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Fitoterapia

(Aspetos gerais)

1 MESTRADO INTEGRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Artur Figueirinha
amfigueirinha@ff.uc.pt
2 FITOTERAPIA (OBJECTIVOS E MOTIVAÇÕES)

- Tratamento de doenças agudas ou crónicas leves ou moderadas (menos frequente


promoção ou prevenção da doença)

- Insatisfação com os tratamentos convencionais

- Experiência positiva com tratamentos alternativos

- Crenças relacionadas com o facto de serem “naturais” (saudáveis, toleráveis, menos


riscos e efeitos adversos)

- Familiaridade com as matérias primas (plantas)

- Tradição familiar

Welz et al. Why people use herbal medicine: insights from a focus-group study
in Germany. BMC Complementary and Alternative Medicine (2018) 18:92
3 PERCEPÇÃO Vs REALIDADE

PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO: REALIDADE:

São eficazes Pouca informação sobre eficácia e segurança (estudos


clínicos, literatura científica não revista por pares)
Sem toxicidade
Muitos produtos podem ter constituintes inertes, tóxicos,
Boa qualidade de fabrico estarem adulterados ou contaminados

Sem efeitos adversos Efeitos adversos muitas vezes subvalorizados

Composição conhecida Ausência de análise química (dificuldade em designar o


agente causal, princípio ativo ou tóxico)
Sem interações
Ausência de conhecimento sobre interações e contra-
Sem contra-indicações indicações
4 PRINCIPAIS VANTAGES/LIMITAÇÕES CLÍNICAS

VANTAGENS: LIMITAÇÕES:

Melhor adesão ao tratamento Distúrbios leves a moderados e tratamentos de curta


que a terapêutica duração
convencional
Variabilidade da composição e qualidade da matéria
Ação multi-target permitindo prima e fabrico (multifatorial)
muitas vezes obter eficácia a
baixas doses Possibilidade aumentada de interações, contra-
indicações e alteração de parâmetros bioquímicos

Menor controlo pelo médico/farmacêutico


5 ACONSELHAMENTO EM FITOTERAPIA

• Distúrbios leves a moderados e tratamentos de curta duração

• Produtos que reúnam um número e qualidade de dados científicos que sustentem a


eficácia e a segurança (EMA, OMS, ESCOP, COMISSÃO E).

• Produtos que garantam a qualidade da matéria prima e fabrico.

• Farmacovigilância (interações, contra-indicações, parâmetros bioquímicos)


6 SELEÇÃO DE PLANTAS PARA FITOTERAPIA
(Informação Essencial)

• Usos tradicionais.

• Designação das partes da planta utilizadas (partes aéreas, folha, fruto, raiz, etc)

• Designação dos princípios ativos e seus mecanismos de ação

• Indicações terapêuticas devidamente suportadas por uso tradicional e/ou estudos


clínicos. (Fontes: agências internacionais como a EMA por ex).

• Informação sobre o tipo de extrato e posologia

• Efeitos secundários, interações e contra-indicações

• Garantia de qualidade de fabrico


Fitoterapia no Sistema
Cardiovascular

MESTRADO INTEGRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Artur Figueirinha
amfigueirinha@ff.uc.pt
FÁRMACOS CONVENCIONAIS
1. Cardiotónicos (efeito inotrópico positivo)
Digitálicos

2. Antiarrítmicos (Perturbações do ritmo cardíaco)


Bloqueadores dos canais de sódio, adrenérgicos beta e de cálcio.
Prolongadores da repolarização

3. Simpaticomiméticos
(vasopressores com interesse no tratamento do choque e da hipotensão arterial sintomática)

4. Anti-hipertensores
Diuréticos; Inibidores da enzima de conversão da angiotensina; Antagonistas dos recetores da angiotensina
Depressores da atividade adrenérgica; Bloqueadores da entrada de cálcio; Vasodilatadores diretos

5. Vasodilatadores (tratamento da IC, antianginosos)

6. Venotrópicos (insuficiência venosa)

7. Antidislipidémicos

8. Anticoagulantes e antitrombóticos
USO DE FITOFÁRMACOS NO SISTEMA
CARDIOVASCULAR

Insuficiência cardíaca e Insuficiência circulatória e Antiagregantes plaquetares


antiarrítmicos distúrbios venosos e antitrombóticos
(Venotrópicos)
Digitalis purpúrea L. Allium sativum L.
Crataegus spp. Vaccinium myrtillus L.
Ruscus aculeatus
Ginkgo biloba
Aesculus hippocastaneum L.
Vitis vinifera Antidislipidémicos
Digitalis spp.
Digitalis purpúrea L.

Digitalis lanata L.
11 Crataegus spp. (Crataegus monogyna L.; C. laevigata sin C. oxyacantha
Jacq.) (Rosaceae)

Características: Conhecido por Espinheiro-alvar é um arbusto espontâneo


do Centro e Sul da Europa e do Canadá. Também são cultivados em
jardins. O Crataegus monogyna L. é o mais comum no nosso país.

O nome botânico deriva do grego kratos = dureza fazendo alusão à sua


dureza.

Ausente da medicina da Antiguidade Clássica onde era usado como


amuleto e protetor de espíritos. Os chineses foram os primeiros a descobrir
as suas propriedades terapêuticas. Só em meados do séc. XVIII começou a
ser utilizada no tratamento de problemas cardíacos.

Uso tradicional: Insuficiência cardíaca, taquicardia, angina de peito,


hipertensão.

Partes utilizadas: Bagas, partes aéreas floridas (folium cum flore).


12 Crataegus spp. (Crataegus monogyna L. ou C. laevigata)
Princípios ativos:

1) Flavonóides: Hiperósido e Rutina (maioritários); 2´´-ramnosil-vitexina, O-


heterósidos da quercetina e C-heterósidos da apigenina e de luteolina. (FP
1,5% flavonóides (exp. Hiperósido) nas folhas e flores)

2) Taninos: Proantocianidinas oligométricas (FP 1% (exp cianidina) nas bagas)

3) Feniletilaminas

Atuam por efeito vasodilator melhorando a circulação no miocárdio.


Aumento da permeabilidade das membranas ao K+ e bloqueio da entrada de Ca2+
favorecendo o relaxamento do miocárdio.
13 Crataegus spp. (Crataegus monogyna L. ou C. laevigata)
Indicações terapêuticas (suportado pelo uso tradicional):

a) Alívio sintomático de queixas cardíacas relacionadas com a ansiedade (palpitações,


arritmias) depois de excluir situações mais graves.

b) Alívio sintomático de stress mental e distúrbios do sono

Estudos pré-clínicos: Ausência de estudos sobre ação no SNC


Sugerem ação no sistema cardiovascular (efeito inotrópico de
extratos etanólicos) mas não há estudos de biodisponibilidade.

Estudos Clínicos: Os resultados não são suficientes para


suportar a indicação da planta na
Insuficiência cardíaca fase II (NYHA)

Eficácia clínica não comprovada pode levar ao aumento da


mortalidade numa doença que obriga a terapêutica (avaliação
risco/benefício)
14 Crataegus spp. (Crataegus monogyna L. ou C. laevigata)

Doses: 1-2 g planta/150 mL água (4x dia) máx 6 g


Extratos líquidos e secos
(metanol 70%, etanol 35-70%) (doses variáveis)

Contra-indicações: Gravidez e aleitamento, hipersensibilidade aos


componentes, idade inferior a 18 anos. Atenção a
outras queixas cardíacas (edema, dor no tórax,
dispneia)

Interações: Teóricas uma vez que não foram ainda observadas


clinicamente: Heterósidos cardiotónicos, beta-bloqueantes,
hipotensores, benzodiazepinas

Efeitos secundários: não reportados.


15 Vaccinium myrtillus L. (Ericaceae)

Características: Conhecido vulgarmente por arando, é um arbusto nativo


da Europa e América do Norte.
O nome científico Vaccinium deriva de Baccinium que significa “mata de
bagas”.
Data da Idade Média a primeira descrição dos seus efeitos curativos.

Partes utilizadas: Frutos

Uso tradicional: Insuficiência venosa, inflamações das mucosas, infeções


urinárias, diabetes, queimaduras e úlceras dérmicas.
Frutos secos são tradicionalmente usados em distúrbios digestivos, em
particular diarreia.
O uso tradicional e alguns estudos das décadas de 60 e 70 do séc XX
sugeriam um efeito na melhoria da visão noturna mas estudos recentes não
confirmaram este efeito.
16 Vaccinium myrtillus L.

Princípios ativos:

Fruto fresco (fructus recens):

1) Antocianinas (FP 0,3% exp em cianidina 3-glucósido)


Varia muito com a área geográfica de cultivo.
Aumenta com o processo de amadurecimento.

2) Outros flavonóides, alcaloides, iridóides (frutos imaturos), triterpenos,


ácidos fenólicos, vitaminas, álcoois alifáticos, cetonas e derivados
terpénicos.

Fruto seco (fructus siccus):

1) Taninos: Principalmente do tipo condensado como as procianidinas


oligoméricas. (FP min 1% exp em pirogalhol)
17 Vaccinium myrtillus L.
Indicações terapêuticas (Suportado pelo uso tradicional):

Fruto seco: Tratamento sintomático da diarreia e de inflamações da mucosa oral.


(Decocção apresenta propriedades anti-inflamatória, antimicrobiana e adstringente)

Fruto fresco (Extrato metanol 70% com 36% antocianósidos = 25% antocianidinas)

Alívio sintomático do desconforto causado por problemas circulatórios ligeiros, pernas


pesadas por ex.

Alívio de sintomas de fragilidade capilar cutânea

Doses: Dose única 80 -180 mg


Dose diária 160 – 540 mg

Avaliar ao fim de 2 semanas.


Sinais de alerta: inflamação da pele, tromboflebite, dor severa, inchaço repentino nas
pernas, insuficiência cardíaca ou renal.
18 Vaccinium myrtillus L.

Contra-indicações: Hipersensibilidade. Gravidez, aleitamento, <18 anos

Efeitos secundários: Em geral os produtos a base de frutos de mirtilo são bem


tolerados. No entanto pode observar-se um agravamento
de gastrites e úlcera gastrointestinal

Interações: Anticoagulantes e antiagregantes plaquetares (poucos


casos reportados)

Estudos: Os estudos pré-clínicos parecem confirmar a eficácia


(ação venotrópica e antioxidante) e segurança no
entanto os estudos clínicos são insuficientes.
19 Ruscus aculeatus L. (Liliaceae)

Características: Conhecida por gilbardeira, é um arbusto da zona Atlântica,


encontrando-se também na Europa Central e Meridional. Também presente
no Sudoeste Asiático e Norte de África. Também cultivada como
ornamental.
Inicialmente mencionada por Dioscórides (Séc I a.C.) como diurético sendo
muito referida em herbários da época medieval.

Uso tradicional: Insuficiências venosas. Diurético em afecções urinárias e


inflamações pélvicas.

Partes utilizadas: Rizomas e raízes


20 Ruscus aculeatus L. (Liliaceae)

Princípios ativos:

1) Saponósidos:

Ruscogenina (isolada no séc XIX)


(FP min 1% saponósidos totais expressos em ruscogenina)

2) Benzofuranos e Flavonóides (baixas concentrações):

Euparonas, ruscodibenzofuranos

Efeitos/mecanismo de ação (in vitro/in vivo):

Contração dos vasos sanguíneos e linfáticos (ativação dos receptores adrenérgicos α)


Aumento da permeabilidade vascular, vasoprotetora, anti-inflamatória.
21 Ruscus aculeatus L. (Liliaceae)
Indicações terapêuticas (suportadas pelo uso tradicional):

a) Insuficiência venosa com dor, peso, prurido e


edema nos membros inferiores.

b) Hemorróidas

Estudos clínicos: Para as hemorroidas os estudos são insuficientes e usam a planta em


combinação com flavonóides.
Poucos estudos sobre o uso da planta na insuficiência venosa.

Doses: Máx diário (7-11 mg ruscogenina);


A infusão é pouco comum.
Raiz seca em pó: 350 mg, 3x por dia
Extratos aquosos, etanol 80%, 96% e metanol 60%
22 Ruscus aculeatus L. (Liliaceae)
Contra-indicações: Hipersensibilidade ao componentes do extrato.
Gravidez, aleitamento.

Efeitos secundários: Intolerância gástrica em doses elevadas devido à


ação irritante dos saponósidos.

Interações: Não conhecidas. Possibilidade de interação farmacodinâmica com


fármacos que atuem nos receptores adrenérgicos α

Precauções: Inflamação da pele, úlceras, edema repentino nos membros


inferiores, insuficiência cardíaca ou renal.
Interromper o tratamento em caso de diarreia ou
sangramento gástrico ou retal.
23 Ginkgo biloba L. (Ginkgoacae)

Características: É uma árvore de origem oriental (China, Japão e


Coreia) atualmente cultivada em vários países da Europa e dos EUA.

Uso tradicional: Diminuição do rendimento intelectual, perda de


memória, zumbidos, dores de cabeça, ansiedade. Insuficiência
vascular cerebral nos idosos. Claudicação intermitente. Demência
senil e Alzheimer. Prevenção da aterosclerose e da formação de
trombos. Cardiopatias isquémicas e nas complicações vasculares da
diabetes mellitus.

Partes utilizadas: Folhas (follium)


24 Ginkgo biloba L. (Ginkgoacae)

Princípios ativos:

1) Ginkgólidos:
Ginkgólidos A, B, C, J e M.

2) Flavonóides:
Derivados da quercetina e camferol;
bilobetol, ginkgetol.
25 Ginkgo biloba L. (Ginkgoacae)

Indicações terapêuticas:

a) Distúrbios cognitivos (bem suportado com estudos)

b) Sensação de peso nos membros inferiores, extremidades frias devido a


problemas de circulação após excluir situações graves (uso tradicional)

Doses: Dose diária planta em pó (750 mg)


26 Ginkgo biloba L. (Ginkgoacae)

Contra-indicações: Hipersensibilidade aos componentes. Interação


com antiagregantes plaquetares. Gravidez e aleitação.

Efeitos secundários: A hipersensibilidade pode originar dermatite,


cefaleias e problemas gastrointestinais.

Estudos: Estudos farmacológicos com as suas folhas, os extratos e os princípios


ativos. Constatou-se que estimulam a irrigação sanguínea cerebral,
evitam lesões por radicais livres e melhoram a sintomatologia na
doença de Alzheimer.
27 Aesculus hippocastaneum L. (Hippocastanaceae)

Características: O castanheiro-da-índia é uma árvore originária do


Sudoeste Europeu (Próximo Oriente e Balcãs).

No séc. XVI os primeiros castanheiros chegaram a Viena vindos do


Norte da Grécia e atualmente está muito difundida nas regiões
temperadas sendo muito cultivada em Portugal como árvore
ornamental. As propriedades curativas da planta no tratamento de
hemorroidas foram comprovadas em 1896.

Uso tradicional: Insuficiência venosa crónica dos membros inferiores.


Hemorroidas. Edemas. A casca e as folhas são mais usadas em
diarreias e inflamações das mucosas.

Partes utilizadas: casca, folhas e sementes.


28 Aesculus hippocastaneum L. (Hippocastanaceae)

Princípios ativos:

1) Hidroxicumarinas (8-28%):
Esculina (Venotónica e aumento da
resistência vascular, antiexsudativa)

2) Saponósidos triterpénicos (10%):


Escina (Aumento da resistência vascular,
diminuição da permeabilidade e fragilidade
vascular, antiexsudativo)

3) Flavonóides e taninos
(Venotónica e anti-inflamatória)
29 Aesculus hippocastaneum L. (Hippocastanaceae)

Indicações terapêuticas (Casca):

a) Alívio de sintomas relacionados com problemas circulatórios nos membros


inferiores.(suportado pelo uso tradicional)

b) Hemorróidas (bem documentado por estudos clínicos)

Dose:

275 mg fármaco em pó (3-6x dia)

200 mg casca em pó
(2% de Esculina)
30 Aesculus hippocastaneum L. (Hippocastanaceae)

Indicações terapêuticas (Semente):

a) Via tópica contusões (edema, hematomas)


(suportado pelo uso tradicional)

b) Via oral para insuficiência venosa crónica caracterizada por edema, peso e cansaço
nos membros inferiores, varizes. (bem documentado por estudos clínicos)

Dose:

Extrato seco DER 4.5-5.5:1 (etanol 50%); 16-20% glicósidos triterpénicos (escina)
240-290 mg extrato (50 mg escina) 2x dia

Min 4 semanas de tratamento

500 mg de extrato seco da semente de Aesculus hippocastanum. O


extrato seco está padronizado 20 mg de glicosídeos triterpênicos
expressos em escina anidra.
31 Aesculus hippocastaneum L. (Hippocastanaceae)

Contra-indicações: Gravidez e aleitação. Uso em crianças.


Hipersensibilidade aos componentes.

Precauções: Inflamações cutâneas, tromboflebite, úlceras, edema súbito nos


membros inferiores, insuficiência renal ou cardíaca.

Efeitos secundários: Os taninos contidos nas sementes podem provocar


irritação gástrica.
32 Vitis vinifera L. (Vitaceae)

Características: A videira é uma planta nativa da Europa Meridional e


da Ásia Ocidental sendo cultivada em todas as regiões temperadas e
quentes.

Uso tradicional: As folhas e as sementes são usadas em afeções


venosas e problemas de microcirculação. Edemas. Hemorroidal.
Externamente nas varizes. As sementes são usadas no tratamento e
prevenção da arteriosclerose e hiperlipidemias.

Partes utilizadas: Folhas, sementes e óleo extraído das sementes.


33 Vitis vinifera L. (Vitaceae)
Princípios ativos (Folhas):

Flavonóis

Ácidos fenólicos

Antocianidinas

Antocianinas

Estilbenos
34 Vitis vinifera L. (Vitaceae)

Indicações terapêuticas:

a) Problemas circulatórios nos membros inferiores; hemorroidas; fragilidade capilar


cutânea; alívio temporário do desconforto ocular
[Planta em pó, extrato aquoso seco (3:1), infusão, formulações para uso tópico]
(Suportado pelo uso tradicional)

b) Insuficiência venosa crónica [extrato aquoso seco (4-6:1) com 3-7% flavonóides]
(bem documentado por estudos clínicos)

Doses: 360-720 mg dia


durante 6 semanas (min 4 semanas)
35 Vitis vinifera L. (Vitaceae)

Contra-indicações: Gravidez e aleitação. Uso em crianças.


Hipersensibilidade aos componentes.
Inflamações na pele

Efeitos secundários: Cutâneos (prurido, edema, urticária)


Náuseas, queixas gástricas.
36 Allium sativum L. (Liliaceae)

Características: O alho é uma planta bolbosa possivelmente


originária da Ásia Central e Ocidental sendo atualmente cultivada em
praticamente todo o mundo.

Uso tradicional: Antibacteriano e antimicótico. Ateriosclerose,


hiperlipidemias. Prevenção de tromboembolias. Afeções urinárias pela
ação diurética e antibacteriana. Afeções respiratórias.

Partes utilizadas: Bolbos


37 Allium sativum L. (Liliaceae)
Princípios ativos:

1) Compostos organosulfurados (Aliina e alicina)


Sulfóxidos de alquilcisteína que após hidrólise pela aliinase origina vários produtos voláteis
odoríferos, predominando a alicina e os sulfuretos hidrossolúveis. Responsáveis pela
diminuição da agregação plaquetar e aumento da atividade fibrinolítica. Efeitos
hipoglicemiantes e hipocolesterolémico. Propriedades anti-sépticas, fungicidas e antivirais.
(FP 0,45% alicina)

2)Flavonóides: Apigenina, quercetina, nobiletina, rutina, miricetina com boas propriedades


antioxidantes mas o seu conteúdo é baixo

3) Saponinas: (erubosido B, sativosido B, β-clorogenina) atividade hipocolesterolémica,


antifúngica e antitumoral in vitro.

4) Fructosanas:
Responsáveis pela ação diurética.
38 Allium sativum L. (Liliaceae)

Indicações terapêuticas (Suportadas pelo uso tradicional):

a) Problemas circulatórios
Fármaco seco em pó (cápsulas): 430 mg (3x dia)

b) Profilaxia da aterosclerose
Fármaco seco em pó (comprimidos): 200-300 mg (2-3x dia)
Extrato de alho fresco (2-3:1) óleo refinado
(cápsulas gastroresistentes) 108 mg (1-2 caps 4x dia)

c) Alívio sintomático de constipações


330mg/cápsula gastro-
resistente de pó de
extrato seco etanol 34% DER: 5:1(comprimidos) 100 mg (1-2 comp 1-2xdia)
bolbo de Alho (Allium
sativum) doseado a pelo
menos 0,45% de alicina.
39 Allium sativum L. (Liliaceae)

Estudos in vivo:

Hipolipidémico, hipotensor, antiagregante plaquetar, hipoglicémico, antioxidante,


antibacteriano, antifúngico.

Estudos clínicos:

Perfil lipídico: Existem numerosos estudos e meta-análises com resultados


variáveis. Os estudos anteriores a 1995 sugerem efeito benéfico no entanto os
estudos mais recentes (2002 – 2012) parecem indicar um contributo mais modesto no
perfil lipídico. Esta variabilidade pode dever-se à população estudada.
mas também à variação na composição (necessidade de padronização dos extratos)

Hipotensor: Os estudos existentes sugerem efeito em indivíduos hipertensos mas


apresentam algumas falhas pelo que a qualidade dos resultados é baixa e insuficiente
para comprovar a eficácia.
40 Allium sativum L. (Liliaceae)

Estudos clínicos:

Inibição da agregação plaquetar: eficácia estabelecida in vivo mas poucos estudos


clínicos.

Fibrinolítico: Os dados disponíveis sugerem um efeito limitado mas são necessários


mais estudos.

Diminuição da viscosidade plasmática: Ligeiro efeito mas a utilidade clínica não


está comprovada.

Efeito vasoprotetor: o único estudo disponível suporta o efeito no entanto são


necessários mais estudos.

Morbilidade e mortalidade cardiovascular: Não existem dados clínicos relevantes


que confirmem este uso clínico.
41 Allium sativum L. (Liliaceae)
Contra-indicações: Hemorragias ativas, trombocitopenia.
Tratamento com anticoagulantes. Gravidez e
aleitamento. <12 anos. Hipersensibilidade aos
componentes.

Efeitos secundários: Em quantidades elevadas pode provocar irritação


gastrointestinal e reações alérgicas. Por via externa
pode produzir dermatites de contacto.

Óleo de Alho, macerado Interações:


(1:1) 1000 mg, equivalente a
alho fresco 1000 mg, Embora não existam estudos suficientes, espera-se que o consumo de suplementos à
contendo um mínimo de
base de alho durante longos períodos possa induzir a CYP3A4 reduzindo a
0,12% de Alicina.
concentração plasmática de fármacos metabolizados por esta via (anticontraceptivos
orais, antivirais por exemplo)
FITOTERAPIA NO SISTEMA CARDIOVASCULAR

Crataegus spp Vaccinium Ruscus aculeatus Ginko biloba Aesculus Vitis vinifera Allium sativum
myrtillus hippocastanum

IC, arritmia

Sintomas
cardíacos de
ansiedade
Prob. circ.
membros inf
(casca)
Insf. venosa
crónica
(semente)
Aterosclerose
REFERÊNCIAS

PROENÇA DA CUNHA, A. – Farmacognosia e Fitoquímica. Lisboa: Fundação Calouste


Gulbenkian, 2005

CROZIER, A.; CLIFFORD, M. N.; ASHIHARA, H. - Plant Secondary Metabolites -


Occurence, structure and role in the human diet. Singapore: Blackwell Publishing, 2006.

BARNES, J.; ANDERSON, L. A.; PHILLIPSON, J. D. – Herbal Medicines. London:


Pharmaceutical Press, 2007

HAHURST, W. J. Methods of analysis for functional foods and nutraceuticals, Boca


Raton: Taylor and Francis, 2008.
FITOTERAPIA NO CONTROLO
DA HIPERCOLESTEROLÉMIA

MESTRADO INTEGRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Artur Figueirinha
amfigueirinha@ff.uc.pt
INTRODUÇÃO
 Doença cardiovascular é uma importante causa de morte nos países ocidentais

 Hipercolesterolémia Fator de risco cardiovascular


O seu tratamento é essencial para reduzir o
risco
↓38,67 mg/dL LDL ↔ ↓ 22% risco cardiovascular (Baigent et al, 2010)

Mudanças no estilo de vida como tratamento de primeira linha ou como


adjuvante do tratamento farmacológico.
ALVOS
FARMACOLÓGICOS

1) ABSORÇÃO

2) TRANSPORTE

3) METABOLISMO

4) EXCREÇÃO
Colesterol da dieta

Ésteres de colesterol
ABSORÇÃO DOS LÍPIDOS
MICELA MISTA
TRANSPORTE DE LÍPIDOS NO PLASMA

 LIPOPROTEÍNAS:
Transporte de lípidos no plasma

 HIPERLIPOPROTEINÉMIAS (HIPERLIPIDÉMIAS):
Disfunções metabólicas que alteram a
concentração de lipoproteínas no plasma.

 CONSEQUÊNCIAS DAS HIPERLIPIDÉMIAS:


Pancreatite aguda
Arterosclerose
Doença cardiovascular
LIPOPROTEÍNAS

CLASSE DIÂMETRO FONTE FUNÇÃO


(nm)
Quilomicron 500 Intestino Transporte dos
TGs da dieta
VLDL 43 Fígado Transporte dos
TGs endógenos

LDL 22 IDL Deposita


colesterol nos
tecidos
periféricos
HDL 8 Fígado Transporta o
colesterol dos
tecidos para o
fígado
METABOLISMO DAS LIPOPROTEÍNAS
60-70%

6) As LDL depositam
colesterol nos
3) Os TG sintetizados tecidos que têm
no fígado são CyP7a1 receptores LDL
libertados nas VLDL (LDL-R)
que os depositam
nos tecidos HMG-CoA red
formando IDL PCSK9 LCAT
CETP
HNF1A

2) Os quilomicron 5) As HDL formadas


remanescentes são no fígado removem
incorporados no o colesterol das
fígado células periféricas
para o fígado

1) Os quilomicron 4) As IDL vão para o


ligam-se ao fígado e libertam os
endotélio e ativam restantes TG
uma lIpase que formando LDL
liberta os triglicéridos transportam o
para os tecidos colesterol para os
tecidos
FÁRMACOS UTILIZADOS EM DISLIPIDÉMIAS
Inibidores da HMG
Resinas CoA redutase
permutadoras de
iões
Atorvastatina
Colestiramina Simvastatina
Colestipol Pravastatina

Ácido nicotínico
↓Síntese das VLDL

Fibratos
(inibidor dos PPAR α)

Bezafibrato
Fenofibrato

Inibidor da absorção
do colesterol
(NPC1L1)
Ezetimibe
Alguns mecanismos de ação/alvos terapêuticos

MECANISMO DE AÇÃO EFEITO


Inibição da Lipase pancreática Reduz a absorção intestinal de lípidos
Sequestrante de ácidos biliares Aumenta a excreção de ácidos biliares promovendo a
sua produção hepática a partir do colesterol com
redução das LDL.
Inibição da NPC1L1 Reduz a absorção intestinal de colesterol
Inibição da ACAT2 Reduz a absorção intestinal de colesterol
Inibição da HMG-CoA red Inibição da biossíntese do colesterol e redução das LDL
Inibição da CETP Aumento das HDL e redução das LDL
Inibição da HNF1A e/ou PCSK9 Aumento dos receptores LDL
Estudos in vitro

Artur Figueirinha
amfigueirinha@ff.uc.pt
Limitações dos estudos in vitro

- Sem informação farmacocinética


- Outros mecanismos de ação
- Segurança in vivo (interações, efeitos secundários, contra-indicações)

Por vezes os estudos não fornecem informação sobre:


- Tipo de extrato
- Composição química
- Princípios ativos
Estudos in vitro – inibição da Lipase (extratos)

PLANTA FAMILIA PARTE EXTRATO DOSE


Allium sativum L. Amaryllydaacae Bolbo ? ?

Centella asiatica Apiaceae Folhas Aquoso ?

Curcuma longa L. Zingiberaceae Rizoma Etanol IC50 5,2 µg

Nelumbo nucífera Nymphaeaceae Folhas Etanólico 460 µg/mL

Punica granatum Lythraceae Casca Óleo 30 µg/mL

Taraxacum officinale Asteraceae Folhas Etanol 90% 250 µg/mL

Terminalia bellirica Combretaceae Fruto Aquoso 65,7 µg/mL

Terminalia paniculata Combretaceae Casca Etanol 200 µg/mL


Estudos in vitro – inibição da Lipase (frações)

PLANTA FAMILIA PARTE FRAÇÃO DOSE


Aesculus turbinata Blume Sapindaceae Sementes Saponinas 400 µg/mL

Actinidia arguta Actinidiaceae Raiz Triterpenos ?

Panax japonicus Araliaceae Rizoma Saponinas 500 µg/mL

Panax quinquefolius Araliaceae Folhas Saponinas 500 µg/mL

Tecoma stans Bignoniaceae Folhas Polifenóis 158 µg/mL


Estudos in vivo

Artur Figueirinha
amfigueirinha@ff.uc.pt
Estudos in vivo (extratos)
PLANTA FAMILIA PARTE EXTRATO/FRAÇÃO ANIMAL DOSE EFEITO
A. triphylla Campanulacae Raiz Etanol C57BL/6 mice 0,1-0,5 %/Kg ↓TC, LDL, TG; ↑HDL

Allium sativum L. Amaryllydacae Bolbo Óleo C57BL/6 mice 25-100 mg/Kg ↓HMG-CoA

Bombax ceiba Bombacaceae Casca Metanol Wistar rats 200-400 mg/Kg ↓LDL, TG

B. pandurata Gingiberaceae Rizoma Etanol 90% C57BL/6 Mice 200mg/Kg ↓TC, LDL, TG

Cassia tora Caesulipinceae Sementes Etanol Wistar rats 100-300 mg/Kg ↓TC, LDL, TG; ↑HDL

Taraxacum officinale Asteraceae Folhas Etanol 90% ICR mice 250 µg/mL ↓TG
Estudos in vivo (extratos)
PLANTA FAMILIA PARTE EXTRATO/FRAÇÃO ANIMAL DOSE EFEITO
Vitis thunbergii Vitaceae Raiz Etanol 70% C57BL/6 mice 0,375 % ↓TC, LDL

Garcinia cambobia Clusiaceae Sementes Etanol Wistar rats 400mg/Kg ↓TC, LDL; ↑HDL

Nelumbo nucifera Nymphaeaceae Folhas Aquoso SD rats 400mg/Kg ↓HMG-CoA

Perilla frutescens Labiatae Folhas Etanol 70% C57BL/6 mice 3-11%/Kg ↓TC, LDL, TG

Portulaca oleracea L. Portulacaceae Folhas Etanol Rats 200-400 mg/Kg ↓TC, LDL, TG; ↑HDL

Terminalia arjuna Combretaceae Casca Etanol Coelhos 200mg/Kg ↓TC, LDL, TG; ↑HDL
Estudos in vivo (frações)
PLANTA FAMILIA PARTE EXTRATO/FRAÇÃO ANIMAL DOSE EFEITO
Cinnamomum Lauraceae Casca Monoterpenos e SD rats 200 mg/Kg ↓TC, LDL; TG; ↑HDL
zeylanicum Blume fenilpropanóides
Cynara scolimus Asteraceae Folhas Flavonóides Rats (disf. 20mL/dia ↓TC, LDL
Endotelial)
Hippophae Elaeagnaceae Sementes Flavonoides totais ICR mice 50-150 mg/Kg ↓TC, LDL, TG
rhamnoides
Nelumbo nucífera Nymphaeaceae Folhas Flavonoides C57BL/6 mice 0,5-1,5%/Kg ↓TC, LDL; ↑HDL

Perilla frutescens Labiatae Folhas Alcalóides e SD rats 50-200 mg/Kg ↓TC, LDL, TG
flavonóides
Vitis vinifera Vitaceae Sementes Compostos Wistar rats 250-500mg/Kg ↓TC; TG;
e casca fenólicos
Estudos in vivo (compostos isolados)
COMPOSTOS ESTRUTURA PLANTA(S) PERFIL LIPÍDICO
Lupeol Vegetais (Tomate, courgete); frutos ↓ Colesterol em
(manga, figos, uvas); modelo animal

Plantas (Sebastiana adenophora,


Celastrus paniculatus, Crataeva
nurvala)
Phytol Vegetais de folha verde ↓ Colesterol em
modelo animal

Polyprenol Coccinia grandis (plantas e animais) ↓ Colesterol em


modelo animal

Aegeline Aegle marmelos, Sarcorhachis ↓ Colesterol em


naranjoana, Fagara hyemalis modelo animal
Estudos in vivo (compostos isolados)

COMPOSTOS ESTRUTURA PLANTA(S) PERFIL LIPÍDICO


4-hidroxi-isoleucina Trigonella foenum graecum ↓Colesterol em em
ensaios clínicos e em
(sementes) modelo animal
α-Asarona Asarum europaeum L. e Acorus ↓ Colesterol em
calamus L. (raiz). modelo animal

Guatteria guameri

Resveratrol Vitis vinífera e em vários legumes ↓Colesterol em em


ensaios clínicos e em
modelo animal

Escoleosido A Solanum lycopersicum ↓Colesterol em em


ensaios clínicos e em
(frutos maduros) modelo animal
Estudos in vivo (compostos isolados)
COMPOSTOS ESTRUTURA PLANTA(S) PERFIL LIPÍDICO
Swertiamarina Gentianaceae ↓ Colesterol em
modelo animal
Swertia chirata, S. angustifólia,
S. japonica

Rutina Várias plantas ↓ Colesterol em


modelo animal

Saucerneol B Partes subterrâneas de Saururus ↓ Colesterol em


chinensis modelo animal
Estudos in vivo (compostos isolados)
COMPOSTOS ESTRUTURA PLANTA(S) PERFIL LIPÍDICO
Vitisina A Vitis thunbergii C57BL/6 mice

25-100 mg/Kg

↓TC, LDL, TG

Ácido glicirrízico Glycyrrhiza glabra SD rats

(raiz) 50-100 mg/Kg

↓TC, LDL; ↑HDL


Estudos clínicos

Artur Figueirinha
amfigueirinha@ff.uc.pt
ESTUDOS CLÍNICOS

FIBRAS

ESTERÓIS E ESTANÓIS VEGETAIS

POLICOSANOL

LEVEDURA DE ARROZ VERMELHO

BERBERINA

SOJA E DERIVADOS
FIBRAS
Classificação em 2 grupos:

- Insolúveis (celulose, lenhinas)


- Solúveis (pectinas, gomas, mucilagens)

Efeito conhecido à mais de 50 anos (Keys et al, 1961)

Mecanismos prováveis:

Sequestrante de ácidos biliares,


Inibidor da HMG-CoA red
Inibição da absorção do colesterol
Aumento da saciedade,
Aumento da motilidade intestinal
FIBRAS -Efeitos no perfil lipídico e risco cardiovascular

Meta-análise (67 estudos)


Fibras solúveis 2-10g/dia ↓ 1,75 mg/dL TC/g fibra; ↓ 2,2 mg/dL LDL/g fibra
(Brown et al, 1999)

Vários estudos parecem indicar que apenas as fibras solúveis têm eficácia na redução do
colesterol total (TC) e LDL

Alguns estudos parecem indicar que apenas as fibras dos cereais integrais têm uma relação
inversa com o risco cardiovascular (Jacobs et al, 2000)

11 estudos de coorte prospectivo ↓ 14 % risco eventos coronários


Aumento de 10g/dia ↓ 27% risco de morte coronária
(Pereira et al, 2004 )
FIBRAS (GLUCANOS)

5 a 15 g/dia de fibras solúveis de produtos de


aveia ricos em β-glucanos para controlo do
perfil lipídico e risco cardiovascular.

3g/dia (mínimo) de β-glucanos da aveia para


redução do colesterol.
ESTERÓIS VEGETAIS E ESTANÓIS
Efeitos no perfil Lipídico
Meta-análise (41 estudos)
Esteróis e estanóis 2g/dia ↓ 10% LDL
(Hallikainen et al, 1999)

Meta-análise (41 estudos)


Esteróis e estanóis 1-3 g/dia ↓ 12 mg/dL LDL
(Shaghaghi, 2013)

Estudos em crianças
com hipercolesterolémia familiar Eficácia semelhante a adultos
(Becker, 1993; Guardamagna, 2011)

Combinação com estatinas ↓ 16 % LDL


(Blair et al, 2000)

Morbilidade/mortalidade cardiovascular Não existem estudos


ESTERÓIS VEGETAIS E ESTANÓIS
Mecanismo de ação:

Inibição da NPC1L1
Incorporação nas micelas mistas competindo com o colesterol
Não são esterificados pela ACAT2 sendo excretado pela ABCG5/8 para o lumen

Faltam estudos sobre o impacto no risco cardiovascular

recomenda o uso até 2g/dia

- Indivíduos com níveis de colesterol médios a elevados mas baixo risco cardiovascular
- Indivíduos com elevado risco cardiovascular intolerantes às estatinas, em associação com tratamento
farmacológico
- Adjuvante de um estilo de vida saudável em adultos e crianças (>6 anos)

Sem interferência na absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D e K)


Redução dos níveis de carotenoides, α-tocoferol e licopeno (necessário aumentar o consumo de fruta e vegetais)
POLICOSANOL

Mistura de 8 álcoois alifáticos de longa cadeia resultantes da


fermentação da cana do açúcar, arroz gérmen de trigo ou
semente de girassol.

Estudos Cubanos (1991-2004)

↓ 14,8-23% TC;
↓ 11,3-28,1% LDL;
↓ 5,2-17,4% TG;
↑ 2,2-29% HDL

Mecanismos de ação: inibidores da HMG-CoA redutase

Estudos fora da América Latina não demonstraram eficácia na redução do colesterol

Não recomendado como monoterapia no tratamento da hipercolesterolémia


LEVEDURA DE ARROZ VERMELHO

Produto fermentado do arroz usado na China como intensificador de sabor


e corante alimentar.

1895 isolamento da Levedura Monascus purpureus

1979 Descoberta da monacolina K produzida pelo M. purpureus inibidora


da síntese do colesterol

Monacolina K
(Lovastatina)
LEVEDURA DE ARROZ VERMELHO
Efeitos no perfil lipídico (bem documentado)

↓ 16-31% TC;
↓ 22-32% LDL;
↓ 0-36% TG;
↑ 0-20% HDL

Mecanismo de ação: Inibidores da HMG-CoA redutase

Outros bioactivos:

10 diferentes monocolinas
Esteróis vegetais (beta-sitosterol, campesterol)
Ácidos gordos insaturados
Fibras,
Vitamina B3,
Flavonoides,
Niacina
LEVEDURA DE ARROZ VERMELHO
Efeitos na redução do risco cardiovascular
(suplementação a longo prazo)

↓ 30% mortalidade cardiovascular

Tolerância quando comparado com as estatinas (mialgias)

Segurança das preparações comerciais:

Controlo de micotoxinas
BERBERINA
Alcalóide isoquinoleínico extraído de várias plantas

Vários efeitos atribuídos (hipolipemiante, anti-diabético)

Berberis vulgaris Berberis aquifolium

Mecanismos de ação prováveis:

Aumento da expressão e tempo de vida do receptor LDL nos


hepatócitos (Inibição da HNF1A impedindo a expressão da
PCSK9 e a destruição dos receptores LDL)

Berberis aristata Inactivação da HMG-CoA redutase


BERBERINA
Efeitos no perfil lipídico Risco de interações com
0,5g-1,5g/dia outros medicamentos:

↓ 23,5 % TC; Inibição de enzimas


↓ 25,1 % LDL; Citocromo P450
↓ 43,8 % TG;
↑ 1,93 % HDL

Associação com sinvastatina

↓ +18 % TC;
↓ +20 % LDL;
↓ +28 % TG;
↑ +5 % HDL

(em comparação com a simvastatina)

Coptis chinensis Cortex phellodendri Efeitos na mortalidade e morbilidade cardiovascular


Rizomas Casca (não há estudos suficientes)
SOJA E DERIVADOS
Efeitos no perfil lipídico:

Meta-análise (29 estudos)


Proteína de soja
Média 47g/dia ↓ 9% Colesterol Total
(Anderson et al, 1995) ↓ 12,9% LDL
↓ 10,5% Triglicéridos
S/ efeito nas HDL

Revisão AHA (22 estudos)


Proteína de soja com isoflavonas
Média 50g/dia ↓ 3% Colesterol Total
(Sacks et al, 2006) s/ efeito significativo nos outros marcadores

Proteína da soja sem isoflavonas ↓ 7% LDL


(Jenkings et al, 2003)

Não recomenda o uso de suplementos


contendo isoflavonas para este efeito.
SOJA E DERIVADOS

Vários constituintes ativos do feijão de soja/Possíveis mecanismos de acção:

Inibição da HMG-CoA redutase e activação dos receptores LDL


Substitutos de proteína animal (baixo conteúdo de lípidos saturados.
Agonistas do estrogénio (isoflavonas)
Ácidos gordos polinsaturados
Fibras, vitaminas e minerais

Vários estudos epidemiológicos têm mostrado efeitos dos produtos de soja na redução na
morbilidade e mortalidade cardiovascular.

Ausência de relação causa/efeito provada entre o consumo de proteína


isolada de soja e a redução dos níveis de LDL

A adição de proteína de soja pode ajudar a baixar o risco de doença


cardiovascular (baixar a gordura saturada)
COMBINAÇÕES DE PLANTAS

Ainda existem poucos estudos


(Affuso et al, 2010; Pirro et al, 2013; Marazzi et al, 2011)

LAV/B/P ↓ 20-30 % LDL

LAV: Levedura de arroz vermelho


B: Berberina
P: Policosanol
Estudos clínicos ainda escassos

PLANTA FAMÍLIA PARTE EXTRATO/FRAÇÃO DOSE ATIVIDADE


Garcinia cambogia Clusiaceae Fruto Ácido hidroxicítrico 2,4g/dia ↓ TG
Curcuma longa Zingiberaceae Rizoma Curcumina 500 mg ↓ TG; TC
Portulaca oleracea L Portulacaceae Sementes total 1 g/dia ↓ TG; TC; LDL;
↑HDL
Commiphora wightii Burseraceae resina ? ↓11- 24 % TC;
syn. C. mukul ↓ 17- 23 % TG
Camellia sinensis Theaceae Folhas Catequinas ? ↓5,0 mg/dL TC;
↓ 7,3 mg/dL LDL
=TG; HDL
Vaccinium spp. Ericaceae Folhas Antocianinas ? ↓ 8% LDL
↓ 23% TG
↑19% HDL
CONCLUSÕES
Muitas plantas ainda em fase pré-clínica. São necessários mais estudos clínicos para
comprovar a atividade hipocolesterolemica in vivo e redução do risco cardiovascular.

Os esteróis/estanóis vegetais e a levedura de arroz vermelho estão entre os mais estudados e


aqueles que evidenciam maior eficácia

Plantas medicinais e/ou nutracêuticos podem influenciar positivamente o perfil lipídico com
poucos efeitos secundários podendo ser indicado em pacientes com hipercolesterolemia com
rejeição às estatinas e com baixo risco cardiovascular.
REFERÊNCIAS

Mopuri, R.; Islam, S. “Medicinal plants and phytochemicals with anti-obesogenic


potentials: A review” Biomedicine & Pharmacotherapy 89 (2017) p 1442-1452

Kajal, A.; Kishore, L.; Navpreet, K.; Gollen, R.; Singh, R. “Therapeutic agents for the
management of atherosclerosis from herbal sources” Beni-suef university journal of
basic and applied sciences 5 (2016) p 156-169

Suriya P. Singh, Koneni V. Sashidhara. “Lipid lowering agents of natural origin: An


account of some promising chemotypes” European Journal of Medicinal Chemistry 140
(2017) 331-348

Sahebkar et al. “ Lipid-modifying effects of nutraceuticals: An evidence-based


approach” Nutrition 32 (2016) 1179-1192

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