:pulturas de ti p o 4, obst:rvo u que a rocha
multas ~uv.ldas_sobre essa sequência. Assim, se parece illdismentível que as inclne: •... era depo is co rtada em re ctângu lo, a modo de tanque, no fundo do (Iual se cavava
raçõcs ln SIIU !>ao efectiv:lfllenre anteriores ~ inclner~rão em II" . - é nova tina rigorosamente recta llgula r ou t rapezOidal ...• (I Bl D.: 177). Esta d iscrição
o mo .,. Nllu/l}, nao seguro
te (AI~~7:~: e;o6~)e a =lt~r~dção do ritual aContece, tendo cu própria, em texto recen. adapta-se, na perfeição, ao que f co nhecido como «sepultura d e fossa com canal cen·
, , a mltl o a coexistê ncia de ambos os rituais. trai •. Para O seu 3" grupo o ~rqueólogo da primeira me tade do sécu lo ap e nas men·
Os. dados publicados, apesar de escassos, não pcrmltcrn d uvidar que a cremação ciona que se Ira l:1 de incineração iII s/w e que <É um t ipo vu lgar na neçr6 pole, apare-
em ustr~num, com deposição das c in zas em u rna, fo i posterio r à cremação in ~i~u cendo a nódoa de: cinza e restos de ossos, contendo p equenos vasos, armas e enfeites
"b'Poslçao que é a inda reforçada pela sequência estratigráfica q ue VcrgílJo Correl ~ semi-calcinados, sobre a rocha de fun do ...• (lBIO.: 175).
o servou na necrópole e descre .
. ve, neste aso com alguma seg uran'"'> (CO RREIA Há indícios <jlle a grande maioria das SCP\J!turas escavadas JX.lr Amónio cavaleiro
[9 28. 177) No entanto ' 1 p . 11 .. .....,
. " OSIÇ. o estraugrM,ca do que Vcrgílio Co rrei'! d f' . Paixão corres pondem ao 4 g tipo, apesa r da planta publiC:lda por esTe investigado r ( 1983:
2~ tipo de sep Ir b . • e In!tl como
I . ~ .uras o fig:. a algumas ca utelas n a imerpretação. Segundo o arqu eó- figA) permitir considerar que o 3" foi também idelllificado. Este último trata-se, ap aren·
ogo que no IIUCIO do sécu lo XX escavou em Alcácer do S I J temente, de uma sepultura de fossa simples, onde o anal central dCSlparcce.
c remação cm ustrinllm, com depos ição d as Ci~ e a , este t po engloba ainda
m urna:;, u r nas essas q ue ap"e_ A associação de espólios a sepulturas foi exercício tentado por muitos Inves ti·
cem • ... 110 te rreno fi rme do fundo " b ó·
para tal efeito .... (JIJID.: 175). ,50 re a pr " fia rocha, que mu it as vezes escavavam gadores que se debruçaram sobre Alcáce r do Sal, mas o seu sucesso fOi quase sem p re
milito limi tado. No entanto, parece inegável que é às sepulturas de fossa com canal
2~ ti Para .alf m d.e esta informação sobrc a aposição estratIgr áfica das sepulturas do central que se de vem associar os escaravelhos (CORREIA, 192';a; PAfXÀO, 1970;
1'0, eJOslem am da OUIr:!S razõcs qu e perm ite m ad m ilir a am ! u idadc des la PAIXÃO, 1971; GA)..lER·WAl..LERT e PAIXÃO, 1983; PAIXÃO, 1983a) e ainda as lanças
turas, nomeadamente o espólio que lhes estava associado, c a rno~fOIOgl~ das p~seP.III- de tipo <Alcácer do Sal> (SCHÚl.. E, 1969; PAIXÃO, 1970; PAIXÃO, 1983a), bem como os
urnas c: das suas lampas. pTlas
restos das rod as dos carros enco n trados tanto por Verglllo Correia como por Cavalei·
A relação cronolÓgica entre os tipos 3 e 4 que partilh . ro Paixào (CORREIA, 1925 b e 1928; PAJXÀO, 1970) ..
(a inci ne - J ' ) _ , am o mesmo fl t\la! funerário
~o fi SI11l , nao ~ lambém dara. No elllan lO, a planla que António Cavare.
), . _
~~~;o pu~h~~u referente aos trabal hos que levou a efeito na necrópole em 1980 (19;
~,blllta pensar que, de f IOO, li diferenço... entre os 111>OS 3 e 4 se situa ao uive i d:;
A ânfora que Cavaleiro Paixão ( 1970) c Susan Frankenstein (1997) publicam, e
que é fac il mente integrável no tipo 10.1.2.1 de Ramón Torres ( 1995), foi recolhida po r
vergílio Correia na . Parte baixa d a necrópole. ( PAIXÃO, 1970: 72), não ~ndo per·
cronologia da ocup ação, um:> ve7. q\ie é visível que algumas sepultu ras . ceptível o significado e xacto desta indicação. No entanto, a morfologia e a datação
q ue p ressupõe que a I · _.. <cortam. outras, o
. naneraçao ln 51hl foi, efectivamente, p rolong:lda no local sendo (século VU-VI a.c., em cronologia tradicional) pa recem indicar q\le a referida ânfora
óbVIO que as q ue [ofam «cortadas. são anteri ores às que se lhes sobrepõem. ' se enquadra no momen to mais an tigo da nec rópole.
"" Para alén, l d~ rel ação es tra tigráfica das sepulturas de inCi ne ração in situ prcssu. Não f impossível lambém pensar que as fíb ulas de dupla mola, Attbuchal, arco
INr uma sequ nCla cronolÓgica 3 ó ' f
, pr pf!3 mar 010gi3 dessas sep ul turas Indica leitura engrossado e arco pouco engrossado (CORREtA, 1930b; I'ADCÃO, 1970; PONTE 1985)

460
'61
Necrópoles proto-históricas do stll de Po rltl gal
Ana Margarida Arruda

nas de um só bico foram e ncon tradas juntO dessas urnas, materiais que pode m con-
correspondam também às sepulturas do 4 r1PO i
ferir antiguidade às sepulturas de ti po 2, Por outro lado, lucernas d e uma s6 mecha
texto da reco lha da gr'.mde maioria d05 c:xe ; apesar de se desconhecer o exacto COl]_
fi mp aro., afirmando ape nas Vergílio Co . forrem também parte do espólio recu perado nas sepulturas d e t ipo 3_
qturas
ue ascom
Ibul;1Spól'
que Iccolhe
. u na necrópole de Alcicer foram _.,.encon tradas quer e m serfCl:lI-
, cs 10 defi llldo, que r avulsamente. (CORREIA, 193Gb: 184). pu Assim, parece importante reter que os matcriais arqtleológiCOS que Virgilio
Correia associou às suas sepultur:ls de t ipO 2 evidenciam alguma antlguidadC, con-
O espólio indiscut ivel me nte ~ol h ido nas sepulturas de tipo""
com reservas, a elas se pod e assoe· a
I
' e aquc e (Iue. cretamente as p róprias urnas (de fipo ~Crul d d Neg ro» , as lucernas de um só bico e
dent ro da Id ade do Ferro que Odl~, aponta para um a d atação relativamente antiga mesmo os ' pratos de pelxe> ou se ja o ,,,,lesto de asado coimbrão, de covo semi-esféri-
a:c., e m crono logia lradi~ional~)I>O;:~t~~~::~::~~n:;~a
o ::eCt.IIO VII e 0_5 inícios do VI co e abas d irc lt as,~ (CORREIA, 1928: 175),
110 apresenta u ma o r igem mediterrânea evidente e o r n r que m ulto desse esp6- Atribuir uma cronologia precisa a esta fase da necrópole não t, como já disse, tarefa
far-se nesse mesmo mundo oriental. , l i tro parece, pelo menos, inspl- fácil, sobretudO porque os matcriais que se lhes referem nunCa fo ram publicados, OUse o
foram não sabemos se integravam os conjuutOS sepulcrniS das sepul tu ras de ti po 2" N~o é,
A o rigem medite rrânea dos escara\"Clhos de Alclce r d ~
no e ntanto , im possível pe nsar que as ltlccrnas publicadas por Susan Fral1kenstein (1997:
ser desmentida, e é hoje seguro que as ânforas de tl o Sal, por cxemplo, nao pode
produzidas na área mcrldional da PenÍl I' [ . po 10.1.2,1. de R.:imÓn Torres foram 330, lAmina 58) se jam as que Vcrgílio Correia refere, sendo mais difícil, m:lS não impossí-
d a ãrea do estreito dc Gibraltar (KM1Ó~l\_I:~='lco~cretam~nte nos cent ros relúcios \"CI, conside rar que os .testos de ti po asado coimb rão> correspondem aos pratos re p re-
mola e de Acebllchal com o mundo .d. I ~' 9!h). Rel aCionar as fibulas de d upla senrados na Mmina 57 do trabalhO da investigadora alemã (ID IO: 329).
do primeiro dos ti{X)S coi Ig men lona nao é também dlficiJ, apesar da dispersão
O<:3r a umas rcservm; a essa relação directa. Apesar de saber que e sta associaç:\o de mate r iais às scpulturas de ti pO 2 nào é
completame nte segura, devo d izer que ela não me parece Impossível, apesar da apa-
O espólio ar<lIlcológico que, indubilavel me nt '
de t ipo 3 possui u ma cronologia, tradiclonal 1.1 e, se pode ~soclar às sepulruras ren te disc repância cronológica e ntre as lucernas e os pratos de peixe. Se os últimos,
e ntre o fina l do século VII e o fi I d , ' q e pode locahza r-se, groljljo modo, pel:lS características morfoló gicas que ap resentam - bordo sub-ho rizontal e muito
ma o s culo VI a C talvez co .- largo (75 mm), depressão central tro ncocónica e fundo côncavo - (f6IO.) pod e m
segunda metade do VI a C Df · ., ' m u ma me ldl! ncia na
. . e acto, se as luce rn ~ s d e um só b ' datar-se de um mome ntO rdalivame nte avançado da Idade do Ferro (segu nda metade
de cinrurâo de garfo podem remeter ainda ara o ln' . ICO e mesmo os fechos
ainda para o final do VI I ,,"b I I p, S ICIOS do sécu lo VI, ali mesmo d o século VI _ a primcirll me tade do V a.c., cm cronologia trad icional), já as lucer n:lS
, 11 U as a nu :Ires perm"te ·d
mais tardia e mbora .llnd a de." o d I m conSI e rar uma cronologia de unl s6 bico indiciam cronologias bastante mais antigas, o que parece causar algu-
" a mesma centúria. ma perturbação. De facto , existem dados suficlen tes par:! considerar antigas as lucer-
Se a relação en tre o s dois tipos de inCinera ao j . . nas d e um só bico, p:lre cendo ta mbém evid e nte que estas do minanl na :irea do Medi-
terrãneo Oriental , enquanto as I\lccrnas de dois bicos, sendo nlais f~uentes no Oci-
fi ca, lo r na-se (Illase impossível 'lval" h. . ç • . fi SItu é, ho)e, relativamente pad-
. ' lar a lpotéuca Sincronia e ntre cI
do tIpO 2, onde um outro rito funerário foi iden ifi ' d ' es e as sepulturas dente, ocorrem prefcrencialme nte cm contexto tardios. No e ntatüo, importa esclare-
e m IISUinUIIl com poste rior de: . , t ca o, concretame nte a c re mação
, pOSIÇ. o cm urn a sendo poss' I ·d cer que lucernas d e um e dois bicos pode m coexistir, sendo ó bvio que a ex istl! ncia d e
hipó u:ses interpretativas No e ' IVe: conSI e rar várias
_, ntan to , e como J:i tive oporl ·d d uma ou duas mechas não constituem indicado res cronológicos seguros.
outro trabalho (ARRUDA , 2002) ,os d a(Ios publicados por v: uTm aC e de referir em
dos com o que An tó nio Cavalc.ro P . 11 ergllo orreia, complet a- Retenho ainda do texto de vergillo Correia a assoc iação que f:IZ entre as umas
d e tipo 2 são pelo me nos e 1 alx o recolheu. pe rm ite m supo r que as scpult uras qtle e ncontrou em Alcácer do Sal e as de Cruz dei Negro. Uma vez mais, LOrna·se impOS-
, m par le , coevas d as d e tipo 3 De f
gráfica e, sobretudo, o es pólio que é possíVel assOCiar-!h~s for::~~t~lSltl:~OSiÇãO topo-
sível saber se as referidas urnas das sepulturas d e tipo 2 da necrópole do SCnhor dos
flH rtires são:lS que foram publicadas po r Susan Frankenstein (IBIO. : 324, 325, lámina
sentido. Le mbro q ue as urnas c lne r:i nas . sao._ d c tipo
. _Cru z del Negro> n e lcações nesse
que as lucer-

462
Nec ró poles p roto-históricas do sul de Portugal
Ana Margarida Arruda

48-50) ou A.ntónio cavaleiro Paixão (1970: 238). A info rmação de Vergílio Correia pOUCO pro fu n da e côncavJ. e destinava-se a fornecer estabilidade às urnas, que
. seria
'I ,Ia calçada com pedras de peque nas dimensões. As semelhanças e ntre esta SItuação
quan to a este aspectO não de ve, no e ntanto, desprezar-5e. Independentemente de dcs. ,tn , I md
conhecer se os desenhos referidos correspondem ou não ~s urnas das sepulturas de
e o utras do Ocide nte peninsular é clara, sendo o melhor exemp O o ver Ica a nas
tipo 2, importa assinalar que os ma teriais con.hecldos pelos desenhos publicados silo necrópoles de Iblza.
efecti vamente urnas de tipo _Cr uz dei Negro., Trata-se de três peças ( mIo.) de COlo Para conduir diria que o Olival do Senho r dos Mártires foi utiliz.1do como necró-
alto, cilíndrico ou troncocó nico, corpo ovóide de te ndência bicónica e fu ndo plano ou pole a partir de meados do século VII a.c., e até ao século VI f~ i p.raticada a i~Ci~e-
convexo. As características morfológicas e tecnológicas que estas urnas Cruz de! Negro , I'n situ , nas sepulturas dos tipos 4: (com canal central), pnmclro e 3 (foss,1 Slm-
raç,O d
apresent am merecem ainda alguns comentários. Em primeiro lugar, deve des tacar-se o pies), depoi~. Não é impossível pensar que. a partir de um determinada. ~olll c n.to o
facto das peças de Alcácer não possuírem o tíl)lco co rpo globular da5 que foram encon- século VI a C_, :1 de posição das cinzas c m urna passa, também, a se~ utlhzada, se ~d~
tradas no sitio epÓnlmo. Na necrópole do Alente jo litoral, a pança é 0\-6ide, ad(IUlrin. e ntão coeva da incineração ln situ, em fossa simples, pare<:endo evIdente q ue o ulti-
do mesmo, num dos casos, um perfil qua.-;e troncocónico (FRANKENSTEIN, 1997: 48). mo rito acaba por ser abando nado no século V, ou ainda nos finai s do VI a.c., momen-
Disscmelhanças observam-se també m ao nível das asas, cuja secção é bíflda apenas cm tO em que a incineração e m urna passa a ser exclusiva.
um exemplar ( I BID.: lâmina 49), havendo outro em que a asa é circular (l8JD.: Ió'l mina Esta proposta sobre a sequência dos e nterrame ntos de Aldicer do Sa1levantan-
54). N:I asa da urna da lâmi na 53 (lBID) , o d uplo rolo é apenas sugerido por um sulco do, ai nda, muitas interrogações, permite vária5 interpretaçôes.
centrnl. Mais importante é o facto de uma das urnas de tipo .Cruz dei Negro. de Alcá·
ce r do Sal ser fabricada à mão (lI1ID.: 32 1, 324, lámi na 49). Apena~ numa das peças é Ao admitir que as Incine rações cm urna e ill situ coexistem durante algum
agora visivel urna decoração pintada sobre a superfície externa, concretame nte bandas tempo, é obrigatório que se tente compreender a raz.io ~a si n cro ni~ de dois rituais
sobre o bordo e na parte fina l da pança (lB/D.: lâmina 48). funerários distintos, o q ue manifestame nte não é tarefa Simples. Sena teotador r~l a.
cionar a existencia de dois rituais distintos e coevos com duas realidades étnicas dife-
AS características morfológlea5 das u rnas de Alcácer do Sal (forma da pança e
renciadas, assumindo-se que a incineração in situ, corresponderia ao segmento ~opu.
perfi l dos colos) parecem indicar uma cronologia relativamente tardia, que em datas laCional exóge no, neste caso fenício, uma vez que a tipologia das sepulturas de tipa 3
trad icionais pode ria situa r-se Já no século VI a_C., q uiç.j na sua segunda metade. No
...., à verificada nas das necró poles de Gad ir ( PEDRIGONES
' ,-..." Im".... n '"
e 4 se assemeIh .1,
entanto, não q ue ro descartar completamente a hipótese de a forma destas urnas MORENO, 199 1; PERDlGONES MORENO ET AI.. 1990), lbiza e mesmo da Sard e nha.
poder ser apenas entendida como uma variante local das conhecidas urnas .Cm z dei As incinerações eOI urna seriam pratiCadas peJa população indígena, como sucede
Negro. e de nào adquirir pOrLanto um qualq ucr significado cronológico. nas necrópoles autóctones do vale do Guadalq\üvlr, po r oempl0 em Cruz dcl Negro.
Não pode ria deixar de registar q ue a associação de urnas Cruz dei Negro a lucer· Mesmo admitindo q ue no Castelo de Alcácer do Sal, sítio que indiscutivelme nte
nas de um só bico foi ta mbém verificada no sítio e pónimo, o q ue pode revestir-se de corresponde à necrópole que se tem vindo a analisar, se instalaram grupos de fe nícios
alguma lrnportilncla. ocide ntais (ARRUDA, 2002), e que a população nativa se manteVe no lo: al, te nho
Te nho, no enta nto, total consciência que todas as considerações produzidas a consciência que a hipótese agora levantada carece de dados que as escavaçocs até ao
propósito destas peças, concretamen te qua nto à morfologia e datação, foram realiz:l' momento não proporcionaram_
das sem que te nha qualque r dado que confirm e que el;15 corresponde m às sepulturas As razÕCS da cocxistCncia dos dois ritos funerários, ainda qtle ape nas visível
de tipo 2 de Vergílio Correia. num curto espaço de tempo (relativame nte à utilização da nec ró~1c), pode m ser
Pode ainda deduzi r-se dos dados publicados por Virgílio Correia que as urn:lS várias, e as inte rpretações possíveis para esta d ualidade de rituais nao devem esq ue-
estavam de positadas sobre uma fossa escavada na rocha de base. Essa fossa, seria cer que as diferenças que existem entre as sepulturas de tipo 3 e 4 e as sepulwras de

,..
--~----
Ana Margarida Arruda Necrópoles p roto-hlst6riCõls do sul de Portu g,ll

ti po
I 2 ult rapassam o ri to p raticado . ASSlffi,
. e nquan to nas sCp Ulnlr.lS de tipo 3 está 2.2. A sepultura do &tio (Slnes)
;;~sa {~:::e:~;u~:sa~m~, Vcrgílio Correia afirma expressamente que .Sob os o~l: o já be m conhecido lcsourodo Gaio constitui, t10 território actualme nte português,
. p e ti po 2 ], n ada de armas dobradas .... (CORnEIA, 1928: 175). um caso particular, n:\o só pela quantidade de peças exumadas em conjunto, como sobre-
y - llSaNiC que os d··
AssIm. poderia tam bém ....... lstmtos ritu ais praticados n;}o se rei- . n ldo pela qualidade e riqueza que o caracteriza. As peças são provenientes de uma única
llum d ircctarn cn tc com a exiSlê J d . ,IClo- sepultura rectangular, de tipo cista, encontrada no decorrer de tf""Jbalhos agrico las na Her-
exd~lslvamCnte conectados con~:;a ~i:!~~~:~~~:~~I~ ~cáccr do 5:1,1, o u não ~St:o dade do Gaio, concel ho de Sines (COSTA, 1966; IBID, 1912). Ao que p arece, esta cis!a fa ria

~;~~7,~Ç)asd~;' nível ~o c:stafl UIO do Inclnerado. Tal comog~;r~;~~:~~ ;::::~t;: parte de uma necrópole ma is \"asta de que nada se conhece (TBJD.).
. d , I .mtQ5 nmalS
sexo lei . .\lfierários podem apen· as tra d U7.1r
. dl,,-ersldade
. ao nh'cl d o o tesou ro integrava algUll135 peças de ouro ( u m colar articul ado, um par de arre·
, a e, ou amda d iferenCIados p :ua marcs na pirâm ide soela.
. 1 cadas e várias contas de cola r) , um con ju nto d iversificad o de co ntas de colar de
Talvez seja essa mes ma d ive rsid ade que explique q ue até no . âmbar, cor nal ina e pasta vítrea, dois vasos d e: pasta vít rea, o que pode co rres pond er
sepu ltu ras se verifi quem d ife re nças :10 nível do espólio recolhido 1~:~~~r."PO
de ao fu ndo de um _b raseiro. e ainda u m en gaste em prata co m escaravelho de cerâm i-
pa recem ser e vide ntes, apesar d b . . •• t ere nças ca. Foi també m reco lhid a uma pu lseira d e b ronze ( /DtO.).
clus6e d d d . • • e sa c r o pe n go qu e co nstit.ui pretende r ext rair co n·
S os a os d1l1u lgados por Vergillo Correia ou das recon . O colar articu lado é formado por 16 p lacas sub-rec t:mgulares, de ouro, que estão
por Sel)u ltu ra realizad as sobre os espólios prop ri;mente di LOS. stlt ulÇôes de cs pó lios
decorad as por m artclagem sob re matriz cm relevo. O rematc tubular q ue possuem na
pa rte supe rior destinava-se, certame ntc . a p er mitir a p:lssagcm do fio de suspensao. A
perm l~:::~~~;i~~:; n~:r:açõcs c~h ldas ~os. lra.balhas de Antó nio Cav~lelro Paix ão
ex tremidade inferio r de cad a uma das placas é bipart ida c está reco rtada. O motivo
da quanti dade de esr0Ji o' r:~~I:l~~~ ; a ~xIs~encm d e ace n tuadas diferenças ao nível decorativo central de c..~Jda p laca é um misto de cavalo e grifo alado, que rep ous:\ sobre
tra d uze m estatutos SOCiais d ist intos ~~pu tu ra. Concl u ir qu e estas dlssemelhanças
d uas palmetas abertas. Enl"re as dil as palmetas é visível uma roseta.
redu cionista, um a vez q ue u ma diferenci~'ç:::::~ :~ :~;:sado e excessivamente
O par de ar rec:ldas de o u ro apresen ta-se com a forma de crescen te lunar. I)Q
também co nsubstanc iar-se desta me:' m', ' o rma. No e n ta nto' por e:xe mplo,
parece· ...... poderia
I corpo central, oco, irf"'J di:lm 14 pequ e nas ca beças b ifronte:s, fe mini nas, das quais pa r-
determin:ldos
> d
me mb ros do g r upo q ue: hab
• itava• em Alci ce r d o 's :11 ter .mmme&,ve
Opor tunqu id e tem 14 n o res de 10[Us, abe rtas e calic ifo rm es. A técn icJ decorativa \Itilizad a foi a
... e, ao morrer, se faze re: m aco mpan 1mr por d eter m inados obiect ,.
"não em vida, os d istin gu iam socialmente. os q ue, usados 0\1 esta mpagem e o re puxadO.
Tanto o co lar art iculado como as arrecadas, a que se podem :linda junt ar contas
situ e Geostaria ainda d e referir qu e, li con fi r mar-se a hip ó tese de as inci ne rações in bi_tron cocó n icas e um pendc1lIe e m fo rm a de b oJara, ap rese ntam carac teríst icas de
m urna poderem te r ocor rido n um mes mo mam n . fab r ico e deco rativas com evid entes conotaçÕes m ed iterr~ n eas e lartéssieas o rie nt:t-
ritu ais fu ne rár ios praticados n ão reflec te I e to da dI acro nia, os do is
que nunca se _ d .... m qu a quer rup tur a cu lt ural. Pe nso tam bém lizaotes. De: facto, o repuxado e a estampage m sobre matri z foi tamb ém a técnica
2 ( urn as Cru:~e~ :cagl::n;:I::~~I"do~ "m"',t~:i:bti~ recupe rados n essas sep ulturas de t ipo u sad a na decoração dos colares articulados do Carambolo e Ébofa (ALMAGRO GOR-
, .... "'-' ICOp ratos d c pe. ) BEA, 1989), sendo óbvia a relação dos motivo s decorat ivos com esse mesmo mundo
Icrísticas orien talizan te . d _ ' Ixe ap re:sc ntam carac-
s III e:sme nuveis, o qu e significa ql e nâ é . - . o rientalizante. A ut ill7.ação do animal fab\J1 oso e dos mo ti VOS fito mórficos, co ncreta-
lhes um a qual qu er o rigem co n tinental Mes mo ad m itO 1 o. posswc\ at nbu ir-
e m uSt r ill\llll foi in trod .d . • llldo q ue: o m u al da inci ne ração mente as palmetas ( IUC re matam a extremid ade in fe rio r, não dei1l:am d úvidas sobre a
UZI o nu m mome n to avançado da u tiliza....lo da -< inspiração o r iental d a ico nografia re p resentada no colar art icu lado d o Gaio.
(Iue até esse mo mento as inci nera,õ-, ,." '.h , ... • nec.u po le, e
... I 1 oram exclusivas pa I
matr iz cult ura l mediter rânea se mantém ,ain da a p" ' Ir . d os, c u Io ' Vl a.C.
rece c aro que li As ar recadas, c u jo melhor paralelo pe ni ns ul:lr é certamen te o par do tesou ro da
Aliseda (BLÁZQUEZ, 1975; AL MAGRO GO RBEA, 1977), apresemam ca racteríst icas

466 4"

Ana Margarida Arruda
--,.-
Neçrópoles proto-hlstó ri cas do sul de Po rtugal

fo rmais, tecno lógicas e decorativas perfeitamente assimiláveis à o ur ivesaria do A necrópole do Gaio, e conc retamente o seu . tesQllfOt, permi te afirmar que naque-
mundo me rid ional tanéssico e/ ou o ricOIalizanle. A forma , as flores de lotus, as la regiào exiSli ria um povoado o nde um segmenlo da população tomou a seu cargo as
cabeças bifwllles, fi estam pagem e o repuxado tradu ze m com clareza uma inspiração relações com 05 grupos exógenos que f~uentavam o lilOral em que se localizava I'oi cer·
mcd iterr~nca, q ue viria a afirmar-se no te rritório me ridional da Península Ib t'! rica na tamente um membro de ssa elite que se feL acompanhar na morte pelo _tesouro>.
11 metade do I milénio a.c.
Fica assim demonstrado qu e não foram apenas os grandes estuários as áreas
De pasta vítrea, fo i recolhido um ampIJoriskose um fundo qu e pertenceu a um tocadas pelo comérciO e presença fenícios, mas qu e no litoral ocidental português,
a/l/bus/Ton. e ntre o Promonforiuffi Sacrume o Sado, não foi infrequen te o contacto com o mundo
o primeiro apresenta as típicas características do grupo I de Hardc l1 (UBIiRl1, o rie ntal. Penso qu e é inquestio niíveI que esse contacto foi promovido pelos fenícios
1993: 476) - linhas amarelas fo rmando espirais no ombro, no colo e na parle inferior ocidenlais qu e se deslocavam entre Gad ir e a fo7. do Mondego.
d a p ansa; linhas ziguezaguean tes ve rd es e amarelas na área meslal do corpo.
O fundo de alabastron integr;l'se, certamente, no mesmo grupo ti pológico, 2.3. Sepulturas do Casal de 5.Joào (Torres Vedras)
apresentando o fundo linhas 7.igue7A1g11eantcs de cor branca.
Junto ao actual cemitér io de Torres Vedras, foi escaV'J.da, nos anos 60, uma se pul-
05 llngucntários de pasta vltrea do Grupo I de Harden são frequentes em toda tura de tipo cista qu e fo rn eceu um oinocllOc e as duas asas de u m _braseiro. (fRIN·
o orla me diterrânea entre o sécu lo VI e o séclllo N a.c.. contando-se exe mplares na DADE c FERREIRA, 1965). Ambas peças são de bronze.
Sardenha, em Ibh:a e na própria Fe nícia (1810.). Os exemplares do Gaio não destoam ,
O oinocllOe integra-se no tipo Bt de GRAU-ZIMMERMANN (1978). Tem forma
quer form alme nte quer do ponto d e vista d ecorativo, dos típicos ungu entárlos que
geral piriforme, co r po globular alongado e colo tron cocÓnico. O fundo é plano, em
Harde n inve ntariou e classificou. Uma c ronologi a de meados do I milénio a.c. parece
põlstilha, acusado exte riorme nte por um bourreJe f. A separa ção en tre o colo e o bojo
assi m ser a mais ace itável.
está indi cad a por um cordão em relevo . O que resta d a asa, frac turada na par te su pe-
o escaravelho é de cer:lmica p intad a e girava num engaste de p rata , de forma rior, per mite verificar «ue era b ipartida. Uga-sc: ao corpo , no cordão q ue separa o
elipsóid al. No cart uc ho, é visível o nome do fa raó 1110Ulmõsis III, d a XVIII d in ast ia. corpo do colo, at ravés de u ma palmeta em re levo , constituída por pétalas rad iais, colo-
As características do conjun to das jóias do Gaio, associadas :l05 reSlantes materiais, cadas sobre duas VOlu l:lS im'ertidas.
nome-.ldamente aos unguentários de vidro polícromo e ao escaravelho, não deixam dúvi- As :lsas d a pát~ra, V'.!SOS tradicionalmente cllamados . braseiros>, são de secção clrcu·
das sob rc o carácter oriental do espólio da sep ultura em que foram recolhidos. A locali. lar e movem-5C dentro de dois pequenos aros, que fa%.em parte de uma peça rígida, arre-
zação mi costa ocidental portuguesa daqu ela nccrópole torna claro qu e aquclas peças che- dondada nas extremidades, qlle terminam em duas mãos es tendidas. Se se atender aos
garam ao local por via marítima e quc as viagens e a permanência no litoral portugl.lês de paralelos conhecidos, esta peça fixava·se ao bordo de uma p~tcra através de remates cm
fenícios ocidentais foram respons:l.veis pe lo se u aparecimento no concelho de Sincs. forma de roseta. O _braseiro. de Torres Vedras pertence ao Grupo 1 de Cuadrado (1 <)66).
É tam bém importante registar<lue o aparecimemo, numa úniC-dsepul tura, do desou- Ambas peças possuem uma evide nte flJ iação orientaI, estando bem docum enta·
ro_e videncia que o in umado que se fazi:l acompanJlat por aquelas peças te ri:l, CCrlame n- das na Pe n ínsula Ibérica e m áreas o rie ntalizad as, nomeadam e nte nas necrópoles dos
te, um estanllo social distinro dos fCSt:IIlICS me mbros do gnlpo em que CStaV3 inserido. Alco res, send o :Ii nd:l abunda mes na AndaÍuzia e Extremadura es panhola. Se os protó-
Mesmo $:Ibc ndo que se desconJlece tudo das restantes sepultu ras da necrópole do Gaio, tipos destes o bjectos se devem p rocurdr no Medite rrll neo, concre tameme no seu
não parece p%Sível admitir que espólios si milares fosse m comuns a tQdlS as resta ntes eis- extremo o riental, é muito provável que as peças hispãnicas tenham sido produ1.idas
tas, O q ue obriga a pensar numa leituta soclll daquela realidade arq ueoI6gic.t. em oficinas locais (indígenas o u fenkias), a p artir de modelOS orientais, como j~ foi

• 68 .69


Ana Margarida Arruda Necrópoles proto-histÓricas do sul de Portugal

I)wposto (AUBET, 1984). A assoc iação das duas que apresentam outros monume ntos conslruídos numa fase poste rior, como é o caso
facholda o cide nta l atlântica revc:stese de fi ' 'fr:e~as numa mesma sepulrura d a de Fe rnão Vaz, C hada e niscoitlnhos, em que aos monumentos circulares se adossa-
em que os dois rec ipientes razem '-)M te ,U! s lgm lca o multo pa rt ic ular, na me dida ram outros de distinta tipologia. Fo ram aliás os trabalhos arqueológicos efecnrados
. , untamente com o s tllym/:l.le /. ,
dos <se rviços rituais. da área tartéss'lea, parecendo
, r ./, (OS cham./_ nestas três últimas necrópoles re fe ridas que, permitindo obsc rV'J.r a existência d e
desempen h'l r, ' "
ritual que va loriza a libação. ' )apc (e relevo nUITI monumentos de diversas plan tas, possibilitaram, através de uma análise cuidadosa,
ve rificar a cxistência de lima evolução tipológica, necessariame nte de acordo com
distintos momentos da diacronia.
3, O Btlixo Alentejo
Ainda desta primeira fase, mas de um seu momento final, da tariam os monu-
Durante a segunda metade do século XX o IIltenor ' , Sul do terr' tó - mentos se midra!lares, d e q\le é co nhecido o da necró po le do Cerro do Ouro, a q ue
português, concretamente a região d O - _ • TIO actualmence também se adossava m monumentos de outros t ipos.
l>ecção e esc:1'~....:IO trab Ih e uClque, fOI alvo de um imenso trabalho de pros-
' ...... , a o esse que resultou na descobe d ' Deve ainda destacar-&e que o monumento de Casarão se destaca no conjunto dos
de povoolmento proto-histó rico, que Inclui não ~ í ' n a ~ u m Importame núcleo monumentos com t(lIllulOS circulares. Neste caso, a cinlarJ. sel)ulcral. de planta sub-<Iua-
necró poles (IIElRÃO 1986) _ , s tiOS de hab,wc COlllO as fCS l>CCtivas
, . As caractenstlClS do espólio lh'd .. drangular, apresentava um co rredor semelhan te aos que os monumentos megalíticOS p0s-
que a esta região interior tinham che"'ldo n ., d . reco I o penlllllmm concluir
O"' aterlalS e ongem medlt crrã ne , suem, d ifcrenciando-se (lestes, bem como do monumento da Roça do G.'lSal do Meio, por
ba~clas (esessobreocar:íctero"'e
, I n ta j"'l1.ame destrl Idade cio l'crro. a,scncoes taa
exemplo, pela técniclI construtiva da câmara sepulcral, que é do tipo cista.
Assim, é nccr:ssário comeÇlr por referi r ' . . A estes monumentos de planta circular encostaram-se túmulos quadrangulares,
~iãO de Ou rique está, directa ou indireCtameni~lea a gr:'nde rnalOfl3 das necrópoles da com câmara funerária ce ntral bem destacada, de planta quer rectangular, quer elll>-
nucleos de habitat, que em outro trabalho fo
"
.~ ~lada a um conjunto de pequenos
mm I a vo de estudo (ARRUDA, 2001) . sóidal, coberta ou nilo por lages. A esta fase 2 COrresl)(mdem os monumentos: I da
Parece também importante não esquecer . - necrópole do Meal h a Nova; I do Pa rdieiro e 2B da Cilada .
da arq uitectu ra funer:'iria da ......, '30' ,?ue.a tIpologia e a Cl'O[uçilO cro nológica
• • -01 or.lm pc a p nme.ra \"Cz abord d Ca MaiS tard ios, illserindo-5C na rase 3, são os rcslantes monu me lllos quadrangulares,
( 1986), tendo sido alvo de sínteses mais rece -ã a :JS por e tano Beimo sem dúvida os ma is fre<luentes monumentos funer:'i rios da região de Ourique, surgindo,
lo passado (CORREIA, 1993, SILVA E GOME~:1~2; 7~~:~;:I~.ltima década do sécu- por exemplo, na Vaga da cascaUleira, Fonte Sam a, Pêgo, Favela·a-Nova e Biscoitinhos.
De , acordo com Virgílio Hip ólito Co rre .la, os diversos eS<lllemas cons trutivo" Neste momento, é frequente existirem, rodeando os (utnull, •. ,.degr:uls, muitas "C'les redu-
ob,
erva, os nas es tnlturas funerárias do 6a11.:o Ale ' . - ~ zidos a um pequeno soco, de uma ún ica fiada de pedras.. ,' (lBlO., 359).
fases qu e se sucedem no tempo b d ntCJo cOflespondem a diversas
,o se rvan o-se no en tanto ca I' . 0 momento rina l da evolução da arquitectura fl lnerârla é representado por peque-
toda s elas, co ncre ta mente o " " , raCter Sllcas eomuns a
• ... uso SIstemátICO de monum e nto s c -d nos monumentos sub-<luadrangulares, que apafCcem uormalmente isolados (casos da Ata-
tulllllli ou caims sobre as sepulturas .... (CORREIA, 1993: 356). onstnu os co mo fona, Carapet:a! c Mestras), (llas que em dois casos aparecem na periferia de necrópoles
mais antigas, nomeadamente os mo numentos 9 do Pardieiro e V do Pêgo> (IBlo., 360). It
,"ç_Adarquitecrura fune rária desta re,Fio
,p ee
neste
nvu '-_. . ..
o ImCIOU-se com
r :10 e lllOnumentos funerári .... ~ d e p ' anta Circular
V'>
. de ,nod, , d ' - a cons- nesta fase, com monume ntoS e m Pi, que se data o início d as incineraÇÕC5 em urna_
cnu-e o s 5 e os 7 5 l i ' , S ametros, va riando
- m. Sles tumu/, continham câmaras fi ã' - Um dos aspectOS ma is su rpreendentes que ress:llla do csnrdo das necrópoles d~
rectangular, o u , mais frequente mente quad I I~er nas, cistóldes, de planta Ourique é a aparent~ coexistência dos rituais de inu m:tção e incineração em todas as fases..
mação. Surgiram isolados (Mon te dc', l' ,randgu ar. O ~uual pr:atlcado er:a o da inu-
. UlS, o Casarao do Pego d Sob Os dois rituais não parecem se r, portanto, mu tuamente exclusivoS e surgem C•••cm qual-
IMonte do Coito, de Cruzes e do Car'l' ' ' a relra, do
,pet~ l [I), ou Integrados em conjuntos funerários qucr dos tipos de deposiç:to ritual de mobiliãrio, em datas muito diversas- (IlllD.,:356).

470 471


---------------------------------
NecrópoLes proto-hlstór icas do sul d e Portug;li
Ana Margarid a Ar rud a

, m"'smo os provenientes das nec rópoLes, apresentam uma enol'me pobreza tanto
Ainda q uan to aos ri tos fu nerários, é necessál'io ter também c m ate nção o mobi· lO, ... lo os co mparamos com
de variabilidade CQmo de qu alidade, se por exemp
"
liá1"io de positado. em ter mos nhe cem das necrópoles do restante Sudoeste . La Jo)'11., se[efi!~a, Ac~eb~­
Assim, deve destacar-se a gra nde quantidade de objectos de adorno, muito especi:ll_ o s q ue se co AI -< ...er do Sal ou Gaio só para citar algumas, sao, obJccll-
chal Medd li n, ou mesmo ....".. ' . II 'd
mente as con tas de coLar, devendo notar-se q ue e m alguns casos esta deposição foi cxdn- , t ' u-mp aráveis com as de Ourique, tanto quanto aos espó hos reco 11 os,
va men e , I .......
siva (poEgo: monu mcntos I, V e VI). Em outros, as co nt as de colar, de p as ta vítrea oculad a~, como quanto 11. própria arq u itectura funerár ia.
de resina, cornali na ou cerâmica su rgiram associadas a o utras jóias (cscara,,-eJhos, botão de: m u erer d ebruç aI'-me, com q uaL quer profu nd idade sobre o ~ema, ~arece
im o:s~vdq neste contexto, esquece r que ti es te mundo (unerário es ta assocl~da a
ou ro, ou amuletos de p rata) e mesmo a o utros objectos como armas e vasos cerâmicos.
A deposição de armas nas necrópoLes de O uri que est1 tam bém testcm unh ada, p , h 'da de l:\ pides e estc!as co m escrita do Sudoeste . A origem
ma io r co ncentração con ecl . d d nte mente de a
devendo realçar-se que se trata, maio ritari amente, de pon tas de lança (Chada, sector mediterrân ea do sistema utillzado parece I nqtlestIOn~vel, m e pc n e
A T 2; sector B T l), estando tam bém prese ntes as facas afalcatadas. Importante p are- área concreta a que possa associar-se os sig nos conheCidos.
ce ser re fe ri r que estas armas, qu e apresentam ti pologia muito simples, fora m al vo do
O que se par a a regiãO d e Ourique dos restantes ~chefados ~rl.t;;~~:~~s·'I~;~'
rit ual de in utililaçiiO prévia à de posição, n omead am e nt e p ela qu eb ra da pont a d:! ~ dos illVes tigadores qu e estud:\rarn a reglao "
Latlça, cu ja cxt re m ld:!de não é normalme nte de positada. Este r itual está docu ment ado usa r a ex prcssao _ de ser igno rado A p ró pria
CORREtA, 1993) , ass ume d ime nsões t1\o am p las que nao PO, . . e Inte r la-
no mo num e nto " do PoEgo, por exe mpJo.
ão de sta re alidade com árclls relati vame nte: próxI mas e 19ualmen t .
A primeira observação que o:; dado:; sugerem é o momento TardiOem que as infl uê n· co mparaç I 'pode de ixar de imp ress io nar, dad a a fique·
, _, como Castro Ve rde, por e xemp o, nao
cI:IS or ien tllis S.1 0 sentidas na região. Como Já por d iversas ""e2.CS refe ri, o <Iue a culn lra " '- 0 ap rese nta .
' rSl" d a d e d, '-cul tu ra ma te rial que esta u' I t I ma regia
la c a d ive
material evidencia é o facto d e a 1<lade do f'erro pareccr te r início, nesta região apen as no Por outro lado, gostaria de deUrar claro que é absolutam~nte Indesmel.ltíve Lque a
~c\llo VI a.C. Esta constatação é também conflnnada pelas datas de rad iocarbono obtidas ' ;1. d e Ourique recebc\! estímulos o rientahu ntcs, n13tenalIZ:ldos no
para as necrópoles de: Fm!ta Nova (2375 ± 50 BP, cal a.c. 475-395, GAMTfO, 1991) e Pego Idade d o Ferro. d a re~, . o _" pol_' c também na planta do habitat de Fernão Vaz, pare-
pólio recoUlldo nas suas nec ru ... . '
(2425 ± 40, cal A.C. -575 - 415, ibidem) e não é desmentida pelas datações realizadas cm : ndo adequada a utilizaÇ"iO do conceito que Martin Almagro introduZI U e que rOI reccn-
f-e rnão Vaz (BE1 RÁO e CORREIA, 1991; BEIRÁO e CORREIA, 1994).
temente redescoberta por Jlmenez Ávila (2000) de pos-ori entali7:ante.
Não vejo também qu aisquer motivos para co nsiderar que os monumentos fune r1- Parece-me aSSim , ser possível considerar que a região de Ou rique: pode ter cons-
rios de p lan ta d rcular (fase I de Virgílio Correia) datem do século VIII a G.. Considerar a , ã.rea m arginal na acepção q ue She rrnt ( 1993) forne-
dalaÇ"io de radiocal"bono da necrópole da AtaJai a ( KN-1.20\ . sob m ad eirn carbonizada - Tlt uí do, d urante esta época. li ma d T ' o 10 :nade!o dos .Slstemas l\lund ia\s•. Deste
2750 ± 50 Il.P. 1105 - 800 a,C) co rno uma da ta ante q uem para esse ma memo da arqui- cell ao conceito de margem, quan o Ull l l: I d t da d as rd ações existentes
modo a área cm an:\lise estaria, efcctivamente, escone<: a • pou
tectu ra f\lneliria no BaiJroAlentejo não pOSl.ui q ualque r base denúfica real. ....s slmili tudcs , . adenda co nside rar·se qu e: o s .Centros. corres -
arq ui tectó nicas e ntre os mo num entos fun erários do Bronze 11 do Slldocste c os túmuLos en tre o s .Centros, e a .Perlfe na. , p . à coló nias fe nícias oei·
5 I da i'eníns\lla lbén ca, conc re tamente 5
de Casarão, J>ego da Sobre il""J, Monte do Coito, Cruzes, Car.lpetal ll, S. Luís e f't'.rnão Vaz são, d lam, .neste, c7~ ~~e~ltartéSSica, e a . Per ire ria. aos ter ritórios ind ígenas forteme n te
de facto, evidentes, mas n1l0 considero qu e permitam afirm:lf, taxa tivamente, qu e estes
ÚLtimos se seguem, de imediato, aos primeiros.
:~~t:~:I~Z:~:~, co mo os q ue se reconhecem, no litOral. A esta;'~l;~;:: ~::~;:' ~;:~
d iame nte e através d o comércio, ce rtos ob jectoS, ou :ess~ransformações socio-eco-
Um outro aspecto que consegui rete r d o con juntO analisado di..: res peito aos n o\ógicas, mas a região par(."CC ter ficado d margem. a
espólios recoLhidos tanto nos /!abirars co mo nas necrópoLes da área de Ouriqut!. nómica5 que se o pe raram nas , Periferias.,
Te ndo ape nas por base o mate r ial que esl~ publicado, atre vo- me a d izer <Iue o s espõ-
Ana Margarida Arruda Nec rópole:s proto-hlsróricas do sul de Portug~l
- - - --==-"'-'-
4.0A/ga rve
ouro Trata-se de um d ·ISCO deco rado , com 3.2 cm de diâmetro e orifício cenlra!.
d ponA
. - .
decoraçao IOscreve-sc cm áreas li mitadas por_.
circulos
.
concêntricos
"
e consta e •
Os dados sobre o mundo funerário algarvio são muito escassos, resumindo-se tos, e:s pirais e linhas que defi nem objectos nao Ide nuficl\els.
aos que resultaram dos trabalhos levados a efe:ito por Estácio da Veiga e San tos Rocha,
no final do século XIX. bé rcfe:r!r que das seis lápides epigrafadas encontradas na necrópole
Importa Iam m . essupõe: uma sua se:gund;1
A necrópole de Fonte Velha d e Bensafrim, concelho de Lagos, foi identificada
da Fome Velha uma cr-J. parte Integrante de um~cIs~a, ~ ~:~.:~r Este factO fO;
também verl-
utilização certamente depois de esgotada a sua nçao TI , .
por Sebastião Philippe Martins Estáclo da Veiga, que se deslocou ao local no segui. ficado ~ necrópoles de Ourique:, como por exemplo pego e Fonte Santa.
mento da descoberta de lápides epigrafadas
O que ressalta da an~lise da necrópole da Fonte Velha d e B~nsafrim é;. ~t:;:
O mesmo arqu eólogo viria a proceder a escavações arqueológicas na referida lado, a sua cxte nsão e, por outro, a relativa pobrez,1 dos seus es pólios, quase 1m
necrópole (VEIGA, 1891) e Amónio dos Santos Rocha continuaria, em 1897, o trabal-
aos adornos de pasta vitrea
ho de campo do arqu eólogo alg.1rvio (ROCHA, 1975).

Os resul tados publiatdos pelos do is investigadores atrás c itados pe rmitem uma A


ques, e
AlinfOrlllaç
agoas
éã:l~I~:;;:~~:b;:i:;:'~:~~::~m~en~~I;~O=

:~j::;~e~: :~:~:~~
an~li se rc lativamente objectiva d a realid:lde encomrada_
illtervenção. d S"
Assim, a necrópole da Idade do rerro era de inumação e encontrava·se sob uma d M . es concelho e .
Cômoros da Porteb localiza·se em S. Bartolomeu e eSStrl ,' b ervar e
outra romana e de incineração. Era constituída Ilor sepulturas de lipo c lsta que se . d V,' que se deslocou ao loca para o s
espalhavam numa área vasla, não completamente definida, mas cllja largllra nlo seria ves. Foi identificada por Est:klo a .e!~a, ., (VI' IGA 1891: 285.286). No
·d ' . f das que aI unham aparecle o • ,
inferior a 300 f i (VEIGA, 1891: 252). Estácio da Veiga escavou 17 monume ntos e San- re:colher as láp! es e plgr,1 li , . que estavam já destnli.
i d existência de várias sepu tUfas
tos Rocha 14, o que totaliza, na área interve nc ionada, 31 ci:;tas. sitiO, tomou conhec mento a 11.' d objectos de cobre ou bronze
d as Soube ainda do aparecime nto de cer mica, e I d ( IBID '
As sepulturas, o r ientadas no sentido NNO/SS E, eram em geral rectang ulares, . d e I r d e paSta vítrea, algllmas ocu a as ..
(JBID.) e pôde re~U,;raf c~;;as ue :'á:iO da ~eiWI recolheu, pode deduzi r-se que
ha vendo, no entanto, casos, e mbo ra raros, cm que assumiam forma tr:lpezoidal. Duas,
2:;9). Segundo as lO ormaç q ró I de cistas sendo admissí"d que tenham s ido
destac:lv;tm·se, pela rar idade da sua planta. uma triangular e u ma semi-ci rcu lar. O também aqui se trata de urna nec po e ,
co rllprhllento das sepulluras variava enlrc I me 1.40 m e a largu ra entre os 050 m e ut ilizadas lá pides epigrafadas na construçào de algumas cicias. .
Relati"amenre a PcrcJacqueS, no cOllcdho de Aljezu~d' apenas se ::~~~ac:::t~:
0.80 m. A grande maioria das cisras fo i const ruída com lajes pouco espessas, cravadas
verticalmente sobre a terra. As paredes que dcfiniam a sepultura semi-circular eram . I Ól"o era integralmentc cOllstlUlI o por con
de alvena ria. As sepulturas eram cobcrtas por lajes. Exceptuando um (mico caso, as cia de uma Clsta, ClI o csp I _ . . f ' lllizad'l uma lápida e pig rafaclll
,
pasta "1Irea. ,Também 11'1
' conSlruçao
_ desta
~
CISI,1 0 1 II •
clstas não estavam envolvidas por qualquer estrutura tumular. A excepção consiste
(VIANA FORM051NHO e FERRREIRA: 19 ~3).
num muro de alvenaria que define um espaço rectangular, no centro do qual se
, , . formações são ainda em menor quantidade.
implan tou lima sepultu ra recta ngu l~ r (VEIGA, 1891, ROCHA, 1975). Sobre a necrópole de Alagoas as l!l ' be rta no local de Alagoas, em
Mui tas das sepulturas não conUnham qualquer espólio, mesmo as que segundo José Leite de Vasconcellos informa apenas sobre a de~ cabeceira d e uma sepultu ra
Sali r, conceUIO de lOult, de lnna lápide que marcana
SantOS Rocha (IUrD.: 130-133) n ilo te riam Sido ah'O de qualq uer violação. Nas sepul-
tu ras, d o minavam os objectos de adorno COnstituídos por contas de colar de pasta (VASCONCEl.I.OS, 19(4). .' n.
vitrea, lIluitas d,ls quais ocu!adas. As sepulturas ofereceram ainda escassos fragmentos lnfdizmente, o estado ,linda embrionário d a ArqUeOI~giaf~~~AI,~~a~o"m',°od(~I~:Og".
hecimento da ocupação sidérica d a rcglaO - nos permIte a hu .... , ..
.- nao ,
cerâmicos, que nunca foram publicados, e alguns objectos de bronze e um .bolão. de

.
-
An a Margarida Arruda Necrópoles p roto-hlstÓri cas do sul d e Po rtugal

ran ça, qu e as mu itas lápides epigrafadas e ncontradas e .


I ' I Se m n umerosos loc:us do BarfOcal 5, Discussão
a garvlO nadate (S. BarlOlomeu de Messincs, Silves) Dobra (M I .
( Salir) e Barradas (Loulé) J (BEIRÃO 1986) " onc 1I<lue), Vimie iro Os dados atrás enunciad os me re ce m ain da algu ns co me ntários que os e nq ua-
, corres pondam a necró poles.
d re nl num contexto m ais ge ral.
','areee ainda im po rt ante refe rir qu e as necrópoles identificadas não 0<1
' l, pelo qu e se desco nhece ePm enl
assoc iar-se a qua lqu e r povoado ou s'I l'10 d e i IiIblla Em p rimeiro lugar, tornO~l-se evide n te qu e, ao níve l ela arq ui tectura, o litoral,
tir; c: estraté.gia de povoamento elas se pode r iam integrar. É, p or issO mesmo gr:'! q~e tantO o algarvio como o oc ide nt al, se distancia do qu e se conh ece no inter ior.
o e:seonheClmen to sob re a cul mra mate rial qu e as populações q ue: COnst " ' n e Com efeito, tornO\I·se evide n te que as necrópoles al garvias inclue m cistas sem
nec róp oles alga rvias poss uía m e qua is as tecno logias que dom in avam . n itram as estr utura tum ul ar e nvolvente, ao contrário do qu e se ver ifica no inter ior, concreta-
>
Um outro dado a reter é o facto de se desconl
O >

IItorms. s 10000is de enterramento das I ~


lecerem as necrópoles dos po"".
os
me nte no Baixo Ale ntejo, o nde os mo nu me ntOS se adossavam u ns aos outros através
de estr utu ras tum ulares complexas. A distinção e nt re as d uas arqu itecturas fune rár ias
ode _ , . . , . popu a"""",, de Castro Marim e T:lVira nunca ~o-
I n mlCldos. fixl5te assO
1m, no AIgarvc, uma Situação quase parad ai •• m é evidente e parece estar no seguime ntO do mesmo fe nó me no o bser vado d urante a
tame nte uma conjunnlT:l u ltrapassável no futu ro, e que se caract:~~; :;(:~~;::uz cer- Idade do Bronze,
I . desco mlcelmento
> • d os povoados na área Onde as -~ Ies foram Ide ntil1cadas' No que se re fere à Id ade do Bro nze do interior, d eve d lzer~e que a pós a mo m l'
necrupo
2. <lesco n.h ccime nto das arquit ectu ras e dos r itu ais funerári os dos sínos de ll~b .'
me ntal obra d e Schubar t ( 197 5), po uco mais traba lhOs oco rre ram , deve ndo contudo
l ar d o htoral. ' 1- reglst ar-se que as aClIIalizaçôes de Monge Soares n a marge m esqu e rd a do Guadiana
( 1994) não alteraram o pano rama arquite ctónico conh ecldo. Assi m, m antém·se a co n·
d , Não d eve, ta mbém , esquecer-se qu e é difícil integrar estas necrópoles do po m vicção qu e também as n ecró po les d a Idad e do Bronze ah:~ ntej 3n o são mo numentos
,e Vista c ron ológico ' Os o bl'ectos reco Illd
l OS, mesmo as contas d e co la I o complexos, o nde várias estru turas tumulares adosS3das enquadram pequ en as cistas
vlcrell, ocul ad as o u n ão, não são ind icadores de c ro nolog' . r (e p asta
0<1 las IsentOS d e e r ro pelo q" localizad as 110 seu centro , o nde e ra efectu ada a inumação,
p e apenas d eduzir-se que as necró po les perte nce m , e
Id I d r ' sem ou tra especificação .iI Ainda no segund o milé n io, as necrópole s lito rais, tanto alga rvias· Vinha d o
a( e o 'e rro•. l\las li ligaç ão ao mundo med iterrâne o é, no e n ta m o , inegável, "
Casão , Loulé , (GOM ES liT Al.., 1986) - como ale n tejano (várias escavadas na área de
Gostar ia d e insistir ainda no facto d:l re utilizaç-lo das lápides e plO" I • Sines) sào in u mações, realizad as c m cistas, mas não existe qua lquer estrUlu ra lUmula r
ce! ser um a co St ,I a as pare-
o > n ~ nte nas n~cróPOl es algarvias, ii. seme lhança aliás do q ue se verifica
" que as enquad re, o que, natl lral mcn te, lhes retira a mon ume ntalidade evidente nas
m Outras reas. Esta sltuaçao perm ite qu e se Ili possível admitir qu e aqu e las lâp ides
necrópoles d o interi or.
eram anterio res a estas nec rópoles, desco nh ecendo-se a . '
sepull\lras :ls láp ides assinalavam Mas 'lO i)areCe I ,pesar de tud o, qu e tIpos de Assim, parece-me qu e os dados actualme nte dispo níveis permite m afirma r que,
ven ientes d o mesmo local fi . , , r c aro que aqu elas lápides eram pro- de facto, as necró po les mo nume nta is com sepulturas adossadas e os cem itérios de eis-
n cou demonstrado qu e a área estav a Já sacralizada no
t as, surge m duraute o 1 m Ué nio a.c., t al como nos fi na is do II , e m Sreas mutuamente
IlOme nto e m qu e as necrópoles I'd en rIfitCd d as Ioram construídas. Das an te rio res onde
exclusivas, as pr imei ras no ime rior e segun dos no HlO ral. O (Iu e pode d edu zi r-se dos
a gumas se puhuras esl:lr iam assi naladas por l:1p ides, nad a se sabe. '
e scassos elementos q ue P OSSUÍlIl OS sob re as sc pu h u ras do Gaio, Sines, e de Torres
Ved ras ind idam que no II to r:1I ocident:ll també m as neCTÓI)o les da Idade d o Fe rro
co rres pondiam a cemité rio s de cistas sem estrutu ras t umu lares e nvolventes.
Neste conte xto, faz sent ido lelnb rar qu e também existe d isti nç~o e ntre as ep i·
grafias sidéricas al garvia e ale ntejana, send o perce ptível uma variante paleográfica no

476 477
Ana Margarida Arruda Necrópoles proto-hlstÓricas do sul de Portugal

Algarve q ue desenvolvc u um certo barroquismo na utilização dos signo~ e utilizou dional espanhola ultrapassaram as meras trocas comerciais, tendo-se também con-
grande va ri:lbilidade nas fÓrmu las (CORREtA, 1997: 274). substanciado na adopç30 de rituais fu ner.'irios de tipo oriental.
Parece ser portanto apenas ao nível dos espólios que podemos encontrJr annidades. Tudo indica, no entalHO, que o orientalismo que, ao nível do eSPólio~ se detec-
De facto, os materiais, sobretudo os adornos, recolhidos em ambas áreas evidenciam uma tou nas necrópoles do baixo Alentejo é um fcnómeno tardio, e que t~rá ai chegado
origem ou filiação <:omum, mas exógena, Deve, conUldo, reconhecet'-se que apesar da atnlVés de um proccsso de contactos com as áreas ribeirinhas, ~traves do curso do
eSCaSsa variabilidade e mesmo quaHdade e quantidade dos materiais reco lhidos nas necró- d
Sao,p ode com facilldade atingir-se a região de Ourique, onde, aliás nasce aqucle rio.
._ til 'do
polcs de Ourique, por exemplo, estcs silo In(.Xlmparave!mcnte mais numerosos c variados, Faz scntido trazer de novo ii. colaçào a hipótcse de que esta reglao se ter cons Ul .-
(juer formal quer tecnologicamente que os algarvios, sintação que se torn:lria ainda mais neste processo, numa _Margem., .Margem. essa que esteve, li partir de um determi-
evidente se nesta avaliação induíssc:mos o litoral alentejano. nado mome nto, em cont'acto com a _Periferia.,
Po r Outro lado, ao nível dos rillm!s praticados ve rifi ca,se q ue, na 2" me tade do I A complexid ade d o mundo funer.'irio proto-histÓrico do Sul de Portugal é vasta
milén io a.c., a incincração e m IIslritlllm é comum às duas regiões. ESta apare nte uni- c ultrapassa em m\lito :1 breve síntese que aqui se cnsalou,
cid ade, conferida através da prese nça. neste amplo cspaço, de urna cinerãrias, estã
Parece, no entanto, possível ad miti r que as áreas litorais e Intc,rio res aprcscntam
também presente na chamada i Idade do Perro, quando as inciner:lçõcs in situ fica-
evidentes divcrsidades nos cenários da morte, pelo menos ao n1\'eI da concepção
ram demonStradas, mas não pode escamotear-se o facto de no interior e neSta fase a
arq uitectónica das suas necrópoles.
inumaçào ser aind a praticada c m larga ese~la,
Para terminar, gostaria, portanto, de chamar a atcnç~o para o facto de os dados das
Deve ainda referir'sc que é no li toral que se concent'ram as melhores evidências
necrópoles mostr~rem, eles também, que o território que constitui ho!e o Sul de Portu'
de presenças e/ou influências mediterràneõls. Nào só os espólios das necrópoles de
gal não correspondeu, durante a Proto-história, a uma unidade homogenea, nem em ter-
Alcáce r do Sai ou Gaio apresentam, glObal mente, óbvias características orientais, . ncm SOCIaiS, .. In d'p,ndentcmente de , na Idade do Ferro, parecer dar:l a
mos culmrals
como os tipos de sepul tura e nconWldos na primeira most ram muitas afinidades con-
. tênda de um:1 oemid:lde mediterrânea_ comum. Que: essa cntidade se reveste de
ceptu:lis com realidades fo r temente colo nizadas po r pop ul:l.ções com o rigem na exlS
uma expressh.. .• ~ d.v .....,idade é o q ue ressalta dos elementos d ispo níveis, sendo quase
I .....
fachada sirio-palesliniana, como por exemplo a Sardenha ou Ibiza. Neste COntexto
redundante recordar (IUC esSo'! diversidade resu ltou, certamente também, de num tão
parece (Itil lembrar que o esmãrio do Sado corres po nde a lima unid ade geográfica
amplo espaço geognifico se ler movinlentado U ~l:1 constelação de grupos, human~
onde a presença de navegadores/comerciantes o rientais, com o rigem em G<'idir, está
organiz.ados em distintos sistemas sociaiS e tradUZidos em diversos esquemas culturaiS.
muito bem documentada tam bém ao nível do povoamento, podendo destacar-se os
sítios de Abul, Castelo de Akáccr do Sal e Setúbal (MAYET e SILVA, 1993, 2000).
A associação do <braseiro com asas de mão. e do ojnjkh~ numa mesma sepul-
I\lra em Torres Vedras deve também ser valorizada num quadro de relações intensas
entre o litoral ocidental português e a ~rea tartéssica. Ambos os recipientes, que inte.
g ralll os serviços rituais desta última, parecem ter desempcnhado um importantc
põlpel num ritual fu nerário onde a pr.'itica da libação era constante. O apareci me nto
e m To rres Ved ras, em d aro contexto fu nerã rio, das duas peças associadas permite Notas
penS:tr q ue os contactos existcntes entre o litor:tl ocidental portugues e a região meti-
I I!wwigado", d. UNlARQ, (.",.,'" d. A"Iuto/agia. Facu/dad. dt úl",S, /600-114 Lisboa. I'vr"'KI'I,
"m, ",ruda@maiJ,dIXJI,ul.pl

47'
Ana Margarida Arruda Necrópoles proto-hlstórlcas do sul de Portugal

BmUOGRAFlA CoJtt:Ia. Vc:rgffio


(l925a): Um amuleto esipcio da ne<.:ropoJc de Ald(e r do Sal. Temi Porluguesa Usboa, 5, 41 , p,
!»9?>. 1972. Ob~ Volume 4, Estudos arquffilógl(os. Coirn\)n: Acta Ulli""rsitalls Conimbrlgen,
~;s. p. 19').200.
(l925b): Uma col1felt n cl"l. ,Obre a nc(ropole de Aldcer do Sal. Blblo" 1 (7). p _3A7-363. 1972 .
Obras. Vo lume 4. Est mlo, arqueo lógicos_Co imbra: "'cu UnlveraltaliS COnlmbrigensls, p. 151·167.
(1925c): Fed,os de elntur~o dn neerópole de Alcácer do Sal. Ulb\o •. COi mbra, 1 (6), p_319-326.
Almagro Gorbca, Martin Obr25-, Volume 4, Estudos arqueOlógico., Coimbra: Acta UnlversltaUS Conimbrlgensb, p.187·194,
(1928): P-'CaV1lçõe5 reaUlad:u na ne<.:r6pole de Alclccr do Sal em 1926 e 1927. O Instituto, 75, p.
(19m. ~l Bronoe Fin:d yd Pcriodo Oricnr:dlz2nte eJl ExIr-en!2dunI, CS1CUn lv.:r.lldad de Vai 190-201. 1912. ObnlS, Volume 4. Estudos arqueol6gicos. Coimb ra; Acla Unlversilalis Conllnbrl,
c'a, UI bholco PrclIbt6tlca Hlspana, I ~ , ~I ad rld. e".
gen';'H p. 169- 179.
Alvat',jafme (I93Oa): Aldccr doSal. Esboço d e u ma monograna. Biblos. Coimbra. I (7), p.4o.59. 1972. Obns,
Vol u me 4, F.studos a rqueol6g~ Coimbra: Acta UniveniltatlS Conimbrlgensi., p. 127·150_
(199'): Avle no. los fenício, y .:I AII~Dllco. KoI2le>s. Sevil l-,2' i\s5o(:lac!ó I I
de la AnUgu idad , 4, p. 21.37. . o CU IUra para d estudio (1 93(lb): AS flbuLas da necrópole de Aldcrrdo Sal. 81bl0$. Goimbr.>,6 CHI), p. ~509. 1972. Ob~
Volume 4, Esrudos arqueol6glcos.. Coimbra: Acta Uni,-ef$ital i$ Conlmb rlgensi'l, p. 181-18').
Aubct, Maria Eugt:ni2
Corrcla, Virgillo Hipólito
(1986): Aubct, M. E. (1986) loII f" nlclo~ cn E5paila; estado de la clle,Uón y llC. t'
O lmo y .\~. E, Aube\, L05 FeJllclos e Jl 1.1 Pellfnsul.11bériea 1: 9-3 0, ,Au-'a , sabadell~ PC/; ,vas, ln G. (1 993): As ue(f6po\es da Idade do ferro do su l de Portugal. ArqullcclIlta e rimais, TAE (Actas do
(1994): 7 iro y las colonl.• s f" Jl/cln$ ele Oocldence, Ba rcelo na. t Con gresso d e Arqueologia Peninsular). Porto: SPA6, 33, 3·4, p, 351'370.
(1996): A epigrafia da ld~de do Ferro no sul (\e Portugal. l'orto: fOmos.
Arruda, Ana Margarida (1997); As necrópoles algarvlu da I Idade do ~rro e a CSCritll do Sudoeste. ln NaveHla stcul05
(2002): Los fenfcl05co Porrugal.l'eflíclos,. Mundo indigena co c/ Sul de I'onllgal ell for t e ntre a Serra c o Mu. p, 265·279.
1,ISfOrlIls posslhles. Cuadernos de Arqucologia Mediterrânea. 5. . no a ""
COSta, José Miguel
Beirlo, Caetano De Mella (1 966): O lesoUro [en lclo Ou OIrI:.glnb do Galo (Sines). EI/Ulcn Porto. 5, p. ')29-538.
( 1986): Une cl.'ws:.rion l'rotohis/oriquc dll Sud dll Pormgal- ler A .... dll f 'C(". Pa ._ ."" , . , (1972): O tesou ro pu nlco-tarlbsico do G2io. ln ACfJU dlS II Jomadll$ cú A5S0Ciaçi<> dos Arque6
IIocc~ rd. ':" . n", v u US10n e logos f'ortug"':ses. Usbo:o: Anociaçllo dos Arqueólogos Portugueses, 1'. 97·120

Belrio, Caer.ano De MelIo I! Correia, VirgUlo Correia Oladrado, 6mct erlo


(l99l): A cronologia do povoado de r'Crn ~o Vaz." Con[mbrlg~. Colmbr:l 30 ( 1966): Reportorlo de los r(:clpl<:ntes rituales met,UlcOJ co n .asas de mano •• de la I'f:IlInsul~ I~
(1994): No\'OS dados arq"eoI6glco, sobr<: área de ~ F~rn1io
Vaz, ln Ma~g~~~' ').~'" d rica, TrabajOJ de Pr<:h/$/or/a. ;Madrid, 2 1, p _5-76
IIOmcllage ~José Maria illifr.q llez: 28"302, Madr id: Ed. ahslc~s, . ,y Jf, J. (e s.).
Fl"lInkenstcin, Susan
BJiUqucz, José Maria (1997): Arqucolosfa de! OOIOJl/2/1smO, Iii Impaeto fenlclo y fJrkgo e" e! sur d" la Penill)'ul~ 11)6.
(1975): Tartcsos y /os origeneJ de 12 oolonlud6/l fenicia en Occidcme, Madrid. ri"",.e! surocs(e de Alemmia. Crilica, Barcelona.

BJazquez,]OSIt Maria· Wagner Carlos E Alvar, Jatme Guner-w2lJcrt, I. E h1do, António Cavaleiro
( 1999): Fenícios yC1U1IlS~cn e! Med;temíneo. Madrid., Cal.-.:ll1l. (1983): A InscrlçJo do escara""llto d e Ps:lrnttlco I, d.1 oecr6polc do OIJvaI d o Senhor dos ~Hrdn':$.
No\-'OS clemen lOJ par.> a SUl! imerl)retlIção. Arqueó/ogO l'o/"fu81161, U$bOa, strl<: 4, 1, p. 2ôl·272.
CaniJero MUá..o, Manuel
GOmt:3, M1rlo Varela., Gomu, lto8a Varela· Beirio, Cacttno Melo E Maros, José Luis
(993): Dis<;usión sobre la formaci6 11 :IOCbl tartt8lllca lo ALVAR BI.ÁZQUEZ .
de nrtcSQ. Madrid: Cil~dra. p. 163-185. . e .-.:Is. LOJ ""'gmas (1986) A necrópole da vinlla do QlsJo (Vilamou .., Iolgarvc) "0 COIIIClrtO da Idade do Broll"e dO
Sudoeste pcnlnsul2r. Tn.ba lbos de Arqueologia. U.boa: IPI>C. 2,

'"
-Ana Margarida Arruda Necrópoles proto-hlst6ricas do sul de Portugal

Grau..z.[mmenna nn
(1978): I'honikische: Met~Jlb ne:n ln de:n orlC:l1Iallsle:D'Dden HorllOnten des Mittc:lmecrram(:5.
MIIdrlder Milt~;J!lnsc:n . .\I~drid, 19, p. 161.218.
Sher;:~= Ix:rlphc:ry ~nd ","rgin: Ix:rspccti..-.:s on the: 8 rontt ag", ln Ma(h"r5. C. y Stoddut,
s. ed •.: 33~346
Mathc:rs, C. Y Stoddarr, S. Ed.
Soares AntÓnio Monge C 11 te:
(1994): De'·cJopmem and de:cline: ln the medite rr. nnn bronze .g~. Shcffleld~ ar~ha~ologk"l ' . rd, dO Gu adian a. As necrópoles do oncc: \O (
monOBraphs. (1994): O bron~d'~s"VJS~d:;::::
s..rpa. ln Ac(as ri.
:'S::i~;::S Arqlll::ÓIOSO' PorWBue:scS. Li,boa, 2 . p. 179, 197.

Paldo, António Cavaleiro


T vares António Augusto Bd . 4
(1970): A necrópole do 5<:nhordOS /IIin/rc:s, tliç;fardQSaJ · .lI/onH ekmC:IIIO$/~n ° $(:<, ..SllKlo. a; (1993):
, Os fcn/doS no :.cw:d ccrrirório por/Uguk Esml/os Orfem"i5. Li~tx>:a.. Universidade ~,..... .
Lisboa. Tese de Licenciatura ap~mada ~ l':lC\dd""e: de: Letras de: Ll5boa.l'.dlçio polkopi""~.
(197 1): O o:cc:me: acJu.d o do (rts CSClIravelh05 na necrópole: do Senho r d O$ M~rlirc:s e m AlciceT Trin<Iade, Leonel B Perre\ra, Ocd.vio Da Veiga .
dO Sal. ln hcl.2S d o II CongtrSSQ N~cio,,~1 de Arq~~. O:>im bra. p. 309.315. d • I lforme" lart6sico d e bron«: do Museu de Torres Vffiras, BoIer.m Cu/·
(l 9El3a): Uma """" sepultu ra com cscara'·dhO da neaópolc: prolo-h.!stórlca do SenhOf" dos M.:inirc:s ( 1965): Acerca 0:SO, .~ ,r . boi! Llsl.>rnI. Msc:mbld~ Di5tr1tal de: Usbo;I. p. 175. 183.
lI",fI d:.J""':. D/SU.I~ ue: IS . .
(Alclcerdo s..l). N"quc6Jogo Pvrt'IfI'lb.l./sI.Jo:I: Mu.seu Nadonal de: Arqueologia, strie 4, I, p . 27}-U!6.
( 1983b): Aldce:r do Sal. /llforll1~çJo ArqllroIÓSI<". Lisboa: Inr.cilllto Portugub do I':ottlmónio Uberti, Maria Lul~
Arquitectónico e: Arqutológlco, 3: 5).59. (1988): [vclrl. ln [ !'e'I/a. Bampianl, Milão p. 474-490,

Perdlgones Moreno, Lorenzo V Iga, Sebastl1lo Philippe Martins Eswclo Da


(199 1): L~ necró po Jis fe n iclo-pu nl ca de C.dlz (~Iglos
VI a N a .e.). l n Ac'~s d.15 J./V Jomada, dc e 188...... : Anrig,,/dudc$ nlo,w,,'e llCa es do A1garve. LI sboa·. Imprcns. NaCiOnal. Vol. 2.
4
Arqllco/oSi~ fCl/icio-púnlcil (lblz~ 198<H;9). Iblla: Q:.oscll er la de Cultura, I'. 221232. '} A1g n·., Lisl)o.· Imp~nSa Nacional. Voto .
(1891): A/II/8"/d~deJ III0.",me!llacs do ~ .'
'
ed/o O l'or'"8 <:5. Lisboa: Imp",nsa Naclo-
(1 910): Amlguldade1l monunlctua~ do Algu_c:. Arei, 8 11
Perdigonetl Moreno, L. - Mulioz Vic:eme, A Y Pillano, G.
nal, I' $<'rie, 15, p. 209-233.
(t?90): u necropoH, fenic lo-p ll n lca d e: O dil., Scudi~ Punia, 7.

Pon te, M. Ik La Salete VIana, A. Formosinbo, }. E fia I relra, Ocd.vlo Da ve~nal de 05. Arehl."O éspaiíol de ArqUe()-
(I ~3): Oe: lo pn:ron,ano a 10 arabe en cI mUSC:O regi l.ag
(1985): Algulllas fibulas de: Aldc:c:r do Sal. Arquc:QIogo i'l:>nuSuts.. Lis~: Museu N~cioJ)~[ de Iogia. Madrid. MinlMfrlo de Cullura. 26, p. 11}-138.
Arqueologia, sfrie 4, 3, p. 137.153

Ramón To rres,Joan
(1m): 1-"'1 ilnfot25 (enido-ptlnictS delllle:dllerr:1,~ cemrol y ocçklenml. U"iversítat, Barcelona.
Rocha, AntÓnio Dos Santos
(1975): A necrópole p roto-hls(Órlca d. Ponte Vel ha, cm Be nsafrlm. ln Memórl~$ e c:xplor:oÇÕC5
u(jlleoI68/cU Coimbra: Universidade, 3.1). 127.1 41.

Sch ubart, Hermanfried


(1975): Dle Ku/rurder Bron zeJ;dllm Sildwcsle:m da" Ibc:ri=hen H~/blnsel. MP. Be:rllm.
SeM le, W.

(1 %9): D/e: /tIesc:D-Ku/wren. Oe:r lbc:ri5Che:n Halbinsel. MoF. 3. Wõi1te:r de: Gruyler y CI!<. BcrU,".

482 483

~--------------

Ana Margarida Arruda
Necrópoles proto-histórlcas do sul de Portugal

~ .~ - .... .
I.,. .
, , -\..-

/'

,I
,
,
,
~I--- >
_
.- (

• ,..~

'--_O
9 , . Locallzaçao. na P&nlnsula lb&r1ca. dos sítios citados no !extoa .
FI.
Fig. 3. Escarave lho da necrópole do Senhor dos Mártires (Alcácer do Sal), posslV9lrnente recolhido em
sepu lturas da Ilpo 3 00 4. Segundo Pa i,,:lo, 19&3:2.85 , F~. 6.

, ... ....., .. •....


, " ....- ~ ~ _
.
• "'
• • • ••

= _-..
• ~"-

- -

... ------

. :' -""'-""""
, ...-,-~ . 1-:-. --.,; '.
. .. .. , !
·...... . ...
" ~
'- _ --
\ -
;
" .~.
"
••
"'-~ R '"

C -·_ R~ __ -
,• • .... ;.. '
,• , ~.(.
' . .. .. ". " •
•,
• . ,•,
• [J "~ ~ _. ~ --

,• , ".. .~c
• Q •
J; ..·' "l .... _ ....
. , - ,.

: ..

• , __ o • ~

[ - J
••
, .
• . ; ~,
•••
:; ;>-~ . "
-. •

... ,

....-..·,., -...,-;"
. • ....'" . ' .•••••.
.. -- --
"c

FIg. 2· Planta da neClOpoIe do Senhof dos MIlrtl


\ -

"

.,-_-----'-,
res /Akttcef do Sal). Segundo Paixao. 19&3: 280--81. FIg. 4
Fig. 4- Escaravelho da necf6po!e do Senhor dos Mé.rtires (A~ do Sal), poI&~mef1te recolhido em
sUplJ ~u ras de tipo 3 ou 4. Segundo Game r·Wal\ert e palllAo, 1983: p. V I, Fig 2.

485

-
Ana Margarida Arr uda
Necrópoles proro-hist6ricas do sul de Portugal

•, ".
Fig, S' Anlora da necrópole ,da Senh()r dos Mártires (Alcéwr do Sal), possivelmente recolh ido em supoltu. Fig. 7- Fecho de cintarao - macho - de tipo "tartéss.lco~, tipo 4a de Cuad rado, proven iente da necrópo le
ras de tipo 3 ou 4. Segur>do Frenkoostein, 1997: p. 325, lâm in a S do Sanhor das Mé.rtlres (Alcécer do Sal), possive lmente recolhido em sepulturas de tipo 3 ou 4.
Foto VlCto!" S. Gool;8Jves.

FIg.e.- Flbulas da necrópole n&erópo~ do Senhol dos Mártires (Alcécef do Sal), possfvelmenle racolhH:lo em Fig. 8 _ Factlo de cintarlO -fêmea- de tipo .\artéssloo~, Upo 4a da CuadraOO, provenNrnle da necrópole
sllPOlluras de Ilpo a ou 4.SagUrlÓO Ponle, 1985: p. 150, n° 1-4, do Sentlor dos Mártires (Alc.o.c&r do Sal), possivelmente recolhidO em sepu~urss de tipo 3 004.
Foto VIctor S. GoflÇslves.

'''" 48'
Ana Margarida Arruda Necrópoles proto-hist6ricas do sul de Pormgal

-
/; 1 ------\ \ ,
-,
i( '" ! ~ );; )
.. i r
'1-
- ) -Ü)"
,-,
-/
...• - ,
--' o Q
,"' . \
"
t,,",,'
\ ' 1">.,.. zr . "
. ....... _, !--_.::-.:9- ,
,,
,
(/
,
, \
r ,,
,,
1
r :\\ ~ '.
"I
,,
,,
,

\\:2)
"
,

/
'. ,
.
"

... ." .
, ... " , •• ,, ,••

Fig. 9· Lucernas de uma só mecha provenlEtnlEts da necrópole do Sanhor dos Mártires (AIcáC(l r do Sal). e 00 Se nhor dos Mártires (Alcécer do Sei), possivelme nte Inte·
posslvEtlmEtnle reco lhidas em sepulturaa de Upo 2. Se-gundo Fran kenstein , 1997: p. 330, lAmina 58). Fig. 11 · Urnas Cruz dai Negro da necr6pol rodo Fran kenste in. t997: p. 324.325, lámnas 48-50.
grantes das sepu lturas de tipo 2. S&gu

•,
Ag. 10- Fecho de cioh.lrêo. de tipo 0111 de ~rdel\o Serrano. p!"O\tenier!1e da necr6poIe do Senhor dos Már- Senhor dos Már1ires (AlcéCEtl" do Sal). pOS sivelmenle das seputtu·
tir" (Alcécer do Sal). POSS~ente .ecoIhk1a5 em sepulruras de ti po 2. Falo Vk:tor S. Gonçat\rila. F~. t2 . f'falOS da peixe da '''!'"''ópo!,~~'nclo Frankenstein 1997: p.329. lAmina 57.
.as de 1'IlO . ~,,~ ,

,.. 489
Ana Margarida Arruda
Necrópoles prolo-históricas do sul de Portugal

Fig. 13 • Par da arrhAA~_


"""",,8 a colar anlcul II d o qoo Integravam o cham
S&gundo Alarcâo. 1996: p. 239. ado "tesouro~ do Galo (Sines). Fig. 15 - Oinochoo. de tipo 81de Grau-Zimmermann,
Fig. 16 _ Pormenor da palmeta que ligava II asa ao
corpo do Oinochoe. da sepu ltura do Casal de S. Jollo
provoo ienle da sepultura do Casal de S. João
(Torras Vedras). FOIO Vk::tor S. Gonçalves.
(Torres Vedras). !'<l10 Vk::lor $. Gonçalves.

Fig. 14 - Amphorlskos de
pasta vílrfla (Gropo I da Hardarl .
(Sines) F...... 'A~ __S ) que .,tagrava o chama.... "
. "',u Y""", • GOl1çaJves. uu· SO\JfO~ do Gaio
F.g. 17 . Asa do .. braseiro. da s8plJ~ura do Casal de S. Joio (Torres Vedras). FoIo VK:\of S. GonçalveS.

'90 491

--------------------........
Ana Margarida Acmda
Necrópoles prolo-hlstórlcas do sul de Portugal

'm
Fig. 1e . Planta da sepultura de Pego da Sobfelra (Ourique). Segundo Correia. 1993: p. 372, Est. II, n' 2. ~";""""I de Flwe la Nova. Segu 000 Dias e COOlho,
. E -'1'- d9 um túmulO d9 Incineração da n"",....,....,.e
Fig. 20· s........... 1983: p. 202.

, , ,.
FIo- 19· Planta do sador b da necrÓpole da Chllda (OI.w;qlle). Segundo Beirão, 1986: p.84, 11g. 21b.

.'
,"-'

Fig. 2.1 . Lanças e teçe da necrópole da Chade. Segundo 8elrAo, 1986: p. 88. 9().fJ4.

'"
----
Ana Margarida Arruda
Humanos en la mesa de los d loses: la escatológica fenieia }·I05 frisos de Pozo Moro.
S mundoftD"" ...... kIns dellll $emillorlo ltúemadQlwJ sobre Temas FIIn/dos. A//t;anle, 2004, pp. 495-'38

CO_CELHO OE lAGOS
PU1-·I .. lN: HIJ\S..J FHIU

rONTE VElHA

• • •

Humanos en la mesa de los dioses: la escatológica fenieia


y los frisos de Pozo Moro.
Fe rnand o LÓ PEZ PAR DO - Mad r id

/ ,r

/ Es absol u tamente d erlO que sobre las cOllcepcioncs de Ultratumba en el mu ndo


, fenicio-púnico e s muy poco lo q ue sabemos, debldo allac<:mismo de las inscr ipciones
",............ , ~J. [!l •
funerarias y a la escasez de d atos alllsivos ai tema cn aUlOres griegos y latinos, total·
! r" ," . <" m r:-r "" .... ••
&.::..l. 4<, •. mente insuficie ntes (Rih ichini, 1991: 125). Por su parte, a pesar d e los rccie ntes y
, •
minuciosos análisis CQntex tua les de los registros funer:trios, la falta precisamente dei
soporte de ti na docu me ntac i6n ta tuaI e.xtensa d ifi culta y hace inseguro un acerca·

• , • miento por esta vía. Es po r ot ro lad o evidente que las figu ras y deIDis objetos deposi-
tados en las tu mbas participan de la e lipsis simbólica car:tcterística de la cultura fe ni-
cia que obliga :LI ejercicio cas! im posible de CO[lOcer el prácticaroente desaparecido
fondo mitico/rellgioso que se esconde tras d Ia s .
.......... La rdigi6n fcnlcio·pünica de la Edad dcl Hie rro mucstra una notable contillul·
................. ~i dad respecto a sus antecedentes de la Edad dei Bronce, perceptible a través de la
L. "'n.. _L..;.J
• _ • . .A •
-'P" .•.
...,.:... ".,
,....~ I::'J I
docume ntación uga rítlca qu e: nos ha provisto un corpus m ítiCO y religioso excepcio-
nal (Bonne l y Xella, 1995: 3 17; Li pinski, 1995, plJssim; Olmo Lele , 1996: passim), lo
I , •I • I
EJ • . i
.,
/ cual no obsta q ue se de ban to mar y se to me n las rese rvas oportunas acerca de la fosi-
".
. • , :~
lización o no de los eleme nto s q ue pe rmanecen después. m caso es que d icha doeu·
.' , • •i
, •
roe nlación, cuando falta la correspond ieme a la Edld d ei Hlerro, nos ha servido para

• • desvelar parcialmente el rondo escatológico fe n lcio de dos frisos pertenecientes ai
mOllumento rune ra rio de Pozo Moro (en adelan te P.M.) e[l A1bacete. Los beneficias
FIg. 22· Planta. da. f19Cr6p:>le de FOI1te velha de Bens
afrlm . SGgundo Veiga. ' 89 ', estampa. XXV II.

". ",
-

Você também pode gostar