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DEPARTAMENTO DE ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES CÊNICAS
Natal
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DEPARTAMENTO DE ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES CÊNICAS
Natal/RN
2017
CAMILA BARBOSA TIAGO
Natal/RN
2017
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
This research intends to reflect on the teaching / learning process in Lighting Design. In
view of the breadth of curriculum offered by the subject of illumination, it is sought to
reflect on which contents are relevant to a theater actor in order to familiarize oneself with
this specific area, especially in order to perceive and take into account lighting as an
element of Composition of your artistic practice. To elaborate a pedagogical proposal of
this relation is the object of research of this dissertation. To begin with it, the author
evaluates her process of learning in lighting within the undergraduate course in Theater of
the Federal University of Uberlândia (UFU). The intuitive form with which she developed
the work as director of lighting within the University is subsequently considered in this
analysis and causes the author to reflect her practice and to constitute actions potentially
capable of collaborating with the process of formation of Theater students of that
University. In order to do so, the research is based on a construction of knowledge thought
by Paulo Freire, which considers that the subject is in constant dialogue to elaborate his
knowledge that either develops its own autonomy during the process as considers the
pedagogical experience capable of resulting in a critical / reflexive practice. Therefore, the
pedagogical proposal to be constructed in this work will start from the perception that the
subject makes about light so that he is able to make it necessary during the composition of
his own work.
PRIMEIRO MOVIMENTO
Apresentação ............................................................................................................... 02
SEGUNDO MOVIMENTO
De onde vim ............................................................................................................... 08
Breve histórico da criação do cargo ............................................................................ 13
Experiências disparadoras .......................................................................................... 16
TERCEIRO MOVIMENTO
A iluminação cênica e seu rizoma de conhecimento .................................................. 32
À luz de uma pedagogia ............................................................................................ 51
QUARTO MOVIMENTO
Conversando com os pares .......................................................................................... 62
Entrevista com o iluminador Ivo Godois .................................................................. 63
Entrevista com o iluminador Valmir Perez ................................................................ 70
ÚLTIMO MOVIMENTO
Para onde estou indo ................................................................................................... 81
ANEXOS
Anexo I ...................................................................................................................... 88
Anexo II ...................................................................................................................... 91
Anexo III .................................................................................................................... 93
Anexo IV .................................................................................................................... 95
Anexo V ...................................................................................................................... 97
Anexo VI .................................................................................................................... 102
PRIMEIRO
M
O
V
I
M
E
N
T
O
APRESENTAÇÃO
3
Para tanto, considerei oportuno contextualizar de onde veio, vem e virão as minhas
inquietações sobre o assunto. Assim, convido o leitor a acompanhar o ROTEIRO DE
OPERAÇÃO desta pesquisa dividido em cinco movimentos. Essa proposta de “roteiro”
surge a partir da necessidade de exemplificar com sinceridade o caminho de reflexão desta
pesquisa que se inicia antes do o meu ingresso no Programa de Pós-graduação em Artes
Cênicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, quando começo a trabalhar com
a iluminação dentro de um espaço de ensino. Ela ganha forma e se potencializa no
processo de reflexão e estudo inerente ao curso de mestrado.
O primeiro movimento dedica-se a discorrer sobre a estrutura da pesquisa, neste
capítulo que chamamos Apresentação.
No segundo movimento, faço uma retrospectiva da minha formação em Teatro no
curso de graduação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), período que iniciei
minha aproximação com o universo da iluminação cênica, descobrindo e mexendo nos
equipamentos existentes no curso e aprendendo durante a manipulação dos projetores de
luz a diferença de incidência da luz de cada um. Depois, no manuseio dos equipamentos de
controle da luz (dimmer e mesa de controle de luz), pude perceber a movimentação da luz
e a influência desse movimento na construção do ritmo da cena teatral, trabalhando como
operadora de luz de algumas cenas e espetáculos do curso. Logo a seguir, relato a minha
primeira e mais enriquecedora experiência como criadora de um projeto de iluminação
para o espetáculo Canoeiros da Alma em que participo como atriz também.
Ainda dentro do segundo movimento, contextualizo brevemente a organização do
curso de Teatro da UFU e a criação da minha atual função de diretora de iluminação. Este
momento é especialmente marcante, uma vez que foi pelo entendimento da minha função e
do funcionamento da instituição em que trabalho que tive os primeiros insights das
inquietações que me levaram a formatar esta pesquisa.
Não por acaso, o momento que sucede a este é o que chamo de “Experiências
disparadoras” e que encerra o segundo movimento. Nele, apresento duas situações
específicas da minha prática que me retiraram da posição de técnica que agia
intuitivamente para o lugar em que percebi a condição pedagógica inerente ao meu cargo.
Foi o momento em que me percebi refletindo criticamente a minha própria metodologia de
trabalho.
Isto posto, meu interesse centrou-se, então, em entender a amplitude do campo da
iluminação cênica para que eu me desse conta do quanto eu precisaria me preparar para
4
formular uma proposta pedagógica sobre o tema. É assim que começo o que chamo de
terceiro movimento, dentro do capítulo “A iluminação cênica e seu rizoma de
conhecimento”. O termo rizoma é propositalmente colocado por ter sido considerado o
melhor para exemplificar (e tangibilizar) a multiplicidade de áreas de conhecimento
englobadas pela área da iluminação cênica.
Diante da tomada de consciência desta multiplicidade, também percebi que
qualquer formulação de proposta pedagógica teria que partir de um entendimento das
características das pessoas, motivações e necessidades do grupo para o qual ela se dirigiria.
Reconheci que dentro de uma instituição como é a Universidade, onde o objetivo é formar
o artista cênico (e não o iluminador), uma proposta pedagógica baseada na familiarização
do discente com a iluminação, e não em sua especialização sobre o tema, é mais efetiva –
tanto para que reconheça a iluminação como elemento de composição da sua obra, como
para o seu diálogo com o iluminador. Para colocar-me como mediadora desta proposta
pedagógica, recorro às teorias da autonomia de Paulo Freire, da experiência de Jorge
Larrosa e de docentes pesquisadores contemporâneos sobre iluminação cênica, como Sávio
Araújo, Eduardo Tudella, Roberto Gill Camargo, Pedro Dutra, Ronaldo Costa, Cibele
Forjaz e Nádia Luciani.
É disso que trato no capítulo nomeado À luz de uma pedagogia e que encerra o
terceiro movimento do roteiro criado.
No quarto movimento, começo a pensar a respeito de quais ações posso
desenvolver para colaborar com a formação do artista discente e dirijo-me ao diálogo com
dois profissionais da área que desenvolvem pesquisas dentro de laboratórios de
iluminação: Ivo Godois, da Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC) e Valmir
Perez, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). A “conversa com os pares”,
nome que dou ao quarto movimento, é motivada por alguns aspectos importantes: 1)
ambos desenvolvem atividades semelhantes a minha; 2) ambas instituições possuem
laboratórios de iluminação, como a UFU, o que me instiga a pensar o quanto e o como
esses espaços influenciam a formação dos discentes sobre iluminação cênica; e 3) diante da
escassez bibliográfica sobre o tema, julgo necessário o diálogo com os semelhantes para
formular a proposta pedagógica que me parece mais coerente com a realidade dos cargos
técnicos das universidades públicas do país.
Finalmente, faço as últimas considerações em meu último movimento e aponto as
reflexões que pude fazer nesta jornada da pesquisa.
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SEGUNDO
MOVIMENTO
DE ONDE VIM
1
Em 1996 foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96, que instituiu o ensino de Arte no
lugar da Educação Artística. Mais do que a mudança da nomenclatura, com ela a Arte passou a ser tratada
como área de conhecimento, tendo professores especialistas em Artes Visuais, Dança, Música e Teatro, para
o ensino fundamental, e ainda Artes Audiovisuais para o ensino médio. Os cursos de Artes da UFU que já
formavam os professores especialistas se mantiveram ainda com a nomenclatura desatualizada de Educação
Artística, até o desmembramento do curso em 01 de agosto de 2005. Este processo separou o Curso de
Educação Artística (licenciatura plena) e suas Habilitações em Artes Cênicas, Artes Plásticas e Música e
Educação Artística: Habilitação em Artes Plásticas (bacharelado), respectivamente, em licenciaturas
específicas em Teatro, Artes Visuais e Música, e bacharelado em Artes Visuais. Informação coletada no
Projeto Pedagógico do Curso de Graduação em Teatro da UFU – 2005, disponível no site
http://www.iarte.ufu.br/teatro, acessado em 05/09/2016.
8
composição da grade. Nessa reestruturação curricular, a disciplina “Sonoplastia e
Iluminação” foi extinta, sendo substituída por “Cenografia e Iluminação”. No entanto,
como ainda havia discentes que estavam cursando a grade curricular de Artes Cênicas, a
disciplina de “Sonoplastia e Iluminação” foi oferecida pela última vez no primeiro
semestre de 2007 e ministrada por outro professor com contrato de substituto, Fernando
Prado, que trabalhava como iluminador de alguns grupos teatrais da cidade de Uberlândia.
Participei da disciplina como monitora e tive, nesse momento, a oportunidade de iniciar a
prática das teorias estudadas até então sobre iluminação cênica.
Naquela época, existia uma sala chamada “Encenação” (que hoje faz parte do
Laboratório de Interpretação e Encenação - LIE), composta por uma sala técnica com
alguns equipamentos de iluminação e sonoplastia, como uma mesa de controle de luz
analógica de doze canais, um dimmer – regulador eletrônico de intensidade luminosa2 –
analógico também, com doze canais, alguns projetores de luz3, um aparelho de som para
reprodução de CD e duas caixas amplificadoras. Nessa sala só era permitida a entrada dos
professores do curso de Teatro e dos discentes que já haviam cursado a disciplina de
iluminação. Diante dessa determinação, pude ter acesso à sala técnica de encenação e,
consequentemente, a seus equipamentos. Assim, comecei a auxiliar as montagens de
iluminação das apresentações que compunham as atividades do curso, sob a supervisão do
professor da disciplina.
Nesse mesmo ano ingressei no projeto de pesquisa docente intitulado Aprender a
aprender: os Viewpoints como procedimentos de atuação e jogo, coordenado pelo
professor Dr. Narciso Telles. Num primeiro momento, comecei como pesquisadora
voluntária para, no ano seguinte (2008), ser contemplada com uma bolsa de Iniciação
Científica fomentada pela FAPEMIG, com o projeto Os Viewpoints em cena: análise dos
processos criativos dos ateliês de criação e da Cia dos Atores. No início, o grupo de
pesquisa era composto por discentes do curso de Teatro e de Artes Visuais, que tinham em
comum o interesse em investigar o tema proposto pelo coordenador, desenvolvendo seus
trabalhos em ateliês de pesquisa e criação. Nestes, as principais ações eram focadas nas
improvisações que fazíamos a partir tanto de exercícios dos viewpoints – estruturados no
2
Definição encontrada no livro La luz en el teatro – manual de iluminación (SIRLIN, 2005, p. 214).
3
Utilizo a nomenclatura “projetor de luz” tal qual definida por Valmir Perez em sua dissertação de mestrado.
Perez entende os equipamentos de iluminação – ou refletores, como são usualmente chamados – como
“sistemas de projeção de luz”, uma vez que os equipamentos de iluminação cênica projetam luzes com
diferentes características de acordo com os conceitos ópticos e as lâmpadas utilizadas. (2007, p. 119).
9
livro The Viewpoints book: a practical guide to viewpoints and composition (BOGART &
LANDAU. 2005. 224p.) – quanto do diálogo com a experiência vivenciada pelo orientador
durante o seu doutorado na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
No decorrer do processo de investigação, algumas pessoas saíram, outras entraram
e o grupo de pesquisadores, coordenado pelo professor Narciso Telles, foi se consolidando
com os discentes que eram mais assíduos nos encontros, fato que permitiu adensar o
entendimento, a apropriação e a estruturação da técnica focada nas relações e nos jogos
que surgiam durante as improvisações. Neste processo, que ia se construindo por ele
mesmo, das investigações experimentadas na sala de trabalho fizeram emergir no grupo a
necessidade de que as improvisações fossem direcionadas para a criação de um espetáculo.
Assim, as realizações das experiências práticas e dos exercícios corporais assumiram um
caráter mais focado para a concepção de um espetáculo. Foi quando o professor Narciso
propôs uma imersão no Vale do Jequitinhonha, no nordeste do Estado de Minas Gerais,
para vivenciarmos sensações e conhecermos as histórias daquele lugar. Seguiram rumo a
essa imersão no vale desconhecido grande parte dos discentes do grupo de pesquisa, o
coordenador e o dramaturgo Luiz Carlos Leite, que iniciou o processo de escrita da
dramaturgia do espetáculo já nos primeiros quilômetros de viagem.
Partimos rumo à cidade chamada Araçuai, onde permanecemos por quatro dias para
conversar com os moradores, conhecer as histórias da cidade e da região, vivenciar a vida a
beira do rio São Francisco. Depois seguimos para Itinga, uma cidade vizinha, para
conhecermos o artesão Ulisses Mendes, seu ateliê, suas obras e histórias. No final do dia
aproveitamos para tomarmos o ultimo banho no rio São Francisco e retornamos à
Uberlândia.
Posteriormente, de posse dessas experiências, vivências, imagens e sensações, o
grupo voltou à sala de encenação na UFU para um processo de retrabalho e investigação
através de improvisações estruturadas pela apropriação do método dos Viewpoints. Foram
utilizadas as imagens e as impressões sobre o vale, que estavam à flor da pele em todos
nós. Esse processo foi composto tanto por momentos de improvisações livres a partir de
temas, ou de lembranças – dos quais todos participaram – quanto por momentos em que
núcleos menores de pesquisadores trabalharam para preparação de composições de cenas
com tarefas pré-determinadas pelo diretor. Assim, chegamos à estruturação do espetáculo
Canoeiros de Alma.
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Pelo fato de eu ter cursado a disciplina de iluminação e ter acesso à sala técnica da
sala de encenação, durante esse processo, nós acabamos utilizando a luz como estímulo
para a criação em algumas improvisações. Esse uso se deu de forma muito intuitiva e, ao
mesmo tempo, determinada pelos equipamentos disponíveis na sala. A partir desse
momento, Nádia4 e eu ficamos responsáveis pela criação da iluminação do espetáculo com
o consentimento do diretor e dos demais colegas.
Nessa época o curso de Teatro não possuía nenhum servidor público específico
responsável pelo trabalho com a iluminação. Quando era necessário utilizar os
equipamentos da sala técnica ou fazer a montagem da iluminação para apresentação de
algum espetáculo, os professores e os alunos que tinham cursado a disciplina tinham
acesso livre à chave da sala técnica e manuseavam os materiais sem nenhuma
sistematização previamente estabelecida ou qualquer organização para uso e manutenção
dos equipamentos existentes. A sala de encenação dispunha de muitos horários livres, o
que nos permitiu realizar várias experimentações com a luz e, mais tarde, quando o
espetáculo estava todo estruturado, ensaiar com toda a iluminação concebida. No entanto, a
sala apresentava restrições técnicas importantes, como a pouca quantidade de projetores e a
desfavorável disposição das varas de luz, que ficavam posicionadas no entorno da sala.
Não existiam varas que cruzavam o ambiente, o que restringiu as experimentações de
algumas angulações da projeção da luz na cena, como, por exemplo, a construção da luz a
pino5 para uma cena que acontecia no meio da sala. Mesmo assim, as várias oportunidades
de experimentação permitiram a criação de um projeto de iluminação coerente com a
necessidade e com o “clima” de cada cena, além de possibilitarem a familiarização das
responsáveis pela operação da luz com o tempo e a organização de cada cena.
Com o espetáculo finalizado, sentimos a necessidade de criar um grupo de teatro.
Nasceu, então, o grupo Coletivo Teatro da Margem, composto por discentes,
pesquisadores, pelo diretor Narciso Telles e pelo dramaturgo Luiz Leite. O Coletivo surgiu
como um grupo de pesquisa voltado ao adensamento dos estudos das construções de
espetáculos e à circulação destes em festivais de teatro. Estreamos Canoeiros da Alma em
setembro de 2008, na UFU, e com esse espetáculo participamos de vários eventos,
contabilizando mais de 20 apresentações em diversas cidades e festivais.
4
Nádia Yoshi é atriz, graduada no curso de Teatro da UFU, foi pesquisadora do grupo coordenado por
Narciso Telles e membro fundadora do grupo Coletivo Teatro da Margem.
5
O termo “a pino” é utilizado quando o projetor de luz está posicionado na vertical, formando um ângulo de
90º com o plano de incidência da luz e na direção de cima para baixo.
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O circuito de apresentações foi um período de grande aprendizado, sobretudo no
campo da iluminação. Primeiro, porque em cada lugar onde apresentamos era necessário
fazer uma adaptação do projeto de iluminação de acordo com os equipamentos ali
disponíveis. Isso nos obrigou a ter clareza da atmosfera e da relação que a luz estabelecia
com cada cena para que, Nádia e eu, pudéssemos adaptar a iluminação a partir do conceito
sobre a luz, e não ao que previa, tecnicamente, o projeto de iluminação. Outro aspecto
importante no meu aprendizado foi o contato estreito e recorrente com as pessoas
responsáveis pelas montagens de iluminação de cada espaço onde apresentamos,
considerados técnicos de iluminação. Com eles aprendi gírias, formas de manutenção e
limpeza dos equipamentos, o nome dos projetores de luz e as especificidades de cada um.
Compreendi como estruturar no papel o projeto de iluminação, em formato que dialogasse
de modo assertivo com os técnicos, e me habituei com a rotina de trabalho de um
iluminador.
Fazendo uma reflexão sobre como desenvolvo o meu trabalho como iluminadora
dentro dos processos de criação que participo, percebo que a influência dessa experiência
no espetáculo Canoeiros da Alma foi norteadora para a organização da forma empirista
como trabalho. Inicio os processos de criação com testes intuitivos, usando os
equipamentos disponíveis nos espaços de ensaio, mesmo quando esses materiais se
restringem a luminárias de mesa, lanternas, ou quaisquer outros objetos que emitam luz.
Considero a presença física da luz e, consequentemente, a da sombra, um estímulo para
minha criação, uma vez que a luz sai do plano das ideias e passa a ser vista, facilitando a
percepção – não só a minha, mas a de todos os membros envolvidos no processo – do
efeito que determinado ângulo e⁄ou direção da luz provoca na cena. Além disso, é
interessante o fato de que os artistas que compõem tal processo começam a perceber e a
“jogar” com o elemento luz, habituando-se com a sua presença na cena.
Uma referência sobre esse modo de pensar a luz em relação de jogo e composição
com a cena emerge da proposição feita por Roberto Gil Camargo quando considera a luz e
a cena como codependentes e indissociáveis.
13
concurso público, para melhorar o contingente de recursos humanos existentes nas
universidades federais. Além disso, estimulou a criação de novos campi e a reestruturação
dos espaços físicos para seu melhor aproveitamento. No final de 2007, a UFU aderiu ao
programa com previsão de conclusão em 20126.
Existem muitas opiniões, ressalvas e considerações a serem feitas sobre a
implementação desse programa. No entanto, apesar do cerne e do desenvolvimento desta
pesquisa estarem inseridos em uma Universidade Federal, não irei discorrer sobre o
assunto, tanto por não me sentir apta para tratar da complexidade que o engloba, quanto
por inferir que tal discussão não é o foco desta dissertação.
Com a adesão da UFU ao programa REUNI, cada curso de graduação da
Universidade teve que apresentar sua própria proposta de integração. Em 2009, o curso de
Teatro tinha elaborada uma proposição de reajustes e alterações na estrutura curricular,
para as modalidades licenciatura e bacharelado e para o turno integral, comprometendo-se
a ampliar o número de vagas de ingressantes (de quinze para vinte cinco), por meio da
criação de um novo turno em período noturno, no ano de 2010, e pela criação de um curso
novo em 2011 (com vinte vagas), que hoje é o curso de Dança.
Algumas salas de aula transformaram-se em laboratórios, o que desencadeou a
aquisição de novos equipamentos e a reforma de seus espaços físicos. As três salas
específicas para atividades práticas do curso de Teatro denominadas salas de “Encenação”,
“Interpretação” e “Expressão Corporal” transformaram-se em dois laboratórios: o LIE,
Laboratório de Interpretação e Encenação, composto pelas duas primeiras, e o LAC,
Laboratório de Ações Corporais, pela terceira. Três novos laboratórios foram criados: o
Laboratório de Indumentárias, Cenografia e Adereço Cênico (LICA), o de Pedagogia e
Estudos Teatrais (LAPET) e o Laboratório de Teoria em Estudos Cênicos (LATECE).
Cada laboratório possui uma coordenação, ocupada por um docente em regime de dois
anos de vigência, e as atividades profissionais de cada técnico são desenvolvidas segundo
as demandas do curso de graduação em Teatro e o grau de afinidade entre a formação
curricular do profissional e a natureza das necessidades de cada laboratório.
Consequentemente, visando o futuro atendimento à nova demanda que mais alunos
trariam, também foi prevista a criação de novos concursos para servidores públicos,
docentes e técnicos. Para o curso de Teatro foram abertas e preenchidas oito vagas para
cargos técnicos, sendo que seis delas eram de classe E (cujo pré-requisito era o terceiro
6
Informações coletadas no site http://reuni.mec.gov.br/ , acessado em 01/11/2015.
14
grau completo, com formação na área específica ou áreas afins) e duas de classe D (cujo
pré-requisito era o segundo grau completo), homologadas no ano de 2010. Primeiro,
abriram-se vagas para cenógrafo e diretor de produção. Pouco tempo depois, para os
cargos de coreógrafo, figurinista, audiovisual, costureira, dramaturgo e diretor de
iluminação, este último o que eu viria a ocupar. O término da minha graduação estava
previsto para julho de 2010 e, por isso, pude participar do processo de seleção do concurso
público para o cargo de diretor de iluminação.
Mediante a aprovação no concurso, em agosto de 2010, comecei a trabalhar com as
atividades inerentes ao cargo, relacionadas ao ensino, à pesquisa e à extensão nas áreas de
Interpretação Teatral e Encenação. As atribuições do cargo são: manutenção dos
equipamentos de iluminação; compra de materiais necessários para o desenvolvimento das
atividades pertencentes à iluminação cênica e elaboração e acompanhamento da execução
de projetos de melhorias do espaço físico do laboratório (LIE). Além disso, é necessário
fazer todo o trabalho de um iluminador cênico, desde a criação/concepção/montagem dos
projetos de iluminação, até a operação da luz nas disciplinas da graduação do Teatro que
preveem atividades em que sejam necessárias o uso da iluminação. Resumidamente,
desenvolvo e coordeno atividades de planejamento, criação artística, supervisão,
manutenção e montagem de iluminação nas atividades do curso de Teatro.
Minha prática junto às disciplinas consiste em acompanhar as aulas desde o início
de cada semestre, dialogar com os discentes, docentes e técnicos envolvidos para saber
qual a proposta de encenação ou o plano das atividades a serem desenvolvidas durante o
semestre e, assim, iniciar o planejamento das ações realizadas por mim. Existem dias em
que eu só observo as atividades e outros em que sou agente ativo na cena, propondo
práticas usando a luz, ora improvisada, ora dentro da concepção pré-determinada para
aquele trabalho. Meu trabalho transita entre a execução de demandas relacionadas aos
equipamentos e ao espaço físico, a criação artística e as ações pedagógicas ligadas ao
ensino do teatro, com sua complexidade de composição de elementos distintos, e ligadas
especificamente ao ensino da iluminação cênica. Minha função é híbrida, atravessa o
administrativo, a criação artística, até transpassar ao processo de ensino-aprendizagem,
inerente a um curso de graduação em teatro.
15
EXPERIÊNCIAS DISPARADORAS
Nesta parte, gostaria de pontuar duas experiências que julgo emblemáticas para
minha reflexão sobre o ensino-aprendizagem em iluminação cênica no contexto do curso
de graduação em Teatro da UFU.
A primeira experiência aconteceu quando ministrei módulos pontuais incluídos na
disciplina de “Cenografia e Iluminação”7, oferecida sempre aos primeiros semestres de
cada ano. Esta disciplina é obrigatória para os discentes que estão cursando o quarto
período do curso de Teatro (licenciatura e bacharelado) e para os discentes que estão no
quinto período do curso de Dança (bacharelado). Ela é optativa para estudantes dos cursos
de Artes Visuais, Arquitetura e Urbanismo e Design.
Refiro-me especificamente aos anos de 2011 e 2012, período em que o curso não
possuía um docente especializado nas referentes áreas. A disciplina fora, então, ministrada
pela professora Drª. Mara Leal8 que, apesar de pesquisar prioritariamente questões
relativas à Cena Contemporânea, Performance e Memória, tinha experiência como
operadora de luz. A carga horária total da disciplina é de 45 horas, dividida em 15 horas de
atividades teóricas e 30 horas de atividades práticas9. A legislação trabalhista para os
cargos técnicos da UFU não permite que o servidor desenvolva atividades nas disciplinas
sem a presença do professor responsável. Com isso, a docente responsável previu no plano
do curso três dias em que eu estaria presente para coordenar atividades relacionadas à
iluminação.
Nos primeiros encontros com as turmas, meu trabalho consistia em apresentar aos
alunos os equipamentos e seus funcionamentos. Nos segundos, em discorrer sobre a teoria
da cor (cor luz x cor pigmento) e sobre o posicionamento dos projetores e os ângulos de
incidência da luz. Nas últimas aulas, discutíamos sobre os projetos de iluminação e os
roteiros de operação. Havia ainda um quarto encontro, destinado à montagem de luz e à
apresentação dos projetos de instalação cênica feitos pelos discentes. Essa apresentação era
prevista como forma de avaliação da disciplina. O conteúdo sobre cenografia era
7
Ver no Anexo I o Programa da disciplina. Disponível em: <http://www.iarte.ufu.br/teatro/fichas-dos-
componentes-curriculares-licenciatura>. Acessado 10/06/2017.
8
Mara Leal é docente do curso de Teatro, do Programa de Pós-Graduação em Artes e do Mestrado
Profissional em Artes da UFU, desenvolvendo pesquisa sobre cena contemporânea, performance e memória.
É autora do livro MEMÓRIA E(M) PERFORMANCE: material autobiográfico na composição da cena –
2014.
9
Ver os Planos de aula das disciplinas ministradas em 2011 e 2012 nos Anexos II e III respectivamente.
16
estruturado nesta mesma dinâmica, com a colaboração do cenógrafo do curso para
ministrar módulos a ela referentes.
A descrição na ficha do componente curricular do Instituto de Artes (IARTE) –
UFU dos conteúdos abordados na referente disciplina é a seguinte:
10
Informações coletadas no site <http://www.iarte.ufu.br/teatro/fichas-dos-componentes-curriculares-
licenciatura>, acessado em 21/11/2016.
17
práticos e discussões relacionadas à iluminação como elemento ativo para a construção de
significados no discurso da cena.
Percebi que o conhecimento compartilhado nessa forma de abordagem se torna
transitório, pois os discentes recebem um número excessivo de informações a respeito de
um conteúdo específico, que irão utilizar em suas práticas artísticas esporadicamente, o que
provoca o distanciamento das informações e facilita o esquecimento. Diante dessa
constatação, comecei a me questionar sobre qual maneira de abordagem da iluminação
cênica poderia proporcionar aos participantes da disciplina uma vivência que culminasse
em discussões a respeito da percepção da luz como fator determinante no modo de
apresentação da obra artística, em suas diversas áreas: música, dança, teatro, artes visuais,
circo, ópera, fotografia e cinema. A partir dessa percepção, cada discente, de acordo com
sua área de atuação e interesse, poderia, então, ter acesso aos conteúdos relacionados a
dados técnicos de forma autônoma. A sensibilização para a percepção da luz pareceu
primordial, porque assim os estudantes se atentariam à necessidade da iluminação em suas
práticas, acionando o conhecimento técnico, ou dialogando com o profissional da área
quando necessitassem.
A outra experiência que tive com iluminação no contexto do curso de Teatro da
UFU foi trabalhando com a luz como elemento de estímulo durante os exercícios de
improvisações de cenas na disciplina de “Jogos Teatrais”11, ministrada pela professora
Drª. Vilma Campos12, nos anos de 2012 e 2013. O curso foi oferecido no segundo semestre
de 2012 (pois, devido a uma greve, o calendário acadêmico estava atrasado) para discentes
do terceiro período da grade curricular do curso de Teatro.
No planejamento do conteúdo programático da disciplina, a docente Vilma Campos
entrou em contato comigo e expressou seu desejo de usar a luz como o elemento presente
nos exercícios de improvisações fundamentados nos jogos teatrais de Viola Spolin, como
consta na ementa da disciplina. Assim, ela propôs que eu participasse dos encontros
durante o semestre, investigando a inserção da luz durante os jogos de improvisações.
Com o objetivo de proporcionar a vivência da turma com a tríade do jogo teatral –
instrução, foco e avaliação –, e com a inserção no espaço de elementos luminosos e da
narrativa como pontos de partida, Campos estruturou a disciplina em quatro unidades:
11
Ver o Programa da disciplina e o Plano de aula nos anexos IV e V respectivamente.
12
Vilma Campos é docente do curso de Teatro, do Programa de Pós-Graduação em Artes e do Mestrado
Profissional em Artes da UFU. Desenvolve projetos e pesquisas com a utilização da máscara e a atuação do
artista e professor de teatro na escola básica, em hospitais e em comunidades.
18
1ª unidade – Definição de “Jogo Teatral”. A tríade quem, onde, o que. Blablação e planta
baixa. A inserção de elementos luminosos. Pensando o espaço “escolar”. O espaço como
indutor de jogo.
2ª unidade – A inserção de narrativas ao jogo teatral. A interferência do espaço.
3ª unidade – Re-jogo. Escolhas estéticas como indutoras de jogo.
4ª unidade – Re-jogo: os indutores para uma produção cênica ou seminário externo para a
finalização do semestre.
No primeiro encontro com os discentes, a professora apresentou o cronograma da
disciplina e pediu para que eles levassem na aula seguinte qualquer objeto que emitisse luz
ou alguma fonte luminosa que encontrassem em suas casas. Num primeiro momento, os
encontros foram realizados dentro da sala de interpretação do LIE e, num segundo
momento, no “re-jogo”, começamos a explorar os espaços externos do campus Santa
Mônica.
Com o desejo de fazer com que os estudantes manuseassem e experimentassem a
luz na cena de forma intuitiva, sem problematizar qualquer tema sobre a iluminação e suas
possibilidades de uso, e com o intuito de fazê-los entrar em contato direito com a luz em si,
separei materiais de fácil manipulação, como lâmpadas de potência menores que 500 W e
que possuíssem diferente tamanhos de fachos luminosos, umas com o facho de luz mais
aberto, outras mais fechado. Os materiais usados foram: projetor PAR 5613 com o foco de
abertura 1, 2 e 5, projetor PAR 36, lâmpada PAR 20, uma mangueira de luz de LED âmbar
e uma ribalta com três lâmpadas incandescentes. Os materiais levados pelos discentes
foram lanternas de LED, um isqueiro e um pisca-pisca.
Começamos com a experimentação e o reconhecimento das fontes luminosas.
Todos os equipamentos foram ligados a extensões com dez metros de comprimento, que
estavam conectadas a tomadas existentes na sala. Optei por não usar o recurso de
regulagem das intensidades da luz com o intuito de estimular aqueles discentes a
reconhecerem alguns equipamentos de iluminação e a perderem o medo de choque
elétrico14 e o receio de manusear esses equipamentos, despertando os olhos para a luz e a
13
No próximo capítulo será explicado cada tipo de projetor e de lâmpadas usado nessa pesquisa.
14
Considero importante ressaltar que todo o circuito elétrico, logo todas as tomadas das salas do Laboratório
de Interpretação e Encenação – LIE –, possuem o dispositivo DR (Diferencial Residual), usado para detectar
fugas de corrente (quando ocorre algum tipo de contato externo com os condutores), fazendo com que o
disjuntor do circuito em que está ocorrendo o problema desligue, evitando assim choques elétricos.
19
sombra, sem ainda explorar as possibilidades tecnológicas que a iluminação cênica nos
oferece. Apesar da oportunidade oferecida aos discentes de livre manuseio dos materiais
disponíveis, antes de iniciarmos a atividade, explicamos sobre os cuidados com a
eletricidade e com a manipulação dos equipamentos. Nesse momento inicial de
reconhecimento, optei por não disponibilizar filtros de cor, pois intuía que era preciso
primeiro reconhecer a luz e a sombra em seu estado físico “natural”, para, em momento
posterior, trabalhar com a cor luz.
Turma na experimentação/conhecimento dos equipamentos luminosos que foram
usados na disciplina:
20
A partir do reconhecimento do material, no decorrer dos encontros da disciplina, os
equipamentos de iluminação ficavam disponíveis pelo espaço (os mesmos descritos
anteriormente) para serem usados de acordo com a fluidez dos jogos de improvisação e o
desejo de cada jogar. Eu me colocava em estado de abertura e prontidão para interferir na
iluminação durante o jogo também. A maioria dos jogos propostos pela professora
investigavam a tríade “quem”, “onde” e “o quê”, separando os “jogadores” da plateia, que
era responsável por iluminar o exercício, obedecendo ao impulso instintivo de iluminar
durante a improvisação. Deste modo, a turma foi adquirindo mais familiaridade com a luz
e com a sombra e ganhando mais liberdade para explorar outros significantes da luz para
além da função básica de iluminar.
Em um encontro específico, todos os participantes escolheram aleatoriamente
situações diversas para os três pontos de concentração as serem usados nos jogos. Esses
foram escritos no quadro, para melhor visualização:
Diante desse quadro, os grupos foram divididos e quem estava fora do jogo tinha
que escolher uma situação dos pontos de concentração “onde” e “o quê” para o grupo
desenvolver durante a improvisação. Os membros dos grupos escolhiam “quem” e, ainda,
quem observava poderia iluminar a cena conforme desejasse. Surgiu uma situação muito
interessante em uma das improvisações. O “onde” era autoescola e “o quê” era um
reencontro. A cena começou com um foco em duas pessoas, despois a luz abriu e iluminou
os outros participantes. Em um determinado momento, alguém da plateia colocou a
mangueira de LED embaixo da cadeira de um dos jogadores e, a partir daí, a mangueira
transformou-se no foco da improvisação. Um dos jogadores falou a palavra “xixi” e todos
os outros fizeram movimento de se afastar desse jogador, que está sentado acima da
mangueira de LED. Assim, a luz ganhou um significado, tornando-se um elemento central
21
de composição do jogo. Depois esse acontecimento se desfez, o jogo se transformou e a
mangueira de LED ganhou outros significados.
22
A partir dessa experiência, comecei a pensar de que formas podemos inserir a luz
como mais um elemento, entre vários, de composição nos processos de improvisações,
tornando os projetores de luz alcançáveis, palpáveis. Assim, a luz começaria a ser vista,
testada, experimentada, tornando-se orgânica no exercício artístico.
Durante todas as sessões de trabalho, dois ou mais estudantes ficavam responsáveis
por realizar o “Protocolo”, que é uma forma de avaliação/reflexão sobre o encontro, e a
aula seguinte se iniciava com a apreciação coletiva desse material. Os protocolos poderiam
ser apresentados de diferentes formas: escritos, em vídeo, ou como proposição de uma
atividade prática. O material variava de acordo com o desejo e a criatividade de cada grupo
de discentes por ele responsáveis. Ao longo do semestre, ficou cada vez mais recorrente a
presença da luz nos protocolos, tanto em relatos, quanto na proposição de exercícios ou
experimentos práticos. Em um dos protocolos apresentados, os discentes queriam uma
variação da luz existente na sala (lâmpadas fluorescentes) para uma luz vermelha, com o
intuito de alterar a sensação da sala durante a apreciação do material. Com o pedido deles,
pude questioná-los sobre como era essa luz, se era na sala toda, ou em algum espaço
específico. Perguntei ainda se queriam uma luz mais forte ou mais fraca e de qual direção
ela viria. Eles responderam que queriam iluminar a sala toda de forma uniforme. Assim, eu
posicionei quatro projetores set light de 1000 W (um de cada lado da sala) com filtro de
cor vermelho iluminando todo o espaço, como o solicitado. Percebi que o diálogo entre os
discentes/artistas – que tinham um desejo de manipulação de luz específico – e o técnico
de iluminação – que sabia como executar essa operação – ficou mais fluido, mais fácil. Os
discentes, pela vivência com os equipamentos de luz durante as improvisações, perceberam
que há variação no tamanho e na forma da incidência da luz, o que possibilitou a clareza
sobre o modo com que eles queriam usá-la.
Outra atividade prevista no plano da disciplina foi fazer as sessões de jogos teatrais
fora da sala de aula, ocupando alguns espaços do campus Santa Mônica da UFU. Os
exercícios ao ar livre seguiam a mesma estrutura dos exercícios feitos dentro da sala e o
material de iluminação era disponibilizado da mesma forma. A única diferença era a
quantidade de pontos de energia disponíveis, que variava de acordo com cada local. Eu
procurava trabalhar com, no mínimo, quatro pontos e utilizava extensões com mais de 20
metros de comprimento para não restringir muito o alcance dos projetores de luz.
Nessa nova configuração espacial, antes dos jogos iniciarem, era feito um exercício
de reconhecimento do ambiente, para que cada grupo pudesse definir um local específico
23
para o jogo. Nesse reconhecimento eles andavam pelo espaço explorando e
experimentando possibilidade de níveis e formas arquiteturais existentes. Além disso, um
elemento novo foi incorporado ao exercício: a presença de um público que não pertencia à
turma. Durante os primeiros exercícios, percebi como a luz é um elemento que desperta
curiosidade e que coloca em evidência o que está sendo iluminado dentro de um espaço
onde ocorrem várias situações simultâneas. Até mesmo quem estava no ambiente ou
passava por ele diminuía a intensidade da voz, observava atentamente, ou se distanciava. O
exercício tornava-se, então, ponto de atenção e visibilidade na amplitude espacial.
24
Fotos do acervo do curso de Teatro da UFU 2012
25
No decorrer do semestre, o diálogo entre os participantes da turma e eu, na função
de iluminadora, modificou-se. Os discentes dessa disciplina começaram a solicitar
materiais de iluminação ou mesmo conversar sobre ideias de luz que tinham tido em outras
atividades, sejam elas disciplinas, pesquisas de iniciação científica, ou projetos pessoais.
A partir da experiência com a luz na disciplina de “Jogos Teatrais”, do diálogo com
os discentes que dela participaram em outros semestres e da composição de outros cursos,
percebi que havia uma comunicação mais clara entre o pensamento sobre iluminação que
os estudantes tinham e a execução que eu realizava nas atividades propostas. Como
exemplo, apresento a seguir outro relato.
Existe uma disciplina na grade curricular da licenciatura em que os discentes, em
duplas, ministram oficinas de teatro para a comunidade externa. Nessas atividades, as
turmas são compostas por público variado, formado por crianças, adolescentes, adultos e
idosos. Trata-se do estágio em licenciatura, que é supervisionado por um professor do
curso de Teatro. Essas oficinas são realizadas dentro dos laboratórios do curso.
No semestre seguinte à disciplina de “Jogos Teatrais”, dois dos discentes, Leandro
Alves e Rose Martins, que participaram desta experiência, e estavam cursando a disciplina
de estágio supervisionando, solicitaram logo no início das atividades do semestre alguns
equipamentos de iluminação para usar durante os encontros na oficina que ministraram
para adolescentes. O intuito que apresentaram era de usar a luz durante as atividades
desenvolvidas de maneira semelhante à proposta em “Jogos Teatrais”. Semanalmente, eles
retiravam no laboratório quatro projetores de luz PAR 56 foco 5 e quatro extensões de dez
metros cada. A retirada era caracterizada como “empréstimo de material”, o que não exigia
a minha presença em todos os encontros do estágio e delegava aos discentes a
responsabilidade da montagem de tais equipamentos. Para algumas atividades, eles
solicitavam também filtros de cor.
No curso de Teatro acontece um evento chamado “Encontrão”. Nessa
confraternização, que ocorre geralmente em um sábado, todos os trabalhos desenvolvidos
durante o semestre nas oficinas de teatro oferecidas à comunidade são compartilhados com
o público. Trata-se um dia intenso de apresentações, pois são exibidas todas as cenas curtas
elaboradas nas oficinas. A criação da iluminação para esse evento é uma das demandas que
eu desenvolvo semestralmente, mas devido ao grande número de solicitações de criação de
projetos de iluminação em várias disciplinas, tive que organizar um quadro de prioridades
de acompanhamento. Diante dessa situação, o meu envolvimento com os estágios/oficinas
26
é pontual e acontece quando o processo está avançado, do meio do semestre para o final.
Eu não participo efetivamente do processo de construção das cenas. Quando eu me
encontro com os estudantes, as cenas já estão, em sua maioria, estruturadas. Por isso, eu
considero fundamental ter um diálogo eficaz com os professores/diretores de cada oficina
para a efetivação de um projeto de iluminação coerente.
Acredito que quando o diálogo com o iluminador acontece desde o início do
processo de construção de um espetáculo ou de uma cena, a possibilidade de
experimentação potencializa a criação. A dinâmica de organização do grupo e do processo
de criação torna-se familiar para o iluminador, podendo este conhecer melhor os tempos
dos acontecimentos da cena, ou do espetáculo, o que facilita não só a concepção do projeto
de iluminação como também a definição do roteiro de operação desse projeto. Contudo, o
tempo existente para a execução do grande volume de demanda de criação de projetos de
iluminação no curso de Teatro é muito escasso, o que impossibilita a minha presença em
todas as atividades desenvolvidas durante um semestre letivo.
Os discentes Leandro e Rose iniciaram as atividades da oficina com a presença da
luz durante os exercícios. Quando me encontrei com a turma deles, no ensaio de uma cena
que estava quase finalizada, para minha surpresa, os dois indicaram – utilizando os
projetores de luz emprestados – como eles imaginavam e desejavam a iluminação da cena.
Mostraram quando queriam uma luz que vinha do chão para projetar as sombras, quando
queriam uma luz que vinha do nível alto, segurando o projetor em cima da cabeça para
iluminar a cena, quando era necessário um “black out” e quando queriam o uso da cor-luz
azul escura, para atribuir à situação um “clima sombrio”. Nessa exposição, em que os
discentes usaram a luz dos projetores PAR 56 foco 5 para que eu pudesse entender o que
eles queriam, a concepção da iluminação já estava toda criada. A minha função se
restringiu a organizar um projeto recorrendo a outros equipamentos existentes no LIE.
Com essa demonstração, os dois discentes me explicaram a direção dos projetores, o
ângulo de suas afinações, definiram quais seriam os filtros de cores usados e relataram as
partes que gostariam que fossem iluminadas, mas não sabiam como.
Usando meus conhecimentos técnicos sobre as diferentes formas de incidência da
luz, possibilitadas pelos diversos tipos de projetores e pelas diferentes direções e ângulos
de posicionamento dos mesmos, eu adaptei o que os dois discentes desejavam. Fiz isso de
modo a potencializar suas solicitações e também criei maneiras de iluminar as cenas que
precisavam de luz.
27
Por exemplo, no início da cena, os participantes ficavam encostados na parede,
iluminados pela luz de um projetor. No entanto, os discentes achavam que era preciso
iluminá-los sem que a luz ofuscasse a projeção. A imagem projetada era em preto e branco.
O que eu fiz foi posicionar dois projetores 64 foco 2 na lateral, com a colocação da
incidência da luz a cerca de 70º do plano horizontal, de forma que a luz não encostasse na
parede. Usei esses projetores em uma intensidade baixa, o que diminuiu o brilho da luz e,
consequentemente, diminuiu a possibilidade de ofuscamento da projeção. Essa luz em
baixa intensidade ficou em tom de âmbar, o que colaborava para criar um contraste entre as
cores dos atuantes iluminados e da projeção.
Outra adaptação foi usar projetores PAR 64 foco 5 nas laterais para construir o
“clima sombrio”. A lâmpada PAR 64 possui um brilho intenso que colabora para
intensificar a cor azul, uma vez que o filtro de cor escolhido por eles possuía o índice de
transparência baixo, o que significa que a quantidade de luz que atravessa o filtro de cor é
pouca, dando a sensação de que a intensidade da luz diminuiu. A escolha de colocar os
projetores na lateral foi na intenção de gerar uma sombra sobre os atuantes para colaborar
com a ideia do “clima sombrio”. Seguem as fotos da apresentação dessas cenas:
Primeiro exemplo:
28
Fotos do acervo do curso de Teatro da UFU 2013
29
Segundo exemplo:
Diante dessa experiência comecei a pensar sobre quais as formas que podemos
inserir a luz como mais um elemento, entre vários, de composição nos processos de
improvisações, tornando os projetores de luz alcançáveis, palpáveis, e assim a luz começa
a ser vista, testada, experimentada, tornando-se orgânica no trabalho artístico. É importante
fazer isso de maneira a possibilitar aos discentes uma vivência prática com a luz que
comtemple os temas propostos por ela. Além disso, os acontecimentos aqui relatados
sugerem que o conhecimento pode ser construído a partir de experimentos autônomos dos
estudantes com a iluminação, sob minha mediação.
30
A partir dessas vivências, e em especial das últimas experiência narradas, comecei a
me questionar sobre quais outras formas possíveis de estruturar o conteúdo da disciplina de
iluminação cênica. Nesse decurso, pude perceber quais foram as lacunas do meu
aprendizado enquanto graduanda do curso de Teatro, entendendo que a forma como a
grade curricular do curso se configurava e se configura atualmente, com uma disciplina
sobre iluminação cênica e dividindo a carga horária com o conteúdo sobre cenografia, era e
ainda é impossível pensarmos na formação de um iluminador. E ainda, pensando sobre
quais eram as minhas dificuldades de comunicação com os docentes e discente no trabalho
como iluminadora comecei a perguntar sobre como atentar essas pessoas a não subestimar
o papel da luz no processo de criação? Como despertar neles o entendimento da luz como
elemento de composição do trabalho artístico? Como fazê-los entender a complexidade do
trabalho do iluminador, desde o processo de acompanhamento e criação do projeto de
iluminação, montagem do projeto, ensaio da execução da operação da luz, para que o
diálogo entre o coletivo artístico e o iluminador torne inteligível?
Grande parte do meu trabalho está concentrada junto às atividades de um curso de
graduação em Teatro, em contato direto com docentes e discentes. Por isso é que reflito
sobre a importância da tomada de consciência em relação à atitude pedagógica inerente à
minha prática, a do iluminador, e sobre o quanto ela pode colaborar com o
ensino/aprendizagem dos discentes em questão.
Comecei a pensar sobre quais eram as ações que podem ser desenvolvidas por mim
dentro desse espaço de trabalho que complemente a vivência dos discentes durante a
graduação visando a formação do artista cênico para se relacionar com a iluminação como
instrumento de linguagem artística, nos seus múltiplos espaços de atuação. E para pensar
tais ações, antes, foi preciso reconhecer e caracterizar a complexidade de conteúdos e
conhecimentos necessários ao trabalho com a iluminação cênica.
31
TERCEIRO
M
O
V
I
M
E
N
T
O
7
A ILUMINAÇÃO CÊNICA E SEU RIZOMA DE CONHECIMENTO
Quando Costa alude ao “ensino formal”, ele se refere a uma estrutura organizada,
hierarquizada e administrada pelo sistema educacional estabelecido em escolas ou
universidades. Quando o autor menciona o ensino “não formal”, refere-se a uma variedade
de atividades educacionais organizadas e desenvolvidas fora do sistema educacional formal
(2010, p. 14). Ele define em sua dissertação o termo “técnica” como o conjunto de
procedimentos normatizados para manipulação, controle e tratamento de um material,
enquanto “tecnologia” consiste em conjunto de conhecimentos, especialmente de
princípios científicos, que se aplicam a um determinado ramo de atividade. (2010, p. 29).
Não são abundantes as bibliografias que discutem a formação em teatro a partir da
utilização de elementos cênicos – que compreendem não só a iluminação, mas também a
cenografia, o figurino, a maquiagem e a sonoplastia – como componentes pedagógicos
dessa área de conhecimento. Na maior parte dos casos encontrados, o ensino desses
elementos se dá de forma isolada, em disciplinas ou oficinas que abordam somente essa
temática. Se a iluminação é, junto com o cenário, definidora do espaço cênico, como, por
exemplo, o atuante pode estar alheio ao entendimento de onde vem a luz, como ela incide
sobre o seu corpo, o cenário, o figurino, e qual o efeito que ela causa no contexto da cena?
Essas reflexões devem ser feitas para compor o trabalho do atuante para além da noção
espacial, não menos necessária, do saber posicionar-se no foco de luz (feixe de luz
delimitado no espaço). É importante pensar em uma prática em que o sujeito trabalhe com
a ideia de composição com a iluminação para construir seu processo pedagógico e/ou
artístico. Isso permitiria que o atuante fosse afetado e afetasse, elaborando uma reflexão a
partir da experiência como atravessamento:
33
com seu corpo não cindido entre corpo-espírito ou corpo mente. O que eu
sou, a definição de homem ou sujeito não passaria mais pelo cristalizador
verbo de definição “é” (eu sou), mas pela relação dinâmica da capacidade
que temos de afetar e sermos afetados enquanto corpos, ou seja, o “é”
substituído pela capacidade de relação e composição com as forças de
fora e de dentro que nos atravessam. (FERRACINI, TROTA, BRAGA,
2013).
15
Jorge Carvalho Moreira (Rio de Janeiro - RJ - 1946). Iluminador e diretor. É o pioneiro da iluminação
moderna no Brasil, função que ganha autonomia e inclusão nas fichas técnicas a partir de seu trabalho como
iluminador. Faz sua iniciação teatral em 1964, n'O Tablado, onde, depois de se encarregar da montagem de
luz de alguns espetáculos, assina sua primeira iluminação autônoma para Androcles e o Leão, de Bernard
Shaw, direção de Roberto de Cleto, em 1966. No ano seguinte, faz a primeira iluminação profissional para O
Assassinato da Irmã Geórgia, de F. Marcus, direção de Maurice Vaneau. Desde então, concebe desenhos de
iluminação, principalmente para espetáculos que marcam a história do teatro brasileiro nos anos 1970, 1980
até a atualidade. Informações coletadas no site http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa393297/jorginho-
de-carvalho, acessado em 26/05/2017.
35
discussões, estudos, debates, encontros e seminários que abordem tal assunto para que
ampliem seus horizontes.
O conteúdo programático sobre iluminação se mostra muito extenso. Porém, a
tentativa aqui apresentada é de pensarmos uma prática pedagógica em iluminação cênica
que aborde o conteúdo necessário para que o atuante possa usá-la como elemento de
composição em sua prática artística ou pedagógica, atentando-se para o conhecimento da
materialização da luz na cena enquanto arte.
Se pensarmos na formação de um atuante que consiga dialogar de forma clara,
objetiva e que saiba comunicar ao iluminador qual a sua pretensão enquanto discurso
artístico dentro da sua prática, podemos nos aprofundar mais em alguns conteúdos que
contemplem questões que abordem a iluminação como linguagem artística e estética.
Assim, é possível pensar em uma pedagogia da iluminação que atenda às demandas
colocadas pelo público ao qual se destina, e que não se restrinja apenas a uma prática
pautada em conteúdos técnicos.
E para tal desafio, o sujeito que está a frente dessa discussão, no papel de
instigador, provocador, observador/propositor, mediador dessa situação deve colocar-se
atento e aberto as questões que serão levantadas pelo grupo para poder trabalhar sem impor
algo que ele ache necessário ao publico que se destina, e sim deixar a escolha emergir do
presente, do encontro daqueles seres, naquela hora e local.
36
O trabalho com a iluminação cênica transita entre conhecimentos técnicos e
estéticos, percorre o saber artesanal do funcionamento dos equipamentos ao saber sensível
e subjetivo da criação artística. O campo de conhecimento da iluminação possui
interlocução com uma multiplicidade de conhecimentos, com cita Sávio Araújo:
37
compreender a cena é também compreender a luz, sem a necessidade de se recorrer a toda
uma tecnologia voltada para a simulação e para a invenção de recursos ilusionistas”
(CAMARGO, 2006. Pp. 115). A elaboração do roteiro de operação da luz é uma etapa tão
complexa quanto a criação do projeto de iluminação, pois é nele que o projeto se
“corporifica”, tomando “forma”, configurando-se numa dinâmica de entradas e saídas de
luz no espaço tridimensional em correspondência à dinâmica de movimentação dos artistas
e objetos da cena. E para isso o iluminador tem que estar familiarizado com o espetáculo, o
que exige um contato recorrente durante o processo de criação e ensaios da obra.
Quando o espetáculo é apresentado ao público, o iluminador está “presentificado”
em cena através da sua matéria prima – a luz – regendo a coreografia de entrada e saída de
luzes através da mesa de controle de luz, ainda que não seja ele a pessoa responsável pela
execução no momento do espetáculo, já que muitos possuem o operador de luz. Mesmo
nestes casos, o iluminador se faz presente porque ele é quem cria a regência do todo – e
para isso é necessário conhecer os ritmos, as intenções e as provocações propostas pelo
espetáculo com atenção ao fato de que “um dos desafios para o iluminador é prover o palco
com uma luz capaz de dar conta de uma diversidade de formas e linhas em movimento que
se distribuem pelas três dimensões do espaço cênico”. (CAMARGO, 2006. Pp. 82).
O mesmo acontece nas experiências em que o iluminador ou operador de luz está
dentro da cena manuseando os equipamentos de iluminação, ou quando propostas de
operação e manipulação da luz se dão pelos artistas da cena (atores, bailarinos) revelados
ao público. Em todos os casos, existe uma pessoa responsável pela forma de utilização da
luz no espaço cênico e, para tal, é preciso considerar e ter consciência dos comportamentos
da luz e sua capacidade de articulação no tempo e no espaço, buscando uma consonância
com toda proposição da obra.
Compreendendo a complexidade da utilização da luz nos espetáculos cênicos,
reconhecendo o diálogo entre a cena e a aplicação técnica, volto ao questionamento sobre
qual o ponto de partida para o estudo sobre iluminação cênica. Comecei a procurar
bibliografias específicas das áreas que englobam a iluminação. Pedro Dutra em seu livro
“O iluminador” faz uma observação:
39
ELETRICISTA DE ESPETÁCULOS: Instala e repara os equipamentos
elétricos e de iluminação, mantendo-os, substituindo-os ou reparando
circuitos elétricos, para adaptar essas instalações às exigências do
espetáculo; afina os refletores e coloca gelatinas coloridas conforme o
esquema de iluminação; instala as mesas de comando das luzes e
aparelhos elétricos.
ILUMINADOR: Cria e projeta a iluminação do espetáculo em consenso
com a equipe de criação; indica o equipamento necessário; elabora o
plano geral de iluminação, o esquema para instalação e adequação dos
refletores à mesa de luz, bem como a afinação dos mesmos; prepara o
roteiro para operação da mesa, ensaiando o operador.
OPERADOR DE LUZ: Opera os controles da mesa de iluminação, fixas
ou móveis; executa o roteiro de iluminação; verifica o funcionamento do
equipamento elétrico16.
18
Disponível em: <https://www.even3.com.br/designcenico>. Acessado em: 14/06/2017.
19
Disponível em: < http://arquiteturateatroecultura.com.br/>. Acessado em: 14/06/2017.
20
Disponível em: < https://www.facebook.com/luz.laboratorio.7> Acessado em: 14/06/2017.
21
O curso qualifica aprendizes interessados na iluminação dentro do âmbito das artes cênicas. Um dos seus
propósitos é unir tecnologia de ponta com o que existe de mais artesanal nas maneiras de utilizar a
iluminação, ressaltando a criatividade do técnico-artista. O curso promove a aproximação de áreas
41
Guilherme Bonfanti22. Ele é o único curso regular específico de iluminação cênica
existente no país.
Considero também importante mencionar algumas pesquisas acadêmicas já
realizadas que discutem sobre o ensino da iluminação em diferentes contextos de
investigação, uma vez que outra forma de aprendizado em iluminação cênica acontece nos
cursos de graduação em artes, em sua maioria vinculados às disciplinas e projetos de
extensão dos cursos de teatro das universidades. Citarei duas experiências que relatam
estratégias pedagógicas para o ensino da iluminação dentro de cursos de graduação, com o
intuito de identificar como cada autor organizou os conteúdos referentes às mesmas, para
estabelecer uma conversa com tais experiências vislumbrando refletir sobre a possibilidade
de uma pedagogia em iluminação.
A primeira experiência é a tese de doutorado do professor Sávio Araújo cujo o
título é A CENA ENSINA: uma proposta pedagógica para formação de professores de
teatro, feita no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRN, defendida em 2005.
Nela o autor apresenta alternativas para a formação de professor de teatro entendendo que
este consiste num fazer coletivo e interdisciplinar, composto por elementos em dinâmicas
relacionais. Neste sentido, entre os muitos elementos que concorrem para a significação do
espaço na representação teatral, Araújo abordou o estudo da iluminação cênica como um
dos focos para construir relação com os demais elementos de uma encenação enquanto
professor das disciplinas Cenografia I e II, em parceria com alunos do curso de
Licenciatura em Educação Artística, habilitação Artes Cênicas, do Departamento de Artes
da UFRN. A organização das informações básicas sobre iluminação teatral para favorecer
o entendimento das decisões tomadas frente aos diferentes problemas propostos por uma
cena (Pp. 125, 2005) está disposta pelo autor da seguinte forma:
o papel da iluminação na construção da cena;
a natureza física da luz e da visão humana;
importantes para a formação do artista da luz, em especial as artes visuais. Trata-se de uma formação
interdisciplinar com as outras artes do palco oferecidas pela Escola. Informações disponíveis em: <
http://www.spescoladeteatro.org.br/cursos_regulares/index.php>. Acessado em: 14/06/2017.
22
Designer de iluminação desde 1988. Trabalhou com dezenas de diretores, entre eles Márcio Aurélio,
Gabriel Villela e Miguel Falabella. Colaborou, também, com diversos cenógrafos, incluindo nomes como
Gringo Cardia, J.C. Serroni, Hélio Eichbauer e Marcos Pedroso. No campo da arquitetura, esteve ao lado de
Isay Weinfeld e Paulo Mendes da Rocha, entre outros. Com Antônio Araújo, fundou o Teatro da Vertigem,
do qual é membro atuante, ganhando parte de seus inúmeros prêmios. Desenhou luz para óperas e ainda
atuou em dança, com os principais coreógrafos do País. Tem, também, atuação destacada nas Bienais de São
Paulo (artes visuais). Informações disponíveis em:
<http://www.spescoladeteatro.org.br/cursos_regulares/iluminacao.php>. Acessado em: 14/06/2017.
42
o espaço a ser iluminado;
iluminação de formas e atores;
a rede elétrica de um teatro e os equipamentos básicos usados na iluminação;
o projeto de iluminação e sua execução.
A segunda pesquisa é intitulada ILUMINAÇÃO CÊNICA: uma experiência de
ensino fundamentada nos princípios do design, realizada no curso de mestrado do
Programa de Pós-graduação em Teatro da Universidade do Estado de Santa Catarina, por
Nádia Luciani, defendida em 2014. A autora propõe o estudo do processo de criação em
design adaptado para o processo de criação da luz cênica, compreendendo as técnicas de
criatividade e os métodos que podem orientar o desenvolvimento do projeto com base nas
teorias do design e da criação. No capítulo três da dissertação, ela relata uma experiência
de ensino da iluminação cênica fundamentada nos princípios do design como professora da
disciplina Iluminação Cênica que compõe a grade curricular do curso de bacharelado em
Artes Cênicas da Faculdade de Artes do Paraná (FAP) da Universidade Estadual do
Paraná.
Na grade curricular do referido curso a disciplina de iluminação é optativa e tem
como pré-requisito a disciplina obrigatória de Design Cênico que “introduz o tema em uma
abordagem genérica da alfabetização visual, da história do teatro e das linguagens cênicas
e das diferentes estéticas e expressões artísticas do teatro” (Pp. 162, 2014). Diante disso, o
discente pode optar pelo estudo aprofundado em qualquer uma das linguagens do
espetáculo (cenário, figurino, iluminação, maquiagem e sonoplastia), sendo todas estas
disciplinas optativas da grade curricular. A ementa da disciplina de Iluminação Cênica
propõe: “O histórico e o objetivo da Iluminação no teatro com sua origem nas artes cênicas
e fundamentação no design. Estudo do texto e da linguagem adotada para a criação do
projeto de iluminação” (Pp. 174, 2014) e o conteúdo é estruturado pelos seguintes eixos:
Embasamentos teóricos – composto por algumas disciplinas “importadas” do design,
mas acrescidas das alterações necessárias para uma abordagem adequada às artes
cênicas, além de outras basilares relacionadas diretamente ao teatro;
Metodologia da criação – conjunto de disciplinas que permite a adequação dos
conceitos da metodologia do projeto de criação em design para o processo de criação da
iluminação cênica para fins didático/pedagógicos;
Instrumentalização técnica – conteúdo específico do universo da iluminação cênica e
43
que considera os recursos e equipamentos de que dispõem o iluminador para a efetivação
da criação artística;
Experimentação prática – atividade de conclusão da disciplina que prevê a articulação
das informações técnicas e conceituais fornecidas durante o processo numa sistematização
da experiência criativa que permite a verificação das possibilidades em tempo real.
As duas pesquisas se intersectam nos temas de discussão, divididos entre conteúdos
teóricos – considerando como conteúdos teóricos o estudo sobre a história das artes cênicas
com ênfase na sua relação com a luz, a história da iluminação cênica, a física óptica, o
processo da visão humana, a teoria das cores, a semiologia; conteúdos referentes ao
processo de criação da iluminação – reconhecimento do espaço e da dinamicidade do
espetáculo a ser iluminado, discussão sobre as funções, interferências e relações da
incidência da luz nos objetos e no corpo; conteúdos técnicos – equipamentos usados na
iluminação cênica, eletricidade básica para o trabalho com a iluminação, segurança no
trabalho com a iluminação; e exercícios práticos de experimentação da iluminação cênica –
estruturação de um projeto de iluminação e sua execução, criação do roteiro de operação
da luz e sua execução.
O que pude concluir, mediante todos os exemplos acima citados, é que não há uma
forma padrão, nem usual, de estruturação do pensamento sobre a luz na cena. Menos ainda,
uma organização metodológica para ensino da iluminação cênica; o que há são temas
comuns a todas as formas de pensar o ensino da iluminação, apresentados nos programas
pedagógicos em ordens distintas, expostos em diferentes formatos, em consonância com
cada propositor e suas experiências.
Levando em consideração a divisão estabelecida pelo SATED com relação aos
cargos e suas atribuições no trabalho com a iluminação cênica, separei três etapas:
X – Do iluminador cênico: a concepção, criação e o planejamento da iluminação para o
espetáculo cênico;
Y – Do eletricista cênico (usualmente chamado de técnico de luz): a instalação, montagem
e funcionamento dos equipamentos de iluminação para a execução do projeto criado;
Z – Do operador de luz: execução da iluminação através dos controles da mesa de luz.
Por sua vez, cada função possui as suas ações no trabalho com a iluminação cênica:
X – Criação da interação da luz com o espetáculo, feitura do projeto de iluminação com
todas as informações necessárias para a montagem dele, elaboração do roteiro de operação
para a execução da luz durante a apresentação;
44
Y – Instalar os equipamentos nas posições indicadas no projeto, energizar os equipamentos
e conectá-los à mesa de controle da luz, afinar a luz – regular a incidência da luz de cada
equipamento de acordo com a distribuição espacial do espetáculo;
Z – Conhecer e estar familiarizado com o espetáculo cênico – acompanhar os ensaios,
organizar a distribuição dos botões de controle dos equipamentos de luz na mesa de acordo
com a ordem de operação da iluminação durante o espetáculo – gravação das cenas,
acionar através da mesa de controle as entradas e saídas da luz durante a apresentação do
espetáculo.
Com essa distribuição resumida das funções e etapas que envolve o trabalho com a
iluminação, podemos organizar quais os saberes necessários existentes em cada área na
tentativa de visualizar a multiplicidade de conhecimentos contidos nesse trabalho.
45
facho de luz se for o caso e acessórios utilizados; planilha geral de endereçamento e dados
dos equipamentos de iluminação; tabela de gravação das cenas na mesa de controle de luz;
o roteiro de operação da luz; pode conter cortes da planta baixa para entender a
verticalidade da proposta e outras informações dependo do projeto e do iluminador.
Trataremos aqui sobre a planta baixa e o roteiro de operação.
As informações que devem estar na planta baixa são o nome do espetáculo, do
grupo (quando houver), nome do diretor ou encenador; a identificação da área de
encenação, suas dimensões e a área do público; a distribuição dos equipamentos e seus
acessórios (porta gelatina para o uso de filtro de cor, bandeira, facas, íris, porta gobo, pé de
galinha, torre de luz) pelo espaço cênico através de símbolos representando cada um; uma
legenda de identificação de tais símbolos, potência das lâmpadas e a marca do fabricante,
quando necessária a identificação. Alguns equipamentos exigem um volume ainda maior
de detalhes: para o elipsoidal, por exemplo, é necessário identificar a angulação de cada
um (existem elipsoidais com angulação focal fixa [5º, 10º, 14º, 26º, 36º 50°, 70º e 90º] e
elipsoidais com variação da angulação focal – zoom – [15º-30º, 25º-50º]). Estão, ainda, na
planta baixa a identificação das varas de luzes (varas que contêm pontos de energia onde
são fixados e ligados os equipamentos de luz), seu posicionamento e sua altura; a forma de
ligação dos equipamentos; a numeração e marca dos filtros de cores e a indicação em quais
projetores de luz eles serão colocados; a listagem dos equipamentos usados e seus
acessórios (rider técnico), até mesmo de outros equipamentos luminosos pertencentes ao
espetáculo que são levados pela equipe; a distribuição dos projetores de luz nos canais da
mesa de controle de luz; a identificação da forma de “afinação” (ângulo de inclinação,
direção e abertura focal da incidência da luz projetada no espaço) de cada projetor; o nome
do iluminador, o nome e contato do responsável pela montagem do projeto, que pode ser o
próprio iluminador ou o operador de luz, e a data de entrega do projeto de iluminação.
No roteiro de operação da luz deve conter a descrição dos acontecimentos do
espetáculo e as indicações de quais equipamentos serão ligados, quais serão desligados e
suas respectivas intensidades luminosas, apontando as entradas e saídas das luzes e as
velocidades dessas entradas e saídas, de acordo com as ações no decorrer do espetáculo.
47
De encontro a essa organização múltipla, extensa, na junção do estudo de várias
áreas de conhecimento, durante uma tentativa frustrada de organizar uma estrutura de
conteúdos para “ensinar” iluminação, me deparei em meio ao caos e comecei a procurar
uma forma de organização desse caos.
No anseio de organização do caos, encontrei o conceito de Rizoma proposto pelos
filósofos franceses Giller Deleuze e Félix Guattari23 em suas dimensões imagéticas e
conceituais, comtemplando a forma de não estruturação linear o conhecimento em
iluminação cênica.
23
O conceito de Rizoma é apresentado no livro Mil PLATÔS Capitalismo e esquizofrenia 2 – Vol. 1,
compondo o primeiro de cinco volumes.
48
Refletindo sobre o meu aprendizado autodidata na área de iluminação, percebi que
buscava novos conhecimentos a partir das proposições e necessidades que surgiram a cada
processo de criação, a cada experiência na criação de uma iluminação para um espetáculo.
Diante desse reconhecimento, sugiro um esboço imagético de apresentação
rizomática dos termos e áreas de conhecimento existentes no trabalho com a iluminação
cênica.
49
50
À LUZ DE UMA PEDAGOGIA
A luz é o que é: luz. São raios luminosos que incidem na córnea, atingem
a retina e transmitem informações aos fotorreceptores que convertem a
intensidade e a cor em impulsos nervosas que chegam ao cérebro e
produzem a percepção da imagem. (CAMARGO, 2006. Pp. 115)
24
Daniele Pimenta é docente do curso de Teatro da UFU, nas áreas de Teoria do Teatro e Encenação.
Doutora em Artes pela UNICAMP, mestre em Artes Cênicas pela USP e graduada em Artes Cênicas pela
UNICAMP. Atriz, diretora, diretora musical e coreógrafa da Cia. Autora de diversos trabalhos sobre Circo-
Teatro, desenvolve atualmente o projeto de pesquisa Teatro popular: formas, conceitos e contextos, a partir
do qual amplia suas investigações sobre outras vertentes do teatro popular, além do circo-teatro.
51
e no terceiro, falaria sobre o projeto de iluminação e o roteiro de operação da luz. Sendo
assim, os encontros ficaram organizados da seguinte forma:
Cronograma das atividades, em 15 aulas:
01 – Semana de abertura, apresentação da professora e do plano geral de atividades;
02 – Apresentação do programa, atividades de sondagem de conhecimento nas áreas da
disciplina (teóricas e práticas);
03 – Panorama histórico e estético da Arquitetura Teatral, da Cenografia e da Iluminação;
04 – Panorama histórico e estético da Arquitetura Teatral, da Cenografia e da Iluminação;
05 – Experimentações de concepção de cenografia e iluminação: contrapontos estéticos;
06 – Iluminação: segurança, equipamentos profissionais e cabine de operação;
07 – Iluminação: Experimentações de sensibilização (luz e cor no corpo do intérprete,
no espaço, em materialidades);
08 – Mapa de luz;
09 – Mapa de palco;
10 – Aula externa: visita técnica a um teatro;
11 – Cenografia e Iluminação em espaços não convencionais;
12 – Orientação para finalização dos projetos dos alunos;
13 – Orientação para finalização dos projetos dos alunos;
14 – Apresentação dos projetos, entre as atividades da Semana de Encerramento do
curso;
15 – Avaliação do curso25.
As aulas aconteceram nos períodos da tarde e da noite, a primeira pertencendo ao
curso de integral e a segunda ao curso noturno. Ambas as turmas tinham discentes dos
cursos de teatro, dança, artes visuais, arquitetura e design. Eram turmas compostas por
interesses distintos, o que me deixava uma pouco apreensiva com receio de não conseguir
despertar o interesse dessa turma tão heterogênea. Usarei a experiência desenvolvida na
turma do integral para pensar o ensino da iluminação cênica com o intuito de familiarizar o
artista com o universo multidisciplinar e rizomático existente nela.
Iniciei o meu contato com a turma me apresentando, depois pedi para que todos
falassem seu nome, o curso que estava matriculado e qual o seu interesse sobre a
iluminação cênica. Assim tenho uma breve percepção de cada indivídua, e uma intuição
25
Informações coletadas no Plano de aula disponível no anexo VI.
52
sobre a composição do grupo. Num diálogo, uma conversa, comecei a fazer perguntas para
construir um caminho de reconhecimento sobre o tema proposto.
Meu ponto de partida para começar a falar sobre iluminação foi trazer para a sala de
aula o conhecimento sobre a sua matéria prima, a LUZ. Ela está presente em nosso
cotidiano de forma tão habitual que muitas vezes só percebemos a sua ausência, não
atentamos para a sua presença. A começar pela luz do SOL – luz NATURAL; a luz que
liga e desliga – ELETRICIDADE - em nossas casas e outros espaços que habitamos; o
FOGO da chama do fogão; a luminosidade que emana das telas dos celulares, dos
computadores, das televisões; a luz que sai de dentro da geladeira, do fogão, de dentro do
micro-ondas; as lanternas, VELAS e luminárias de mesa que podemos chamar de luzes
móveis. Observem a quantidade de formas diferentes de “existir” da luz que rodeiam o
nosso dia-a-dia.
Atentamo-nos para o existir da luz, abrimos mais os olhos e começamos a observar
as diferenças entre elas, a sua COR, o seu BRILHO. Abrimos os poros para sentirmos sua
emissão de calor, TERMORRADIAÇÃO. Trabalhar a percepção da luz, a sensibilização
visual e corporal dela – e assim percebemos que existem SOMBRAS. Ver a luz é também
ver a ausência dela – BLACK OUT; é ver que existem lugares com menos luz –
ESCURO, outros com mais luz – CLARO.
A partir dessa percepção pergunto: o que é luz? É algo que nos permite ver!
Fisicamente a luz tem duas intepretações: é uma RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA
capaz de excitar a retina do OLHO HUMANO, o que produz uma sensação visual. Outra
que ela é um corpúsculo, pequenas partículas denominadas FÓTONS ou QUANTA.
Só é possível perceber a luz quando ela entra em contato com a MATÉRIA, onde a
luz é ABSORVIDA e/ou refletida. A REFLEXÃO dessa luz entra em contato com o
nosso olho, nos possibilitando a visão. Mas nosso olho não é capaz de perceber toda a
radiação solar existente em nosso planeta. Nosso ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO
VISÍVEL alcança apenas uma pequena faixa compreendida entre os raios infravermelhos
e os ultravioletas, entre 700 mµ (milimícrons) e 400 mµ de comprimento de onda.
Após o reconhecimento de que é pela relação entre a luz e a matéria que nós
humanos enxergamos, comecei a tratar sobre os FENÔMENOS DE PROPAGAÇÃO DA
LUZ. Para isso, chamo a atenção para as três formas de propagação da luz mais
encontradas, sendo elas a reflexão, a absorção e a REFRAÇÃO. Pergunto sobre o que é
cada fenômeno. Definimos então que reflexão é quando os raios luminosos encontram uma
53
superfície que não os absorve; absorção é conversão da luz em outra forma de energia,
geralmente em calor, através da absorção dos raios luminosos; e refração como a mudança
de direção dos raios luminosos quando ele passa de um meio para outro sendo eles de
diferentes densidades.
Assim, começo a falar em manipulação da luz. Mostro um exemplo disso. Pego
uma lâmpada incandescente (ainda restam algumas delas no LIE) e ligo, mostrando a
emissão de luz para todos os lados. Em seguida envolvo a lâmpada com um pedaço de
papel alumínio, formando um cone, para direcionar a emissão da luz. Por ultimo coloco no
na ponta do cone uma lente PLANO-CONVEXA, demonstrando o fenômeno da refração.
Com isso, atento a turma para o fato de que por meio da criação de aparatos para a
manipulação da emissão dos raios luminosos é que construímos o acontecimento da
iluminação.
Entendendo a diferença entre luz e iluminação, questiono todos sobre o que é
ILUMINAÇÃO CÊNICA. Chegamos ao acordo de que iluminação cênica é a
manipulação da luz criada para a apresentação de um espetáculo cênico. Reconhecendo
essa premissa, começo a falar sobre os EQUIPAMENTOS da iluminação cênica.
Na tentativa de fazer a turma entender a forma de manipulação da luz de cada
equipamento, e não somente a nomenclatura, as funções e formas de emissão de luz de
cada um, coloco na sala um exemplar de cada equipamento existente no laboratório para
todos mexerem e observarem a sua fisicalidade. E ainda, posiciono cada um desse
equipamentos, que estão ao alcance de todos, nas varas de luz para serem ligados através
da mesa de controle de luz para observarmos as formas de emissão da luz de cada um. Essa
preparação é feita antes do encontro começar, pois é preciso um certo tempo para essa
montagem e organização.
Começo pelo sistema de manipulação de luz mais simples, apresentando o SET
LIGHT, que é um composto por uma carcaça preta com abertura focal bem grande, um
espelho refletor e uma LÂMPADA HALÓGENA palito de 500 W ou de 1000 W,
dependendo do equipamento. Ligo o set light para todos verem a forma de emissão de luz
dele e sua abertura focal que permite iluminar grandes áreas.
Na hora da apresentação dos equipamentos todos os discentes ficam muito
interessados e participativos; percebo que a presença dos equipamentos no espaço ajuda
muito para este fato.
54
Logo depois passo para a apresentação do PC. Abro a tampa da carcaça para
mostrar a composição óptica de manipulação de luz dele. O PC é envolvido por uma
carcaça preta, quadrada, com um espelho REFLETOR CIRCULAR em seu interior,
localizado precisamente atrás da lâmpada. Ela é uma lâmpada halógena bipi de 500 W,
1000 W ou 2000 W, e está colocada em cima de um “carrinho” que permite a aproximação
e o afastamento dela da lente que possui um lado Plano e outro Convexo, fixada na frente
da carcaça, o que explica seu nome. Este movimento permite a abertura e fechamento do
FACHO LUMINOSO, alterando o que chamamos de foco. Mostro o porta gelatinas, que
serve para fixar o filtro de cor e o bandoor ou bandeira, usado para delimitar a passagem
de luz. Ligo o PC e pergunto sobre como é a luz emitida por ele. Alguns dizem que é uma
luz bem direcionada, outros que é marcada, definida. Menciono a palavra
CONCENTRADA para começarmos a usar as nomenclaturas da área de iluminação
cênica.
Em seguida apresento o FRESNEL, que possui sua composição física semelhante à
do PC, diferenciando a lente. Explico que o seu nome se origina do criador dessa lente, o
físico francês chamado Augustin-Jean Fresnel. Todos observam a luz emitida por ele e
comentam que é mais espalhada, mais dispersa, mais branca e alguém diz que é uma luz
DIFUSA.
Depois passamos para a apresentação do PAR. Desmonto um equipamento,
retirando a lâmpada de dentro da carcaça. Pergunto para eles como é formado o sistema
óptico do PAR. Alguém comenta que está tudo na lâmpada. Reparam que a carcaça é prata
por fora e preta por dentro. Mostro que a lâmpada é feita de um espelho refletor no formato
parabólico, uma lâmpada halógena e uma lente. Seu nome é dado por essa composição -
Parabolic Aluminized Reflector. Constatamos que todo o sistema óptico do PAR está na
lâmpada. Mostro os diferentes tamanhos das lâmpadas, apresentando cada tipo de PAR.
PAR 64 de 1000 W, PAR 56 ou locolight de 300 W, PAR 36 ou Pin beam de 50 W, PAR
38 100 W, PAR 30 de 75 W e PAR 20 de 50 W. A seguir, mostro as diferentes lentes:
FOCO 1 (Very Narrow Spot - VNSP), FOCO 2 (Narrow Spot - NSP), FOCO 5 (Medium
Flood - MFL) e digo da existência do FOCO 6 (Wide Flood - WFL), já que não temos a
lâmpada PAR com esse foco no laboratório.
Com os diferentes PAR ligados, conversamos sobre as diferenças de brilho, de
abertura do facho luminoso e observamos que sua luz também apresenta uma qualidade
difusa e que seu facho é ovalado e não redondo como no PC e no Fresnel.
55
Posteriormente falamos do ELIPSOIDAL. Como feito no PC, abro uma tampa da
carcaça e mostro a lâmpada HPL de 750 W e o espelho refletor no formato elíptico.
Algumas pessoas observam que não tem como mexer a lâmpada. Abro outra parte e mostro
o conjunto de duas lentes plano-convexas que se movimentam, aproximando e afastando
da lâmpada. Logo ligo o elipsoidal para todos verem o que acontece com a movimentação
das lentes. A primeira lente permite que o facho de abertura da luz aumente e diminua, e a
segunda possibilita deixar a luz concentrada e difusa semelhante ao PC e ao Fresnel. Em
seguida mostro a possibilidade de recorte de luz através das FACAS existentes nesse
equipamento. Mostro a ÍRIS e sua capacidade de abrir e fechar o facho de luz. Mostro o
PORTA GOBO e a possibilidade de uso de placas de metal resistentes a altas
temperaturas – os GOBOS, cujo significado em inglês é GO Before Optics - contendo
desenhos e formas, possibilitando a projeção de imagens e formas geométricas.
Após a exposição de todos esses equipamentos, o tempo da alua se esgota e acabo
não falando a respeito da segurança do trabalho com a iluminação cênica e nem mostrando
a cabine técnica do laboratório, como previa o plano da disciplina. O controle do tempo é
muito difícil de ser feito numa aula conduzida através de perguntas, pois existem
momentos em que a discussão se estende.
Comento rapidamente sobre a existência de outros tipos de equipamentos que o
laboratório não possui e encerro o encontro me colocando à disposição para responder
quaisquer dúvidas após a aula e em outros momentos.
Considero esse tipo de encontro exaustivo por tratar de vários termos técnicos e
diversas informações que são novidades para a maioria. Minha tentativa com essa
abordagem sobre as diferentes formas de manipulação da incidência da luz é criar uma
unidade comum entre todos os equipamentos – a manipulação da incidência da luz – para
que os discentes possam associar a existência de diferentes tipos de equipamentos para
cada tipo de luz.
O segundo encontro com a turma foi para realizar a minha proposição de
sensibilização da luz, compreendendo que na disciplina cuja carga horária total é a de 45
horas/aula para tratar sobre cenografia e iluminação simultaneamente não há nenhuma
condição de aprofundamento sobre quaisquer das áreas citadas. Por isso, elaborei uma
proposta de um exercício prático com o uso intuitivo dos equipamentos de emissão de luz
mostrados na aula anterior, pois os nossos encontros aconteceram seguidamente.
56
Quando classifico como uso intuitivo é porque não falarei antes sobre temas
relacionados às propriedades controláveis da luz como o posicionamento, a distribuição, a
forma, a intensidade, a cor, tempo e movimento, considerando-os pontos de atenção para
composição da luz no espaço e no tempo. Deixarei que a experimentação feita com a luz
no espaço provoque os questionamentos, dúvidas e constatações, mas atenta para os temas
citados a cima possam ser abordados durante o exercício.
A cada vez que um espetáculo se articula ele precisa relembrar seu lugar
no espaço e no tempo, se entender enquanto linguagem complexa, que
articula várias linguagens. Essas linguagens falam juntas ou não, criam
harmonias ou confusão, contraponto ou bagunça. Não tem mais sentido –
depois de todo o teatro do século XX – entender a iluminação hoje apenas
como desenho de luz no espaço, ela é primordialmente escritura no
espaço/tempo. O que significa dizer que a luz coloca seus desenhos no
tempo, como a música suas harmonias, e através do seu movimento
escolhe o que é visível ou não no espetáculo. Nesse sentido, é cúmplice
fundamental da direção na significação da encenação. Para isso precisa se
construir com o espetáculo. (SIMÕES, Pp. 132, 2015)
57
Fui respondendo a todos os questionamentos. Depois de alguns minutos solicitei ao grupo
um desenho que informasse para os técnicos de luz quais seriam os equipamentos e
acessórios usados, bem como qual o posicionamento deles e a forma de ligação dos
equipamentos.
O grupo apresentou o primeiro esboço do desenho:
58
Como essas indicações em mãos, eu e mais três pessoas do grupo dos técnicos de
luz subimos para a sala técnica para iniciarmos a montagem da iluminação. Nenhum
discente é obrigado a fazer a montagem ou subir. Pergunto antes se alguém tem interesse
em fazer a montagem e, mediante tal manifestação, os discentes sobem para a montagem.
É importante ressaltar que no LIE só existem varas de luz no entorno de toda a sala,
formando uma passarela que possui guarda corpo para o acesso e a passagem. Assim, não
utilizamos escadas para alcançar as varas de luz, o que reduz o risco de acidentes
relacionados à altura. Além disso, para acessar as varandas é preciso estar calçado com
sapato fechado, sem salto, calça e blusa que não impeça a movimentação, luvas de algodão
pigmentadas com borracha e capacete de proteção.
Durante a montagem fiquei conversando com a turma, perguntando sobre as etapas
da montagem e a forma de manuseio dos equipamentos. As pessoas que subiram
observaram todo o trabalho feito por mim e em alguns momentos experimentaram
manusear os equipamentos. Após o posicionamento de todos os projetores de luz, partimos
para a fase de conectá-los ao dimmer. Antes disso, porém, pedi ao grupo dos iluminadores
para que organizassem a distribuição dos equipamentos nos canais do dimmer.
Iniciamos a etapa de afinação da luz. Nessa hora é preciso fazer silêncio na sala
para que os iluminadores e os técnicos possam conversar. Os artistas devem ficar
disponíveis para fazer as marcações de cena.
Ao afinar a luz, o grupo percebe que para manter o desenho de luz redondo feito no
chão por um elipsoidal com íris, não seria possível iluminar o corpo todo das “estátuas”
nos cubos. E assim começamos uma discussão sobre a direção da luz, o ângulo de
inclinação do projetor de luz e o ângulo de incidência da luz. O grupo de iluminadores
optou por manter o desenho redondo da luz no chão, iluminando metade do corpo dos
artistas/estátuas.
Isso provoca questionamentos sobre a função da luz. É para iluminar ou criar
formas no espaço? Qual o sentido de não iluminar o todo? Com esses tipos de questões é
possível falar sobre o contraste de luz e sombra, a capacidade de seleção do que é visto que
a iluminação tem e a importância da presença dos artistas do espetáculo na hora da
afinação de luz, pois assim conseguimos visualizar se o direcionamento da luz está
iluminando-os ou não.
59
Após tantas indagações, restou pouco tempo da aula para a experimentação da
operação da luz, o que não permitiu o diálogo sobre as questões relacionadas ao tempo e
movimento da luz na cena.
Essa formulação aberta, sem muitos direcionamentos para a realização do exercício
de experimentação prático das etapas de criação da iluminação, da feitura de um esboço do
projeto da iluminação, da montagem e afinação dos equipamentos de luz, faz emergir do
grupo dúvidas, reflexões e perguntas a respeito do trabalho com a iluminação cênica que
estabelecem linhas de concepções que se realizam no grupo e vão de encontro com os
questionamentos individuais.
Essa divisão é feita na tentativa de exemplificar as etapas existentes no trabalho
com a iluminação cênica para que os discentes possam entendê-la como um elemento de
composição da obra artística, e ainda como um elemento relacionado à criação artística.
Acredito fortemente que é a vivência prática de todas essas etapas do trabalho com
a iluminação cênica – criação, feitura do projeto, montagem, afinação e operação – que
desperta o artista envolvido no exercício para a compreensão de todos os meandros nela
envolvidos. Mais ainda, é a vivência prática que sensibilizará o artista para um olhar
cuidadoso no trato para com a iluminação cênica.
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CONVERSANDO COM OS PARES
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abordando não só a iluminação, como também o figurino, maquiagem, a sonoplastia e
cenografia.
O segundo é responsável pela criação do software online LabLux, um aplicativo
que permite a criação de plantas baixas e documentações de um projeto de iluminação.
Além disso, no site onde o programa é disponibilizado (gratuitamente), o
<http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/apres.htm>, há um vasto acervo bibliográfico e
conteúdos sobre a área de conhecimento da iluminação cênica.
Camila (C): Ivo, me fale como é estruturado? Primeiro, o que é o laboratório, o que é o
projeto de extensão, se há essa diferenciação, se o projeto de extensão está dentro do
laboratório?
Ivo (I): O laboratório de iluminação ainda não está totalmente institucionalizado como
membro do departamento, mas fisicamente ele já existe. Digamos assim, é um espaço
que... através de uma bolsa de trabalho, depois de um cargo de técnico, depois de um
auxílio complementar dos professores, nós o capacitamos como um espaço físico que já
existia em termos de espaço. Nós condicionamos cada vez mais para esse fornecimento de
aparato tecnológico da iluminação acontecesse. Atualmente, o laboratório é composto por
salas como de administração, e outra com capacidade de distribuição de energia elétrica
entre os espaços, com estruturas de fixação e condicionamento para melhor posicionar os
equipamentos de iluminação. Este conjunto de salas (ou composição física) pode ser
descrito como o laboratório de iluminação. Ele se diferencia do projeto de extensão, uma
vez que este último foi criado através da ramificação das atividades de extensão do
departamento, possibilitando a criação de projetos que desenvolvam atividades
complementares como oficinas, workshops, e o evento A luz em Cena. O projeto de
extensão viabiliza a administração das atividades complementares, dando mais
63
espacialidade ao laboratório, que se complementam como novas partes do mesmo. Este
laboratório depende bastante dos bolsistas do projeto de extensão para interagir, no qual
existem acadêmicos que, através dos projetos de pesquisas, necessitam “beber” dos
espaços físicos e dos equipamentos para contribuir em suas atividades. Então, nesse
processo todo construímos a estrutura física dos espaços com a parafernália de iluminação,
e com o aparato técnico, além de criarmos atividades através do projeto de extensão
assinado por um professor e por um técnico.
C: O que vocês desenvolvem além do A Luz em Cena, você tem oficina prática durante o
semestre?
I: Foi pensado atividades modulares durante o semestre. No momento, diante dos recursos
escassos, foram desenvolvidas poucas atividades complementares, mas foi possível dividi-
las em módulos, por exemplo. Em outros anos, nós já tivemos módulos específicos como
Iluminação e Construção de Aparato Técnico para a Atividade de Teatro de Sombra.
Módulos com carga horária de 15 a 30 horas. Por exemplo, nós já tivemos módulos de 20 e
de 30 horas que se chamavam Eletricidade Básica para o Teatro, com foco em instalação
elétrica básica, que trouxeram estudantes para o laboratório e geraram inclusive bolsistas.
Uma delas foi a Priscila Costa que começou em uma atividade básica ministrada para o
teatro. Nós temos também um módulo chamado Montagem Prática de Iluminação Cênica,
o qual aplicamos em alguns espetáculos ou em disciplinas de final de semestre por meio de
workshop, para pessoas que querem colaborar com a montagem prática. Neste módulo, os
alunos obtêm conhecimentos sobre o tempo de montagem, tipos de aparelhos utilizados, a
passagem de cabeamento, as instruções de segurança, dentre outras atividades. São em
módulos como este que, além do aprendizado adquirido, acabam se destacando alguns
acadêmicos como, por exemplo, a Elisa Ribeiro do curso de Artes Cênicas. Ela aprendeu
iluminação num módulo prático e depois acabou fazendo outros módulos, se
especializando mais sobre iluminação. Realizou inicialmente projetos de iluminação pra
grupos aqui, e posteriormente para grupos musicais em outras cidades. Após isso, ela fez
mestrado na Inglaterra e hoje vive na França atuando em grupo como atriz e iluminadora.
Portanto, são nestes módulos que os alunos acabam tomando gosto pela iluminação,
desenvolvendo conhecimentos e se sensibilizando para ingressar na área da iluminação.
Alguns destes módulos, por exemplo a Criação Estética de Iluminação, nós convidamos
64
especialistas para ministrar algumas aulas, como um professor de Eletrotécnica do Instituto
Federal (atualmente, aposentado) que, com muito conhecimento teórico e prático, lecionou
várias aulas a respeito de eletricidade básica. Também convidamos aqueles que tinham
conhecimento de estética, de direção de iluminação. O Moura que já foi da graduação, do
mestrado e é doutorando atualmente, por exemplo é iluminador, conhece a parte técnica e
já lecionou um módulo de teatro de sombra, além de ter um curso em eletrônica que lhe dá
grande habilidade sobre os equipamentos relacionados à iluminação. É na busca por
pessoas que têm domínio prático muito grande que a gente constrói nossos módulos do
projeto de extensão, para que eles possam vir aqui aplicar esta metodologia de ensino, do
conhecimento da iluminação cênica.
I: É aberto para todos. O projeto de extensão ele tem esta função, de se estender à
comunidade em geral. Apesar da pouca adesão comunitária, já tivemos a grata surpresa de
ter inscrito nos nossos cursos: um aluno que veio de Goiás para fazer teatro de sombra; e
uma pessoa componente do Teatro Lumbra de Porto Alegre, que já tem uma fama
extraordinária nesta área, e ajudou a construir algumas ferramentas de teatro de sombra.
Inicialmente, pensávamos em atingir as comunidades acadêmica e artística próximas da
grande Florianópolis, mas tivemos estas surpresas agradáveis.
C: Muito bom! Você falou da relação da prática e da pedagogia. O que você entende como
pedagogia da iluminação cênica, caso seja possível sintetiza-la?
C: Porque me assusta muito quando alguém diz “não sou professor”! Qual a “didática” que
precisa ter para ser professor?! Fico pensando nisso, porque a gente dialoga muito com a
tecnologia. Então, como a gente organiza isso? Não estou dizendo que tem uma única
organização, mas como a gente organiza isso para poder compartilhar este conhecimento
de forma mais orgânica para as pessoas que irão estudar? Consegue me compreender?
I: Então, veja que seu questionamento vai de encontro com o intuito da minha proposta em
trazer várias pessoas de diferentes áreas. Por exemplo, trouxe o Alex de Sousa que fez
graduação, mestrado e está finalizando o doutorado aqui no Departamento de Artes
Cênicas da UDESC, o Irani que é da prática de iluminação, iluminador a bastante tempo, o
professor Sérgio Cunha que tem um grande conhecimento na área de eletricidade, na
66
disciplina de Eletrotécnica do Instituto Federal da Escola Técnica, dentre outros
integrantes. Todos eles têm muito domínio em suas atribuições, porém necessitavam
elaborar melhor o processo de dialogo, de compartilhamento de seus conhecimentos. Por
isso trazia pessoas de diferentes experiências para argumentarem esse conhecimento de
forma diferenciada, sendo que em alguns casos houve inclusive dificuldades para
argumentação durante as discussões, mesmo esse conhecimento já ser parte da vida diária
de alguns. Diante disso, nestas oficinas e palestras, nós construímos formas de articular
esta visão pedagógica, criando este novo “trânsito” do conhecimento. A iluminação se
transforma muito com a adaptação de sua compreensão em diversas situações. Ela se deu
ao longo do tempo, portanto o que temos que fazer hoje é construir esse novo “trânsito” do
conhecimento teórico, prático e diário, relacionados à grande bagagem destes profissionais.
Muitos inclusive não têm o título de professor, mas detêm conhecimentos que vão além de
uma magistratura. Talvez seja esse o motivo de alguns não se considerarem professores,
como você mencionou, mesmo que construam conhecimentos em alguns sem saber.
C: Sim, concordo com você. Ivo, foi maravilhosa a nossa conversa aqui! Tem alguma coisa
a mais que você queira falar?
I: Eu não sei, é você quem está transitando neste universo. Eu não sei o que você está
buscando nessa linha do conhecimento. Acho que a gente trabalha em situações paralelas,
de construir o que nos é permitido construir. Acho que hoje nós temos que construir esse
novo trânsito, esse novo caminho, porque estamos inseridos no mundo acadêmico e usando
o termo Conhecimento da Iluminação Cênica, sendo que este “conhecimento” está pouco
inserido na academia. Pessoas com título estão entrando e sendo muito valorizadas neste
meio, porém os demais conhecimentos ficam muito precários diante disso. Esta é a
situação em que nos encontramos.
C: A academia hoje, no Brasil, e isso eu posso dizer sem medo, está estruturada na área de
artes cênicas de tal maneira que não é capaz de formar o iluminador. Em nenhum lugar do
país, de norte a sul. Mas eu reflito isto que você mencionou, as pequenas inserções que
existem dentro da academia. São nelas em que cada um, ao seu modo, constrói o
iluminador. Na UFU, nós temos uma disciplina chamada Cenografia e Iluminação em que
o tema está inserido. A Nádia trouxe o exemplo de uma faculdade em que Iluminação
67
Cênica já é separada, são duas disciplinas de 60 horas. Mas estas inserções me trouxeram
algumas indagações. Comecei a investigar sobre a história da pedagogia na iluminação,
procurando saber qual o conhecimento deve-se construir primeiro? É o conhecimento
sobre refletor, da física por traz do refletor? Sobre eletricidade? Sobre segurança? Se é que
existe a possibilidade de elencar uma sequência metodológica de ensino... Compreende de
onde vem a minha inquietação?
I: Eu não estou conseguindo lembrar... não sei se foi em 2011, 2012 ou 2013 em que a
gente trouxe essa polêmica: qual o profissional que nós temos que formar na área de
iluminação? Ou quais são os profissionais? Existe uma variedade grande e chegamos a
uma convergência. Os principais, mesmo sabendo que tem muitos outros, seriam o
operador de iluminação, o técnico montador do aparato da iluminação e o “pensador” da
iluminação que é o iluminador. Houve um embate durante esses três anos sobre qual ou
quais profissionais formaríamos. Trouxemos um colega da Bahia para falar sobre um curso
de formação que existe lá, e discutimos sobre quais são os meios de formação do
conhecimento da iluminação no país, e a minha particularidade sobre o tema foi conduzida
no sentido de que hoje é preciso considerar também a formação do conhecimento técnico.
E o que seria esse conhecimento técnico? É preciso conhecer os aparatos, sobre
eletricidade, as conexões de sinais de rede, eletrônica? Se faz necessário entender sobre
esses vários meios e faze-los convergir em um caminho para a iluminação cênica,
formando assim um curso específico. Junto a isso, agregaríamos a parte filosófica, o
conhecimento sobre a gama e variedade de cores possíveis. Agora pensando na formação
de um iluminador como um curso superior, sem a parte do conhecimento técnico... Que
tipo de iluminador iríamos formar? Em um pensador? Um Caravaggio e suas pinturas?
Gordon Craig? Adolphe Appia? Brecht? Stanislavski? Um pensador da história da dança?
Ok, suponha-se que esse grande iluminador terá que circular com o seu espetáculo, ir para
a estrada... Ele não vai saber ao menos o que é um disjuntor? Não vai saber trabalhar com a
parafernália? Entender as variações na distribuição da luminosa que cada equipamento de
cada fabricante apresenta? Esse iluminador terá dificuldades em resolver diversas situações
inesperadas. Então precisa ser um curso que mescle a prática com a teoria? Qual tipo de
profissional nós temos que formar? Sempre debatemos sobre o tema sem chegar a uma
conclusão, mas sempre o trazemos à tona.
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C: Eu acredito que chegarei neste caminho de trazer à tona tal tema em meu trabalho...
I: Mas isto é um tema de dissertação, ou até tese! Eu acho que temas como este devem
apontar estes questionamentos. Como disse uma vez o Tudella: “Qual é o seu problema?
Não sei, eu não tenho problemas, tenho divergências e acho que trazer essas divergências à
tona farão com que elas sejam contestadas, e a partir disso se cria uma situação nova.”
C: Ivo, para finalizar, vou deixar registrado aqui o meu agradecimento pela disponibilidade
e atenção.
Nessa entrevista com o Ivo, pude perceber alguns pontos semelhantes à UFU. Um
deles é a forma de organização dos laboratórios e dos projetos de extensão. Os laboratórios
são os espaços físicos e a parte administrativa, e são através dos editais de melhoria dos
laboratórios e verbas destinadas a eles que nós fazemos a manutenção, adquirindo novos
equipamentos necessários para as atividades da graduação, de pesquisas e extensão
relacionadas ao curso de teatro. Como consequência, os projetos de pesquisa e extensão
usufruem dos espaços dos laboratórios para realizarem suas atividades. Portanto, existe
uma relação de coexistência entre o laboratório e os projetos de extensão.
As experiências sobre a organização modular de cursos de extensão, relacionados à
diversos saberes da iluminação relatados pelo Ivo, são de grande valia para pensarmos não
só a atuação dos cargos técnicos administrativos/cargos específicos, com também para
pensarmos que ações como estas desenvolvidas dentro da universidade torna-se o espaço
embrionário para futuros iluminadores, como no exemplo em questão.
Se antes, no início da carreira de iluminador aqui no Brasil, a “formação” acontecia
na relação entre mestre e aprendiz, como ainda acontece, na relação do iluminador e o
assistente de iluminação como o exemplo do Ivo, a universidade transforma-se em mais
um espaço de iniciação com o trabalho da iluminação cênica.
Quando o Ivo menciona sobre o “trânsito” do conhecimento, considero um novo
olhar para pensarmos a construção de conhecimento em iluminação, sobretudo nos espaços
das universidades, levando em consideração os saberes técnicos da iluminação, entendendo
estes como todos os saberes referentes ao funcionamento dos aparatos de iluminação. O
exemplo sobre a gama de conhecimentos teóricos e técnicos específicos que alguns
profissionais possuem, mas que não compreendem ou não conhecem o universo que
69
compõe a iluminação cênica como um todo, cria a necessidade de se construir vias que
possibilitem transitar sobre tais áreas desconhecidas. Isto contribuirá para a formação de
novos olhares e interpretações sobre a complexidade da iluminação, através de debates que
os instiguem a expor suas compreensões.
A entrevista com Valmir foi realizada por meio do programa Skype às 10 horas do
dia 19 de maio de 2017. Eu não consegui visualizá-lo, pois seu computador estava sem
câmera, por isso tive a sensação de uma conversa por telefone. O áudio da primeira parte
da nossa conversa não foi captado por falhas técnicas, mas comecei contextualizando o
Valmir sobre minha pesquisa, sobre o meu local de trabalho e um breve histórico sobre a
minha formação. E minha pergunta foi sobre como ele começou a carreira na iluminação e
seu ingresso como técnico de iluminação na Universidade Estadual de Campinas –
Unicamp. Valmir disse que o início de sua trajetória se assemelhava muito com a minha e
o áudio retorna.
Camila (C): Sim, eu conheço esta pós-graduação, inclusive também a fiz Valmir.
V: Eu gostei bastante do curso aqui em Campinas. Foi em 2014 que eu a fiz. Foi bem
interessante o curso. E hoje, no meu trabalho, estou só envolvido com projetos e
consultoria em várias áreas na iluminação, pois nós temos um técnico de montagem de
iluminação, por isso fui a fundo mesmo em aprender iluminação de verdade. Tive ótimos
mestres, inclusive o professor Paulo Scarazzato, aqui da universidade, e um amigo
também. Escrevi muito sobre iluminação na revista Lumi e Arquitetura, o que me levou a
estudar bastante e ainda continuo estudando. Em suma é isso. A minha carreira como
técnico da universidade provavelmente está quase terminando, pois irei me aposentar em
2019. Mas eu já estou trabalhando paralelamente aqui na universidade, ministrando alguns
cursos livres para não me desvincular totalmente daqui.
V: Tem espaço físico sim. É uma sala que tem uma boa infraestrutura, porém sempre
houve muito problema de recurso financeiro aqui, Camila. E nós temos isso até hoje,
enquanto que em outras áreas da universidade você não encontra, por exemplo. E não sei
em relação a este fato o tipo de investimento que se está fazendo (priorizando). A
71
impressão é que está cada vez pior, pois agora temos uma crise econômica no País. Mesmo
assim, temos um teatro que está quase pronto, e provavelmente o Laboratório de
Iluminação vai se mudar para lá, caso fique pronto antes de 2019. Enquanto isso, temos
uma estrutura e alguns equipamentos que não são muitos, mas resolve parte das nossas
demandas. Mesmo assim, esta precariedade não deveria acontecer em uma universidade
pública como esta, que está nos mais altos níveis de ranking mundial de universidades.
Acho que falta muito ainda para termos uma excelente estrutura. No momento, solicitei à
coordenação de cursos para que eu possa ser autorizado a ministrar cursos na área de
iluminação. Eu ministrava uma disciplina que era uma AR, na qual os alunos tinham a
opção de se matricular, mas por uma decisão interna do Instituto de Artes, os técnicos não
poderiam mais ministrar cursos da graduação. Foi então que conversei com eles
novamente, e citei exemplos de outros técnicos em outras faculdades que ministravam
disciplinas. Eles me disseram então que irão rever isso, e assim vou poder ministrar
novamente essa disciplina de Introdução à Iluminação, que acredito ser importante para a
formação dos alunos. Na medida do possível, estou aceitando estagiários, alunos da
universidade para estágio não remunerado de formação de complementação técnica.
V: Eu ofereço esta disciplina para a universidade toda, para todos os cursos. Já tive alunos
da Biologia que estavam trabalhando com uma pesquisa em uma área mais específica, na
qual envolvia o tema de iluminação. Por isso, eu os aceitava também. Além disso, eu
realizo consultorias para a universidade e para o meio externo também. Trabalho com
projetos de infraestrutura, por exemplo, de museus e para ambientes com iluminação
cênica. A prefeitura de Campinas inclusive já me procurou várias vezes, fiz e estou
fazendo projetos para ela relacionados à infraestrutura.
V: Na verdade, nós ainda não temos um teatro, o que temos é uma sala funcionando agora
com sistema digital, que tem uma boa mesa ETC, seis elipsoidais, doze equipamentos
PAR64, de seis a oito PCS de 1.000 e seis Fresnel. Não é uma infraestrutura considerável
72
pois a sala não é muito grande, por isso a quantidade de equipamentos é satisfatória. Mas
atualmente, estamos comprando mais elipsoidais e aos poucos vamos aumentando nossos
recursos. No dia em que tivermos o teatro pronto, a infraestrutura vai exigir que tenhamos
um aparato de iluminação melhor para atender o espaço.
C: E como que é, Valmir, o acesso dos alunos aos equipamentos, ou até mesmo na
montagem? Pergunto isso porque estou me deparando com a questão de Segurança do
Trabalho, junto à equipe responsável da UFU, uma vez que trabalho com eletricidade e em
altura. Isto gerou alguns questionamentos dentro do curso, por parte inclusive dos alunos e
estagiários, que não são treinados e/ou remunerados de acordo com os riscos eminentes ao
exercer tais atividades relacionadas ao meu trabalho. Enfim, queria saber um pouco como
que funciona na Unicamp? Como os estagiários ou até mesmo os alunos da graduação
realizam as atividades relacionadas à iluminação? Pois nós temos alunos que se interessam
e falam: - Camila, eu queria te ajudar em uma montagem para poder aprender.
C: Compreendo... Me instigou aqui. Muitas vezes me questiono: como estes alunos vão a
ver luz? Eu entendo a forma como você trabalha, e realmente concordo sobre os riscos do
nosso trabalho. Nós não vamos formar técnicos, mas estou propondo metodologias
alternativas de ensino. Eu fiz algumas experiências, por exemplo, de colocar os alunos para
manusear o projetor de luz no chão, a princípio, para começarem a ver luz, a enxergar luz.
E neste viés de ensino existem vários estilos, profissionais da nossa área que fazem várias
experiências. O Ronaldo em Natal trabalha muito com lanterna, lanterna de celular, para
poder fazer o pessoal enxergar...
V: Quando você fala em enxergar luz, o que é enxergar luz para você?
V: Mas isto é, na verdade, uma percepção estética, que você pode utilizar outras
ferramentas inclusive, como a pintura. Agora, não adianta se a pessoa não tem uma
formação estética de cor-luz. Ela não vai enxergar tanto nos quadros como no mundo real.
Por isso, o conhecimento estético é extremamente importante, ele caminha junto com o
conhecimento técnico. Não é porque o aluno tem um equipamento na mão que, ao trocar a
cor, ele vai enxergar. O conhecimento estético envolve outro tipo de informação, mais
subjetiva. Nós trabalhamos em uma área diferente da física, que trabalha com o mundo
objetivo. A arte trabalha com o mundo subjetivo, um mundo de símbolos, de sinais, um
mundo mais invisível, esse mundo invisível que nos valora, que nos dá valor. Portanto, a
física trabalha com o que é concreto, e a arte é mais metafísica, trabalhando com o
subjetivo disso. Agora, é importante sim ter os cursos técnicos. Acho que a universidade
poderia olhar mais para esse tipo de demanda. Por exemplo, na construção civil são muito
raros os cursos de pedreiro, de marceneiro, de telhadista, de carpinteiro, de azulejista,
74
dentre outros. É muito raro. Não é só a nossa profissão que tem esse problema. Agora, para
ministrar um curso com este viés, seriam necessárias as seguintes exigências: a
responsabilidade por parte do estado; e que os alunos tenham curso de NR-35 e NR-10
antes de realizarem o curso, para assinarem documentos comprobatórios de que estão aptos
para executar atividades em altura e eletricidade. Assim, você poderia ministrar o curso
sem maiores consequências. Vale ressaltar que toda a estrutura do local, equipamentos,
ferramentas, dentre outros itens, deverão estar de acordo com as normas e fiscalizados pela
equipe técnica de segurança da universidade.
V: Sim, isso é o básico que todo designer de iluminação, todo light designer tem que ter.
Quantos equipamentos você vai usar em determinado ambiente se não sabe calcular o
ângulo de abertura? Se você não entende, arbitra qualquer valor. Desta forma, qualquer um
pode fazer. Realmente faz sentido os alunos terem algum conhecimento técnico. Mas para
isso, é como te disse, precisam ter cursos de NR-10, NR-35, e todo um respaldo técnico
para você, que será responsável pela disciplina.
V: Depois vamos conversar mais. Se eu puder passar algum material... Você já entrou na
coletânea de arquivos do laboratório?
V: Vamos conversar mais! De vez em quando a gente vai marcando encontro. Mesmo no
seu mestrado, eu coorientei muita gente no mestrado no sentido de ajudá-los a formatar o
trabalho de uma maneira simplificada. Sempre estou ajudando alguém, o pessoal me
procura aqui, e sempre tento contribuir de alguma forma.
C: Valmir, eu estou em uma fase final, posso mandar meu material para você analisar. O
que eu falava para o Sávio é que o lugar de atuação dele é diferente do meu, é diferente do
nosso. Nós somos técnicos, eu não posso negar isso. E eu falava: - Não, Sávio, eu preciso
falar com alguém que me entenda.
C: Sim.
V: Graduada em Teatro. Então você não é técnica apenas. Você é uma profissional de
Teatro exercendo uma função técnica, por enquanto. Quando você obtiver o grau de
Mestre, você poderá contribuir mais com os projetos de iluminação. Mas você já não é
mais técnica, é uma profissional do Teatro.
77
C: Mas quando eu falo isso, é especificamente no espaço da universidade. Porque algumas
atividades que eu tenho vontade de fazer não são permitidas, pois existem limitações. Por
exemplo, a gente tem uma disciplina que é Cenografia e Iluminação, com uma carga
horária de 60 horas para comtemplar os dois conteúdos.
V: Caramba! Foi o Sávio que criou isso. Ele falou para mim que iria criar mesmo, mas é
ótimo e a gente conversou muito sobre isso.
C: Eu estava pensando sobre isso. Na UFU, nós não temos um professor que é da área,
nem de cenografia nem de iluminação. Então, como que eu contribuo com essa disciplina?
Eu não posso ministrar a disciplina sozinha. Então quando eu falo `técnica’ é esse lugar
delimitado, entende?
V: Porque a universidade já devia ter visto isso há muito tempo. É a discussão que eu tenho
aqui também, inclusive já conversei com eles (Instituto de Artes), e até mesmo com o
reitor, para buscar valorizar seus servidores qualificados, independente se são docentes ou
técnicos.
C: Temos sim! Muito bem, Valmir. Foi muito bom te ouvir, de verdade. Obrigada pela sua
disponibilidade e atenção, vamos nos falando...
Com base na conversa que tive com Valmir Perez, pude observar a importância no
desenvolvimento das atividades ligadas à iluminação, no tocante da segurança dos alunos
ao trabalhar em atividades em altura e em eletricidade. Devemos seguir as normas que
regem estas atividades, além de todo um aparato de segurança necessário para exercer tais
funções. Dadas todas estas circunstâncias, como ensinar para eles o que é a luz, como
pensar sobre a luz, como projeta-la, como executa-la, quais limitações físicas/técnicas nos
deparamos na montagem de um mapa de luz?
Valmir também concorda com tais indagações, uma vez que ele destaca a
importância de andarem juntos os conhecimentos técnico e estético na formação destes
artistas (semelhante ao que foi observado na conversa que tive com Ivo Godois, por meio
do “trânsito” do conhecimento). Existe uma preocupação relacionada sobre como estes
alunos no futuro irão construir suas propostas artísticas, sem saber ao menos por onde
começar (“começar” no sentido de trazer do abstrato, do mundo subjetivo que é a Arte,
para a realidade concreta, para a física).
Os desafios que nos deparamos dentro da universidade são grandes. Existem
limitações que são impostas a nós (técnicos), as quais não nos permitem desenvolver
atividades que colaborariam na construção artísticas destes alunos, por meio de disciplinas
lecionadas por nós, por exemplo. Nossa formação muitas vezes vai além das atividades que
para nós são atribuídas devido ao cargo. Necessita-se de uma maior abertura por parte das
universidades em reconhecer nossa capacidade para contribuir na formação destes artistas.
79
Ú
L
T
I
M
O
MOVIMENTO
PARA ONDE ESTOU INDO
Ao fim deste exercício de escrita e reflexão que motivou esta pesquisa, já considero
naturais as mudanças de percurso que atravessei neste processo. Inicialmente, a minha
ideia era a de tão somente identificar as funções e responsabilidades de outros cargos
técnicos, como o meu em outras universidades do País para que, assim, eu conseguisse
refletir sobre o desenvolvimento do meu próprio trabalho e chegar a alguma conclusão a
respeito de como se dá o ensino da iluminação dentro do ensino superior.
Foi a partir do entendimento do quanto o cargo de Diretora de Iluminação que
ocupo tem de pedagógico, que os rumos da minha pesquisa se estabeleceram como agora.
Se configurava impossível não abordar o vastíssimo campo de conhecimento que a área da
iluminação cênica abarca – o que chamo de multiplicidade ao longo de todo o trabalho – e
o que isso implica para a formação do artista familiarizado com a luz. Ao mesmo tempo,
foi dando-me conta de como o discente desconhece quase que por completo essa amplitude
de conhecimentos da área, que a pedagogia se tornou elemento preponderante para essa
dissertação.
Não pretendo apresentar ao final dessa pesquisa uma forma ou método de
organização pedagógica quanto ao ensino da luz; aliás, esta é uma das conclusões a que
chego agora: não existe uma única ou correta forma para o ensino da iluminação. O que se
há é a necessidade premente de envolver docentes e discentes em um processo integrado de
criação e de concepção da luz como mais um dos elementos da cena. Este discurso, de
certa maneira óbvio para os familiarizados com arte é, curiosamente, em grande parte
subestimado dentro do ambiente educacional. Aí reside a minha inquietação – e é a partir
daí que chego às duas próximas conclusões apresentadas a seguir.
A primeira delas é que é necessário estabelecer claramente o quanto a formação do
iluminador cênico é diferente da formação de um artista que precisa estar familiarizado
com a luz. Para a primeira, um rol de conhecimentos extremamente técnicos e estéticos se
faz necessário; enquanto que, para a segunda, prevalecem a noção do quanto a iluminação
muda as percepções de si mesmo no espaço cênico, das cores de figurinos e cenários, bem
como do quanto a luz forma opiniões e emoções no público, que também interage com ela.
Por estarem dentro de um processo que não privilegia esta tomada de consciência, vejo os
discentes pouquíssimos cientes das suas próprias criações com a iluminação, quando não
81
refutando completamente a noção de que para se fazer iluminação é preciso olhar para um
espectro bem amplo de conhecimentos.
Chego à conclusão seguinte sobre como é importante e urgente que eu modifique e
reveja as minhas práticas a fim de que o processo pedagógico favoreça a tomada de
consciência pelos discentes comentada no parágrafo anterior. Como Diretora de
Iluminação de uma Universidade federal, entendo que preciso construir e modificar a
cultura existente sobre o trabalho do iluminador. É preciso convocar professores e alunos
como seres ativos desde o início do processo de criação; estamos falando de mudanças de
hábitos e de procedimentos pedagógicos na instituição. É preciso criar espaços, dentro
dela, para o exercício com a iluminação. Por que propomos disciplinas de improvisações
teatrais ignorando a utilização da luz como um dos elementos que compõem este jogo?
Perguntas como essas talvez sejam naturais do ponto de vista histórico no contexto
brasileiro, onde o reconhecimento da iluminação como área de conhecimento (sobretudo
artístico) é ainda novo, raso, um quase “recém-chegado”. Só conseguiremos transformar os
sinais do tempo a partir da transformação de nossas próprias práticas, a começar pelo
entendimento do caráter pedagógico dos cargos técnicos, como o que ocupo, dentro das
instituições de ensino. Relações pedagógicas não acontecem só dentro da sala de aula, mas
em todas as etapas da iluminação; a forma como eu me apresento é mais ou menos
pedagógica (se escolho o silêncio e não a explanação, por exemplo, posso deixar de
compartilhar um aspecto ou outro do conhecimento com quem está a minha volta).
Se defendo que o técnico é também um professor? Não, definitivamente. Mas
tampouco é ele um fazedor de rituais meramente operacionais, desligados de qualquer
pensamento crítico e criativo. Ao contrário: tomando como referência a minha própria
prática e as dos pares com quem falei ao longo deste trabalho, vê-se que iniciativas do
corpo técnico ajudam a fomentar espaços de experimentação com a iluminação, no
sentindo de integrá-la aos demais componentes do espetáculo cênico. São ações
fundamentais para o desenvolvimento de práticas, pensamentos e, sobretudo estudos sobre
iluminação cênica. Continuemos!
82
Fio sem fim
para o Armando
Laura Liuzzi
83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BONDIA, Jorge Larrosa. Notas sobre experiência e o saber de experiência. In: Revista
Brasileira de Educação. n. 19. São Paulo, p. 20 – 28, jan/fev/mar/abr, 2002.
BONFANTI, Guilherme. Desenho de luz – Traquitanas. Revista Sala Preta, vol. 12, n. 2,
p. 256-259. São Paulo, dez 2012.
CAMARGO, Roberto Gill. Palco & Plateia. Sorocaba, SP: TCM – Comunicação, 2003.
240 p.
CAMARGO, Roberto Gill. Função Estética da Luz. São Paulo: Perspectiva, 2ª Edição,
2012.
DE ARAÚJO, José Sávio Oliveira. A cena ensina: uma proposta pedagógica para
formação de professores de teatro. 2005. 177 p.. Tese (Doutorado em Educação) Centro de
Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2005.
DULTRA, Pedro. Em_Cena O Iluminador. Rio de Janeiro: Música & Tecnologia, 2013.
164 p.
FERRACINE, Renato, TROTA, Rosyane, BRAGA, Bya. Pesquisa em Artes Cênicas. In:
ISAACSSON, Marta (Coordenação) Tempos e Memórias: vestígios, ressonâncias e
mutações. P. 191-199. Porto Alegre: Editora AGE, 2013.
84
FLORENTINO, Adilson. Teatro e epistemologia: crônica de uma relação no campo do
conhecimento. Revista OuvirOUver, n. 3, p. 153-170. Uberlândia – MG, 2007.
FREIRE, Paulo. Por uma Pedagogia da Pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985. 85
p.
LUCIANI, Nádia Moroz. Design Cênico: Um caminho possível para a criação da luz e a
formação do iluminador. Artigo apresentado no Seminário de Iluminação Cênica – SELUZ
- A luz em cena – V Encontro Catarinense de Iluminação Cênica. Florianópolis: 2013.
PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. 10 Ed. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2010.
256 p.
PEDROSA, Israel. O Universo as Cor. 5 reimp. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2012.
160p.
85
PEREZ, Valmir. Desenho de iluminação de palco: pesquisa, criação e execução de
projetos. 2007. 156 p.. Dissertação (Mestrado em Multimeios) Universidade Estadual de
Campinas, Instituto de Artes, Campinas, 2007.
SIRLIN, Eli. La luz em teatro, manual de iluminación. Buenos Aires: Instituti Nacional
del Teatro, 2005. 362 p.
86
ANEXOS
87
ANEXO I
88
89
90
ANEXO II
o
PLANO DE CURSO PARA O 1 SEMESTRE DE 2011
Disciplina Código:
Cenografia e Iluminação GTE 015
Professor (a): Mara Lucia Leal
Colaboradores: Técnicos Camila Tiago, Cátia Vianna, Emilliano Freitas
Cursos: Disciplina:
Teatro, Artes Visuais, Decoração e Arquitetura Obrigatória ( X ) Teatro
Optativa ( X ) Outros
C. Horária: 45h Departamento: DEMAC
Horário de aula: 8:50h – 11:30h (sexta) Sala: Encenação/Blocos I e 3Q
Horário de atendimento: A combinar Sala: Professores
Objetivos gerais:
Desenvolver habilidades em resolver os problemas do contexto cênico em termos espaciais, visuais e plásticos em
articulação à expressividade da iluminação cênica (climas, claros e escuros, demarcação de áreas, funções das cores,
black-out). Promover a compreensão da função do cenógrafo e do iluminador.
Ementa:
O cenário e a luz como elementos integrados entre si e ao espetáculo: sua concepção, estudos, projetos, estudo de
materiais, apresentação. Evolução histórica do espaço cênico e da iluminação cênica. Princípios estéticos e técnicos
da cenografia e da iluminação teatral.
Conteúdo programático:
1 (25/02) – Participação nas atividades de abertura do semestre.
2 (04/03) – Apresentação da disciplina. Aprovação do Plano de Curso. História da iluminação cênica.
3 (18/03) - Características e funções da luz; Eletricidade básica; Mapas e roteiros de operação de iluminação.
(Camila Tiago).
4 (23 a 27/03) – Participação nas atividades de montagem de iluminação e cenografia dos espetáculos do FATU.
Relatório dos aspectos cênicos de um dos espetáculos. (aula de campo).
5 (25/03) 10h - História da Cenografia com o professor convidado Paulo Merisio.
6 (01/04) – Leitura e Decupagem do texto escolhido para a montagem do Estágio de Interpretação II;
7 (08/04) - Encontro com os professores responsáveis pela Disciplina de Estágio de Interpretação II sobre a
concepção da montagem; Discussão sobre o projeto de cenografia e iluminação para a montagem.
8 (15/04) - Relações entre cenografia e figurino (Cátia Vianna).
9 (29/04) - Espaço cênico: Tipologia dos espaços cênicos; Estudo dos equipamentos da caixa cênica (Emilliano
Freitas).
10 (01 a 08/05) – Participação nas atividades de montagem de iluminação e cenografia dos espetáculos do Festival
Ruínas Circulares. Relatório dos aspectos cênicos de um dos espetáculos. (aula de campo).
11 (13/05)- Materiais de iluminação cênica e lâmpadas; Posicionamento, quantidade e qualidade da luz; Teoria das
cores e filtros de cor; Efeitos especiais de iluminação (Camila Tiago).
12 (20/05)– Aula sobre equipamentos no Teatro Rondon Pacheco ou Pontapé (Camila Tiago e Emilliano Freitas).
13 (27/05) – Elaboração de um projeto de cenografia: meios de expressão: escala; planta baixa, elevações e maquete
(Emilliano Freitas). Sala com mesa prancheta (Bloco 3Q).
14 (03/06) – Aula prática com programas de iluminação (Camila Tiago). Laboratório de Informática Bloco I.
15 (10/06) – Aula prática com programas de cenografia (Emilliano Freitas). Laboratório de Informática Bloco I.
16 – Prática das atividades de iluminação cênica e cenografia. Essa aula será realizada ao longo do semestre quando,
em grupos, os alunos acompanharão as atividades diárias dos técnicos em horário escalonado por eles.
17 – (16 a 22/06) Participação na montagem de iluminação e cenografia e operação de luz nos trabalhos de
finalização das disciplinas durante a semana de encerramento do curso.
18 (01/07) – Encontro para avaliação do semestre e entrega dos relatórios, mapa de luz e planta baixa.
91
Critérios de Avaliação:
20 pts Participação nas atividades, assiduidade, leitura dos textos.
20 pts Acompanhamento das atividades do Cenógrafo e da Diretora de Iluminação do Curso.
40 pts Projeto de cenografia e iluminação para uma montagem cênica ou finalização de disciplina prática do
curso.
20 pts Acompanhamento da montagem de cenografia e iluminação de dois espetáculos e Relatório escrito das
atividades realizadas.
Bibliografia:
Básica
CAMARGO, Gilberto Gill. Função Estética da Luz. São Paulo: Sorocaba: TCM Comunicações, 2000.
MACHADO, Raul José de Belém (coord.). Oficina cenotécnica - Taller escenotécnica. Rio de Janeiro: Funarte,
1997.
NERO, Cyro del. Cenografia – uma breve visita. São Paulo: Ed. Claridade, 2008.
SARAIVA, Hamilton. Eletricidade Básica para Teatro. Rio de Janeiro: MEC / INACEN, 1977.
SERRONI, José Carlos (coord.). Oficina arquitetura cênica - Taller arquitectura escénica. Rio de Janeiro: Funarte,
1997.
Complementar
CHAVES, Roberto. O Eletricista e Você. São Paulo: Ed. de Ouro, 1987.
CRUZ, Osmar Rodrigues. O Teatro e sua Técnica. São Paulo. Livraria Teixeira, 1960.
PILBROW, Richard. Stage Lighting. New York, NY: Von Nostrand Reinhold Co., 1970.
HOGGET, C. Stage Crafts. Londres: Adam & Charles Black, 1975.
KELLER, Max. Light Fantastic – the art and design of stage lighting. Munich; London; New York: Prestel, 1999.
KOSOVSKI, Lídia. Teatro e encenação: um olhar sobre o palco. Rio de Janeiro, 1992. Dissertação (Mestrado em
comunicação). ECO, UFRJ, 1992.
MANTOVANI, Ana. Cenografia. São Paulo: Ática, 1989.
MERIZ, Paulo Ricardo (Paulo Merisio). O espaço cênico no circo-teatro: caminhos para a cena contemporânea. Rio
de Janeiro, 1999. Dissertação (Mestrado em Teatro). Centro de Letras e Artes. Programa de Pós-graduação,
UNIRIO, 1999.
MEYER, H.B. e Cole, E.C. Scenery for the Theatre - The organization, Processes, Materials and Techiniques Used
on the Stage. Boston, Massachusetts (EUA): Rev. Ed. 1972.
POIESES – Associação Nacional de Professores e Diretores de Teatro Universitário. Revista da Poiesis: Os espaços
cênicos. Blumenau, Universidade Regional de Blumenau, n. 02, 1993.
RANGEL, Otavio. Técnica Teatral. Rio de Janeiro: STN, 1949.
RATTO, Gianni. Antitratado de Cenografia. São Paulo: SENAC, 1999.
ROUBINE, Jean-Jacques. A linguagem da encenação teatral. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1982.
REID, Francis. The Stage Lighting Handebook. LONDRES: Adam and Charles Black, 1982.
SELLMAN, Hunton D. Técnica Teatral Moderna. Buenos Aires: Ed. Universitária de Buenos Aires, 1963.
SERRONI, José Carlos (Org.) Teatros – uma memória do espaço cênico no Brasil. São Paulo: SENAC, 2002.
SOUTHERN, Richard. Manual sobre a Montagem Teatral. Lisboa: Moraes Ed. 1979.
STERN, Lawrence. Stage Management. Boston e Londres: Allyn and Bacon, 1982.
URSSI, Nelson José. A linguagem cenográfica. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Artes
Cênicas, ECA, USP, 2006.
__________________________________
Profa. Mara Lucia Leal
92
ANEXO III
o
PLANO DE CURSO PARA O 1 SEMESTRE DE 2012
Disciplina Código:
Cenografia e Iluminação GTE 015
Professor (a): Mara Lucia Leal
Colaboradores: Técnicos Camila Tiago e Emilliano Freitas
Cursos: Disciplina:
Teatro, Artes Visuais, Decoração e Arquitetura Obrigatória ( X ) Teatro
Optativa ( X ) Outros
C. Horária: 45h
Horário de aula: 19:00h – 21:40h(quinta) Sala: Encenação/Blocos I e 3Q
Horário de atendimento: A combinar Sala: Professores
Objetivos gerais:
Desenvolver habilidades em resolver os problemas do contexto cênico em termos espaciais, visuais e plásticos em
articulação à expressividade da iluminação cênica (climas, claros e escuros, demarcação de áreas, funções das cores,
black-out). Promover a compreensão da função do cenógrafo e do iluminador.
Ementa:
O cenário e a luz como elementos integrados entre si e ao espetáculo: sua concepção, estudos, projetos, estudo de
materiais, apresentação. Evolução histórica do espaço cênico e da iluminação cênica. Princípios estéticos e técnicos
da cenografia e da iluminação teatral.
Conteúdo programático:
1 (01/03) – Apresentação da disciplina. Aprovação do Plano de Curso. Palestra com o iluminador Jorginho de
Carvalho.
2 (08/03) – História da iluminação cênica. Leitura: CAMARGO, Gilberto Gill. Função Estética da Luz
3 (15/03) – (aula de campo) no Teatro do SESI (Uberaba) – Camila e Emilliano
4 (22/03) – Características e funções da luz; Eletricidade básica; Mapas e roteiros de operação de iluminação.
(Camila Tiago).
5 (29/03) - História do Espaço Cênico. Leituras: NERO, Cyro del. Cenografia – uma breve visita e URSSI. A
linguagem cenográfica. (Emilliano Freitas).
6 (05/04) –Tipologia dos espaços cênicos; Estudo dos equipamentos da caixa cênica (Emilliano Freitas). Leitura:
VIANA e REBOUÇAS. Espaço e luz: as parcerias da cenografia e da iluminação.
7 (12/04) – Materiais de iluminação cênica e lâmpadas; Posicionamento, quantidade e qualidade da luz. (Camila
Tiago).
8 (19/04) – Divisão em grupos para apresentação e discussão dos projetos de instalações cênicas a partir das cenas
escolhidas para acompanhamento.
9 (26/04) – Elaboração de um projeto de cenografia: meios de expressão: escala; planta baixa, elevações e maquete
(Emilliano Freitas). Sala com mesa prancheta.
10 (03/05) – Participação nas atividades de montagem de iluminação e cenografia dos espetáculos do Festival
Ruínas Circulares. Relatório dos aspectos cênicos de um dos espetáculos. (aula de campo).
11 (10/05) – Teoria das cores e filtros de cor; Efeitos especiais de iluminação (Camila Tiago).
12 (17/05) – Aula prática com programas de iluminação (Camila Tiago). Laboratório de Informática Bloco I.
13 (24/05) – Aula prática com programas de cenografia (Emilliano Freitas). Laboratório de Informática Bloco I.
14 (31/05) – Prática das atividades de iluminação cênica e cenografia. Essa aula será realizada ao longo do semestre
quando, em grupos, os alunos acompanharão as atividades diárias dos técnicos em horário escalonado por eles.
15 (14/06) – Montagem e apresentação das instalações cênicas dos alunos.
16 (21/06) – Montagem e apresentação das instalações cênicas dos alunos.
17 (28/06) – Participação na montagem de iluminação e cenografia e operação de luz nos trabalhos de finalização
das disciplinas durante a semana de encerramento do curso (25 a 29/06).
18 (05/07) – Encontro para avaliação do semestre e entrega dos relatórios, mapa de luz, cenografia e planta baixa.
93
Critérios de Avaliação:
20 pts Participação nas atividades, assiduidade, leitura dos textos.
20 pts Acompanhamento das atividades do Cenógrafo e da Diretora de Iluminação do Curso.
40 pts Projeto de cenografia e iluminação e plantas baixas para uma montagem cênica ou de finalização de
disciplina prática do curso.
20 pts Acompanhamento da montagem de cenografia e iluminação de dois espetáculos e Relatório escrito das
atividades realizadas.
Bibliografia:
Básica
CAMARGO, Gilberto Gill. Função Estética da Luz. São Paulo: Sorocaba: TCM Comunicações, 2000.
MACHADO, Raul José de Belém (coord.). Oficina cenotécnica - Taller escenotécnica. Rio de Janeiro: Funarte,
1997.
NERO, Cyro del. Cenografia – uma breve visita. São Paulo: Ed. Claridade, 2008.
ROUBINE, Jean-Jacques. A linguagem da encenação teatral. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1982.
SARAIVA, Hamilton. Eletricidade Básica para Teatro. Rio de Janeiro: MEC / INACEN, 1977.
SERRONI, José Carlos (coord.). Oficina arquitetura cênica - Taller arquitectura escénica. Rio de Janeiro: Funarte,
1997.
Complementar
BRITO, Davi de. A trajetória de um iluminador (entrevista). Revista da Escola Superior de Artes Célia Helena.
N. 1, 2009.
CHAVES, Roberto. O Eletricista e Você. São Paulo: Ed. de Ouro, 1987.
CRUZ, Osmar Rodrigues. O Teatro e sua Técnica. São Paulo. Livraria Teixeira, 1960.
PILBROW, Richard. Stage Lighting. New York, NY: Von Nostrand Reinhold Co., 1970.
HOGGET, C. Stage Crafts. Londres: Adam & Charles Black, 1975.
KELLER, Max. Light Fantastic – the art and design of stage lighting. Munich; London; New York: Prestel, 1999.
KOSOVSKI, Lídia. Teatro e encenação: um olhar sobre o palco. Rio de Janeiro, 1992. Dissertação (Mestrado em
comunicação). ECO, UFRJ, 1992.
MANTOVANI, Ana. Cenografia. São Paulo: Ática, 1989.
MERIZ, Paulo Ricardo (Paulo Merisio). O espaço cênico no circo-teatro: caminhos para a cena contemporânea. Rio
de Janeiro, 1999. Dissertação (Mestrado em Teatro). Centro de Letras e Artes. Programa de Pós-graduação,
UNIRIO, 1999.
MEYER, H.B. e Cole, E.C. Scenery for the Theatre - The organization, Processes, Materials and Techiniques Used
on the Stage. Boston, Massachusetts (EUA): Rev. Ed. 1972.
POIESES – Associação Nacional de Professores e Diretores de Teatro Universitário. Revista da Poiesis: Os espaços
cênicos. Blumenau, Universidade Regional de Blumenau, n. 02, 1993.
RANGEL, Otavio. Técnica Teatral. Rio de Janeiro: STN, 1949.
RATTO, Gianni. Antitratado de Cenografia. São Paulo: SENAC, 1999.
REID, Francis. The Stage Lighting Handebook. LONDRES: Adam and Charles Black, 1982.
SELLMAN, Hunton D. Técnica Teatral Moderna. Buenos Aires: Ed. Universitária de Buenos Aires, 1963.
SERRONI, José Carlos (Org.) Teatros – uma memória do espaço cênico no Brasil. São Paulo: SENAC, 2002.
SOUTHERN, Richard. Manual sobre a Montagem Teatral. Lisboa: Moraes Ed. 1979.
STERN, Lawrence. Stage Management. Boston e Londres: Allyn and Bacon, 1982.
URSSI, Nelson José. A linguagem cenográfica. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Artes
Cênicas, ECA, USP, 2006.
__________________________________
Profa. Mara Lucia Leal
94
ANEXO IV
95
96
ANEXO V
PLANO DE ENSINO
45 15 60
EMENTA DA DISCIPLINA
Ementa: Estudo e vivência das regras e fundamentos dos Jogos Teatrais de Viola Spolin A
consciência sensorial, a relação do espaço no aqui e agora, revezamento entre jogadores da platéia
e palco, foco determinado na orientação de cada sessão, evidenciando elementos de teatralidade
para o fazer teatral contemporâneo particularmente a relação com textos narrativos.
JUSTIFICATIVA
De acordo com os objetivos gerais PPP que pretende formar o profissional com capacidade de
relacionar a prática com teoria, as leituras concernentes ao jogo teatral irão subsidiar o próprio
fazer. As reflexões a partir de apontamentos dessas leituras serão tecidas tendo como ponto de
partida a própria experiência prática em jogo. Ainda de acordo com esse documento, pretende-se
por meio da presente disciplina desenvolver o enriquecimento pessoal no estudante fundado na
sensibilidade e especialmente refletir sobre o papel social do teatro.
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
97
Objetivos gerais:
- Experimentar o trabalho sensorial e de fisicalização a partir da resolução de problemas da área de
jogo com princípio no envolvimento e a interação.
- Oportunizar a vivência da tríade do jogo teatral: foco, Instruções e avaliação e a inserção do
espaço, de elementos luminosos e da narrativa como pontos de partida.
Objetivos Específicos:
Apropriar-se de seqüência de aquecimento de articulações e alongamento como preparação
individual e sensorial para o campo de jogo.
- Apropriar-se de jogos tradicionais de corrida, de perseguição e de adivinhação como preparação
grupal (concentração, envolvimento, foco, etc...).
- Conceituar e contextualizar o spolin games, diferenciar da abordagem do Jogo dramático de
linhagem francesa e associá-lo a outros sistemas de improvisação e jogo.
- Incorporar o espaço, os objetos, as narrativas textuais e as possibilidades de iluminação como
ponto de partida ou de diálogo no campo de jogo.
PROGRAMA
1ª unidade – Definição de “Jogo Teatral”. A tríade quem, onde, o que. Blablação e Planta Baixo. A
inserção de elementos luminosos. Pensando o espaço “escolar”. O espaço como indutor de jogo.
2ª unidade – A inserção de narrativas ao jogo teatral. A interferência do espaço.
3ª unidade – Re-jogo. Escolhas estéticas como indutoras de jogo.
4ª unidade – Re-jogo: os indutores para uma produção cênica ou seminário externo para a
finalização do semestre.
METODOLOGIA
O trabalho será realizado em forma de oficinas, com fichamentos de textos pertinentes aos temas
que serão discutidos em sala; apreciação de vídeos, músicas e outros recursos visuais que possam
aprofundar e enriquecer o trabalho. Durante todas as sessões de trabalho, dois ou mais estudantes
serão convidados a realizar o “Protocolo”. Na semana seguinte, a sessão se inicia com a apreciação
desses protocolos. Haverá ainda aproveitamento de programação artística do semestre que
possibilitar debates acerca da formação em jogo e do artista/professor de maneira geral. Caso seja
possível, por razões orçamentárias e técnicas será realizada uma aula de campo com processo
98
criativo que tenha como fundamento de criação o jogo teatral. Algumas aulas serão realizadas
externamente à sala de aula e mesmo ao Campus Santa Mônica, a partir das necessidades e
desdobramentos do trabalho. Há a previsão da participação de alguns Técnicos pontualmente em
sala de trabalho. Camila Tiago (Técnica de Iluminação) e Luiz Leite (Dramaturgo)
O cronograma da primeira unidade é detalhado a seguir e das seguintes serão apresentadas ao fim
de cada uma, em virtude de depender do ponto de chegada que norteará sequência.
1ª unidade – Definição de “Jogo Teatral”. A tríade quem, onde, o que. Blablação e Planta Baixo. A
inserção de elementos luminosos. Pensando o espaço “escolar”. O espaço como indutor de jogo.
29 de novembro. Participação dos estudantes no evento Conexão VIII de Abertura do Semestre.
Tarefas:1 )Texto a ser enviado para o email teatroufu00@gmail.com até o dia 04 de dezembro
com o título “Conexões da programação com a formação teatral”. 2) Pesquisar definições de “Jogo
Teatral”.
06 de dezembro. Objetivo: Definição de jogo tradicional e jogo teatral.
1ª parte - aquecimento e oficina com os estudantes com elementos sensoriais; cabo de guerra; bola
invisível; parte de um todo.
2ª parte da aula os estudantes serão convidados a experimentar elementos luminosos do próprio
curso para agregarem à área de jogo.
3ª parte Apresentação de Seminário por Matheus (orientando PIBIC)
Tarefa. Leitura e fichamento de:
KOUDELA, I.D. Um vôo brechtiano. São Paulo: Perspectiva, 1992. p.93-112
KOUDELA, I.D. Brecht na pós-modernidade. São Paulo: Perspectiva, 2001. p.86-93.
13 de dezembro – 1a parte Protocolos. 1ª parte - Jogos em uma sala de aula convencional
agregando blablação e Planta baixo 3ª parte - elementos luminosos já utilizados na primeira sessão
de jogos.
Tarefa
1) Leitura do item “O espaço enquadrado” (p.125 a 137) do capítulo Indutores de Jogo (p.113 a
193) em: RYNGAERT, J.P. Jogar representar. São Paulo: Cosac Naif, 2009.
2) Produções de narrativas que envolvam memórias de escola que serão entregues em 10 de
janeiro, mas que devem ter sua primeira escrita nessa semana.
3) Levar elementos luminosos ligados a motivos natalinos para serem agregados à cena e extensões
que possam ser utilizadas para jogo na parte externa do bloco.
20 de dezembro –
99
1ª parte- Protocolo.
2ª parte - Apreciação de vídeo (possivelmente Parangolé.
3ª parte - Jogos na parte externa do campus. Utilizando elementos luminosos alternativos
Tarefa:
1º Leitura SPOLIN, V. Improvisação para o Teatro. São Paulo: Perspectiva, p.3 a 41.
2º Apreciação de vídeo a combinar.
2ª unidade – A inserção de narrativas ao jogo teatral. A interferência do espaço.
10, 17, 24, 31 de janeiro e 07 de fevereiro
3ª unidade – Re- jogo. Escolhas estéticas como indutoras de jogo.
14 ,21 e 28 de fevereiro –
4ª unidade – Re-jogo. Unindo os indutores para uma produção cênica ou seminário externo para a
finalização do semestre.
07, 14 e 21de março –
28 de março – atividade de avaliação a enviar (semana santa)
04 de abril – Início da Semana de Encerramento
11 de abril – Término da Semana de Encerramento
18 de abril – Avaliação – Término do Semestre
AVALIAÇÃO
100
BIBLIOGRAFIA
Bibliografia Básica
HUIZINGA, Johan. Homo ludens. São Paulo: Perspectiva, 2010.
KOUDELA, Ingrid Dormien. Um vôo brechtiano. São Paulo: Perspectiva, 1992. p.93-112.
______________________. Brecht na pós-modernidade. São Paulo: Perspectiva, 2001. P.86-93.
RYNGAERT, Jean-Pierre. Jogar, representar.São Paulo: Cosac Naif,2009.
SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. São Paulo, Perspectiva, 1992.
______________. O Jogo Teatral no Livro do Diretor. SP: Perspectiva, 1999.
_____________ . O Fichário de Viola Spolin. SP: Perpectiva, 2001.
Bibliografia Complementar
BOAL, A. 200 jogos para o ator e não ator com vontade de dizer algo através do teatro. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 1993.
DESGRANGES, Flávio. Pedagogia do Teatro: provocação e dialogismo. SP: Hucitec, 2006.
MARTINS, Marcos Bulhões. Encenação em jogo. São Paulo: Hucitec, 2004.
PUPO, Maria Lúcia de S.B. Entre o Mediterrâneo e o Atlântico. Uma aventura teatral. São Paulo:
Perspectiva, 2005.
SPOLIN, V. Jogos Teatrais na sala de aula. SP: Perspectiva, 2007.
APROVAÇÃO
Aprovado em reunião do Colegiado do Curso de
Em ___/____/______
_____________________________________
Coordenador do curso
101
ANEXO VI
PLANO DE ENSINO
EMENTA DA DISCIPLINA
O cenário e a luz como elementos integrados entre si e ao espetáculo: sua concepção, estudos,
projetos, estudo de materiais, apresentação. Evolução histórica do espaço cênico e da iluminação
cênica. Princípios estéticos e técnicos da cenografia e da iluminação teatral.
JUSTIFICATIVA
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
PROGRAMA
METODOLOGIA
Aulas expositivas:
ministradas pela professora, com suporte dos técnicos do IARTE (Camila Tiago e Emilliano
Freitas), em salas adequadas a cada conteúdo: sala teórica (lousa/quadro branco, equipamento
audiovisual); sala de encenação; laboratório audiovisual; laboratório de iluminação; laboratório de
cenografia;
Aulas práticas:
conduzidas pela professora, na sala de encenação, consistindo em: concepção de pequenos
103
exercícios cênicos a partir de estímulos propostos pela professora (imagens e/ou textos); elaboração
de rascunhos de projetos de cenografia e de iluminação para as cenas concebidas a partir desses
estímulos; experimentações com luz* e objetos, figurinos**, elementos arquitetônicos;
experimentações com luz* e corpo (composições estáticas e em movimento; variação no número de
intérpretes);
*com suporte da técnica Camila Tiago;
**com suporte da técnica Letícia Pinheiro;
Pesquisas:
Conduzidas pela professora, que orientará a turma em seus projetos e trabalhos finais.
AVALIAÇÃO
Bibliografia complementar:
CHAVES, Roberto. O Eletricista e Você. São Paulo: Ed. de Ouro, 1987.
GONÇALVES, Robson Jorge da Silva (coord). 100 termos básicos da cenotécnica: caixa cênica
italiana. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1996.
GUINSBURG, J.; FARIA, João Roberto; LIMA, Mariangela Alves de. Dicionário do Teatro
Brasileiro. São Paulo: Perspectiva/SESC São Paulo, 2006.
LIMA, Evelyn Furquim Werneck; CARDOSO, Ricardo José Brügger. Arquitetura e Teatro: o
edifício teatral de Andrea Palladio a Christian de Portzamparc. Rio de Janeiro: Contra Capa/Faperj,
2010.
PAVIS, Patrice – Dicionário de Teatro. São Paulo: Perspectiva, 1999.
POIESES – Associação Nacional de Professores e Diretores de Teatro Universitário. Revista da
Poiesis: Os espaços cênicos. Blumenau, Universidade Regional de Blumenau, n. 02, 1993.
RANGEL, Otavio. Técnica Teatral. Rio de Janeiro: STN, 1949.
RATTO, Giani. Antitratado de cenografia: variações sobre o mesmo tema. São Paulo: Ed. SENAC,
1999.
REBOUÇAS, Evill. A dramaturgia e a encenação no espaço não convencional. São Paulo: Ed.
UNESP, 2009.
SARAIVA, Hamilton. Eletricidade Básica para Teatro. Rio de Janeiro: MEC / INACEN, 1977.
SERRONI, José Carlos (Org.) Teatros – uma memória do espaço cênico no Brasil. São Paulo:
SENAC, 2002.
SILVA, Pedro E. A iluminação como elemento narrativo e não decorativo. Monografia, Or.
Solange Dias. Santo André: FAINC, 2011.
SOUTHERN, Richard. Manual sobre a Montagem Teatral. Lisboa: Moraes Ed. 1979.
STERN, Lawrence. Stage Management. Boston e Londres: Allyn and Bacon, 1982.
URSSI, Nelson José. A linguagem cenográfica. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-
Graduação em Artes Cênicas, ECA, USP, 2006.
APROVAÇÃO
105
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE ARTES
COLEGIADO DO CURSOS DE TEATRO
Em conformidade com a Resolução n.30/2011, do Conselho de Graduação (15 de julho
de2011)
PLANO DE ENSINO
EMENTA DA DISCIPLINA
O cenário e a luz como elementos integrados entre si e ao espetáculo: sua concepção, estudos,
projetos, estudo de materiais, apresentação. Evolução histórica do espaço cênico e da iluminação
cênica. Princípios estéticos e técnicos da cenografia e da iluminação teatral.
JUSTIFICATIVA
106
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
PROGRAMA
METODOLOGIA
Aulas expositivas:
ministradas pela professora, com suporte dos técnicos do IARTE (Camila Tiago e Emilliano
Freitas), em salas adequadas a cada conteúdo: sala teórica (lousa/quadro branco, equipamento
audiovisual); sala de encenação; laboratório audiovisual; laboratório de iluminação; laboratório de
cenografia;
Aulas práticas:
conduzidas pela professora, na sala de encenação, consistindo em: concepção de pequenos
exercícios cênicos a partir de estímulos propostos pela professora (imagens e/ou textos); elaboração
de rascunhos de projetos de cenografia e de iluminação para as cenas concebidas a partir desses
estímulos; experimentações com luz* e objetos, figurinos**, elementos arquitetônicos;
experimentações com luz* e corpo (composições estáticas e em movimento; variação no número de
intérpretes);
*com suporte da técnica Camila Tiago;
**com suporte da técnica Letícia Pinheiro;
107
Pesquisas:
Conduzidas pela professora, que orientará a turma em seus projetos e trabalhos finais.
AVALIAÇÃO
BIBLIOGRAFIA
108
Bibliografia básica:
BERTHOLD, Margot. História Mundial do Teatro.São Paulo: Perspectiva, 2004.
MANTOVANI, Anna. Cenografia. São Paulo: Ática, 1989.
PAVIS, Patrice. A análise dos espetáculos. São Paulo: Perspectiva, 2003.
ROUBINE, Jean-Jacques. A linguagem da encenação teatral. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1982.
SERRONI, José Carlos (coord.). Oficina arquitetura cênica = Taller arquitectura escénica.5a. ed.
Rio de Janeiro: FUNARTE, 2009.
Bibliografia complementar:
CHAVES, Roberto. O Eletricista e Você. São Paulo: Ed. de Ouro, 1987.
GONÇALVES, Robson Jorge da Silva (coord). 100 termos básicos da cenotécnica: caixa cênica
italiana. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1996.
GUINSBURG, J.; FARIA, João Roberto; LIMA, Mariangela Alves de. Dicionário do Teatro
Brasileiro. São Paulo: Perspectiva/SESC São Paulo, 2006.
LIMA, Evelyn Furquim Werneck; CARDOSO, Ricardo José Brügger. Arquitetura e Teatro: o
edifício teatral de Andrea Palladio a Christian de Portzamparc. Rio de Janeiro: Contra Capa/Faperj,
2010.
PAVIS, Patrice – Dicionário de Teatro. São Paulo: Perspectiva, 1999.
POIESES – Associação Nacional de Professores e Diretores de Teatro Universitário. Revista da
Poiesis: Os espaços cênicos. Blumenau, Universidade Regional de Blumenau, n. 02, 1993.
RANGEL, Otavio. Técnica Teatral. Rio de Janeiro: STN, 1949.
RATTO, Giani. Antitratado de cenografia: variações sobre o mesmo tema. São Paulo: Ed. SENAC,
1999.
REBOUÇAS, Evill. A dramaturgia e a encenação no espaço não convencional. São Paulo: Ed.
UNESP, 2009.
SARAIVA, Hamilton. Eletricidade Básica para Teatro. Rio de Janeiro: MEC / INACEN, 1977.
SERRONI, José Carlos (Org.) Teatros – uma memória do espaço cênico no Brasil. São Paulo:
SENAC, 2002.
SILVA, Pedro E. A iluminação como elemento narrativo e não decorativo. Monografia, Or.
Solange Dias. Santo André: FAINC, 2011.
SOUTHERN, Richard. Manual sobre a Montagem Teatral. Lisboa: Moraes Ed. 1979.
STERN, Lawrence. Stage Management. Boston e Londres: Allyn and Bacon, 1982.
URSSI, Nelson José. A linguagem cenográfica. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-
Graduação em Artes Cênicas, ECA, USP, 2006.
APROVAÇÃO
_____________________________________
Coordenador do curso
109